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ANAIS AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE NO MINISTÉRIO DA DEFESA: PROPOSTA DE UM MODELO DE SISTEMA E DE UMA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DE COORDENAÇÃO

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ANAIS

AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE NO MINISTÉRIO DA DEFESA: PROPOSTA DE UM MODELO DE SISTEMA E DE UMA ESTRUTURA

ORGANIZACIONAL DE COORDENAÇÃO

JOÃO EVANGELISTA DOS SANTOS ( joaoevangelistajes@ifi.cta.br ,

joaoevangelistas@ig.com.br )

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AEROESPACIAL - DCTA JORGE MUNIZ JR. ( jorge86056@gmail.com )

UNESP - GUARATINGUETÁ

Resumo: Este artigo apresenta uma formulação dos autores, com vistas à criação de um

Sistema, bem como de uma organização, voltados à coordenação das ações relacionadas à avaliação da conformidade de produtos, serviços, sistemas de gestão e de profissionais de interesse das Forças Armadas brasileiras, de forma a permitir ao Ministério da Defesa um efetivo gerenciamento dessa atividade. Uma das principais considerações que nortearam o desenvolvimento desse estudo foi a possibilidade do surgimento de sinergias organizacionais nas três Forças Singulares, permitindo, consequentemente, a maximização do retorno dos futuros investimentos nas atividades de avaliação da conformidade, bem como na formação e aperfeiçoamento dos recursos humanos necessários à garantia dos processos e procedimentos correlatos, desenvolvidos no âmbito da Marinha do Brasil, do Exército Brasileiro e do Comando da Aeronáutica.

Palavras-chave: Tecnologia Industrial Básica; Avaliação da Conformidade; Ministério da

Defesa, Forças Armadas.

1. Introdução

O objetivo geral deste artigo é propor alguns fundamentos conceituais, necessários à criação e funcionamento de um Sistema, bem como de uma organização, voltados à coordenação das ações relacionadas à avaliação da conformidade de produtos, serviços, sistemas de gestão e de profissionais de interesse das Forças Armadas brasileiras, de forma a permitir ao Ministério da Defesa (MD) um efetivo gerenciamento dessa importante atividade conexa à Tecnologia Industrial Básica (TIB - Metrologia, Normalização e Regulamentação Técnica e Avaliação da Conformidade) de interesse das três Forças Singulares.

O Ministério da Defesa (MD) é o órgão executivo do Governo Federal incumbido de exercer a direção superior das Forças Armadas (FFAA), constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica [1]. Desde a sua criação, em meados de 1999, o MD vem se consolidando, paulatinamente, como o agente coordenador do processo de otimização do sistema nacional de defesa, por meio da formalização e implementação da Política de Defesa Nacional (PDN) [2] e da integração das três Forças, com a decorrente racionalização de suas atividades correlatas.

Como conseqüência dessa ação continuada, o MD tem sinalizado, desde meados de 2002, com a criação de sistemas unificados que integrem, para as três Forças Singulares, o planejamento, a coordenação e a execução das atividades relacionadas à metrologia, à normalização e à avaliação da conformidade, entre outras. Sobre esta última, especificamente, vale ressaltar que o surgimento de novos modelos de relacionamento entre o “saber” da ciência e os seus reflexos na inovação tecnológica, com as aplicações industriais decorrentes,

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bem como a intensa busca de muitas empresas nacionais por competitividade em nível global nas últimas décadas, e o contínuo fortalecimento de uma visão de mercado voltada ao cliente, em geral, têm proporcionado um significativo desenvolvimento da avaliação da conformidade no Brasil, nos últimos anos.

Pela sua importância estratégica, um dos temas mais relevantes ao MD, desde a sua criação, tem sido o estabelecimento de um complexo industrial vinculado à atividade de defesa. Todavia, a baixa demanda apresentada historicamente pelas Forças Armadas brasileiras (agravada pela falta de regularidade das aquisições efetuadas ao longo do tempo) tem sido um problema de monta a ser superado por esse Ministério, com vistas à criação e consolidação de uma Base Industrial de Defesa (BID) que seja compatível com os interesses do país. Essa denominada Base Industrial de Defesa pode ser compreendida como “o conjunto das empresas estatais e privadas, bem como organizações civis e militares, que participam de uma ou mais das etapas de pesquisa, desenvolvimento, produção, distribuição e manutenção de produtos estratégicos de defesa” [3].

Particularmente, no que diz respeito aos materiais de emprego militar stricto sensu, para os quais importam não somente as questões relacionadas à qualidade, mas também a observância de requisitos de segurança e de cumprimento da missão, o montante dos investimentos necessários, associado aos riscos envolvidos, leva à constatação da conveniência da criação de ferramentas adequadas de fomento, visante à criação e ao fortalecimento de um conjunto de organizações voltadas aos processos de projeto e de fabricação, principalmente os de caráter industrial. Ajunte-se a isso a já reconhecida necessidade do país de obter e incorporar novos vetores militares, com níveis apropriados de sofisticação tecnológica e operacionalidade, e se tornará evidente a inevitabilidade de se estruturar, normalizar e detalhar as atividades relacionadas à avaliação da conformidade de sistemas de gestão, de profissionais, de serviços, de produtos e, em última análise, da produção em empresas de interesse das Forças Armadas.

Feitas essas considerações e, tendo-se em vista ainda a inquestionável necessidade de se estabelecer os mecanismos adequados ao acompanhamento e fiscalização dos requisitos contratuais, relativos aos processos de obtenção atinentes aos três comandos militares, justifica-se o objetivo expresso deste artigo, relativo à proposta de um modelo de sistema unificado de avaliação da conformidade, bem como ao estudo de algumas das características funcionais essenciais a uma estrutura organizacional voltada à implantação e coordenação desse sistema, que atenda a todo o MD, porém, respeitando as particularidades históricas e operacionais de cada uma das Forças e que, simultaneamente, possa integrá-las ao Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade (SBAC).

