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A INSERÇÃO DAS AÇÕES DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF) NA FORMAÇÃO DOS ACADÊMICOS DE ODONTOLOGIA DA UNIOESTE.

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Academic year: 2021

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A INSERÇÃO DAS AÇÕES DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF) NA FORMAÇÃO DOS ACADÊMICOS DE ODONTOLOGIA DA UNIOESTE.

Rafael Ferreira Scheffer Adriane de Castro Martinez Martins Fábio Luiz Mialhe Mariângela Monteiro de Mello Baltazar Marina Berti Pollyana Zution

RESUMO

A Norma Operacional Básica do Sistema único de Saúde de 1996 (NOB SUS 96) regulamenta que Programa de Saúde da Família (PSF) é uma estratégia prioritária para mudança do modelo assistencial. O PSF preconiza que o indivíduo seja visto de maneira integral e acompanhado continuamente o seu modo de viver e que as ações sejam de promoção à saúde e proteção das doenças e ainda, que a intervenção do setor saúde deverá ser para garantir a qualidade de vida da população de sua área de abrangência. Tendo visto a mudança pela NOB SUS em 1996, o curso de odontologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE incluiu em seu plano de ensino as diretrizes do PSF, para que os futuros profissionais aqui formados estejam atualizados com o Sistema Único de Saúde sabendo trabalhar com a promoção de saúde na família brasileira. As ações incluídas para os acadêmicos foram as mesmas que os profissionais do PSF fazem no seu cotidiano, visitas domiciliares, cadastramento de famílias, mapeamento, conhecimento das necessidades da comunidade e de cada família. Uma região do bairro Cascavel Velho da cidade de Cascavel - Pr foi contemplada, 82 residências foram selecionadas, porém 67 foram cadastradas e em 15 nenhum morador se fazia presente. As informações obtidas foram relativas à:

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identificação de cada membro da família, doenças referidas, caracterização da moradia, tipo de ocupação dos integrantes da família, saneamento, e acesso aos serviços de saúde. A análise dos dados contribuiu para o Planejamento Estratégico dos Projetos de Intervenção.

PALAVRAS-CHAVE: Saúde bucal; PSF; saúde coletiva.

INTRODUÇÃO

O modelo de atenção à saúde historicamente esteve centrado na intervenção aos sinais, sintomas e queixas apresentadas pelos indivíduos que, ao percebê-los, procurava a assistência médica e nesta, o profissional promovia intervenção especifica eliminando ou minimizando o desconforto do usuário. Entretanto, a partir da Constituição de 1988, observa-se uma tendência de mudanças no modelo de atenção, principalmente por conta de dois novos programas, ou seja, o Programa de Agentes Comunitários de Saúde - PACS e Programa de Saúde da Família - PSF, os quais apresentam como principais objetivos, o aperfeiçoamento nas formas de organização e eficiência dos serviços (VIANA & DAL POZ, 1998).

Desta forma, o PSF se constitui em uma estratégia de reforma do sistema público de saúde, tendo em vista que aponta para mudanças importantes na forma de remuneração das ações de saúde (superação da exclusividade do pagamento por procedimentos), nas formas de organização dos serviços e nas práticas assistenciais no plano local e no processo de descentralização (BRASIL, 2001). Além disso, o PSF preconiza que o indivíduo seja visto de maneira integral e acompanhado continuamente em seu modo de viver e que as ações sejam de promoção à saúde e proteção das doenças e ainda, que a intervenção do setor saúde deve trabalhar para garantir a qualidade de vida da população de sua área de abrangência (BRASIL, 2001).

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forma constante, ou seja, não há pólos opostos, mas sim um processo intercorrente do viver do homem sendo que uma das questões fundamentais para o entendimento do processo saúde-doença é o conhecimento do território em suas singularidades (MENDES, 1993). A territorialização é um dos princípios estruturantes do atendimento e da organização do processo de trabalho em saúde da família, pois diz respeito ao conhecimento dos profissionais em relação ao espaço onde trabalham, bem como da dinâmica social e sanitária. A partir da delimitação do Território da área de abrangência da Unidade Básica de Saúde, é possível identificar os principais problemas de saúde que afetam a comunidade, analisar e compreender os principais agravos da população, permitindo elaborar diagnósticos e avaliações permanentes, bem como planejar e desenvolver ações de saúde coerentes com a realidade vivida por essa população (MENDES, 1993).

