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Resumo. Palavras-chave: valoração econômica; métodos de valoração; aspectos teóricos da valoração; aspectos operacionais de valoração.

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Valoração de nada e precificação de tudo? A herança maldita das valorações dos serviços ecossistêmicos de R. Costanza.

Carolina Tavares da Silva Bernardo, Jorge Madeira Nogueira e Claudiano Carneiro da Cruz Neto

Resumo

Aplicações de métodos de valoração econômica de bens públicos (ambientais) parecem “precificar tudo e valorar nada”. Elas desconsideram pressupostos teóricos e as exigências metodológicas de tais métodos, transformando os resultados obtidos em meras estimações monetárias, vazias de significado econômico. Evidências desse uso pouco rigoroso dos métodos são os exercícios de Costanza e seus colaboradores em dois artigos publicados com quinze anos (1997 e 2014) de intervalo. Nosso objetivo ao analisa-los é mostrar as evidentes limitações e erros grosseiros de medida em ambos. A popularidade do primeiro artigo (e a crescente popularidade do segundo) entre não economistas ambientais explica a percepção distorcida, por parte de muitos, do que é valoração econômica ambiental.

Palavras-chave:

valoração econômica; métodos de valoração; aspectos teóricos da valoração; aspectos operacionais de valoração.

Abstract

Applications of methods of economic valuation of public (environmental) goods seem to "pricing everything and valuing nothing." They disregard theoretical assumptions and methodological requirements of such methods, transforming the results in mere monetary estimates, empty of any economic significance. Evidences of such lack of rigorousness in using these methods are two exercises by Costanza and his collaborators published within fifteen years (1997 and 2014) from one and to the other. Our goal in analyzing them is to show the obvious limitations and gross errors of measurement in both. The popularity of the first article (and the growing popularity of second) among non-environmental economists explains the distorted perception, on the part of many, of what is environmental economic valuation.

Key words:

economic valuation; valuation methods; theoretical aspects of valuation; operational aspects of valuation.

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Introdução

A inexistência de preços de mercado para importantes bens, serviços ou ativos ambientais tem sido argumento corriqueiro para explicar as causas da exploração desregrada de elementos do capital natural. O argumento transveste-se de uma proposição já demonstrada, fazendo surgir um corolário também amplamente difundido: a valoração econômica desses bens, serviços e ativos é condição necessária para que esses possam ser usados de maneira sustentável. Sem minimizar a importância dos procedimentos de valoração econômica do meio ambiente para iluminar as decisões privadas e públicas, este artigo alerta para a crescente deformação no uso desses procedimentos.

Muitas aplicações desses métodos parecem “precificar tudo e valorar nada”, uma vez que desconsideram os pressupostos teóricos e as exigências metodológicas de tais métodos, transformando os resultados deles obtidos em meras estimações monetárias, vazias de significado econômico. Para exemplificar a “valoração do nada” analisamos os exercícios de Costanza e seus colaboradores em dois artigos publicados com quinze anos (1997 e 2014) de intervalo e ambos distorcendo o uso que pode e deve ser feito dos métodos de valoração. Há evidentes limitações e erros grosseiros de medida em ambos. A popularidade do primeiro artigo (e a crescente popularidade do segundo) entre não economistas ambientais explica a percepção distorcida, por parte de muitos, do que é valoração econômica ambiental.

É preocupação básica dos autores deste artigo que se deve ter zelo ao se valorar. Para isso, a fundamentação teórica dos métodos de medida é essencial, conferindo um rigor científico aos exercícios de valoração. É fundamental, por exemplo, ter claro que os

métodos de função demanda (ver classificação na sequência do texto) “de valoração

econômica ambiental são usados para estimar os valores que as pessoas atribuem aos recursos ambientais, com base nas suas preferências individuais” (NOGUEIRA et. al., 2000, p. 86). Isto significa que aplicadores de métodos de valoração não valoram o meio

ambiente, mas observam as preferências individuais por melhorias (ou contra a piora) do meio ambiente (PEARCE, 1993, prefácio ix apud NOGUEIRA et. al., 2000).

Deve-se nesses casos, portanto, partir da teoria econômica do comportamento do consumidor e os valores obtidos com o exercício de valoração devem ser analisados à luz dessa teoria. Não proceder dessa maneira é desconsiderar o alerta de Hufschmidt e seus colaboradores (1983, p. 5): a valoração é imperfeita ao atribuir valores monetários a bens e serviços que não foram negociados em mercados já existentes. É por essa razão que as análises de valores obtidos a partir dos métodos função de produção (ver adiante) devem ser realizadas com cautela, pois não há uma base teórica robusta para guiá-las. O referido artigo de Costanza e seus colaboradores (1997), ao cometer essa imprudência, criou uma tradição de se confundir valoração econômica com exercícios de álgebra básica.

Para desenvolver essa argumentação, nosso artigo está estruturado em quatro seções centrais, complementadas por essa introdução e pelas conclusões do artigo. A próxima seção apresenta uma breve revisão das características teóricas e metodológicas básicas dos métodos de valoração econômica ambiental. Uma vez que existem muitos textos apresentando essas características, não é nossa pretensão apresentar novidade alguma nela, apenas preparar o contexto geral para as nossas críticas aos dois exercícios de suposta valoração econômica que apresentaremos na segunda e terceira seções do artigo. A quarta seção destaca alguns pré-requisitos essenciais, em nossa opinião, para que valoração econômica do meio ambiente possa apresentar resultados confiáveis.

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Uma revisita aos métodos de valoração econômica ambiental

O objetivo básico de qualquer valoração econômica é obter o valor econômico total (VET) de uma alteração na qualidade e/ou na quantidade de um bem, serviço ou ativo ambiental. O VET é composto de diversos elementos, cada um deles refletindo características específicas daquilo que se deseja valorar. É usual subdividi-lo em:

VET = valor de uso (direto ou indireto) + valor de opção + valor de quase opção + valor de existência (1).

Onde: valor de uso é o valor atribuído ao uso potencial ou efetivo (direto ou indireto) que o recurso pode prover; valor de opção equivale ao valor da disponibilidade do recurso ambiental para seus usos futuros, diretos e indiretos, já conhecidos; valor de quase opção refere-se ao valor de preservar as opções de novos usos futuros do recurso, dada a hipótese de progresso do conhecimento científico; e o valor de existência (ou valor de não uso) é o valor atribuído aos recursos pela sua simples existência, sem sua relação com os seres humanos e seu uso efetivo no presente ou no futuro.

