• Nenhum resultado encontrado

APLICAÇÃO DE DOIS CRITÉRIOS ANTROPOMÉTRICOS NA AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE SOBREPESO E OBESIDADE EM PRÉ-ESCOLARES

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "APLICAÇÃO DE DOIS CRITÉRIOS ANTROPOMÉTRICOS NA AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE SOBREPESO E OBESIDADE EM PRÉ-ESCOLARES"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

APLICAÇÃO DE DOIS CRITÉRIOS ANTROPOMÉTRICOS

NA AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE SOBREPESO E

OBESIDADE EM PRÉ-ESCOLARES

Renata Gracioso BORGES* Thaïs Borges CÉSAR* Alim. Nutr., Araraquara

v.16, n.4, p. 337-342, out./dez. 2005

ISSN 0103-4235

RESUMO: Neste estudo foi comparada a prevalência de sobrepeso e obesidade infantil segundo dois méto do s de ref er ência, a p artir d e d ado s antropométricos de 3751 pré-escolares (60% do total) da rede municipal de ensino de Araraquara, SP. Com base nas variáveis de peso e altura, as prevalências de sobrepeso e obesidade foram calculadas pelos métodos de Cole e Escore Z. As prevalências médias encontradas de sobrepeso e obesidade pelo Escore Z foram 15% e 29,5% respectivamente, enquanto por Cole, as prevalências de sobrepeso e obesidade foram 6,3% e 12,3%, mostrando que o segundo método estimou menores prevalências para as mesmas características. As variações nas estimativas de sobrepeso e obesidade, con s id eran do os do is critér ios , r ess altam a necessidade de estudos populacionais e clínicos que orientem para um critério único. Esta análise evidenciou a importância de uma padronização de métodos para detecção de sobrepeso e obesidade infantil, e que os procedimentos existentes devem ser utilizados com cautela.

PALAVRAS-CHAVE: Obesidade; sobrepeso; pré-escolares.

Introdução

A obesidade pode ser conceituada objetivamente como uma condição de acúmulo anormal ou excessivo de tecido adiposo no organismo levando a um comprometimento da saúde. O grau de excesso de gordura, sua distribuição corpórea e comprometimento da saúde variam consideravelmente entre os indivíduos afetados. É importante identificar a condição de excesso de gordura corporal porque os portadores dessa condição apresentam risco aumentado de morbidade e mortalidade. Atualmente a obesidade é um problema de saúde pública, e portanto d ev e s er tratado pr ior itar iamen te p o r meio d e intervenções clínicas e nutricionais, no nível individual e na comunidade 28.

A prevalência de obesidade tem crescido intensamente na infância e na adolescência, e tende a persistir na vida adulta: cerca de 50% de crianças obesas de

seis meses de vida, e 80% das crianças obesas aos cinco anos de idade permanecerão obesas 8,26. Além disso, evidências científicas têm revelado que a aterosclerose e a hipertensão arterial são processos patológicos iniciados na infância, e nesta faixa etária são formados os hábitos alimentares e de atividade física 13, 22. Por isso, a preocupação sobre prevenção, diagnóstico e tratamento da obesidade tem-se voltado para a infância.

Estima-se que no Brasil, em 1989, cerca de um milhão e meio de crianças com idade inferior a dez anos eram obesas, sendo esta prevalência de 2,5% a 8,0% relativas às famílias de menor e maior renda, e maior entre meninas nas regiões Sul e Sudeste 24. A análise das alterações ocorridas no período de 1989 e 1996, que inclui somente menores de cinco anos, mostra que a prevalência de obesidade aumentou na Região Nordeste, passando de 2,5% para 4,5%. Por outro lado, houve uma ligeira redução deste índice na Região Sul 23. Evidencia-se assim, tendência de aumento do sobrepeso, o que tem motivado o reconhecimento da questão da obesidade como relevante para a saúde coletiva e individual 3,5.

Em estudos populacionais e na prática clínica, a antropometria constitui-se em importante método diagnóstico, fornecendo estimativa da prevalência e gravidade das alterações nutricionais 31. A avaliação antropométrica, mesmo quando restrita ao peso e estatura, assume grande importância no diagnóstico nutricional da criança. Isto se deve à sua facilidade de realização, objetividade da medida e possibilidade de comparação com um padrão de referência de manuseio relativamente simples, principalmente em estudos populacionais 6,30.

