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PERDAS NO ESCOAMENTO DE GRÃOS DO BRASIL

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Academic year: 2021

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PERDAS NO ESCOAMENTO DE GRÃOS DO BRASIL Lucas Guilherme de Arruda1, Marcelo Scantamburlo Denadai2

1Discente do curso de Tecnologia em Agronegócio da faculdade de Tecnologia de Botucatu, FATEC-BT. Email:lukinhah-btu@hotmail.com

2Professor Mestre na Faculdade de Tecnologia de Botucatu – FATEC-BT.

1 INTRODUÇÃO

O agronegócio brasileiro é um dos maiores produtores de grãos do mundo graças aos excelentes fatores de produção do país. A estimativa do décimo primeiro levantamento da safra brasileira de grãos é que a área plantada alcance 58,2 milhões de hectares. No total, representará 0,6% de aumento, que equivale a 327,9 mil hectares, frente à safra passada, que chegou a 57,9 milhões de hectares (CONAB, 2016).

Pesquisas realizadas com produtores indicam perdas no transporte de grãos nas fazendas e em rodovias, que somadas são muito significativas para o agronegócio brasileiro e para os produtores, esse que por sua vez, não tem hábito de adotar medidas preventivas contra perdas, pelo fato de acharem que essas são insignificantes. Mas, no final das contas, nota-se um grande desperdício, que passam despercebidos.

O objetivo deste trabalho é de informar os agentes do agronegócio brasileiro, sobre as perdas que ocorrem no transporte, o quanto elas podem ser significativas, e também apresentar algumas soluções alternativas, que podem ajudar a minimizar essas perdas.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Os dados foram obtidos a partir de trabalhos científicos e também de órgãos de pesquisas brasileiras. Para se chegar às perdas no processo de transporte da lavoura até a primeira recepção, foram utilizados os dados da produção do Brasil do ano de 2015. As perdas em transporte foram estimadas em 0,5% da produção total segundo Santos et. al (1994).

Para transformar essas perdas em sacas do grão, as toneladas foram passadas para kg (420 t x 1000 kg t-1) e após, para sacas (420.000 kg / 60 kg sc-1). O preço médio considerado da saca de milho foi de R$ 42,40/sc (CEPEA).

Para chegar à conclusão que o Brasil poderia quase igualar a produção dos EUA, os dados foram obtidos a partir de Jardine (2002) e somados 10% à produção da soja no país do ano de 2015. Primeiramente foi calculado os 10% da produção anualmente perdida, e depois

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somado esse valor junto à produção do ano.

Para transformar essas perdas de soja em reais, as toneladas foram passadas para kg (10.563.000 t x 1000 kg t-1) e após, para sacas (10.563.000.000 kg / 60 kg sc-1). O preço médio considerado da saca de soja foi de R$ 81,85/sc (CEPEA).

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A maior parte dos grãos produzidos no país normalmente são movimentados a granel, por transportadores rodoviários autônomos (na maior parte dos casos, agregados a empresas de transporte rodoviário) que utilizam predominantemente de carretas rodoviárias com capacidade de 27 t, e também os bi-trens, com capacidade de 40 t (FILHO, 2006).

Durante o transporte, parte da carga granulada se perde do caminhão devido às trepidações da carroceria e à não vedação da carga. Além disso, a frota de veículos antiga acarreta sérios prejuízos, devido às condições de manutenção dos transportes, que provocam a perda de uma considerável parte de sua produção (CARVALHO et al., 2012).

Os números das perdas são expressivos e, se formos pontuar o maior culpado para esses prejuízos, com certeza o grande vilão seriam as péssimas condições das nossas estradas, provocando a trepidação dos caminhões e o vazamento de grãos pelas carrocerias (MACIEL, apud BIRKHAM, 2010).

Em países de grande dimensão territorial como o Brasil, os índices de perdas tendem a serem maiores na pós-colheita, dada a dispersão da produção, a distância aos mercados consumidores ou portos de exportação e a deficiência da rede de armazenagem (OJIMA, 2008).

