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Nota Técnica WAA/SM n. 02/2014
SINASEFE NACIONAL. Lei 12.772/2012. Regime de
trabalho na carreira do EBTT. Regra dos regimes de 20
horas semanais ou 40 horas semanais com Dedicação
Exclusiva. Aplicabilidade aos servidores antigos. Situação
dos servidores nomeados após a nova lei, embora tendo
prestado concurso na vigência da norma anterior.
Trata-se de nota técnica solicitada pelo SINDICATO
NACIONAL
DOS
SERVIDORES
FEDERAIS
DA
EDUCAÇÃO
BÁSICA,
PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA/SINASEFE – SN acerca da previsão de regime
de trabalho trazida pela Lei 12.772/2012, a qual reestruturou a Carreira de
Magistério do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico - EBTT e instituiu como regra a
adoção dos regimes de 20 horas semanais ou 40 horas semanais com Dedicação
Exclusiva - DE. A consulente questiona sobre duas situações específicas:
a) a de docentes que prestaram concurso para o regime
de trabalho de 40 horas sem DE sob a égide da legislação anterior, inclusive
constando tal regime do edital do concurso, e foram nomeados após a edição da
nova lei; e
b) a de docentes que ingressaram (concursados e
nomeados) na égide da lei anterior sob o regime de 40 horas sem DE
(especialmente os que ainda se encontram em estágio probatório).
Passa-se às considerações sobre a matéria.
Na vigência do Decreto 94.664/1987, que regulamentava
o PUCRCE (Plano Único de Classificação e Retribuição de Cargos e Empregos), o
regime de trabalho dos docentes da Carreira do Magistério de 1º e 2º Graus
(precursora da Carreira do EBTT) estava assim disciplinado:
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Art. 15. O professor da carreira do Magistério de 1º e 2º Graus
será submetido a um dos seguintes regimes de trabalho:
I - dedicação exclusiva, com obrigação de prestar quarenta horas semanais de trabalho em dois turnos diários completos e impedimento de exercício de outra atividade remunerada, pública ou privada;
II - tempo integral de quarenta horas semanais de trabalho, em dois turnos diários completos;
III - tempo parcial de vinte horas semanais de trabalho.
1º Aos docentes de 1º e 2º Graus das instituições de ensino superior não se aplica o disposto no item II.
2º No regime de dedicação exclusiva o professor da carreira de Magistério de 1º e 2º Graus poderá exercer as atividades de que tratam as alíneas do § 1º do art. 14.
Com a edição da Lei 12.772/2012, houve a unificação do
regime de trabalho para as Carreiras de Magistério do EBTT e do Ensino Superior,
adotando-se a regulamentação que já vigorava desde a norma anterior para a
segunda delas. É o seguinte o teor dos dispositivos:
Art. 20. O Professor das IFE, ocupante de cargo efetivo do
Plano de Carreiras e Cargos de Magistério Federal, será submetido a um dos seguintes regimes de trabalho:
I - 40 (quarenta) horas semanais de trabalho, em tempo integral, com dedicação exclusiva às atividades de ensino, pesquisa, extensão e gestão institucional; ou
II - tempo parcial de 20 (vinte) horas semanais de trabalho. § 1o Excepcionalmente, a IFE poderá, mediante aprovação de órgão colegiado superior competente, admitir a adoção do regime de 40 (quarenta) horas semanais de trabalho, em tempo integral, observando 2 (dois) turnos diários completos, sem dedicação exclusiva, para áreas com características específicas.
§ 2o O regime de 40 (quarenta) horas com dedicação exclusiva implica o impedimento do exercício de outra atividade remunerada, pública ou privada, com as exceções previstas nesta Lei.
§ 3o Os docentes em regime de 20 (vinte) horas poderão ser temporariamente vinculados ao regime de 40 (quarenta) horas sem dedicação exclusiva após a verificação de inexistência de acúmulo de cargos e da existência de recursos orçamentários e financeiros para as despesas decorrentes da alteração do regime, considerando-se o caráter especial da atribuição do regime de 40 (quarenta) horas sem dedicação exclusiva, conforme disposto no § 1o, nas seguintes hipóteses:
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I - ocupação de cargo de direção, função gratificada ou função de coordenação de cursos; ou
II - participação em outras ações de interesse institucional definidas pelo conselho superior da IFE.