Utilizando-se os valores de peso e estatura, calcula-se o índice “peso para altura” (PA), que é a relação entre o peso encontrado e o peso ideal para a idade e altura. A referência mais freqüentemente utilizada é a do National Center for Health Statistics 16, adotado pela Organização Mundial da Saúde 30. Os limites correspondentes ao índice PA para meninos vai de 49 cm (0 mês) a 145 cm (11 anos e 7 meses) e para meninas de 49 cm (0 meses) a 137 cm (10 anos e 1 mês). Segundo a curva do índice PA são consideradas obesas, crianças com índices superiores a 2 escores Z acima da mediana da população de referência.

Outro critério utilizado para diagnosticar estado nutricional são curvas para Índice de Massa Corporal propostas por Cole et al 4. Estas foram desenvolvidas com

(2)

338

base em estudos transversais representativos de seis países (Brasil, Estados Unidos, Grã Bretanha, Hong Kong, Holanda e Cingapura), cada um com mais de 10 mil participantes. Elas foram estimadas de forma que os pontos das curvas ajustadas dos percentis 85 e 95 de IMC aos 18 anos fossem obrigatoriamente os pontos de corte para sobrepeso e obesidade utilizados para adultos (25 e 30 kg/ m2, respectivamente). As curvas contemplam a distribuição percentual por faixa etária dentro de cada sexo.

Um Workshop realizado pelo International Obesity Task Force indicou que os critérios utilizados para avaliação da obesidade em crianças e adolescentes variam muito, sendo essencial determinar a medida mais apropriada para defini-la 10.

A falta de unanimidade nos critérios apontados na literatura para definição da obesidade infantil indica a necessidade de estabelecer pontos de corte específicos para cada população. Assim, o presente estudo pretende comparar as prevalências de obesidade em um grupo de crianças brasileiras, segundo os dois critérios diagnósticos nas práticas assistenciais e em pesquisa, no sentido de avaliar as diferentes estimativas de prevalência de obesidade 21.

Materiais e métodos

Foram utilizados dados individuais (sexo e idade) e antropométricos (peso e altura) de 3751 pré-escolares (60% do total de pré-escolares da Rede Municipal), sendo 1909 meninos e 1842 meninas, que freqüentavam os 24 Centros de Educação e Recreação (CER) do município de Araraquara, SP. Estes dados foram coletados por nutricionistas no período de 29 de maio a 30 de setembro de 2001 20,25, após prévia autorização da Secretaria de Educação e de acordo com as normas do Comitê de Ética da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNESP de Araraquara.

Os CERs são centros municipais de recreação e educação que atendem crianças de 3 a 6 anos, podendo ter funcionamento integral ou parcial. Neste estudo foram considerados apenas os pré-escolares de tempo parcial, que representavam dois terços do total de crianças atendidas s en d o, po r tan to a maio r ia. Cada CER atend e determinada região da cidade, sendo os bairros acolhidos por cada CER definidos como área de abrangência desses Centros.

Foram utilizadas neste estudo medidas antropométricas do peso (kg) e a altura (cm). O peso foi obtido através de balança eletrônica, com capacidade para 150 kg e escala de 100 g, nivelada e calibrada. Para a mensuração do peso, a criança foi preparada retirando as roupas extras (casacos e blusões) e os sapatos, com o auxílio dos professores, que haviam preparado previamente os alunos para no dia da coleta trajar shorts e camiseta leve. Para a medida, a criança foi posicionada verticalmente no centro da balança, com os pés completamente apoiados e os braços estendidos e soltos ao longo do corpo. Após estabilização das casas decimais do mostrador digital da

balança foi efetuado o peso da criança.

Estas medidas foram armazenadas em um banco de dados do programa Excel for Windows. As crianças foram classificadas como obesas e com sobrepeso de acordo com dois critérios 4,30. O primeiro critério refere-se ao Escore Z30. O índice PA foi calculado e utilizado em termos de desvios padrão em relação à mediana de referência, por sexo e faixa etária. Foram classificadas como sobrepeso crianças com escore Z entre +1 e +2 e como obesas aquelas que apresentaram escore Z +2.

