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Ambientais, UENF.

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A QUESTÃO DA PERCEPÇÃO AMBIENTAL NO ENTORNO DO

PARQUE ESTADUAL DO DESENGANO: DESENVOLVIMENTO DE

ESTRATÉGIA PARA POLÍTICAS AMBIENTAIS NA REGIÃO –

RESULTADOS PRELIMINARES

Rackel Martins Alves da Costa1; Karla Aguiar Kury2; Monique Soares Vilaça3; Carlos Eduardo de Rezende4.

1 Graduada em Ciências Ambientais e Bolsista de Universidade Aberta, Centro de Biociências Biotecnologia (CBB), Laboratório de Ciências Ambientais (LCA), Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). E-mail: martinsrac@gmail.com

2 Estudante de Mestrado do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental do CEFET-Campos e Bolsista de Universidade Aberta, CBB, LCA, UENF. E-mail:

karlakury@gmail.com

3 Estudante do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Norte Fluminense e Bolsista de Extensão CBB, LCA. E-mail: moniquevilaca@yahoo.com.br 4Professor do Centro de Centro de Biociências Biotecnologia, Laboratório de Ciências

Ambientais, UENF. E-mail: crezende@uenf.br RESUMO

A qualidade ambiental do entorno do Parque Estadual do Desengano/RJ tem sido avaliada por meio de análises laboratoriais visando a elaboração de um diagnóstico sobre a atual qualidade da água dos rios Do Norte e Opinião, que nascem no Parque e deságuam no rio Imbé. A produção desses dados é de suma importância, visto a inexistência de estudos anteriores que possam fornecer um panorama prévio de trabalho que tem por finalidade avaliar a percepção da população local sobre a qualidade do meio ambiente. Entretanto, tal situação aumenta as dificuldades e limita o adiantamento de outras fases do projeto. A partir da obtenção dos primeiros resultados das análises observamos que os padrões físico-químicos estão dentro da faixa de aceitabilidade enquanto os níveis de coliformes mesmo sendo baixos, são inadequados para o abastecimento humano conforme o exposto na Resolução CONAMA 357/2005. A margem desses resultados, e de uma base de educação ambiental, a comunidade local continua despejando esgotos e consumindo água diretamente desses rios.

PALAVRAS-CHAVE: Parâmetros físico-químicos; Coliformes fecais; Diagnóstico Ambiental; Rio do Norte; Rio Opinião.

INTRODUÇÃO

No Brasil e em outros países, o impacto de grandes alterações ambientais tem recebido atualmente muita atenção científica e política. Entretanto, dois aspectos que são freqüentemente desconsiderados no diálogo político são (i) os impactos dessas grandes

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alterações sobre comunidades locais e a (ii) a importância do comportamento dessa população nas mudanças ambientais locais. Sem essas informações é difícil para tais comunidades exercerem alguma influência sobre as políticas públicas que possam de forma mais eficiente serem implementadas em suas próprias regiões visando à preservação do ambiente e a melhoria da qualidade de vida.

O Parque Estadual do Desengano é uma das mais importantes Unidades de Conservação no Estado do Rio de Janeiro, pois representa o último segmento contínuo de vegetação remanescente de Mata Atlântica no Norte Fluminense, o Parque é o berço de diversas nascentes que alimentam os rios da Região, tais com o rio Mocotó, Opinião, Bela Joana, Preto e Do Norte. Dentre estes, os rios Do Norte, Mocotó e Opinião são alguns dos principais afluentes da Bacia do rio Imbé, o principal rio dessa região. Ao longo do percurso esses rios cruzam áreas de pastoreio e agricultura, além de algumas regiões mais urbanizadas (REZENDE et al, 2006). Desta forma, o lançamento de efluentes agrícolas e ainda a presença de esgoto doméstico estão comprometendo a saúde do ambiente e, conseqüentemente, da população que utiliza essa água para sua subsistência.

Os objetivos da pesquisa que está se desenvolvendo são: 1) diagnosticar a qualidade da água dos Rios Mocotó, Do Norte e Opinião; 2) Avaliar o conhecimento da população local sobre o estado ecológico desses Rios; 3) Elaborar uma cartilha, informando sobre a qualidade dos rios Do Norte, Mocotó e Opinião e sugerindo ações para melhoria da qualidade da água desses rios e conseqüentemente da qualidade de vida da população local. Como o presente estudo apresenta apenas os resultados preliminares, objetivar-se-á, então, o diagnóstico parcial da qualidade da água dos rios Do Norte e Opinião.

