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Análise de propagandas de medicamentos fitoterápicos comercializados em Santa Catarina

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Análise de propagandas de medicamentos fitoterápicos

comercializados em Santa Catarina

RESENER, M. C.1; SCHENKEL, E. P.2; SIMÕES, C. M. O.3. 1

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Farmácia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC.

2

Professor Titular do Departamento de Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC.

3

Professora Titular do Departamento de Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC.

RESUMO: Os medicamentos fitoterápicos são, na sua maioria, medicamentos de venda livre que não necessitam de prescrição médica, portanto, o público alvo da publicidade é o paciente. Existe um falso mito que envolve os medicamentos fitoterápicos, de que “se é natural não faz mal”, mito esse muitas vezes endossado pela mídia. No entanto, é imprescindível, que as informações repassadas ao consumidor através das propagandas sejam verdadeiras, responsáveis, éticas, favoreçam o uso racional e estejam de acordo com a legislação vigente para evitar danos, muitas vezes irreparáveis, à população. O objetivo do presente trabalho foi analisar criticamente a qualidade das informações contidas em propagandas de medicamentos fitoterápicos. Para isso, foram recolhidas propagandas de medicamentos fitoterápicos disponíveis em estabelecimentos farmacêuticos de seis cidades do Estado de Santa Catarina. Após a seleção, por alguns critérios de exclusão, as mesmas foram analisadas através da elaboração de formulários próprios, utilizando como parâmetros os Critérios Éticos para a Promoção de Medicamentos da OMS, o roteiro de verificação de conformidade das publicidades e propagandas de medicamentos, adotado pela ANVISA e a legislação que regulamenta a propaganda de medicamentos no Brasil.

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INTRODUÇÃO

A utilização de plantas medicinais pelo homem, para a recuperação da saúde, é uma prática secular, que foi sedimentando-se ao longo do tempo, sendo o resultado do acúmulo de conhecimentos empíricos sobre a ação dos vegetais, por diversos grupos étnicos. No Brasil, a utilização de plantas medicinais teve origem, inicialmente, na cultura dos diversos povos indígenas que habitavam o País, posteriormente com a colonização, foram introduzidas outras espécies trazidas pelos europeus e pelos africanos e provenientes de outros países sul-americanos. Com base nestes conhecimentos acumulados pela medicina popular, foram desenvolvidos, através da pesquisa científica, muitos e valiosos medicamentos para a cura de diversas doenças da humanidade (SIMÕES et al., 1998).

Plantas medicinais são, portanto, todos os vegetais que têm emprego com fins terapêuticos, alicerçados no conhecimento popular ou no conhecimento científico, utilizadas popularmente para a preparação de chás, garrafadas, cataplasmas e outras formas. Muitas plantas medicinais são utilizadas pela indústria farmacêutica como matéria prima para a preparação de medicamentos fitoterápicos (SIMÕES et al., 1998; SCHENKEL; GOSMANN; PETROVICK, 2001).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Ministério da Saúde (MS), através da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 17, de 24 fevereiro de 2000, dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos e define medicamento fitoterápico como: “Medicamento farmacêutico obtido por processos tecnologicamente adequados, empregando-se exclusivamente matérias-primas vegetais, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Não se considera medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as associações destas com extratos vegetais” (BRASIL, 2000a).

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A utilização de medicamentos fitoterápicos e/ou de plantas medicinais, com finalidades profiláticas ou curativas (= fitoterapia) vem sendo tratada como um recurso terapêutico suave, isento de riscos ou efeitos indesejáveis e estimulada com base no mito de que “se é natural não faz mal”. Esse mito é, muitas vezes, endossado pela publicidade e bulas que não fazem referências aos possíveis riscos de utilização. Entretanto, qualquer produto que interfira nos processos fisiológicos normais, tem potencial tóxico, podendo apresentar contra-indicações. Há muitos exemplos de plantas medicinais, que dependendo das circunstâncias e quantidades empregadas, podem causar danos à saúde (SIMÕES et al., 1998).

As plantas medicinais in natura são produtos de livre acesso, sendo comercializadas também, inteiras ou em partes, em locais públicos como farmácias, mercados e feiras livres. Os medicamentos fitoterápicos são, em sua grande maioria, medicamentos de venda livre, que não necessitam de prescrição médica. Desta forma, a fitoterapia é um dos recursos terapêuticos muito utilizados na automedicação e tais situações podem agravar seus riscos potenciais.

