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Palavras-chave: Umbanda, Estado Novo, Jornais, Ponta Grossa.

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Academic year: 2021

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A UMBANDA NOS JORNAIS PONTAGROSSENSES NO ESTADO NOVO Jorge Gabriel Manosso1

Universidade Estadual de Ponta Grossa

Resumo.

Durante o Estado novo, no final dos anos 30, sob a ditadura de Getúlio Vargas, os terreiros de Umbanda, viveram uma fase difícil. Para que pudessem continuar praticando sua religião, os umbandistas eram obrigados a registrar seus terreiros nas delegacias e a pagar as chamadas “Taxas de Proteção”. Os que não se registravam eram obrigados a viver na clandestinidade, correndo o risco de, a qualquer momento, sofrerem as temidas e violentas “batidas policiais”. Nessa época não se ouvia falar em umbanda ou candomblé; o que se lia em jornais e revistas era feitiçaria, macumba e baixo espiritismo.

Conforme a prática foi crescendo tanto na legalidade como na ilegalidade a umbanda foi ganhando mais e mais adeptos, os sujeitos que praticavam modificavam os seus conceitos, inventando formas disfarçadas e/ou mais aceitáveis de se praticar sua religião.

Trago então o tema para a cidade, como os terreiros da cidade naquele período faziam para continuaram praticar sua religião? Oque se lia nas manchetes dos jornais sobre as religiões afro?

Partindo desta ideia, o trabalho tem como objetivo, analisar os discursos reproduzidos pelos jornais sobre as manifestações umbandistas nesse período.

Palavras-chave: Umbanda, Estado Novo, Jornais, Ponta Grossa.

1 Acadêmico de Licenciatura em História pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, Aluno Petiano no programa PET – História, tutorado pela Professora Dr. Rosângela Maria da Silva Petuba.

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Introdução

A umbanda diferentemente das outras religiões de matrizes africanas apresenta uma característica única: enquanto o candomblé por exemplo buscou uma maior exaltação das tradições africanas, como o culto de nação nagô. O movimento umbandista se apresentou como uma religião puramente brasileira. Acredita-se que o caráter nacionalista atribuído à umbanda fazia parte de um conjunto de estratégias para a legitimação da mesma. Segundo Renato Ortiz, houveram duas estratégias nesse processo de legitimação; A primeira foi a fundação de da Federação Espírita de Umbanda, essa seria a porta voz do movimento umbandista, para a diminuição das agressões policiais que tinha aumentado drasticamente desde a criação em 1937 da Sessão de Tóxicos e Mistificações, essa era responsável por fiscalizar a "execução" do Código Penal de 1890, artigos, 156, 157 e 158, que proibiam a prática ilegal da medicina entenda-se isso por curandeirismo, o espiritismo e a magia ou feitiçaria entendidos na época como charlatanismo. A segunda foi a realização de Congressos, para apresentar a sociedade da época a religião umbandista e a retirada de possíveis dúvidas sobre essa nova religião, tirando assim possíveis duvidas sobre a mesma apresentando também o caráter científico dela ficando em evidência o Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda realizado em 1941.

Na visão de Roger Chartier, as estruturas do mundo social, “todas elas são historicamente produzidas pelas práticas articuladas (políticas, sociais, discursivas) que constroem as suas figuras”. Partindo dessa interpretação, podemos considerar as estratégias desse movimento de legitimação da umbanda como uma dessas “práticas articuladas” responsáveis. É possível portanto pensar nesse movimento de legitimação da umbanda como, um dos pólos exercendo uma certa força para assim tentar construir a identidade, social dos umbandista e que talvez assim pudessem ter o aceitamento social que desejavam.

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Engana-se quem pensa que os adeptos das religiões de matrizes africanas nesse caso principalmente os umbandistas foram agentes passivos no período repressivo do Estado Novo, a resistência as tentativas oficiais de destruí-las se manifestaram sob diversos aspectos e ocasiões, diversos atos de rebeldia estão registrados na delegacia de Ordem Política e Social. A repressão violenta, não evitou, a continuação das práticas religiosas de seus adeptos, para alguns repressão e violência são recebidos com submissão e medo, para outros é recebida com subversão, revoltas e rebeldia, a própria ação violenta do Estado na época cooperou para a dinamização dessas práticas.

O varguismo2 não se define como um regime fascista, mesmo assim precisamos levar em conta que Vargas e sua assessoria inspiraram-se fartamente das experiências alemã e italiana. No Brasil, a organização e o funcionamento dos órgãos produtores da propaganda política como também os controladores dos meios de comunicação nos revelam a inspiração fascista de Vargas.

Para os regimes de caráter totalitário os meios de comunicação adquirem um caráter não somente de divulgação de noticias e conhecimento, mas também uma tentativa de controle e de legitimação das suas ações. O regime varguista não seguiu a risca o modelo Nazi-Fascista, o Estado Novo teve como principal objetivo conquistar o apoio do povo para a legitimação do seu poder.