Nem todos os valores atribuídos ao VET podem ser efetivamente revelados por transações de mercado. Portanto, um dos problemas práticos com a valoração econômica é de se obter estimativas plausíveis para esses valores. Uma das possíveis soluções para esses problemas é encontrada na teoria econômica tradicional. A teoria do bem-estar do consumidor é a base de métodos de valoração econômica ambiental de aplicações difundidas – os métodos função demanda1. Dentre as hipóteses básicas dessa moldura teórica está a do comportamento racional do consumidor, que busca a maximização da sua utilidade (satisfação individual) no consumo de bens e serviços (inclusive os ambientais). Essa maximização é restrita ao seu nível de renda e ao nível de preços existentes no mercado. O consumidor escolhe a “melhor” cesta de produtos, dentre as ofertadas, visto sua renda e preços relativos dos produtos disponíveis no mercado.

Apesar de todos os limites do poder explicativo de teoria neoclássica do comportamento do consumidor, uma teoria é sempre mais iluminadora do que a completa ausência de teoria. Somente um raciocínio lógico coerente e consistente nos permite analisar a realidade (o empírico). É exatamente essa ausência de uma moldura conceitual que dificulta a análise dos resultados de valoração obtidos com a aplicação dos métodos

função de produção2. Ao utilizá-los, o pesquisador necessita cautela máxima na

interpretação dos resultados obtidos, valendo-se muitas vezes de informações de outras áreas de ciência (engenharia, biologia, ecologia) para não ultrapassar limites do conhecimento existente naquele momento.

Aceitando-se a classificação dos métodos de valoração em função demanda ou função de produção3, é relevante relembrar as características gerais para que possamos

1 São eles o método de valoração Contingente, o de Custos de Viagem e de Preços Hedônicos. Detalhes a

seguir.

2 Métodos Dose Resposta (Produtividade Marginal), Custos de Reposição, Custos Evitados e Custos de

Oportunidade.

3 Essa classificação é proposta, por exemplo, por Motta (1998). Não obstante, existem muitas outras

classificações, com destaque para: Bateman e Turner (1992, p. 123) que sugerem uma classificação com base no uso ou não das curvas de demanda marshaliana ou hicksiana, descrevendo seis abordagens; Hufschmidt et. al. (1983, p. 65-67) dividem suas proposições de acordo com a técnica de usar preços provenientes de: 1) mercados reais, 2) mercados substitutos, e 3) mercados hipotéticos, fornecendo 14 abordagens; e Pearce (1993, p. 105 - 111), cuja classificação é muito usada na economia ambiental, divide o método em quatro grandes grupos, 1) abordagens de mercado convencional; 2) funções de produção doméstica; 3) métodos de preços hedônicos, e 4) métodos experimentais, totalizando oito métodos diferentes de valoração. Detalhes em Nogueira et. al.(2000).

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contextualizar nossas análises posteriores. Iniciamos pelos de função demanda (os três primeiros) e concluímos com os de função de produção (os quatro últimos).

O Método Valoração Contingente (MVC) utiliza as preferências do consumidor, via utilidade individual, para cálculo do valor econômico de mudanças no bem ou serviço ambiental. O MVC é uma medida do quanto um indivíduo estaria disposto a pagar (DAP) ou a receber compensação (DAC) por uma mudança na quantidade ou na qualidade do bem ou do serviço ambiental, supondo um mercado hipotético no qual os indivíduos

possam declarar o valor atribuído ao bem em questão. É, portanto, baseado em aplicação

de questionários, cujo objetivo é estimar o valor de bens e serviços para os quais não há mercados. O método simula cenários, cujas características estejam próximas das existentes no mundo real, para que as preferências reveladas nas pesquisas reflitam decisões que os agentes tomariam de fato caso existisse um mercado para o bem ambiental descrito no cenário hipotético. As preferências, do ponto de vista da teoria econômica, devem ser expressas em valores monetários (MOTTA, 1998)4.

O MVC apresenta problemas, relacionados à sua credibilidade, confiabilidade e precisão. Como o MVC é baseado em mercados hipotéticos, argumenta-se que isso possa levar a valores que não refletem as verdadeiras preferências dos entrevistados. Por não se tratar de um mercado real, os indivíduos poderão concluir que não sofrerão com custos porque são simulações, diferentemente de quando o indivíduo erra o valor dado a um bem num mercado real onde terá de arcar com o erro (BRANDLI et. al.2006). Além disso, há pelo menos quatro vieses que podem ser originados no uso do MVC: uso de cenários irreais, que incentivam fornecer uma DAP diferente da verdadeira; uso de cenários que direcionam, indevidamente, o consumidor a responder o questionário; descrição incorreta do cenário; e desenho inadequado da amostra e da agregação de benefícios.

O Método Custos de Viagem (MCV) usa o comportamento do consumidor em mercados relacionados para valorar bens e serviços ambientais que não têm mercado definido. Por exemplo, os gastos de uma família saindo de férias para um local, para recreação, podem ser usados como uma aproximação dos benefícios proporcionados por essa recreação. O fundamento teórico do MCV está na função de produção doméstica, usada no Método de Custos Evitados de Pearce (1993, p. 105 - 6, apud NOGUEIRA et. al., 2000). Usa-se o MCV para valoração de características peculiares aos locais de recreação e para a valoração do tempo (tempo gasto com a viagem). Os problemas enfrentados pelo uso desse método são: escolha correta da variável dependente para regressão; viagens com mais de um propósito (negócios e recreação); identificação de residente ou turista; cálculo dos custos da distância; valoração do tempo; problemas estatísticos.

O Método Preços Hedônicos (MPH) usa as medidas de valores de propriedades (residenciais) para estimar os benefícios de mudança nos parâmetros de qualidade ambiental. Ou seja, os diferenciais nos preços (de venda, aluguel ou arrendamento) de imóveis refletem, também, diferenças de outras características, entre elas as ambientais, de relevância para análise de bem-estar. Usa-se o MPH para estimar modelos que relacionam o preço das residências com as características ambientais e para o desenvolvimento de medidas de bem-estar. Uma limitação do método é que ele só tem aplicação onde a qualidade ambiental possa ser expressa nos preços dos imóveis. Além

4 O MVC é o único capaz, do ponto de vista teórico, de mensurar os valores de existência dos atributos

ambientais. Muitas vezes, esse valor de existência é um componente importante, se não o principal, de certos recursos ambientais. E uma vez que o MVC é o único capaz de captar essa proporção do valor, já que o valor de existência não deixa uma trilha comportamental que possa ser rastreada por técnicas de preferência revelada, o resultado do MVC é uma estimativa do valor econômico total do recurso ambiental estudado, obtido a partir da DAP individual média estimada com base em uma amostra representativa.