As perdas mais significativas atingem o milho, do agronegócio, mas estão relacionadas também a outras culturas indispensáveis à mesa do brasileiro a exemplo de outra grande commodity como a soja com peso na economia e na geração de divisas (LAZZARI, et. al., 2002).

Pesquisas realizadas revelam outras perdas, desta vez foram avaliadas as perdas de grãos do milho transportados da lavoura até a primeira recepção, as distâncias são muito curtas, normalmente da lavoura até os silos. De acordo com os dados, cerca de 0,5 % é desperdiçada nesse pequeno deslocamento (SANTOS et. al., 1994). Considerando esse dado e a safra de 2015 do Brasil que foi em torno de 83.592,5 mil toneladas (CONAB, 2015), a perda foi de aproximadamente 7 mil sacas do grão. Isso representa uma perda de R$ 296.000,00 no ano,

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número bem significativo pelo fato de ser um transporte de curta distância. Entretanto, as perdas não param por aí. Os produtores também escoam a safra para portos e outros compradores no país e é aí que a maior parte dos grãos é desperdiçada. As estimativas sobre os prejuízos variam de algo em torno de 5% a 20% do volume de grãos produzidos no País, quando armazenamento e transporte são avaliados em conjunto (TSILOUFAS et. al., 2011).

Para se ter uma idéia das perdas em rodovias, uma pesquisa foi realizada, agora se tratando do escoamento da soja durante o transporte do campo até aos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR). Das 18,78 milhões de toneladas de soja que o estado de Mato Grosso produziu nesta safra, por exemplo, estima-se que 47,5 mil toneladas dos grãos ficam às margens das rodovias. Segundo cálculos da Central de Comercialização de Grãos (Centro Grãos), da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), os desperdícios significam um prejuízo de R$ 21 milhões a cada ano para o setor (MACIEL, 2010).

A safra brasileira de soja em 2015 atingiu a marca de 95,07 milhões de toneladas, a segunda maior do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos, que produziu 108,014 milhões de toneladas de soja (EMBRAPA, 2016). Essa superioridade americana deve-se ao fato de que o Brasil desperdiça aproximadamente 10% do total de grãos de soja produzido (JARDINE, 2002), enquanto nos EUA o desperdício é quase zero.

Se toda essa perda de 10% fosse somada a produção do ano de 2015, o Brasil chegaria a produção de 105,63 milhões de toneladas, e o país poderia quase igualar à produção Norte Americana.

Segundo levantamento da CNA, o prejuízo com o derrame de grãos, de uma forma geral, durante o transporte rodoviário, chega a R$ 2,7 bilhões a cada safra, o que representa 10 milhões de toneladas perdidas (JARDINE, 2002).

ALTERNATIVAS PARA REDUÇÃO DE PERDAS

As carretas utilizadas no escoamento das safras dos EUA têm desperdício zero, conhecida como Super Hooper. Esse tipo de carreta ainda não se encontra no brasil, mas ainda sim existem alternativas como a carreta caçamba basculante, e esta por sua vez se encaixa muito bem no transporte dos grãos até a primeira recepção, pelo fato de não ter muitos orifícios ou articulações, desperdiçando menos grãos. Essa carreta somada ao revestimento para a

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caçamba reduz ainda mais o desperdício, podendo até não desperdiçar nada. Figura 1 Caçamba basculante graneleira

Fonte: Mfrural (2016).

Já no transporte de longas distâncias, as caçambas não são mais viáveis por não levarem tantas toneladas igual os bitrens graneleiros que levam 40 toneladas.

As carretas graneleiras tem alguns problemas de perdas, já que possuem vários orifícios e também muitas articulações. Seu assoalho é de madeira, de modo que se encaixa um no outro. Esse tipo de assoalho é muito problemático porque sempre vai haver um orifício, ainda mais no caso do brasil que as carretas nem sempre são novas. Mas há também uma solução para este problema, e no caso, basta aplicar uma espuma líquida nos vãos e orifícios por onde podem ocorrer os vazamentos dos grãos.