2. O contexto da criação do Centro de Certificação, de Metrologia, de Normalização e de Fomento Industrial das Forças Armadas (CCMEFA)

Premido pelo nível de exigência tecnológica das atividades aeronáutica e espacial, a partir de 1988, o então Ministério da Aeronáutica envidou esforços na criação [4] e posterior consolidação de um sistema de metrologia, denominado Sistema de Metrologia Aeroespacial (SISMETRA), responsável pelo aprimoramento dos recursos metrológicos (instrumentais e humanos) disponíveis, bem como pela harmonização das atividades metrológicas desenvolvidas em proveito das organizações militares (OM) da Aeronáutica, cujos cotidianos operacionais relacionam-se, muitas vezes, à utilização de sistemas, equipamentos e

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componentes extremamente complexos, produzidos e mantidos dentro de parâmetros significativamente reduzidos de tolerância, tanto de projeto como de processo.

Uma das consequências mais evidentes dessa evolução técnico-gerencial tem sido o aumento da confiabilidade das medições, calibrações e ensaios executados no âmbito do atual Comando da Aeronáutica (COMAER), com reflexos diretos na operacionalidade da Força Aérea Brasileira (FAB), como igualmente, na segurança de vôo das aeronaves militares e civis no espaço aéreo brasileiro.

O Ministério da Defesa, preocupado com os requisitos de confiabilidade, repetitividade e comparabilidade das medições e ensaios realizados, bem como com a qualidade técnica dos processos tecnológicos desenvolvidos pelas FFAA e, conhecedor do nível de operacionalidade e funcionalidade do referido sistema metrológico existente no COMAER, buscou, por meio da criação de um grupo de trabalho (GT), composto por elementos da Marinha do Brasil (MB), do Exército Brasileiro (EB) e do próprio Comando da Aeronáutica, estudar a viabilidade da criação de um sistema análogo, envolvendo as três Forças, simultaneamente [5].

Essa ação, inicialmente restrita à metrologia, evoluiu em sua abrangência, desde meados de 2002, acabando por compreender, nos meses subseqüentes, as atividades relativas à certificação1, à normalização e ao fomento industrial, para as quais também foram criados grupos de trabalho similares, compostos igualmente de forma tripartite, por representantes das Forças Singulares. A esses especialistas, de forma semelhante ao ocorrido com o GT pioneiro, referente à metrologia, coube o estudo pertinente e a proposta da fundamentação conceitual de sistemas específicos para cada uma das supracitadas atividades.

Malgrado os esforços empreendidos pelos diversos GT constituídos, por uma série de fatores alheios ao controle dos participantes, em alguns casos (e a certificação é um exemplo dessa afirmação) não houve condições de um maior aprofundamento conceitual quanto à concepção sistêmica pretendida, de forma a tornar possível a consolidação de uma visão unificada, que possibilitasse, de fato, uma real sinergia entre as diferentes realidades existentes nas três Forças Singulares. Este fato fez surgir uma oportunidade de melhoria do trabalho desenvolvido anteriormente, para cujo encaminhamento este artigo pretende colaborar.

Não obstante as dificuldades encontradas, como conseqüência dos trabalhos e observações levados a termo nos anos seguintes, houve a recomendação de criação de uma organização militar subordinada à então Secretaria de Logística e Mobilização do MD (atualmente denominada “Secretaria de Ensino, Logística, Mobilização, Ciência e Tecnologia - SELOM), batizada como “Centro de Certificação, de Metrologia, de Normalização e de Fomento Industrial das Forças Armadas (CCMEFA)”, o qual serviria como Órgão Central2, responsável, portanto, pelo gerenciamento e coordenação de todos os sistemas imaginados. Essa OM seria, em princípio, composta por várias frações organizacionais denominadas “Divisões”, cada qual dedicada a um dos referidos sistemas, de forma a facilitar os esforços a serem empreendidos na gestão, tanto das atividades-fim como das eventuais atividades subsidiárias, necessárias ao perfeito funcionamento desse Centro.

3. Avaliação da Conformidade: uma teoria com desdobramentos econômicos importantes

1

– Embora a noção de “avaliação da conformidade” seja mais ampla conceitualmente, a utilização do termo “certificação” deveu-se ao fato de terem sido utilizadas como referência as atividades de certificação de produtos aeroespaciais, desenvolvidas já há alguns anos pelo Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI) do Comando da Aeronáutica. Assim, mesmo sendo a certificação apenas uma dentre as várias modalidades possíveis de avaliação da conformidade, houve essa preferência pelo emprego desse termo.

2

– Essa OM foi de fato criada, por intermédio da Portaria Normativa do MD Nº 75, de 10 de fevereiro de 2005, a qual, por vários motivos de natureza interna àquele Ministério, foi posteriormente revogada, por meio da Portaria Nº 1.302, de 2 de outubro de 2006.

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O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) conceitua a avaliação da conformidade como:

Processo sistematizado, acompanhado e avaliado, de modo a propiciar adequado grau de confiança de que um produto, processo ou serviço, ou ainda um profissional, atende a requisitos pré-estabelecidos em normas e regulamentos técnicos, com o menor custo para a sociedade [6].

Podem ser citados ainda dois outros conceitos relevantes para a avaliação da conformidade, ambos com significados similares, a saber: (i) segundo a ABNT NBR ISO/IEC 17000:2005 [7], é a avaliação da conformidade que demonstra “que os requisitos especificados, relativos a um produto, sistema, pessoa ou organismo são atendidos”; e (ii) para a Organização Mundial do Comércio (OMC), procedimento de avaliação de conformidade é “qualquer procedimento utilizado, direta ou indiretamente, para determinar que as prescrições pertinentes de regulamentos técnicos ou normas são cumpridas” [8].

No Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade (SBAC) são consideradas cinco modalidades principais de avaliação da conformidade, a saber: (i) certificação; (ii) declaração do fornecedor; (iii) inspeção; (iv) etiquetagem; e (v) ensaios [9].