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disso a análise dos resultados das regressões múltiplas estimadas é enormemente dificultada por ocorrência de multicolinearidade e homocedasticidade5.

O Método Dose Resposta (MDR) (ou de Produtividade Marginal) usa preços de mercado (ou ajustamento de preço-sombra) para estimar, por aproximação, a redução da qualidade ambiental, por exemplo. Assim, o MDR busca estabelecer uma relação entre variáveis que retratam qualidade ambiental e o nível do produto no mercado, tanto em quantidade quanto em qualidade. Portanto, não se baseia na estimativa de curva de demanda para determinar medidas de bem-estar. Para se aplicar a técnica do MDR é necessário obter, previamente, informações quanto à causalidade da atividade sobre o meio ambiente, como a dose de poluente que causa certa resposta do meio ambiente (poluição do ar, por exemplo). O MDR trata a qualidade ambiental como fator de produção, onde alterações na qualidade geram alterações na produtividade e custos em sua produção. Esse método é aplicado, mais comumente, para relacionar os impactos da qualidade do ar sobre a produção agrícola ou os impactos da poluição sobre a pesca. Uma das limitações desse método é a incerteza na identificação da dose-resposta (da causalidade).

O Método Custos de Reposição (MCR) é baseado no custo de reposição (ou restauração ou substituição) de um bem danificado e esse custo é considerado como a medida do seu benefício. É uma medida que também se baseia nas abordagens de mercado, por utilizar preços de mercado (ou preços sombra); portanto, esse método não utiliza estimativa de curvas de demanda. O MCR é aplicado, frequentemente, como uma medida de dano causado ou como medida de gastos de uma reparação dos efeitos negativos provocados por algum distúrbio na qualidade ambiental de um recurso utilizado numa função de produção. Uma das grandes limitações desse modelo é a incapacidade dele demonstrar o verdadeiro valor para os indivíduos por uma melhoria (ou contra a piora) da qualidade ambiental, subestimando-a.

O Método de Custos Evitados (MCE) mede o valor da característica ambiental por aproximação de preços de produtos substitutos ou complementares a esse bem, disponível no mercado, e utiliza essa medida para mensurar monetariamente a percepção dos indivíduos (gastos preventivos ou defensivos) do nível de qualidade dessa característica ambiental. O MCE é aplicado na avaliação da mortalidade e morbidade humanas e estudos aplicados sobre poluição e sua influência na saúde humana. Contudo, o MCE possui uma dificuldade operacional relacionada à questão teórica, em que gastos defensivos e qualidade ambiental devem ser substitutos perfeitos para que esses gastos sejam uma boa aproximação dos efeitos sobre o bem-estar humano, provocados por mudanças nos níveis de degradação associados aos gastos. Além disso, os gastos defensivos podem refletir outros benefícios que não estejam diretamente relacionados a alterações na qualidade ambiental.

Exemplo de valoração de nada e precificação de tudo: Costanza et. al. (1997).

Até meados da década de 1990s, os exercícios de valoração se caracterizavam por aplicações locais, de alterações em ativos ambientais específicos e com seus resultados sendo generalizados com cautela pelos seus aplicadores. Havia então um número limitado de tentativas de valoração ambientais globais até a publicação de Costanza e colaboradores (1997), intitulada “The Value of world’s ecosystem services and capital

natural” (O valor dos serviços ecossistêmicos globais e do capital natural - tradução

livre). Experiências anteriores, segundo os próprios autores, se limitavam a duas

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tentativas: uma, presente em dois artigos do próprio Costanza (COSTANZA & NEIL, 1981; COSTANZA & HANNON, 1989; ambos apud COSTANZA et. al., 1997); e a segunda, presente no artigo de Alexander e colaboradores (1998, apud COSTANZA et. al. 1997). Por outro lado, Bockstael e colaboradores (2000) ressaltam também os trabalhos, além do de Costanza e colaboradores (1997), de Pimentel e colaboradores (1997 apud BOCKSTAEL et. al., 2000) e de Ehrlich e Ehrlich (1996 apud BOSCKTAEL

et. al., 2000) com a temática de valorar os serviços ambientais com um enfoque dito

“agregado”.

Ao considerar limitadas as poucas tentativas de se estimar o valor econômico total dos serviços ecossistêmicos globais, Costanza e colaboradores (1997) tentaram estimá-lo derivando e somando as estimativas já existentes na literatura para 17 serviços ecossistêmicos globais. O artigo, que estimou que o valor total dos serviços teria a provável amplitude de US$ 16 a 54 trilhões anuais, foi vastamente criticado, especialmente pelo motivo de que a estimativa do valor total dos serviços ecossistêmicos, US$ 33 trilhões anuais, não tem significado econômico (SEDJO, 2007) nem ecológico, por uma série de falhas conceituais e metodológicas.

Costanza e co-autores justificaram, no estudo, a necessidade de se ter uma estimativa de valor total dos serviços ecossistêmicos globais, pois pouco peso era dado a esses serviços quando da tomada de decisões políticas a respeito dos efeitos da atividade econômica sobre os recursos ambientais. Costanza e colaboradores (1997) argumentaram que seria instrutivo estimar o valor incremental ou marginal dos serviços ecossistêmicos. Nesse contexto, eles o estimaram para os serviços ecossistêmicos por unidade de área

por bioma, multiplicando o valor estimado desses serviços (em artigos já publicados para os biomas considerados) pela área total de cada bioma considerado e, por fim, somando os valores para todos os serviços e todos os biomas.

Os autores definiram serviços ecossistêmicos como sendo um fluxo de materiais, energia e informação de estoque de capital natural combinados com serviços de capital humano e produtivo para produzirem bem-estar humano. E agruparam os serviços ecossistêmicos dentro de 17 categorias: 1) regulação dos gases atmosféricos; 2) regulação climática; 3) regulação a distúrbios; 4) regulação de ciclo hidrológico; 5) fornecimento de água; 6) controle de erosão e retenção de sedimentos; 7) formação do solo; 8) ciclagem de nutrientes; 9) tratamento de resíduos; 10) polinização; 11) controle biológico; 12) refúgio (habitats); 13) produção de alimento; 14) matéria-prima; 15) recursos genéticos; 16) recreação; e 17) cultural. Foram excluídos da análise os combustíveis e minerais não renováveis e a contribuição da infraestrutura do próprio ecossistema para o valor total.

