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Afirmação. Dados os pontos A e B, o ponto médio dos dois é

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Academic year: 2021

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1 Teoria e lista de exerc´ıcios introdut´orios

Veremos problemas b´asicos de Geometria anal´ıtica que tenham rela¸c˜ao com os conceitos b´asicos de GA. Como come¸camos por coordenadas de pontos na reta, no plano e no espa¸co tridimensional, veremos primeiro estes problemas.

Devemos nos lembrar das f´ormulas b´asicas e dos crit´erios b´asicos. Afirma¸c˜ao. Dados os pontos A e B, o ponto m´edio dos dois ´e

M = A + B

2 .

A afirma¸c˜ao acima vale na reta, no plano e no espa¸co tridimensional. Se temos em r coordenadas de pontos e A tem coordenada −1 e B coordenada 3, ent˜ao o ponto m´edio tem coordenada −1+32 = 1.

Se temos no plano A(1, 3) e B(7, 3), ent˜ao o ponto m´edio tem coorde-nadas (1+72 ,3+32 ) = (4, 3).

Se temos no espa¸co A(−1, 3, 7) e B(5, 1, 3), ent˜ao o ponto m´edio deles tem coordenadas (−1+52 ,3+12 ,7+32 ) = (2, 2, 5).

Afirma¸c˜ao. A distˆancia entre dois pontos ´e a raiz quadrada da soma dos quadrados das diferen¸cas de suas coordenadas.

Alguns exemplos: a distˆancia entre os pontos A e B de coordenadas −2 e 3 na reta r ´e |3 − (−2)| = 5. Observe que ´e igua a

p

(3 − (−2))2 =25 = 5.

Mais exemplos: A(1, 2), B(4, 6), d(A, B) = p(4 − 1)2 + (6 − 2)2 =

(2)

Outro: A(1, 2, 3), B(3, 4, 4), d(A, B) = p(3 − 1)2 + (4 − 2)2 + (4 − 3)2 =

4 + 4 + 1 = 3.

Problema 1. Encontre a f´ormula do sim´etrico de B em rela¸c˜ao a A. Resposta: 2A − B.

2 Pontos em um segmento

Agora, vejamos qual ´e a regra para que um ponto C esteja no segmento AB.

C = (1 − t)A + tB, t ∈ [0, 1]. Al´em disso,

d(A, C) = td(A, B). d(B, C) = (1 − t)d(A, B).

Portanto, o coeficiente de B mostra a propor¸c˜ao entre AC e AB, e o coeficiente de A mostra a propor¸c˜ao entre BC e AB.

(3)

3 Pontos em uma reta

E pontos numa reta em geral, quer dizer, C ∈ rAB?

Se C est´a em rAB, `a direita de B, ent˜ao B = (1 − t)A + tC, t ∈ (0, 1).

Logo,

tC = B − (1 − t)A ⇒ C = (1 − 1

t)A + ( 1 t)B.

Observe que se t ∈ (0, 1) ent˜ao 1t > 1 e 1 − 1t < 0. Logo, C tamb´em ´e combina¸c˜ao linear de A e B, mas com um coeficiente maior que 1, o de B, e um negativo, o de A.

Um exemplo ´e o sim´etrico S de A em rela¸c˜ao a B: S = 2B − A. O coeficiente do B nessa combina¸c˜ao ´e a propor¸c˜ao entre d(A, S) e d(A, B), AS ´e o dobro de AB. E o −1 em m´odulo ´e a propor¸c˜ao de BS e AB, que tˆem o mesmo comprimento.

(4)

Analogamente, se o ponto C est´a `a esquerda de A, isto ´e, fora de AB, mas mais pr´oximo de A, temos

C = (1 − α)A + αB,

Exemplo 1. Os pontos do segmento AB s˜ao escrito da forma (1−t)A+tB, com t entre zero e um. Vamos observar que os pontos de fora do segmento s˜ao dessa forma tamb´em, mas agora por meio de exemplos. Se C est´a fora de AB, `a direita de B, ent˜ao B pertence a AC. Suponha B = 23A + 13C. Ent˜ao

B = 2

3A + 1

3C ⇒ 3B = 2A + C ⇒ C = 3B − 2A.

Do mesmo modo, suponha D na reta rAB `a esquerda de A, e, portanto, A

no interior de DB, com A = 34D + 14B. Assim, A = 3 4D + 1 4B ⇒ 4A = 3D + B ⇒ D = 4 3A − 1 3B.

