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Depósitos de Fluxo Piroclástico Primários: Caracterização e Estudo de um Caso no Vulcanismo Ácido Neoproterozóico do Escudo Sul-rio-grandense

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Pesquisas em Geociências, 30(1): 3-26, 2003 ISSN 1518-2398

Instituto de Geociências, UFRGS Porto Alegre, RS - Brasil

Em respeito ao meio ambiente, este número foi impresso em papel branqueado por processo parcialmente isento de cloro (ECF).

Depósitos de Fluxo Piroclástico Primários: Caracterização e Estudo de um

Caso no Vulcanismo Ácido Neoproterozóico do Escudo Sul-rio-grandense

CARLOS AUGUSTO SOMMER

1

, EVANDRO FERNANDES

DE LIMA2

, LAURO VALENTIM STOLL NARDI

2

,

J

OAQUIM

D

ANIEL DE

L

IZ3

& R

ONALDO

P

IEROSAN3

1 Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Caixa Postal 15001, CEP 91509-900, Porto Alegre, RS, Brasil. e-mail: casommer@sinos.net

2 Centro de Estudos em Petrologia e Geoquímica,.Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Caixa Postal 15001, CEP 91509-900, Porto Alegre, RS, Brasil.

3 Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Geociências, Programa de Pós-Graduação em Geociências, Caixa Postal 15001, Porto Alegre, RS, Brasil, Cep 91509-900

4 Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul ,Caixa Postal 15001, CEP 91509-970, Porto Alegre, RS, Brasil.

(Recebido em 09/02. Aceito para publicação em 06/03)

Abstract - Volcanic deposits can be included in two main groups: coherent and volcaniclastic. The former results from volcanic and sub-volcanic (syn-volcanic intrusions) effusive events, excluding autoclastic portions, and the second group, which is related to deposits constituted by volcanic fragments, encompassing primary deposits (pyroclastic) generated from fragment dispersion through gases and hot vapour, syn-eruptive resedimented deposits, besides volcanogenic sedimentary deposits. Clast transport processes are separated in three broad categories: mass-flow, traction and suspension. Basic concepts that are used in the study of volcanic rocks, classification and characterization of the main subaerial pyroclastic deposits are discussed in this paper, considering lithological and genetic aspects. Lithological aspects are mainly related to composition, components and grain-size of the deposits, while genetic aspects and interpretations are based on clast-forming and depositional processes, allowing understanding about eruption and emplacement conditions. Emphasis is given to pumiceous pyroclastic flow deposits, describing their main textural features and the post-depositional modifications associated to them. The discussed concepts are applied in the reconstruction of the Neoproterozoic pyroclastic flow deposits of two plateaus in the Sul-rio-grandense Shield, southernmost Brazil. The main characteristic of the Taquarembo Plateau is the occurrence of stratified/partially welded ignimbrites and high-grade welded deposits, while massive and crystal-rich ignimbrites are more common in the Ramada Plateau. The facies association of both plateaus suggests a fissural volcanic regime in a subaerial setting, associated to the post-collisional stages of the Brasiliano-Pan African Orogenic Cicle. Keywords - pyroclastic deposits, ignimbrites, Neoproterozoic acid volcanism, Sul-rio-grandense Shield.

INTRODUÇÃO

A reconstrução de terrenos vulcânicos anti-gos é alicerçada fundamentalmente na observação de fenômenos vulcânicos atuais. O avanço na área de vulcanologia tem permitido a identificação de di-ferentes tipos de depósitos, a determinação de geo-metrias e variações faciológicas, além da definição de ambientes geotectônicos específicos com sua afi-nidade geoquímica e/ou metalogenética.

A investigação de seqüências vulcânicas antigas, como é o caso da maior parte dos terrenos vulcânicos do Brasil, tem como fator de limitação a preservação parcial dos depósitos que na compara-ção direta com os terrenos modernos pode gerar interpretações equivocadas. Este fato determina que os registros preservados nesses terrenos sejam devi-damente valorizados e, quando possível, correta-mente definidos de acordo com as classificações modernas e consagradas. Adicionalmente, deve-se considerar a capacidade de preservação dos depósi-tos, especialmente os vulcanoclásticos e as

modifi-cações a que estão sujeitos pela ação do transporte, deposição, diagênese, hidrotermalismo e metamor-fismo.

Entre os fatores que devem ser especialmen-te considerados estão o tipo de depósito, a forma e a composição dos constituintes, bem como as fei-ções texturais da rocha, tendo-se em conta que estes auxiliam na determinação do processo formador dos clastos. As características das litofácies (geometria, estruturas, organização interna, natureza dos conta-tos e relações entre as unidades) permitem a defini-ção dos processos de transporte e deposidefini-ção dos fragmentos. Evidências texturais de deposição em alta temperatura, como soldagem, disjunção colunar, estruturas de escape de gases e cristalização da fase vapor são fundamentais no reconhecimento de depó-sitos vulcanoclásticos primários.

A correta obtenção destas características possibilita a distinção entre as diferentes categorias genéticas de depósitos vulcanoclásticos e a determi-nação do ambiente de deposição: subaéreo/suba-quoso raso/subasubaéreo/suba-quoso profundo, a avaliação da

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pro-ximidade dos depósitos em relação a fonte dos com-ponentes vulcânicos e o estabelecimento do carac-ter, composição e ambiente do vulcanismo.

Nas manifestações vulcânicas explosivas subaéreas são liberados grandes volumes de frag-mentos vulcânicos imersos em gases e vapores de alta temperatura. O transporte das partículas vulcâ-nicas assemelha-se ao observado nos terrenos se-dimentares envolvendo mecanismos de tração, sus-pensão e fluxo de massa, responsáveis pela constru-ção dos depósitos primários de queda, surge (ondu-lado) e de fluxo piroclástico. A principal diferença entre os depósitos piroclásticos primários e os siste-mas sedimentares é a participação de gases quentes na dispersão das partículas.

Em terrenos vulcânicos, os fluxos de massa vulcanoclásticos são um importante meio de trans-porte de partículas, pois podem envolver grande mobilidade e distâncias. Os depósitos de fluxos piroclásticos primários são aqueles onde os frag-mentos e os fluidos intersticiais são de origem vul-cânica, envolvendo principalmente gases e vapores de alta temperatura. A caracterização destes depósi-tos é de suma importância na avaliação do vulca-nismo de uma região.

O presente trabalho dedica-se, inicialmente, a discussão de conceitos vulcanológicos principais, apre-sentando as classificações e uma síntese sobre a faciologia e origem dos diferentes tipos de depósitos A terminologia utilizada no estudo de seqüências piroclásticas é em alguns casos conflitante, entretanto alguns termos são consensuais (Tabela 1) e em geral utilizados na definição destas seqüências. Adicional-mente são enfatizados os fluxos de púmices subaéreos, cujos piroclastos podem refletir, em parte, a composi-ção do magma parental. Os conceitos e discussões inicialmente apresentados são em parte utilizados na reconstrução do vulcanismo ácido neoproterozóico III - eocambriano do Rio Grande do Sul.

CLASSIFICAÇÃO DE DEPÓSITOS VULCÂNICOS

O vulcanismo pode envolver manifestações efusivas e/ou explosivas (Fig. 1), sendo as primeiras representadas por fluxos de lavas e domos, por ve-zes acompanhados de corpos intrusivos sin-vulcâni-cos (diques, sills e criptodomos). Nas lavas e produ-tos associados dominam as texturas coerentes ou não-particuladas (e.g. porções maciças), embora condições vulcanoclásticas do tipo autoclástica pos-sam também ocorrer (e.g. auto-brechas).

As erupções explosivas podem gerar três tipos principais de depósitos piroclásticos primários: depósi-tos de fluxo, depósidepósi-tos tipo surge e depósidepósi-tos de queda. A condição particulada destes depósitos, onde volumes expressivos de fragmentos ainda não consolidados (tefra) se acumulam especialmente ao longo dos flancos de edifícios vulcânicos, facilita o deslocamento dos constituintes durante ou após a erupção, sem mo-dificar a identidade original destes, gerando desta for-ma os depósitos vulcanoclásticos ressedimentados. Estes não devem ser confundidos com os depósitos sedimentares vulcanogênicos, cuja origem dos frag-mentos vincula-se necessariamente à ação do intem-perismo e erosão de terrenos vulcânicos pré-existentes. A expressão “depósitos vulcanoclásticos” possui uma conotação apenas descritiva, referindo-se a todos os depósitos ricos em constituintes de origem vulcânica, sem implicações genéticas (Fisher, 1961), podendo ser subdivididos em quatro categorias: autoclástica, piroclástica, ressedimentado sin-eruptivo, sedimentar vulcanogênico (Tabela 2).

CARACTERIZAÇÃO DE ERUPÇÕES EXPLOSIVAS

As manifestações vulcânicas explosivas são desencadeadas por mecanismos de fragmentação que podem envolver o aquecimento rápido da água em condutos vulcânicos (erupção freática), a inte-ração entre magma e água (freatomagmática) e ativi-dade magmática com pequena participação de volá-teis externos (magmática). Os dois primeiros tipos são fenômenos hidrovulcânicos onde grande parte da energia responsável pela erupção origina-se da interação do magma com as águas superficiais, sub-terrâneas ou gelo. Erupções magmáticas considera-das “secas” podem apresentar estilos diferentes de manifestações vinculados especialmente ao conteú-do de sílica conteú-do sistema, senconteú-do a dinâmica conteú-dos prin-cipais tipos de erupção sumariada por Cashman et

al. (2000) e Morrissey et al. (2000). A figura 2

ilus-tra as principais características das erupções explo-sivas, acompanhadas de exemplos vulcânicos atuais.