Segundo SANTI (1999), a propaganda é um ato mercantil utilizado para se vender um produto. Tratando-se de medicamento, a situação é bem mais complexa do que outros bens de consumo, pois envolvem importantes implicações nos campos da saúde pública, da ética e da economia.

Enquanto predominar o conceito e a prática de tratar o medicamento como produto de consumo (ou mercadoria), em vez de ser considerado um instrumento a serviço da promoção da saúde, estarão presentes as condições objetivas para a existência de produtos irracionais, de má qualidade e inadequados às necessidades sanitárias (BARROS, 1995).

A ação da indústria farmacêutica para a promoção de medicamentos se concentra em três pontos chaves: o médico, enquanto prescritor; a farmácia, como ponto de dispensação; e o paciente, como consumidor de medicamentos. Para cada segmento, há uma estratégia diferente, mas com o mesmo objetivo: ampliar a venda e o consumo do medicamento anunciado (SANTI, 1999). O principal alvo da publicidade dos

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medicamentos fitoterápicos é o consumidor, a população leiga, dessa forma a qualidade e a veracidade das informações é muito importante.

A propaganda de medicamentos é, muitas vezes, apresentada sob disfarce de propósitos “educativos” ou “informativos” e, por isso mesmo, oculta ou diminui os aspectos negativos e superestima as qualidades do produto, podendo ser classificada como propaganda enganosa, pois é motivada em essência pelo interesse em incrementar os lucros, provocando desta maneira muitos malefícios (BARROS, 1995).

As indústrias farmacêuticas gastam enormes quantias em dinheiro na promoção de medicamentos no mundo todo. Em 2000, os EUA gastaram US$ 13,2 bilhões; a Itália em 1998 gastou US$ 1,1 bilhão e, nos países em desenvolvimento 20 a 30% do valor das vendas em dólares se destinam à promoção de medicamentos (OMS, 2002).

A Organização Mundial da Saúde, em 1988, com o objetivo de apoiar e incentivar a melhoria da atenção sanitária, mediante o uso racional de medicamentos, aprovou na 41ª Assembléia Mundial da Saúde, os Critérios Éticos para a Promoção de Medicamentos (OMS, 1988).

No Brasil, a RDC nº 102 ANVISA/MS, de 30 de novembro de 2000, aprovou o regulamento sobre propagandas, mensagens publicitárias e promocionais e outras práticas cujo objeto seja a divulgação, promoção ou comercialização de medicamentos de produção nacional ou importados (BRASIL, 2000b). Além disso, a ANVISA, conduziu a implementação do Projeto de Monitoração de Propaganda e Publicidade de Medicamentos, que em parceria com 14 universidades vem captando e analisando publicidades e propagandas de medicamentos veiculados em cinco regiões do País (BRASIL, 2002).

Em decorrência da importância desse tema, o objetivo do presente estudo foi analisar criticamente a qualidade das propagandas de medicamentos fitoterápicos, disponíveis em farmácias do Estado de Santa Catarina, no que diz respeito às informações técnico-científicas necessárias à divulgação e comercialização dos mesmos, pois é imprescindível que estas informações sejam verdadeiras, responsáveis,

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éticas, favoreçam o uso racional e estejam de acordo com a legislação vigente, para evitar danos, muitas vezes irreparáveis à população.

METODOLOGIA

Amostragem

A amostra utilizada para o presente estudo foi composta de propagandas de medicamentos fitoterápicos disponíveis em farmácias de uma cidade de cada mesoregião do Estado de Santa Catarina: Florianópolis, Joinville, Chapecó, Lages, Criciúma e Blumenau.

Coleta e análise de dados

Inicialmente, foram feitas visitas ao acaso, no período de abril a julho de 2003, recolhendo-se propagandas de medicamentos, disponíveis nas farmácias das cidades acima citadas, entregues por laboratórios e distribuidoras de medicamentos, e que as farmácias repassam aos consumidores. Posteriormente, essas foram selecionadas para estudo, de acordo com os seguintes critérios de exclusão: medicamentos homeopáticos, florais, produtos de origem animal ou mineral, produtos aromatizados com ervas, cosméticos, alimentos e suplementos alimentares, almanaques e revistas.

Após a seleção, as propagandas foram analisadas mediante uso de formulário próprio elaborado, utilizando-se como parâmetros os Critérios Éticos para a Promoção de Medicamentos da Organização Mundial da Saúde (OMS, 1988), o roteiro de verificação de conformidade das publicidades e propagandas de medicamentos, adotado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (SCHENKEL; RECH, 2002), e a legislação que regulamenta a propaganda de medicamentos no Brasil a Resolução RDC nº 102/2000 (BRASIL, 2000b).