O segundo critério utilizado foi o proposto pelo International Obesity Task Force (IOTF), que se baseia no índice de massa corporal (IMC) de crianças. Segundo o IOTF, o IMC é uma medida razoável de determinação de gordura em crianças e adolescentes, cujos padrões usados para identificar sobrepeso e obesidade deveriam seguir os padrões de população adulta, onde o IMC 25 kg/m2 indica sobrepeso e 30 kg/m2, obesidade 2. A partir desta padronização e com base em estudo realizado em seis países, inclusive no Brasil, Cole et al4, propuseram os valores correspondentes ao IMC 25 kg/m2 como indicativo de sobrepeso e IMC 30 kg/m2 para caracterizar a obesidade em crianças a partir de dois anos de idade. Assim, com base no IMC, as crianças foram classificadas com sobrepeso e obesas de acordo com as distribuições percentilares propostas Cole et al4.

As prevalências foram posteriormente testadas com o programa Sigma Stat, versão 3.1. Para os dados paramétricos foi utilizado o Teste-T e para os dados não-paramétricos o Teste Mann-Whitney Rank Sum.

Resultados

As prevalências de sobrepeso e obesidade foram significantemente maiores pelo método do Escore Z do que por Cole (Tabela 1). Analisando-se as médias de sobrepeso nota-se que a prevalência resultante do Escore Z (29,5%) é 2,4 vezes maior que por Cole (12,2%), ou seja, 140% maior. Sendo assim um adicional de 640 crianças foi considerado com sobrepeso pelo Escore Z, o que poderia ocasionar dificuldade se alguma intervenção fosse planejada.

A média de obesidade pelo método Escore Z (6,3%) foi 2,3 vezes maior do que por Cole (15%), ou seja, 130% maior. Deste modo, foram consideradas obesas 328 crianças a mais que pelo método de Cole. Nota-se também pela que há uma grande variância dos dados analisados pelo Escore Z, quando comparado ao método de Cole (Tabela 1). O estudo das prevalências de sobrepeso e obesidade distribuídas por gênero (Tabela 2) mostrou maior prevalência de sobrepeso e obesidade no sexo feminino, por ambos os métodos utilizados (Tabela 2).

Na estimativa das prevalências de acordo com os métodos de Cole e Escore Z foram encontradas diferenças significativas entre as médias de sobrepeso e obesidade (P<0,001, Tabela 3). As distribuições das prevalências de sobrepeso e obesidade por escola e a média respectiva são mostradas nas Figuras 1 e 2.

(3)

339 Tabela 1 - Prevalência total de sobrepeso e obesidade pelos métodos de Cole e Escore Z nos centros municipais de

recreação e educação (CER) de Araraquara, SP.

Tabela 2 - Prevalência de sobrepeso e obesidade pelos métodos de Cole e Escore Z por gênero nos centros municipais de recreação e educação (CER) de Araraquara, SP.