No que se refere à primeira dessas modalidades citadas, cumpre ressaltar que o termo “cerificação” é conceituado pelo Comando da Aeronáutica como sendo um processo pelo qual uma Organização Certificadora do COMAER assegura-se do cumprimento de requisitos estabelecidos para um produto ou para um Sistema de Gestão da Qualidade [10].

A bem da verdade, a Aeronáutica vem realizando processos ditos de certificação de produtos e de sistemas há vários anos, principalmente por intermédio do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), organização subordinada ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) do COMAER. Entretanto, nas situações em que o COMAER adquire um bem ou serviço, essa nomenclatura mostra-se conceitualmente inadequada ou, pelo menos, dessintonizada com a nomenclatura utilizada pelo INMETRO e, em última análise, pelo Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade, já que para essas entidades, a certificação de produtos ou serviços, de sistemas de gestão e de pessoas é, por definição, realizada pela denominada terceira parte [9: 2007; p.21]. Isto equivale a dizer que, no Âmbito do SBAC, essa modalidade de avaliação da conformidade é realizada por uma organização independente, que não o fornecedor (primeira parte) ou o comprador (segunda parte), ou seja, é executada por alguém que não tem interesse direto na comercialização do produto ou serviço de que se trata. Essa entidade certificadora deve, preferencialmente, ser acreditada para executar uma ou mais das modalidades de Avaliação da Conformidade referidas anteriormente.

Embora existam diferentes conceitos para definir o termo “qualidade”, no contexto da avaliação da conformidade ele é entendido como o atendimento (ou conformidade) a requisitos preestabelecidos, ou seja, associa-se a um produto (serviço, processo ou profissional) de conformidade avaliada a certeza de que o mesmo atende a requisitos mínimos pré-definidos em normas e regulamentos técnicos, por meio da implementação de um processo sistematizado, com regras predeterminadas e devidamente acompanhado, propiciando um adequado grau de confiança, com o menor custo possível para a sociedade [11].

Para Loureiro e Pinheiro [12: 2004]:

A avaliação da conformidade é um poderoso instrumento para o desenvolvimento industrial e para a proteção do consumidor. Entre os benefícios que gera para todos os segmentos da sociedade, podemos destacar o estimulo à concorrência justa (na medida em que indica, claramente, os produtos, processos ou serviços que atendem aos requisitos especificados) e à melhoria contínua da qualidade, o incremento das exportações e o fortalecimento do mercado interno.

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Segundo Lobo [13: 2003], o grande desafio da avaliação da conformidade é a sua utilização como reguladora de mercados. Esse autor, atual Diretor da Qualidade do INMETRO, destaca a real possibilidade de que a adoção de programas de avaliação da conformidade, coadunados com as práticas internacionais vigentes, propicie o reconhecimento recíproco dos programas desenvolvidos nos diferentes países negociadores, permitindo um natural fluxo de produtos, sem as restrições associadas à repetição de ensaios e avaliações, realizados tanto nos importadores como pelos exportadores.

Segundo Erber [14: 2007], a importância das inovações, (sejam elas tecnológicas, organizacionais e/ou institucionais) para o desenvolvimento dos países e para a competitividade econômica internacional é um dos raros consensos existentes entre economistas de diferentes colorações teóricas. Por similitude, é possível estender essa consideração, afirmando que a constituição de um organismo inovador, responsável pela administração coordenada das atividades de avaliação da conformidade de produtos, serviços, sistemas de gestão e/ou profissionais relacionados à defesa, que apresente solidez conceitual e flexibilidade operacional condizentes com a missão de gerenciar e coordenar essa importante atividade no contexto das Forças Armadas e, consequentemente, das indústrias de defesa, pode representar um importante fator de incremento da eficácia geral do setor e de dinamismo econômico desse relevante segmento industrial.

Complementando essa inferência, Torres Filho, [15: 2007] afirma que a criação do Centro de Certificação, de Metrologia, de Normalização e de Fomento Industrial das Forças Armadas (CCEMEFA) como órgão único para a qualificação3 de prestadores de serviços no âmbito do MD poderá facilitar o estabelecimento de uma política de qualificação de empresas adequada às três Forças.

3.1 A importância da consolidação de uma indústria nacional de defesa

A Constituição Federal de 1988, no seu Capítulo II, artigo 142, deixa claro que as Forças Armadas, compostas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, “são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República”, com a finalidade de defender a pátria e garantir os poderes constituídos e, por disposição de qualquer destes, a lei e a ordem, ou seja, são instituições pertencentes ao Estado brasileiro e não a um governo específico, estando atreladas, portanto, aos princípios e valores de toda a nação brasileira.

Para Saraiva [16: 2007. p. 97-115], torna-se essencial para a sobrevivência do próprio Estado, no cenário internacional, a sua capacidade permanente de criação, desenvolvimento tecnológico, produção e execução de projetos voltados à defesa de sua soberania. Afirma ainda que é consenso internacional que a indústria de defesa seja um dos principais componentes não militares do poder nacional de um país, funcionando como suporte às Forças Armadas, tanto em tempo de paz, fornecendo equipamentos de defesa (inclusive como fator de dissuasão), quanto nos tempos de guerra, como instrumento essencial do potencial de mobilização industrial e de sustentáculo indispensável do poder de emprego militar em conflitos de longa duração. Para o autor, investir nas indústrias concernentes aos setores aeroespacial e de defesa estimula o desenvolvimento tecnológico da economia brasileira, tanto nas áreas diretamente vinculadas como também em outros segmentos derivados (spin-offs), já que estes desenvolvimentos são a vanguarda em termos de novas tecnologias. Para ele, considerando que, em decorrência da evolução tecnológica exigida, os produtos aeroespaciais e de defesa não se acham disponíveis "na prateleira" (pois são baseados em especificações e requisitos

3

– O termo “qualificação” pode ser entendido, neste contexto, como um termo equivalente de conceito de avaliação da conformidade.

