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FORÇA(DARUÊ) COMPANHEIROS (MALUNGO)

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Academic year: 2021

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TÍTULO: PROJETO VIVA TEATRO!

AUTORES: Kalyna de Paula Aguiar (kaguiar@uol.com.br); Tatiana Novaes Vetillo (tvetillo@hotmail.com) e Valdemilton A.França (valdemiltonfrança@bol.com.br)

INSTITUIÇÃO: Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ÁREA TEMÁTICA: Educação

O Tema deste trabalho faz parte dos resultados de uma experiência extensionista na Área de Educação intitulada Projeto Viva Teatro! que tem o apoio da PROEXT - Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Pernambuco e do Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo (PE). Neste texto serão enfatizados os objetivos do trabalho assim como seu delineamento metodológico e os primeiros resultados esboçados a partir dos depoimentos e das práticas dos envolvidos.

FORÇA(DARUÊ) COMPANHEIROS (MALUNGO)

Este é o significado da organização não-governamental que abriga o Projeto junto a 250 crianças e adolescentes entre 03 e 18 anos em sua maioria negros – cerca de 80%, pobres, com altos índices de analfabetismo e violência. O Centro de Educação e Cultura DARUÊ MALUNGO está localizado na Comunidade de Chão de Estrelas – Região ribeirinha que faz divisa entre Recife e Olinda. Este Centro, criado em 1988, surgiu da vontade e do sonho de um dos integrantes da comunidade, o Mestre de Capoeira, educador e dançarino Gilson Santana, mais conhecido como “Meia Noite” , que nos intervalos de sua participação no Corpo de Balé Popular do Recife, dava oficina de capoeira e dança popular ás crianças e jovens excluídos da Comunidade. Crianças essas, que sem perspectivas, oportunidades e direitos viam-se obrigadas a conviver num cotidiano cruel e sem saídas. Vivendo as mesmas dificuldades de sua comunidade, o Mestre Meia Noite afastou-se do Balé Popular do Recife para se dedicar inteiramente à Comunidade de Chão de Estrelas em um trabalho de educação através da arte, visando não só o resgate da cidadania como também, o das raízes culturais dessas crianças e jovens marginalizados.

Atualmente o DARUÊ sobrevive de algumas apresentações do Grupo de Dança que formou ao longo de sua existência, além da venda de produtos (camisetas, adereços e

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instrumentos musicais), confeccionados pelos próprios integrantes, resultantes das oficinas de serralharia e marcenaria, bordado, percussão, artes plásticas, costura, além da escolinha de alfabetização para as crianças e do reforço escolar para os adolescentes. As crianças são alfabetizadas a partir dos mitos da cultura negra, desenvolvendo atividades culturais e artísticas durante a sua permanência no Centro.

As atividades artísticas propostas pelos educadores - todos voluntários, fazem partem de um processo dignificante e de estímulo sadio à criatividade, imaginação, informação, capacidade crítica, participação e, sobretudo, ampliação dos direitos de cidadania.

SÓ FALTAVA O TEATRO

A Dança, a Música, as Artes Plásticas já estavam presentes, só faltava o teatro, através de um projeto identificado com a essência e história de vida desta comunidade que apesar de inúmeras adversidades têm demonstrado, ser possível o encontro com caminhos de conquistas e de solidariedade. O Projeto Viva Teatro! está pautado nos princípios da Pedagogia do Oprimido ou Poética do Oprimido do teatrólogo Augusto Boal (1931- ) que tem como metas: a produção de pensamentos e de sentimentos que desempenhem um papel na modificação do contexto social, contribuindo para a educação, proporcionando o impedimento das desigualdades sociais; a descoberta de meios, mesmo que no nível da representação teatral, levem às soluções para os problemas vitais da comunidade, e; a formação e capacitação profissional dos alunos envolvidos.

Procurando traduzir uma metodologia afinada com esses princípios, construímos ações tendo como bases: a democratização do acesso ao palco; a alfabetização em todas as linguagens artísticas e a formação do espectATOR = agente ativo nos níveis individuais e sociais, visando o estímulo à cidadania através do teatro – proposta fundamental deste projeto.