CLASSIFICAÇÕES DE DEPÓSITOS PIROCLÁSTICOS

Os depósitos piroclásticos são gerados diretamente da atividade vulcânica explosiva, a par-tir da fragmentação de rochas e/ou magma, onde as partículas são dispersas em um meio fluido repre-sentado por gases quentes e vapores.

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Tabela 1 - Relação dos principais termos utilizados na caracterização de depósitos piroclásticos (a partir de Fisher, 1961, Schmid, 1981, Cas & Wright 1987 e McPhie et al. 1993).

O M R E T SIGNIFICADO/CONCEITO s o t s a l c o r i p ) a fragmentosgeradosporfragmentaçãocomoresultadodiretodeaçãovulcânicaexplosiva s i n e v u j s o t s a l c o r i p ) b fragmentosoriundosdiretamentedomagma(essenciais) : s o t a n g o c s o t s a l c o r i p ) c fragmentosoriginadosdafragmentaçãoderochasvulcânicasco-magmáticasanteriormenteformadas s o i r ó s s e c a s o t s a l c o r i p ) d fragmentosoriundosderochasencaixantesejetadasexplosivamenteduranteaerupção s i a t n e d i c a s o t s a l c o r i p ) e clastosenglobadosaleatoriamenteduranteotransporte s o t s a l c o r t i v ) f piroclastosoriundosdafragmentaçãodevidrovulcânico.Amorfologiadestesfragmentos(shards)ébastante s o t n e m a li f u o s e d i p s ú c , s a l u c í p s e , a u l -a i e m : l e v á i r a v s o t s a l c o l a t s i r c ) g fragmentosdecristaisquepodemseroriginadosapartirdoprópriomagmaesãocapturadosnoatoda r e s m e d o p e u q o e r t í v l a i r e t a m r o p s a d r o b s a n s o d i v l o v n e s i a t s i r c e s -m e t l a n i f o t u d o r p o m o C . o ã ç a z il a t s i r c s e t n a x i a c n e s a h c o r s a d r i t r a p a , m é b m a t , s o d a n i g i r o s o t s a l c o t il ) h fragmentosderochasquenormalmentesãooscomponentesmaisdensosdeumdepósito.Otipode o d r i t r a p a s o d a n i g i r o r e s m e d o p ; o ã s o l p x e a u e r f o s e u q a m g a m o d a r a li m i s é m u m o c s i a m o ã ç i s o p m o c s a h c o r e d s o p i t s o r t u o a s o d a n o i c a l e r u o o c i n â c l u v o t u d n o c a r f e t ) i termocoletivoparadepósitospiroclásticosinconsoildados s o t s a l c i p e ) j Fragmentosquetenhamsidoilberadosdequalquertipoderocha,porintemperismoouerosãoetransportados s a h c o r e o r d i v , s i a t s i r c : s o t n e m g a r f : m e g i r o e d l a c o l u e s e d m e g a d l o s ) k processopós-deposicionalqueenvolveacimentaçãoconjuntadefragmentosvesiculareseshardsdevidro o ã ç a t c a p m o c e d a g r a c a m u b o s e m m a i f ) l clastosjuvenisdevidroachatadosemdepósitossoldados(quedaoufluxo).Emmuitoscasos,osfiammes s a m , s o d a d l o s o ã n s o i r á d n u c e s u o s o i r á m i r p s o t i s ó p e d m e l a n i g i r o e c i m ú p o d o ã ç a m r o f e d a d m a t l u s e r s o c i t é n e g a i d s o s s e c o r p r o p s o d a t c a p m o c , s e s i f o t il , s o t il u r e f s e ) m a c i t í li u q i o p o r c i m a r u t x e t m e t s i s n o c s o t il u r e f s e s o ; o c i n â c l u v o r d i v m e a r u t a r e p m e t a t l a e d o ã ç a c i f i r t i v e d e d s o s s e c o r p e d s a v i t a c i d n i s e õ ç i e f a m u m a t n e s e r p a e u q s o t il u r e f s e o ã s s e s i f o t i L . l a t s i r c m u a t n e s e r p e r a r b i f a d a c e d n o , s o d a i d a r r o r b i f s o j n a r r a e d s e r a l u g e r r i e ) m m 1 < ( s o n e u q e p e d a ç n e s e r p a l e p a d a z i r e t c a r a c é a c i t í li u q i o p o r c i m a r u t x e t A . l a r t n e c e d a d i v a c s i a r e n i m s e s a f s a r t u o e d s o n e u q e p s i a t s i r c e t n e m a t e l p m o c m e v l o v n e e u q , l a r e n i m m u e d , s i a t s i r c o t il r e p ) n vidrovulcânicocomabundânciadefraturascurvas,suavesenormalmenteconcêntricas,quecircundam o c i n â c l u v o r d i v o d o t n e m a i r f s e r o d i p á r e o ã ç a t a r d i h o d n a c i d n i , o r d i v e d s o d a v r e s e r p m e b s o e l c ú n o x u l f e d s e õ ç a il o f ) o estruturasplanaresdecorrentesdofluxolaminar,principalmenteemlavaseintrusõessin-vulcânicas.As a i c n â d n u b a , a i r t e m o l u n a r g , e d a d i n il a t s i r c , e d a d i r a l u c i s e v , o ã ç i s o p m o c a n s e õ ç a i r a v r o p s a d i n i f e d o ã s s e õ ç a il o f s o t i r b m i n g i o e r m e m é b m a t m e r r o c o o x u l f e d s e õ ç a il o f s A . r o c e o ã ç a c i f i r t i v e d e d u a r g , s e s i f o t il u o s o t il u r e f s e e d a s s a m e d o x u l f o m e v l o v n e -s o c i f r ó m o e r s o s s e c o r p s o a s a d a i c o s s a e t n e m l a m r o n o d n e s , s o t i r b m i n g i e k il -a v a l e e o s o c s i v o d í u l f m u m e e t n e t s i x e e l e u q a o m o c e s -a t r o p m o c o x u l f e t s E . o c i t s á l c o r i p o t i s ó p e d o d o i r á d n u c e s s a n r e t n i s a r u t u r t s e s a r t u o e s o t n e m a r b o d r i z u d o r p e d z a p a c , e t n e r e o c s e r a n u l o c s a t n u j ) p fraturasregularesquedividemarochaemunidadesprismáticasealongadas,encontradoemlavas,diques, o a h n a p m o c a e u q o ã ç a r t n o c a d s e t n e r r o c e d o ã s ; s e t n e u q s o i r á m i r p s o c i t s á l c o n a c l u v s o t i s ó p e d e s l l i s . s o t i s ó p e d s o d o t n e m a i r f s e r o t n e m a d a m a c a ) q l a n o i c a d a r g o ã s n e p s u s u o a s s a m e d s o x u l f e d r i t r a p a o ã ç i s o p e d a m u o d n a c i d n i a r u t u r t s e a l e l a r a p -o n a l p o ã ç a n i m a l ) r estruturaindicandodeposiçãoapartirdemecanismosdesuspensãooutração a d a z u r c o ã ç a c i f i t a r t s e ) s estruturaindicandoumadeposiçãoporcorrentesdetração

Tabela 2 - Descrição dos tipos de depósitos vulcanoclásticos (modificado a partir de Cas & Wright 1987 e McPhie et al. 1993). O C I T S Á L C O N A C L U V O T I S Ó P E D DESCRIÇÃO o c i t s á l c o t u A depósitoprimárioconstituídodepartículas(autoclastos)geradasporfragmentaçãonão a v i s o l p x e insitudelavasoumagmas(autobrechação/fragmentaçãoporresfriamento) o c i t s á l c o r i P depósitoprimárioformadoporpartículas(piroclastos)geradosporerupçõesexplosivase ; ) e g r u s , o x u l f , a d e u q ( s o i r á m i r p s o c i n â c l u v s o s s e c o r p r o p s a d a t i s o p e d o v i t p u r e -n i s o d a t n e m i d e s s e R depósitosecundário,sin-eruptivo,formadoapartirdarápidaressedimentaçãodepiroclastos e t n e m l a r u t x e t s a d a c i f i d o m o ã n , s a c i t s á l c o t u a s a l u c í t r a p u o o c i n ê g o n a c l u v r a t n e m i d e S agregadocontendopartículasderivadasporerosão,apartirdedepósitosvulcânicospré -a e t n a r u d o v i t a c i f i n g i s o t n e m a h l a b a r t e r m u a s o d i t e m b u s m a r o f o ã n e u q e s e t n e t s i x e o ã ç p u r e a s ó p a o g o l s o d a t i s o p e d e r m a r o f e u q u o / e , o ã ç i s o p e d

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Figura 2 - Descrição e exemplificação de erupções vulcânicas explosivas: (1a) stromboliana - Vulcão Stromboli - Itália; (1b) vulcaniana - Tavurvur Volcano in Rabaul Caldera Paupa, New Guinea. (1c) pliniana Monte Santa Helena Estados Unidos da América; (2) freatomagmática -surgimento da Ilha de Surtsey - Islândia; (3) freática- Monte Santa Helena- Estados Unidos da América (fonte: http//www.volcanoes.usgs.gov).

