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I Ching - Interpretação Dos Hexagramas

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Academic year: 2021

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http://www.pakshaolin.org .

I CHING

INTERPRETAÇÃO DOS HEXAGRAMAS POR WU FANG

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Este trabalho está dividido em duas partes. A primeira é a cópia de um texto de autoria de Constantino K. Riemma que se encontra no site http://www.pakshaolin.org, na qual se dá uma explanação resumida sobre o I Ching. A segunda parte são textos

interpretativos dos hexagramas, copiados do blog

http://carlafilizzola.blogspot.com.br, os quais são atribuidos a Wu Fang.

Quem quiser jogar o I Ching, pode encontrar na internet diversos mecanismos para isso. Costumo usar o da UOL,

http://www1.uol.com.br/iching.

Boa Sorte!

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Sobre o I Ching

por

Constantino K. Riemma

O I Ching, ou Livro das Transmutações, é um texto de sabedoria incomparável. De origem chinesa, ele integra o restrito grupo de livros que constituem o mais elevado nível do patrimônio espiritual da humanidade. Mas esse Livro tem um diferencial notável: é utilizado, desde a Antigüidade, como oráculo e orientação para os mais variados assuntos que desafiam o cotidiano dos homens.

O I Ching nos ajuda a esclarecer até as menores questões práticas, porém, sua função mais nobre - como fonte inesgotável de ensinamentos - é a de nos despertar e guiar na busca do conhecimento superior. Seu nome, Livro das Transmutações ou das

Mutações, ou ainda das Transformações, já indica que seu conteúdo

contém as leis fundamentais dos movimentos cósmicos, nos quais se incluem a vida e o destino dos homens.

O I Ching é também portador do segredo da longevidade. Seus símbolos básicos, tirados da própria natureza - céu e terra, fogo e água, lago e vento, montanha e trovão - são facilmente transmitidos através das gerações e tornam-se mais compreensíveis quando traduzidos para outras línguas.

O Livro está constituído essencialmente de 64 conjuntos de símbolos, que revelam detalhadamente as 64 etapas dos ciclos universais, tais como os santos sábios observaram no céu e na terra. Traduzidos genericamente por hexagramas, cada um desses conjuntos ou seções contém os seguintes elementos:  

               

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O texto, também chamado julgamento ou oráculo, que revela em linguagem simbólica o significado do hexagrama. Cada julgamento vem acompanhado de comentários e interpretações que ajudam a traduzir o ensinamento do texto. · a imagem ou

símbolo, que consiste em um modelo de conduta, um verdadeiro

conselho estratégico, para lidar com a situação indicada pelo hexagrama. · o texto das linhas, em número de seis, que indicam as alternativas de transformação das condições retratadas no hexagrama.

Nota   sobre   o   Nome:  I   Ching  é  a  grafia  corrente  no  Brasil.  Aparece  também  Yi  

King  em  algumas  transliterações  francesas  e  inglesas.  No  entanto,  a  melhor  grafia  

seria   Yìjïng,   segundo   a   transcrição   oficial   chinesa,   denominada   Pinyin,   que   é   utilizada  atualmente  pela  ONU,  UNESCO  e  demais  organismos  internacionais.  

O ideograma, isto é, a escrita do nome chinês, por si só repleto de significados simbólicos. O exemplo ao lado é Tai, o nome do Hexagrama 11, que se traduz por Paz.  

O hexagrama propriamente dito, que é a representação abstrata, geométrica, de cada estágio de transmutação. Recebeu esse nome, nas línguas européias, por ser constituído de 6 linhas. Ao lado o Hexagrama 37 - A Família.  

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A História do Livro

O I Ching é considerado o mais antigo livro da China. Sua origem, ou pelo menos a de seus oito símbolos fundamentais, denominados trigramas, é atribuída a Fu Xi, que teria vivido por volta de 5500 anos antes de Cristo, para alguns, ou 2850 a.C., para outros. É pela combinação dos 8 trigramas que se formam os 64 hexagramas, portadores do corpo de ensinamentos do Livro.

                                                                   

Fu Xi, esse lendário imperador, também é representado como um deus-montanha. A fonte inspiradora do Livro remonta à Era de Ouro da humanidade, durante a qual se diz que os guias e instrutores bebiam direto da fonte da consciência.

O segundo personagem ligado ao I Ching é o Rei Wen, fundador da Dinastia Chou (1121-256 a.C.), a quem se atribui a autoria dos 64 Julgamentos, ou seja, os textos que explicam os hexagramas. Decorridos 4400 anos desde os tempos de Fu Xi, e estando mais afastados da fonte, mesmo os buscadores do conhecimento tinham necessidade de maiores ajudas e orientações para compreender os símbolos primordiais que começavam a parecer herméticos.

Ao Duque Chou, filho do Rei Wen, são atribuídos os textos das 6 linhas de cada um dos 64 hexagramas, num total de 384

"Julgamentos das linhas". Com ele completaram-se os textos

tradicionais do Livro, que hoje contam mais de 3000 anos.

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feição que conhecemos modernamente. Seus comentários, registrados em 7 obras, boa parte das quais agregadas ao corpo do próprio Livro, facilitam a aproximação aos ensinamentos esotéricos dessa corrente de transmissão espiritual .

O contato do mundo ocidental com o I Ching se estabelece a partir do final do século XVII, através dos relatos dos jesuítas que residiam na corte de Pequim. A primeira tradução completa do livro para o latim, feita pelo Padre Regis, surgiria apenas em 1834. No final do século XIX outras duas versões, de Legge e Filastro, ampliam a divulgação do livro na Europa.

Atualmente, a mais respeitada versão ocidental do I Ching é a feita por Richard Wilhelm, um pastor protestante que viveu muitos anos na China. Feita de início para o alemão, foi a seguir traduzida para praticamente todas as línguas ocidentais. As principais publicações disponíveis em português são apresentadas na Bibliografia.

É um acontecimento extraordinário que religiosos católicos e protestantes tenham reconhecido a profundidade dos ensinamentos do I Ching e enfrentado todas as dificuldades que trazem a tradução de um clássico chinês. Trata-se de mais uma evidência do poder incomparável desse legado para a humanidade, que encontrou uma linguagem a tal ponto universal, que não levanta reações de natureza religiosa nem obstáculos culturais intransponíveis para tocar a alma de todos os seres que buscam qualidade.

Os Hexagramas

O hexagrama é formado por seis linhas superpostas, contadas de baixo para cima, que podem ser inteiras ( ) ou partidas (

).

Hexagrama é o nome dado, nas versões ocidentais, a cada um dos 64 símbolos que constituem o I Ching. É um símbolo abstrato, mas que com o tempo vai se tornando compreensível.

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Essa combinação de linhas inteiras e partidas tem uma característica notável: constitui talvez a mais antiga estrutura simbólica a utilizar o sistema binário, que, modernamente, é aplicada na linguagem dos computadores. A linha inteira, ou cheia, , representaria o algarismo 1, a passagem da corrente, o sim, o positivo, enquanto que a linha interrompida, ou quebrada, , representaria o algarismo 0, a interrupção da corrente, o não, o negativo.

O número máximo de combinações possíveis dos dois tipos de linhas em seis posições é 64.

As Linhas

Nos trigramas e hexagramas do I Ching, as linhas inteiras, , simbolizam as qualidades do chamado princípio yang, ou seja, ativo, positivo, céu, homem, luminoso, quente, firme. As linhas interrompidas, , simbolizam o princípio yin, cujos atributos são: receptivo, negativo, terra, mulher, sombrio, frio, maleável.

