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A UTILIZAÇÃO DA TECNOLOGIA DE GEOINFORMAÇÃO NAS ANÁLISES DAS TRANSFORMAÇÕES AMBIENTAIS NA SERRA FLUMINENSE: O CASO DE TERESÓPOLIS.

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Academic year: 2021

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A UTILIZAÇÃO DA TECNOLOGIA DE GEOINFORMAÇÃO NAS

ANÁLISES DAS TRANSFORMAÇÕES AMBIENTAIS NA SERRA

FLUMINENSE: O CASO DE TERESÓPOLIS.

Leonardo da Silva Lima, Universidade do Estado do Rio de Janeiro-UERJ, llimaffp@yahoo.com.br

Introdução

O presente trabalho consiste em uma análise das transformações ambientais ocorridas particularmente no distrito do Vale do Bonsucesso, Teresópolis e o importante papel das ferramentas de Geoprocessamento no monitoramento e preservação ambiental da área em questão.

As transformações ambientais ocorridas na área de estudo estão intimamente ligadas a evolução da economia agrária do estado do Rio de Janeiro e inseridas numa dinâmica de caráter mais abrangente, próprias da formação espacial da Região Serrana Fluminense. A produção hortícola domina quase toda área em estudo, exemplo didático da especialização decorrente da reestruturação produtiva dos anos 70 e especialmente dos anos 90 do século XX. Atualmente, a horticultura, diante da sua expansão, vem se adaptando as condições de topografia pouco favorável, ainda que à custa de graves problemas ambientais.

O município de Teresópolis tem 770,5 km² e 138.081 habitantes, com predomínio de população urbana, na proporção de 83,4%. Além do distrito sede, existem mais dois: Vale do Paquequer e Vale do Bonsucesso. O crescimento da população do município entre 1940 e 2000, é marcado pelo aumento da população urbana, refletindo um dinamismo na economia do município. Deve-se levar em conta também, a vinda de migrantes de outras partes do país e de outras áreas mais pobres do estado, como o Norte e o Noroeste Fluminense.

Atualmente maior parte da população urbana concentra-se no distrito sede. Isto se associa ao aumento da demanda de serviços como doméstica; serventes; pedreiros etc. diretamente ligados a cidade de Teresópolis.

A agropecuária é pouco expressiva no 2º distrito, Vale do Paquequer. Nessa área verifica-se enorme quantidade de pastos abandonados ou ainda com poucas cabeças de gado.

Já no 3º distrito, Vale de Bonsucesso, a atividade agrária é bastante expressiva. A produção hortícola é bastante diversificada e tecnificada no que se refere às folhagens, como é o caso de Vargem Grande, Bonsucesso e Venda Nova.

O presente estudo de caso refere-se ao vale do Bonsucesso, 3º distrito de Teresópolis, localizado ao longo da rodovia RJ-130 Teresópolis – Nova Friburgo. Aí há o predomínio da

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horticultura, tradicionalmente praticada por pequenos agricultores além da urbanização concentrada em alguns povoados como Bonsucesso e Vieira.

O trabalho também aborda como as ferramentas de Geoprocessamento poderão auxiliar no monitoramento de áreas degradadas e na preservação das APPs (Áreas de Preservação Permanente) e áreas com avançado estágio de recuperação.

Objetivos:

Além de comparar as diferentes formas de uso e cobertura do solo na área em questão; gerar mapas de uso e cobertura do solo; e Banco de Dados Geográficos com as informações sobre os diferentes tipos de uso do solo na região, comprovando a importância das tecnologias de geoinformação nas análises espaciais.

As análises realizadas com base nos trabalhos de campo e nos dados secundários obtidos junto aos órgãos ambientais competentes, contribuirão na elaboração de planejamentos que possibilitem melhorias substanciais no uso e ocupação do solo por meio da elaboração de um plano de manejo e até mesmo através da criação de uma Unidade de Uso Sustentável.