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Classificação litológica de depósitos piroclásticos

De acordo com a IUGS a classificação lito-lógica dos depósitos piroclásticos fundamenta-se nos limites de tamanho de grão e sua distribuição, nos tipos de fragmentos e no grau de soldagem. (Le Maitre, 1989; 2002). Apesar da natureza descritiva desta classificação, ela também pode ser usada para discriminar genericamente os mecanismos que pro-duziram um depósito piroclástico particular. Os de-pósitos piroclásticos podem ser separados em uni-modais bem selecionados (Tabela 3) e poliuni-modais pobremente selecionados (Fig. 3). Os depósitos polimodais e mal selecionados contêm piroclastos com mais de uma fração granulométrica, sendo mais apropriado uma nomenclatura que utilize combina-ções dos termos propostos para os depósitos uni-modais.

Segundo a composição dos fragmentos, os tufos e as cinzas podem ser subdivididos em: cinza ou tufo vítrico; cinza ou tufo de cristal; cinza ou tufo lítico (Fig. 4).

Outra classificação descritiva é sugerida para rochas constituídas por uma mistura de piroclastos e epiclastos (Tabela 4). Esta classifica-ção proposta por Schmid (1981) considera um limite mínimo de 75% de piroclastos por volume, para classificar-se um depósito como piroclástico. Este autor define como piroclasto todo fragmento sólido ejetado diretamente da atividade vulcânica, sendo as misturas com conteúdos superiores a 25% de epi-clastos agrupadas como tufitos.

Classificação genética de depósitos piroclásticos

Sparks & Walker (1973) reconhecem três tipos principais de depósitos piroclásticos (Figura 5), definidos de acordo com o mecanismo principal de transporte dos fragmentos:

- depósitos de queda (pyroclastic fall) - mecanismo: suspensão;

- depósitos tipo surge (pyroclastic surge) - mecanis-mo: tração

- depósitos de fluxo (pyroclatic flow) - mecanismo: fluxo de massa;

Depósitos piroclásticos de queda: a origem destes depósitos está relacionada à acumulação do material ejetado pelo conduto, que gera uma coluna de

erup-ção na forma de uma pluma convectiva. A pluma expande-se pela ação dos gases e os piroclastos depositam-se sob a influência da gravidade, capean-do a superfície com espessuras uniformes sobre áre-as restritáre-as (Fig. 5a).

Depósitos piroclásticos tipo surge: a origem destes depósitos está relacionada ao movimento lateral de piroclastos como um fluxo altamente expandido (tração), turbulento e com baixa concentração de partículas. Estes depósitos capeiam a topografia, tendendo a se acumular nas depressões (Fig. 5b). Depósitos de fluxos piroclásticos: a origem destes depósitos envolve o movimento lateral de piro-clastos como um fluxo quente, com alta concentra-ção de partículas, controlado pela gravidade que em, algumas vezes, pode atingir uma condição parcial-mente fluidizada. A deposição dos fluxos é contro-lada pela topografia, preenchendo vales e depres-sões (Fig. 5c1 e 5c2).

DEPÓSITOS DE FLUXO PIROCLÁSTICO

Estes depósitos são subaéreos e gerados por fluxos de superfície com concentração elevada de piroclastos com uma alta taxa de dispersão gás-só-lido Fluxos subaquosos são extremamente raros sen-do a origem e evolução um tema polêmico (Carey & Singurdsson, 1980). Os fluxos piroclásticos apre-sentam volumes variáveis (<0,1 até >1000 km3) e

podem percorrer distâncias desde inferiores a 1 km a superiores a 100 km. Os fluxos mais volumosos possuem composições riolítica a dacítica e os de menor expressão são em geral de composição andesítica a basáltica. A fração sólida juvenil é ge-rada pela desintegração explosiva de magmas, for-mando púmices, escórias, fragmentos vítreos não vesiculados, shards e cristaloclastos relacionados a magmas com taxa elevada de cristalização. Outras contribuições importantes para a formação destes depósitos são os fragmentos cognatos e acessórios, extraídos dos condutos além de litoclastos aciden-tais englobados pelo fluxo. A fase gasosa compreen-de originalmente voláteis expelidos antes e durante a erupção, acrescida dos voláteis liberados dos piroclastos durante a trajetória do fluxo e a incorpo-ração de ar, representados por vapores originados da incorporação de águas superficiais e da combustão de vegetação.

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Tabela 3 - Classificação granulométrica de piroclastos e depósitos piroclásticos unimodais bem selecionados (modificado a partir de Fisher, 1961 e Schmid, 1981).

Tabela 4 - Classificação granulométrica de depósitos piroclásticos e vulcanoclásticos ressedimentados ou mistos (modificado a partir de Fisher, 1961 e Schmid, 1981).

Figura 3 - Classificação granulométrica para depósitos piroclásticos primários polimodais (modificado de Fisher, 1966 b).

Figura 4 - Classificação de cinzas e tufos conforme a composição dos piroclastos (modificado a partir de Schmid, 1981).

Classificação genética de depósitos de fluxo piroclástico

A classificação genética é baseada nos três mecanismos principais responsáveis pela geração de fluxos piroclásticos (Fig. 6):

a) mecanismos associados com a extrusão de

domos e fluxos de lavas: os fluxos são gerados

do colapso gravitacional ou explosivo de lavas

ou domos. Podem estar também relacionados a colunas de erupção explosivas verticais ou late-rais associadas à extrusão de domos de lavas. Os depósitos gerados são em geral denominados de fluxos de blocos e cinzas ou depósitos de avalan-ches quentes (Figs. 6a).

b) mecanismos associados ao colapso de coluna

de erupção vertical: a instabilização da coluna

o ã r g e d o h n a m a T ) m m ( Piroclasto o c i t s á l c o r i P o t i s ó p e D ) o d a d i l o s n o c n i ( a r f e T Rochapiroclástica a b m o B o c o l B s a b m o b e d s a r f e t u o o d a r e m o l g A s o c o l b e d a r f e t u o s o c o l b e d o t i s ó p e D o d a r e m o l g A a c i t s á l c o r i p a h c e r B il i p á L Depósitodelápiil Lapiilto a s s o r g a z n i C Depósitodecinzasgrosso Tufogrosso a n i f a z n i C Depósitodecinzasfino Tufofinooutufoapó 64 2 1/16 o h n a m a T o ã r g e d ) m m ( o c i t s á l c o r i P o t i s ó p e D ) o d a d i l o s n o c ( ) o d a d i l o s n o c ( s o t s a l c o r i P m e o c i r o t i s ó p e D o v i t p u r e -n i s o t n e m i d e s s e R Ressedimentoouretrabalhado/ a t r e c n i m e g i r o / o v i t p u r e -s ó p a c i t s á l c o r i p a h c e r B Brecharessedimentadaricaempiroclastos; Brecha/conglomeradotufáceo o t il i p a L Lapiiltoressedimentadoricoempiroclastos; o s s o r g o f u T Arenitoressedimentadoricoemcinzas Arenitotufáceo ó p a o f u t u o o n i f o f u T Lamito/slitito/argiiltoressedimentadoricoem s a z n i c Lamito/slitito/argiiltotufáceo 64 2 1/16

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Figura 5 - Figura esquemática ilustrando: (i) três principais mecanismos de transporte na deposição dos depósitos piroclásticos: suspensão (depósitos de queda), tração (depósitos tipo surge), fluxo de massa (depósitos de fluxo piroclástico); (ii) as relações geométricas dos três tipos básicos de depósitos piroclásticos sobre uma mesma topografia e (iii) exemplos de depósitos piroclásticos: (a) queda); (b) surge (fotos a e b - depósitos do vulcão Bromo Tenger - Indonésia; (c) fluxos piroclásticos (fotos: c1- brecha co-ignimbrítica - Platô da Ramada, RS; c2 - ignimbrito tipo lenticulito - Pleistoceno-Nova Zelândia).

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de erupção pode ocorrer após uma única explo-são ou em uma série de explosões intermitentes. Os fluxos gerados são ricos em cinzas e escórias ou púmices (ignimbritos) (Fig. 6b).

c) mecanismos associados diretamente aos

condu-tos: os fluxos são gerados pela expansão de

mag-mas supersaturados em voláteis, por pequenas ema-nações de misturas de gás-piroclastos e por libera-ções de “jatos” de lava de pequena intensidade (low

fountaining). Os depósitos gerados são ricos em

púmices ou em cinzas e escórias (Fig. 6c). Os principais tipos de depósitos estão rela-cionados a fluxos de púmices (ignimbritos), fluxos de cinzas-blocos e fluxos de escórias, cujos aspectos descritivos são apresentados na tabela 5. Os princi-pais processos de sustentação das partículas nestes fluxos são a fluidização, flutuabilidade e colisões

entre os grãos. A mobilidade destes é atribuída par-cialmente às forças gravitacionais, ao impulso origi-nado dos processos eruptivos e a grande eficiência de sustentação das partículas durante o fluxo.