§ 4o O professor, inclusive em regime de dedicação exclusiva, desde que não investido em cargo em comissão ou função de confiança, poderá: (Incluído pela Lei nº 12.863, de 2013)
I - participar dos órgãos de direção de fundação de apoio de que trata a Lei no 8.958, de 20 de dezembro de 1994, nos termos definidos pelo Conselho Superior da IFE, observado o cumprimento de sua jornada de trabalho e vedada a percepção de remuneração paga pela fundação de apoio; e (Incluído pela Lei nº 12.863, de 2013)
II - ser cedido a título especial, mediante deliberação do Conselho Superior da IFE, para ocupar cargo de dirigente máximo de fundação de apoio de que trata a Lei nº 8.958, de
20 de dezembro de 1994, com ônus para o
cessionário (Incluído pela Lei nº 12.863, de 2013)
Art. 22. O Professor poderá solicitar a alteração de seu regime
de trabalho, mediante proposta que será submetida a sua unidade de lotação.
§ 1o A solicitação de mudança de regime de trabalho, aprovada na unidade referida no caput, será encaminhada ao dirigente máximo, no caso das IFE vinculadas ao Ministério da Defesa, ou à Comissão Permanente de Pessoal Docente - CPPD de que trata o art. 26, no caso das IFE vinculadas ao Ministério da Educação, para análise e parecer, e posteriormente à decisão final da autoridade ou Conselho Superior competente.
§ 2o É vedada a mudança de regime de trabalho aos docentes em estágio probatório.
§ 3o Na hipótese de concessão de afastamento sem prejuízo de vencimentos, as solicitações de alteração de regime só serão autorizadas após o decurso de prazo igual ao do afastamento concedido.
Portanto, para a Carreira do EBTT deixam de existir três
regimes de trabalho regulares, passando a ser apenas dois: o regime de 40 horas
semanais de trabalho com DE e o regime de tempo parcial de 20 horas semanais de
trabalho.
O regime de 40 horas semanais sem DE, embora não
tenha sido extinto, foi previsto apenas como exceção, exigindo deliberação do
Colegiado da instituição para sua adoção em áreas com características específicas.
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Dado tal panorama, o primeiro aspecto a ser analisado é
a situação dos servidores que fizeram concurso para cargo com regime de trabalho
de 40 horas sem DE ainda na vigência da legislação anterior, inclusive constando do
edital do certame a previsão do regime, mas que foram nomeados somente após o
advento da Lei 12.772/2012.
A solução para o caso não dá margem a grandes
digressões. É que o Superior Tribunal de Justiça tem entendimento firmado no
sentido de que é aplicável a lei vigente à época da nomeação, ainda que o edital do
concurso dispusesse de forma diversa, nos termos dos seguintes precedentes:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO
REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ALEGADA VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. CONCURSO PÚBLICO REALIZADO ANTERIORMENTE À LEI 9.421/96. NOMEAÇÃO OCORRIDA APÓS O ADVENTO DO ALUDIDO DIPLOMA LEGAL. PROVIMENTO ORIGINÁRIO DO CARGO
NA CLASSE E PADRÃO INICIAIS DA CARREIRA.
PREVALÊNCIA DA LEGISLAÇÃO VIGENTE NA ÉPOCA DA NOMEAÇÃO DO SERVIDOR. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.
I. Não ocorrência da alegada violação ao art. 535 do Código de Processo Civil, de vez que, como ressaltado na decisão recorrida, o acórdão impugnado apreciou, fundamentadamente, de modo coerente e completo, todas as questões necessárias à solução da controvérsia, dando-lhes, contudo, solução jurídica diversa da pretendida pelo ora agravante.
II. Consoante a jurisprudência do STJ, "a Lei 9.421/96 - Plano de Carreira dos Servidores do Poder Judiciário Federal, no art. 5º, prevê expressamente que o 'ingresso nas carreiras judiciárias, conforme a área de atividade ou a especialidade, dar-se-á por concurso público, de provas ou de provas e títulos, no primeiro padrão de classe 'A' do respectivo cargo'. Em que pese terem os impetrantes se submetido ao concurso público em data anterior à edição da Lei nº 9.421/96, certo é que as suas nomeações somente ocorreram após a vigência da referida Lei. A indicação de um determinado padrão ou
vencimento no edital do concurso não vincula a nomeação do servidor, devendo prevalecer a legislação vigente no ato da nomeação. Precedentes desta Corte" (STJ, MS
11123/DF, Rel.