Tal como aparece descrito no Gênesis da tradição judaico-cristã, a criação se faz por um processo de polarização, ou seja, de uma particular separação das energias adormecidas sem forma no Caos primordial. E toda manifestação se processa mediante a dança ou luta infindável entre as duas polaridades - yang e yin, positiva e negativa, masculina e feminina, diurna e noturna, e assim por diante. Esse jogo de forças está representado no conhecido símbolo chinês do Tai Chi- -, no qual a parte branca simboliza a força criativa, masculina, ativa, yang, e a parte negra a força receptiva, feminina, negativa, yin. Os dois pequenos círculos de cor oposta, na

Na verdade, quando se estudam os 64 hexagramas não se parte da simples combinação dos dois tipos de linha, mas sim de um arranjo ternário, denominado trigrama    por ter três linhas. É a partir desses símbolos básicos, oito no total, que se constroem os hexagramas (8 x 8 = 64)

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porção mais larga de cada metade, revela que a intensificação máxima de um pólo já traz o germe da forma oposta complementar. Nada permanece estático no mundo da manifestação. Quando uma qualidade se intensifica, ela tende a se transformar (ou se mover) em direção à qualidade oposta, gerando a eterna dança das polaridades. Tal situação de intensidade que gera a mutação para a qualidade oposta é representada, no caso do I Ching, pelas linhas móveis ou

linhas em mutação. Estas podem ser tanto yin quanto yang. Uma

linha yang móvel é representada por , e uma linha yin móvel

por .

As duas forças primordiais do universo , o yang e o yin, estão sempre presentes, em proporções variáveis, em todas as coisas existentes. Qualquer fenômeno ou acontecimento contém essa polaridade fundamental, que vai se modificando no tempo e no espaço. A própria vida resulta do jogo dessas forças em permanente processo de transformação.

Os santos sábios que promoveram as civilizações humanas compreenderam as leis da transmutação que atuam igualmente no céu, na terra e no homem. É por isso que eles podiam prever os acontecimentos e agir de modo adequado, no momento oportuno. Eles são exemplos e modelos para o nosso esforço evolutivo.

Os Trigramas

Os oito trigramas - os símbolos formados por três linhas - são os componentes básicos dos hexagramas. É a partir de seus atributos que se deduzem o sentido e os diferentes significados de cada um dos 64 hexagramas.

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Os trigramas não são considerados apenas para traduzir o conteúdo dos hexagramas. Os mestres chineses são hábeis para compreender os ciclos e deduzir seus aconselhamentos a partir de diferentes distribuições circulares dos oito trigramas.

Nomes e alguns exemplos de atributos de cada trigrama

Formulação das Perguntas

 

Céu.  Criador,  forte.  É  espacial,  invisível  e  ilimitado.  Representa  o  pai.  Parte  do  corpo:  cabeça.  

Símbolo  animal:  cavalo.  span>    

Terra.  Receptivo,  maleável,  dedicado.  É  formal,  visível  e  limitado.    Representa  a  mãe.  Parte  do  

corpo:  ventre.  Animal:  vaca.  span>    

Montanha.  Quietude.  É  o  concreto,  o  sólido  e  acumulação  sólida.    Representa  o  filho  mais  novo.  

Parte  do  corpo:  mão.  Animal:  cão.  span>    

Lago.  Alegria,  jovialidade.  É  a  incógnita,  a  acumulação  líquida.  Representa  a  filha  mais  nova.  

Parte  do  corpo:  boca.  Animal:  carneiro.  span>    

Trovão.  O  que  desperta  e  movimenta.  Desperta  o  mundo  interior.  Representa  o  filho  mais  velho.  

Parte  do  corpo:  pé.  Animal:  dragão.    

Vento.  Madeira,  suave,  penetrante.  Desperta  o  movimento  exterior.  Representa  a  filha  mais  

velha.  Parte  do  corpo:  coxa.  Animal:  galo.    

Fogo.  Sol.  Luminoso,  aderente.  É  o  impulso  ascendente.  Representa  a  filha  do  meio.  Parte  do  

corpo:  olho.  Animal:  faisão.    

Água.  Nuvens,  abismo,  perigo.  É  o  impulso  descendente.  Representa  o  filho  do  meio.  Parte  do  

corpo:  ouvido.  Animal:  porco.    

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O I Ching é a representação viva e generosa do Velho Sábio, ao qual podemos recorrer sempre que necessitarmos. Não cabe diante dele qualquer sentimento de apreensão ou de respeito exagerado, que acabariam nos afastando e nos privando de sua boa influência. Para esse mestre compassivo e justo, qualquer interrogação, mesmo a de aparência mais banal, terá boa acolhida se for sincera.

Embora seja uma grande fonte de ensinamentos e de conselhos estratégicos, o I Ching é principalmente utilizado por sua função oracular.

Como a linguagem do livro é simbólica, suas respostas às nossas perguntas deverão ser interpretadas em função do assunto que estamos tratando. Muitos iniciantes sentem dificuldade para entender a reposta porque viciam a consulta com perguntas tipo "sim ou não". Na verdade, na maior parte das vezes a resposta do oráculo consiste mais em orientar o consulente para chegar a um bom resultado, e não simplesmente em responder com um sim ou não. Uma pessoa, por exemplo, pode estar doente e, nesse caso, a resposta mais útil para uma pergunta sobre saúde será a orientação para encontrar a cura e não apenas para confirmar, com um sim ou não, que de fato ela se encontra doente, o que provavelmente ela já deve estar sabendo. A postura mais eficaz para a consulta, portanto, é a de expor a questão da maneira mais clara possível e pedir uma orientação ou prognóstico, de acordo com o que for mais importante naquele determinado momento.

O I Ching não exige ritos ou complicações. É preferível imaginá-lo como um bom e sábio avô que, sem formalidades, está antes de mais nada interessado em dar a melhor ajuda possível.

Não existe, porém, qualquer contra-indicação para rituais, se isso fizer bem ao consulente. Acender incenso, fazer orações ou meditação constituem para algumas pessoas recursos benéficos para abrir a receptividade. É bom lembrar, porém, que as forças de ajuda celeste estão sempre disponíveis. Elas não precisam ser seduzidas ou compradas. O que estabelece uma conexão verdadeira é o nosso desejo de compreender a situação.

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As Formas de Sorteio

Para se obter do I Ching uma orientação específica, existem várias maneiras de sortear o hexagrama que responderá à nossa questão. Alguns recorrem ao modo direto e simples de abrir o Livro das Transmutações ao acaso, enquanto outros preferem um sistema mais elaborado, que exige o manuseio de 50 varetas.

A forma mais comum utiliza três moedas para o sorteio. Que moedas usar? Quaisquer que tivermos. Os chineses usam moedas chinesas porque são para eles as que se encontram à mão. No Brasil, o simples e óbvio será utilizar as nossas moedas. Muitas pessoas, porém, se confundem e deixam de consultar o livro porque não têm moedas chinesas. Não devemos cair nesse equívoco. Se o mais importante, o texto, já é uma versão brasileira, por que não as moedas?

Para sortear as respostas do I Ching, no entanto, faz sentido para muitas pessoas guardar moedas exclusivas para isso, ou usar moedas que tenham alguma história pessoal, porque podem ajudar a estabelecer um vínculo. Mas a criatividade poderá dar outras soluções, como a utilização de medalhas ou moedas antigas.

Todas as possibilidades de sorteio funcionam bem. O I Ching, tal como os textos sagrados, está acima das formalidades.

O sorteio é simples: lançamos as três moedas 6 vezes, uma vez para cada linha. As linhas sorteadas são yin ou yang, dependendo das combinações de cara e coroa das moedas.