Costanza e colaboradores (1997) estimaram os valores econômicos desses 17 serviços ecossistêmicos para 16 biomas com base no simple benefit transfer method. Mesmo considerando as limitações e restrições em técnicas de transferência de benefício, o procedimento é apontando pelos autores como “opção atraente” para investigadores e tomadores de decisão que precisam lidar com limitações de tempo e orçamento. Em sua análise, Costanza e colaboradores (1997) agruparam prévios estudos baseados numa ampla variedade de métodos. Muitas das técnicas de valoração usadas nos estudos foram

baseadas, tanto diretamente quanto indiretamente, na tentativa de estimar a “disposição a pagar” (DAP) dos indivíduos pelos serviços ecossistêmicos. Nesse

estudo, os autores tentaram estimar o valor total dos serviços ecossistêmicos, independente do fato de eles serem atualmente comercializados. Além disso, os autores tentaram estimar o valor desses serviços na margem, ou seja, medir o quanto mudanças pequenas, ou incrementais, na qualidade e/ou quantidade desses serviços influenciam o bem-estar humano.

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Segundo Costanza e colaboradores (1997) muitos dos serviços ecossistêmicos são substituíveis até certo ponto e suas curvas de demanda provavelmente se comportam de maneira que a demanda se aproxima do infinito quando a quantidade disponível se aproxima a zero (ou a algum nível mínimo necessário de serviços), e o excedente do consumidor (assim como o VET) se aproxima do infinito. As curvas de demanda para os serviços ecossistêmicos são muito difíceis, se não impossíveis, de se estimar na prática. Dessa forma, como os serviços ecossistêmicos não podem ser aumentados ou diminuídos por ações do sistema econômico, suas curvas de oferta são mais próximas de uma vertical constante (figura 1 b, p. 255, COSTANZA et. al., 1997).

Nesse contexto, para estimar esse “valor unitário” de cada serviço ecossistêmico (por unidade de área para cada tipo de ecossistema e agregando valores já estimados para cada bioma considerado), os autores usaram: 1) a soma do excedente do consumidor e do produtor; ou 2) a renda líquida (ou excedente do produtor); ou 3) o preço6 multiplicado pela quantidade como uma “proxy” para o valor econômico do serviço, assumindo que a curva de demanda para serviços ecossistêmicos se assemelham ao descrito anteriormente. Ao final, multiplicaram os valores unitários pela área da superfície total de cada bioma7 para chegar aos valores totais globais. Os autores conceituaram o VET como a soma do excedentes do consumidor e do produtor menos o seu custo de produção.

Apesar de reconhecerem as óbvias limitações presentes no cálculo do valor econômico dos serviços oferecidos pelo capital natural, Costanza e coautores acreditavam que uma estimativa global seria muito útil, especialmente para auxiliar na tomada de decisões políticas quanto ao futuro do meio ambiente, ainda que seja uma estimativa muito crua dado sua magnitude. E que, por causa da natureza dessas limitações, Costanza e colaboradores (1997) acreditavam que a estimativa apresentada, no valor de US$ 33 trilhões anuais, representaria um valor mínimo de serviços ecossistêmicos, ou seja, um valor subestimado.

Os percalços presentes no trabalho de Costanza e coautores (1997) ultrapassam a esfera econômica, entrando também na ecológica. Considerando, primeiro, a esfera econômica, e levando em consideração os métodos de valoração apresentados anteriormente, uma crítica de fundo ao trabalho é que a DAP, que tem como base preferências do consumidor, é dependente de desejos, do nível de renda e dos preços de outros bens que entram na cesta de consumo dos amostrados (quer no MVC, MCV quer no MPH). As alterações no ativo ambiental consideradas na análise devem ser alterações na margem. Só assim conseguem prever com relativa precisão como o preço irá responder a pequenas mudanças no que o determinam. Apesar de os autores do artigo dedicarem uma seção metodológica sobre o assunto, discorrendo da importância de se calcular na margem, isso não se concretizou nas suas estimativas (NATURE, 1998; PEARCE, 1998). Outras críticas ao artigo, e que estão presente em briefing publicado na própria

Nature (1998) alguns números depois, condensam posicionamento de economistas a

respeito do artigo de Costanza e colaboradores (1997). Entre essas críticas, destacamos a que enfatiza que os autores do artigo sequer sabiam o que estava sendo valorado, devido

6 Os autores converteram cada estimativa usando o índice de preço do consumidor dos EUA para o ano de

1994 por dólar/ha/ano e outros fatores de conversão quando necessários. Além disso, os valores de outros países foram corrigidos em moeda americana usando a razão do poder de compra do PIB per capita, do país de origem para o usado nos EUA.

7 Os ecossistemas que entraram na estimativa foram divididos em 16 categorias primárias representativas

do uso de terra atual global, sendo a maior divisão entre sistemas marinhos e terrestres. Contudo, alguns biomas foram excluídos da análise por falta de trabalhos publicados na área (deserto, tundra, pedras, gelo, áreas agricultáveis) e alguns foram agregados a outros para serem considerados na análise. Foi o caso de: 1) chaparral (bosques e arbustos) e estepes foram agrupados dentro de pastagens; e 2) uma variedade de florestas tropicais e outros tipos florestais foram combinados dentro de “florestas tropicais”.

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à quantidade de erros metodológicos cometidos durante a valoração. Para os economistas neoclássicos, o valor de algo só pode ser medido em um contexto específico de troca (NATURE, 1998), pois o valor econômico de uma mudança é a definição de um trade off entre duas situações8. Assim, uma estimativa de valor econômico é uma resposta para uma questão cuidadosa e bem definida, no qual duas alternativas são comparadas (BOCKSTAEL et al., 2000). Por isso, nesse contexto, é sem sentido perguntar “o valor” do serviço ecossistêmico global, sem saber para que ele serve. Portanto, somente mudanças incrementais (ou marginais) das condições atuais poderiam ser valoradas nesse contexto de valor econômico.

