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TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

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Academic year: 2021

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Registro: 2018.0000266484

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Habeas Corpus nº 2039982-60.2018.8.26.0000, da Comarca de Cajamar, em que é impetrante JOSÉ

CARLOS RICARDO e Paciente é

impetrado MM JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA JUDICIAL DO FORO DISTRITAL DE CAJAMAR.

ACORDAM, em 6ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Denegaram a ordem. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores RICARDO TUCUNDUVA (Presidente) e MACHADO DE ANDRADE.

São Paulo, 12 de abril de 2018.

MARCOS CORREA RELATOR Assinatura Eletrônica

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Habeas Corpus nº 2039982-60.2018.8.26.0000 Impetrante: José Carlos Ricardo

Paciente:

Impetrado: Mm Juiz de Direito da 1ª Vara Judicial do Foro Distrital de Cajamar

Corréus: Luiz Teixeira da Silva Junior, Leonardo Deruiche Martins e Luiz Cesar Piedade Novaes

Comarca: Cajamar Voto nº 7545

Habeas Corpus. Peculato. Lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores. Falsificação de documento particular, falsidade ideológica e uso de documento falso. Organização criminosa. Prisão domiciliar com base no julgamento do Habeas Corpus coletivo nº 143.641-SP, do STF. Excepcionalidade reconhecida – ordem denegada.

Trata-se de habeas corpus, com pedido liminar, impetrado pelo i. advogado José Carlos Ricardo, em favor de

sob a alegação de que a paciente estaria sofrendo constrangimento ilegal por ato do Juízo da 2ª Vara Criminal da Comarca de Cajamar, nos autos da Ação Penal nº 0001642-82.2017.8.26.0108.

Aduz o impetrante que a ordem de prisão expedida em desfavor da paciente deu ao Ministério Público a oportunidade de provar os fatos descritos na denúncia, porém, mesmo após a longa

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instrução processual, nada se comprovou. Além disso, não há prova da falsificação dos documentos, não haverá mais danos ao erário com a soltura da paciente, tampouco a possibilidade de sua fuga, pois os passaportes foram depositados em Juízo e os prejuízos ao erário foram ressarcidos antes do recebimento da denúncia.

Prossegue o impetrante afirmando que, a paciente é mãe de uma criança menor de 7 anos, em idade escolar e carente do convívio materno, e, de acordo com a decisão proferida no julgamento do HC coletivo nº 143.641/STF, julgado em 20 de fevereiro de 2018, tem direito à substituição da prisão preventiva pela domiciliar, sem prejuízo da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal.

Porém, requerido tal direito em primeira instância, seu pedido foi indeferido ao argumento de que “conforme já decidido

anteriormente, a prisão preventiva, no caso, se faz necessária não apenas para a preservação da ordem pública, mas também para a conveniência da instrução criminal, que, frise-se, não se encerrou. Conforme transcrito acima, a ré e seu marido são acusados de crimes graves com grande repercussão e prejuízo social”.

Frisou a magistrada ainda que: “Em relação ao novo

entendimento do STJ, de que mães com filhos menores de 12 anos devem cumprir prisão domiciliar, entendo que ainda não deve ser aplicada de imediato e cada caso concreto deve ser analisado.

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Conforme bem anotado pelo representante do Ministério Público, o acórdão ainda não foi publicado e tem-se que o prazo para cumprimento do determinado será de 60 dias. Ainda, o E. Tribunal de Justiça de São Paulo, não se manifestou a respeito e, de acordo com o próprio acórdão, a decisão será comunicada aos presidentes dos tribunais estaduais para que sejam analisadas e implementadas as determinações fixadas.”

Por fim, anota que o crime em que fora denunciada a paciente não foi praticado com violência ou grave ameaça, nem contra seus descendentes e que não há nos autos qualquer circunstância excepcionalíssima que justifique o afastamento da medida.

Pede, por isso, a substituição da prisão preventiva pela domiciliar.

O pedido liminar foi indeferido pelo despacho de fls. 47/50 e determinada a vinda de informações, juntadas a fls. 53/195. Por fim, a d. Procuradoria-Geral de Justiça opina pela denegação da ordem (fls. 198/205).

É o relatório.

Pelo que consta no processo originário, a paciente e seu esposo foragido teriam praticado, em tese, por ao menos 108 vezes, os crimes dos artigos 312 do Código Penal (peculato) e 1º, caput, da Lei nº 9.613/98 (lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores), na forma

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do artigo 71 do Código Penal (continuidade delitiva), além dos delitos previstos nos artigos 304 c/c 298 e 299 do Código Penal (falsificação de documento particular, falsidade ideológica e uso de documento falso) e 2º, caput, c/c § 4º, inciso II, da Lei nº 12.850/2013 (organização criminosa).

Narra a denúncia que tais crimes teriam sido praticados de forma dolosa. Ao que relata o Ministério Público, com amparo em documentos e depoimentos de testemunhas,

e a paciente teriam arquitetado

sofisticado esquema de desvio de verbas da saúde pública municipal, valendo-se da Organização Social FENAESC (Federação Nacional das Entidades Sociais e Comunitárias) e das empresas de fachada Nossa Senhora do Livramento Remoções Ltda e ZFS Serviços Médicos, a fim de se apropriar ilicitamente dos recursos que deveriam se destinar ao hospital municipal de Cajamar.