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Explicar por escrito é sempre mais complicado que demonstrar. Com um pouco de paciência, porém, seguindo passo a passo as instruções, logo se aprende.

Como o hexagrama tem seis linhas, é preciso lançar seis vezes as três moedas escolhidas para o sorteio.

Em primeiro lugar precisamos convencionar com clareza qual é a cara e qual é a coroa das moedas, ou seja, qual é a face yang e qual a yin. Como sugestão, vamos considerar que a face na qual está cunhado o valor da moeda, a cara, é o lado yin. A face com o brasão ou qualquer outro elemento decorativo, a coroa, é o lado

yang.

Podemos também acolher a explicação de Blofeld, que considera a face com o valor inscrito como sendo yin (2), porque o

yin é receptivo, isto é, "recebe e grava a cunhagem do valor",

enquanto que a outra face, que em muitas moedas antigas era lisa, representa o yang (3).

O consulente, com as três moedas na mão, mantém em mente o assunto para o qual deseja obter orientação. A seguir, lança as três moedas ao mesmo tempo. A primeira jogada revela a linha inferior do hexagrama; a segunda jogada indica a segunda linha de baixo para cima e, assim por diante, até a sexta e última jogada, que indica a última linha superior.

Há quatro combinações possíveis de coroa-yang e cara-yin nos lançamentos das três moedas, e cada uma delas indica um tipo de linha, como pode ser visto na tabela que se segue:

Tabela das Moedas

Na tabela, a cara da moeda está representada pelo valor 50, e a coroa pelo desenho. O lado com o valor inscrito é yin; o lado com o desenho é yang.

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2 yin e 1 yang = linha yang, em repouso,valor 7; 3 yin = linha yin móvel, valor 6;

3 yang = linha yang móvel, valor 9.

Cada linha também pode ser designada por um número específico, que se obtém pela soma dos valores atribuídos às faces yin e yang da moeda. O lado yin vale 2 e o lado yang vale 3.

Exemplo: se saírem duas moedas com a face yang e uma com a face

yin, somaremos 3 + 3 + 2 = 8. Isso quer dizer que obtivemos uma

linha 8, ou seja, uma linha yin em repouso, ou estática, .

Não precisamos nos preocupar inicialmente com esses valores. Eles estão sendo mencionados porque, nos livros, as linhas são indicadas; por exemplo: "9 na primeira posição", "6 na quarta posição" e assim por diante.

Exemplo de um sorteio

Para facilitar a compreensão, vamos imaginar um sorteio em que as moedas deram os seguintes resultados:

6ª linha: 3 yang =

5ª linha: 2 yang, 1 yin =

4ª linha: 2 yang, 1 yin =

3ª linha: 1 yang, 2 yin =

2ª linha: 1 yang, 2 yin =

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Esse hexagrama é formado pelos seguintes trigramas:

o trigrama Vento (as três linhas inferiores)

e o trigrama Montanha (as três linhas superiores).

Para encontrar no I Ching o texto correspondente a esse símbolo, basta procurar, na Tabela a seguir, o número do hexagrama sorteado, ou seja, o número de ordem em que se encontra no Livro. Procure o trigrama inferior na coluna à esquerda (o 6º de cima para baixo, no exemplo), e o trigrama superior na fila de cima da Tabela (o 4º da esquerda para a direita, no exemplo); no cruzamento da coluna com a linha está o número do hexagrama procurado (no nosso caso, o 18).

Tabela dos Hexagramas

Superior W Rs Inferior 1 34 5 26 11 9 14 43 25 51 3 27 24 42 21 17 6 40 29 4 7 59 64 47

(16)

33 62 39 52 15 53 56 31 12 16 8 23 2 20 35 45 44 32 48 18 46 57 50 28 13 55 63 22 36 37 30 49 10 54 60 41 19 61 38 58 A Leitura

Caso não ocorram linhas móveis durante o sorteio, os textos do hexagrama obtido (Julgamento, Comentários e Imagem) contêm todos os elementos para orientar a questão formulada.

No caso de saírem linhas móveis, deve ser traçado um segundo hexagrama resultante da mutação destas linhas. A linha yang móvel, , transforma-se numa yin em repouso, , e a linha yin

móvel, , numa yang em repouso, .

Em nosso exemplo, só a sexta linha é móvel, fazendo com que o hexagrama 18 dê origem ao 46.

Quando existem linhas móveis, além da leitura do Julgamento e Imagem do hexagrama inicial, devemos ler também os textos referentes a essas linhas móveis (que no nosso exemplo seria a sexta linha do hexagrama 18) e, a seguir, completar com a leitura do Julgamento, Comentários e Imagem do hexagrama final (46, no exemplo). Deste último, por ser a conclusão e não ter mais linhas móveis, não precisaremos ler os textos referentes às linhas.

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O conjunto desses textos representa a resposta do I Ching ao consulente.

A Interpretação

Quanto mais utilizamos o I Ching, para nós próprios ou ajudando outras pessoas, tanto mais rápido compreendemos as respostas e confiamos nelas. A convivência é a via mais eficaz para a aprendizagem e serve para demonstrar na prática o poder magnífico do Livro.

Uma dúvida muito comum entre os iniciantes, quando interessados em previsões, refere-se ao tempo em que ocorrerão os prognósticos dados pelo Livro. De um modo geral, podemos considerar que existe uma seqüência temporal que começa com o hexagrama inicial, passa pelas linhas móveis e conclui com o hexagrama final. Com um pouco de prática, e à medida que deixamos bem clara a pergunta para nós próprios, aprendemos a identificar qual passagem dos textos se refere ao nosso presente. Não existe uma regra fixa para isso: às vezes, o presente é retratado pelo hexagrama inicial, enquanto que o futuro fica indicado pelas linhas móveis e pelo hexagrama final. Outras vezes, no entanto, poderemos reconhecer que o hexagrama inicial e as linhas falam dos antecedentes de nossa questão e que o hexagrama final retrata o presente ou o futuro imediato.

Bibliografia

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considerada a melhor versão do texto chinês, feita originalmente para o alemão. Tem mais de 500 páginas; a parte essencial para consultas, no entanto, está entre as páginas 29 e 196, e apresenta todos os hexagramas. Livro indispensável para quem quiser conhecer a fundo a simbologia do I Ching. Para o iniciante, a dificuldade está em encontrar, no meio do livro, as instruções para sorteio.

2. John Blofeld. I Ching, o Livro das Transmutações. Ed. Record. Tradução simplificada, cujo valor principal está na introdução acessível e didática para utilização do livro. A apresentação da edição brasileira traz uma visão geral dos princípios yin-yang, que pode ser muito útil aos iniciantes. Tome cuidado com um ponto: a tabela de sorteio com moedas, na página 75, está incorreta.

3. Carol Anthony. O Guia do I Ching. Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira. Um bom livro de estudo de cada hexagrama, que discute a compreensão dos significados práticos dos símbolos e imagens do texto traduzido por Wilhelm.

4. Wu Jyh Cheng. I Ching, a Alquimia dos Números. Editora Objetiva. Livro que estuda elementos simbólicos do I Ching sob vários ângulos, inclusive o numerológico. Seu autor, radicado no Rio Janeiro, traduziu material diretamente do chinês para o português e dá uma ótima contribuição para os estudos do Livro. Não está voltado para o iniciante que quer aprender a utilizar o I Ching como oráculo, mas é indispensável aos estudiosos brasileiros.

5. Richard Wilhelm. A Sabedoria do I Ching. Mutação e Permanência. Ed. Pensamento. Estudo do próprio tradutor do I Ching ao alemão, que trata dos princípios filosóficos do Livro.