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exclusivos), é fundamental garantir seu completo desenvolvimento. Sustenta ainda que o país que não possui auto-suficiência tecnológica e adquire seus materiais no exterior, paga pela execução do incremento tecnológico no outro país, ajudando, assim, a consolidar o poder alheio, contribuindo, dessa forma, para gerar empregos qualificados e abrir novos mercados além fronteiras, em detrimento do desenvolvimento interno.

Claro está que, pari passu a uma Base Industrial de Defesa organizada e eficaz, é absolutamente indispensável que as Forças Armadas estejam devidamente capacitadas para que possam cumprir satisfatoriamente a sua missão constitucional.

Segundo Torres Filho, [15: 2007; p.136], o “Catálogo Brasileiro de Itens e Empresas”, organizado pelo MD, apresenta aproximadamente 550 empresas nacionais fornecedoras de material militar. Grande parte dessas indústrias é de pequeno ou médio porte, com maior atuação no mercado civil, fabricando itens de baixa ou média tecnologia agregada, como rações de sobrevivência, uniformes, pirotécnicos, explosivos, veículos e caminhões. Entretanto, é possível afirmar também que já há um relativo número de empresas que atuam em áreas bastante diversificadas e especializadas, tecnologicamente, tais como armas e munições; aviões militares; blindagens; comunicações; eletrônica; foguetes, mísseis; navios e materiais navais; entre outras. Segundo o mesmo autor, [15: 2007; p.124], tem havido nos últimos anos uma forte globalização da indústria de defesa ao redor do mundo. Esse processo, inicialmente verificado nos Estados Unidos e na Europa, passou a oferecer riscos e ameaças, mas também oportunidades latentes para algumas das indústrias do setor nacional de defesa.

Relativo a essas oportunidades e ameaças, segundo Modesti [17: 2004, p.25-55], a imposição de cláusulas de compensação comercial, industrial e tecnológica (offset) tornou-se comum em acordos comerciais entre países, sobretudo quando se trata de material bélico. O mesmo autor cita um relatório do Departamento de Comércio dos EUA ao Congresso americano, referente ao período de 1993 a 1999, no qual é mencionado que essas cláusulas de offset teriam correspondido a 55% do valor dos contratos de exportação de sistemas de armas. Esse relatório cita ainda a aceitação de compensações comerciais, industriais e tecnológicas como essencial para a manutenção da competitividade da indústria de defesa norte-americana, diante da globalização da economia.

4 O Procedimento metodológico

Para Marconi e Lakatos [18: 2000], várias gêneros de conhecimento são referidos na literatura, entre os quais podem ser destacados: o popular (ou do senso comum), o religioso (ou teológico), o filosófico e o científico, dotado, cada qual, de suas respectivas peculiaridades próprias. Em particular, interessa aos propósitos deste artigo, o caráter distintivo concernente ao conhecimento científico.

Segundo Köche [19: 1997, p.17]:

o conhecimento científico surge não apenas da necessidade de encontrar soluções para os problemas de ordem prática da vida diária, característica esta do conhecimento ordinário, mas do desejo de fornecer explicações sistemáticas que possam ser testadas e criticadas através de provas empíricas.

Tendo em vista o objetivo deste artigo, de propor o embasamento necessário à concepção de um sistema, bem como de uma organização militar voltada à coordenação das ações relativas aos processos de avaliação da conformidade no âmbito das Forças Armadas brasileiras, o método de pesquisa fundamentou-se em uma revisão teórica e documental que permitisse, por similitude a uma estrutura já existente e consolidada, esboçar o modelo apresentado. Foram utilizados como fontes de informação: livros, artigos, documentos atinentes ao Sistema de Metrologia Aeroespacial (SISMETRA) do COMAER, como igualmente, material disponibilizado na Internet.

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Demo [20: 2000, p.22] afirma que a pesquisa prática está "ligada à práxis, ou seja, à prática histórica em termos de conhecimento científico para fins explícitos de intervenção". Para ele, algumas abordagens associadas aos métodos qualitativos adotam esta concepção genérica, como por exemplo, a pesquisa participante e a pesquisa-ação, nas quais, em princípio, o pesquisador interage com a comunidade estudada para as possíveis intervenções.

Berto e Nakano [21: 2000] destacam que, dentre os tipos de pesquisa mais comumente desenvolvidos em engenharia de produção e gestão das operações, o desenvolvimento teórico-conceitual tem por finalidade efetuar modelagens conceituais que resultem em novas teorias, podendo dar-se também, por meio de discussões conceituais da literatura ou de revisões bibliográficas.

Portanto, sob a óptica dessas abordagens, este artigo pode ser considerado como de característica teórico-conceitual, uma vez que apresenta uma modelagem do funcionamento do Sistema de Avaliação da Conformidade das Forças Armadas (SISCEFA), consequente de uma análise documental e da literatura. De forma complementar, pode ser classificado também como uma pesquisa-ação, na medida em que o autor pertencente aos quadros do Ministério da Defesa, tendo participado do Grupo de Trabalho para estudo da implantação do Sistema de Metrologia unificado para as Forças Armadas, na condição de representante do Comando da Aeronáutica.

O procedimento metodológico completo, ora proposto, pode ser dividido em três fases distintas, a saber: (i) Construção do Modelo – coberta pelo teor deste artigo, o qual se propõe à

construção do modelo, mediante a realização de pesquisa bibliográfica e documental; (ii) Delineamento do Trabalho de Campo – fase posterior ao presente trabalho, visa a uma

discussão inicial do modelo, no contexto do Comando da Aeronáutica, por intermédio do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), OM pertencente à estrutura do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), possibilitando um primeiro esforço de aperfeiçoamento da modelagem proposta neste artigo. Também nessa fase, seriam definidos os critérios para a seleção de um grupo ad hoc de especialistas do Ministério da Defesa, bem como seria concebido um instrumento-guia, ambos com a finalidade de auxiliar o processo de análise crítica do resultado dessa primeira rodada de aprimoramento, ocorrida, inicialmente, no âmbito do COMAER; (iii) Realização do Trabalho de Campo – nesta última fase, seria formado de fato o supracitado grupo de especialistas had hoc, o qual se encarregaria de efetuar a análise crítica do modelo resultante da fase anterior. As eventuais informações advindas desse processo seriam compiladas, avaliadas e utilizadas no aperfeiçoamento final e validação do modelo.