Problema 2. Na figura acima temos os pontos dispostos de tal maneira que DA = AB = BC = CF = F E. Encontre express˜oes para:

1. D em fun¸c˜ao de A e B; 2. D em fun¸c˜ao de A e C; 3. E em fun¸c˜ao de A e B; 4. F em fun¸c˜ao de A e B;

(5)

5. A em fun¸c˜ao de E e F ; 6. C em fun¸c˜ao de D e E.

Resposta: vou fazer a segunda para ilustrar: C − A = 2(A − D); logo,

C − A = 2A − 2D ⇒ 2D = 3A − C ⇒ D = 3

2A − 1 2C.

Observe que a ordem deve ser respeitada e que DA = AB = BC = CF = F E implica A − D = B − A = C − B = F − C = E − F. 1. D = 2A − B; 2. D = 32A − 12C; 3. E = 4B − 3A; 4. F = 3B − 2A; 5. A = 4F − 3E; 6. C = 25D + 35E.

Problema 3. Seja C na reta rAB tal que a raz˜ao entre AC e AB ´e 5 e

BC e AB ´e 4. Expresse o ponto C como combina¸c˜ao linear de A e B. Ele est´a mais pr´oximo de A ou de B?

Resposta: C = 5B − 4A.

4 Segmentos paralelos e compara¸c˜ao de sentidos

Vamos primeiro comparar segmentos que est˜ao em retas distintas. Lem-bremos que dois segmentos paralelos est˜ao contidos no mesmo plano, ent˜ao podemos resolver o problema no plano que os cont´em.

(6)

H´a trˆes situa¸c˜oes poss´ıveis para segmentos paralelos.

A primeira, AB e CD tˆem a mesma dire¸c˜ao e o mesmo sentido e com-primentos diferentes. Assim, AB e CD formam um trap´ezio cujos lados s˜ao AC, o segmento que une os extremos iniciais, e BD, o segmento que une os extremos finais. Como eles tˆem comprimentos diferentes, existe E fora do trap´ezio onde se cruzam as retas rAC e rBD. Assim,

         A = (1 − t)E + tC, B = (1 − s)E + sD, t, s ∈ [0, 1].

Al´em disso, t = s pois AB k CD e portanto os triˆangulos EAB e ECD s˜ao semelhantes, assim, AB corta os lados EC e ED na mesma propor¸c˜ao.

Portanto

A − tC = (1 − t)E = B − tD ⇒ B − A = t(D − C), t ∈ [0, 1].

Observe que nesse caso a propor¸c˜ao entre B − A e C − D ´e um n´umero positivo.

(7)

A segunda ´e quando AB e CD tˆem a mesma dire¸c˜ao, mesmo sentido e mesmo comprimento. Nesse caso AB e CD formam um paralelogramo de lados AC e BD. Como as diagonais de um paralelogramo se cruzam num ponto que as divide ao meio, temos

A + D

2 =

B + C

2 ⇒ B − A = D − C.

Logo, a raz˜ao entre B − A e C − D ´e 1.

A terceira ´e quando AB e CD tˆem sentidos opostos. Nesse caso, AC e BD s˜ao diagonais de um trap´ezio e se cruzam num ponto E. Como a raz˜ao de AE para AC e BE para BD s˜ao a mesma, vale

         E = (1 − t)A + tC, E = (1 − t)B + tD, t, s ∈ [0, 1].

(8)

Logo,

(1 − t)A + tC = (1 − t)B + tD ⇒ B − A = − t

1 − t(D − C).

Assim, a propor¸c˜ao entre B−A e D−C ´e um n´umero negativo. Podemos enunciar o crit´erio de compara¸c˜oes da seguinte forma:

i. AB e CD com a mesma dire¸c˜ao se e s´o se B − A e D − C s˜ao propor-cionais;

ii. AB e CD com mesma dire¸c˜ao e mesmo sentido se e s´o se B − A e D − C proporcionais com raz˜ao positiva;

iii. AB e CD com mesma dire¸c˜ao e sentidos opostos se e s´o se B − A e D − C proporcionais com raz˜ao negativa;

iv. AB e CD com mesma dire¸c˜ao, mesmo sentido e mesmo comprimento se e s´o se B − A e D − C proporcionais com raz˜ao 1.

Problema 4. Dados AB e CD paralelos, AB com mesmo sentido de CD e o dobro de seu tamanho, encontre D em fun¸c˜ao de A, B e C.

Resposta: D = C + 12B − 12A.

Problema 5. Dados A, B e C que n˜ao est˜ao na mesma reta, encontre D tal que ABCD ´e paralelogramo de diagonais AC e BD.

