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O ALUMÍNIO COMO FATOR DE RISCO NA DOENÇA DE ALZHEIMER

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Academic year: 2021

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O ALUMÍNIO COMO FATOR DE RISCO NA DOENÇA DE ALZHEIMER

Autor(es): PASCOAL, Tharick Ali; VELHO, Pedro Henrique

Isaacsson;OLIVEIRA, José Menna; DIAS, Daison Nelson Ferreira Apresentador: Pedro Henrique Isaacsson Velho

Orientador: José Menna Revisor 1: Fátima Alves Beira Revisor 2: Pedro Vieira Magalhães Instituição: Ufpel

O ALUMÍNIO COMO FATOR DE RISCO NA DOENÇA DE ALZHEIMER OLIVEIRA, José Menna1; DIAS, Daison Nelson Ferreira2; VELHO, Pedro

Henrique Isaacsson3; PASCOAL, Tharick Ali4 1

Médico Psiquiatra,Departamento de Neurociências FAMED/UFRGS - coordenador geral da

LipsiPel/HE/UFPEL -josemenna@terra.com.br

2 3,4 Acadêmicos da Faculdade de Medicina – FAMED-UFPEL - lipsipel@yahoogrupos.com.br

1. INTRODUÇÃO

A Doença de Alzheimer (DA) é uma doença degenerativa caracterizada por um progressivo declínio da memória, pensamento, compreensão, aprendizado e capacidade de julgamento; sintomas responsáveis por prejudicar ou abolir atividades pessoais da vida diária (OMS – 2001).

Com a elevação mundial da expectativa de vida, resultando em uma maior população de idosos, particularmente nos países mais desenvolvidos, surgiram doenças consideradas da terceira idade, as quais nas últimas décadas vêm sendo investigadas e reconhecidas nos meios médico e científico. Das doenças demenciais da terceira idade, a Doença de Alzheimer (DA) é a patologia mais comum, correspondendo a cerca de 50% de todas as demências, tornando-se o distúrbio geriátrico de ordem psíquica mais freqüente (A.H.C.A. – 2003).

Porém, que fatores ou situações predispõem o indivíduo a ser acometido pela doença de Alzheimer? Essa pergunta tem sido objeto de muitos estudos e pesquisas em todo o mundo, e várias linhas de pesquisa apontam como um dos fatores causais o alumínio ingerido, principalmente na água potável.

Demonstrou-se que o alumínio é um potente agente neurotóxico, tanto em experimentos animais quanto em humanos (Flaten, 1996). Os primeiros estudos demonstrando isso em experimentos com animais foram conduzidos há mais de 100

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anos por Siem e Dollken. Em 1965 foi reportado que a inoculação intracerebral de fosfato de alumínio em coelhos resultava em degeneração neurofibrilar com uma grande semelhança em relação à degeneração da Doença de Alzheimer (DA) (Klatzo e Terry, 1965). Em 1973, a primeira citação de concentrações elevadas de Alumínio em todos os cérebros de pacientes com DA, foi publicada (Crapper, 1973). Ao mesmo tempo, pouco depois da introdução da terapia por diálise virar rotina em pacientes com insuficiência renal, Alfrey e colaboradores descreveram a encefalopatia causada pela diálise, que foi a primeira condição humana aceita como sendo causada pela exposição ao Alumínio e talvez a primeira doença iatrogênica reconhecida na população de pacientes em diálise. Na década de 1980 as primeiras tentativas de relacionar os níveis de alumínio na água potável com a DA foram reportadas em 2 estudos paralelos na Noruega, onde foi encontrado que a mortalidade por demência foi maior em áreas com altas concentrações de alumínio na água potável (Flaten e Vogt,1986). Após, estudos epidemiológicos que confirmaram essa associação foram publicados na Grã-Bretanha e em diversos outros países. Diante do exposto, nosso objetivo é revisar a literatura recente sobre o tema alumínio e DA.

2. MA TERIAL E MÉTODOS

Foi realizada uma revisão bibliográfica através do site Pubmed, onde digitamos as palavras “aluminiun e alzheimer “ , sendo encontrados 41 artigos dos quais 15 foram usados como fonte de pesquisa para o presente estudo , foram selecionados artigos com os mais variados enfoques , que vão desde as fontes de exposição ao alumínio até a sua relevância para com o aparecimento da doença , buscando-se traçar um paralelo entre fatores de exposição e prevalência da doença.

