CORES
CORES
A importância da utilização correta das cores em um projeto.
A importância da utilização correta das cores em um projeto.
Será que é fácil escolher a cor certa para compor um determinado ambiente? Muitas pessoas acreditam que é simples fazer essa escolha, e acabam definindo a “cor mais bonita” através da intuição. Mas escolher as cores não é uma tarefa simples, e deve ser feita de maneira racional.
A cor tem uma importância muito maior do que se imagina em um projeto. Ela não
comunica nada sozinha, mas “reforça” ou “destrói” qualquer tipo de comunicação. As cores podem unificar ou distinguir, chamar a atenção, estruturar, codificar, indicar, simbolizar, estilizar, provocam efeito físico, efeito fisiológico,
efeito sinestésico, efeito psicológico e mais....
Para se realizar uma boa escolha das cores, alguns aspectos importantes devem ser observados, como por exemplo os estímulos que serão provocados, o aspecto fisiológico e o aspecto cultural presente em cada indivíduo.
Luz, textura, contraste, ruído, gostos..., tudo isso provoca estímulos no nosso corpo, que são percebidos pelos cinco sentidos (audição, visão, olfato, paladar e tato). Após essa etapa de estímulos, esses sinais são transformados em sensações, como cores, sons, sensações táteis, odores e gostos. Depois que os estímulos são convertidos em sensações, ocorre a percepção, onde tudo será convertido em objetos, espaços, significados...
Essa última fase depende muito do contexto social e cultural que a pessoa está inserida. A ação da luz nos nossos olhos nos dá cores, mas não objetos coloridos, com significado histórico, individual e coletivo. Nós “aprendemos” a ver uma cor, e é por esse motivo que a cultura tem um papel fundamental em tudo que vemos e escolhemos cromaticamente. A cor é uma sensação produzida por determinadas terminações nervosas sob a ação da luz. As ondas de luz alcançam os nossos olhos através de uma transmissão ou através de uma reflexão. Cada radiação monocromática emitida por uma fonte de luz é em parte refletida pelos objetos, que então alcançam nossos órgãos visuais.
O estudo de uma teoria da cor acontece desde o século I d.c. Muitos famosos pensadores contribuíram para a formação dessa teoria. Leonardo Da Vinci (1452-1519), formulou alguns tratados sobre a pintura e as paisagens, luz e sombra e perspectivas aéreas. Trabalhou somente com as cores “simples”, branco, amarelo, verde, azul, vermelho e preto.
Outro personagem importante no estudo das cores foi Isaac Newton (1642-1727). Newton realizou a experiência dos prismas invertidos, ou seja, a decomposição da luz branca pelo prisma. Essa experiência permitiu a dedução de que a separação espacial das cores
simples é obtida graças ao grau diferente de refração de cada cor, revelado ao atravessar os corpos transparentes (índice de refração).
Michel-Eugène Chevreul também tem uma importância grande no estudo das cores. Ele foi químico e professor de química, e diretor de uma tinturaria, onde desenvolveu um
mostruário com 20.000 tons de cores em fios de lã.
Simbologia e efeitos psicológicos nos ambientes
Na segunda parte do artigo sobre as cores, os efeitos psicológicos que as cores exercem nos ambientes serão abordados, juntamente com seu simbolismo. Vale lembrar que esse significado está relacionado com a cultura de cada lugar.
Magenta - transmite a sensação de ambiente conservador e tradicional, tornando antigo
tudo o que se encontra nele. Sensação de nos encontrarmos em uma situação onde
podemos escolher as coisas que desejamos. Em ambientes comerciais, ele ganha um ar de grave seriedade, de sisuda respeitabilidade e confiabilidade, tudo parece ser verdadeiro nesses ambientes.
Vermelho - o vermelho traz aos ambientes o calor do fogo, dos vulcões e das lavas,
aquecendo os lugares. Por essa razão, não é indicado para locais com uma concentração grande de pessoas, ou lugares de clima quente. Calor dinâmico e barulhento das
labaredas, onde tudo parece estar em movimento. Para as pessoas irriquietas e
extrovertidas, principalmente as crianças, o vermelho não é indicado, mas sim para as pessoas introvertidas, incentivando-as a se comunicarem com outras pessoas no ambiente.
Laranja - transmite sensação de alegria ao ambiente, jovialidade e irreverência. O uso de
laranja nas fachadas de lojas e supermercados equivale a presença de um vendedor na porta. Tudo que é visto pelos clientes no interior da loja parece mais atraente. Dentro do ambiente, as pessoas geralmente sentem-se mais jovens quando experimentam uma roupa em um provador com uma parede laranja. O mesmo acontece com os produtos expostos nas prateleiras dos supermercados, que parecerão mais apetitosos e tentadores.
Amarelo - cor quente, também transmite sensação de calor aos ambientes, mas um calor
dos dias quentes de verão, calor dos desertos, sol ardente, calor que vem de fora do ambiente. Sensação de desabrigo, fazendo com que as pessoas se sintam expostas ao público. Produz a sensação de eliminação de paredes. O amarelo excita o psiquismo das pessoas, e por essa razão não é indicado para quartos de dormir. Também funciona como ativador da química mental, fixando os objetos na mente.