Resposta: D = A + C − B.

Problema 6. Encontre D tal que ABCD ´e trap´ezio de bases paralelas AB e CD e diagonais AD e BC, sendo AB a base menor e CD o triplo de AB.

(9)

5 Rec´ıproca do crit´erio

Na verdade, afirmamos o crit´erio de compara¸c˜ao de segmentos de reta sem demonstrar a rec´ıproca, sem mostrar que B − A e D − C proporcionais implica AB e CD paralelos.

Podemos dividir essa demonstra¸c˜ao em dois casos:

Primeiro: B − A = D − C. Ou seja, raz˜ao de proporcionalidade 1 (o caso −1 ´e praticamente igual). Nesse caso, vale A + D = B + C, o que, por sua vez, implica

A + D

2 =

B + C

2 .

Assim, se est˜ao em retas diferentes, formam um quadril´atero cujas diago-nais tˆem pontos m´edios coincidentes. Assim, esse quadril´atero tem que ser um paralelogramo e AB paralelo a CD. Se AB e CD n˜ao est˜ao em retas diferentes n˜ao h´a nada para se provar.

Segundo: D − C = t(B − A), t 6= ±1. Isso implica

D + tA = C + tB ⇒ 1 1 + tD + t 1 + tA = 1 1 + tC + t 1 + tB.

Vamos definir E = 1+t1 D + 1+tt A. Ent˜ao E ∈ rAD e E ∈ rBC. Se s˜ao

a mesma reta, ent˜ao terminou, eles s˜ao paralelos. Se n˜ao s˜ao, ent˜ao os triˆangulos EAB e ECD s˜ao semelhantes e, portanto, AB paralelo a CD.

6 Pontos interiores a um triˆangulo

Sabemos que um ponto C no segmento AB pode ser escrito como C = (1 − t)A + tB,

(10)

com t ∈ [0, 1]. E um ponto no interior do triˆangulo ABC, de v´ertices A, B e C?

Um ponto P no interior do triˆangulo ABC pode ser visto como um ponto no segmento AD, sendo D no segmento BC, lado oposto a A:

         P = (1 − t)A + tD, D = (1 − s)B + sC, t, s ∈ [0, 1]. Logo P = (1 − t)A + t(1 − s)B + tsC.

Assim, P no interior de ABC pode ser escrito como m´edia ponderada dos v´ertices, j´a que os coeficientes de A, B e C na igualdade acima somam 1.

Observe que t = 12 e s = 23 nos d˜ao

P = 1 3A + 1 3B + 3 C, o baricentro, encontro das medianas de ABC.

Problema 7. Dados A, B e C formando um triˆangulo e P = 14A + 12B +

1

4C, encontre a ceviana que parte de A e cont´em P , isto ´e, encontre o

segmento que parte de A at´e o lado oposto BC que cont´em P , encontrando o extremo desse segmento que pertence a BC.

(11)

7 Vetor

Agora, dado um segmento AB, sabemos que v´arias informa¸c˜oes a respeito dele dependem s´o da diferen¸ca das coordenadas do extremo final e do extremo inicial. Que informa¸c˜oes podemos tirar de um segmento AB?

1. seu comprimento: d(A, B);

2. sua dire¸c˜ao: a da reta que cont´em A e B;

3. seu sentido: se A para B (o sentido oposto, de B para A, sendo o do segmento BA).

Como lidamos com essas informa¸c˜oes com base na diferen¸ca de coorde-nadas? Dados um segmento AB:

1. o comprimento ´e: |B − A|;

2. a dire¸c˜ao ´e a da reta dos pontos P = (1 − t)A + tB, t n´umero real; 3. o sentido transparece melhor na compara¸c˜ao entre segmentos paralelos.

Como podemos comparar essas informa¸c˜oes a respeito de um segmento e de outro? Primeiro, dados AB e CD,

1. eles s˜ao paralelos se e s´o se D − C e B − A s˜ao proporcionais, isto ´e, existe k n´umero real tal que D − C = k(B − A);

2. eles tˆem o mesmo sentido se k ´e positivo, tˆem sentidos opostos se k ´e negativo.

3. o valor absoluto de k mede o quanto um ´e maior do que o outro, embora possamos comparar comprimentos mesmo quando n˜ao s˜ao paralelos.