3. RESULTADOS

Das fontes de contaminação por alumínio a água potável é uma das mais importantes. O alumínio está presente naturalmente na água, devido ao contato com o solo, sendo sua concentração dependente do pH da água, que varia de acordo com a região do planeta (Flaten, 2001). O alumínio também é usado no tratamento da água potável, como um quelante, reduzindo o número de partículas, visando melhorar o aspecto da água. Esse processo pode aumentar os níveis de alumínio na água, mas se o processo de tratamento estiver funcionando corretamente a adição de alumínio pode até diminuir a concentração do metal na água (Letterman,R.D. 1988; Miller,R.G., 1984).

Estudo sobre incidência de DA em 88 distritos da Inglaterra e País de Gales, demonstrou que o risco para desenvolvimento de DA era 50% maior nos distritos com concentração de alumínio era maior que 0.11mg/l em relação a distritos onde a concentração era menor que 0.01mg/l (Martyn C.N., 1989).

Outro estudo de caso-controle comparou 2232 pacientes que haviam tido alta hospitalar com diagnóstico de Doença de Alzheimer ou presença de demência, com

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um igual numero de pacientes ajustados para sexo e idade e que haviam recebido alta hospitalar sem nenhum diagnóstico psiquiátrico. Os resultados com respeito ao risco relativo para DA, com o aumento das concentrações de alumínio na água potável foram de 1,0 (<0.01 mg/l, em controles), 1.13 (0.01-0.1 mg/l), 1.26 (0.1-0.2 mg/l), e 1.46 (>0.2 mg/l), demonstrand3.o claramente uma relação dose-resposta entre a ingestão de alumínio e a incidência de DA (Neri e Hewitt,1991).

Também foi especulado que a exposição ao alumínio por outras fontes também se relaciona com maior risco para Doença de Alzheimer. Dois grupos com exposição aumentada ao alumínio foram estudados. Um deles com exposição ocupacional e outro de consumidores freqüentes de medicamentos contendo alumínio como antiácidos (principalmente o Hidróxido de Alumínio) e AAS tamponado.

Consumidores regulares de antiácidos a base de alumínio consomem em média 1g de alumínio por dia, ou seja, mais de 100 vezes a ingesta normal de alumínio da dieta. Vários estudos indicaram associação entre antiácidos a base de alumínio e DA, como o estudo de Forster, um estudo de caso-controle com 109 pacientes com diagnóstico de Doença de Alzheimer, que demonstrou que o uso prolongado de antiácidos estava associado com um odds ratio de 1.6 num intervalo de confiança de 95% (0.8-3.5). Porém outros estudos não conseguiram demonstrar tal associação com clareza. Outro estudo de caso-controle com 40 pacientes com diagnóstico de DA e 80 controles, onde 5 casos e 15 controles faziam uso regular de antiácidos a base de alumínio teve como resultado um odds ratio de 0.59 (não significativo), colocando em dúvida a teoria que associa DA e alumínio (Heyman, A. 1984).

Efeitos neurotóxicos do alumínio vêm sendo relatados em um considerável número de estudos envolvendo trabalhadores expostos ao metal, principalmente pela via inalatória. Um estudo de caso-controle com 198 casos com diagnóstico de DA e 340 controles teve como resultado que 22 pacientes dos casos haviam tido exposição ocupacional ao alumínio em seu trabalho, em algum momento de suas vidas, contra 39 dos controles na mesma situação; não sendo encontrada significativa associação positiva entre exposição ocupacional ao alumínio e DA (Salib,E.; Hillier, V. 1996). Outro estudo de caso-controle conduzido por Graves em 1998, com 89 pacientes, tendo apenas 17 casos e 12 controles tido alguma exposição ocupacional ao alumínio, confirmando o achado de Salib e Hillier, dois anos antes. (Graves, 1998). Entretanto, esses estudos não levaram em conta qual o tipo e o grau de exposição ao alumínio dos trabalhadores, e apenas se haviam sido expostos ou não. Certamente os trabalhadores expostos podem ter vários tipos de ocupação, e o grau de exposição é muito difícil de mensurar.

4. DISCUSSÃO

Os estudos epidemiológicos não são conclusivos a respeito da relação positiva entre exposição ao alumínio e Doença de Alzheimer. Entretanto a maioria dos estudos sobre a ingestão de alumínio na água potável tem mostrado uma relação

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positiva, porém mostrando riscos relativos não muito altos, o que pode dever-se a fatores de confusão ainda não elucidados. Já que existem pelo menos nove estudos mostrando uma correlação positiva, e sendo esses estudos conduzidos em diferentes pontos geográficos do planeta, todos eles usando diferentes métodos e avaliando diferentes aspectos do problema, leva a crer que dificilmente o mesmo fator de confusão atuou em todos os estudos. Outro fator que fala a favor dos estudos que encontraram associação entre alumínio e DA é que não existem outras hipóteses plausíveis que expliquem os resultados obtidos.

