Viabilidade econômica do concreto auto-adensável na construção
de prédios em Goiânia - GO
Luiz Flávio Martins Alcoforado luiz.alcoforado@gmail.com
MBA Gestão de Projetos em Engenharias e Arquitetura Resumo
Neste trabalho é analisada a viabilidade econômica do Concreto Auto-Adensável (CAA), que tem como característica principal a grande fluidez e trabalhabilidade, dispensando o uso de vibradores de imersão e diminuindo a mão-de-obra envolvida nas concretagens. O objetivo é apresentar um estudo de caso realizado em 2010, em duas obras com características semelhantes, de construtoras diferentes da cidade de Goiânia-GO, visando estudar a viabilidade econômica do CAA, além de uma simulação da viabilidade econômica considerando que cada obra tenha utilizado somente concreto com um único fck, primeiro de
25 MPa e em uma segunda simulação, utilizando apenas concreto com fck = 30 MPa. A partir
de dados coletados nas obras, foi construída uma tabela mostrando o custo de cada um dos itens em Reais chegando a um preço total de cada uma das concretagens por m³ de concreto. O Concreto Auto-Adensável apresentou um custo mais elevado nas duas obras. Porém, foi observado que com o aumento da resistência do concreto empregado na concretagem a diferença do custo das duas concretagens diminui consideravelmente. Como resultado principal do trabalho, pôde-se constatar a potencialidade econômica do CAA para maiores fck, aliada a várias vantagens técnicas que esse concreto agrega às estruturas.
Palavras-chave: Concreto Auto-Adensável; Custo; Simulação.
1. Introdução
O concreto é o material de construção mais utilizado no mundo. Porém, com toda dinâmica e inovações nos projetos de engenharia, exigiu-se um estudo aprofundado a respeito desse componente da construção civil, desenvolvendo-se novos tipos que vão além do concreto convencional, como o concreto de alto desempenho, concreto reforçado com fibras, com altos teores de adições pozolânicas, aparentes, coloridos, brancos, sustentáveis e auto-adensáveis, entre outros.
Dentro desse contexto foi desenvolvido em 1988, no Japão, o concreto auto-adensável (CAA), que é um concreto de alta fluidez, com grande trabalhabilidade, capaz de preencher todos os espaços nas fôrmas sem a necessidade de vibração ou compactação externa.
O Concreto Auto-adensável (CAA) tem a capacidade de se moldar às fôrmas, preenchendo os espaços simplesmente pela ação do seu peso, sem a aplicação de vibração ou de qualquer tipo de energia de compactação externa. A auto-adensabilidade do concreto no estado fresco é descrita como a habilidade de todo o material preencher espaços e envolver as barras de aço e outros obstáculos, por meio, exclusivamente, da ação da força da gravidade, mantendo uma homogeneidade adequada (BOSILJKOV, 2003 apud BARROS, 2008).
O estudo do concreto auto-adensável no Brasil ainda está muito atrás da potencialidade de sua utilização. Para citar um dos fatores principais para a não utilização, tem-se o desconhecimento dos profissionais a respeito do assunto.
Pesquisas mostram que erroneamente profissionais tomadores de decisões escolhem outro tipo de concreto por seu custo ser teoricamente mais baixo que o CAA. Ou então, justificam que deixam de utilizar esse concreto já que algumas propriedades no estado endurecido podem comprometer o desempenho da estrutura, como o módulo de elasticidade. Sabe-se, no entanto, que o CAA só deve deferir do concreto convencional (CCV) até que a mistura passe do estado fresco para o endurecido. Assim, suas propriedades mecânicas e de durabilidade serão, simplesmente, decorrentes do proporcionamento dos materiais constituintes, os quais, a rigor, não são diferentes daqueles constituintes dos concretos usuais. (ALCOFORADO et al, 2010).
O presente trabalho tem como objetivo apresentar um estudo de caso realizado em duas obras com características semelhantes, situadas na cidade de Goiânia – GO, visando estudar a viabilidade do concreto auto-adensável, além de uma simulação da viabilidade econômica considerando que cada obra tenha utilizado somente concreto com um único fck, primeiro de 25 MPa e uma segunda simulação com fck = 30MPa.