Em 1937, legalizou-se constitucionalmente a censura aos meios de comunicação, essa legislação transformou a imprensa para um setor com função de caráter público, tornando-a instrumento do esttornando-ado, sendo tornando-assim umtornando-a ferrtornando-amenttornando-a de trtornando-ansmissão dtornando-a ideologitornando-a esttornando-ado- estado-novista. O art. 1.222 exterminava a liberdade de imprensa e admitia a censura a todos os veículos de comunicação. A lei indicava: " Com o fim de garantir a paz, a ordem e a segurança pública, a censura prévia da imprensa, do teatro,do cinematógrafo, da radiodifusão, facultando à autoridade competente proibir a circulação, a difusão ou a representação". A justificativa para se conectar a função da imprensa as funções também do Estado baseou-se da idéia de que o jornal era político desde a sua nascença, sendo

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assim o jornal passaria a exercer sua função dentro da esfera do Estado como uma função pública.

Durante esse período, o Estado criou orgãos de controle a repressão dos atos e idéias. A peça fundamental foi o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). O Estado Novo ampliou seu poder de intervenção com o DIP que tinha como sua principal função guiar a opinião pública para aquilo que o Estado acreditava ser o correto.

No Estado Novo, o esforço para eliminar as vozes destoantes, efetuou-se principalmente pelo rádio e pela imprensa, estas foram igualmente e fortemente manuseadas pelo DIP, os profissionais da imprensa bem como as empresas do ramo só podiam funcionar se conseguissem se registrar, esse registro era somente conferido pelo DIP.

A idealização do jornalista como inspetor do poder, foi e é difundido exaustivamente por editoriais e colunistas que também afirmam continuamente serem compromissados com a verdade, quando na realidade, esse jornalismo "isento' e "imparcial", objetiva disfarçar, a opinião que sempre existirá em suas palavras, baseando-se então na crença de que os jornalistas são mensageiros dos fatos como realmente aconteceram.

Aceita-se então interpretações "oficiais" dos acontecimentos, muitas vezes privilegiando assim, certos círculos sociais, ao mesmo tempo que marginaliza-se outros, calando assim vozes que em algumas vezes poderiam dar um outro ponto de vista sobre os fatos, deixando assim as noticias com a marca desse discurso excludente.

Dessa forma essa pesquisa pretende analisar as manchetes dos jornais pontagrossenses nos anos de 1937 a 1945 que abordam de alguma forma as religiões de matrizes africanas. E entender a partir dessa analise como a própria sociedade princesina da época compreendia essas práticas.

Resultados

A pesquisa não pode ser executada pela falta de fontes a serem analisadas, sendo assim os resultados em relação a compreensão da sociedade sobre a importância das religiões

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de matrizes africanas para a própria formação da sociedade pontagrossense a partir da analise de manchetes de jornais, se tornou inviável.

Quanto as fontes, a partir de pesquisas realizadas nos arquivos do jornal Díario dos Campos, no arquivo do Museus pontagrossesnse, não foi encontrado manchetes que abordassem o tema.

.Considerações Finais

Levando em conta a falta de fontes para serem analisadas, podemos presumir que na cidade de Ponta Grossa o índice de perseguições para com os terreiros de Umbanda não foram grandes, ou talvez nenhum. Durante o Estado Novo como já foi dito anteriormente houve vários outros tipos de perseguições, e o foco maior na cidade foi contra os imigrantes dos países do eixo. Uma vez que Ponta Grosa foi fortemente colonizada por imigrantes europeus entre eles, concentra-se o maior número de alemães, japoneses e italianos como aponta Silvia Costa3. Logicamente não podemos trabalhar apenas com a hipótese de que na cidade não ouve repressão, mas se ela aconteceu ficamos com esse ponto cego, uma vez que a falta de documentação acaba de tornando um grande empecilho na busca do historiador.

Referências

ARENDT, Hannah. O sistema totalitário. Lisboa, Don Quixote, 1978. BROWN, Diana. O papel histórico da classe média na umbanda. Religião e Sociedade, São Paulo, v. 1, p. 31-42, maio 1977.

BROWN, Diana. Uma história da umbanda no Rio. In: BROWN, Diana. Umbanda e política. Rio de Janeiro: Iser, 1985. p. 9-42.

3 Silvia Costa jornalista e autora do Livro “ Campos de Concentração em Ponta Grossa” publicado em 2009 .

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COSTA, Silvia. Campos de concentração em Ponta Grossa. Secretaria Municipal de cultura e Turismo de Ponta Grossa, 2009.

CHARTIER, Roger. "A história cultural." Entre práticas e representações. Lisboa:

Difel (1990).

CHARTIER, Roger. "O mundo como representação." Estudos avançados 5.11 (1991): 173-191.

CAMPOS, Francisco. O Estado Nacional. 1940.

GOULART, Silvana. Sob a verdade oficial. CNPq/Marco Zero, 1990.

SOUZA, José Inácio Melo. A ação e o imaginário de uma ditadura: controle, coerção e propaganda política nos meios de comunicação durante o Estado Novo. ECA/USP, 1990. mimeog. (Tese de Mestrado.)

UNIÃO ESPIRITUALISTA UMBANDA DE JESUS. O culto de umbanda em face da lei. Rio de Janeiro: UEUJ, 1944.

Referências

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