Marrom - por não ser uma cor aérea, o marrom não é indicado para ser usado no alto das
paredes ou nos tetos, pois dá a sensação que o ambiente pode desabar a qualquer momento. Produz a sensação de mal-estar, como se as coisas do ambientes estivessem sendo esmagadas e achatadas. Ele é recomendado para as partes inferiores dos
ambientes. Solidez e densidade, principalmente em portas, mesas e escadarias com essa cor.
Azul - quando usado no teto, o azul traz para o interior do ambiente a percepção do
infinito espacial. Essa espacialidade é a idéia mais imediata que o azul transmite. O azul faz com que o ambiente pareça mais amplo, e transmite a sensação de luxo, requinte, sofisticação e sobriedade.
Rosa - suaviza os ambientes, como se eles fossem uma extensão da nossa sensibilidade.
Os objetos e as pessoas parecerão mais sensíveis em ambientes com essa cor. Sensação de feminilidade. Torna as coisas mais frágeis, e qualquer ruído parece ter sua intensidade ampliada, aumentando seu podes de agressão aos sentidos. As discussões travadas
nesses locais parecerão mais calorosas. Em ambientes rosas, não recomenda-se mobiliário maciço e pesado, pois os mesmos agridem o recinto.
Cinza - paredes cinzas transferem para as pessoas sua energia poderosamente
depressora. Neutraliza as outras cores presentes
Preto - introspecção, não é recomendado para as paredes dos recintos. Sensação de
escuridão. A única forma recomendada de uso do preto é em contraste com o branco, produzindo sensação de precisão científica, precisão de medidas. Pode ser utilizado de maneira eficaz na comunicação visual, pois quando se tem uma imagem projetada em um fundo preto, ela é interpretada como vinda de dentro, pois o preto significa interioridade.
Branco - todos os elementos se interagem e se harmonizam em um ambiente branco. Tudo parece adquirir ordem, equilíbrio e disciplina. A desordem estética e humana ganham menos expressividade, e parecem ser apagadas pelo branco. Nas paredes e tetos, o
branco desfaz todas as urgências, e tudo parece ficar mais lento. Inevitável sensação de paz, dando impressão que as coisas são feitas sem conflitos. Nos ambientes brancos, a mentira e a falsidade são mais constrangedoras, e tudo parece ter formas curvas, desaparecendo as arestas e as formas retilíneas.
Combinação de cores
Além do aspecto simbólico que cada cor representa e as sensações que elas provocam nas pessoas, existem determinados esquemas que podem auxiliar na escolha das cores nos ambientes.
1 Esquemas básicos - existem 4 maneiras básicas de se combinarem as cores. O
primeiro é o esquema acromático, formado a partir do intervalo do branco até o preto, incluindo o branco e o preto. O segundo é o esquema neutro, que pode ser formado
escolhendo-se um tom o círculo cromático e o intervalo entre esse tom a sua mistura com o castanho médio, ou ainda pode ser formado com um tom fixo do círculo, e sua
composição com os 3 tons de castanho. O terceiro é o esquema monocromático, onde é usado um tom e o seu índice de luminosidade. O último é o esquema de cinzas coloridos, onde um tom é escolhido, e misturado com o cinza médio.
3 Dissonantes - são formadas a partir de tons localizados de forma contrária no círculo
cromático, de acordo com determinadas especificações:
Tons-rompidos - uma cor é escolhida, e sua complementar é encontrada. O esquema é formado então pelo caminho da cor escolhida até a sua complementar, passando pelo centro do círculo.
3 - Dissonantes complementares - apenas as duas cores complementares são
utilizadas.
Duplas complementares - utilizam-se 4 cores do círculo cromático, escolhendo uma
delas e a sua complementar. Depois, pula-se no sentido horário a cor seguinte a escolhida, e utiliza-se a próxima e sua complementar.
Complementares divididas - combinação de 3 cores. Uma é escolhida, em seguida
encontram-se as duas laterais a cor oposta.
Esquema de choque - é escolhida uma cor no círculo, e o intervalo entre sua
complementar e a primária que aumenta a sua luminosidade ou a primária que diminui a sua luminosidade.
4 Assonantes - são combinações formadas por triangulações dentro do círculo cromático,
que podem ser
Um outro aspecto que também pode ser observado, além dos esquemas de combinações, é a relação entre as cores e formas. As formas estridentes são perceptivamente reforçadas pelo amarelo. Já as formas recortadas são reforçadas pelo vermelho, e as formas
orgânicas são realçadas pela cor azul.
Texto: Este material foi desenvolvido com base em informações adquiridas no curso de Especialização em Design de Mobiliário, do CEFET-PR, na disciplina de cores, com a professora Luciana Martha Silveira. fonte: www.totalmoveis.com.br