METODOLOGIA

A área em estudo se encontra localizada no Parque Estadual do Desengano, que abrange aproximadamente 22.400 ha entre os municípios de Santa Maria Madalena, São Fidélis e Campos dos Goytacazes, na região norte fluminense, especificamente entre as coordenadas 21o 45’ – 22o 00’ S e 41o 41’ – 42o 00’ W e no seu entorno, considerada

legalmente como área de amortecimento.

Os Rios Opinião e do Norte nascem na Serra do Desengano, no interior do Parque, e deságuam no rio Imbé, localizado no entorno da Unidade de Conservação. As regiões fitoecológicas predominantes nesses locais são as de floresta ombrófila densa, formações montana e submontana (REZENDE et.al., 2006).

Foram selecionados 10 pontos de amostragem ao longo dos rios do Norte e Opinião. Em cada ponto forma coletados aproximadamente 2 L de água, transferidas para frascos de vidro previamente esterilizados e polietileno, preservadas em isopor com gelo para transporte até o Laboratório de Ciências Ambientais do Centro de Biociências e Biotecnologia.

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No laboratório, determinaram-se os parâmetros físico-químicos: condutividade elétrica e pH com equipamentos digitais portáteis WTW, e alcalinidade total por titulação potenciométrica com ácido clorídrico 0,1 N padronizado em titulador automático mettler DL 21.

Para análise de coliformes fecais o método dos tubos múltiplos será realizado em duas etapas: na primeira, a amostra (10 ml) é inoculada em caldo lauril sulfato de sódio (10 ml), o qual inibe a microbiota acompanhante e, ao mesmo tempo é um meio de enriquecimento para bactérias do grupo dos coliformes. Bactérias deste grupo causam turvação no meio com formação de gás, detectado em tubos de Duhran, após 48 horas de incubação a 35 + 2ºC. A segunda etapa é realizada através da inoculação de alçadas dos caldos lauril positivos em caldos seletivos para Escherichia coli (EC) e Caldo verde brilhante e bile a 2%. Após incubação a 44,5ºC, durante 48 horas, ocorre turvação do caldo EC com formação de gás, quando positivos para coliformes fecais e do Caldo verde brilhante e bile a 2%, quando positivo para coliformes totais (ROMPRÉ et al., 2002).

A quantificação de coliformes e coliformes fecais na técnica empregada foi realizada por meio de um método simplificado de aproximação, denominado "Número Mais Provável" (NMP), também conhecido como "tubos múltiplos", sendo o resultado expresso em NMP por 100 mL. A leitura da técnica do NMP consiste em anotar os tubos turvos e com formação de gás, nos casos dos caldos lauril sulfato de sódio e caldo EC, e anotar a quantidade de tubos verde-azulados fluorescentes, no caso do caldo MUG. A partir destas anotações, os valores são comparados com a tabela do NMP correspondente à técnica utilizada (APHA, 1999). RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 1 estão listados as médias aritméticas, medianas, desvios padrão e coeficientes de variação médios, os valores mínimos, máximos para as variáveis estudadas. Segundo a Resolução CONAMA 357/2005 “o enquadramento dos corpos d’água deve estar baseado não necessariamente no seu estado atual, mas nos níveis de qualidade que deveriam possuir para atender as necessidades da comunidade”, dessa forma devemos enquadrar os dois rios estudados na classe especial, visto que a população faz uso direto de suas águas.

Os valores de pH não apresentam variações consideráveis, estando entre 6,0 e 6,9 no rio do Norte e 6,3 e 7,5 no rio Opinião, sendo que o primeiro rio apresentou menor amplitude de variação. Ambos cumprem os valores recomendados para a classe especial, na faixa de 6,0–9,0. Visto que valores fora dessa faixa podem alterar a qualidade da água.

A condutividade elétrica apresentou valores entre 19,7 e 40,5 µS.cm-1 e 15,2 e 40,0

µS.cm-1, respectivamente nos Rios do Norte e Opinião (Tabela 1). Em ambos os Rios,

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Os valores foram inferiores a 41,0 µS cm-1, o que é típico de cursos d’água que drenam áreas

de litologia constituída por rochas resistentes ao intemperismo, como granitos e gnaisses (ARCOVA et. al., 1998; REZENDE et. al., 2006).

De acordo com o estudo de caso sobre o Ribeirão Claro, Rio Claro/SP realizado por Henry-Silva & Camargo (2000), quanto maior o índice de lançamento de efluente maior o valor referente à alcalinidade. Nesse sentido, constata-se que apesar da existência de residências que usam os rios do Norte e Opinião como receptores de todos os seus rejeitos, o índice ainda é pequeno, posto que os valores observados se encontram entre 0,068 – 0,156

mEq.L-1, para o primeiro rio e 0,110 e 0,146 mEq.L-1, para o segundo (Tabela 1). Tais valores

têm como correspondente mais próximo (0,3 mEq.L-1) o ponto de amostragem Ribeirão

Claro-1, que se localiza a montante do inicio dos lançamentos de efluentes (HENRY-SILVA & CAMARGO, 2000).