2. Considerações sobre o concreto auto-adensável
Os procedimentos para execução de concretagens com CAA são os mesmos do concreto convencional. Porém, por conta de sua grande fluidez é necessário se ter uma atenção especial na execução das fôrmas, que devem se apresentar da forma mais estanque possível para que não perca a mistura pelos encontros entre os painéis.
O CAA é tido como o resultado de uma grande evolução tecnológica do concreto nas últimas décadas; com sua aplicação, são possíveis obter vários ganhos diretos e indiretos como alguns listados a seguir (TUTIKIAN; DAL MOLIN, 2008):
- Menor prazo para execução das concretagens, já que dispensa adensamento;
- Diminui o efetivo de funcionários na obra, visto que não se tem a necessidade de vibração e é um material de fácil espalhamento e nivelamento;
- Melhora o acabamento da superfície;
- Diminui os riscos de ninhos de concretagens resultantes da má vibração, reduzindo com isso retrabalhos nos reparos desses ninhos e melhorando o aspecto geral e qualidade da estrutura; - Permite uma fácil concretagem mesmo em estruturas com formas e dimensões atípicas; - Diminui o nível geral de ruído de vibração, visto que não contempla a etapa de vibração, que é uma grande produtora de ruídos;
- Melhora a limpeza e a segurança no canteiro;
- Reduz o consumo de energia na obra pela não utilização de equipamentos de vibração, diminuindo assim os custos associados a esta etapa;
- A otimização do processo construtivo;
- Possibilidades de novas concepções arquitetônicas; - Soluções técnicas para obras especiais;
Apesar de todas as vantagens citadas anteriormente, o CAA possui também algumas limitações e desvantagens, como:
- O custo unitário do CAA sempre será maior do que do CCV, por utilizar aditivos caros mesmo quando o fck é baixo;
- Concretos dosados em laboratórios necessitam de ajustes quando são utilizados em uma central de concreto. Porém com o CAA, esses ajustes podem ser maiores, porque trata-se de um concreto mais sensível que o CCV;
- Não é indicada a sua utilização em locais com diferenças de níveis como sacadas, escadas ou estruturas em rampa, por exemplo, porque o CAA tem a tendência de se nivelar por ser um material fluido;
- Em geral, existe uma tendência de redução do módulo de elasticidade do CAA, quando comparado com concretos convencionais de mesmo fck, em função do maior volume de pasta e teor de argamassa do CAA. Isto, no entanto, é plenamente resolvido ajustando-se o módulo real do CAA como um parâmetro confiável no projeto de estrutura.
3. Estudo de caso – Análise da viabilidade econômica do concreto auto-adensável
Após fazer algumas considerações sobre o CAA, esta seção apresenta um estudo da viabilidade econômica do CAA na cidade de Goiânia – GO. Tal estudo foi realizado em duas obras de construtoras diferentes, que possuíam características semelhantes, fazendo-se uma comparação por meio de indicadores, tais como: custo unitário do concreto e alguns indicadores de produtividade. Avaliou-se, ao final, o tempo de concretagem para cada tipo de concreto.
Os Indicadores de Produtividade são ligados à eficiência, estão dentro dos processos e tratam da utilização dos recursos para a geração de produtos e serviços. Medir o que se passa no interior dos processos e atividades permite identificar problemas e, consequentemente, preveni-los para que não tragam prejuízos aos clientes.
Visando a comparação do serviço de concretagem empregando-se CAA e CCV, no estudo de caso, o presente trabalho utiliza os seguintes indicadores de produtividade e de custo:
- Hh - total de homens x horas de trabalho;
- Hh/h - total de homens x horas de trabalho/total de homens; - Hh/m³ - total de homens x horas de trabalho/m³ de concreto; - R$ Mão-de-obra - custo da mão-de-obra, em reais;
- R$ Material - custo do concreto, em reais;
- R$ Total - custo da mão-de-obra mais concreto, em reais;
- R$ Total/m³ - custo da mão-de-obra mais concreto para cada metro cúbico de concreto, em reais.
A forma mais direta de se medir a produtividade diz respeito à quantificação da mão-de-obra necessária (expressa em homens-hora demandados Hh).