(12)

Sabendo que a diferen¸ca de coordenadas dos extremos cont´em as in-forma¸c˜oes a respeito do comprimento, dire¸c˜ao e sentido, podemos reunir num mesmo conjunto aqueles segmentos que tˆem mesmo comprimento, dire¸c˜ao e sentido. Esse conjunto ´e que ´e o vetor. Portanto, vetor ´e o con-junto de segmentos orientados equipolentes. Logo, AB e CD pertencem ao mesmo vetor se e s´o se B − A = D − C:

~

AB = {CD : D − C = B − A}.

O vetor ~AB ´e o conjunto dos segmentos orientados CD que s˜ao equipo-lentes a AB. Assim,

~

AB = ~CD ⇔ D − C = B − A.

Ao vetor ~AB podemos atribuir coordenadas, exatamente as coordenadas da diferen¸ca B − A.

Algumas propriedades:

i. A rela¸c˜ao de equipolˆencia ´e uma rela¸c˜ao de equivalˆencia e todo vetor ´

e uma classe de equivalˆencia;

ii. Dado um vetor v, sempre h´a um segmento orientado que come¸ca em A e pertence a v;

iii. Em particular, todo vetor v tem um representante que parte da origem, e o extremo final desse representante tem as mesmas coordenadas de v.

(13)

Dados os pontos A(1, 2), B(3, 5), C(−1, 3), D(1, 6), B − A = (2, 3), D − C = (2, 3). Portanto, o vetor v = (2, 3) ´e representado por AB e CD, e, portanto, v = ~AB = ~CD. Se quisermos um representante desse vetor que parte da origem, se chamamos o ponto de coordenadas (2, 3) de E, OE representa v, e, assim, v = ~OE.

Problema 8. Fazer a mesma figura acima para o vetor u = (3, 1) e os pontos A(2, 1), C(2, 0), isto ´e, ache B, D e E tais que u = ~AB = ~CD =

~ OE.

(14)

8 Soma de vetores

Defini¸c˜ao. Sejam dois vetores u e v, a soma de u + v ´e um vetor cujas coordenadas s˜ao as somas das coordenadas de u e v. Se s˜ao vetores no plano, u = (xu, yu) e v = (xv, yv), ent˜ao u + v = (xu+ xv, yu+ yv). Se s˜ao

vetores no espa¸co tridimensional, u = (xu, yu, zu) e v = (xv, yv, zv), ent˜ao

u + v = (xu+ xv, yu+ yv, zu+ zv).

Propriedades. 1. dados dois vetores quaisquer u e v, u + v = v + u; 2. dados trˆes vetores quaisquer u, v e w, u + (v + w) = (u + v) + w; 3. existe um vetor ~0 tal que u + ~0 = u para todo vetor u;

4. dado u qualquer, existe um vetor −u tal que u + (−u) = ~0;

Como podemos ver na figura acima, a soma de vetores geometricamente ´e uma concatena¸c˜ao de caminhos retos. Ir de A para B e depois de B para C equivale a ir de A para C. Em coordenadas:

(15)

   u = B − A, v = C − B, ⇒ u + v = C − A ⇒ u + v = ~AC.

Problema 9. Ver as propriedades acima nos casos em que conhecemos os representantes de u e v, isto ´e, fazendo desenhos no plano coordenado. Por exemplo, se u = ~AB, o vetor −u da propriedade 4 ´e o vetor ~BA, e u + (−u) = ~AB + ~BA = ~AA = ~0.

9 Multiplica¸c˜ao por um escalar

Defini¸c˜ao. Seja o vetor u e o n´umero real m, a multiplica¸c˜ao de u pelo es-calar m ´e mu, um vetor cujas coordenadas s˜ao as de u multiplicadas por m. Se ´e vetores no plano, u = (xu, yu) e ent˜ao mu = (mxu, myu). Se ´e vetor

no espa¸co tridimensional, u = (xu, yu, zu) e ent˜ao mu = (mxu, myu, mzu).

Propriedades. 1. 0 · u = ~0; 2. 1 · u = u;

3. (−1) · u = −u;

4. dados dois n´umeros reais m e n quaisquer e um vetor u, (m + n)u = mu + nu;

5. dados dois n´umeros reais m e n quaisquer e um vetor u, m(nu) = (mn)u;

(16)

Geometricamente, a multiplica¸c˜ao por um escalar gera os vetores para-lelos ao vetor u que ´e multiplicado pelo escalar em quest˜ao.

Observe que AB e CD paralelos equivale a D −C e B −A proporcionais, que, por sua vez, equivale a D − C = m(B − A), que tamb´em equivale a

~

CD = m ~AB.