Pearce (1998), em seu artigo crítico a Costanza e coautores (1997), comenta que os autores violaram todos os princípios econômicos nos quais o método de valoração contingente se baseia (método mais amplamente considerado no artigo de Costanza et al. (1997)). Pearce (1998) enumera os erros em: 1) embora os valores estimados pelos autores são supostamente baseadas na disposição de pagar, o valor agregado apresentado ao final é inconsistente com este conceito (crítica também observada por BOSCKSTAEL

et al., 2000); 2) os autores focaram, somente, nos benefícios da proteção e não nos custos

(apesar de eles afirmarem que suas estimativas podem ser usadas em análises de custo-benefício); e 3) eles não conduzem uma análise marginal, esquecendo o que inicialmente foi proposto (achar o valor na margem de todos os serviços ecossistêmicos globais), e acabaram encontrando o valor de tudo.

Além disso, Pearce (1998) critica o uso de outras metodologias, além do MVC, usadas para o cálculo, sem tomar o devido cuidado com os pressupostos que cada metodologia de valoração exige. Uma das falhas observadas por Pearce (1998) foi que o valor cultural estimado para a região costeira, por exemplo, não reflete na disposição a pagar da população (DAP), pois os autores usaram preços diferenciados de propriedades para esse cálculo. Esse procedimento é conhecido como MPH e é uma forma bem estabelecida de se quantificar os benefícios ambientais. Mas, para aplicar esse método apropriadamente, deve-se explicar a diferença de preços estatisticamente, e somente assim, o componente implícito ou hedônico pode ser isolado. Costanza e colaboradores (1997) não fizeram isso, e como consequência, o valor obtido foi superestimado, representando mais que 7% do total (US$ 33 trilhões/ano).

O valor anual econômico de US$ 33 trilhões estimado por Costanza é logicamente uma medida inconsistente do que deveria ser a DAP dos indivíduos para evitar a perda de recursos, pois essa estimativa excede sua habilidade total a pagar. Se a estimativa do PIB global apresentada pelos próprios autores foi de US$ 18 trilhões, a população não teria US$ 33 trilhões para gastar anualmente (BOCKSTAEL et al., 2000; HUETING et

al., 1998; PEARCE, 1998). Costanza, na tentativa de responder à crítica de Pearce (1998),

observou que usando o PIB como uma medida aproximada de renda é inapropriada porque “ecossistemas provêm uma renda real (contribuições para o bem-estar humano) que nunca é refletida em qualquer mercado” (BOCKSTAEL et al., 2000, p. 1387).

Bockstael e colaboradores (2000) não negam que o ecossistema provê serviços que as pessoas não precisam pagar por eles. Mas, por definição, disposição a pagar para proteger os ecossistemas mundiais da destruição reflete quanto os indivíduos estão

realmente dispostos a pagar para obter esse resultado. Esse é um trade off explícito

que define disposição a pagar. A crítica ao artigo de Costanza e colaboradores (1997), simplesmente sugere que uma pessoa não pode dar mais do que ela tem. A estimativa do PIB apresentada por Costanza é uma aproximação do quanto o mundo tem, em termos

8 Esse erro em relação a trade off, Constanza e coautores procuram corrigir no artigo de 2014, ao mencionar

que a nova valoração seria feita em relação ao benefício obtido pelos serviços em um trade off entre duas situações. Ver detalhes a seguir.

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monetários, antes da mudança proposta, e é sobre essa quantidade que uma disposição a pagar agregada para o ecossistema deveria ser calculada.

Um outro erro grave dos autores, segundo Pearce (1998), é que eles não levaram em conta os valores marginais. Pelo contrário, os números presentes no artigo são claramente uma intenção de ser o valor total dos recursos em questão. Assim, o número

agregado apresentado no trabalho não tem significado econômico algum, e

consequentemente, não tem significado algum quanto ao conceito da DAP, pois os valores derivados de acordo com esse conceito são válidos somente para pequenas mudanças relativas em uma situação real, não para grandes mudanças. Para Toman (1998), a estimativa encontrada no artigo de Costanza e coautores (1997) é uma “subestimativa do infinito” (TOMAN, 1998, p. 58). Segundo Toman (1998) o que foi feito pelos autores foi estimar o excedente social total, tomando valores médios unitários e multiplicando por todas as unidades da biosfera, não representando, portanto o valor marginal. O cálculo, para o autor, representa uma simples agregação de "tudo", ou uma

comparação deste valor agregado com algo como o PIB (que também é uma medida

problemática a se ter como base), e não dão insights sobre as direções das mudanças

atuais nos serviços ambientais e nos ecossistemas.

Toman (1998) ainda alerta sobre o perigo particular deste cálculo sobre as tomadas de decisões, pois pode sugerir para alguns gestores públicos que todos os aspectos da natureza em todos os lugares garantem o mesmo nível de proteção. Pearce (1998) também alerta sobre o cuidado no uso dos valores estimados no trabalho de Costanza e colaboradores (1997). Segundo Pearce (1998), economistas determinam o benefício social global de um determinado bem, serviço ou atividade, medindo as preferências individuais e agregando-as, fornecendo um caminho útil para fazer decisões quanto a gastos governamentais: dinheiro deve ser gasto somente em um item particular se o benefício social exceder o seu custo. E que valoração feita na margem, possibilita uma previsão com relativa precisão de como o preço irá responder a pequenas mudanças nos fatores que o determinam, auxiliando na tomada de decisões. Como o estudo de Costanza e coautores (1997) não foi feito com esses pressupostos, os valores estimados não devem ser levados em consideração pelos gestores no processo de formulação de política pública. Explicita ainda Toman (1998) que valores obtidos por métodos de valoração ambiental são insuficientes para basear decisões políticas quanto ao futuro ambiental. Essa insuficiência decorre da existência de incertezas empíricas embutidas nesses valores. Primeiro, incertezas ecológicas, que refletem uma compreensão limitada do mundo físico (não se sabe todos os serviços que o ecossistema pode prover, e como as mudanças ocorrem dentro dele). Segundo, incertezas econômicas, refletidas na dificuldade de se determinar de maneira confiável as preferências individuais prioritárias. O mesmo é denotado por Bockstael e colaboradores (2000) ao afirmarem que os economistas têm dificuldade de entender a intricada rede das inter-relações físicas entre ecossistemas e isso dificulta uma valoração ambiental sólida. E que valorar o ecossistema de uma maneira consistente com análise usual de custo-benefício é um trabalho difícil, pois a aplicação dos métodos tradicionais de valoração a um problema produz uma série desconexa de valores para um subconjunto de serviços ecossistêmicos, podendo levar a uma subestimativa dos benefícios da proteção do ecossistema.