A evidência da encefalopatia em pacientes dialisados por longa data indica que a exposição continuada ou altos níveis cerebrais de alumínio isolados não são suficientes para causar DA; ou seja, há outros fatores envolvidos, como fatores genéticos, metabólicos, exposicionais, ainda não elucidados. Isso leva a crer que o alumínio seja um co-fator na etiologia da encefalopatia da DA, e que isolado não seja capaz de causar a doença.

Concluímos que uma associação entre água potável com níveis elevados de alumínio e DA não pode ser desprezada com os conhecimentos que temos atualmente. Entretanto não existem indícios epidemiológicos suficientemente fortes para que seja recomendado limites mínimos de alumínio na água potável.

5. CONCLUSÃO

O papel do alumínio na fisiopatologia da DA ainda não está totalmente elucidado. Em função da crescente incidência deste transtorno mais estudos visando elucidar os mecanismos celulares e moleculares desta doença são necessários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A.H.C.A. (American Health Care Association)

ALFREY, A. C. Aluminum and renal disease. In: Bourke, E.; Mallick,N. P.; Pollak, V. E., eds. Moving points in nephrology (Contrib. Nephrol, vol. 102). Basel: Karger; 1993:110 –124.

ALFREY, A. C.; LeGendre, G. R.; Kaehny, W. D. The dialysis encephalopathy syndrome: Possible aluminum intoxication. N. Engl. J. Med.294:184 –188; 1976. ALFREY, A. C.; Mishell, J. M.; Burks, J.; Contiguglia, S. R.; Rudolph,H.; Lewin, E.; Holmes, J. H. Syndrome of dyspraxia and multifocal seizures associated with chronic hemodialysis. Trans. Am. Soc. Artif. Internal Organs 18:257–261; 1972. CATRIONA D.; McCullagh , David Craig; McIlroy, Stephen P.; Passmore, Peter A. Risk Factors for Dementia. Advances in Psychiatric Treatment vol.7, 24-31, 2001. CECIL, Tratado de Medicina Interna 22ª edição, 2005.

CRAPPER, D. R.; Krishnan, S. S.; Dalton, A. J. Brain aluminum distribution in Alzheimer’s disease and experimental neurofibrillary degeneration. Science 180:511–513; 1973.

DOLL, R. Review: Alzheimer’s disease and environmental aluminium. Age Ageing 22:138 –153; 1993.

FLATEN, T.P. Aluminium as a risk factor in Alzheimer´s disease, with emphasis on drinking water. Brain Research Bulletin 55 187-96, 2001.

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FORSTER, D. P.; Newens, A. J.; Kay, D. W. K.; Edwardson, J. A. Risk factors in clinically diagnosed presenile dementia of the Alzheimer type: A case-control study in northern England. J. Epidemiol. Community Health 49:253–258; 1995. HEYMAN, A.; Wilkinson, W. E.; Stafford, J. A.; Helms, M. J.; Sigmon, A. H.; Weinberg, T. Alzheimer’s disease: A study of epidemiological aspects. Ann. Neurol. 15:335–341; 1984.

LAWRENCE J.; Early-onset Alzheimer´s disease in Scotland: environmental and familial factors. Briti Journal Journal of Psychiatry: 178, 53-59, 2001.

LETTERMAN, R. D.; Driscoll, C. T. Survey of residual aluminum in filtered water. J. Am. Water Works Assoc. 80(4):154 –159; 1988.

MARTYN, C. N.; Osmond, C.; Edwardson, J. A.; Barker, D. J. P.; Harris, E. C.; Lacey, R. F. Geographical relation between Alzheimer’s disease and aluminium in drinking water. Lancet i:59–62; 1989.

MILLER, R. G.; Kopfler, F. C.; Kelty, K. C.; Stober, J. A.; Ulmer, N. S. The occurrence of aluminum in drinking water. J. Am. Water Works Assoc. 76(1):84 – 91; 1984.

OMS (Organização Mundial de Saúde)

SALIB, E.; Hillier, V. A case-control study of Alzheimer’s disease and aluminium occupation. Br. J. Psychiatry 168:244 –249; 1996.

Referências

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