6. James Legge. I Ching, o Livro das Mutações. Hemus, Livraria Editora Uma tradução clássica, que ajuda os estudiosos a encontrarem alternativas dos significados dos hexagramas. Sua leitura, entretanto, é muito confusa para os iniciantes.

7. Pe. Joaquim A. de Jesus Guerra. O Livro das Mutações (Yeg Keq). Macau, Jesuítas Portugueses, 1984. Apresenta a mesma dificuldade de leitura que a tradução de Legge, agravada pela edição mal cuidada. Pode ser muito útil, contudo, para o estudioso examinar outras possibilidades de compreensão do original chinês.

FIM DA PARTE I

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PARTE II

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Hexagrama

1

Ch'ien

O Criativo

As Mudanças estão em eterno movimento. É preciso deixar que elas cheguem.

Para o I Ching, o ser humano situa-se entre o céu e a terra, com um pé em cada um. Este hexagrama, geralmente, quer dizer que estamos ligados demais nas questões externas, como se somente elas constituíssem a nossa realidade. Mas não podemos esquecer que tudo no mundo exterior, na verdade, é ativado por uma realidade superior. Por isso, temos um pé no céu e outro na terra, para não esquecermos as nossas naturezas inferior e superior, ambas presentes em todos nós.

O hexagrama também representa a imagem criativa antes de ela se tornar realidade. Trata-se do potencial criativo oculto em cada situação que vivemos. Esse potencial criativo é a resposta apropriada ao problema vivido no momento. Mas a resposta só pode ser encontrada quando estamos receptivos a ela, com a mente aberta. Se

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invocarmos o Criativo, poderemos chegar facilmente ao sucesso, à solução do problema que nos preocupa. Essa solução pode surgir de repente, como um desfecho inesperado de um filme.

Entretanto, se tentarmos alcançar a resposta por meio do intelecto, as chances de fracasso são grandes.

O Criativo nos diz que, assim como uma semente brota e surge a planta, a imagem criativa que precisamos também pode tomar forma. Assim, surge lentamente a luz da compreensão, que nos permite reagir da maneira adequada aos problemas enfrentados no presente momento.

O processo, porém, requer perseverança. O tempo é o meio que nos levará ao sucesso. Perseverança para o I Ching significa estar com a mente aberta, livre de dúvidas e medos. Não pode haver espaço para a insegurança, as vaidades pessoais e a ansiedade. O intelecto deve ser deixado de lado porque a solução não surgirá de uma elaboração consciente. Ela simplesmente virá. É preciso aceitar a não-ação como parte do processo criativo e, então, com humildade e perseverança, o sucesso virá.

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Hexagrama 2

K'un

O Receptivo

Aceite tudo, assim como a terra recebe tudo o que jogamos nela.

K'un significa o feminino em seu sentido cosmológico, o modo como os atributos femininos ocorrem na natureza. É o princípio gerador da vida, que surge quando se dá o encontro, a relação complementar.

Este hexagrama fala de um espírito disposto a seguir o Poder Superior (O Sábio ou nosso Eu Superior) sem hesitação. A receptividade de que nos fala K'un deve deixar que as coisas aconteçam naturalmente, que sejamos guiados pelo momento, que deixemos os fatos seguirem o seu fluxo, sem interferências. Seguindo nosso caminho, permitindo que os outros partam ou cheguem.

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Este hexagrama é um desafio para que aperfeiçoemos a receptividade, sejamos mais humildes e pacientes, como uma boa égua que permite que lhe apontem o caminho a seguir e aceita as cargas colocadas em seu lombo. Do mesmo modo, não devemos nos perturbar tanto com o que acontece no mundo externo. As atitudes alheias não podem ser alvo de nosso julgamento ou sofrimento.

Se as pessoas são desleais ou insensíveis, deixemos que as coisas fluam, sem que nos tornemos vingativos, rudes ou amargos. Não devemos nos guiar pelas mágoas e cair na defensiva, sentindo-nos com o orgulho ferido ou humilhados. Isso nos levaria a uma perda de equilíbrio nada desejável segundo o I Ching.

É preciso que as pessoas não sejam rotuladas nem vistas como adversárias somente porque cometeram um erro num determinado momento. O coração deve permanecer sempre aberto, receptivo, porque ninguém é incorrigível. Todos podem, em qualquer época, mudar de comportamento. Se pensarmos assim, os outros terão espaço e tempo para que se corrijam, se for o caso. Ao mesmo tempo, estaremos nos poupando de um sofrimento desnecessário.

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Hexagrama 3

Chun

Dificuldade Inicial

Chuva e Trovão nos oferecem uma efervescência de caminhos. Não se intimide.

Este hexagrama representa as múltiplas possibilidades que existem no início de uma situação. São tantas as alternativas que, muitas vezes, ficamos sem saber que rumo tomar. Mas não devemos permitir que a tempestade, que o caos, nos intimide. Também não é aconselhável que nos forcemos a resolver uma situação apenas para sair dela o mais rapidamente possível.

É preciso perseverar na não-ação, no desprendimento.Receber este hexagrama é comum quando nos encontramos numa situação em que a tensão nos impede de ter uma verdadeira perspectiva. Por isso, acabamos por adotar qualquer solução que se apresente, precipitando-nos.

Só é possível termos uma perspectiva do problema vivido quando nos livramos das tensões e encaramos a

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situação como algo que merece reflexão. Pedir ajuda ao Poder Superior também ajuda.

É preciso compreender que essas situações de mudança contêm múltiplas boas possibilidades. Mas, muitas vezes, só percebemos isso bem mais tarde, quando já superamos a situação. Mas esse momento deve ser entendido como algo muito dinâmico, no qual há mutações em processo. Mudanças no mundo interior começam a se projetar no exterior. Para que elas cheguem ao fim, não devemos interferir. Elas devem simplesmente seguir o seu curso. O único papel que nos cabe é o da paciência e o da humildade em pedir ajuda. Não adianta forçar um determinado desfecho. Um insight surgirá, trazendo uma solução.

É imperioso que confiemos no Poder Superior. As coisas só funcionarão quando seguirmos a verdade e fizermos o que for certo. A desistência provoca o fracasso. É preciso deixar a "roda do destino" começar a rodar no sentido do progresso. Mas isso acontecerá naturalmente, sem atitudes que forcem um resultado.

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Hexagrama 4

Meng

A Insensatez Juvenil

Tenha humildade para aceitar que existe o TAO. Confie nele.

Este hexagrama fala do relacionamento entre o Sábio, que fala através do I Ching, e a pessoa que o consulta. O Sábio só virá em nossa ajuda se tivermos uma atitude correta, se confiarmos no Poder Superior, no TAO. Se formos céticos, cínicos ou hostis, ele permanecerá distante e as resposta serão sempre incompreensíveis. Na medida em que somos descrentes, bloqueamos qualquer ajuda que possa vir do Sábio. Ele não ajuda a quem não tem humildade e mente aberta.

Ao consultarmos o I Ching, devemos nos livrar das idéias preconcebidas. Elas dificultarão o aprendizado e a solução do problema que nos aflige. É preciso também superar o medo que temos das respostas do I Ching. É como

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se elas pudessem destruir as nossas defesas, como se fôssemos incapazes de enfrentar uma determinada verdade. Cada vez que consultamos o I Ching, temos uma nova lição. Se consultamos diariamente, então, cada lição deve ser concluída em breve espaço de tempo.

Se o consultamos uma vez por ano, a lição talvez requeira bem mais tempo para ser compreendida. Essas lições, obviamente, não acontecem apenas através do I Ching, embora ele seja uma espécie de lanterna que nos permite atravessar o caminho de forma mais segura.