Tamb´em observe que no caso da figura acima AC = m ~~ AB equivale a C − A = m(B − A), que equivale a C = (1 − m)A + mB, que ´e a caracteriza¸c˜ao dos pontos que pertencem `a reta que passa por A e B.

Desse modo, os crit´erios de paralelismo e colinearidade podem ser escri-tos da seguinte maneira:

1. A, B e C colineares equivale a ~AC e ~AB m´ultiplos um do outro, isto ´

e, existe m n´umero real tal que ~AC = m ~AB;

2. AB e CD segmentos paralelos se e s´o se ~AB e ~CD s˜ao m´ultiplos um do outro.

(17)

Problema 10. Observe na figura acima que CD = 2 ~~ AB e que os seg-mentos s˜ao paralelos. Encontre as coordenadas dos pontos, calcule as dos vetores e encontre a rela¸c˜ao entre eles. Vocˆe pode concluir da´ı o parale-lismo, mas tamb´em pode tentar mostrar pela figura, sem uso de vetores, que os segmentos s˜ao paralelos.

10 Produto escalar

O produto escalar ´e uma opera¸c˜ao que procura enxergar o ˆangulo entre dois vetores u e v. Vamos fazer um teste.

Sejam u = AB e v =~ AC vetores no plano de coordenadas (x~ u, yu)

e (xv, yv), eles geram um triˆangulo retˆangulo ABC de ˆangulo de 90o no

v´ertice A se d(B, C)2 = d(A, B)2 + d(A, C)2. Logo,

(18)

(xv − xu)2 + (yv − yu)2 = x2u+ y 2 u+ x 2 v + y 2 v ⇒ x2v − 2xvxu+ x2u+ y 2 v − 2yuyv + yu2 = x 2 u+ y 2 u+ x 2 v + y 2 v ⇒ xuxv + yuyv = 0.

O mesmo vale pro caso tridimensional (fa¸ca as contas como exerc´ıcio): se u e v geram um triˆangulo retˆangulo ent˜ao

xuxv + yuyv + zuzv = 0.

Problema 11. Tanto no caso do plano quanto do espa¸co, dados u = ~AB e v = ~AC, mostre que d(A, B)2+ d(A, C)2− d(B, C)2 ´e duas vezes a soma

dos produtos das coordenadas de u e v.

Vamos definir ent˜ao uma opera¸c˜ao de produto escalar: dados u e v, u · v ´e um n´umero real cujo valor ´e a soma dos produtos das coordenadas de u e v.

Ou seja, no plano

u · v := xuxv + yuyv

e no espa¸co

u · v = xuxv + yuyv + zuzv.

Com essa defini¸c˜ao, temos as seguintes propriedades: Propriedades. 1. u · v = v · u;

2. (u + v) · w = u · w + v · w; 3. (mu) · v = m(u · v) = u · (mv); 4. u · u = |u|2;

(19)

A rela¸c˜ao com ˆangulos: j´a vimos que, se u = ~AB e v = ~AC, d(A, B)2 + d(A, C)2 − d(B, C)2 ´e o dobro do produto escalar. Mas, diz a lei dos

cossenos que

2d(A, B)d(A, C)cos ˆA = d(A, B)2 + d(A, C)2 − d(B, C)2.

Como u = ~AB e v = ~AC, d(A, B) = |u| e d(A, C) = |v|. Assim, temos

2|u||v|cos ˆA = 2u · v ⇒ cos ˆA = u · v |u||v|.

Outra maneira de calcular o ˆangulo entre os dois vetores ´e utilizar a f´ormula do cosseno da diferen¸ca de dois ˆangulos. Pela figura acima, se α ´e o ˆangulo de u com o eixo horizontal, e β o ˆangulo de v com o horizontal, temos cos(α) = xu

|u| e cos(β) = xv

|v|. Usando a f´ormula:

cos(α − β) = cos(α)cos(β) + sen(α)sen(β) = xu |u| xv |v| + yu |u| yv |v|.

(20)

11 Exerc´ıcios

Problema 12. Dada a figura acima, calcule o ˆangulo entre ~AB e ~CD. Problema 13. Dados os vetores u = (1, 2, −2) e v = (7, 4, 4), calcule o ˆ

angulo entre eles.

Problema 14. Dada a figura acima, encontre o ponto H no lado AC tal que BH ´e altura do triˆangulo ABC.

(21)

Problema 15. Dados os pontos A, B e C da figura acima, encontre D o ponto mais pr´oximo a C e que pertence `a reta que passa por A e B.

Problema 16. Primeiro, encontre G o baricentro de ABC. Depois, en-contre D em AC o ponto mais pr´oximo de G e que pertence `a reta que passa por A e C.