O cálculo do número de homens-hora demandados é, genericamente, fruto da multiplicação do número de homens envolvidos pelo período de tempo de dedicação ao serviço.
O indicador Hh/h é importante para verificar o número de horas médias trabalhadas por homem. No estudo realizado, o indicador mostra a carga horária da equipe na concretagem de todas as lajes da obra.
A relação Hh/m³ indica quantos funcionários são necessários, por hora, para o lançamento de cada metro cúbico de concreto, em média.
Para a realização do estudo de caso, foram escolhidas duas obras verticais, com pavimentos-tipo de aproximadamente 350 m², concreto fornecido pela mesma concreteira e a torre na forma geométrica tipo “H”. Para o cálculo da mão-de-obra, foi considerado o valor de R$ 2,98 por hora para o profissional e R$ 2,12 por hora para o servente e leis sociais de
120%. A seguir é feita uma análise mais profunda a respeito das diferenças diretas e indiretas nos custos da concretagem com uso de CCV e CAA.
As características da obra nº1, com a utilização do CCV são: - 03(três) torres com 24 pavimentos cada;
- Torres construídas uma por vez; - Pavimento-tipo com 354 m²;
- CAA utilizado somente para vigas e lajes;
- Nos primeiros 8 pavimentos foi utilizado concreto com fck = 30 MPa; - Nos 16 pavimentos restantes foi utilizado concreto com fck = 25 MPa; - Mão-de-obra para concretagem: 5 profissionais e 10 serventes;
- Tempo de lançamento por laje: 7 horas; - Volume de concreto: 48 m³;
- Uso de 2 (dois) vibradores por 1 hora por concretagem; - Uso de 1 (uma) régua vibratória por 1 hora por concretagem; - Custo do metro cúbico (m³) de concreto fck = 30 MPa: R$ 255,00; - Custo do metro cúbico (m³) de concreto fck = 25 MPa: R$ 235,00; - Salário de serventes: R$ 466,40;
- Salário de profissionais: R$ 655,60; - Salário de encarregado: R$ 1.498,20; - Salário de mestre de obra: R$ 3.500,00.
A obra em questão teve início utilizando-se o CCV e, depois de algumas lajes, mudou-se para o CAA. Para efeito de comparação, são consideradas somente a concretagem de vigas e lajes. Quando se utilizou o CAA, além das informações pautadas nos tópicos anteriores, as seguintes características se diferiram no caso do CAA:
- Mão-de-obra para concretagem: 4 profissionais e 6 serventes; - Tempo de lançamento por laje: 4 horas;
- Custo do metro cúbico (m³) de concreto fck = 30 MPa: R$ 272,00; - Custo do metro cúbico (m³) de concreto fck = 25 MPa: R$ 254,00. As características da obra nº 2, com a utilização do CAA são: - 02 (duas) torres com 28 pavimentos cada;
- Torres construídas simultaneamente; - Pavimento tipo com 340 m²;
- CAA utilizado em pilares, vigas e lajes;
- Os primeiros 3 pavimentos foi utilizado concreto com fck = 30 MPa; - Os 25 pavimentos restantes foi utilizado concreto com fck = 25 MPa; - Mão-de-obra para concretagem: 8 profissionais e 12 serventes; - Tempo de lançamento por laje: 4 horas;
- Volume de concreto por laje: 70 m³;
- Custo do metro cúbico (m³) de concreto fck = 30 MPa: R$ 272,00; - Custo do metro cúbico (m³) de concreto fck = 25 MPa: R$ 254,00; - Salário de serventes: R$ 466,40;
- Salário de profissionais: R$ 655,60; - Salário de encarregado: R$ 1.498,20; - Salário de mestre de obra: R$ 3.500,00.
Como a obra utilizou somente o CAA, nos pilares, vigas e lajes, foi feita uma simulação para a utilização do CCV, por meio do dimensionamento de uma equipe hipotética para CCV e tendo em vista o tempo de aplicação do concreto fornecido pelo engenheiro da obra:
- CCV utilizado em pilares, vigas e lajes;
- Mão-de-obra para concretagem: 10 profissionais e 14 serventes; - Tempo de lançamento por laje: 7 horas;
- Uso de 2 (dois) vibradores por 1 hora por concretagem; - Uso de 1 (uma) régua vibratória por 1 hora por concretagem; - Custo do metro cúbico (m³) de concreto fck = 30 MPa: R$ 255,00; - Custo do metro cúbico (m³) de concreto fck = 25 MPa: R$ 235,00.