A Figura 1 a seguir apresenta, de forma esquemática, uma visão global do procedimento metodológico completo, conforme descrito anteriormente.

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Realização de Pesquisa Bibliográfica (Conceitual) Realização de Pesquisa Documental (organização-modelo) Construção do Modelo (Proposta da Concepção Sistêmica e

da Organização Coordenadora)

Proposta e Discussão do Modelo No âmbito do COMAER/DCTA/IFI

Definição dos Critérios para Seleção dos Especialistas do MD

(Grupo Ad Hoc)

Construção do Instrumento-Guia para auxílio à Análise Crítica do

Modelo Proposto

Formação do Grupo Ad Hoc

Realização da Análise Crítica do Modelo

Compilação e Estudo das Informações Advindas da Análise Crítica do Modelo

Aperfeiçoamento do Modelo

Apresentação da Proposta Final do Modelo Validado

Realização do Trabalho de Campo (Fase 3) Construção do Modelo (Fase 1) Delineamento do Trabalho de Campo (Fase 2) Realização de Pesquisa Bibliográfica (Conceitual) Realização de Pesquisa Documental (organização-modelo) Construção do Modelo (Proposta da Concepção Sistêmica e

da Organização Coordenadora)

Proposta e Discussão do Modelo No âmbito do COMAER/DCTA/IFI

Definição dos Critérios para Seleção dos Especialistas do MD

(Grupo Ad Hoc)

Construção do Instrumento-Guia para auxílio à Análise Crítica do

Modelo Proposto

Formação do Grupo Ad Hoc

Realização da Análise Crítica do Modelo

Compilação e Estudo das Informações Advindas da Análise Crítica do Modelo

Aperfeiçoamento do Modelo

Apresentação da Proposta Final do Modelo Validado

Realização do Trabalho de Campo (Fase 3) Construção do Modelo (Fase 1) Delineamento do Trabalho de Campo (Fase 2)

FIGURA 1 – Representação esquemática do procedimento metodológico completo 5 Proposta de estrutura para a Divisão de Avaliação da Conformidade das Forças Armadas

Como mencionado anteriormente, a premissa original dos diversos GT, criados no âmbito do Ministério da Defesa, pressupunha a estruturação do “Centro de Certificação, de Metrologia, de Normalização e de Fomento Industrial das Forças Armadas (CCMEFA)” em quatro “Divisões” distintas, cada qual responsável pelo gerenciamento e coordenação de um dos quatro Sistemas concernentes. Por conseguinte, é de fácil compreensão a possibilidade da existência de várias atividades subsidiárias, comuns a essas Divisões, tais como as das assessorias jurídica, de informática, da qualidade e de relações institucionais, bem como aquelas referentes à prestação de serviços administrativos em geral (planejamento, utilização e controle dos recursos financeiros, manutenção predial, transporte, entre outros).

Dessa forma, este trabalho buscou manter esses mesmos pressupostos de funcionalidade organizacional, tendo em vista que o cerne conceitual da proposta, naquilo que a caracteriza em termos técnico-operacionais, pode ser facilmente estabelecido em qualquer tipo de estrutura organizacional, desde que providenciadas, quando e se necessárias, pequenas alterações e ajustes, com o objetivo de adequá-lo às situações reais de implementação.

5.1 Concepção do Sistema de Avaliação da Conformidade das Forças Armadas (SISCEFA)

Antes da apresentação da estrutura organizacional, a que este artigo se propõe, convém que sejam discutidos, primeiramente, mesmo que de forma breve, alguns dos aspectos sistêmicos fundamentais que nortearão o funcionamento de tal entidade. Como dentre as atividades de interesse do CCMEFA, a única a ter nos dias de hoje uma estrutura sistêmica formalmente definida e documentada é a metrologia, por meio do Sistema de Metrologia

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Aeroespacial (SISMETRA) do Comando da Aeronáutica, é natural que ela sirva de parâmetro referencial, de forma a balizar as demais concepções sistêmicas a serem criadas.

Segundo Santos, Siqueira e Miranda [22: 2009, p.6]:

A criação do Sistema de Metrologia Aeroespacial (SISMETRA), por meio da Portaria Ministerial Nº 858/GM3, de 07 de dezembro de 1988, refletiu a preocupação do então Ministério da Aeronáutica, hoje Comando da Aeronáutica, com a qualidade e a confiabilidade dos processos tecnológicos atinentes ao setor aeroespacial, no que dizia respeito à sua dependência técnica da atividade metrológica, qual seja, das medições, calibrações e ensaios.

A experiência documentada do Comando da Aeronáutica com o processo de implementação continuada do SISMETRA, desde os meados dos anos de 1990, aliada ao fato de serem a metrologia, a normalização e a avaliação da conformidade, áreas complementares do conhecimento, no contexto da denominada “Tecnologia Industrial Básica (TIB)”, tornou possível a criação de uma analogia conceitual entre o já existente Sistema de Metrologia Aeroespacial e esta nova proposição para o Sistema de Avaliação da Conformidade das Forças Armadas (SISCEFA).

Dada a constatação da existência, hoje em dia, de diversas organizações militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, já encarregadas da execução de atividades atinentes à avaliação da conformidade de produtos, serviços, sistemas e profissionais de interesse das respectivas Forças, uma das preocupações levantadas na formulação desta proposta foi a de se pensar na criação de mecanismos de acreditação dessas OM. Para tanto, importa relembrar que, segundo a ABNT NBR ISO/IEC 17011 [23], a acreditação é a "atestação de terceira-parte, relacionada a um organismo de avaliação da conformidade, comunicando a demonstração formal da sua competência para realizar tarefas específicas de avaliação da conformidade".