DEPÓSITOS IGNIMBRÍTICOS

Ignimbritos são depósitos formados por flu-xos piroclásticos de púmices, podendo ser encontra-dos em toencontra-dos os ambientes geotectônicos e em toencontra-dos os períodos geológicos, sendo comuns em erupções explosivas envolvendo magmas de composição riolítica, dacítica e andesítica. Podem percorrer grandes distâncias, principalmente em terrenos que apresentam superfícies levemente inclinadas, poden-do em alguns casos, ultrapassar barreiras topográfi-cas. Os fluxos de púmices podem atingir

velocida-Figura 6 - velocida-Figura esquemática e ilustração sobre os principais mecanismos de geração de fluxos piroclásticos: (a) Colapso gravitacional/explosivo de domo/lava; (b) colapso da coluna de erupção; (c) relacionados diretamente ao conduto (Foto de erupção: Vulcão Mayon - Filipinas, fonte: http//www.volcanoes.usgs.gov).

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des médias da ordem de 60 m/s até 160 m/s, e as principais características destes depósitos são apre-sentadas na tabela 6 com alguns exemplos ilustrados na figura 7.

Aspectos texturais e organização interna dos depósitos

Os depósitos ignimbríticos são, em geral, mal selecionados, contendo piroclastos que variam de ta-manho bloco a cinza. Os clastos maiores são susten-tados por uma matriz rica em púmice, shards e cristaloclastos. O escape acentuado de gases é res-ponsável pela elutriação da fração fina dominada por

shards, sendo freqüente o escape destes durante a

movimentação do fluxo ou na sua deposição, levando a construção de feições do tipo pipes, vugs e pods.

É comum a ocorrência de depósitos ricos em cristais sendo um dos fatores principais para este enriquecimento relativo o mecanismo de elutriação de cinzas durante o fluxo piroclástico. Embora seja mais comum a presença de fragmentos angulosos de cristais ou fenocristais euédricos, os efeitos de abrasão podem deixá-los com formas arredondadas a subarredondadas.

Os ignimbritos podem apresentar generica-mente dois pólos principais de organização interna que gradam entre si, e que refletem diferenças nos regimes deposicionais dentro de um fluxo. Estas unidades deposicionais limites são discutidas por Sparks et al. (1973) e Sheridan (1979), e classifica-das como depósito de fluxo piroclástico maciço, quando o aspecto é relativamente homogêneo, com uma suave gradação normal da fração lapilítica mais densa, e depósito de fluxo piroclástico

estratifi-cado, caracterizado por estratificações sucessivas e

bem marcadas (Fig. 8).

A organização interna destas unidades de fácies deposicionais depende dos processos de transporte, da deposição, das mudanças no forneci-mento de material e dos efeitos da interação entre o fluxo e a topografia. As temperaturas elevadas des-tes depósitos e a capacidade de retenção de calor podem causar transformações texturais e modificar as características deposicionais primárias.

Processos de modificações pós-deposicionais

Os principais processos pós-deposicionais são a soldagem, devitrificação e a cristalização da fase vapor.

Tabela 5 - Aspectos descritivos dos principais depósitos de fluxo piroclástico.

O T I S Ó P E D CARACTERÍSTICASPRINCIPAIS e d o t i s ó p e D ) a s a z n i c e d o x u l f : s o c o l b e m e d o p e u q , s e r a l u c i s e v o ã n e t n e m l a r e g , o c o l b o h n a m a t s o t a n g o c s o t s a l c o t il o d n e t n o c , s o d a n o i c e l e s l a m il i p á l e a z n i c o h n a m a t s o t s a l c o r i p r o p m é b m a t s o d í u t i t s n o c o ã S . o r t e m 1 a s e r o i r e p u s s o r t e m â i d r e d e c x e s a d a m r o f o ã s s a z n i c s a e s o s o l u g n a o ã s s i n e v u j s il i p á l s O . s o d a l u c i s e v e t n e m e r b o p a e t n e m a d a r e d o m r o p shardsdevidroefragmentosdecristais.Osdepósitospodemexibirgradaçãoinversaecamadas s o d a i c o s s a e t n e m l a m r o n o ã t s E . s n u m o c o ã s o ã n m e g a d l o s e d s a r u t x e T . s a d a l u n a r g e t n e m a n i f s i a s a b s e õ c l u v m e e t n e m l a i c e p s e , a c i t il o i r à a c i t í s e d n a o ã ç i s o p m o c e d , s a v a l e d s o x u l f e s o m o d e d s e õ s u r t x e m o c . o c i t s á l c o r i p o x u l f o e t n a r u d a i g r e n e a t l a a m u m a c i d n i e , a r i e d l a c e d s o c i p í t s e t n e i b m a m e u o s o t s o p m o c e d o t i s ó p e D ) b s a z n i c e d o x u l f : s a i r ó c s e e . a c i t í s e d n a a a c i t l á s a b o ã ç i s o p m o c e d s e r a l u c i s e v s il i p á l m o c , s o d a n o i c e l e s l a m s a z n i c e d s o t i s ó p e d , e t n e m a d a n i d r o b u s , e a e c á i r o c s e e i c í f r e p u s m o c , o r t e m â i d e d m 1 é t a e d s o t n e m g a r f r a t n e s e r p a m e d o P s i a s a b s a d a m a c s a d a r t n o c n e r e s m e d o p m é b m a T . s o d a l u c i s e v o ã n o c o l b o h n a m a t s o t a n g o c s o t s a l c o t il o d i v e D . o x u l f o e t n a r u d a i g r e n e a t l a a m u m a c i d n i e s n u m o c o ã s s e m e r g n í s e t n o r F . s a d a l u n a r g e t n e m a n i f o ã s o ã ç p u r e e d s a r u t a r e p m e t s a , s o x u l f s e t s e n a d i v l o v n e a c i f á m e t n e m a v i t a l e r o ã ç i s o p m o c a a r u s s e p s e a n e u q e p e d s o t i s ó p e d m e m e g a d l o s a o d n a t il i b i s s o p , a x i a b e d a d i s o c s i v a e s a t l a e t n e m a v i t a l e r . ) m 0 1 < ( e d o t i s ó p e D ) c e d o x u l f s e c i m ú p : ) s o t i r b m i n g i ( m e g a d l o s e d u a r g o d e e m u l o v o d e t n e d n e p e d n i , s e c i m ú p m o c s o c i t s á l c o r i p s o x u l f e d r i t r a p a s o d a m r o f s k r a p S ( etal.,1973).Esteconceito,emborapareçaamplopordemasia,temdemonstradoser bastante s o d a z il i t u o d i s m ê t s o m r e t s o r t u O . s o c i t í r b m i n g i s o t i s ó p e d m e s a d a z il a e r s e õ ç i r c s e d s a m o c e t n e r e o c : s o s i c e r p m i o t i u m , m é r o p e s -o d n a r t s o m , s o t i r b m i n g i e d s o m i n ô n i s o m o c -Ash-flowtuffs(Smith,1960a;RosseSmith,1961):intensamenteutiilzado,apesardesuaimprecisão, e i l i p á l o h n a m a t s o t n e m g a r f e d s e õ ç r o p o r p s e d n a r g m a t n e s e r p a s o t i r b m i n g i s o d a i r o i a m a s i o p ; o m r e t o i r p ó r p o e õ p o r p o m o c , a z n i c e t n e m o s o ã n e , a b m o b / o c o l b -Depósitodenuvensardentes:estetermodeveriaserrestritoaosdepósitosdefluxopiroclásticodeblocos o t i r c s e d e t n e m l a n i g i r o o m o c , s a v a l e d o m o d m u e d o s p a l o c o l e p o d i z u d o r p , e m u l o v o n e u q e p e d s a z n i c e s a d a i r o i a m a e u q r o p s a m , e d a d i ü g i b m a a u s a l e p ó s o ã n , o m r e t e t s e r a t i v e e s -e v e D . ) 4 0 9 1 ( x i o r C a L r o p . a d e u q e d s o f u t e d s o t i s ó p e d e s e g r u s d u o l c -h s a m a m r o f s e t n e d r a s n e v u n