Apresenta-se a seguir (nas figuras 1 a 7), os resultados dos indicadores de produtividade considerados no trabalho, assim como os custos de produção obtidos para as obras, comparando-se o CAA com o CCV.
Figura 1 - Total de homens x horas de trabalho – Hh
Fonte: (ALCOFORADO et al, 2010) 6552 8624 2304 4032 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 Obra 1 Obra 2 Hh CCV CAA
Figura 2 - Total de homens x horas de trabalho / total de homens - Hh/h Fonte: (ALCOFORADO et al, 2010)
Figura 3 - Total de homens x horas de trabalho/m³ de concreto - Hh/m³ Fonte: (ALCOFORADO et al, 2010)
504 392 288 224 0 100 200 300 400 500 600 Obra 1 Obra 2 H h/h CCV CAA 1,90 2,20 0,67 1,03 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 Obra 1 Obra 2 H h/m ³ CCV CAA
Figura 4 - Custo de mão-de-obra, em reais - R$ mão-de-obra Fonte: (ALCOFORADO et al, 2010)
Figura 5 - Custo do concreto, em reais - R$ Material Fonte: (ALCOFORADO et al, 2010)
33419,23 46155,65 11835,65 21348,10 0,00 5000,00 10000,00 15000,00 20000,00 25000,00 30000,00 35000,00 40000,00 45000,00 50000,00 Obra 1 Obra 2 R$ M .O . CCV CAA 835200,00 929600,00 898560,00 1003240,00 0,00 200000,00 400000,00 600000,00 800000,00 1000000,00 1200000,00 Obra 1 Obra 2 R$ M AT CCV CAA
Figura 6 - Custo da mão-de-obra mais concreto - R$ Total Fonte: (ALCOFORADO et al, 2010)
Figura 7 - Custo da mão-de-obra mais concreto por metro cúbico de concreto, em reais - R$ Total/m³ Fonte: (ALCOFORADO et al, 2010)
Como dito nesse estudo, o concreto auto-adensável dispensa o uso de vibradores de imersão, com isso a concretagem se torna menos agressiva às fôrmas. Na obra 1, levando-se em consideração o cronograma com execução de uma torre por vez, seria necessária a utilização de 3 jogos de fôrmas caso a concretagem fosse com concreto convencional (CCV), enquanto que, com o uso de CAA foi possível a economia de 1 jogo de fôrma, economia essa quantificada em R$ 235.610,33. 868619,23 975755,65 910395,65 1024588,10 750000,00 800000,00 850000,00 900000,00 950000,00 1000000,00 1050000,00 Obra 1 Obra 2 R$ T O T AL CCV CAA 251,34 248,92 263,42 261,37 240,00 245,00 250,00 255,00 260,00 265,00 Obra 1 Obra 2 R$ T O T AL /M ³ CCV CAA
Como mostrado nos gráficos anteriores, o CAA se mostrou a melhor opção no que diz respeito à produtividade, confirmando suas vantagens citadas em diminuir o número de funcionários na concretagem e tornar o serviço mais rápido, podendo ser executado em um único período. A única desvantagem apresentada nos gráficos é o custo unitário do CAA. A diferença de custo dos dois tipos de concreto não foi suficiente para tornar a etapa de concretagem mais barata diretamente. Porém, deixa uma opção para o engenheiro aproveitar a mão-de-obra em outra frente de serviço.
A respeito do custo unitário dos concretos, mostrado nas características das obras 1 e 2, percebe-se que a diferença de custo dos concretos com fck = 25 MPa é maior do que nos concretos com fck = 30 MPa, podendo deixar o CAA mais competitivo à medida que a resistência do concreto aumenta. Essa diferença é explorada no próximo subitem, por meio de simulações nas duas obras visitadas.
4. Resultados de custo com variação do fck – Simulação para fck = 25 MPa e fck = 30 MPa
Apresenta-se nesta seção um estudo comparativo de custos de material e de mão-de-obra para as duas obras em questão (seguindo suas características), utilizando-se concretos de fck = 25 MPa e fck = 30 MPa.