Cumpre esclarecer que este artigo sugere a criação de um “Sistema de Avaliação da Conformidade das Forças Armadas“ ao invés de meramente um “Sistema de Certificação”, conforme sugerido pelo GT da Certificação4, em função de ser esta a opção mais completa conceitualmente, já que, além das questões relativas à certificação de sistemas de gestão e de pessoas, as FFAA realizam também a obtenção de diferentes tipos de produtos e serviços (alguns específicos, outros de caráter geral), o que demandaria a utilização de diferentes tipos de mecanismos de avaliação, adequados a cada situação distinta. Além desse aspecto conceitual, há que se considerar também as diferenças históricas e culturais existentes no

modus operandi de cada uma das Forças Singulares, as quais poderiam ser mais facilmente

acomodadas no contexto da abrangência dessa nova perspectiva sistêmico-conceitual.

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A Figura 2 abaixo representa, de forma esquemática, a concepção e a constituição do SISCEFA, conforme proposta por este autor, a saber:

FIGURA 2 - Concepção e constituição do Sistema de Avaliação da Conformidade das Forças Armadas

Fonte: adaptado de BRASIL [24: 2008, p.14].

O SISCEFA, tal como apresentado na Figura 2, está estruturado de forma a contemplar um nível estratégico, representado por uma “Coordenadoria-Geral de Avaliação da Conformidade, de Metrologia, de Normalização e de Fomento Industrial”, diretamente subordinada à Secretaria de Ensino, Logística, Mobilização, Ciência e Tecnologia do Ministério da Defesa (MD/SELOM), a qual seria responsável pela elaboração das diretivas mais abrangentes, visando a um funcionamento eficiente, eficaz e efetivo, mas, principalmente, harmonioso, do ponto de vista da adequabilidade, praticabilidade e aceitabilidade das atividades desenvolvidas por todos os sistemas correlatos5.

No modelo sugerido, as atividades em nível tático são desempenhadas pela “Divisão de Avaliação da Conformidade”, também objetivo deste trabalho, a qual é prevista atuar de forma matricial sobre os elos sistêmicos. Esta organização é a responsável, entre outras atribuições, pela acreditação dos elos executivos, localizados na Marinha, no Exército e na Aeronáutica, provendo-lhes as informações e instruções normativas necessárias, direcionando a atuação de todo o Sistema. Nesta concepção, as ações executivas são exercidas diretamente pelos elos do Sistema (já existentes ou a serem criados no futuro), responsáveis diretos pelas atividades de avaliação da conformidade de interesse das FFAA, em suas respectivas Forças, nas suas áreas específicas de competência.

5

– A denominada Análise APA refere-se a um tipo de estudo relacionado à consistência das possíveis soluções de um problema, levando-se em conta os aspectos relativos à sua Adequabilidade (a solução proposta pode ser classificada como adequada, parcialmente adequada ou inadequada), Praticabilidade (atinente à análise dos meios disponíveis à implementação da solução proposta vis-à-vis os impedimentos observáveis. Importa também atentar para a quantidade e qualidade desses meios) e Aceitabilidade (análise da relação custo/benefício da

Á ÁRREEAAEESSTTRRAATTÉÉGGIICCAA DDiirreettrriizzeess MMaaccrroo C COOOORRDDEENNAADDOORRIIAA--GGEERRAALLDDEEAAVVAALLIIAAÇÇÃÃOODDAACCOONNFFOORRMMIIDDAADDEE,,DDEEMMEETTRROOLLOOGGIIAA,, D DEENNOORRMMAALLIIZZAAÇÇÃÃOO EE DDEE FFOOMMEENNTTOOIINNDDUUSSTTRRIIAALL O OrrggaanniizzaaççõõeessMMiilliittaarreess A AvvaalliiaaddoorraassddaaCCoonnffoorrmmiiddaaddee d deePPrroodduuttooss,,sseerrvviiççooss,, S SiisstteemmaassddeeGGeessttããooeeddee p peessssooaassnnooââmmbbiittooddoo C COOMMAAEERR O OrrggaanniizzaaççõõeessMMiilliittaarreess A AvvaalliiaaddoorraassddaaCCoonnffoorrmmiiddaaddee d deePPrroodduuttooss,,sseerrvviiççooss,, S SiisstteemmaassddeeGGeessttããooeeddee p peessssooaassnnooââmmbbiittooddooEEBB O OrrggaanniizzaaççõõeessMMiilliittaarreess A AvvaalliiaaddoorraassddaaCCoonnffoorrmmiiddaaddee d deePPrroodduuttooss,,SSeerrvviiççooss,, S SiisstteemmaassddeeGGeessttããooeeddee p peessssooaassnnooââmmbbiittooddaaMMBB Elos do Sistema

ÁREA LOGÍSTICA DO SISCEFA ÁREA EXECUTIVA

Atividade Gerencial D DIIVVIISSÃÃOO DDEE A AVVAALLIIAAÇÇÃÃOO DDAA C COONNFFOORRMMIIDDAADDEE A Accrreeddiittaaççããoo d dooss EEllooss N Noorrmmaalliizzaaççããoo,, H Haarrmmoonniizzaaççããooee C Coonnttrroollee A Avvaalliiaaççããooddaa C Coonnffoorrmmiiddaaddee I Innffoorrmmaaççõõeess R Reellaaççõõeess I Innssttiittuucciioonnaaiiss R ReeccuurrssoossHHuummaannooss

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5.2 A estrutura organizacional proposta para a Divisão de Avaliação da Conformidade

Neste item é formulada uma proposta conceitual e funcional básica de estrutura organizacional, cuja principal finalidade é coordenar as ações concernentes à avaliação da conformidade de produtos, serviços, sistemas de gestão e pessoas de interesse do Ministério da Defesa, possibilitando viabilizar a obtenção de níveis adequados de sinergia entre as organizações que desenvolvem atividades correlatas nas três Forças Singulares.