Problema 17. Pela mesmo figura do exerc´ıcio anterior, encontre E no lado AC tal que BE divida o ˆangulo ˆB ao meio.

(22)

12 Versor

Os problemas de divis˜ao ao meio de ˆangulos entre vetores podem ser re-solvidos com o conceito de versor. Dado um vetor u qualquer, que n˜ao seja o vetor nulo, o versor de u, Vu, ´e o vetor unit´ario de mesma dire¸c˜ao e

mesmo sentido de u. Vetor unit´ario ´e todo aquele que tem m´odulo 1. Se Vu tem a mesma dire¸c˜ao de u, ent˜ao ´e m´ultiplo de u: Vu = mu; se

tem a mesma dire¸c˜ao, ´e m´ultiplo positivo de u: m > 0. Se Vu ´e unit´ario,

ent˜ao: 1 = |Vu| = |mu| ⇒ m|u| = 1 ⇒ m = 1 |u| ⇒ Vu = u |u|. Por exemplo,      u = (3, 4), ent˜ao Vu = ( 3 5, 4 5), v = (1, 2, 2), ent˜ao Vv = ( 1 3, 2 3, 2 3). ´

E um propriedade que distingue os losangos a de ter as diagonais como bissetrizes dos ˆangulos internos. Quando tra¸camos a diagonal do losango, ela o divide em dois triˆangulos is´osceles congruentes, de modo que os ˆ

angulos divididos pelas diagonais s˜ao divididos ao meio. Se tra¸camos a diagonal de um paralelogramo que n˜ao ´e losango, que n˜ao tem os quatro lados congruentes, a diagonal o divide em dois triˆangulos congruentes mas n˜ao is´osceles, de modo que os ˆangulos internos n˜ao s˜ao divididos ao meio.

(23)

Como podemos usar essa propriedade para dividir ˆangulos ao meio? Dados dois vetores u e v, eles formam um paralelogramo. Se tiverem m´odulos iguais, formam um losango, tipo especial de paralelogramo. Logo, se formamos o losango a partir dos versores de u e v, encontramos o vetor que divide o ˆangulo entre u e v em dois ˆangulos iguais.

A figura acima mostra o paralelogramo formado por u e v e o formado por Vu e Vv. Veja que as diagonais dos dois paralelogramos n˜ao

necessari-amente tˆem a mesma dire¸c˜ao.

Quando temos um triˆangulo ABC e queremos achar a bissetriz do ˆangulo ˆ

A, isto ´e, quando queremos achar D no lado oposto BC tal que AD divide o ˆangulo ˆA ao meio, podemos procurar o vetor ~AD m´ultiplo da soma de versores de ~AB e ~AC.

(24)

Se D est´a no segmento BC ent˜ao D = (1 − t)B + tC e, portanto, D − A = (1 − t)(B − A) + t(C − A). Assim,

D − A = (1 − t)(B − A) + t(C − A) ⇒ ~AD = (1 − t) ~AB + t ~AC. Al´em disso, ~AD deve ser m´ultiplo da soma dos versores de ~AB e ~AC:

~ AD = m( ~ AB | ~AB| + ~ AC | ~AC|) = m | ~AB| ~ AB + m | ~AC| ~ AC.

Pela primeira equa¸c˜ao vemos que ~AD ´e a combina¸c˜ao linear de ~AB e ~

AC cuja soma de coeficientes ´e um, pela segunda vemos que a soma de coeficientes ´e m

| ~AB| + m

| ~AC|, que deve ser um, e assim encontramos o valor de

m: m | ~AB| + m | ~AC| = 1 ⇒ m = | ~AB|| ~AC| | ~AB| + | ~AC| ⇒ ~ AD = | ~AC| | ~AB| + | ~AC| ~ AB + | ~AB| | ~AB| + | ~AC| ~ AC. Do mesmo modo:

(25)

D = | ~AC|

| ~AB| + | ~AC|B +

| ~AB|

| ~AB| + | ~AC|C.

Problema 18. Utilize a f´ormula anterior para mostrar que se |AB| = |AC|, isto ´e, se o triˆangulo ´e is´osceles, ent˜ao a mediatriz ´e bissetriz. Problema 19. Dado o triˆangulo ABC com A(0, 0), B(3, 4) e C(4, 0), encontre D tal que AD ´e bissetriz de ˆA.

Resposta: D = 4 9B + 5 9C = ( 32 9 , 16 9 ). 13 Observa¸c˜oes

Podemos resolver o exerc´ıcio 19 de outro modo, usando o produto escalar. Vou resolvˆe-lo por esse outro m´etodo.