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Tabela 6 - Feições macroscópicas e microscópicas de ignimbritos. S A C I P Ó C S O R C A M S E Õ Ç I E F FEIÇÕESMICROSCÓPICAS e d s a d a i r a v s e d a d i t n a u q o d n e t n o c , s o d a n o i c e l e s l a m s o t i s ó p e d -. o r t e m â i d e d m 1 é t a e d s o c o l b e , s o d a d n o d e r r a s e c i m ú p e s a z n i c , s il i p á l ; z i r t a m a l e p s o d a t n e t s u s e t n e m l a m r o n o ã s s o t s a l c s O o ã ç a d a r g e s e c i m ú p e d a s r e v n i o ã ç a d a r g e s -a v r e s b o e t n e m e t n e ü q e r f -m e s o x u l f e d s e d a d i n u s n u m o c m a j e s a r o b m e , s o t a l c o t il e d l a m r o n ; o ã ç a d a r g ; a d a l u n a r g e t n e m a n i f l a s a b a d a m a c e d a ç n e s e r p -n e m l a u s u , s o s s o r g s i a m s o t n e m g a r f m e s o c i r , s e r o n e m s o t i s ó p e d s o -; s e l a v m e h c n e e r p e t ; m e g a d l o s e d s e d a d i s n e t n i e s a n o z s e t n e r e f i d r a r t s o m m e d o p -s à o d i v e d , s a s r e v i d e t n e m a m e r t x e s a i c n ê r a p a m e u s s o p s e c i m ú p s o -; o ã ç a c i f i r t i v e d e m e g a d l o s e d s e õ ç i d n o c s e t n e r e f i d s e t n e s e r p o ã t s e e s o n e u q e p o t i u m o ã s s e c i m ú p s o , s e z e v s a m u g l a -e d s o i r é t i r c s o r t u o r a z il i t u o s i c e r p é e u q , s e d a d i t n a u q s a n e u q e p o ã t m e ; s o t i r b m i n g i e d o t n e m i c e h n o c e r a z n i c u o o c n a r b o d m a i r a v e u q s e r o c m a t n e s e r p a s o c s e r f s e c i m ú p -; n o r r a m e d s e z i t a m é t a m e , e m e c e r u c s e s e c i m ú p s o m e g a d l o s a e o t n e m a t a h c a o e t n a r u d -; s a n a i d i s b o s a o m o c s o t e r p e s -m a n r o t , s a d a d l o s e t n e m e t r o f s a n o z m e d o p s o d a d l o s s o t i r b m i n g i m e s e r a l u c i t n e l s o t n e m e l e e d a ç n e s e r p a -; s e c i m ú p e d o t n e m a r i t s e r a c i d n i e d a g r a c r o p s e t n i u t i t s n o c s o r t u o e s e c i m ú p e d o t n e m a t a h c a o -o ã ç a il o f ( a d a il o f a r u t u r t s e a m u a m e g i r o á d m e g a d l o s e o ã ç a t c a p m o c o a r a l u c i d n e p r e p o d n a u Q . s o t i r b m i n g i s o d a i r o i a m a n m u m o c , ) a c i t í x a t u e s a c a l p u o s o c s i d o m o c m e r r o c o s o t n e m g a r f s o , o ã ç a i l o f e d o n a l p s a m r o f m e s o t n e m g a r f m e r r o c o , o n a l p o a a l e l a r a p o d n a u q ; s a d a t a h c a . s e r a l u c i t n e l u o s a l u c í p s e , Y , U : s a m r o f s a s r e v i d m e s d r a h s -a u l a i e m e d s e d e r a p s a d o ã ç a t n e m g a r f a d s o d a n i g i r o -o ã ç a l u c i s e v a t l a a o d n a c i d n i , s e c i m ú p e s a h l o b ; o ã s o l p x e a d s e t n a , a m g a m o d ; ó p o h n a m a t s o t n e m g a r f m o c z i r t a m -e d o ã ç a c i f i r t i v e d e s e c i m ú p e d s o t n e m g a r f -e r t n e o t n e m i c s e r c r e t n i m u o d n a m r o f , s e c i m ú p ; a t il a b o t s i r c e s o t a p s d l e f -s á l c o r i p l a i r e t a m o d o ã ç a m r o f e d e m e g a d l o s -; o c i t e d o l e l a r a p o j n a r r a o a o d i v e d a d a il o f a r u t u r t s e -e o ã ç a t c a p m o c a u o , s o d a t a h c a s o t n e m g a r f ; s e c i m ú p e o r d i v e d s d r a h s e d o t n e m a t a h c a o i n í m o d e r p : a c i t í l o i r o ã ç i s o p m o c e d s o t i r b m i n g i -; o z t r a u q e o t a p s d l e f e d s i a t s i r c -o n e f e d a ç n e s e r p a m u m o c é : a c i t í s e d n a o ã ç i s o p m o c -; a t i t o i b e a d n e l b n r o h , a t i g u a e d s i a t s i r c o n e f e d e s o i r ó s s e c a s o c i t í l s o t n e m g a r f e d a ç n e s e r p -; s i a t n e d i c a o l e l a r a p o t n e m i c s e r c r e t n i : a c i t í l o i x a a r u t x e t -m u É . o ã ç a c i f i r t i v e d e d s o t u d o r p e d o d a g l e d -o c e r o a r a p o c i t s ó n g a i d o c i p ó c s o r c i m o i r é t i r c ; s o t i r b m i n g i e d o t n e m i c e h n o m o c l a d i o r e f s e o ã ç i e f : a c i t í l u r e f s e a r u t x e t -. s i a r e n i m e d l a i d a r o t n e m i c s e r c

A expressão soldagem é utilizada para a indicar a litificação e deformação plástica de frag-mentos de púmices quentes, shards, litoclastos e cristaloclastos. Este processo é responsável pela re-dução da porosidade do depósito, que adquire uma maior densidade (ignimbrito soldado, depósito de fluxo de blocos e cinzas soldado), sendo controlado especialmente pela viscosidade do vidro da fração púmice e dos vitroclastos, pelo conteúdo de litoclastos e pela carga litostática vinculada a espes-sura do depósito.

A presença de textura eutaxítica, marcada pelo achatamento dos púmices e vitroclastos parale-lo ao acamadamento, é indicativa da soldagem dos depósitos. Em depósitos mais espessos, com tempe-raturas mais altas e com viscosidade baixa da fração vítrea, a soldagem é mais eficiente, sendo comum em erupções onde a perda de calor é menor, como em regimes com baixas colunas de erupção ou em colapso de domos.

O grau de soldagem dos depósitos não é ne-cessariamente homogêneo, observando-se zonas sol-dadas, moderadamente soldadas a não soldadas (Fig. 9). Esta zonalidade é facilmente observada em unida-des de fluxo simples, sendo mais complexa em uni-dades de fluxos compostos. Em casos excepcionais,

fluxos piroclásticos constituídos por partículas com viscosidade baixa, podem ser soldados ainda durante a deposição, não dependendo portanto da carga litostática, sendo este fenômeno definido como aglutinação (Branney & Kokelaar, 1992). As feições originadas nestes depósitos são muito semelhantes a depósitos de lava e podem levar a interpretações dis-tintas (Milner et al., 1995; Umann et al., 2001) .

A condição de instabilidade termodinâmica da fração vítrea é responsável pela devitrificação, que inclui a nucleação e neoformação de minerais nos sistemas vulcânicos. Em composições ricas em sílica é comum o crescimento de fibras cristalinas de quart-zo (cristobalita ou, mais raramente, tridimita) e feldspatos alcalinos ricos em Na+ e K+ (Lofgren,

1970). Alguns processos de devitrificação ocorrem sob condições de alta temperatura, podendo gerar esferulitos, litophysae e textura micropoiquilítica.

Os esferulitos são constituídos por cresci-mentos fibro-radiados, onde cada fibra é considera-da como um cristal único, sendo sua morfologia relacionada à temperatura de formação (Logfren, 1971 a). As litophysae envolvem a nucleação de esferulitos a partir de pequenas vesículas, que ten-dem a se expandir pela liberação dos voláteis, de-senvolvendo uma cavidade central (vug). A textura

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Figura 7 - Feições características em ignimbritos: (a) Bishop Tuff - Califórnia, Estados Unidos da América: mal selecionado, sustentado pela matriz rica em cristais e shards; lithophysaes - cavidades circundadas por uma borda de fibras de cristais; (b) Ignimbrito rico em cristais e fortemente soldado - Formação Iriri na região do Moriru - Aripuanã, MT. (c-h) Exemplos de feições em ignimbritos do Platô da Ramada, RS (Brasil): (c) feições de escape gases (paleopipes) em ignimbritos tipo lenticulito; (d) ignimbrito rico em cristais de K-feldspato e quartzo e moderadamente soldado; (e) feições de reabsorção em cristaloclasto de quartzo, envolto por fiamme e shards em lenticulito; (f) crsitalização da fase-vapor (quartzo+k-feldspato) em lithophysae em ignimbrito moderadamente soldado; (g) ignimbrito fortemente soldado com foliação eutaxitica envolvendo cristaloclastos subédricos de K-feldspatos micropertitizados e quartzo; (h) ignimbrito moderadamente soldado rico shards.

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micropoiquilítica é representada por um mosaico de cristálitos incluídos em pequenos grãos, originado pela nucleação e crescimento de fases distintas du-rante a devitrificação.

De acordo com Lofgren (1971 b), nos vidros riolíticos podem ocorrer quatro estágios de devitri-ficação: (a) estágio inicial de hidratação, representa-do por um mosaico poligonal de fraturas no vidro, denominado de fraturas perlíticas; (b) estágio vítreo, marcado pela textura felsítica e pequenos esferulitos; (c) estágio esferulítico, onde estes são abundantes e associados a quartzo micropoiquilítico, e (d) estágio granofírico, definido por agregados quartzo-feldspáticos, finamente granulados e aparentemente

eqüidimensionais. A devitrificação, como a solda-gem, não ocorre de maneira uniforme, podendo-se observar variações deste processo em um mesmo depósito (Figs. 9 e 10).