Sobr e pe so O be s i da de CE R Col e Es c or e Z Col e E sc or e Z Ad el i n a 9 , 8 3 2 , 8 9 , 8 1 9 , 7 Ál va r o W. C ol i n o 1 3 , 4 3 5 , 8 5 , 5 8 , 0 Am él i a Fa ver o 9 , 0 2 1 , 3 8 , 2 1 4 , 8 C a r m el i t a Ga r cez 1 0 , 0 3 0 , 3 3 , 7 1 4 , 5 C i r o Gu ed es 1 5 , 3 2 9 , 2 1 1 , 1 2 0 , 8 C on ch et a Sm i r n e 8 , 6 2 5 , 7 4 , 8 1 8 , 2 Don a C ot i n h a 1 4 , 0 3 4 , 9 6 , 6 1 4 , 4 E d u a r d o Coel h o 1 5 , 0 3 8 , 8 0 , 0 1 0 , 0 E l oá Qu a d r os 1 2 , 4 3 0 , 1 6 , 6 1 8 , 1 E u d óx i a Pi n t o Fer r a z 1 2 , 3 2 4 , 6 6 , 2 1 5 , 4 Ja com i n a Sa m bi a s e 1 1 , 1 2 7 , 1 5 , 6 1 5 , 4 José Am a r a l Vel os a 1 3 , 8 2 9 , 1 3 , 5 1 5 , 4 José Pi z a n i 1 7 , 2 2 5 , 4 1 1 , 0 2 6 , 2 Ju d i t h Ba r r os 1 6 , 0 3 3 , 0 7 , 1 1 3 , 7 Leon or d e Ba r r os 8 , 0 2 1 , 3 4 , 0 8 , 0 M. E n a u r a Ma g a l h ã es 1 4 , 6 2 6 , 3 3 , 9 7 , 8 Ma r i a B Fi l l i e 1 5 , 7 4 9 , 0 3 , 3 1 6 , 3 Ma r i a d a Gl ór i a 1 2 , 2 2 7 , 6 4 , 4 1 4 , 6 Ma r i a Pr a d el l i Ma l a r a 9 , 0 2 8 , 7 9 , 6 1 4 , 0 Ma r i a Ren a t a Lu p o 1 2 , 6 2 5 , 1 7 , 4 2 1 , 7 Ma r i a l i ce T ed d e 1 2 , 7 2 5 , 4 5 , 5 1 3 , 0 Pa d r e Ber n a r d o Pl a t e 1 3 , 7 4 1 , 0 8 , 6 7 , 2 Por ci u n cu l a 1 1 , 0 2 0 , 4 4 , 4 1 7 , 1 Zi l d a M Pi er r i 7 , 1 2 5 , 4 1 1 , 6 1 7 , 9 M é di a 1 2 , 3 2 9 , 5 6 , 3 1 5 , 1 DP 3 , 8 6 , 7 2 , 9 4 , 9 Va r i â nc i a 7 , 6 4 5 , 1 8 , 4 2 1 , 9 S ob r e p e so O b e s i d a d e C E R s C ol e E sc or e Z C ol e E sc or e Z M A S C F E M M A S C FE M M A S C FE M M A S C FE M A d el i n a 5 , 7 1 5 , 4 3 4 , 3 3 0 , 8 2 , 9 1 9 , 2 1 7 , 1 2 3 , 1 Á l va r o W . C ol i n o 1 2 , 5 1 4 , 3 2 2 , 6 3 2 , 4 5 , 2 5 , 7 7 , 3 8 , 6 A m él i a F a ver o 8 , 7 9 , 4 2 3 , 2 1 8 , 9 7 , 3 9 , 4 1 4 , 5 1 5 , 1 C a r m el i t a G a r cez 1 1 , 2 8 , 6 3 6 , 0 2 4 , 1 0 , 8 6 , 9 1 7 , 6 1 1 , 2 C i r o G u ed es 1 8 , 6 1 2 , 5 4 3 , 8 1 7 , 5 6 , 3 1 5 , 0 1 5 , 6 2 5 , 0 C on ch et a S m i r n e 9 , 3 7 , 9 2 9 , 1 2 2 , 8 2 , 3 6 , 9 2 2 , 1 1 4 , 9 D on a C ot i n h a 1 3 , 5 1 4 , 4 3 8 , 7 3 1 , 4 4 , 5 8 , 5 1 3 , 5 1 5 , 3 E d u a r d o C oel h o 5 , 6 2 2 , 7 3 0 , 6 4 5 , 5 0 , 0 0 , 0 8 , 3 1 1 , 4 E l oá Q u a d r os 1 2 , 3 1 2 , 5 2 6 , 3 3 3 , 9 5 , 3 8 , 0 2 1 , 9 1 4 , 3 E u d óx i a P . F er r a z 1 1 , 4 1 3 , 3 2 0 , 0 3 0 , 0 5 , 7 6 , 7 1 5 , 7 1 5 , 0 J a com i n a S a m b 4 , 6 1 6 , 7 2 5 , 8 2 8 , 2 6 , 1 5 , 1 1 7 , 1 2 1 , 7 J os é A V el osa 5 , 1 2 1 , 9 2 8 , 6 2 9 , 5 2 4 , 1 2 , 9 2 5 , 7 3 0 , 0 J os é P i z a n i 1 9 , 2 1 5 , 2 2 6 , 9 2 3 , 8 1 0 , 6 1 1 , 4 1 5 , 7 3 8 , 3 J u d i t h Ba r r os 1 6 , 8 1 5 , 2 2 8 , 0 3 8 , 1 6 , 5 7 , 6 1 3 , 1 1 4 , 3 Leon or d e Ba r r os 9 , 7 6 , 8 2 2 , 6 2 0 , 5 6 , 5 2 , 3 1 6 , 1 2 , 3 M a r i a B F i l l i e 1 0 , 0 2 3 , 8 2 5 , 3 2 7 , 8 3 , 3 4 , 8 6 , 7 9 , 5 M a r i a d a G l ór i a 1 4 , 7 9 , 1 5 6 , 7 3 8 , 1 4 , 4 1 , 8 2 2 , 1 9 , 1 M . E M a g a l h ã es 1 5 , 5 1 3 , 2 2 6 , 5 2 9 , 1 6 , 0 1 , 9 1 8 , 1 9 , 3 M a r i a P M a l a r a 8 , 5 9 , 5 2 9 , 8 2 7 , 4 7 , 5 1 1 , 0 9 , 6 1 9 , 1 M a r i a R Lu p o 1 0 , 3 1 5 , 4 2 6 , 8 2 3 , 1 4 , 1 1 1 , 5 1 9 , 6 2 4 , 4 M a r i a l i ce T ed d e 1 1 , 1 1 4 , 7 2 1 , 1 3 0 , 9 4 , 7 6 , 6 1 1 , 1 1 5 , 4 P a d r e B P l a t e 1 1 , 8 1 5 , 5 4 5 , 6 3 6 , 6 7 , 4 9 , 9 2 , 9 1 1 , 3 P or ci ú n cu l a 7 , 3 1 4 , 7 2 0 , 3 2 0 , 6 4 , 4 4 , 4 1 6 , 2 1 8 , 2 Zi l d a M P i er r i 6 , 3 7 , 8 2 5 , 0 1 5 , 6 1 2 , 5 1 0 , 9 1 4 , 6 2 0 , 3 M é d i a 1 0 , 8 1 3 , 8 2 9 , 7 2 8 , 2 5 , 3 7 , 5 1 5 , 1 1 6 , 5 D P 4 , 1 4 , 6 8 , 9 7 , 3 2 , 7 4 , 5 5 , 5 7 , 8 V a r i â n c i a 1 7 , 1 2 0 , 8 7 9 , 2 5 2 , 8 7 , 4 2 0 , 2 2 9 , 7 6 1 , 3