Para consecução de tal intento, teriam constituído organização criminosa composta por eles (a Paciente e seu marido) e

pelos réus e

que emprestaram apoio material e intelectual para que os crimes se consumassem. Após a consumação do crime, os Réus teriam camuflado a origem ilícita do dinheiro por meio de compra de bens de alto valor, doações à igreja e para político de expressão nacional e também pela celebração de contratos fictícios.

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celebração de convênios com outras Prefeituras, os Réus teriam falsificado documentos. Ainda de acordo com a denúncia, os crimes ocorreram não somente no Município de Cajamar, mas também nas Cidades de São Roque, Barueri e Campo Limpo, e estaria para se repetir em Poá e Jandira.

Pois bem. Consigno que seis pedidos de Habeas Corpus, impetrados em favor da paciente, e outros tantos em favor do seu marido, o corréu já foram julgados por esta Colenda 6ª. Câmara de Direito Criminal.

A legalidade da prisão preventiva da paciente foi reconhecida por esta Câmara, em julgamento realizado em 22 de junho de 2.017 (Habeas Corpus n. 2085366-80-2017, voto n. 5.917), que denegou a ordem. Contra a decisão colegiada foi interposto recurso ordinário, já encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça.

No dia 10 de agosto de 2017, foi denegada ordem que pleiteava a concessão da prisão domiciliar (Habeas Corpus n. 2141113-15.2017, voto n. 6.330). Contra a decisão colegiada foi interposto recurso ordinário, já encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça.

No dia 14 de setembro do mesmo ano foram julgados dois Habeas Corpus, com denegação da ordem (n. 2161561-09.2017, voto 6503, alegando excesso de prazo e n. 2154004-68.2017, voto n. 6530, alegando suspeição do magistrado). Quanto ao primeiro, o Recurso Ordinário foi desprovido, pelo Superior Tribunal de Justiça

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(fls. 4136 dos autos originais).

No mês seguinte, no dia 19 e outubro, esta Câmara voltou a julgar outro writ, não reconhecendo o alegado excesso de prazo (Habeas Corpus n. 2184607-27.2017, voto 6802).

Mais recentemente, no dia 01 de fevereiro de 2.108, a prisão da paciente foi mantida, não se reconhecendo a alegação de excesso de prazo (Habeas Corpus n. 2250125-61.2017, voto 7179).

Em que pese o esforço do combativo Advogado impetrante, a legalidade da ordem de prisão preventiva contra a paciente restou reconhecida por este Tribunal, não existindo razão jurídica relevante para a reapreciação da matéria, mesmo porque já foram manejados recursos a serem apreciados pelo Superior Tribunal de Justiça.

Convém salientar, ainda, que o Habeas Corpus não é o meio adequado para o acolhimento de insurgência quando às questões de mérito da ação penal, sendo certo que o esclarecimento do ocorrido e o alcance do envolvimento da paciente depende de prova que só pode ser produzida ao longo da regular instrução do feito original.

No que tange ao pedido de prisão domiciliar, com base na decisão da 2ª Turma do Excelso Supremo Tribunal Federal, no âmbito do julgamento do Habeas Corpus coletivo nº 143.641-SP, razão não assiste ao impetrante, não havendo se falar em descumprimento da decisão em questão, mesmo porque a decisão proferida pela

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afastando a benesse, está muito bem fundamentada (fls. 190/195).

Aquele Tribunal concedeu a algumas presas a substituição da prisão preventiva pela domiciliar, com o intuito de proteger, principalmente, a primeira infância dos filhos delas. Contudo, é bom lembrar que essa medida não deve ser adotada indiscriminadamente. Não há se cogitar de reconhecimento automático do direito de a paciente aguardar seu julgamento em prisão domiciliar, mormente porque referido aresto estabeleceu que, em situações excepcionalíssimas, a custódia cautelar da reclusa poderá ser mantida mesmo que se trate de agente primário e delito cometido sem violência ou grave ameaça contra a pessoa.

A condição de mulher com filho de até 12 anos incompletos não pode ser interpretada como um salvo conduto que a torne imune a ser recolhida em estabelecimento prisional.

Ora, na presente hipótese, a excepcionalidade encontra-se preencontra-sente, de modo a revelar que a substituição da prisão preventiva não é a medida mais adequada, frente a tudo o quanto foi exposto nos julgamentos de habeas corpus anteriores, acerca da regularidade do decreto de prisão preventiva, aqui destacados pelo i. Procurador de Justiça, Dr. Ricardo Prado Pires de Campos (fls. 198/205).

Frise-se, ainda, como bem ponderou a magistrada de primeiro grau, “...cabe observar que, em uma leitura atenta do voto do Exmo. Ministro Ricardo Lewandowski, trata-se de uma proteção,

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acesso ou com dificuldades de acesso à Justiça...”, o que não é o caso da paciente, que está sendo representada por aguerrida e eficiente banca de Advogados.

Ademais, é bom que se diga que a criança (8), segue amparada por familiares (avó materna). Assim, a despeito de a paciente possuir filho menor de 12 anos, referida circunstância, por si só, não é suficiente e indicativa da real necessidade da concessão da prisão domiciliar, até porque não há evidências nos autos sobre a imprescindibilidade da presença da paciente ou mesmo que seja ela a única responsável pelos cuidados do filho.

A decisão impugnada, portanto, não está indo de encontro com a Lei 13.257/16, que estabelece proteção à primeira infância.

Com essas considerações, ausente constrangimento ilegal passível de justificar a concessão do writ, DENEGA-SE A ORDEM.

MARCOS CORREA RELATOR

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