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O agente da propriedade também tem que auxiliar na hora do carregamento, explicando sobre a obrigatoriedade de não ultrapassar os limites das carretas, e no caso do transporte dentro da propriedade, exigir sempre que os colaboradores usem as lonas, mesmo que o transporte seja curto.

4 CONCLUSÕES

Conclui-se que se o produtor começar a escolher melhor o tipo de carreta, de acordo com a situação, exigir dos prestadores de serviços que adotem medidas de manutenção contra perdas e orientar sobre as regras na hora do carregamento, os desperdícios podem reduzir e os lucros serão maiores para toda a cadeia. Consequentemente o agronegócio brasileiro irá apresentar números maiores ainda.

5 REFERÊNCIAS

CARVALHO, D. C.; TONIAL, E.; VACHIA, G. D.; POSTAL, R.; CARVALHO, A. P. Annalise Logística de Redes de Transporte de Grãos no Território Brasileiro. Congresso Internacional de Administração. 2012. Gestão Estratégica: Empreendedorismo e Sustentabilidade. Disponível em: <http://www.admpg.com.br/2012 /down.php?id=2718&q=1>. Acesso em 23 de ago. 2016.

COMPANHIA NACIONAL DO ABASTECIMENTO. Acompanhamento da safra brasileira de grãos. V. 3 - SAFRA 2015/16- N. 11. 2016. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/ar quivos/16_08_09_12_08_19_boletim_graos_agosto_2016.pdf>. Acesso em: 26 ago. 2016.

CONAB COMPANHINA NACIONAL DO ABASTECIMENTO. Acompanhamento da safra brasileira de grãos. V.3 - Safra 2015/16 N.1 – Primeiro levantamento – Intenção de plantio Outubro/2015 Disponível em: <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/15_10_09_09_03_07_boletim_graos_outubro_2015.pdf >. Acesso em: 26 ago. 2016.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA- EMBRAPA. A Logística do escoamento da safra brasileira. 2006. Disponível em: <http://ww.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/soja/.../CONTAG01_15_271 020069131.html>. Acesso em 20 ago. 2016.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA- EMBRAPA. Soja em números (safra 2014/2015). Disponível em: <https://www.embrapa.br/soja/cultivos/soja1/dados-economicos>. Acesso em 23 de ago. 2016.

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JARDINE, C. Quando a produção não vai para o saco. A Granja, Porto Alegre, v. 58, n. 639, p. 12-19, mar. 2002. Disponível em: <http://www.agranja.com/AGranja/639/capa.pdf>. Acesso em: 26 ago. 2016

LAZZARI, F. A.; LAZZARI, S. M. N.; CANEPPELE, C.; CANEPPELE, M. A. Perdas de grãos no transporte rodoviário. Revista Grãos, Maringá – PR, Ano 1, n. 2, p. 11-14, 2002.

MACIEL, Marcondes. Grãos estrada afora. Ed. 12788. Cuiabá: 2010. Disponível em: <http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=377099>. Acesso em: 23 de agosto 2016.

OJIMA, Andréa Leda. Transporte de grãos por rodovias gera prejuízos. Notícias Agrícolas. Campinas, 2008. Disponível em: <http://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/logistica/34085-transporte-de-graos-por-rodovia-gera-prejuizos.html#.V9Q2HWgrLIV>. Acesso em: 23 de agosto de 2016.

SANTOS, J. P.; FONTES, R. A.; MANTOVANI, B. H. M.; MANTOVANI, E. C.; PEREIRA FILHO I. A.; BORBA, C. S.; ANDRADE, R. V.; AZEVEDO, J. T.; ANDREOLI, C. Perdas de Grãos na Cultura do Milho. Relatório Técnico Anual do Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo. 1992-1993, Sete Lagoas, MG. v.6, p.122-124, 1994.

TSILOUFAS, S. P.; PELLEGRINI, S. P.; FREIRE, C. M.; NEVES, R. R. V.; KAMINSKI, P. C. Solução para perda de grãos no transporte rodoviário: sistema de enlonamento automatizado. São Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Universidade de Tecnologia de Delft, 2011. 17p.

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Referências

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