(4)

340

Discussão

A Organização Mundial de Saúde (OMS) indica a antropometria como método mais útil para identificar pessoas obesas, pois é o mais barato, não invasivo, universalmente aplicável e com boa aceitação pela população. Índices antropométricos são obtidos a partir da combinação de duas ou mais informações antropométricas básicas (peso, sexo, idade, altura) 30.

Os dois critérios de avaliação antropométrica utilizados neste estudo para comparar as estimativas de

prevalências de sobrepeso e obesidade apresentaram diferenças marcantes entre si. Os valores resultantes do método Escore Z (sobrepeso 29,5% e obesidade 15%) foram significativamente superiores aos encontrados pelo método de Cole (sobrepeso 12,2% e obesidade 6,3%).4

Flegal et al.7, em estudo comparativo sobre a prevalência de sobrepeso e obesidade utilizando como referências a curva de crescimento de IMC do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) e os valores propostos por Cole4

e Must et al. 14, também encontraram prevalências diferentes entre os critérios utilizados. Os resultados provenientes pelo método de Cole se mostraram subestimados quando comparado aos outros dois métodos. No presente estudo, similar resultado foi detectado, visto que o método de Cole apresentou menor prevalência das características estudadas em relação ao Escore Z.

Estas diferenças encontradas entre os métodos podem ser explicadas pelas formas distintas de estimação e suavização das curvas percentilares e, principalmente, pela população de referência utilizada para o conjunto de dados da amostra 21.

A interpretação dos indicadores antropométricos pelo Escore Z foi derivada das curvas de referência internacional do National Center for Health Statistics (NCHS). Estas curvas foram formuladas em 1970, combinando dados de crescimento de duas fontes distintas, as quais foram originalmente planejadas para serem referência para os EUA. A referência para idade de 0 a 23 meses foi baseada em um grupo das crianças no estudo longitudinal do Ohio Fels Research Institute Longitudinal Study, conduzido de 1929 a 1975. A referência de 2 a 18 anos de idade foi baseada em dados de três exames representativos de seção transversal dos EUA conduzidos entre 1960 e 1975 29. Assim, estas curvas foram elaboradas utilizando-se exclusivamente dados americanos.