Os gases aprisionados nos poros e cavidades (vugs) dos depósitos piroclásticos de fluxo podem cristalizar, levando ao crescimento de novos e peque-nos minerais, logo após a deposição. Este fenômeno denominado de cristalização da fase vapor é respon-sável pela neoformação de tridimita, que tende a re-verter para quartzo, feldspato alcalino, hematita e, em alguns casos, biotita e anfibólio. A composição desta fase vapor dependerá da contribuição dos voláteis aprisionados, dos voláteis liberados dos fragmentos vítreos juvenis e das águas superficiais aquecidas. A textura originalmente vesicular do depósito pode ser modificada pelo crescimento de novos cristais ou agregados, sendo as modificações texturais e minera-lógicas confinadas, em geral, a pequenas áreas adja-centes aos pipes de escape de gases ou paralelas ao acamadamento (Fig. 10).

DEPÓSITOS DE FLUXO PIROCLÁSTICO NO VULCANISMO ÁCIDO NEOPROTEROZÓICO

DO RIO GRANDE DO SUL

Os depósitos de fluxo piroclástico caracteri-zam-se pela presença e preservação de calor que facilitam o processo de litificação e soldagem,

con-Figura 8 - Seções ideais em depósitos de fluxo piroclástico não solda-dos: (A) depósito de fluxo piroclástico maciço; (B) depósito de fluxo piroclástico estratificado (modificado a partir de Sparks et al. 1973 e Sheridan 1979).

A

B

Depósito de cinzas finas Depósito de fluxo piroclástico maciço Depósito de fluxo piroclástico estratificado

Figura 9 - Desenho esquemático representando os arranjos vertical e lateral ideais para as zonas de soldagem em uma simples unidade de fluxo ignimbrítico (modificado de Smith 1960 b): (a) ignimbrito fracamente soldado, com preservação de lithophysaes - Taupo (Nova Zelândia); (b) ignimbrito moderadamente soldado - Vesúvio (Itália); (c) ignimbrito fortemente soldado com fiamme estirados definindo uma textura eutaxítica - Platô da Ramada, RS (Brasil).

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dição importante para preservação deste registro vulcânico. Depósitos de fluxo piroclástico têm sido identificados no Brasil em sucessões vulcânicas de idades e ambientes geológicos diversos, destacando-se: Formação Iriri na região do Moriru - Aripuanã, MT (Pinho et al., 1999); vulcanismo félsico da Formação Campo Alegre, SC (Waichel et al., 2000); Grupo Castro, PR (Mendes & Vasconcellos, 1999); vulcanismo riolítico da Suíte Plutono-vulcânica Cambirela, SC (Tomazzoli, 1999); vulcanismo ácido da Formação Acampamento Velho - RS, nas regiões de Dom Pedrito (Platô do Taquarembó - Sommer et

al., 1999; Wildner et al., 1999) e Vila Nova do Sul

(Platô da Ramada - Sommer et al., 2001). Constata-se, no entanto, que são ainda escassos os trabalhos dedicados à descrição e caracterização dos aspectos diagnósticas destes depósitos. No presente trabalho são reunidos os dados e interpretações referentes aos depósitos de fluxos piroclásticos encontrados no Escudo Sul-Rio-Grandense.

No Rio Grande do Sul o vulcanismo ácido neoproterozóico da Aloformação Acampamento Ve-lho representa parte do magmatismo alcalino supersaturado em sílica, não deformado e não metamorfisado, associado às últimas manifestações do Ciclo Brasiliano-Pan-africano no Escudo Sul-Rio-Grandense (Wildner et al., 2002). As melhores

exposições destes vulcanitos localizam-se nas por-ções sudoeste (Platô do Taquarembó - Dom Pedrito) e centro-oeste (Platô da Ramada - Vila Nova do Sul) do Escudo Sul-Rio-Grandense (Fig. 11). Nestes ter-renos são observados diferentes tipos de depósitos vulcânicos, especialmente lavas e depósitos pirocláticos de fluxo, sendo menos comuns depósi-tos de queda. Esta faciologia é típica de sistemas riolíticos fortemente influenciados pela relação vis-cosidade alta - conteúdo de voláteis elevado. O grau de preservação dos depósitos permite reconstruir, pelo menos em parte, a história vulcanológica destas regiões e, apesar da idade pré-cambriana-cambriana, inúmeros registros do vulcanismo permanecem pre-servados, especialmente na fração vulcanoclástica dos depósitos.

Depósitos de fluxo piroclástico no Platô do Taquarembó

O vulcanismo do Platô do Taquarembó esta-beleceu-se sobre uma crosta continental granulítica (Complexo Granulítico Santa Maria Chico), sendo todos os depósitos identificados de natureza subaérea. Dados geocronológicos sugerem uma ida-de ida-de U-Pb ida-de 573 ± 18 Ma (Chemale et al., 1999). Segundo Wildner et al. (1999) o vulcanismo do platô está representado por derrames básicos a

inter-Figura 10 - Ilustrações dos arranjos vertical e lateral ideais para as zonas de devitrificação em uma simples unidade de fluxo ignimbrítico (modificado de Smith 1960 b): A zona devitrificada inclui esferulitos, lithophysaes e cristalização granofírica. (a) ignimbrito vítreo com fraturamento perlítico; (b) cristalização da fase vapor em ignimbrito moderadamente soldado; (c) textura esferulítica e granofírica como evidência de devitrificação em altas temperaturas em ignimbrito moderadamente soldado. Fotomicrografias de ignimbritos do Platô da Ramada, RS (Brasil).

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mediários, seguidos por uma sucessão de rochas efusivas e piroclásticas ácidas, além de depósitos sedimentares vulcanogênicos. A fração vulcânica ácida da porção sul do Platô do Taquarembó foi informalmente denominada por Sommer et al. (1999) de Seqüência Vulcânica Ácida (SVA) e pode ser dividida em dois eventos explosivos separados estratigraficamente por unidades efusivas, sendo esta organização ilustrada na tabela 7.

Os depósitos de fluxo piroclástico concen-tram-se na porção superior da SVA e representam um segundo ciclo explosivo do Platô. Os depósitos são fluxos de púmices estratificados e parcialmente soldados (ignimbritos estratificados - fig. 12a) e caracterizam as primeiras manifestações explosivas do evento 2. Estas são sucedidas por fluxos de púmices maciços e fortemente soldados (ignimbritos maciços soldados - fig. 12 b-c) que são subjacentes ao evento efusivo 2.

Os ignimbritos estratificados estão organi-zados em uma sucessão de camadas sub-horizontais, que internamente possuem uma gradação normal de litoclastos e inversa de púmices. São mal selecio-nados e constituídos por piroclastos tamanho lápili e, subordinadamente, cinza e bloco, apresentando um grau moderado de soldagem. As características individuais de cada nível assemelham-se ao tipo 2b da seção ideal de unidades deposicionais de fluxos piroclásticos proposta por Sparks et al. (1973) e Sheridan (1979). O tipo 2b caracteriza-se pela gradação normal de litoclastos associada a uma gradação inversa de púmices. A condição turbulenta do fluxo determina uma maior “flutuabilidade” dos clastos extremamente vesiculados e não consegue

sustentar os litoclastos maciços. A origem do padrão estratificado, no caso do Platô do Taquarembó, pode estar vinculada a sucessão de diferentes unidades de fluxo piroclástico, sendo esta hipótese em geral as-sumida para estes tipos de depósitos (Fisher & Schmincke, 1984; Cas & Wright, 1987; Ross & Smith, 1961; Wright et al., 1980; Smith, 1960). A avaliação dos constituintes do depósito estratificado permite reconhecer a concentração de níveis ricos em blocos cognatos riolíticos (Fig. 12e), possivel-mente extraídos da fração efusiva I e concentrados na parte inferior do depósito, acompanhados de fragmentos lapilíticos (vitroclastos, litoclastos e púmices). Neste nível concentram-se grandes frag-mentos vítreos (6,5 cm até 20 cm), plasticamente deformados, ricos em fraturas perlíticas que são in-terpretados como fragmentos juvenis do depósito (Fig. 12d, f). A ausência destes constituintes na porção superior, onde ocorre uma grande concentra-ção de púmices, sugere um aumento gradativo da vesicularidade do sistema magmático. A avaliação petrográfica dos púmices, constituintes principais do depósito, indica processos de devitrificação, intercrescimentos microcristalinos entre quartzo e feldspato alcalino, além de texturas axiolítica e esferulítica. (Figs. 13 a, b, c, g).

Os ignimbritos soldados ocorrem sobre os depósitos estratificados, podendo quanto à soldagem serem classificados como depósitos do tipo alto grau (Fig. 12b, c). Este, caracteriza-se por uma drás-tica diminuição da porosidade tornando o depósito maciço, assemelhando-se a rochas riolíticas efusivas. A zonalidade da soldagem no depósito é incipiente, observando-se uma condição moderada

Tabela 7 - Organização faciológica da Seqüência Vulcânica Ácida do Platô do Taquarembó, RS, Brasil (modificado de Sommer et al. 1999).

