A EFICÁCIA DA TERAPIA AQUÁTICA EM PACIENTE COM DOENÇA DE PARKINSON
RESUMO
O objetivo do artigo é avaliar se a Terapia Aquática causa melhora na amplitude de movimento e no grau de força muscular em paciente com Doença de Parkinson. Tratou-se de um estudo tipo estudo de caso, onde se abordou a paciente C.B, do sexo feminino, idade 69 anos, com diagnóstico clínico da doença. A pesquisa foi concluída em 10 sessões com a terapia, sendo que na primeira sessão foi aplicada uma avaliação musculoesquelética e a partir da segunda sessão até a décima a paciente foi reabilitada em piscina adaptada. Os resultados demonstram que ocorreu ganho na amplitude de movimento e grau de força muscular. É de suma importância os fisioterapeutas reconhecerem a Terapia Aquática como ferramenta terapêutica no tratamento da doença. Podemos concluir que a terapia traz benefícios para os parkinsonianos, principalmente na melhora da amplitude de movimento e grau de força muscular.
Descritores: Fisioterapia; Modalidades de fisioterapia; Benefícios.
THE EFFECTIVENESS OF AQUATIC THERAPY IN PATIENT WITH PARKINSON 'S DISEASE
ABSTRACT
The aim of this paper is to assess whether the Aquatic Therapy (MT) causes improvement in range of motion and degree of muscle strength in patients with Parkinson 's disease (PD). This was a case study of descriptive and qualitative, which addressed the CB patien, female, age 69 years, with clinical diagnosis of PD. The research was completed in 10 sessions, and the first session was applied a musculoskeletal evaluation and from the second to the tenth session the patient was rehabilitated in the adapted pool. According to Table 1, there was considerable gain in the degree range of motion and muscle force. It is extremely important physiotherapists recognize the TA as a major therapeutic tool in the treatment of PD. We conclude that the TA cause great benefits to PD patients, especially in improving range of motion and degree of muscle strength.
Descriptors: Physical therapy specialty; Physical therapy modalities; Nervous system diseases.
LA EFICACIA DE LA TERAPIA ACUÁTICA EN PACIENTES CON ENFERMEDAD DE PARKINSON
RESUMEN
El objetivo de este trabajo es evaluar si la terapia acuática (MT) hace que la mejora en el rango de movimiento y el grado de la fuerza muscular en pacientes con enfermedad de Parkinson (EP). Este fue un caso de estudio descriptivo y cualitativo, que se dirigió a la paciente CB, mujeres, edad 69 años, con diagnóstico clínico de enfermedad de Parkinson. La investigación se completó en 10 sesiones, y la primera sesión se aplicó una evaluación osteomuscular y del segundo al décimo período de sesiones el paciente fue rehabilitado en la piscina adaptada. De acuerdo con la Tabla 1, hubo un considerable aumento en el rango de grado de movimiento y la fuerza muscular. Es extremadamente importantes fisioterapeutas reconocen el TA como una herramienta terapéutica importante en el tratamiento de la EP. Llegamos a la conclusión de que la TA causar grandes beneficios a los pacientes con EP, especialmente en la mejora de la amplitud de movimiento y el grado de fuerza muscular.
Descriptores: Fisioterapia; Modalidades de fisioterapia; Enfermedades del sistema nervoso.
Lissa Dias Lobato¹, Jordana Maia Dias²
¹ Acadêmica do curso de Fisioterapia da Faculdade Estácio de Macapá. Macapá/AP/Brasil. ² Docente do Curso de Fisioterapia na Faculdade Estácio de Macapá. Macapá/AP/Brasil.
INTRODUÇÃO
A Doença de Parkinson (DP)
atualmente é considerada a
segunda doença neurodegenerativa
mais comum, cuja prevalência
aumenta com a idade, chegando a 1% em indivíduos acima de 60 anos, afeta uma a cada mil pessoas acima dos 65 anos, e uma a cada
cem pessoas acima de 75 anos(1-2).
A fisiopatologia da DP
envolve um distúrbio progressivo do Sistema Nervoso Central (SNC), também sendo caracterizada pela
degeneração dos neurônios
dopaminérgicos, ocorrendo assim um déficit na produção de dopamina na substância negra, causando
despigmentação da mesma,
levando a aceleração do processo
de envelhecimento cerebral(3).
Na DP ocorre uma variação fenotípica importante,
manifestando-se por uma síndrome
extrapiramidal, apresentando sinais evidentes como: tremor, rigidez, bradicinesia, dificuldade para iniciar
os movimentos, alteração das
características faciais (face em
máscara); déficit
musculoesquelético (contraturas e
fadiga); distúrbios da marcha
(marcha festinante); presença do freezing (interrupção abrupta da
marcha) e postura encurvada,
característica da mesma(4-8).
A fisioterapia promove a melhoria da qualidade de vida
dessas pessoas gerando
movimentos funcionais que
envolvam diversos segmentos do corpo.