Ao analisar as concretagens com fck = 25 MPa, os resultados obtidos mostram que o CAA ficaria 3,51% mais caro que o CCV para a obra 1 e 3,96% para a obra 2, e a diferença do custo da mão-de-obra mais o concreto por metro cúbico, dado pelo indicador R$ Total/m³, ficaria em R$ 8,86 e R$ 10,00, respectivamente.
Em uma segunda simulação, na qual o único item alterado em comparação a simulação com o fck = 25MPa é o valor dos concretos. Utilizando concreto com fck = 30 MPa, o valor total da concretagem para a obra 1 seria de R$ 942.565,25 com o CCV e R$ 966.268,80 com o CAA e para a obra 2 R$ 1.067.429,22 e R$ 1.098.788,99 respectivamente, foi observado que o CAA ficaria 2,51% mais caro que o CCV para a obra 1 e 2,94% mais caro que o CCV para a obra 2 e que a diferença do custo da mão-de-obra mais o concreto por metro cúbico, dado pelo indicador R$ Total/m³, ficaria em R$ 6,86 e R$ 8,00, respectivamente.
Essa diferença direta de custo acontece porque à medida que a resistência dos concretos aumenta, o consumo de cimento também aumenta devido à redução da relação a/c e é necessária a utilização de aditivos mais caros como plastificantes ou superplastificantes. Como o CAA já é mais caro que o CCV por natureza, por possuir aditivos e maior consumo de cimento mesmo com fck baixo, a utilização de aditivos mais caros é mais significativa para o concreto convencional, consequentemente a diferença de custo unitário dos concretos diminui.
As tabelas 1 e 2 apresentam a simulação para os concretos com fck = 25 MPa para as duas obras, detalhando mão-de-obra, materiais, e equipamentos utilizados em concretagem.
CCV
MÃO-DE-OBRA PARA LANÇAMENTO E ACABAMENTO DE CONCRETO
Função Unidade Quantidade Horas trabalhadas Valor da hora Leis sociais Total
Servente Homens 10 504 2,12 120% 23.506,56
Pedreiro Homens 3 504 2,98 120% 9.912,67
Encarregado de concretagem Homens 1 504 6,82 120% 7.562,02
TOTAL MÃO-DE-OBRA R$ 58.621,25 MATERIAL E EQUIPAMENTO
Material/ Equipamento Unidade Quantidade Horas Valor unitário Leis sociais Total
CCV fck = 30 MPa m³ 0 - 255,00 - 0,00
CCV fck = 25 MPa m³ 3456 - 235,00 - 812.160,00
Vibrador diária 2 72 12,50 - 1.800,00
Régua vibratória diária 1 72 12,00 - 864,00
TOTAL EQUIPAMENTO E MATERIAIS R$ 814.824,00
CUSTO TOTAL DA CONCRETAGEM COM CCV R$ 873.445,25
CAA
MÃO-DE-OBRA PARA LANÇAMENTO E ACABAMENTO DE CONCRETO
Função Unidade Quantidade Horas trabalhadas Valor da hora Leis sociais Total
Servente Homens 6 288 2,12 120% 8.059,39
Pedreiro Homens 2 288 2,98 120% 3.776,26
Encarregado de concretagem Homens 1 288 6,81 120% 4.321,15
Mestre de obras Homens 1 288 15,91 120% 10.080,00
TOTAL MÃO-DE-OBRA R$ 26.236,80
MATERIAL E EQUIPAMENTO
Material/ Equipamento Unidade Quantidade Horas Valor unitário Leis sociais Total
CAA fck = 30 MPa m³ 0 - 272,00 - 0,00
CAA fck = 25 MPa m³ 3456 - 254,00 - 877.824,00
Vibrador diária 0 0 12,50 - 0,00
Régua vibratória diária 0 0 12,00 - 0,00
TOTAL EQUIPAMENTO E MATERIAIS R$ 877.824,00
CUSTO TOTAL DA CONCRETAGEM COM CCA R$ 904.060,80
Tabela 1 - Obra 1 simulação com utilização de concreto com fck = 25 Mpa Fonte: (ALCOFORADO et al, 2010)