A parte prática deste trabalho ao longo desses últimos seis meses vem sendo distribuídas nas seguintes etapas: pesquisa; seminários sobre a linguagem teatral de Augusto Boal e a realização de oficinas teatrais com os integrantes do Daruê, pautadas nas fases: 1) Conhecimento do Corpo – como maior fonte de expressão, através do

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desenvolvimento de exercícios que incentivem a criatividade através e da re-descoberta dos gestos e movimentos; 3) Desmistificação do Gesto Cotidiano; 4) Teatro como Linguagem – ESPECTatores conscientes de sua capacidade de expressão; 5) Levantamento, discussão e busca de soluções para os problemas cotidianos que se desejem teatralizar a partir dos aspectos: opressão, máscaras e rituais sociais, espaço estético x espaço físico, relações interpessoais e culturais; 6) Teatro Imagem - Construção de cenas sínteses visando à apresentação das soluções coletivizadas. As oficinas teatrais configuram-se o núcleo do projeto, pois através delas são transmitidas aos participantes às noções de cidadania, resgate cultural e consciência social.

Até Dezembro de 2002 estão previstas as realizações de seis seminários e de seis oficinas abordando temas construídos a partir do próprio processo com os adolescentes. Das seis oficinas previstas no projeto, três já foram realizadas, nos permitindo a constatação de alguns temas: gravidez precoce, violências urbana e doméstica, sexualidade, prevenção a DST e AIDS, drogas, eleições, racismo entre outros.

AS PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Apesar do projeto está em andamento, é possível apontarmos alguns resultados e impressões. A aquisição de novos conhecimentos e experiências na área social, assim como o aprofundamento teórico-prático do processo educacional têm oportunizado aos alunos envolvidos, uma capacitação a nível profissional além dos muros da universidade. As dificuldades teóricas e práticas foram trabalhadas ao longo de todo percurso, tendo sido superadas com o esforço e a dedicação dos alunos. As falas a seguir comprovam a premissa:

“A resposta das crianças, o respeito e a receptividade são indicativos de um trabalho coerente em desenvolvimento rumo aos objetivos, dando segurança e reconhecimento profissional para enfrentar qualquer nível da instituição de ensino.” (Aluno responsável por uma das oficinas teatrais).

“O projeto tem sido inquietante e desafiador. A cada dia um novo desafio se estabelece nos exigindo prudência nos procedimentos a serem tomados.” (Fala de outro aluno responsável por uma das oficinas).

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Outro aspecto a ser ressaltado diz respeito a visível aceitação do projeto na comunidade como um todo. Em recente avaliação do mesmo com os Educadores do Daruê, todos foram unânimes em afirmar as mudanças de comportamento dos adolescentes comprometidos com o a atividade de teatro.

“ Eles estão menos agitados e houve melhora no vocabulário” (Educadora/voluntária do Daruê )

Em se tratando dos adolescentes, não é diferente, os nossos relatórios parciais e as avaliações mensais, ratificam as nossas impressões. Desde o início, a confirmação de grande aceitação do projeto entre os integrante, que a cada encontro embuídos de entusiasmo e olhares desejosos anseiam em participar.

“ Teatro é uma das formas da pessoa aprender novas culturas”. (Lipe -11 anos)

Assim, ao avaliarmos o impacto social deste projeto podemos observar que o mesmo está sendo positivo em vários aspectos: para o aluno porque lhe possibilita aprender, desenvolver e demonstrar suas potencialidades para uma futura carreira profissional; para os adolescentes – participantes diretos, porque lhes possibilitam a construção de um futuro mais promissor, e por fim, para a Universidade – instituição promotora, porque vem reiterar o seu compromisso com a comunidade acadêmica e a sociedade em geral.

Por hora, duas constatações nos cercam: a de que ainda há muito por fazer, e a de que estamos no caminho certo, pois os fatos só vieram confirmar aquilo que já sabíamos: o direito legítimo de poder se expressar, de ser, de compreender melhor a história, de atuar com mais discernimento no presente e o de proporcionar (um pouco) a esses jovens o passaporte para que eles possam re-inventar o futuro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Políticas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975.

______________. Arco-Íris do Desejo – Método de Teatro e Terapia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996.

______________. 200 Exercícios e Jogos para o Ator e Não-Ator com Vontade de Dizer Algo através do Teatro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1985.

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_____________. Jogos para Atores e Não-Atores. São Pulo: Record, 1998. _____________. Teatro Legislativo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996.

Referências

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