Ministro GILSON DIPP, CORTE ESPECIAL, DJU de 05/02/2007).
III. Agravo Regimental improvido.
(AgRg no REsp 639.959/ES, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEXTA TURMA, julgado em 09/04/2013, DJe 25/04/2013)
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ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. INGRESSO NO PADRÃO INICIAL DA CARREIRA COM ALTERAÇÃO DE LEI POSTERIOR AO CERTAME. LEGALIDADE. PREVALÊNCIA DO EDITAL. IMPOSSIBILIDADE.
1. A jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de
Justiça é no sentido de aplicar a lei vigente na data da nomeação do servidor em cargo público, ainda que o edital do certame contivesse previsão de ingresso em outro padrão de carreira e de vencimento.
2. Agravo Regimental não provido.
(AgRg no Ag 1367797/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/03/2011, DJe 01/04/2011)
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. DECISÃO
MONOCRÁTICA DO RELATOR COM ARRIMO NO ARTIGO 557 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. CONCURSO PÚBLICO. INGRESSO NA CLASSE E PADRÃO INICIAIS DA CARREIRA. PREVISÃO LEGAL. ENQUADRAMENTO EM PADRÃO INTERMEDIÁRIO. IMPOSSIBILIDADE.
1. É permitido ao relator do recurso especial valer-se do art. 557 do Código de Processo Civil, quando o entendimento adotado na decisão monocrática encontra-se em consonância com a jurisprudência dominante desta Corte Superior de Justiça.
2. Fica superada eventual ofensa ao art. 557 do Código de Processo Civil pelo julgamento colegiado do agravo regimental interposto contra a decisão singular do Relator. Precedentes. 3. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça firmou-se no sentido de que o provimento originário de cargos públicos deve se dar na classe e padrão iniciais da carreira vigentes à época da nomeação do servidor. Precedentes.
4. O art. 22 da Lei n.º 11.416/2006, ao estender o
enquadramento previsto no art. 4.º da Lei n.º 9.421/1996 aos servidores que prestaram concurso antes de 26/12/96 e foram nomeados após essa data, consolidou o mencionado entendimento.
5. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no REsp 1119503/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 27/10/2009, DJe 23/11/2009)
Portanto, para os servidores que tenham prestado
concurso para cargos de 40 horas sem DE e, tendo sido nomeados após a Lei
12.772/2012, queiram se insurgir contra a aplicação do novo regime de trabalho
(imposição da DE), são pequenas as chances de êxito de eventual discussão que
venha a ser levada ao Poder Judiciário. A ressalva seria apenas nas situações em
que o Colegiado máximo da instituição vier a decidir sobre a aplicação do regime de
40 horas sem DE para determinada área na qual se enquadre o cargo exercido pelo
servidor.
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Por outro lado, nas situações em que, dados os mesmos
elementos (servidor concursado antes da Lei 12.772/2012 e nomeado após ela), a
instituição de ensino queira impor ao servidor o regime antigo de 40 horas sem DE,
sob o argumento de que foi o que constou do edital do concurso, é possível discutir
judicialmente a ilegalidade desta imposição.
É que, como dito, a regra da nova lei são os regimes de
20 horas ou 40 horas com DE. Então, ressalvada a hipótese de haver regulamento
do Colegiado da instituição de ensino autorizando, para a área específica que
abrange o cargo para o qual o servidor foi aprovado, a adoção das 40 horas sem
DE, há o direito à aplicação de um dos regimes previsto na nova lei (presume-se, o
de 40 horas com DE, pois o de 20 horas causaria decesso no valor total da
remuneração).
Em decorrência do exposto, cabe observar que eventual
ação judicial não pode ter por objeto garantir a opção dos concursados entre os
regimes de 40 horas sem DE e de 40 horas com DE (como já aventado por alguns
servidores), já que o segundo é compulsório.
A segunda situação a ser examinada é a dos servidores
que já se encontravam no cargo antes da edição da Lei 12.772/2012. Tal situação
ainda resta um tanto nebulosa.