S O T N E V E PROCESSOS DEPÓSITOS UNIDADES 2 o v i s u f E Fluxodelavas Derramestraquidacíticose s o c i t í l o i r AssociaçãoEfusivaII 2 o v i s o l p x E a s s a m e d o x u l f e d s o m s i n a c e M Fluxospiroclásticosdepúmices ) s o t i r b m i n g i ( DepósitosIgnimbríticos a s s a m e d o x u l f e d s o m s i n a c e M ) o ã ç a t n e m i d e s s e r + ( / s o c o l b e d s o c i t s á l c o r i p s o x u l F s e c i m ú p e d s o x u l f e s a z n i c s o d a t n e m i d e s s e r o c i t s á l c o r i p o x u l f e d s o t i s ó p e D s o d a t n e m i d e s s e r o ã ç a r t e d s o m s i n a c e M Tiposurge Depósitostiposurge 1 o v i s u f E Fluxodelavas Derramestraquidacíticose s o c i t í l o i r Associaçãoefusiva1 1 o v i s o l p x E o ã s n e p s u s e d s o m s i n a c e M ) o ã ç a t n e m i d e s s e r + ( a d e u q e d s o c i t s á l c o r i P s o d a t n e m i d e s s e r s a h c e r b e d s o t i s ó p e D s o d a t n e m i d e s s e r s a c i t s á l c o r i p o ã s n e p s u s e d s o m s i n a c e M Piroclásticosdequeda Depósitospiroclásticosdequeda

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na base do depósito, determinada pela maior con-centração de litoclastos, com dimensões lapilíticas, e cristaloclastos. Na porção fortemente soldada ob-serva-se que a matriz é rica em fiamme e shards, desenvolvendo uma textura eutaxítica. Os litoclastos são dominantemente de rochas vulcânicas e os cristaloclastos são representados por quartzo e feldspato (Fig. 13 d, e, f, h). Os processos de devitrificação de alta temperatura são evidenciados pela presença de lithophysaes, axiolitos e esferulitos. A cristalização da fase vapor é registrada pela cristalização de quartzo e feldspatos alcalinos em cavidades e fraturas (Fig. 12 f). As diferenças principais entre o tipo estratificado e o maciço são a percentagem baixa de litoclastos e o grau elevado de soldagem presentes neste último. Estas características são indicativas de fluxos de mais alta temperatura, típicas de baixas colunas de erupção, podendo relacionar a menor contribuição

de litoclastos dos depósitos maciços a um índice menor de explosividade. A predominância de piroclastos juvenis e cognatos, e a baixa percenta-gem de cristais, sugerem uma erupção explosiva magmática, associada a líquidos com taxas de cris-talização moderadas a baixas.

Depósitos de fluxo piroclástico no Platô da Ramada

O Platô da Ramada é caracterizado por uma associação não deformada de rochas vulcânicas e intrusões sub-vulcânicas (diques e sills), de compo-sição básico-ácida que estabeleceu-se sobre uma crosta continental com assinatura isotópica juvenil (Chemale, 2000), com idade U-Pb em zircões de cerca de 549.3 ± 5 Ma (Sommer et al., 2003). O vulcanismo do Platô é constituído por uma unidade basal representada por lavas intermediárias seguidas

Figura 11 - Mapa esquemático mostrando as principais ocorrências do vulcanismo neoproterozócio na Bacia do Camaquã, RS (Brasil) e a localização dos Platôs da Ramada e do Taquarembó.

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de conglomerados vulcanogênicos, sucedida por uma associação bimodal de composição básica-áci-da (Tabela 8). A porção inferior desta associação é caracterizada por depósitos de fluxos piroclásticos ricos em blocos, definidas como brechas co-ignimbríticas e fluxos de púmices que, em algumas porções, são intrudidos por diques básicos. Estes depósitos particulados são sucedidos por fluxos de lavas riolíticas, que apresentam diferentes aspectos estruturais e texturais, destacando-se os tipos autobrechados, foliados e maciços. Localizadamen-te, ocorrem lavas básicas intercaladas às ácidas. Intrusões rasas de composição riolítica e traquítica cortam as rochas encaixantes ao redor da área do platô.

As brechas co-ignimbríticas são definidas pelo enriquecimento de litoclastos e empobrecimen-to de material fino, tendo como característica prin-cipal a pobre seleção, observando-se litoclastos conatos de rochas riolíticas e, subordinadamente, litoclastos acidentais de granitóides, andesitos e arenitos, envolvidos por uma matriz tufácea, com-posta por cristaloclastos (K-feldspato e quartzo), vitroclastos e púmices. A geometria do depósito é irregular, não tendo sido constatadas feições de acamadamento. A organização subhorizontal do de-pósito é raramente observada, marcada apenas em alguns locais por um maior achatamento de púmices

(Figs. 14a, b, c, d). Estas características são herda-das da incapacidade do fluxo em sustentar clastos maiores, aliada à elevada fluidização do fluxo que determina a elutriação da fração fina. Wright & Walker (1977) interpretaram este tipo de depósito como produzido pela queda de blocos sincrônicos a fluxos piroclásticos, sendo esta interpretação poste-riormente revista pelos mesmos autores e a fração lítica interpretada como parte do próprio fluxo. Esta fácies é interpretada como proximal sendo comple-xas as relações entre estes depósitos e os ignimbritos.

Os ignimbritos são caracterizados pela pre-dominância da fração lápili, observando-se varia-ções nos conteúdos de cristaloclastos, vitroclastos e litoclastos. Pode-se individualizar duas litofácies principais: ignimbritos do tipo lenticulito e ignimbritos ricos em cristais. Nos primeiros obser-va-se um predomínio de matriz tufácea de composi-ção vítrea, envolvendo púmices com diferentes for-mas e tamanhos, além de litoclastos e cristalo-clastos. A grande quantidade de púmices, aliada ao grau de soldagem pronunciado resulta em uma quantidade elevada de fiamme, originando uma des-tacada textura eutaxítica que confere à rocha um aspecto lenticular (Fig. 15a, b, c; 16 a, b). Os cristaloclastos são dominantemente de quartzo e feldspato alcalino subédricos e euédricos (juvenis),

Figura 12 - Exemplos de depósitos de fluxo piroclástico da SVA no Platô do Taquarembó, RS (Brasil): (a) ignimbritos estratificados e parcialmente soldados; (b) ignimbritos maciços soldados sobrepondo os depósitos estratificados (c) detalhe de ignimbrito fortemente soldado com aspecto de lava; d-e) detalhe dos depósitos estratificados, onde é observado um nível com predomínio de blocos juvenis (d) e cognatos (e); (f) textura eutaxítica observada em ignimbrito rico em litoclastos cognatos.

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Ü Q E S ÊNCIA DEPÓSITOS CARACTERÍSTICAS ) a d i c á -o c i s á b ( l a d o m i B ) a v i s u f e -a v i s o l p x e ( s a r u s s e p s e ( ≈80-100m) ; s a d i c á s a v a l e d o x u l F s o c i s á b s e u q i d e s a v a l e s i a r u t u r t s e s o t c e p s a s e t n e r e f i d m o c s o t il o i R e s o d a il o f , s o d a h c -e r b o t u a ( s i a r u t x e t m e s o t l a s a b m o c o ã ç a l a c r e t n i ; ) s o ç i c a m . ô t a l p o d s a t i r t s e r s e õ ç r o p s o t i r b m i n g I ) s o c i s á b s e u q i d r o p s o d a t r o c e t n e m a d a z il a c o l ( = s e c i m ú p e d o x u l f e d o c i t s á l c o r i p o t i s ó p e D ) a d i c á o ã ç i s o p m o c ( s i a t s i r c m e s o c i r / s o t il u c i t n e l e t n e m a d a z il a c o l ( s a c i t í r b m i n g i -o c s a h c e r B ) s o c i s á b s e u q i d r o p s o d a t r o c e d o i n í m o d e r P ; s o c o l b e d e d a d i t n a u q e d n a r G ) a d i c á o ã ç i s o p m o c ( s i n e v u j e s o t a n g o c s o t s a l c ) a i r á i d e m r e t n i ( l a s a B s a r u s s e p s e ( ≈12m) s o c i n ê g o n a c l u v s o t n e m i d e S Conglomeradosvvulcanogênicos(clas -s o t l a s a b / s o t i s e d n a = z i r t a m / s o t s a v a l e d o x u l F e d s e u q i d r o p s o d a t r o c e t n e m a d a z il a c o l ( ) a c i t í u q a r t -a c i t í l o i r o ã ç i s o p m o c x p + . g a l p = s i a t s i r c o n e f s o c i t í r i f r o p s o t i s e d n A o p o T . ) s e m r o f i d i p i r ( x p + . g a l p = z i r t a m / ) a t i g u a ( . ) o z q e . b r a c ( s a l u c í s e v = e t o c a p o d

Tabela 8 - Organização faciológica da Seqüência Vulcânica do Platô da Ramada, RS, Brasil (modificado de Sommer et al. 2001).

Figura 13 - Feições microscópicas características em ignimbritos da SVA - Platô do Taquarembó, RS (Brasil): (a) púmices e cristaloclastos em ignimbrito parcialmente soldado (LP - 25x); (b) detalhe de fragmento de púmice em ignimbrito não soldado (LP - 100x); (c) esferulitos como feições de devitrificação de alta temperatura em ignimbrito (LP - 100x); (d) cristais euédricos, litoclastos e púmices em ignimbrito soldado (LP - 25x); (e) litoclastos cognatos e púmices estirados em ignimbrito soldado (LP - 25x); (f) shards e púmices em ignimbrito rico em vitroclastos; cristalização da fase vapor em fratura (LP - 25x); (g) axiolitos como feição de devitrificação de alta temperatura em lithophysae (LP - 100x); (h) litoclasto acidental de andesito e púmices estirados em ignimbrito soldado (LP - 25x).