Às vezes, este hexagrama nos fala também da tendência a pensar que não há um meio de superar os obstáculos. Mas a melhor maneira de superá-los é através da perseverança, apegando-nos ao que já sabemos que é correto. O Sábio, na verdade, não nos dá respostas imediatas. Ao contrário, desdobra cada passo a ser dado num longo caminho. O difícil é superar os medos, deixar a insensatez juvenil de lado e entender o que o Sábio quer dizer. Para isso, é preciso aceitar as próprias fraquezas e erros, com modéstia e bondade. Assim, ficará mais fácil entender também as fraquezas e erros alheios e, conseqüentemente, atrair outras pessoas ao caminho superior.

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Hexagrama 5

Hsu

A Espera

Espere as nuvens se formarem e a chuva cair. Ela virá de qualquer jeito.

Uma correta atitude de espera é modesta, descompromissada e independente.

É preciso entender que o progresso resulta de um acúmulo de desenvolvimento.

Assim como antes que a chuva caia são necessárias nuvens, também o ser humano deve esperar. Daí virá o progresso. A dúvida e a impaciência jamais devem dissipar a nossa energia.

Ao colaborarmos com o tempo, saberemos a hora certa de agir.

Quanto mais mantivermos a independência interior, mais forte se torna o poder criativo. Quando nos precipitamos para realizar mudanças, elas acabam sendo

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superficiais e não perduram porque não foram fundamentadas numa base interior. Já a espera conduz a lentas, mas permanentes e sólidas mudanças.

Receber este hexagrama pode significar que nossa atitude de espera está incorreta. É como se tivéssemos medo de sermos enganados e, no final, não venha a tão sonhada felicidade. Esse tipo de dúvida gera medo e impaciência, levando-nos a tentar acelerar a situação.

O esforço, no entanto, será em vão porque ele sempre indica uma perda da independência interior.

Quando nos esforçamos demais para solucionar um problema, estamos, na verdade, duvidando da capacidade de os outros seguirem o seu próprio caminho.

É preciso dar espaço para que cada um tome o seu rumo, sem interferir na direção a ser tomada por ele ou tentar influenciá-lo. Esperar o tempo do outro faz parte do caminho para o sucesso.

Cada linha deste hexagrama indica possíveis erros na atitude de espera. Um deles é a dúvida. Para bloquear a sua ação, aconselha-se a "Regra dos três minutos". Se conseguimos escapar às suas pressões durante apenas três minutos, as forças negativas fracassarão na tentativa de nos dominar. Há um desafio a ser vencido, mas não precisamos ficar ansiosos. Temos que estar preparados, mas sem deixar que o medo nos domine.

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Hexagrama 6

Sung

Conflito

Pare de questionar tudo. Em vez de perguntar sobre a vida, Encante-se com ela.

Um conflito nos faz questionar por que as coisas são como são e o que devemos fazer. O problema é que, quando procuramos respostas abrangentes ou tentamos alcançar a segurança do conhecimento, deixamos de acreditar que o Criativo mostrará o caminho quando chegar o momento certo. Este conflito interno é causa de todas as outras formas de conflito. Por isso, devemos evitá-lo.

Receber este hexagrama é a confirmação de que estamos em conflito interno. Tomados pelo medo e pela dúvida, desejamos respostas que satisfaçam as nossas necessidades emocionais, que nos dêem segurança a respeito do mundo. Quando nos encontramos nesse estado,

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porém, o aconselhável, segundo este hexagrama, é justamente parar de questionar e de tentar obter respostas. Não adianta tentar ir até o fim de um problema apenas para nos livrarmos dele e da ambigüidade gerada pela situação. "Ir até o fim" de um problema, na verdade, está longe de ser uma solução porque se trata de uma atitude voluntariosa, que tem como objetivo apenas se livrar da pressão.

A solução para o problema surge quando justamente nos desligamos emocionalmente dele. Aí é que surge a real perspectiva. Emaranhados no conflito interno, somos incapazes de ver que o Sábio e o Destino trabalham juntos a nosso favor. O Sábio guia, enquanto que o destino determina a maneira pela qual os fatos se desenrolam.

No conflito, podemos também estar indecisos em relação a que caminho tomar. Entretanto, quanto mais insistirmos na questão, mais nebulosa ela se mostrará aos nossos olhos. É preciso desligar-se do problema e, então, a solução surgirá por si mesma. Se já tomamos uma decisão e ultrapassamos a encruzilhada, não devemos olhar para trás. Temos que avançar sempre. Se cometermos um erro, nossa sincera vontade de acertar neutralizará seus maus efeitos.

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Hexagrama 7

Shih

Multidão

Uma guerra está prestes a acontecer. Prepare-se para ela sem temor.

Recebemos este hexagrama quando estamos prestes a ser desafiados, seja por um problema objetivo, um conflito pessoal ou alguma situação que ameace nossa independência emocional. É um momento de desafio, no qual nossas atitudes infantis precisam ser controladas e dominadas. Quem fará isso é o Exército, que simboliza o relacionamento entre os elementos superiores e inferiores de nossa personalidade.

A guerra diz respeito a prolongados conflitos internos entre nós e os outros, ou a batalhas individuais, quando somos desafiados por aqueles que duvidam de nós ou invejam nossa independência.

Segundo os princípios do I Ching, os desafios devem ser vencidos com recursos modestos. Após cada

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batalha, é fundamental recuarmos a fim de que nossa simplicidade e independência sejam restauradas. Isso significa que não devemos alimentar sensações de poder obtidas com a vitória. Em vez de nos vangloriarmos em cima dos louros, devemos seguir nossa marcha lentamente. O progresso lento é que trará a mudança duradoura. Para isso, é necessário domar as tropas (elementos inferiores da nossa personalidade) no momento da batalha. Quando os inferiores são conduzidos pelo Homem Superior ( a natureza superior do indivíduo), o exército avança ou recua, conforme pede a situação. Os métodos utilizados são os corretos e tudo corre bem porque a personalidade permanece forte e superior. O Homem Superior prepara as tropas para a batalha incutindo-lhes disciplina. Sob o fogo do combate, elas só devem agir se quando e quando for ordenado.

Após a vitória, ocorre a retirada, que é um desligamento disciplinado de toda reação emocional, quando nos mantemos neutros, aceitando a situação como ela é. O desligamento ocorre passo a passo, de uma forma determinada e planejada. É nesse momento que o nosso Exército bate em retirada.

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Hexagrama 8

PI

Manter-se Unido (Solidariedade)

Água e Terra se misturam.

Mantenha-se unido ao que acredita.

Quando nos guiamos por nosso senso interior de verdade, a reação que apresentamos às situações é denominada o TAO da pessoa: O caminho que se encontra em harmonia com o nosso eu essencial e com o Cosmo. Para descobrir essa verdade interior é necessário olhar para dentro de si mesmo, despertando o "Grande Homem" o "Homem Superior" (ou "Grande Mulher" "Ser Superior") que existe em nós.

A busca do que é mais verdadeiro em nós mesmos é o desafio de cada momento da vida. O I Ching é uma ajuda e tanto nessa busca, nessa jornada que conduz à integração moral e espiritual. Este hexagrama nos fala também de um impulso humano para entrar em harmonia com os outros. Para manter unidas as pessoas que nos cercam, porém, é

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necessário ter consistência, grandeza e força. Tal indivíduo funcionará como um centro para unir as pessoas e será um ponto de referência, no qual todos podem confiar.

O hexagrama pergunta: "Você possui grandeza interior, constância e perseverança?"