Como dito, a nova lei dispõe que os ocupantes dos cargos
integrantes da Carreira de Magistério do EBTT serão submetidos a um dos
seguintes regimes de trabalho: 40 horas semanais com DE ou 20 horas semanais.
Deste comando impositivo, depreende-se que não há mais margem à manutenção
do regime de 40 horas semanais sem DE, ressalvadas as hipóteses de autorização
pelo Colegiado da instituição para áreas específicas.
Contudo, não há, na lei, determinação de imediata
adequação (ou mesmo fixação de prazo para tanto) do regime de trabalho dos
docentes que já estavam no serviço público à época da edição da norma. Assim
como não há previsão de qualquer “regra de transição” para os mesmos.
Vislumbra-se que o mais adequado, do ponto de vista da
preservação dos interesses individuais envolvidos, seria a notificação dos servidores
para que optassem por um dos novos regimes obrigatórios. Porém, inexiste previsão
legal no sentido da necessidade de se deferir tal opção ou da garantia de que a
modalidade escolhida será aceita. Assim, em tese, pode a discricionariedade
administrativa determinar a adequação ao regime de 40 horas semanais com DE (já
que, como dito, o regime de 20 horas causaria decesso no valor total da
remuneração).
Observa-se que a adequação do regime, ou o momento
em que ela ocorrerá, dependerá de cada IFE. Existe, então, a possibilidade de que,
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em um primeiro momento, a situação dos servidores com regime de trabalho de 40
horas sem DE permaneça intocada. Até porque, mesmo que ocorra a adequação, há
ainda a possibilidade da exceção decorrente da decisão do Colegiado da instituição,
antes referida.
Nesse contexto, na hipótese de não haver, em
determinada instituição, movimento para a adequação aos ditames da nova lei, os
docentes com interesse no enquadramento no regime de 40 horas semanais com
DE
– que, na verdade, é imposto pela nova lei, não é opção – podem propor
demandas judiciais com tal objeto, pedindo apenas o cumprimento da disposição
legal.
Já na hipótese de determinada instituição implantar os
novos regimes, notificando os servidores em regime de 40 horas sem DE de que
passarão a ser regidos pelo regime de 40 horas com DE, mostra-se mais difícil a
situação daqueles que queiram se insurgir contra tal determinação e manter o
regime anterior, sem dedicação exclusiva.
Isso porque, embora em tese seja possível propor ação
judicial para tal finalidade com fundamento no direito adquirido e na segurança
jurídica, dentre outros, o fato é que é predominante o entendimento do Judiciário
acerca da inexistência de direito adquirido a regime jurídico.
Nesse sentido, veja-se os precedentes abaixo, que
referem expressamente a questão da jornada de trabalho. Embora instituto distinto
do regime de trabalho, o entendimento aplicável àquela é analogicamente aplicável
a este último:
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. SERVIDOR
PÚBLICO ESTADUAL. DOCENTES. EXTINÇÃO DE
ENTIDADE EDUCACIONAL DE NÍVEL SUPERIOR. NOVA LOTAÇÃO. AUSÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO A REGIME
JURÍDICO E, POR EXTENSÃO, AO HORÁRIO DE
TRABALHO DIFERENCIADO OU REMUNERAÇÃO EM DISPONIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE ILEGALIDADE NA ATUAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
1. Cuida-se de recurso ordinário interposto contra acórdão que denegou a segurança ao pleito de anulação da Portaria 289-S/2010, emanada pela Secretaria Estadual de Gestão e Recursos Humanos; o ato alocou os servidores impetrantes na Secretaria Estadual de Saúde, já que a entidade de origem - Faculdade de Farmácia e Bioquímica - foi desativada e extinta por força do art. 12 da Lei Complementar Estadual n. 519/2009. 2. Os servidores postulam, alternativamente, o direito líquido e certo à manutenção da jornada de trabalho de 12 (doze) horas presenciais das 40 (quarenta) horas estatutárias, por serem originalmente docentes, ou o direito à disponibilidade com base
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no art. 41, § 3º, da Constituição Federal, por alegada ausência de funções compatíveis no quadro de servidores do Estado. 3. Da análise dos documentos acostados no acervo probatório pré-constituído dos autos não é possível inferir qualquer ilegalidade na conduta da Administração Estadual, mas, somente o exercício das competências outorgadas à Secretaria Secretaria Estadual de Gestão e Recursos Humanos pelo art. 33 e §§ da Lei Complementar n. 46/94 (Regime Jurídico dos Servidores Públicos do Estado do Espírito Santo).