O método de Cole tem sido utilizado em estudos comparativos internacionais sobre a obesidade infantil. A partir dos pontos de corte de sobrepeso (25 kg/m2) e obesidade (30 kg/m2) para adultos, The International

Obesity Task Force propôs que estes pontos fossem correlacionados com os percentis de IMC de crianças e assim fossem criados pontos de corte para essa faixa etária 2. Na determinação destes pontos foram utilizados dados de ambos os sexos de 2 a 18 anos, definidos a partir do IMC 25 e 30 kg/m2 para idade de 18 anos, obtida da média dos dados

G r upos M é t odo M e di a na 2 5 % 7 5 % p C ol e 1 2 , 5 9 , 9 1 4 , 3 Sobr e pe so1 E scor e Z 2 8 , 1 2 5 , 4 3 2 , 9 < 0 , 0 0 1 C ol e 6 , 3 2 , 9 0 , 6 O be si da de2 E scor e Z 1 5 , 1 4 , 7 1 , 0 < 0 , 0 0 1 1 T e s t e M a n n - Wh i t n e y R a n k S u m p a r a a s p r e v a l ê n c i a s m é d i a s d e s o b r e p e s o ( n = 2 4 C E R s ) 2 T e s t e T p a r a a s p r e v a l ê n c i a s m é d i a s d e o b e s i d a d e ( n = 2 4 C E R s )

Tabela 3 - Avaliação das diferenças estatísticas entre as médias das prevalências de sobrepeso e obesidade obtidas de acordo com de Cole e Escore Z nos 24 centros municipais de recreação e educação (CER) de Araraquara, SP.

0 10 20 30 40 50 60 0 5 10 15 20 25 CERs % p re v a n c ia s Cole Escore Z 0 10 20 30 0 5 10 15 20 25 Pré-escolas (CER) P re v a n c ia , % Cole Escore Z

FIGURA 1: Prevalência de sobrepeso nos centros municipais de recreação e educação (CER) de Araraquara, SP, estimadas de acordo com os métodos de Cole e Escore Z. A linha reta entre os pontos representa o valor médio das prevalências estimadas

FIGURA 2 - Prevalência de obesidade nos centros municipais de recreação e educação (CER) de Araraquara, SP, estimadas de acordo com os métodos de Cole e Escore Z. A linha reta entre os pontos representa o valor médio das prevalências estimadas.

(5)

341 do Brasil, Grã-Bretanha, Hong Kong, Holanda, Cingapura

e Estados Unidos.

Dados nacionais relativos à obesidade infantil ainda são escassos, e na maioria das vezes são baseados em amostras não representativas da população. Além disso, a variedade de critérios para a definição da obesidade nesta faixa etária gera limitação e dificuldade na comparação de prevalências relatadas por vários estudos 1.

Tem sido sugerido que avaliações longitudinais são mais adequadas do que transversais para avaliar o crescimento das crianças 9,27, porém no âmbito de estudos epidemiológicos da condição nutricional de uma população, o acompanhamento muitas vezes se faz impraticável. A comparação entre estudos sobre os problemas nutricionais que utilizam avaliações antropométricas é dificultada devido aos diferentes indicadores e pontos de corte para idades utilizadas. No entanto ela não é inviável desde que seja realizada de maneira criteriosa 12.

Sabe-se que a obesidade na infância e adolescência tende a continuar na fase adulta, se não for convenientemente controlada, levando ao aumento da morbimortalidade e diminuição da expectativa de vida 15,17,19. Desta forma, a detecção precoce de crianças com maior risco para o desenvolvimento de obesidade, juntamente com a tomada de medidas para controlar este problema, faz com que o prognóstico seja mais favorável em longo prazo. Quanto maior a idade e maior o excesso de peso, mais difícil será a reversão da obesidade em função dos hábitos alimentares incorporados e alterações metabólicas instaladas 28.

Outro aspecto a ser observado em relação à obesidade é a sua relação direta ou indireta com os custos e implicações para os sistemas de políticas de saúde e para a sociedade, considerando-a um fator economicamente relevante 11. Este aspecto torna-se ainda mais importante quando consideramos a tendência de aumento da obesidade nos grupos de nível socioeconômicos mais baixos 18.