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Peças Publicitárias

Ao todo foram captadas 374 peças publicitárias; dessas, foram selecionadas utilizando-se os critérios de exclusão 185 peças, sendo que 123 (66%) são repetidas. Portanto, foram 62 (34%) diferentes peças publicitárias. A Tabela 1 apresenta o número de farmácias visitadas em cada cidade e o número de peças captadas.

Das 62 peças publicitárias que fazem parte da amostra, uma grande parte, 45,2%, constitui-se de guias terapêuticos com mais de 10 produtos anunciados, são apresentados em conjunto ao consumidor, medicamentos, alimentos, suplementos e cosméticos numa mesma peça publicitária; 25,8% apresentaram de dois a 10 produtos; e apenas 29% das peças publicitárias apresentaram propaganda com um medicamento fitoterápico. Isso demonstra que a indústria farmacêutica de medicamentos fitoterápicos trata o medicamento apenas como mais um produto de consumo, como uma mercadoria qualquer, cujo único objetivo é aumentar as vendas e o consumo. Não há preocupação em fornecer informações específicas, educativas e esclarecedoras a respeito de um único medicamento à população, mas sim “apresentar” aos consumidores todos os produtos do laboratório fabricante.

TABELA 1 – Número de farmácias visitadas no Estado de Santa Catarina e número de peças publicitárias captadas.

Cidade Nº farmácias Nº PP total Nº PP selecionadas

Blumenau 37 49 25 Chapecó 36 67 36 Criciúma 40 37 12 Florianópolis 68 132 65 Joinville 48 57 28 Lages 36 32 19 TOTAL 265 374 185 PP = Peça publicitária Laboratórios fabricantes

Foram observados, nas 185 peças selecionadas, um total de 32 laboratórios, sendo que seis laboratórios são responsáveis por 124 (67%) das peças publicitárias (Figura 1).

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7 13 54 6 6 38 0 10 20 30 40 50 60 N º d e p e ç a s p u b li c it á ri a s As Ervas Curam

Bionatus Herbarium Phytomare Pronabel Vida e Saúde

FIGURA 1 – Laboratórios fabricantes com maior número de peças publicitárias na amostra analisada.

Propagandas de medicamentos fitoterápicos analisadas

Nessa primeira fase do estudo, foram analisadas 10 propagandas de medicamentos fitoterápicos. Essa amostra é formada por sete peças publicitárias com medicamento único e três peças publicitárias contendo de dois a 10 produtos, das quais foi analisado o medicamento em maior evidência da peça publicitária (Tabela 2).

TABELA 2 – Propagandas de medicamentos fitoterápicos analisadas e respectivos laboratórios fabricantes.

Medicamento Laboratório

Amenolan Bionatus

Bioginkgo 80 Bionatus

Catuama® Laboratório Catarinense

Clifemin Herbarium

Eparema® Altana Pharma

Fitohormony® Doctor Berger do Brasil

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Naturetti® Aventis

Nevorin® Luciomed

Valeriana Composta Schraibmann

Análise dos dados

Utilizando o formulário próprio, por nós elaborado, de captação e avaliação de peças publicitárias de medicamentos fitoterápicos verificou-se a presença ou não de dados, informações obrigatórias e outros tipos de informações consideradas impróprias presentes nas propagandas, de acordo com a RDC/102/2000 e/ou os Critérios Éticos Para a Promoção de Medicamentos da OMS (Anexo 1).

Em 50% das propagandas analisadas, as mulheres foram o alvo da publicidade e 50% foram destinadas ao público em geral. Utilizando frases de efeito, como, por exemplo: “Resolvendo os problemas da menopausa”, e “... medicação extremamente segura e eficaz para permitir que as mulheres climatéricas vivam com muito mais qualidade de vida”, que procuram tocar em pontos vulneráveis da mulher, fazem com que um período de mudanças hormonais passe a ser um grande problema na sua vida e que precisa ser resolvido com a utilização de medicamentos para obter uma melhor qualidade de vida.

Dos 10 medicamentos fitoterápicos que fazem parte da amostra, dois são à base de Ginkgo biloba L., estão sujeitos à venda sob prescrição, estando restritos à promoção junto aos profissionais da saúde habilitados a prescrever ou dispensar medicamentos, mas estão em peças publicitárias cujo alvo é o público em geral, ferindo portanto o artigo 13 da RDC/102/2000.