CCV
MÃO-DE-OBRA PARA LANÇAMENTO E ACABAMENTO DE CONCRETO
Função Unidade Quantidade Horas trabalhadas Valor da hora Leis sociais Total
Servente Homens 14 392 2,12 120% 25.596,03
Pedreiro Homens 8 392 2,98 120% 20.559,62
Encarregado de concretagem Homens 1 392 6,82 120% 5.881,57
Mestre de obras Homens 1 392 15,91 120% 13.720,00
TOTAL MÃO-DE-OBRA R$ 65.757,22
MATERIAL E EQUIPAMENTO
Material/ Equipamento Unidade Quantidade Horas Valor unitário Leis sociais Total
CCV fck = 30 MPa m³ 0 255,00 - 0,00
CCV fck = 25 MPa m³ 3920 235,00 - 921.200,00
Vibrador diária 2 56 12,50 - 1400,00
TOTAL EQUIPAMENTO E MATERIAIS R$ 923.272,00
CUSTO TOTAL DA CONCRETAGEM COM CCV R$ 989.029,22
CAA
MÃO-DE-OBRA PARA LANÇAMENTO E ACABAMENTO DE CONCRETO
Função Unidade Quantidade Horas trabalhadas Valor da hora Leis sociais Total
Servente Homens 12 224 2,12 120% 12.536,83
Pedreiro Homens 6 224 2,98 120% 8.811,26
Encarregado de concretagem Homens 1 224 6,81 120% 3.360,90
Mestre de obras Homens 1 224 15,91 120% 7.840,00
TOTAL MÃO-DE-OBRA R$ 32.548,99
MATERIAL E EQUIPAMENTO
Material/ Equipamento Unidade Quantidade Horas Valor unitário Leis sociais Total
CAA fck = 30 MPa m³ 0 272,00 - 0,00
CAA fck = 25 MPa m³ 3920 254,00 - 995.680,00
Vibrador diária 0 0 12,50 - 0,00
Régua vibratória diária 0 0 12,00 - 0,00
TOTAL EQUIPAMENTO E MATERIAIS R$ 995.680,00
CUSTO TOTAL DA CONCRETAGEM COM CAA R$ 1.028.228,99
Tabela 2 - Obra 2 simulação com utilização de concreto com fck = 25 Mpa Fonte: (ALCOFORADO et al, 2010)
5.Conclusão
Como mostrado no presente estudo de caso, o Concreto Auto-Adensável consegue reduzir consideravelmente a mão-de-obra para a execução das concretagens e dispensa o uso de alguns equipamentos que são de extrema importância para a concretagem com o Concreto Convencional. Em contrapartida, o custo do material CAA é maior que o CCV. Vale ressaltar que para esse trabalho foram considerados apenas dados facilmente mensuráveis para o estudo como, por exemplo, valor de mão-de-obra, valores de equipamentos e os preços dos concretos praticados pelas concreteiras em Goiânia no ano de 2010.
Após levantamento dos custos de produção mediante a execução dos dois tipos de concreto, considerando a mão-de-obra, e o custo unitário do concreto, o resultado apresentado mostrou que o concreto auto-adensável ficou mais caro do que o convencional cerca de 4,81% na obra 1 e cerca de 5,0% na obra 2. Tais percentuais foram obtidos calculando-se a relação do indicador R$ Total/m³ do CAA pelo mesmo indicador do CCV.
Uma das vantagens do CAA é que a aplicação do concreto é mais rápida e menos desgastante. Na obra 1, é preciso cerca de 4 horas e 10 funcionários para concretar uma laje, totalizando 40 horas x homens (Hh). Com o CCV são necessários 7 horas e 15 funcionários, o que resulta em 105 horas x homens (Hh). Fazendo a diferença desses dois indicadores, com o CAA sobram 65 horas x homens (Hh) por laje. Para a obra 2, o resultado é de 88 horas x homens (Hh) por laje, possibilitando, para ambas as obras, usar essa mão-de-obra em outra frente de serviço, ou seja, há ganho de prazo no cronograma.