As médias de todos os três parâmetros acima são compatíveis com os valores obtidos nos rios Do Norte, Mocotó e Opinião, por Rezende et.al. (2006).

Os valores de coliformes para os Rios do Norte e Opinião variaram entre 12,0 e 23,0 NMP/100mL, sendo que a média de coliformes fecais foi superior no primeiro rio. Geralmente usam-se padrões de balneabilidade em rios, que de classe especial deve manter as condições naturais do corpo de água. Porém, como os moradores ribeirinhos dos rios do Norte e Opinião fazem uso direto de suas águas para seu próprio consumo, deve-se

Rio do Norte Rio Opinião

Condutividade

(µS.cm-1) pH Alcalinidade (mEq.L-1) Condutividade (µS.cm-1) pH Alcalinidade (mEq.L-1)

Média 27,9 6,7 0,110 26,2 6,7 0,121 Mediana 25,7 6,8 0,112 26,1 6,6 0,119 Desvio Padrão 6,8 0,3 0,024 8,9 0,4 0,010 Mínimo 19,7 6,0 0,068 15,2 6,3 0,110 Máximo 40,5 6,9 0,156 40,0 7,5 0,146 Índice de NMP/100mL Pontos Rio do Norte Rio Opinião 1 16,1 12,0 2 12,0 12,0 3 12,0 23,0 4 12,0 12,0 5 16,1 12,0 6 23,0 23,0 7 23,0 16,1 8 23,0 23,0 9 23,0 23,0 10 23,0 16,1 Média 18,3 17,2

Tabela 1. Parâmetros físico-químicos dos rios do Norte e Opinião (média, mediana, desvio padrão, mínimo, máximo e intervalo).

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obedecer aos padrões de potabilidade da Portaria Nº 518/2004 do Ministério da Saúde, que determina valores de coliformes fecais iguais à zero.

CONCLUSÃO

Apesar da população local despejar todo o seu esgoto nos rios estudados, de forma geral, os parâmetros físico-químicos apresentaram-se dentro dos níveis permitidos na legislação para águas de classe especial. Os níveis de coliformes fecais encontrados demonstram pouca contaminação, entretanto, a comunidade utiliza a água de forma direta e sem nenhum tipo de desinfecção, exigida na Resolução CONAMA 357/05 para essa classe de água. Com isso a presença desses coliformes está em desacordo com o previsto na Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde para esse tipo de uso.

Devido à ausência de dados da região, esses resultados são de fundamental importância para estudos futuros e principalmente para viabilizar a próxima parte da pesquisa, que pretende modificar a percepção ambiental da população ribeirinha sobre os efeitos e conseqüências de suas atitudes cotidianas.

REFERÊNCIAS

AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard methods for the examination of

water and wastewater. 20. ed. Washington: American Public Health Association; AWWA;

WPCF, 1999. 1569 p.

ARCOVA, F.C.S.; CÉSAR, S.S.; CICCO, V. Qualidade da água em microbacias recobertas

por florestas de mata atlântica, Cunha, SP. Revista Instituto Floresta de São Paulo,

1998, v. 10, n.2, p.185-196.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria Nº 518 de 25 de março de 2004. Dispõe sobre

os padrões de potabilidade e aceitação da água para consumo humano.

CONAMA. Resolução 357 de 17 de março de 2005. Estabelece a classificação das águas

doces, salobras e salinas do Brasil. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 2005.

HENRY-SILVA, G. G.; CAMARGO, A. F. M.. Impacto do lançamento de efluentes urbanos

sobre alguns ecossistemas aquáticos do município de Rio Claro-SP. Ciências Biológicas

e do Ambiente, São Paulo, v. 2, n. 3, p. 317-330, 2000.

REZENDE C.E.; Di Beneditto, A.P.M. (orgs.). Diagnóstico Ambiental da Área de Proteção

Ambiental Lagoa de Cima. 2006. Rio de Janeiro: Universidade Estadual do Norte

Fluminense Darcy Ribeiro: Centro de Biociências e Biotecnologia: Laboratório de Ciências Ambientais, 144p.

ROMPRÉ, A.; SERVAIS, P.; BAUDART, J.; DE-ROUBIN, M. R.; LAURENT, P. Detection and

enumeration of coliforms in drinking water: current methods and emerging. Journal of

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