 Dados referentes ao medicamento:

O nome comercial do medicamento fitoterápico está identificado em destaque em todas as propagandas analisadas. Há uma preocupação em promover o nome do medicamento e o laboratório fabricante, mas poucas apresentaram a parte utilizada da planta e a composição do medicamento. Duas propagandas não identificaram o número

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de registro do medicamento fitoterápico no Ministério da Saúde. Consultando a ANVISA, até 22 de agosto de 2003, não foi encontrado registro algum no banco de dados de registro de medicamentos da Agência e, portanto, esses medicamentos estão sendo anunciados e comercializados sem estarem registrados no Ministério da Saúde, ferindo o inciso I do artigo 4º da RDC/102/2000. A Figura 2 mostra os percentuais da presença de dados referentes aos medicamentos fitoterápicos nas propagandas analisadas.

 Informações específicas relacionadas ao uso dos medicamentos fitoterápicos Com relação às informações específicas necessárias relacionadas ao uso dos medicamentos fitoterápicos, observou-se que em 100% da amostra as indicações de uso estão presentes, mas em nenhuma estão presentes as precauções e advertências, e apenas uma apresenta a contra-indicação principal em letra pequena e de difícil leitura e somente em 40% consta a advertência obrigatória: “AO PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO”. Observa-se, que as informações para a promoção do medicamento, enaltecendo suas qualidades estão sempre presentes, mas informações que possam vir a restringir o seu uso são omitidas. A freqüência de informações específicas relacionadas ao uso dos medicamentos fitoterápicos pode ser observada na Figura 3

100% 80% 20% 30% 80% 90% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Nome comercial

Nomenclatura oficial botânica Parte utilizada da planta Composição

Nº de registro Laboratório

FIGURA 2 – Percentuais da presença de dados referentes aos medicamentos fitoterápicos analisados.

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100% 0% 10% 40% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Indicações de uso Precauções e advertências Contra-indicações Advertência obrigatória

FIGURA 3 – Percentuais da presença de informações específicas relacionadas ao uso dos medicamentos fitoterápicos analisados.

 Outras informações e frases presentes nas propagandas de medicamentos fitoterápicos analisados.

Várias informações e frases em destaque, presentes nas propagandas dos medicamentos fitoterápicos analisados, contrariam a legislação vigente. Com o intuito de enaltecer as qualidades dos medicamentos são utilizadas expressões como: “seguro”, “sem contra-indicação” ou “produto natural”, reforçando o falso mito de que “se é natural não faz mal”, 50% das propagandas se utilizam desses recursos. A realização de comparação com outros medicamentos sugerindo maior eficácia, sugestão de diminuição de risco, menção de “demonstrado em estudos” sem citar as referências bibliográficas, também são recursos utilizados pelos laboratórios fabricantes. (Figura 4).

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30% 30% 40% 50% 30% 30% 0% 10% 20% 30% 40% 50% Realiza comparações "Recomendado" "Demonstrado em estudos"

Sugere diminuição de risco "Seguro" "Produto natural" "Sem contra-indicação" "Mais eficaz"

FIGURA 4 – Percentuais da presença de outras informações e frases em destaque nas propagandas de medicamentos fitoterápicos analisados.

CONCLUSÃO

A principal característica observada nessa amostra foi o claro objetivo, da maior parte das propagandas, de enaltecer as qualidades do medicamento, omitindo as informações que pudessem vir a restringir seu uso, como as precauções, advertências e contra-indicações. Por se tratar de medicamentos fitoterápicos, obtidos utilizando-se matérias-primas vegetais, um dos recursos utilizado é sugerir ou garantir que se trata de um produto natural, sem riscos e sem efeitos colaterais, mesmo sabendo-se que qualquer produto que interfira nos processos fisiológicos pode ser capaz de provocar efeitos indesejáveis.

Os resultados obtidos na amostra analisada, apesar de preliminares, mostraram a falta de critérios éticos para a promoção de medicamentos, e a não conformidade com a legislação brasileira em vigor, (RDC/102/2000), estando as peças publicitárias analisadas sujeitas às penalidades da lei.

Na próxima etapa desse estudo serão analisadas as outras diferentes peças publicitárias, posteriormente serão selecionados alguns medicamentos onde serão feitas análises das embalagens, dos rótulos e das bulas, com relação às informações técnico-científicas específicas exigidas pela legislação brasileira vigente. Será também realizada

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uma seleção de casos de bulas dos medicamentos anteriormente analisados, para que as informações de caráter técnico-científicas sejam analisadas, com base na literatura de referência da área, para verificar sua veracidade e adequação.