Dentro da fisioterapia, há uma especialidade conhecida há milhares de anos como Terapia
Aquática (TA), que utiliza os
benefícios que a água atuando com exercícios, que possam manter os músculos ativos, fazendo parte do
processo de reabilitação das
pessoas com lesões neurológicas. Os primeiros a sentirem estes benefícios são, entre outros, os indivíduos acometidos pela DP, nos quais o sistema musculoesquelético
deixou de atuar com precisão(9-10).
Assim, o estudo teve como objetivo de avaliar, em um paciente portador da Doença de Parkinson, se a Terapia Aquática causa
melhoria da amplitude de
movimento e do grau de força muscular.
Tratou-se de um estudo qualitativo, na modalidade estudo de caso, do tipo descritivo.
O sujeito do estudo é
paciente C.B, sexo feminino, 69 anos que atendeu os seguintes critérios de inclusão no estudo: diagnóstico clínico de DP há mais de 1 ano, idade acima de 55 anos,
não apresenta patologias
cardiovasculares que impossibilitem a realização do presente estudo, não abandonou o tratamento e assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
A pesquisa foi realizada na Clínica Center Vitta, utilizando a
piscina terapêutica adaptada,
recursos como step e flutuadores para auxilio. A temperatura da água da piscina foi de +/- 33 - 37°C. O tratamento foi realizado no período de 2 semanas, concluído em 10 sessões, cada uma com duração de 50 minutos.
A terapia foi realizada através de um protocolo de tratamento de TA, adaptado de Bates, Hanson
(1998)(11). Na primeira sessão foi
aplicada uma avaliação
musculoesquelética que abordou os dados pessoais da paciente, a duração da DP e os sintomas. Foi
realizado o exame físico que incluiu
pressão arterial, frequência
cardíaca, inspeção, palpação,
mobilização, tônus, grau de força muscular, amplitude de movimento, objetivo, conduta fisioterapêutica e evolução.
A partir da segunda sessão até décima houve 4 fases, sendo: 1. Aquecimento; 2. Alongamento; 3. Exercícios ativos e proprioceptivos e 4. Relaxamento.
Fase 1: Aquecimento: A paciente foi submetida a piscina adaptada com profundidade média e a água ao nível dos mamilos, esta fase teve a duração de 5 minutos, sendo realizada em duas voltas de
caminhada frontal e lateral,
associadas a atividades de
coordenação de membros
superiores (MMSS) e membros inferiores (MMII).
Fase 2: Alongamento: teve duração de 20 minutos, foram
aplicados alongamentos ativos
(mantidos por 20 segundos) das
musculaturas: MMSS (músculo
peitoral maior e menor, deltoide, bíceps braquial, tríceps braquial, flexores e extensores do punho);
MMII (músculos isquiostibiais,
pescoço (músculo trapézio,
esternocleidomastoideo e
escaleno).
Fase 3: Exercícios ativos e proprioceptivos: teve duração de 25 minutos, foram realizados exercícios ativos resistidos (três séries de dez
repetições respectivamente).
MMSS: flexão, extensão, adução, abdução, rotação interna, rotação externa de ombro; flexão e extensão de cotovelo. MMII: flexão, extensão, abdução e adução do quadril; flexão, extensão de joelho; subidas frontais no step; dorsoflexão e plantiflexão do tornozelo.
Fase 4: Relaxamento: teve
duração de 10 minutos, foi
promovido através de flutuadores.
RESULTADOS
Na avaliação fisioterapêutica da paciente C.B, sexo feminino, 69 anos, com diagnóstico clinico de DP há mais de 1 ano, notou-se perda
de força muscular, perda de
amplitude de movimento, déficit de equilíbrio e alteração da marcha.
A tabela 1 apresenta a
avaliação e reavaliação da
amplitude de movimento e grau de
força muscular dos movimentos de membros superiores e inferiores da paciente portadora da DP.
Pode-se observar que houve melhora na amplitude de movimento de flexão de ombro (150°-170°), abdução de ombro (160°-170°), flexão de cotovelo (110°-120°), flexão de quadril (105°-115°) e flexão de joelho (110°-120°), sendo
que, nos movimentos de
hiperextensão de quadril e abdução de quadril se mantiveram os mesmos, hiperextensão de quadril (20°-20°) e abdução de quadril (30°-30°).
Analisando o grau de força para a flexão de ombro, notou-se que foi 4), abdução de ombro (3-4), flexão de cotovelo (3-5), flexão de quadril (3-5), abdução de quadril (3-5) e flexão de joelho (3-5). Vale ressaltar que em relação ao grau de força muscular houve uma maior evolução em membros inferiores em
comparação à amplitude de
movimento.
Tabela 1- Avaliação e Reavaliação da Amplitude de Movimento e Grau
de Força Muscular.