Conclusões

Os dados encontrados neste trabalho mostraram que o método Escore Z apresentou prevalências significativamente mais elevadas quando comparado ao método de Cole. Ficou evidente também a necessidade de estudos populacionais e clínicos que orientem a adoção de critério único para assistência e planejamento em saúde e nutrição. Assim, enquanto não houver uma padronização da metodologia para detecção da obesidade infantil, os procedimentos existentes devem ser utilizados cautelosamente e a comparação de resultados baseados em diferentes referências deve ser criteriosa.

BORGES, R.G.; CÉSAR, T.B. Application of two anthropometric criteria for evaluation of overweight and obesity prevalence in school children. Alim. Nutr.,

Araraquara, v.16, n.4, p. 337-342, out./dez. 2005.

ABSTRACT: Children overweight and obesity prevalence were compared according two reference methods, based in anthropometric data of 3751 children (60% of the total) of municipal pre-schools of Araraquara, SP. Weight and height variables were used to estimate the overweight and obesity prevalence in agreement with Cole and Z score methods. The medium prevalence of overweight and obesity estimated from Z score were 15% and 29,5% respectively; while the overweight and obesity prevalence from Cole were 6,3% and 12,3%, shown than the second method found smaller prevalence for the same characteristics. In considering the variations observed on overweight and obesity prevalence for both criteria, we show the need of population and clinical studies for a standard criterion. This study has shown the need of a standardization of methods to detect overweight and obesity in the infantile population, and because of this limitation, the actual procedures must be used with caution.

KEYWORDS: Obesity; overweight; pre-scholars.

Referências bibliográficas

1. BALABAN, G.; SILVA, G.A.P. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes de uma escola da rede privada de Recife. J. Pediatr., Rio de Janeiro, v. 77, p. 96-100, 2001.

2. BELLIZZI, M.C.; DIETZ, W.H. Workshop on childhood obesity: summary of the discussion. Am. J. Clin. Nutr., v.70, p.173-175, 1999.

3. BRASIL. Ministério da Saúde. Plano nacional para a promoção da alimentação adequada e do peso saudável. Brasília, DF, 1999.

4. COLE, T.J. et al. Establishing a standard definition for child overweight and obesity worldwide: international survey. Br. Med. J., v. 320, p.1-6, 2000.

5. DIETZ, W.H. Childhood obesity: susceptibility, cause and management. J. Pediatr., v.103, p.676-686, 1983. 6. DOUEK, P.C.; LEONE, C. Estado nutricional de

lactentes: comparação de três classificações antropométricas. J. Pediatr., Rio de Janiero, v.71, p.139-144, 1995.

7. FLEGAL, K.M. et al. Prevalence of overweight in US children: comparison of US growth charts from the Centers for Disease Control and Prevention with other reference values for body mass index. Am. J. Clin. Nutr., v.73, p.1086-1093, 2001.

8. GORTMAKER, S.L. et al. Increasing pediatric obesity in the United States. AJDC, v.141, p.535-540, 1987. 9. GRAITCER, P.L.; GENTRY, E.M. Measuring children:

one reference for all. Lancet, v.2, p.297-299,1981. 10. GUILLAUME, M. Defining obesity in childhood:

(6)

342

current practice. Am. J. Clin. Nutr., v.70, suppl, p.126S-130S, 1999.

11. KURSCHEID, T.; LAUTERBACH, K. The cost implications of obesity for health care and society. Int. J. Obes. Relat. Metab. Disord., v.22, suppl 1, p.3S-6S, 1998.

12. MARTORELL, R. et al. Obesity in Latin American women and children. J. Nutr., v.128, p.1464-73. 1998. 13. MC NAMARA, J.J. et al. Coronary artery disease in combat casualties in Vietnam. JAMA, v.216, p.1185-1187. 1971.

14. MUST, A.; DALLAL, G.E.; DIETZ, W.H. Reference data for obesity: 85th and 95th percentiles of body mass index (wt/ht2) and triceps skinfold thickness. Am. J. Clin. Nutr., v. 53, p.839-846, 1991.

15. MUST, A. Morbidity and mortality associated with elevated body weight in children and adolescents. Am. J. Clin. Nutr., v.63, p.445-447, 1996.