Uma crítica ainda relacionada à valoração pelo estudo de Costanza e colaboradores (1997), denotada por Pimm (1997), é que o valor atual obtido no estudo não reflete a disponibilidade futura do recurso, ou a sua modificação ao longo do tempo. Ou seja, os preços correntes são uma pobre predição do valor futuro, pois o valor de um recurso irá aumentar, de maneira não linear à medida que se torna escasso. E essa não linearidade

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dos valores dos serviços ecossistêmicos tem consequências políticas e econômicas que não foram incluídas na discussão do artigo de Costanza e coautores (1997).

No mesmo artigo sob análise foi calculado o valor total dos serviços ecossistêmicos pelas estimativas dos mesmos serviços e funções presentes em diferentes locais, embasadas em outros artigos. Os estudos originais valoraram pequenas mudanças específicas e componentes localizados em ecossistemas individuais e específicos, com cada estudo implicitamente assegurando constantes outras características dos ecossistemas globais e da economia. É incorreto, nesse contexto, extrapolar estimativas de valores obtidas em qualquer desses estudos a uma escala muito maior, deixando supor que as estimativas extrapoladas podem, então, ser adicionadas juntas e aplicadas a todo o planeta (BOCKSTAEL et al., 2000). Assim, a simples multiplicação de quantidades físicas (áreas) por valor unitário (derivado de estudos de caso que estimou o valor para um recurso específico), como efetuado por Costanza e colaboradores (1997) é um erro primário e sério (BOCKSTAEL et al., 2000). Pequenas mudanças nos serviços ecossistêmicos não caracterizam adequadamente a perda de um ecossistema global, com simples multiplicações. Valores estimados em uma escala não podem ser expandidos

por um índice físico de área, tais como hectares, para outra escala; nem duas estimativas separadas, derivadas de diferentes contextos, podem ser adicionadas em conjunto.

Quando uma medida de compensação é estimada para um elemento do ecossistema, é assumido que outros aspectos do mundo, que influenciam o bem estar humano, não se modificam (o famoso tanque do ceteris paribus do economista). Por isso, não se pode adicionar compensações ou valores de disposição a pagar de ecossistemas similares em diferentes regiões para obter a compensação correta de um evento em que ambas as regiões são eliminadas. A relação da soma dessas duas medidas, por um lado, e o valor da mudança composta nos dois ecossistemas, por outro lado, depende de: 1) relações ecológicas entre as áreas e as funções que elas provêm; e 2) preferências individuais para essas funções e o quanto a perda dessas áreas afetam a renda. As características analíticas que governam essa relação focam em se os serviços são substitutos ou complementares para cada um. E, segundo Hueting e colaboradores (1998) a maioria das funções ambientais, que fornecem os serviços, não é substituível.

Hueting e coautores (1998) argumentam ainda que em Costanza e colaboradores (1997) não fica claro o que as curvas de demanda e de oferta representam e que em nenhuma é considerado o custo de oportunidade, essencial para agregar valores aos serviços oferecidos por funções ambientais. Segundo os autores, os usos de recursos, tanto atuais quanto futuros, envolvem custos de oportunidade. Tais custos de oportunidade não estão representados nas curvas de oferta e de demanda apresentadas e que, por isso, não podem ser consideradas no senso econômico e não podem ser usadas para valorar economicamente as funções ambientais. Além disso, os autores corrigem o trecho onde os autores do artigo da Nature afirmam que a atividade econômica não pode aumentar nem diminuir os serviços ambientais prestados. A atividade econômica pode, certamente, diminuir a disponibilidade dos recursos pela produção e consumo humanos. E essa premissa não foi considerada na análise de valoração por Costanza e coautores (1997). Em última análise, Hueting e colaboradores (1998) afirmam que o valor econômico total (VET) de funções ambientais não é igual a soma do excedente do consumidor e do produtor, como calculado no artigo da Nature. O VET é calculado usando outras medidas que não foram consideradas na análise.

Já na esfera ecossistêmica, Costanza e coautores (1997) erraram em adotar a mesma medida de referência para todas as funções ecossistêmicas. Ou seja, eles adotaram uma medida padrão de serviço ambiental e extrapolaram para todos os biomas do mundo.

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Os valores usados na formação do solo do Colorado, por exemplo, foi a base de cálculo usada na valoração de formação de solo para todas as pastagens do mundo (NATURE, 1998), induzindo a erros de medidas, pois a função ecológica apresentada em cada ecossistema é único, visto a sua formação geológica, localidade, clima, e outras características ímpares que cada bioma possui. Dessa forma, agregar medidas de serviços ecossistêmicos de diferentes biomas em um só valor pode subestimar o valor real dos recursos e induz os tomadores de decisões e formuladores de políticas públicas ao erro, pois nenhuma medida estimada por Costanza e colaboradores (1997), mesmo que para ecossistemas locais, pode ser utilizada por serem falhas.

Ecossistemas respondem a mudanças por meio de uma variedade de ciclos de

feedback físico, biológico e químico. Esses feedbacks são centrais aos processos que

conectam todas as espécies a cada uma e aos seus respectivos habitats. Uma regra de agregação linear trata cada mudança como se fosse cada uma independente de outros componentes constituintes do ecossistema. Ao fazer isso, independência é assumida dentro e através do ecossistema considerado, ignorando os possíveis efeitos do feedback (BOCKSTAEL et al., 2000).

Hábitos antigos são difíceis de mudar: Costanza et al. (2014) reiteram seus erros.

Apesar de todas as inúmeras críticas recebidas, Costanza e (alguns dos) coautores não se sentiram acuados e retornam com, na essência, o mesmo “enfoque” em “Changes

in the global value of ecosystem services” (Mudanças no valor dos serviços

ecossistêmicos globais – tradução livre), que referenciamos Costanza e colaboradores (2014). Os autores descartam, logo de início, as críticas existentes ao uso de valoração econômica em serviços ecossistêmicos. No debate em curso, alguns veem nessa abordagem a ''mercantilização'' da natureza (McCAULEY, 2006). Outros apontam para o aspecto da fragilidade dos métodos e o conhecimento questionável em procedimentos de agregação de valores dos serviços ecossistêmicos para escalas maiores (CHAISSON, 2002).