Isso significa: Somos capazes de manter a independência interior, de permanecer firme diante das tentações, de esperar a solução dos problemas surgir naturalmente? No início da jornada espiritual de cada um, dificilmente se tem essas características, embora todos tenham nascido com elas. Com a aculturação, porém, as perdemos. E elas só são recuperadas diante de um novo desafio. Receber este hexagrama pode indicar que este desafio já existe ou surgirá em breve.

Será o momento, então, de superarmos nosso medo, orgulho, raiva e interesses pessoais. Nosso caminho consiste em avançarmos em linha reta para frente, apegados apenas à nossa independência interior. Não devemos olhar para o lado. Essa tendência aparentemente inofensiva é o que nos leva ao questionamento, provoca a carência e os medos. É preciso simplesmente caminhar, firmes, atentos e serenos.

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Hexagrama 9

Hsiao Ch'u

O Poder De Domar Do Pequeno

É preciso ter força para superar os obstáculos, mas não fique obcecado.

Este hexagrama indica que nossa influência está limitada pelas circunstâncias. Há pessoas começando a entender o nosso caráter e a respeitar nosso sistema de vida, mas não o bastante para corrigirem a maneira como se relacionam conosco. Só obtemos progresso até o ponto onde esbarramos na influência do outro. Enquanto as relações não forem firmes e corrigidas, precisamos manter cautela e nunca deixar pequenas vitórias acabarem com a nossa autodisciplina.

Ao aceitarmos a maneira lenta como a natureza age, estamos dando o espaço necessário para os outros descobrirem o seu caminho e segui-lo. Isso é feito com paciência e modéstia. A impaciência, que nasce do desejo e da dúvida, indica a tentativa do ego de controlar a situação a todo custo. O empenho, porém, está condenado ao fracasso. Temos o hábito de acelerar as coisas e abandonar a espera paciente quando acreditamos que o momento certo talvez não surja na rapidez desejada.

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A pressão para avançar a todo custo, no entanto, não nos leva ao lugar desejado. Muito pelo contrário. O ego acaba interceptando o nosso senso de verdade. O Homem Superior deve acreditar na sua capacidade de reconhecer a verdade interior e de transmitir mensagens. O verdadeiro poder está em se demonstrar desprendimento, não se envolver em esforços monumentais nem em batalhas de argumentos (que de nada adiantariam). É preciso confiar no I Ching (no Sábio), nos seus conselhos, e não deixar levar pelos desafios impostos por outras pessoas.

O importante é sermos fiéis a nossos princípios e sermos sinceros no nosso caminho. Quando estamos sinceramente ligados aos nossos princípios, conseguimos tirar dos outros o melhor que eles têm a dar. Quando a verdade triunfa, as ilusões por si mesmas se desfazem. E quando aceitamos as coisas exatamente do jeito que elas são, estamos em paz interiormente, conscientes da nossa responsabilidade, sem transferi-la a ninguém.

A interpretação deste hexagrama, exigirá uma grande dose de intuição, tanto nas relações entre as pessoas como na conjugação das circunstâncias exteriores, convém ter muito tato e muita sensibilidade. Psicologicamente, é preciso pensar na importância do "vazio" interior (representado pela única linha Yin), que é uma garantia de adaptação flexível às pressões do mundo ou de nossas próprias energias.

(Dessa perspectiva, pode-se fazer uma outra comparação com o hexagrama 61.Chung Fu / A Verdade Interior, situação da segunda parte da Ordem numérica, na qual temos duas linhas Yin centrais em vez de uma única.)

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Hexagrama 10

Lu

A Conduta (Trilhar)

Siga a trilha do seu destino cultivando a inocência e o respeito pelo Divino.

Este hexagrama se refere a um desafio feito ao Destino. Quando deveríamos permanecer inocentes e simples na nossa conduta, resolvemos criar oportunidades, cheios de autoconfiança e teimosia. Desafiamos o Destino quando ultrapassamos o tênue limite para dizer à outra pessoa o que há de errado com ela. No entanto, não nos cabe achar que temos uma conduta mais correta ou que temos mais direitos do que os outros.

No I Ching, esse tipo de conflito com os outros chama-se litígio. Esse conflito permanente nos leva a adotar atitudes duras, vingativas ou impacientes. Às vezes, chegamos a desistir das pessoas, rotulando-as como "incorrigíveis". Em geral, supervisionamos o comportamento do outro e o punimos quando achamos que transgrediu nossos valores. Agimos como uma espécie de guarda,

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tomando conta das atitudes do outro e, quando algo não sai como esperamos, nos sentimos ofendidos e feridos na nossa vaidade.

Incorremos num erro muito grande quando achamos que sabemos o que os outros deveriam fazer ou não. Agimos como fariseus. Desse jeito, as pessoas percebem nosso sentimento de superioridade e nossa atitude fiscalizadora as impede de fazer o que é certo pela sua própria vontade. As pessoas não gostam de agir em resposta à cobrança de alguém, como se estivessem acatando servilmente as suas demandas. Por isso, devemos permitir que cada um encontre o seu caminho, no seu tempo e ritmo.

Ao deixarmos de lado essa atitude repressora, damos espaço aos desejos e demandas do outro, sem intromissões. Isso não significa que fecharemos os olhos diante do mal feito. Mas apenas ficaremos firmes no que acreditamos como verdade, sem impor valores a ninguém. Enquanto isso, vale a pena se ligar ao que há de melhor em cada um e deixar claros os nossos limites. Enquanto os outros não forem corretos no relacionamento conosco, devemos manter uma atitude de reserva..

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Hexagrama 11

T'ai

Paz

A Paz precisa ser cultivada diariamente e as Leis do Universo respeitadas.

Este é um hexagrama perfeitamente equilibrado. K'un sobre Ch'ien - Terra sobre Céu.

A Imagem: Quando as influencias do Céu e da Terra

se combinam, todas as coisas são possíveis. Contudo, para alcançar êxito, essa infinidade de perspectivas deve ser tratada de maneira metódica. Para promover o completo desenvolvimento, as ações corretas devem estar sincronizadas com as Leis Universais.

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O Julgamento: Quando as pessoas e as coisas estão

em relação correta, é possível uma existência harmoniosa. Quando os bons são poderosos e governam, os maus se submetem às influencias do bem, e eles próprios progridem. Essas mudanças favoráveis estão acontecendo agora.

As forças do céu e da terra encontram-se em equilíbrio perfeito, o que simboliza uma pessoa que conseguiu encontrar um equilíbrio entre as qualidades do céu e da terra dentro de si mesma. Ela está em harmonia com o Universo. As forças do céu (no trigrama inferior) mostram que somos auto-suficientes e discretos; não importa o que aconteça, não perdemos o equilíbrio interior. As forças da terra (no trigrama superior) simbolizam nossa receptividade ao mundo externo; deixamos de erguer barreiras defensivas, adotamos uma atitude neutra.

É importante, porém, não esquecermos que o tempo de Paz foi conseqüência de um equilíbrio em nossa atitude. E para manter essa paz, a boa sorte, é necessário não ter recaídas. Ficamos mais acomodados, podemos nos tornar orgulhosos e autoconfiantes demais. O Hexagrama nos lembra que devemos permanecer atentos e perseverantes. O aprendizado nunca acaba, nem mesmo quando alcançamos a paz. Outro detalhe relevante é que, nos momentos de paz, muitas vezes perdemos a paciência com os erros dos demais. Devemos, porém, continuar modestos, sem criar uma má disposição em relação àqueles que ainda não alcançaram o mesmo equilíbrio do que nós. Muito pelo contrário. Devemos, sim, servir de intermediários entre o Sábio e as outras pessoas. Jamais podemos presumir que uma vez alcançada a paz, ela se sustentará por si mesma. Não! Ela deve ser cultivada sempre. Afinal, não podemos contar com o destino indefinidamente. Tudo pode mudar a qualquer momento. Tudo está em constante mutação. Conscientes disso, devemos evitar determinadas armadilhas. Os elogios que recebemos são uma dessas

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armadilhas com as quais nos deparamos o tempo todo. Para fugir dela, é preciso manter a mente aberta e sermos pacientes e modestos. A indulgência não pode nos fazer fraquejar diante de pequenas vaidades.