4. Não há falar em direito adquirido ao regime de trabalho
diferenciado para servidores em questão, tampouco liquidez e certeza à postulada disponibilidade remunerada; somente seria possível buscar obstar eventual redução remuneratória, que não ocorreu e nem foi alegada.
Recurso ordinário improvido.
(STJ, 2ª Turma, RMS 36.925/ES, Rel. Ministro Humberto Martins, DJe 12/04/2013)
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO ESTATUTÁRIO DO INSS. REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO DE OITO
PARA SEIS HORAS. INEXISTÊNCIA DE DIREITO
ADQUIRIDO. DECRETO Nº 1.590/95. RESOLUÇÃO/INSS Nº 172/95. LEGALIDADE. 1. Considerando que os autores são servidores do INSS e objetivam o reconhecimento do direito à manutenção da jornada de trabalho de 6 (seis) horas diárias, a União é parte passiva ilegítima, devendo, portanto, ser excluída da lide. 2. Afastada a natureza contratual da
relação jurídica entre o servidor público estatutário e a Administração, permite-se a alteração das normas legais que regem o vínculo funcional, sem aquiescência dos servidores, não constituindo direito adquirido em favor dos mesmos o benefício de redução da jornada de trabalho de oito para seis horas, implantado após a
investidura no cargo. 3. A alteração da jornada
dos servidores do INSS para oito horas, tem amparo no Decreto nº 1.590/95, que determina aos servidores públicos dos órgãos da Administração Federal Direta, Autarquias e Fundações Públicas Federais o cumprimento de quarenta horas semanais de trabalho. 4. Estando os apelantes sob o pálio da justiça gratuita, a condenação em honorários ficará suspensa por cinco anos, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50. 5. Recurso de apelação a que se nega provimento. (TRF 1ª Região, 1ª Turma, 200001000630351, Rel. Des. Fed. Antônio Sávio de Oliveira Chaves, DJ 10/02/2003)
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO RETIDO.
ART. 523, § 1º, DO CPC. SERVIDORES DO INSS.
REESTRUTURAÇÃO DA CARREIRA. LEI Nº
11.907/09. JORNADA DE TRABALHO. ARTIGO 4º-A, CAPUT DA LEI Nº 10.855/04. MANUTENÇÃO DA JORNADA DE 30
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HORAS SEMANAIS SEM REDUÇÃO PROPORCIONAL DA
REMUNERAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO AOS
PRINCÍPIOS DA IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS E DA LEGALIDADE. NÃO CONFIGURADA. 1. Não se conhece do agravo interposto na modalidade de instrumento e convolado em retido, uma vez que não foi reiterado o pedido de sua apreciação nas razões de apelação (§1º do art. 523 do CPC). 2. Com o advento da Lei 10.855/04, que reestruturou a Carreira Previdenciária, fixou-se a jornada de 40 horas semanais dos Servidores da Carreira do Seguro Social, com a redação instituída pela Lei 11.907/2009 (art. 4º-A), ofertando-se aos servidores a possibilidade de opção pela jornada de trinta horas, com redução proporcional da remuneração. 3. Não há
falar em transcurso de prazo prescricional previsto no art. 54 da Lei 9.784/99, que trata do direito da Administração anular atos administrativos, situação distinta da hipótese em tela de posterior edição de lei específica que institui novo regramento no tocante à jornada de trabalho. 4. O restabelecimento da jornada de quarenta horas semanais pela Lei nº 11.907/2009, bem como a possibilidade de opção pela jornada de trinta horas, com redução proporcional da remuneração, não fere a Constituição, porque o servidor não tem direito adquirido a regime jurídico, sendo firme a jurisprudência do E. Supremo Tribunal Federal neste sentido. Precedentes: STF, RE
656982, DJ de 13.03.2012; TRF 1ª. Reg. AMS
00214907720094036100, DJ de 09/01/2012. 5. Não prospera o argumento de que a Lei n. 11.907/09 viola a garantia constitucional da irredutibilidade de vencimentos (CR, art. 37, XV), uma vez que, além da alteração da jornada de trabalho dos servidores do INSS, houve reestruturação da remuneração das carreiras do seguro social, com reajustes nos vencimentos de todos os cargos, conforme previsto nas Tabelas III e IV do Anexo IV-A da Lei n. 10.855/04, incluídos pelo art. 162 da Lei n. 11.907/09 (TRF -3ª Reg.,AI 00423982520094030000, DJ de 26/07/2010). 6. Agravo retido não conhecido e apelação desprovida. Sentença mantida.