Costanza e colaboradores (2014) entendem essas críticas como “perdidas” uma vez que há um contexto de múltiplos usos potenciais da valoração dos serviços ecossistêmicos. Eles argumentam – em atitude lúcida - que expressar o valor dos serviços ecossistêmicos em unidades monetárias não significa que eles devam ser tratados como mercadorias privadas que podem ser negociados em mercados privados. É manifesto que muitos dos serviços ecossistêmicos são bens públicos ou bens comuns que não podem (ou não deveriam ser) comercializados (WOOD, 2014). Por isso, seu valor em unidades

monetárias é uma estimativa dos seus benefícios para a sociedade, expressos em unidades que se comunicam com um público amplo.

Motivados a contribuir para o debate, eles dividem o artigo em (1) estimativas de atualização do valor dos serviços dos ecossistemas globais com base em novos dados disponibilizados pelo “The Economics of Ecosystem Biodiversity: Ecological and

Economic Foundation” (TEEB); (2) comparar esses resultados com as estimativas

anteriores e com métodos alternativos (COSTANZA et al., 1997, BOUMANS et al., 2002); (3) estimar as mudanças globais nos serviços ecossistêmicos de mudança no uso da terra ao longo do período 1997-2011; e (4) avaliar objeções de agregar serviços ecossistêmicos estimativas de valor (HOWARTH e FARBER, 2002).

Mesmo que a valoração dos serviços ecossistêmicos possa ter muitos usos potenciais, em múltiplas escalas de tempo e espaço, os autores explicam que as confusões surgem quando as pessoas não entendem claramente sobre as distinções entre esses usos

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e escalas. Costanza e colaboradores (2014) indicam que alguns dos usos potenciais dessas valorações ocorrem desde a simples conscientização a uma análise detalhada para vários cenários e opções políticas. Correm em defesa do artigo publicado em 1997 que definem como um “mero exercício de sensibilização” com “nenhuma pretensão ou decisão política especifica”9. Para atestar o sucesso do artigo enquanto “sensibilizador”, os autores usam do sarcasmo apontando para o seu número de citações.

Costanza e coautores (2014) concordam com os críticos quando esses afirmam que serviços ecossistemas são valorados e avaliados mais frequentemente no contexto de locais e serviços específicos. Contudo, para alguns usos, exigem-se valores agregados, com escalas espaciais e temporais maiores. Sabe-se que a elaboração de tais agregados apresenta problemas. Alguns dos problemas são os mesmos de qualquer estimativa agregada, como por exemplo, o PIB. São apresentados uma gama de abordagens possíveis para a captura de valores de serviços ecossistêmicos (KUBISZEWSKI et al., 2013). Esse tipo de abordagem, obviamente, escamoteia muitos das complexidades envolvidas. Este grau de aproximação é apropriado para alguns usos, mas em última análise, uma abordagem mais explicitamente espacial e dinâmica seria essencial para alguns outros usos.

Da mesma forma que no artigo de 1997, o artigo de 2014 continuou a contar com as médias globais usadas por meio do simple benefit transfer method. Suas estimativas consideram que os ecossistemas estão cada vez mais estressados e menos funcionais, e isso se reflete, em maior parte, em aumentos nos valores unitários, das estimativas de valor abrangente disponível em 2011 do que em 1997. Há uma perda crescente dos serviços. O valor presente do fluxo descontado dos serviços dos ecossistemas consumidos representaria parte do estoque de riqueza perdida ao longo do tempo (UNUIHDP, 2012). Retornam a defesa de que a transferência de valor básico é uma primeira aproximação grosseira, na melhor das hipóteses. Ressaltam que os valores obtidos poderiam ser colocados em intervalos com base em desvios padrão mostrados no estudo, mas existem outras fontes de erro e advertências, incluindo erros na estimativa de mudanças de uso da terra.

Os autores creem que técnicas mais sofisticadas de valoração levariam a maiores estimativas. Citam-se, por exemplo, as técnicas integradas de modelagem dinâmica e espacial que foram desenvolvidas e aplicadas em escalas regionais. No entanto, poucos dessas técnicas têm sido aplicadas em escala global. Os valores relativos dos serviços dos ecossistemas em termos de sua contribuição para apoiar tanto a produção econômica convencional como o bem-estar humano foram definidos em cada cenário. O valor dos serviços dos ecossistemas globais foi estimado em cerca de 4,5 vezes o valor do PIB mundial em 2000. Para um PIB global atual de US$ 75 trilhões/ano, teríamos cerca de US$ 347 trilhões/ano.

Costanza e colaboradores (2014) concluem afirmando que a estimativa obtida é uma contribuição relativa do capital natural para o bem estar social, agora, com o saldo atual dos tipos de ativos. Parte dessa contribuição já está incluída no PIB, incorporado na contribuição de capital natural para produtos comercializados e serviços. Mas muito não é capturado no PIB porque é incorporado em serviços que não são comercializados ou não foram totalmente capturados em produtos e serviços comercializados. A estimativa

9 Costanza et al. (2014) acham que agregados regionais são úteis para avaliar cenários de mudança de uso

da terra. Agregados nacionais são úteis para a revisão contas da renda nacional. Agregados globais são úteis para aumentar a consciência e enfatizando a importância dos serviços ecossistêmicos em relação a outros contribuintes para o bem-estar humano. Nesse artigo, eles fornecem algumas estimativas globais atualizados, reconhecendo que este é apenas um entre muitos usos potenciais para valorização dos serviços dos ecossistemas, e que esse uso tem necessidades especiais, limitações e interpretações.

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dos autores mostra que esses serviços (ou seja, proteção contra tempestades, regulação do clima, etc.) são maiores em magnitude relativa agora que a soma dos produtos e serviços comercializados (PIB). Não conseguem apresentar uma explicação plausível para os críticos que argumentam sobre a impossibilidade lógica desse resultado, assumindo que todas essas estimativas de valor são obtidas a partir da disposição a pagar, que é submetida à restrição da capacidade de pagamento (ou seja, PIB).