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Hexagrama 12

PI

Estagnação

Quando não há progresso à vista, tente boiar sobre as águas do mar.

Este hexagrama fala sobre como lidar com as dificuldades e situações duras, nas quais parece não haver nenhum progresso. Nessas situações, surgem logo a tensão e o conflito interior. O remédio está justamente em não tentar enfrentar a situação. Até que a calma seja restabelecida, nada poderá ser feito. É como se a Roda do Destino estivesse presa num atoleiro e, por isso, o progresso cessou. Receber este hexagrama também pode estar ligado a épocas em que ficamos presos numa encruzilhada, sem saber que direção tomar.

O I Ching nos diz que é importante não perdermos tempo nas encruzilhadas do conflito pessoal, remoendo qual seria a atitude correta, porque a solução não virá desta maneira. O ego sempre tenta descobrir uma forma de fazer as coisas funcionarem, de exercer o controle sobre elas. Mas nenhuma estratégia funciona.

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O melhor a fazer sempre é seguir em frente com cautela, evitando criar esperanças ou desesperanças. O destino por si só indicará o caminho a seguir, no momento que for adequado, e não aquele que desejamos.

O caminho a seguir é o da menor resistência. Nosso destino funciona com uma lógica matemática. Se formos corretos e equilibrados, tudo no Cosmo vem em nosso socorro. Se estivermos em desarmonia conosco, os movimentos ficam bloqueados. Somente o crescimento interior leva ao progresso, que brota de dentro para fora, e jamais da forma contrária.

Uma atitude corretamente equilibrada é firme e independente, sem presunção. Não podemos ser arrogantes e agir como se fôssemos deuses onipotentes. Ao mantermos uma atitude pura e alerta, O Sábio atua sobre nós e somos convocados à ação pelos eventos. Podemos alcançar o progresso apenas atendo-nos a tais atitudes. Assim, o que quer que aconteça nos conduzirá na direção correta.

A confiança no poder do bom e do verdadeiro derrota os efeitos negativos do medo e da dúvida.

O resultado será o sucesso.

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Hexagrama 13

T'ung Jên

Comunidade com os Homens

A verdadeira fraternidade é a união que mantemos com o Poder Superior.

Este hexagrama aponta para o refinamento espiritual, para o senso de humanidade que existe em todos nós. Em qualquer espécie de união, é fundamental que as pessoas tomem conhecimentos dos medos, dúvidas e expectativas existentes em cada parte. Se todas as partes tentarem lidar com essas questões sinceramente, poderá se estabelecer um entendimento profícuo. Um entendimento baseado em confiança mútua e fraternidade.

Se tivermos reservas em relação a uma determinada pessoa, está arruinada qualquer possibilidade de acordo. Ao fazermos acordos com quem quer que seja, devemos, antes, ter certeza de que não existem reservas ocultas na atitude de um ou outro. Se ficarmos atentos, geralmente, essas reservas vêm à tona. Quando isso ocorre, cabe a nós deixar o acordo de lado até que as diferenças tenham sido resolvidas.

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O hexagrama nos diz também que uma união duradoura - entre nós e Deus, entre marido ou mulher ou entre quem quer que seja, deve se basear em conceitos universais. Ou seja, as uniões devem ser justas sob o ponto de vista de todas as pessoas envolvidas.

Simpatias e antipatias devem ser deixadas de lado em benefício do que é mais importante. Receber este hexagrama pode querer dizer ainda que é preciso rever nossa atitude na comunidade. Será que é correto o que esperamos dos outros?

Seguir os princípios da fraternidade não equivale a ter que gostar dos outros quando sentimos o contrário. Também não significa que devemos considerar as pessoas dignas de crédito antes que elas nos dêem prova disso. É claro que devemos nos mostrar reticentes quando os outros demonstram não estar sendo sinceros conosco. Unir-se em comunidade requer cuidados. Isso não quer dizer, porém, que devemos alimentar desconfianças. Com essa atitude, despertamos nos outros a mesma desconfiança em relação a nós mesmos e impossibilitamos o surgimento de um relacionamento satisfatório.

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Hexagrama 14

TA YU

Grandes Posses

Finalmente a luz se fez e já é possível compreender o que se passa à nossa volta.

Este hexagrama se refere ao estado de serenidade e independência interior que atingimos quando perseveramos e tentamos encontrar o caminho correto. Neste estado, somos a manifestação do Poder Superior. A independência interior é um bem adquirido após superarmos a autopiedade.

O caminho correto é um bem adquirido ao abdicarmos de atos equivocados.

O Hexagrama revela que se, de fato, possuímos alguma coisa ela não pode ser perdida ou destruída.

O que ganhamos - o progresso conquistado com esforço árduo - não pode ser perdido, ainda que haja recuos

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temporários. Rupturas em nossos relacionamentos, por exemplo, podem ser uma oportunidade para uma melhoria de atitudes e aprendizado.

O que o I Ching chama de "Grandes Posses" tem a ver com clareza mental, desprendimento e segurança interior. Não é algo que possamos simplesmente criar, usando nosso esforço. Ocorre quando nos encontramos em harmonia com o Cosmo. Essa harmonia existirá enquanto seguirmos o que é bom e verdadeiro. Diante do mal, devemos nos acautelar para que os elementos inferiores não nos contaminem.

A conquista de "Grandes Posses" é um encontro com o Criativo. Uma vez que isso aconteça, é importante não abusar do poder assim gerado. Existe o perigo de ficarmos demasiado duros, esquecendo que tudo o que conquistamos não foi fruto apenas de nosso esforço. Só conseguimos o que conseguimos graças ao Poder Superior. Ele é o responsável por nosso sucesso. Não devemos também cair na tentação de esquecer a modéstia. É o cultivo da modéstia e da independência interior que nos manterá no caminho do sucesso.

Devemos nos manter afastados, não aceitando as lisonjas nem aceitando desafios que nos levem a atitudes defensivas. Aqueles que tentam nos desafiar emocionalmente devemos deixar seguir o seu caminho.

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Hexagrama 15

Ch'ien

Modéstia

Seja como a montanha, que não se incomoda de virar planície, se for preciso.

A montanha se desgasta para se transformar em planície. Essa é a imagem da modéstia: Um estágio de evolução. O hexagrama aconselha a nos livrar da ostentação ( Os cumes da montanha) e a desenvolver nosso caráter (preenchendo as falhas profundas). Recebê-lo significa que precisamos refletir mais sobre a modéstia. Na prática, ser uma pessoa modesta equivale a se deixar levar pelo Poder Superior, sem oferecer resistência.

A resistência nem sempre é óbvia. Ela pode assumir formas sutis, como, por exemplo, quando o ego elabora planos e esquemas para abordar os problemas. A modéstia significa que, enquanto estivermos atentos a nossos valores e princípio, estamos receptivos à nossa voz interior, às oportunidades para que façamos a coisa certa. Geralmente, elas surgem em momentos surpreendentes. É modéstia também não avançar demais para acelerar o

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progresso. O I Ching diz que só devemos caçar o animal que se expõe voluntariamente, ou seja, não devemos tentar obter mais do que a situação permite.