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
DISCUSSÃO
A dificuldade dos indivíduos parkinsonianos para movimentar-se faz com que tenham fraqueza e encurtamentos musculares; além de perda de amplitude de movimento e força muscular, o que produz
alterações patológicas ósseas
responsáveis por uma incapacidade funcional ainda mais limitante.
Conforme Cavalca, Soldi
(2004)(12), a TA é um recurso
fundamental no processo de
reabilitação de pacientes com DP, a mesma se difere do solo em função
das propriedades físicas da água.
Pensando nesses aspectos,
escolheu-se a TA devido a paciente
apresentar como característica
principal a perda de amplitude de movimento e, como consequência, a perda de força muscular, o que influenciava no padrão da marcha.
Para Bates 1998 et al.
Campion (2000)(13), a imersão do
corpo na piscina aquecida utiliza os
efeitos físicos, fisiológicos e
cinesiológicos, que acarreta no
aumento do metabolismo e
diminuição da tensão muscular,
proporcionando um ambiente
agradável, confortável e relaxante. Os exercícios realizados na água favorecem a reabilitação, pois os efeitos proporcionam menor
estresse articular, aumento da
circulação e facilidade para
movimentar-se, contribuindo assim com movimentos mais amplos e
atividades desafiadoras,
viabilizando as repetições e obtendo melhora do desempenho motor e o funcional. Além de vários benefícios que a água proporciona destacam-se na pesquisa a restauração da amplitude de movimento e grau de força muscular.
Em relação à amplitude de movimento notou-se uma evidente melhora em membros superiores para os movimentos de: flexão de ombro (150°-170°), abdução de
ombro (160°-170°), flexão de
cotovelo (110°-120°) e em membros inferiores: flexão de quadril (105°-115°) e flexão de joelho (110°-120°), sendo que, nos movimentos de hiperextensão de quadril e abdução de quadril se mantiveram os mesmos, hiperextensão de quadril (20°-20°) e abdução de quadril (30°-30°).
É de grande importância ressaltar o ganho de força muscular, pois, a água aquecida serve como resistência em todas as direções, sendo que a resistência aumenta conforme mais força é exercida contra ela.
Observou-se um ganho
significativo no grau de força muscular em membros superiores para os movimentos de flexão de ombro 4), abdução de ombro (3-4), flexão de cotovelo (3-5) e em membros inferiores com flexão de quadril 5), abdução de quadril (3-5) e flexão de joelho (3-(3-5).
Os exercícios de
fortalecimento foram executados
com auxilio de tornozeleiras,
dificultando assim a execução dos movimentos, através da ação da gravidade e a resistência da água, fazendo com que fosse evidenciado a melhora no grau de força muscular.
Posteriormente, foi
observada presença de bradicinesia
(diminuição no movimento),
caracterizada por uma inabilidade para iniciar e realizar movimentos. Além de apresentar leve tremor de repouso, que de acordo com Nitrini,
Bacheschi (2003)(14), se exacerba
durante a marcha, no esforço mental e em situações de tensão emocional. O quadro descrito pelos
autores diminui com a
movimentação voluntária do
segmento afetado e desaparece
com o sono (está presente
preferencialmente nas
extremidades, quase sempre
distalmente, sua frequência varia de 4 a 6 Hz).
A paciente está
diagnosticada com DP
recentemente, não apresentando sinais de rigidez que se destaca como um dos principais sinais cardinais dos portadores de DP. Sabe-se que conforme a evolução
da DP ocorre à resistência aos movimentos, como um ceder de "catraca ou roda denteada", que
envolve inicialmente, alguns
músculos e depois progride
invariavelmente.
Ao final de cada sessão, foi
proporcionado à paciente
relaxamento muscular, através da flutuação, que se caracteriza como uma força que age contra a gravidade, e está relacionado com o volume de água deslocado pelo corpo submerso. Na água, a gravidade pode ser relativamente anulada e ocasionar uma menor descarga de peso corporal. Para Camargos, Copio, Souza, Goulard
(2004)(15), o auxílio da flutuação
permite que o paciente retome padrões de movimento com maior
facilidade, se comparado a
exercícios em solo, reforçando a motivação e autoconfiança para realização das tarefas cotidianas.
CONCLUSÃO
É de suma importância que os fisioterapeutas reconheçam a água como uma das principais
ferramentas terapêutica no
tratamento de DP.
Percebeu-se que a TA
proporciona grandes benefícios
para os parkinsonianos,
especificadamente na melhora da amplitude de movimento e grau de força muscular. Além de promover
melhor qualidade de vida aos portadores de DP, na questão da sua independência para execução das atividades de vida diária e
recuperação da capacidade
funcional. Ajudando assim, esses
pacientes a adaptarem o seu novo esquema corporal, a uma nova forma de viver e de se relacionar com a sociedade.
Observou-se a necessidade de aprofundar os estudos que envolvam a TA como recurso para reabilitar os pacientes com DP.
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