Rigor científico na aplicação de valoração econômica do meio ambiente

As abordagens econômicas e ecológicas devem ser feitas de maneira consistente com os princípios que as definem. Quando isso não ocorre, as estimativas feitas nas abordagens tornam-se completamente inverossímeis. Por isso, não há razão para acreditar que os erros irão diminuir com o aumento da escala; muito pelo contrário, quando a interdependência ocorre, intensificação por simples adição amplifica os erros. Apesar de o objetivo dos artigos de Costanza e colaboradores (1997 e 2014)) possa ser compreendido, ele é inaceitável por ser não científico e contraproducente.

Não discordamos da necessidade em se valorar os recursos ambientais pelos serviços fornecidos à atividade econômica e também por sua simples existência. Também comungamos com a preocupação da manutenção desses recursos num futuro não muito distante. Não obstante, os autores dos dois artigos falharam em diversos aspectos metodológicos e conceituais, tanto econômicos quanto ecológicos. Mesmo com a existência de uma ampla e estabelecida literatura sobre métodos de valoração, com pressupostos, vantagens e desvantagens em usar determinadas metodologias, com a leitura e análise dos artigos fica a impressão que valorar economicamente é desenvolver operações algébricas básicas.

Valoração econômica de bens públicos (ambientais) é muito mais do que álgebra básica. A arrogância acadêmica dos autores beirou a irresponsabilidade acadêmica. O grande número de referências feitas ao artigo de 1997 apenas demonstra o desserviço dos

autores à valoração econômica, à conservação dos serviços ecossistêmicos e à formulação de políticas ambientais10. Centenas de novos praticantes de valoração

econômica seguiram os passos inadequados apresentados no artigo de 1997. Nesse artigo, Costanza e colaboradores (1997) se perderam ao longo do estudo, pois agregaram valores com métodos distintos de valoração, assumindo como se fossem todos baseados nos mesmos pressupostos teóricos e metodológicos.

As inconsistências metodológicas e teóricas são abundantes: correção arbitrária de medidas monetárias; multiplicação de valores com áreas, assumindo a constância desses dois parâmetros (área constante e valor constante); e somaram valores com representações distintas, pressupondo uma linearidade nem sempre existente, chegando a um valor que não representa absolutamente coisa alguma, nem em termos econômicos, nem em termos ambientais. A chave de ouro da sucessão de aberrações foi desconsiderar que à medida que um recurso ou bem se torna escasso, o custo de se obter mais uma unidade de medida desse bem aumenta (custo marginal aumenta). Ou seja, à medida que um bioma vai desaparecendo por exploração constante, o último hectare a desaparecer será muito mais valioso do que o primeiro. Por isso, não poderia simplesmente multiplicar o valor presente de um hectare de bioma (mesmo se houvesse um valor uniforme por hectare) pelo número de hectares para obter a valor total global.

10 Para o caso brasileiro, é possível que a influência do artigo de 1997 seja uma das explicações para o nível

pouco rigoroso – metodológica e conceitualmente – dos exercícios de valoração realizados no país, como bem destaca Castro (2015).

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Não satisfeito com as atrocidades econômicas, Costanza e colaboradores (1997 e 2014) também contribuem com atrocidades ecológicas. Merece destaque o igualar ecossistemas distintos dentro de um mesmo bioma para facilitar a extrapolação do valor agregado. Contudo, essa medida pode ser considerada um erro ecológico crasso, visto que cada bioma tem suas características físicas, químicas, climáticas, geológicas e biológicas únicas. Portanto, cada bioma existente no globo deve ser analisado de maneira única, exclusiva, pois um serviço prestado pela floresta amazônica brasileira pode ser, e provavelmente é, diferente, em valores, de um serviço prestado pela floresta amazônica peruana, apesar de ambas serem florestas tropicais. Isso ocorre pelo fato de a constituição de espécies, microclima, solo e localidade serem diferentes entre essas florestas, modificando suas funções ambientais, e consequentemente, os serviços que cada uma pode provê.

Considerações Finais

A valoração ambiental é um conjunto de métodos para atribuir valor à mudança em um bem ou serviço que ainda não possui mercado. Ela vem ganhando espaço na preocupação dos pesquisadores, no intuito de apresentar um valor que corresponda à importância que o ativo, o bem ou o serviço representa para a comunidade em que estejam inseridos. Por essas razões, estudos e pesquisas na área econômica, ecológica e ambiental têm voltado os olhos para a valoração de recursos naturais. Uma razão simples para o fato é que a tomada de decisão dos agentes socioeconômicos e políticos torna-se mais precisa, pois identifica, com mais clareza, os custos e os benefícios, sejam eles econômicos, sociais, individuais ou coletivos, relacionados ao uso do recurso ambiental. Dessa forma, o processo de tomada de decisão, quanto ao mais adequado manejo dos recursos naturais em forma de bens ou serviços ambientais, torna-se mais eficaz e eficiente. Essa é uma das explicações – otimistamente, a mais importante – para o intenso crescimento das aplicações de métodos de valoração econômica do meio ambiente.

Valorar os recursos ambientais é uma atividade complexa. O valor econômico de um elemento do capital natural depende de relações entre os sistemas econômico e ecológico. Valor atribui qualidades ao objeto e permite priorizar, decidir e agir racionalmente sobre ele. Para isso, muitas vezes a valoração econômica do meio ambiente associa valores dependentes das preferências dos consumidores e dessas com sua capacidade de pagamento.

Os vários métodos precisam ainda ser bem estruturados às novas realidades e o aprofundamento teórico faz-se necessário para que não seja criada uma falsa impressão de rigor dos resultados. Assim, todo método de valoração deve ser baseado em uma sólida teoria para que os valores obtidos possam ser confiáveis e interpretáveis. Ademais, todo e qualquer método de valoração econômica deve ser aplicado de acordo com certos procedimentos metodológicos e operacionais para que possa gerar resultados confiáveis. Cabe ainda ressaltar que os resultados obtidos a partir de aplicações desses métodos devem ser generalizados com cautela para que não representem distorções da realidade.

Há desafios para uma aplicação tecnicamente rigorosa de qualquer método de valoração econômica do meio ambiente Para que rigor e confiabilidade sejam alcançados, o primeiro passo – nós sugerimos – é enquadrar cada um deles em uma adequada moldura conceitual, uma vez que números sem teoria são inúteis. Temos certeza que os aplicadores de valoração econômica na atualidade estão conscientes disto, apesar dos péssimos exemplos de R. Costanza e coautores. Não obstante, são urgentes avaliações críticas dos exercícios que têm sido realizados com os métodos de valoração econômica do meio ambiente.

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