Se D est´a em BC, ent˜ao D = (1 − t)B + tC = (3(1 − t) + 4t, 4(1 − t)) = (3+t, 4−4t). Agora, se AD divide ˆA ao meio, ent˜ao, se usarmos o produto escalar para ver o ˆangulo que AD faz com AB e AC, que vou chamar de α e β respectivamente, temos: cos(β) = ~ AD. ~AC | ~AD|| ~AC| = 12 + 4t 4| ~AD| = 3 + t | ~AD|, cos(α) = ~ AD. ~AB | ~AD|| ~AB| = 3(3 + t) + 4(4 − 4t) 5| ~AD| = 25 − 13t 5| ~AD| ,

Se igualamos os dois termos, | ~AD| desaparece, n˜ao precisa ser calculado, e achamos o valor de t:

(26)

3 + t | ~AD| = 25 − 13t 5| ~AD| ⇒ 15 + 5t = 25 − 13t ⇒ 18t = 10 ⇒ t = 5 9. Com o valor de t, achamos D:

D = (1 − 5 9)B + 5 9C = 4 9B + 5 9C = ( 32 9 , 16 9 ).

Da mesma forma se quisermos encontrar H em BC tal que AH ´e a altura de ABC, devemos procurar o quˆe? Devemos procurar H de modo que ~AH⊥ ~BC, isto ´e, ~AH · ~BC = 0. Lembrando que H, por estar em BC, ´e do tipo (3 + t, 4 − 4t). Portanto: 0 = ~AH · ~BC = (3 + t, 4 − 4t) · (1, −4) = 3 + t − 16 + 16t ⇒ t = 13 17. Logo, t = 13 17 ⇒ H = (3 + 13 17, 4(1 − 13 17)). 14 Equivalˆencias

Podemos traduzir v´arios dos problemas anteriores para a linguagem dos vetores:

• A, B e C colineares se e s´o se ~AB e ~AC m´ultiplos um do outro; • AB k CD se e s´o se ~AB e ~CD m´ultiplos um do outro;

• AB e CD congruentes se e s´o se | ~AB| = | ~CD|; • AB e CD equipolentes se e s´o se ~AB = ~CD;

(27)

Problema 20. Dados A(0, 0) e B(3, 4), encontre C e D tais que ABCD ´e quadrado com v´ertices de segundas coordenadas n˜ao negativas.

Resposta: C(−1, 7) e D(−4, 3).

Problema 21. Dados A(0, 0) e B(6, 8), encontre C e D tais que ABC e ABD s˜ao triˆangulos equil´ateros.

Resposta: (3, 4) ± √ 3 2 (−8, 6) = (3, 4) ± (−4 √ 3, 3√3).

A id´eia de como resolver esses dois ´ultimos problemas ´e a seguinte: no plano, dada uma dire¸c˜ao existe somente uma ortogonal a ela, e dado um vetor existem somente dois ortogonais a ele que tenham o mesmo m´odulo que ele. Quais seriam?

Dado u = (a, b) existe v = (−b, a) (poderia ser −v = (b, −a)) tal que

(28)

Al´em disso, v = (−b, a) tem o mesmo m´odulo de u = (a, b).

Em particular, dados A e B, se v ´e ortogonal a ~AB, ent˜ao A + v e B + v s˜ao v´ertices de um quadrado de lado AB. O outro quadrado seria dado pelos outros dois v´ertices A − v e B − v.

No caso do triˆangulo equil´atero, como a altura dele ´e ortogonal `a base e mede

√ 3

2 vezes a base, e como essa altura toca a base no ponto m´edio

dela, ent˜ao, se esse ponto m´edio ´e M , podemos chegar ao terceiro v´ertice do triˆangulo equil´atero de base AB fazendo M +

√ 3 2 v (ou M − √ 3 2 ), j´a que a solu¸c˜ao n˜ao ´e ´unica). 15 Produto vetorial

H´a outros produtos entre vetores. O segundo deles ´e o produto vetorial. Se o primeiro, o escalar, tem utilidade no c´alculo de ˆangulos, o produto vetorial tem utilidade no c´alculo de ´areas. Vejamos sua defini¸c˜ao.