Os medicamentos fitoterápicos são, em sua grande maioria, de venda livre, que não necessitam de prescrição médica, sendo um recurso terapêutico muito utilizado na automedicação. A propaganda, a embalagem, o rótulo ou a bula são muitas vezes fontes de informação e de orientação referente aos medicamentos, tanto para o consumidor como para o profissional da área da saúde. Portanto, a qualidade desse conjunto de informações é de fundamental importância. Devem ser claras, completas, verdadeiras, éticas e respeitar a legislação vigente, para garantir ao consumidor a segurança e eficácia do medicamento adquirido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, J. A. C de. Propaganda de medicamentos: atentado à saúde? São Paulo: Editora Hucitec / SOBRAVIME, 1995. 222 p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional Vigilância Sanitária. Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 17, de 24 de fevereiro de 2000a. Aprova regulamento técnico, normatizando o registro de medicamentos fitoterápicos junto ao Sistema de Vigilância Sanitária. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/legis/ resol.htm>.Acesso em: 25 abr. 2003.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional Vigilância Sanitária. Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 102, de 30 de novembro de 2000b. Aprova o Regulamento sobre propagandas, mensagens publicitárias e promocionais e outras práticas cujo objeto seja a divulgação, promoção ou comercialização de medicamentos de produção nacional ou importados, quaisquer que sejam as formas e meios de sua veiculação, incluindo as transmitidas no decorrer da programação normal da emissoras de rádio e televisão. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/ medicamentos/ legis/ resol.htm>. Acesso em: 25 abr. 2003.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Projeto de Monitoração de Propaganda e Publicidade de Medicamentos e Produtos. Brasília. 2002. ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Critérios éticos para la promoción de medicamentos, Ginebra, 1988.

ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Boletin de medicamentos esenciales. Promoción de los medicamentos, n. 31, p. 18-19, 2002.

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SANTI, V. de. Medicamentos: verso e reverso da propaganda. Ponta Grossa: Editora UEPG, 1999. 116p.

SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; PETROVICK, P. R. Produtos de origem vegetal e o desenvolvimento de medicamentos. In: SIMÕES, C. M. O. et al. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 3. ed. Porto Alegre / Florianópolis: Editora da Universidade UFRGS / Editora da UFSC, 2001. cap. 15.

SCHENKEL, E. P; RECH, N. Roteiro de Verificação de Conformidade das Publicidades e Propagandas de Medicamentos. Informação pessoal, 2002.

SIMÕES, C. M. O. et al. Plantas da medicina popular no Rio Grande do Sul. 5. ed. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 1998.

ANEXO 1

FORMULÁRIO DE CAPTAÇÃO E AVALIAÇÃO DE PEÇAS PUBLICITÁRIAS DE MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS

DADOS DO MEDICAMENTO FORMULÁRIO Nº.:

1. Tipo de material: ( ) 1 medicamento ( ) 2 a 10 produtos ( ) Acima de 10 produtos 2. Peça publicitária destinada ao: ( ) Farmacêutico ( ) Público em geral ( ) Outro 3. Classificação do medicamento quanto a sua prescrição e dispensação:

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( ) Sob prescrição ( ) Sem exigência de prescrição

4. Nome comercial:

5. Nome do laboratório fabricante: 6. Número de registro no Ministério da Saúde: 7. Nomenclatura botânica oficial:

8. Parte utilizada da planta:

REQUISITOS SIM1 NÃO2 N/A3

1. O nome comercial do medicamento está identificado na peça publicitária? 2. A nomenclatura botânica oficial está identificada na peça publicitária? 3. A parte utilizada da planta está identificada na peça publicitária? 4. A composição do medicamento está identificada na peça publicitária? 5. O medicamento anunciado é registrado pela ANVISA?

6. O número de registro no Ministério da Saúde está presente na peça publicitária?

7. O nome do laboratório fabricante está presente na peça publicitária? 8. As principais indicações de uso do medicamento estão presentes na peça publicitária?

9. As precauções e advertências estão presentes na peça publicitária?

10. Consta, em português, de forma clara e precisa a contra-indicação principal, se for o caso, tal com registrado na ANVISA?