A situação de saúde de uma população deve ser entendida sob a ótica física, psicológica, sociológica, econômica, cultural e religiosa entre outras, priorizando a interação dos homens entre si e a natureza através de uma relação dinâmica e de saúde. A partir deste entendimento, fica mais fácil a compreensão de que os serviços devem estar organizados segundo enfoque integral, abandonando-se a prática de programas verticais utilizados pela saúde pública, o importante para chegar à uma integração dos programas com base nos problemas detectados, identificando os riscos, as demandas e as necessidades da população, priorizando o enfoque epidemiológico e social (TEIXEIRA & PAIN, 2000).

A Universidade, como instituição de ensino, pesquisa e extensão, apresenta um papel extremamente importante na construção de conhecimentos e formação de recursos humanos visando a melhoria da qualidade dos serviços de saúde. Desta forma, experiências inovadoras que procuram colocar o acadêmico dentro da realidade social que o cerca, instigando seu senso crítico e capacitando-o a trabalhar dentro de novas práticas de atuação se faz necessário. Sabendo dessa necessidade, a disciplina de odontologia em saúde coletiva da Unioeste estruturou uma metodologia de ensino-pesquisa-extensão visando inserir o acadêmico em contato com a comunidade,

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atuando segundo as diretrizes da estratégia do programa de saúde da família. O presente trabalho apresenta a metodologia utilizada pela disciplina e os resultados alcançados até o presente momento.

OBJETIVOS

Apresentar o trabalho de atenção a saúde desenvolvido pelos acadêmicos da disciplina de odontologia em saúde coletiva da Unioeste e os resultados obtidos até o presente momento.

METODOLOGIA

O trabalho teve início em Fevereiro de 2005. Inicialmente, os docentes da disciplina entraram em contato com a Coordenadoria de Saúde e de Saúde bucal do município de Cascavel-PR, expondo os objetivos e metodologia do trabalho a ser realizado. Estes contatos foram importantes, pois permitiu o estabelecimento de parcerias, facilitando o processo de implantação do plano de ação. Após análise dos bairros da cidade, elegeu-se o bairro Cascavel Velho como local de atuação. A escolha por trabalhar-elegeu-se neste bairro se deu devido a vários motivos, entre eles: a proximidade com a Universidade, facilitando o deslocamento dos acadêmicos; o nível socioeconômico dos seus moradores, caracterizando-o como um bairro de risco social; a falta de atendimento odontológico na unidade básica de saúde do bairro. Os docentes da disciplina contataram então os profissionais e funcionários da unidade básica de saúde (UBS) do bairro estabelecendo um vínculo de parceria visando a melhoria das condições bucais dos moradores.

Iniciou-se o trabalho com o processo de apresentação dos acadêmicos a unidade básica de saúde e aos agentes comunitários de saúde. Num primeiro momento, os acadêmicos realizaram o processo de territorialização, a fim de conhecerem melhor a estrutura física e social do bairro. Devido ao tamanho do mesmo, optou-se por

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contemplar, num primeiro momento, uma área específica do bairro. A partir da análise dos cadastros das famílias, disponibilizados pelas agentes comunitárias de saúde que já haviam realizado o cadastramento das mesmas, os acadêmicos priorizaram para a realização de visitas domiciliares, famílias que apresentavam algumas características como risco social e presença de pelo menos um membro da família no momento da visita.Dentro deste perfil, com a ajuda das agentes comunitárias de saúde (ACS), os acadêmicos selecionaram 82 (oitenta e duas) famílias da área de abrangência. A partir daí, grupos de dois ou três acadêmicos, acompanhados por ACS iniciaram as visitas domiciliares da área previamente selecionada.. A coleta de dados ocorreu a partir de observação da comunidade, em que se puderam mapear os domicílios que fizeram parte deste estudo. A coleta de informações foi realizada durante as visitas domiciliares, por meio de exames clínicos nos integrantes das famílias e aplicação de questionário construído especificamente para este fim. As informações obtidas foram relativas à: identificação de cada membro da família, doenças referidas, caracterização da moradia, tipo de ocupação dos integrantes da família, saneamento, e acesso aos serviços de saúde. Os aspectos éticos foram contemplados, segundo a resolução 196/96, após esclarecimento sobre o objetivo do estudo. O contato com as famílias, por meio das visitas domiciliares permitiu o estabelecimento de vínculo com a comunidade, credibilidade e valorização da estratégia da saúde da família, para os acadêmicos. Os docentes da disciplina acompanharam de perto todo o trabalho de visitas, reunindo e discutindo com os acadêmicos, ao final de cada período, os achados e dificuldades encontradas.