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além de ocorrer com bordas quebradas (cognatos) (Fig. 16 c, d) . Os litoclastos são dominantemente de riolitos cognatos, constatando-se também a presença de fragmentos acidentais de andesitos (Figs. 15f, 16e). Axiolitos e esferulitos são feições de devitrifi-cação comuns, principalmente em fragmentos de púmices (Fig. 16f).

Em algumas porções de topo das unidades de fluxo piroclástico foram identificadas pela primeira vez no Rio Grande do Sul, feições típicas de escape de gases (degassing pipes) na Aloformação Acampa-mento Velho, representadas por estruturas semicircu-lares a circusemicircu-lares centimétricas, preenchidas por ma-terial argiloso. Estas estruturas gradam para uma zona brechada, refletindo provavelmente um aumento na fugacidade de gases, onde observa-se uma predomi-nância de fragmentos envoltos por uma matriz argilo-sa (Fig. 15e). É notável a preservação de estruturas circulares marcando os pelo-pipes, similares às des-critas em ignimbritos dos complexos vulcânicos de Bishop Tuff e Rio Caliente (Sheridan, 1970). Estas feições resultam do intenso escape dos gases contidos na fração púmice e entre os fragmentos durante o resfriamento do depósito.

Ignimbritos ricos em cristais também ocorrem no Platô da Ramada, tendo esta unidade de fluxo uma geometria tabular, com aproximadamente 30 cm de espessura e limites laterais variáveis, sobrepostos aos lenticulitos (Sommer et al., 2001). Diferem dos ignimbritos anteriormente descritos pelo conteúdo ele-vado de cristaloclastos, em torno de 50 a 60%, des-tacando-se a abundância em cristaloclastos de K-feldspato e quartzo, envolvidos por púmices e vitro-clastos, além de raros litoclastos cognatos de riolitos e acidentais de rochas sedimentares. O achatamento de púmices foi responsável pela geração de fiamme, cuja orientação marca uma textura eutaxítica incipiente (Figs. 15d; 16g, h). Um fluxo piroclástico com mais de 40% de cristais é definido como ignimbrito rico em cristais, sendo este tipo de unidade discutida por diver-sos autores (Lipman, 1975; Byers et al., 1976; Clemens & Wall, 1984, entre outros). A ocorrência deste tipo de depósito tem sido recentemente reconhe-cida em outras seqüências vulcânicas brasileiras, tais como no paleoproterozóico da Província Tapajós (Lamarão et al., 1999) e no norte do Estado do Mato Grosso (Pinho et al., 1999).

De acordo com Cas & Wright (1987), a concentração elevada de cristais em depósitos piroclásticos de fluxo está relacionada a erupções de sistemas altamente cristalizados ou ao fraciona-mento físico durante a movimentação do fluxo. Este

último envolve a elutriação da fração fina nas por-ções altamente fluidizadas do fluxo ou mesmo na coluna de erupção, permitindo a acumulação da fração densa (cristais + líticos).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A diversidade dos produtos vulcânicos é originada a partir de variações nos processos asso-ciados a dois principais estilos de erupção, efusivo ou explosivo. As propriedades físicas e químicas dos magmas e a disponibilidade de voláteis do meio ou das encaixantes são os fatores principais que determinam o regime da erupção.

No estudo de seqüências vulcânicas antigas devem ser priorizados inicialmente os aspectos des-critivos, inseridos em duas grandes categorias textu-rais: coerente e vulcanoclástica. Adicionalmente são agregadas informações sobre a geometria, estrutu-ras, texturas e composição dos depósitos, sendo este conjunto importante para construção de hipóteses sobre a origem das rochas vulcânicas.

Os depósitos vulcânicos coerentes subaé-reos, em geral, não oferecem dificuldades de inter-pretação, na medida em que são originados a partir do resfriamento e cristalização de lavas ou de cor-pos muito rasos (fluxos de lavas, domos e intrusões subvulcânicas relacionadas). A classificação destas rochas é baseada na percentagem dos minerais es-senciais, sendo sempre recomendado (devido às ca-racterísticas texturais dos depósitos) a utilização de classificações químicas (e.g. TAS).

Os depósitos vulcanoclásticos são constituí-dos predominantemente por fragmentos vulcânicos, independentemente dos processos de formação, transporte ou deposição. A grande variedade de depósitos pode ser agrupada em quatro principais categorias genéticas: 1- fácies autoclásticas das la-vas 2- depósitos piroclásticos dispersos pela ação de gases quentes e vapores; 3- depósitos piroclásticos ou autoclásticos ressedimentados e 4- depósitos sedimentares vulcanogênicos.

Entendem-se como depósitos piroclásticos primários aqueles gerados diretamente da atividade vulcânica explosiva, sendo os mecanismos princi-pais de transporte à tração (depósito de surge), a suspensão (depósitos de queda) e fluxos de massa (depósitos de fluxo piroclástico). A natureza particulada dos depósitos é um dos principais fato-res que inibem a pfato-reservação destes registros vulcâ-nicos, sendo os tipos soldados em geral melhor pre-servados.

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A natureza primária dos depósitos de fluxo piroclástico pode ser reconhecida através de indica-dores da presença de calor, representada por zonas de liberação de gases (degassing pipes), aliada a transformações hidrotermais e registros de devitrificação de alta temperatura (texturas grano-fírica, esferulítica, litophysae, fraturas perlíticas, cristalização da fase vapor) além de disjunções co-lunares.

No Rio Grande do Sul exemplos de fluxos piroclásticos bem preservados, relacionados à atividade vulcânica neoproterozóica-cambriana, são encontrados na Aloformação Acampamento Velho, em especial nos Platôs do Taquarembó (Dom Pedrito) e da Ramada (região de Vila Nova do Sul). A investigação geológica destes dois platôs permite tecer algumas considerações:

1 o vulcanismo no Platô do Taquarembó estabele-ceu-se sobre uma crosta transamazônica granulí-tica, diferente do Platô da Ramada que foi cons-truído sobre uma crosta brasiliana juvenil; 2 as características dos depósitos vulcânicos

indi-cam um ambiente subaéreo para o vulcanismo nos dois platôs;

3 o vulcanismo ácido domina nos dois platôs; 4 nos dois platôs observa-se a presença de lavas e

depósitos piroclásticos. No Platô do Taquarembó identificou-se uma ciclicidade definida por dois eventos explosivos separados por duas unidades efusivas, diferentemente do Platô da Ramada que concentra a fração piroclástica na base seguida por derrames riolíticos sucessivos;

5 o estudo dos fluxos piroclásticos sugere que em ambos os platôs ocorrem ignimbritos maciços e estratificados, sendo os ignimbritos ricos em cris-tal mais abundantes na Ramada;

6 em ambos os platôs foram identificados feições indicativas de calor relacionadas aos fluxos piro-clásticos, especialmente texturas de devitrificação de alta temperatura, cristalização da fase vapor e presença de disjunções colunares. Estruturas de escape de gases, até então desconhecidas no Rio Grande do Sul, são identificadas apenas no Platô da Ramada.

Figura 14 - Exemplos de depósitos de brechas co-ignimbríticas do Platô da Ramada, RS (Brasil): (a) depósito com predomínio de litoclastos cognatos de riolitos; (b-c) depósito com abundância em litoclastos acidentais e subordinadamente cognatos, além de piroclastos juvenis: púmices e vitroclastos; (d) depósito com predomínio de litoclastos cognatos de riolitos e fraturas preenchidas por material quartzo-feldspático, produto da cristalização da fase vapor.

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Figura 15 - Feições típicas em ignimbritos do Platô da Ramada, RS (Brasil): (a, b) ignimbrito com predomínio de matriz e fragmentos de púmices achatados e orientados, originando forte textura eutaxítica; (c) ignimbrito tipo lenticulito constituído por cristaloclastos, púmices e raros litoclastos; (d) aspecto macroscópico de ignimbrito rico em cristais: abundância de cristaloclastos de feldspato alcalino e quartzo e subordinadamente púmices e raros litoclastos acidentais; textura eutaxítica incipiente; (e) feição de escape de gases nas porção superior de depósito ignimbrítico moderadamente soldado; (f) ignimbrito mal selecionado e moderadamente soldado, constituído de litoclastos acidentais e acessórios.

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Figura 16 - Fotomicrografias de feições típicas de ignimbritos do Platô da Ramada, RS (Brasil): (a-b) ignimbrito tipo lenticulito com cristaloclastos, púmices e vitroclastos; notável textura eutaxítica (LN-25x); (c-d) cristaloclastos de quartzo envoltos por púmices devitrificados e orientados (LN-25x); (e) litoclasto cognato de riolito porfirítico em ignimbrito com abundância em cristaloclastos e púmices (LN-50x); (f) axiolito em ignimbrito como produto de devitrificação em alta temperatura (LP - 25x); (g-h) ignimbrito rico em cristais: predomínio de cristaloclastos de feldspato alcalino e quartzo; púmices achatados na matriz marcando incipiente textura eutaxítica; litoclastos acidentais (andesitos e pelitos) e cognatos (riolitos) ocorrendo subordinadamente (LN-25X).

Referências

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