Cumpre observar inicialmente que:

(a) as Assessorias, Subdivisões, bem como as demais frações organizacionais identificadas

em cor clara são exclusivas da Divisão de Avaliação da Conformidade, ao passo que as outras, em cor mais escura, são comuns às demais Divisões que compõem o CCEMEFA, funcionando em regime de compartilhamento; e

(b) serão detalhadas somente as atribuições técnicas relativas às áreas de interesse deste artigo

(identificadas por um asterisco), não sendo abordadas, portanto, as atribuições do adjunto da chefia, da secretaria, bem como das assessorias técnica, jurídica e da qualidade, uma vez que estão relacionadas a processos e atividades relativamente convencionais, perfeitamente caracterizados na literatura pertinente.

A Figura 3 apresentada a seguir representa, de forma esquemática, a estrutura organizacional proposta para a “Divisão de Avaliação da Conformidade” do CCEMEFA.

CCEMEFA

Divisão de Avaliação da Conformidade (*)

SECRETARIA ADJUNTO DA CHEFIA ASSESSORIA TÉCNICA SUBDIVISÃO DE ACREDITAÇÃO (*) SUBDIVISÃO DE NORMALIZAÇÃO, HARMONIZAÇÃO E CONTROLE (*) SUBDIVISÃO DE AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE (*) ASSESSORIA JURÍDICA ASSESSORIA DE INFORMÁTICA (*) ASSESSORIA DA QUALIDADE ASSESSORIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS (*) SUBDIVISÃO DE RECURSOS HUMANOS (*) SUBDIVISÃO ADMINISTRATIVA

FIGURA 3 - Organograma proposto para a Divisão de Avaliação da Conformidade do CCEMEFA 5.3 das competências técnicas da Divisão de Avaliação da Conformidade

Competirá à Divisão de Avaliação da Conformidade: (a) planejar, controlar, coordenar, elaborar e aprimorar as atividades relacionadas à avaliação da conformidade no âmbito do Ministério da Defesa; (b) coordenar e gerenciar os estudos de viabilidade, o desenvolvimento, a implantação, o acompanhamento e a avaliação dos programas de avaliação da conformidade desenvolvidos pelas Forças Singulares, relacionados ao setor produtivo de seus respectivos interesses; (c) planejar, desenvolver e implantar programas específicos de avaliação da conformidade de interesse do Ministério da Defesa, relacionados aos órgãos nacionais e internacionais de regulamentação correlatos; (d) definir as necessidades de infra-estrutura

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metrológica, de normalização e de regulamentação técnica necessárias aos processos de avaliação da conformidade de interesse do MD; e (e) interagir com entidades de avaliação da conformidade fora do âmbito do Ministério da Defesa nos foros regionais, nacional e internacional, nas áreas de sua competência, acompanhando e avaliando as tendências técnico-operacionais correlatas.

5.3.1 das competências técnicas da Assessoria de Informática

Competirá à Assessoria de Informática, no que se refere à avaliação da conformidade:

(a) elaborar e manter atualizada o(s) sítio(s) eletrônico(s) de divulgação das atividades da Divisão; (b) apoiar os usuários de informática da Divisão; e (c) estabelecer e manter uma rede de comunicação

segura, interligando a Divisão de Avaliação da Conformidade aos órgãos competentes das Forças Singulares, relacionadas às atividades de avaliação da conformidade.

5.3.2 das competências técnicas da Assessoria de Relações Institucionais

Competirá à Assessoria de Relações Institucionais, no que se refere à avaliação da conformidade: (a) estabelecer e manter intercâmbio com outras entidades de avaliação da conformidade externas ao âmbito do MD; (b) estabelecer e coordenar a elaboração e a manutenção de acordos e convênios com entidades externas, de interesse do Sistema de Avaliação da Conformidade das Forças Armadas, promovendo, quando pertinente, ações de cooperação nos âmbitos regional, nacional e internacional; (c) promover e coordenar, quando pertinente, ações de reconhecimento mútuo nos âmbitos regional, nacional e internacional; (d) promover e coordenar, quando pertinente, a participação da Divisão de Avaliação da Conformidade nos foros regional, nacional e internacional, relacionados às atividades de avaliação da conformidade; e (e) promover e coordenar, quando pertinente, a representação do Ministério da Defesa em organismos regionais, nacionais e internacionais relacionados à avaliação da conformidade.

5.3.3 das competências técnicas da Subdivisão de Acreditação

Competirá à Subdivisão de Acreditação: (a) elaborar, planejar, coordenar e controlar as atividades referentes aos processos de acreditação dos elos da MB, do EB e do COMAER, responsáveis pelo processo de avaliação da conformidade de produtos, serviços, sistemas de gestão e pessoas de interesse das Forças, nas instituições e empresas da Base Industrial de Defesa;

(b) avaliar tecnicamente os processos de acreditação desenvolvidos em cada uma das Forças

Singulares; e (c) organizar, coordenar e realizar auditorias nos diversos subsistemas existentes, visando obter e manter as suas respectivas credibilidades operacionais, em conformidade com as normas vigentes no Sistema de Avaliação da Conformidade das Forças Armadas.

5.3.4 das competências técnicas da Subdivisão de Normalização, Harmonização e Controle

Competirá à Subdivisão de Normalização, Harmonização e Controle: (a) realizar a harmonização dos procedimentos e normas já existentes, de interesse do Sistema de Certificação das Forças Armadas; (b) propor e coordenar programas e projetos com vista a um funcionamento adequado, praticável e aceitável do Sistema de Avaliação da Conformidade das Forças Armadas; (c) definir, elaborar, atualizar e distribuir as instruções normativas, bem como os demais documentos necessários ao funcionamento adequado, praticável e aceitável do Sistema de Avaliação da Conformidade das Forças Armadas; (d) estabelecer os procedimentos para avaliação da conformidade dos produtos, serviços, sistemas, instituições e empresas

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comuns às três Forças Armadas; (e) harmonizar os processos de comprovação de requisitos e de seleção de produtos, serviços e de fornecedores das Forças Armadas, (f) promover e maximizar a cooperação técnico-operacional entre os elos pertencentes a cada uma das Forças Singulares, naquilo que for de sua competência; (g) orientar e promover a integração das ações dos elos executores da fiscalização de produtos regulamentados com conformidade avaliada; e (h) integrar os sistemas relacionados já existentes nas Forças, inserindo-os adequadamente nos sistemas nacional e internacional existentes.