O produto vetorial de u e v ´e uma opera¸c˜ao que, dados dois vetores no espa¸co tridimensional, devolve um terceiro vetor u × v. O c´alculo das coordenadas de u × v em fun¸c˜ao das de u = (xu, yu, zu) e v = (xv, yv, zv) ´e

dado pelo c´alculo do seguinte determinante: i j k xu yu zu xv yv zv

onde i = (1, 0, 0), j = (0, 1, 0) e k = (0, 0, 1), isto ´e, i ´e o vetor unit´ario cuja dire¸c˜ao ´e a do primeiro eixo e o sentido o de crescimento das coorde-nadas do primeiro eixo; o mesmo vale para j e k com respeito aos segundo

(29)

e terceiro eixos, respectivamente.

Observe que (xu, yu, zu) = xui + yuj + zuk. Assim, o determinante acima

ser´a uma combina¸c˜ao linear de i, j e k e, portanto, um vetor. Por exemplo, se u = (1, 2, 0) e v = (2, 0, −1), ent˜ao:

u × v = i j k 1 2 0 2 0 −1 = (−2, 1, −4).

Agora, observe que 

u · (−2, 1, −4) = (1, 2, 0) · (−2, 1, −4) = −2 + 2 = 0, v · (−2, 1, −4) = (2, 0, −1) · (−2, 1, −4) = −4 + 4 = 0.

Nesse caso, u × v ´e um vetor ortogonal a u e a v ao mesmo tempo. Isso ´e consequˆencia direta da express˜ao de u × v como determinante.

Se u = (a, b, c) = ai + bj + ck e v = (d, e, f ), ent˜ao u · v = ad + be + cf , a express˜ao do produto escalar ´e a mesma de u = ai + bj + ck trocando i, j e k pelas coordenadas de v. Logo,

u · (u × v) = xu yu zu xu yu zu xv yv zv = 0. Do mesmo modo, v · (u × v) = xv yv zv xu yu zu xv yv zv = 0,

(30)

As propriedades dos determinantes implicam muitas propriedades do produto vetorial: 1. v × u = −u × v; 2. (mu) × v = m(u × v) = u × (mv); 3. (u + v) × w = u × w + v × w; 4. |u × v|2 + (u · v)2 = |u|2|v|2.

A ´ultima n˜ao sai de propriedades de determinantes, sai do fato de que

|u × v|2 + (u · v)2 = (yuzv − yvzu)2+ (xuzv − xvzu)2+ (xuyv − xvyu)2 + (xuxv + yuyv + zuzv)2 = yu2zv2+yv2zu2−2yuyvzuzv+x2uz 2 v+x 2 vz 2 u−2xuxvzuzv+x2uy 2 v+x 2 vy 2 u−2xuxvyuyv+ xu2x2v + y2uyv2 + zu2zv2 + 2xuxvyuyv + 2xuxvzuzv + 2yuyvzuzv = x2u(x2v + yv2 + zv2) + yu2(x2v + y2v + zv2) + zu2(x2v + y2v + zv2) = (x2u+ yu2 + zu2)(xv2 + yv2 + zv2) = |u|2|v|2.

A consequˆencia, ao substituirmos u · v por |u||v|cos(α), ´e:

|u|2|v|2 = |u × v|2 + (u · v)2 = |u × v|2 + |u|2|v|2cos2(α) ⇒ |u × v|2 = |u|2|v|2 − |u|2|v|2cos2(α) = |u|2|v|2(1 − cos2(α)) =

|u|2|v|2sen2(α) ⇒ |u × v| = |u||v|sen(α).

A figura abaixo mostra que a ´area do paralelogramo gerado por u e v ´e |u||v|sen(α), sendo α o ˆangulo entre os dois vetores, e, portanto, a ´area ´e |u × v|.

(31)

Lembrando das propriedades, se v = mu para algum n´umero real m, temos:

u × v = u × (mu) = m(u × u) = −m(u × u) = ~0.

Logo, se u e v s˜ao paralelos, o produto vetorial ´e o vetor nulo. A rec´ıproca ´e verdadeira: se u × v = ~0, ent˜ao eles formam um paralelogramo de ´area nula, e, portanto, devem ser paralelos. O crit´erio de paralelismo ganha, assim, uma nova equivalˆencia:

• u k v

• u e v m´ultiplos um do outro; • u × v = ~0.

Problema 22. Calcule a ´area do triˆangulo de v´ertices A(1, 0, 1), B(2, 2, −1) e C(3, 2, 1).

Resposta: 3.

Observe que a ´area de um triˆangulo de lados AB e AC ´e metade da ´area do paralelogramo gerado por ~AB e ~AC.

(32)

Problema 23. Explique porque ~AB × ~AC = ~0 equivale a A, B e C coli-neares.

Referências

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