11. No caso específico de ser mencionado nome e/ou imagem de profissional como respaldo das propriedades anunciadas do medicamento, consta na mensagem publicitária o nome do profissional interveniente, seu número de matrícula no respectivo conselho ou outro órgão de registro profissional? 12. Consta a advertência: “AO PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO”?

13. A advertência atende as exigências quanto ao tamanho e tipo de letra de acordo com a RDC/102?

1

SIM: Em conformidade com a RDC/102 e/ou os Critérios Éticos Para a Promoção de Medicamentos da OMS.

2

NÃO: Não conformidade com a RDC/102 e/ou os Critérios Éticos Para a Promoção de Medicamentos da OMS.

3

N/A: Requisito não se aplica à peça publicitária em questão.

REQUISITOS SIM1 NÃO2 N/A3

14. São realizadas comparações, de forma direta ou indireta, que não estejam baseadas em informações comprovadas por estudos clínicos veiculados em publicações indexadas?

15. O medicamento é anunciado como novo, depois de transcorridos dois anos da data de início de sua comercialização?

16. Há provocação de temor, angústia e/ou sugere-se que a saúde de uma pessoa será ou poderá ser afetada por não usar o medicamento?

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18. São publicadas mensagens tais como: “Aprovado”, “Recomendado por especialista”, “Demonstrado em ensaios clínicos” ou “Publicidade aprovada pela Vigilância Sanitária”, pelo “Ministério da Saúde”, ou órgão congênere Estadual, Municipal e Distrito Federal?

19. Sugere diminuição de risco em qualquer grau?

20. Inclui mensagens que mascarem as indicações reais do medicamento registrado junto à ANVISA?

21. São atribuídas propriedades curativas ao medicamento quando este é destinado – segundo registro na ANVISA – apenas ao tratamento sintomático e/ou ao controle de doenças crônicas?

22. Sugere ausência de efeitos colaterais ou adversos ou utilizam expressões tais como: “inócuo”, “seguro” ou “produto natural”?

23. É estimulado e/ou induzido o uso indiscriminado de medicamentos e/ou emprego de dosagens e indicações que não constem no registro do medicamento junto a ANVISA?

24. Inclui mensagens de qualquer natureza, utiliza símbolos e imagens dirigidas a crianças ou adolescentes?

25. Promove ou organiza concursos, promete ou oferece bonificações financeiras ou prêmios condicionados à venda de medicamentos?

26. Sugere ou estimula diagnósticos aconselhando um tratamento correspondente?

27. Afirma que o medicamento é “seguro”, “sem contra-indicações”, “isento de efeitos secundários ou riscos de uso” ou usa expressões equivalentes?

28. Afirma que o medicamento é um alimento, cosmético ou outro produto de consumo?

29. Mostra ou parece tratar-se de medicamento, um alimento, cosmético ou outro produto de consumo?

30. Explora enfermidades, lesões ou deficiências de forma grotesca, abusiva ou enganosa, sejam ou não decorrentes do uso de medicamentos?

1

SIM: Não conformidade com a RDC/102 e/ou os Critérios Éticos Para a Promoção de Medicamentos da OMS.

2

NÃO: Em conformidade com a RDC/102 e/ou os Critérios Éticos Para a Promoção de Medicamentos da OMS.

3

N/A: Requisito não se aplica à peça publicitária em questão.

REQUISITOS SIM1 NÃO2 N/A3

31. Afirma e/ou sugere que um medicamento tem efeito superior a outro usando expressões tais como: “mais eficaz”, “menos tóxico”, ser a única alternativa possível dentro da categoria ou ainda utiliza expressões, como: “o produto”, “o de maior escolha”, “o único”, “o mais freqüentemente recomendado”, “o melhor”?

32. Afirma e/ou sugere que um medicamento tem efeito superior a outro usando expressões tais como: “mais efetivo”, “melhor tolerado”?

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desempenho físico, intelectual, emocional, sexual ou a beleza de uma pessoa? 34. Sugere que o medicamento possui características organolépticas agradáveis tais como: “saboroso”, “gostoso”, “delicioso” ou expressões equivalentes? 35. A dispensação do medicamento anunciado está sujeita a prescrição médica ou odontológica?

1

SIM: Não conformidade com a RDC/102 e/ou os Critérios Éticos Para a Promoção de Medicamentos da OMS.

2

NÃO: Em conformidade com a RDC/102 e/ou os Critérios Éticos Para a Promoção de Medicamentos da OMS.

3

N/A: Requisito não se aplica à peça publicitária em questão.

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