16. NATIONAL CENTER FOR HEALTH STATISTIC. Growth curves for children, birth 18 years. Washington, DC, 1977, p.1-3. (Vital and Health Statistic, Series 11). 17. OGDEN, C.L. et al. Prevalence of overweight among preschool in the United States, 1971 through 1994. Pediatrics, v.99, p. El, 1997.

18. ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD. La obesidad en la pobreza: un nuevo reto para la salud pública. Washington, DC , 2000. (OPS Publicación Científica, v. 576)

19. ROSSNER, S. Childhood obesity and adulthood consequences. Acta Paediatr., v. 87, p.1-5, 1998. 20. SCHMIDT, K.H. Prevalência de sobrepeso e obesidade

e avaliação da freqüência alimentar de crianças de escolas públicas de Araraquara-SP. 2003. 145 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2003.

21. SOTELO, Y.O. M,; COLUGNATI, F. A. B.; TADDEI, J. A. C. Prevalência de sobrepeso e obesidade entre escolares da rede pública segundo três critérios de diagnóstico antropométrico. Cad. Saúde Pública, v.20, n.1, p.233-240. jan./fev. 2004.

22. STORY, M. et al. The epidemic of obesity in American Indian communities and the need for childhood obesity-prevention programs. Am. J. Clin. Nutr., v.69, Suppl 4, p.747-755, 1999.

23. TADDEI, J.A.A.C. Desvios nutricionais em menores de cinco anos: evidências dos inquéritos antropométricos nacionais. 2000. Tese (Livre Docência) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2000.

24. TADDEI, J.A.A.C. Epidemiologia da obesidade na infância e adolescência. In: FISBERG, M. (Org). Obesidade na infância e adolescência. São Paulo: Fundação BYK, 1995. p. 14-18.

25. TEIXEIRA, E.M.B. Desnutrição e risco nutricional em pré-escolares e escolares da Rede Pública Municipal de Araraquara – SP. 2003. 108 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade Estadual Paulista, Araraquara,2003. 26. TROIANO, R.P. et al. Overweight prevalence and trends for children and adolescents - The National and Nutrition Examination Surveys, 1963 to 1991. Arch. Pediatr. Adolesc. Med., v.149, p.1085-1091, 1995. 27. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Special

considerations in trials involving children. J. Nutr., v.129, p.315S-346S, 1999.

28. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Geneva, 1998.

29. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global database on child growth and malnutrition. Geneva, 1997. Disponível em: http://www.who.int/nutgrowthdb/ intro_text.htm#international. Acesso em: 10 dez. 2005. 30. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Expert Committee on Physical Status. The use and interpretation of anthropometry phisical status. Geneva, 1995. (WHO Technical Report Series)

(7)

This document was created with Win2PDF available at http://www.win2pdf.com.

The unregistered version of Win2PDF is for evaluation or non-commercial use only. This page will not be added after purchasing Win2PDF.

Referências

Documentos relacionados

Foram utilizadas as variáveis: Dados sociodemográficos, Escala de Avaliação de Espiritualidade em Con- textos de Saúde EAECS, Escala de Bem-Estar Espiritual, Índice de Religiosidade

• Prevalências elevadas de sobrepeso e obesidade, de obesidade central, de classificados com risco para doenças cardiovasculares, de dislipidemias (colesterol total e

sustentável (coletânea). PP/EPDM Blends compatibilized by organically modified clays. Submetido à Revista Materials Science Fórum. Influência do teor de elastômero na

As prevalências de obesidade e sobrepeso na população adulta da aldeia Jaguapiru apresentaram-se superiores às da população brasileira não indígena e maiores

Este trabalho tem como objetivo construir uma arquitetura para dar suporte as consultas analíticas em tempo real, integrado por meio do processo de Extração, Transformação e Carga

Os valores presentes na tabela 4.4 mostram que para o número de vias de tráfego estudados, o aumento do comprimento de vão acentua a diferença entre o valor dos esforços

Exploiting the PO-Set structure can be useful to tackle issues related to the definition and analysis of Boolean models. We have established a set of rules to compute the

limpeza do Hospital Universitário Antônio Pedro, acerca das técnicas de higienização do ambiente hospitalar e discutir sobre a importância da educação