O uso do CAA possibilita a diminuição da mão-de-obra na concretagem, dando a opção de utilizar essa mão-de-obra excedente em outros serviços ou então nem contratar esses funcionários. Durante visita às obras para o estudo de caso, foi percebida resistência no dimensionamento da equipe de concretagem na obra 2. Enquanto na obra 1 são utilizados 6 serventes e 4 profissionais, na obra 2 a equipe é composta por 12 serventes e 8 profissionais. Apesar do volume de concreto da obra 2 ser maior, a área da laje é praticamente a mesma. Essa diferença no volume de concreto para as duas obras é devida à opção de concretar ao mesmo tempo lajes, vigas e pilares. Outra vantagem é a eliminação do uso de vibradores de imersão e réguas vibratórias, eliminando o nível de ruído na concretagem e consequente melhoria das condições de trabalho, além da economia de energia elétrica (não computada na avaliação de custos deste trabalho).
Os engenheiros das obras visitadas destacaram também a melhoria do acabamento na superfície da estrutura e a inexistência de ninhos de concretagem. Uma grande vantagem observada pelo engenheiro da obra 1 foi a economia na fôrma. Pelo fato da eliminação do uso do vibrador na concretagem, há um desgaste menor na fôrma e como a obra são três torres, construídas uma por vez, houve a economia de um jogo de fôrma.
Para que a diferença entre a concretagem com o CAA e o CCV seja menor é preciso dar preferência a concretos com maiores resistências, uma vez que quanto maior o fck do concreto maiores serão o consumo de cimento e os teores de aditivos plastificantes ou superplastificantes, sendo esses acréscimos mais significantes para o CCV (já que o CAA naturalmente possui maiores teores de cimento e aditivos).
Levando em consideração algumas outras características do CAA nas avaliações comparativas de custo, pode-se chegar a reduzir ainda mais as diferenças entre o CAA e CCV. Por exemplo:
- A ausência de vibradores de imersão e a diminuição do número de operários trabalhando na concretagem certamente provocarão menor desgaste das formas, aumentando assim a sua vida útil;
- Com o número reduzido de operários, os custos com EPI’s e os riscos de acidentes serão menores.
- Ao dispensar o uso de vibradores de imersão, réguas vibratórias ou algum outro equipamento elétrico para a concretagem, o custo com energia elétrica poderá ser significativamente menor.
Muitas das vantagens trazidas pelo CAA são de forma indireta no que diz respeito a itens de orçamentos de obras. Em uma primeira análise chega ser inviável a utilização dessa nova tecnologia. É necessário que seja feita uma análise crítica para a decisão do uso desse tipo de concreto, considerando as peculiaridades aqui mostradas.
O grande problema a ser superado pelos profissionais de construção civil é conseguir administrar tais vantagens trazidas pelo concreto auto-adensável, como a utilização das horas trabalhadas que foram economizadas na concretagem com CAA para que sejam transformadas em horas produtivas para a obra em outras frentes de serviços, ou seja, o dimensionamento correto das equipes para que não haja funcionários parados durante o lançamento do concreto.
Não há duvida de que o Concreto Auto-Adensável é uma opção muito vantajosa para o novo cenário no qual está apresentando a construção civil, no entanto, serão necessários estudos acerca dessa nova tecnologia no que diz respeito ao planejamento da obra e as construtoras
deverão investir na utilização desse sistema de concretagem para que se possa colher dados em campo e para que se possam treinar todos os níveis de mão-de-obra na utilização do CAA.
6. Referências
BARROS, A. R. Estudo das Propriedades de Durabilidade do concreto auto-adensável. Monografia apresentada ao Colegiado do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Alagoas como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. Maceió: Universidade Federal de Alagoas, 2006.
ALCOFORADO, Luiz Flávio Martins; MENDONÇA, Marcelo Alvarenga; RODRIGUES, Sidney Borges. Viabilidade econômica do concreto auto-adensável. Monografia
apresentada ao Colegiado do Curso de Pós-Graduação em Construção Civil da Universidade Federal de Goiás. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2010.
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TUTIKIAN, BERNARDO FONSECA. Métodos para dosagem de Concretos
auto-adensáveis. 2004. 148f. Tese (Mestrado em Engenharia Civil) – Programa de PósGraduação