(TRF 2ª Região, 8ª Turma Especializada, AC
200951010148864, Rel. Des. Fed. Poul Erik Dyrlund, DJe 21/09/2012)
PROCESSO CIVIL. AGRAVO LEGAL EM APELAÇÃO CÍVEL. PERITO MÉDICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. MANUTENÇÃO
DA JORNADA DE TRABALHO, SEM REDUÇÃO DA
REMUNERAÇÃO, IMPOSTA PELA LEI Nº 10.855/04, COM A REDAÇÃO DA LEI Nº 11.907/09. AGRAVO IMPROVIDO. 1. O restabelecimento da jornada de quarenta horas semanais pela Lei nº 11.907/2009, bem como a possibilidade de opção pela jornada de trinta horas, com redução proporcional da remuneração, não fere a Constituição, porque o servidor não
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tem direito adquirido a regime jurídico. Precedentes. 2. Fixação
da jornada de trabalho que é feita no interesse da Administração, não havendo no ordenamento jurídico qualquer norma que garanta que os servidores públicos permaneçam sempre sujeitos ao regime jurídico vigente na ocasião de seu ingresso na carreira. 3. Alteração legislativa
que apenas repete disposição já prevista na Lei nº 8.112/90. 4. A Constituição Federal assegura a irredutibilidade do vencimento, não abrangendo a irredutibilidade da remuneração, não restando demonstrado que a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo efetivo tenha sofrido diminuição. 5. Em se tratando de perito médico da Previdência Social, o diploma legal aplicável à categoria é a Lei nº 10.876/2004, que cria a Carreira de Perícia Médica da Previdência Social, dispõe sobre a remuneração da Carreira de Supervisor Médico-Pericial do Quadro de Pessoal do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS e dá outras providências. Por se tratar de norma que regulamenta especificamente a carreira do médico perito, deve sobrepor-se à Lei nº 9.436/97, que dispõe sobre a jornada de trabalho de Médico, Médico de Saúde Pública, Médico do Trabalho e Médico Veterinário, da Administração Pública Federal direta, das autarquias e das fundações públicas federais. Precedentes desta Corte. 6. Agravo legal a que se nega provimento.
(TRF 3ª Região, 5ª Turma, AC 00011975220104036100, Rel. Des. Fed. Luiz Stefanini, DJe 11/12/2013)
O que se vislumbra mais plausível, nessa situação, seria
sustentar judicialmente o direito à opção entre um dos novos regimes, como
alternativa à imposição obrigatória de 40 horas com DE.
Entretanto, como antes referido, a questão ficará situada
na esfera da discricionariedade administrativa, dificultando a discussão judicial do
tema. É que não se estará tratando da alteração por força de lei (que levaria ao
enquadramento no regime de 40 horas com DE, para evitar redução remuneratória),
mas de alteração a pedido do servidor, na conveniência deste.
A previsão legal existente acerca da mudança de regime
a pedido do servidor consta do art. 22 da Lei 12.772/2012 e sujeita o atendimento do
pedido à conveniência administrativa da instituição:
Art. 22. O Professor poderá solicitar a alteração de seu regime
de trabalho, mediante proposta que será submetida a sua unidade de lotação.
§ 1o A solicitação de mudança de regime de trabalho, aprovada na unidade referida no caput, será encaminhada ao dirigente máximo, no caso das IFE vinculadas ao Ministério da Defesa, ou à Comissão Permanente de Pessoal Docente - CPPD de que trata o art. 26, no caso das IFE vinculadas ao
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Ministério da Educação, para análise e parecer, e posteriormente à decisão final da autoridade ou Conselho Superior competente.
§ 2o É vedada a mudança de regime de trabalho aos docentes em estágio probatório.
§ 3o Na hipótese de concessão de afastamento sem prejuízo de vencimentos, as solicitações de alteração de regime só serão autorizadas após o decurso de prazo igual ao do afastamento concedido.