Modéstia tem a ver com nos permitirmos a dependência do Cosmo e pedir a ajuda do Sábio quando necessário. A modéstia se baseia na simplicidade e sinceridade. As presunções arrogantes nos afastam do Sábio, das outras pessoas e da possibilidade do inesperado. Ser modesto é manter a mente aberta e reconhecer que o caminho cheio de curvas do Criador trabalha em benefício de todos, enquanto que a encruzilhada criada por nosso egoísmo serve apenas aos nossos interesses pessoais, muitas vezes em detrimento das outras pessoas.

A modéstia faz bom uso do silêncio e da reserva. Não devemos nos precipitar em oferecer ajuda porque nossa interferência pode estar sendo exagerada e roubando o espaço dos outros para o aprendizado.

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Hexagrama 16

YU

Entusiasmo

Não tente resistir. A não resistência é o melhor caminho a seguir.

Este Hexagrama aborda três tipos de entusiasmo:

A inspiração em seguirmos um caminho por vermos que é o correto;

A inspiração que produzimos nos outros por sermos equilibrados e corretos;

E o entusiasmo ilusório.

Quando damos atenção aos desejos, ansiedades e preocupações do nosso ego, desenvolvemos entusiasmo pelas soluções que ele propõe, o que significa que é um entusiasmo enganador. Esse entusiasmo é o oposto daquele que ocorre quando percebemos que o trabalho firme e paciente acabará com os obstáculos que existem entre nós e

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nossos objetivos.

O I Ching nos mostra um caminho muito mais ligado ao ordinário do que ao extraordinário. Isso significa que o que importa são as atitudes do dia-a-dia, o relacionamento com as pessoas, e não projetos para salvar o mundo. Não precisamos virar heróis, mas sim ter uma atitude correta diante dos desafios rotineiros da vida. Em vez de nos exibirmos e buscarmos reconhecimento e elogios, devemos fazer o bem de forma invisível.

O objetivo é somente seguir o caminho Superior. Na verdade, não existe um alvo a ser alcançado, mas apenas o caminho e o trabalho de trilhá-lo, da melhor maneira que pudermos. Nossa vida diária nos proporciona o que necessitamos para crescer e evoluir espiritualmente. Não precisamos viajar nem ter experiências exóticas. A vida cotidiana nos oferece todas as situações apropriadas para o desenvolvimento da paciência, modéstia, reserva e mente aberta. Fluir com o tempo, aceitar a vida modestamente como ela se apresenta, buscar apenas ser sincero no próprio sistema de vida e verdadeiro consigo mesmo: esse é o caminho.

Devemos evitar o entusiasmo ilusório de que atos grandiosos foram responsáveis pelo sucesso alcançado. Na verdade, não temos o poder de manipular os eventos. Da mesma forma, devemos evitar atitudes arrogantes e não nos vangloriarmos de uma suposta superioridade, que é irreal.

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Hexagrama 17

Sui

Seguir

Seja fiel aos próprios valores e as portas do Destino se abrirão naturalmente.

Ser fiel ao bom e verdadeiro que existe dentro de nós é servir ao Poder Superior. Apenas sendo fiéis a nós mesmos podemos ser fiéis também aos outros. E quando seguirmos a nossa verdade interior conseguimos despertar nas pessoas a confiança necessária que elas também sigam o que é bom e verdadeiro dentro delas. Este hexagrama deixa claro que, ao convidar outras pessoas a nos seguirem, devemos compreender os princípios do trabalho. As pessoas só podem seguir-nos sem prejuízo quando estamos realmente voltados para o que é bom e correto. Nossa dedicação à verdade atrai o respeito e a lealdade dos demais. Mas isso ocorre naturalmente. Nenhuma lei ou obrigação é capaz de impor lealdade.

O Hexagrama nos diz que todo bem é alcançado quando seguimos o bem interior. Não há necessidade de manipulações, interferências ou imposições. Se cairmos

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nessa armadilha, estamos agindo como a criança mimada, que choraminga porque ainda não tem aquilo que deseja e tenta impor a sua vontade.

Receber este hexagrama pode significar que assumimos uma atitude de resistência, irritados, porque a situação ainda não se resolveu e estamos prestes a abandonar nosso destino de resgatar os outros. Não podemos, entretanto, desistir. É preciso recuperar a independência interior, libertar-nos das emoções e continuar seguindo o bem. Devemos lembrar quantas vezes ficamos impacientes por causa dos reveses e tais reveses são conseqüência de alguma indulgência pessoal.

O I Ching diz que só podemos liderar os outros quando seguimos o bem. Nada alcançaremos se nos retrair-mos e nos fecharretrair-mos porque, assim, eles não seguirão o caminho. A mente deve permanecer aberta, mas não adianta tentar mostrar a verdade a quem não está interessado em enxergá-la. Se a atitude de alguém é de resistência, não devemos insistir. Deixemos que a situação apropriada surja num outro momento.

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Hexagrama 18

KU

Trabalho sobre o que se Deteriorou

Seja tolerante com o que se deteriorou, em você mesmo e nos outros.

Receber este hexagrama indica que as percepções e crenças que julgávamos definitivas são incorretas. Ele também nos questiona em relação aos meios que estamos usando para nos relacionar com o Sábio, com o destino, com outras pessoas ou com a nossa situação em geral. Devemos fazer uma auto-análise e avaliar nossa maneira de reagir ao tratamento recebido dos outros. Antes de ir em frente, é preciso reconhecer nossas falhas e corrigi-las.

O I Ching muito se preocupa com perspectivas falhas e difamações da verdade. Buscar consolo numa postura vingativa ou rude é uma das atitudes falhas nas quais costumamos cair. É comum também que desconfiemos de Deus e da bondade da natureza humana e acreditemos que a vida é só sofrimento. O apego a essas idéias leva ao

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erro e ainda pode influenciar outros a adotá-las.

Este hexagrama mostra ainda a maneira correta de reagirmos aos outros, quando eles se mostram insensíveis, indiferentes ou injustos. Para uma reação correta, é imprescindível que eliminemos a raiva e nos libertemos de considerações pessoais, como o desejo ou a inveja. Devemos reconhecer as atitudes erradas, mas dentro de um contexto justo e moderado. Assim, o poder da verdade interior acaba corrigindo o problema.

Com a correção de atitudes, as resistências se desfazem, a suspeita e a desconfiança desaparecem e, pouco a pouco, a situação volta à normalidade, recuperando seu equilíbrio. Enquanto isso não ocorre, porém, não devemos apelar para a força ou pressões. Deixemos que as coisas sigam seu curso natural, dando espaço e tempo para os outros. Se formos consistentes em nossa neutralidade e afastamento, os outros perceberão e seguirão o mesmo caminho.

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Hexagrama 19

LIN

Aproximação

Tempos melhores virão, mas isso não autoriza ninguém a se descuidar.

Quando desenvolvemos uma atitude equilibrada, sincera e perceptiva, ganhamos a ajuda do Sábio. Em decorrência disso, a situação melhora e as tensões se dissipam. Juntamente com essa boa notícia, o hexagrama avisa que devemos nos proteger contra uma atitude descuidada e autodestrutiva. Se a tensão diminui, corremos o risco de voltarmos à arrogante autoconfiança de antes e esquecermos que as causas de nossa boa sorte foram a simplicidade e a humildade.

Não devemos jamais imaginar que, uma vez que o Sábio nos ajude, ele estará sempre disponível. À medida que formos nos descuidando, que nos tornarmos mais tolerantes com os nossos elementos inferiores, perdemos a disciplina.

Referências

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