5.3.5 das competências técnicas da Subdivisão de Avaliação da Conformidade

Competirá à Subdivisão de Avaliação da Conformidade: (a) identificar a demanda existente por programas de avaliação da conformidade de interesse do MD; (b) planejar e executar atividades relativas à implementação de programas de avaliação da conformidade nas Forças Singulares; (c) definir e coordenar as ações para acompanhamento, análise crítica e avaliação de cada programa de avaliação da conformidade de interesse do MD; (d) retroalimentar os diferentes programas de avaliação da conformidade implantados, na medida de suas necessidades, tendo em vista alcançar níveis adequados de eficiência, eficácia e efetividade; (e) definir os produtos, serviços, sistemas de gestão e pessoas cujas avaliações da conformidade sejam compulsórias, bem como as instituições e empresas da Base Industrial de Defesa relacionadas; (f) definir os mecanismos de avaliação da conformidade a serem utilizados para cada tipo de produto, serviço, sistema de gestão e pessoa de interesse do MD; (g) identificar as necessidades específicas de infra-estrutura (metrológica, de normalização, etc.) exigidas em cada processo de avaliação da conformidade de interesse do MD; (h) definir as competências dos elos pertencentes a cada uma das Forças Singulares na avaliação da conformidade de produtos, serviços, sistemas de gestão e pessoas da Base Industrial de Defesa, em conformidade com as respectivas áreas de atuação;

(i) quando aplicável, coordenar o planejamento, a elaboração, a implantação e o

acompanhamento das atividades de fiscalização das operações especiais correlatas de interesse do MD; (j) coordenar e gerenciar o programa de avaliação da conformidade de produtos e serviços regulamentados no âmbito do MD; e (l) integrar e coordenar as atividades de avaliação da conformidade já existentes nas Forças Singulares, propondo, quando pertinente, atribuições específicas aos elos pertencentes a cada uma delas.

5.3.6 das competências técnicas da Subdivisão de Recursos Humanos

Competirá à Subdivisão de Recursos Humanos, no que se refere à avaliação da conformidade:

(a) promover e coordenar a formação e a capacitação continuada dos recursos humanos voltados às

atividades de avaliação da conformidade nos diferentes níveis de atuação do Sistema de Avaliação da Conformidade das Forças Armadas; e (b) manter um cadastro dos recursos humanos voltados às atividades de avaliação da conformidade no âmbito do Ministério da Defesa.

6. Conclusão

Primeiramente, é preciso considerar que, a percepção da avaliação da conformidade como base para a tomada de decisões em um determinado ambiente tecnológico envolve uma grande variedade de considerações, principalmente, as de natureza técnica, econômica e cultural. A crescente competitividade do mercado, nos seus múltiplos aspectos e envolvimentos, está diretamente relacionada ao progressivo grau de importância que a avaliação da conformidade vêm conquistando nos últimos anos, mormente no que tange às atividades que apresentam um maior valor agregado, ou com relativo potencial de impacto social, tecnológico e/ou econômico.

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Em segundo lugar, importa ressaltar a existência, hoje em dia, de uma sistemática já estabelecida, referente à dinâmica da avaliação da conformidade, tanto no Brasil quanto no exterior, com mecanismos muito bem firmados, conceitualmente, quanto às melhores práticas a serem empregadas nas diversas fases do processo, como por exemplo, a definição das regras a serem utilizadas na avaliação (ou seja, o que e o como avaliar) e a identificação da infra-estrutura tecnológica a ser empregada (laboratórios de calibração e de ensaios, padrões metrológicos, a disponibilidade das normas técnicas necessárias), entre outras.

Dadas as atuais facilidades de comunicação, decorrentes das novas tecnologias da informação disponibilizadas nos últimos anos, torna-se possível a utilização de uma imensa diversidade de ferramentas voltadas à agilização das consultas, discussões e encaminhamentos necessários aos procedimentos de avaliação da conformidade, os quais podem ser conduzidos e coordenados entre as diferentes organizações civis e militares envolvidas em suas diversas etapas, proporcionando maiores níveis de eficiência e eficácia em sua condução.

Os modelos de Sistema e de estrutura organizacional propostos neste artigo possibilitam a evolução do status atual, vivido pelas Forças Singulares, para um patamar superior de qualidade técnica e gerencial dos procedimentos de avaliação da conformidade no âmbito do Ministério da Defesa.

Tendo como cenário de referência uma teoria amplamente consolidada quanto aos processos de avaliação da conformidade adotados nos contextos nacional e internacional, este artigo procurou apresentar uma opção consistente de harmonização das atividades correlatas, desenvolvidas pelas Forças Armadas brasileiras, por meio de uma concepção sistêmica e integradora, porém, amplamente compatível com as diferenças culturais e operacionais das instituições militares envolvidas, ou em outras palavras, esta proposta de estruturação do arcabouço institucional do organismo de avaliação da conformidade das FFAA constitui uma contribuição deste trabalho acadêmico para o processo de inserção do Sistema de Avaliação da Conformidade do MD, bem como do modus faciendi do seu Órgão Central, no contexto do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade.

Finalmente, importa esclarecer mais uma vez que este artigo cobre tão-somente a primeira fase do procedimento metodológico proposto, concernente à apresentação de um modelo inicial, o qual poderá e deverá ser aperfeiçoado, por meio da contribuição de outros especialistas do Ministério da Defesa, a serem incorporados no desenvolvimento das fases 2 e 3, conforme apresentado no item 4 deste artigo.

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Referências Bibliográficas

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Referências

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