RESULTADOS

Das 82 residências selecionadas foram cadastradas 82% (n=67), sendo que em 18% (n=15) das residências, nenhum morador se fazia presente. O total de indivíduos registrados foi de 210, sendo 63,33% (n=133) constituído de mulheres e 36,67% (n=77) de homens. A tabela 1 apresenta o numero de indivíduos e suas respectivas porcentagens em relação a faixa etária.

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Tabela 1: Percentual de indivíduos por faixa etária cadastrados durante as visitas domiciliares (n=210).

Idade Nº de indivíduos Porcentagem

0 -10 anos 55 26,19%

11 - 17 anos 40 19,04%

18 - 59 anos 94 44,76%

Acima de 60 anos 21 10%

Sabendo que a maioria dos indivíduos cadastrados eram do gênero feminino, a tabela 2 apresenta o percentual de mulheres examinadas e cadastradas por faixa etária.

Tabela 2: Percentual de indivíduos do gênero feminino cadastrados por faixa etária durante as visitas domiciliares (n=133).

Idade Nº de indivíduos Porcentagem

0 -10 anos 34 25,56%

11 - 17 anos 17 12,78%

18 - 59 anos 68 51,12%

Acima de 60 anos 14 10,52%

A tabela 3 apresenta a mesma percentagem, para os indivíduos do sexo masculino examinados e cadastrados.

Tabela 3: Percentual de indivíduos do gênero masculino cadastrados por faixa etária durante as visitas domiciliares (n=77).

Idade Nº de indivíduos Porcentagem

0 -10 anos 21 27,27%

11 - 17 anos 23 29,87%

18 - 59 anos 26 33,76%

Acima de 60 anos 7 9,09%

Nem todas as pessoas foram examinadas, algumas não autorizaram o exame intra-bucal, outros não estavam presentes. Dos 210 moradores, 84,76% (n=178) foram examinados, e apenas 15,23% (n=32) não foram submetidos ao exame. Dentro deste grupo de 178 pessoas vistas definiu-se a necessidade de tratamento. Dentes cariados, lesões de tecido mole, próteses, problemas periodontais e até mesmo aplicação tópica de flúor foram classificados como necessidade de tratamento. A tabela 4 abaixo mostra

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o alto índice de problemas bucais.

Tabela 4: Índice de problemas bucais encontrados

Necessidade de tratamento Nº de indivíduos Porcentagem

Sim 150 71,42%

Não 28 13,33%

Ausente no domicilio 23 10,95%

Não autorizou exame 9 4,28%

Analisando estes dados juntamente com os de condições da moradia os acadêmicos foram dando prioridade aos indivíduos com maior urgência de tratamento. As crianças com alto índice de cárie, baixa condição de higiene e má nutrição, e pessoas com lesões cancerizáveis em tecidos moles tinham prioridade no tratamento. Na seqüência das prioridades os pacientes foram encaminhados para os acadêmicos do 5º ano de odontologia desta universidade para ser realizado os procedimentos.Até o presente momento, 82 (oitenta e duas) pessoas já foram atendidas pelos acadêmicos, dentro dos princípios da integralidade, ou seja,

ações de saúde combinadas e voltadas ao mesmo

tempo para prevenção e a cura.de indivíduos vistos como seres humanos submetidos às

mais diferentes situações de vida e trabalho, que os leva a adoecer e não como um

amontoado de partes e soltos no mundo.

CONCLUSÃO

Saúde é direito de todo cidadão e cabe ao Poder Público a garantia de um atendimento de qualidade. Um grande número de doenças que acometem os indivíduos é evitável por ações preventivas já conhecidas e comprovadamente eficazes. É, portanto, fundamental que todos os cidadão tenham acesso à prevenção dessas doenças, por meio de ações básicas de saúde. A percepção dos formadores mostra espaço para mudanças institucionais visando à adequação do currículo em direção às propostas da Lei de Diretrizes e Bases. Este processo está em andamento e, em uma espécie de agenda em 2 tempos, em que as transformações mostram resultados incipientes,

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pode-se antever na fala dos estudantes uma concepção um pouco mais ampliada de saúde coletiva. É fato que aspectos religiosos e culturais propiciam um campo para vieses na leitura do “coletivo”. Como também é perceptível que as políticas de saúde, a inserção de saúde bucal no PSF e as questões do mercado de trabalho instigam um novo olhar sobre a prática odontológica. A construção de um novo modelo assistencial em saúde, no sentido dos valores propostos pelo SUS e que aparecem, em parte, no PSF, é um desafio. É essencial um modelo de organização dos serviços de saúde alicerçado em condições sócio-politicas, materiais e humanas, que viabilize um trabalho de qualidade para quem o exerce e para quem recebe a assistência. A não realização de um trabalho focado nesses dois olhares, no PSF, corre o risco de fazer ruir a motivação e os créditos dados pelos futuros profissionais da saúde e pela sociedade à referida proposta. É fundamental que as contradições e dificuldades que permeiam a proposta não a levem a destruir-se, e, sim, a modificar-se no sentido de melhor qualificação. Este estudo abordou alguns aspectos da implantação do PSF no curso de odontologia desta universidade, por meio de seus resultados pôde-se observar que os principais problemas e dificuldades que vêm sendo vivenciados pelos discentes e docentes, não são exclusivos da odontologia, mas também das outras áreas da saúde.

Os acadêmico concluíram também que, a orientação dispensada no consultório nem sempre alcança os pacientes e familiares de forma efetiva e a abordagem domiciliar proporciona excelente oportunidade de enriquecimento da informação e monitoração da qualidade do tratamento. Puderam-se identificar claramente as dificuldades de cada paciente e trabalhar de forma individualizada à ansiedade e o medo dos familiares, comum especialmente no caso de crianças em tratamento. A abordagem domiciliar fortalece os pilares da humanização no tratamento, estabelecendo um vínculo consistente entre o binômio paciente/família e o centro de assistência, condição fundamental para a excelência no padrão de tratamento e a garantia de boa qualidade de vida ao paciente.

De uma forma geral algumas lacunas importantes necessitam ser (re)construídas no espaço dos pólos de capacitação, onde os serviços de saúde e a universidade podem encontrar-se e dialogar em um ponto de intersecção. Não se pretende com este estudo

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esgotar o assunto, mas sim apontar caminhos que possam contribuir para a consolidação da saúde bucal no PSF e na universidade, principalmente através do estímulo para que novos trabalhos sejam feitos sobre este tema.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

PEREIRA, A.C. Odontologia em Saúde Coletiva; Editora Artmed - 1ª edição; 2003; Porte Alegre - RS.

PINTO, V.G. Saúde Bucal Coletiva; Santos Livraria Editora - 4ª edição; 2000; São Paulo - SP.

KRIGER, L. ABOPREV: Promoção de Saúde bucal; Editora Artes Médicas - 2ª edição; 1999; São Paulo - SP.

MOYSÉS, S.J.

BRASIL. Ministério da Saúde. Programa de Saúde da Família. Brasília: Secretaria Executiva, 2001. 112p.

VIANA, A.L.D.; DAL POZ, M.R. A reforma do sistema de saúde no Brasil e o Programa de Saúde da Família. Physis, v.1, n.8, p. 11-48, 1998.

MENDES, E.V. Distrito sanitário - o processo social de mudanças das práticas sanitárias do SUS. São Paulo: Hucitec, 1993. 315p.

TEIXEIRA, C.; PAIN, J. Planejamento e programação de ações intersetoriais para a promoção de saúde e qualidade de vida. Rev de Administração Pública, v.34, n.2, p.63-80, 2000.

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