Material e Método (Metodologia)

De acordo com a proposta da pesquisa, considerou-se a evolução das tecnologias no campo da geociência e as suas contribuições na interpretação de ambientes degradados. As tecnologias de geoinformação vem se tornando cada vez mais parte do cotidiano da população. Estas ferramentas vem servindo de fontes de dados para estudos e levantamentos de diversos campos da ciência, especialmente quando se trata de levantamentos ambientais.

Vale ressaltar que a presente pesquisa apóia-se no pressuposto de que um dado cenário de degradação ambiental só pode ser compreendido considerando-se, de forma integrada, os múltiplos fatores que o constituem, sejam econômicos e/ou sociais.

Ainda num contexto mais amplo, o enfoque metodológico da pesquisa baseia-se nas considerações de VOLSKY(1972):

“Não importa o grau de adiantamento do desenvolvimento tecnológico e científico da sociedade, a natureza - no seu estado inicial ou modificada pelo homem - foi e será sempre para o povo o seu habitat e a única base para a criação de riqueza material e meios de subsistência. Assim, a tarefa é fazer o uso mais racional e eficiente da natureza com a ajuda das forças produtivas criadas pela sociedade - homens e mulheres que possuem conhecimento relevante e know-how, implementos e meios de produção”.

Retomando as considerações de Volsky (1972) “(...) fazer o uso mais racional e eficiente da natureza (...)” e de acordo com Pacheco (2002) “(...) pensar um novo padrão de desenvolvimento da agricultura com equidade social e sustentável”, o que observa-se na área em estudo remete à questão ambiental, assunto que chama atenção pela sua atualidade: a

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degradação ambiental resultante do progresso tecnológico sob a forma, segundo Ignacy Sachs(1995), de um “maldesenvolvimento” fez com que o meio ambiente emergisse como objeto de investigação nestas quatro últimas décadas. É, portanto, obrigatoriamente, objeto das preocupações da Geografia.

Buscou-se compreender a importância das tecnologias de geoinformação na recuperação de encostas ou várzeas que foram alteradas, por meio da ação antrópica no município estudado. Assim sendo, abordou-se questões sobre geoprocessamento e SIGs e realizou-se levantamento e análise de material bibliográfico, cartográfico e de dados secundários. Além do trabalho em gabinete e buscando criar condições de maior aproximação possível da realidade, enfatizou-se o trabalho de campo que compreende na observação direta da paisagem.

Resultados e Discussões

As tecnologias de geoinformação englobam diversas tecnologias de tratamento e manipulação de dados geográficos por meio de programas computacionais. Dentre essas tecnologias, se destacam: a digitalização de dados, utilização de Sistemas de Posicionamento Global (GPS), automação de tarefas cartográficas e os Sistemas de Informações Geográficas (SIG). Todos os exemplos mencionados contribuem para um melhor entendimento dos fenômenos espaciais. As ferramentas apresentadas facilitam a realização de análises espaciais complexas por meio de informações precisas e alternação de cenários que propiciam subsídios na tomada de decisões.

A coleta de informações sobre a distribuição geográfica de recursos naturais sempre foi uma parte importante das atividades das sociedades organizadas. Para tanto, os dados espaciais representam as entidades e eventos do mundo real em termos de: uma posição definida em relação a um sistema de coordenadas; atributos próprios e inter-relacionamento espacial (Topologia).

No distrito do Vale do Bonsucesso, por meio da leitura da paisagem geográfica, configura-se um crescente e desordenado processo de urbanização, além da intensa destruição da base física da produção agrícola, bem menor há três décadas. Esse processo de reordenação espacial está intimamente ligado a proximidade com a capital Rio de Janeiro e com a expansão do mercado consumidor de hortícolas.

No município de Teresópolis as primeiras atividades agrárias estavam ligadas a cafeicultura e a pecuária. Porém a horticultura substitui estas atividades que foram pouco expressivas devido as condições climáticas e do relevo. Porém, diante da expansão da horticultura e dada a sua valorização favorecida pela proximidade do mercado metropolitano do Rio de Janeiro, a

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horticultura vem se adaptando a tais condições de topografia pouco favorável, ainda que à custa de graves problemas ambientais.

As hortas localizavam-se inicialmente na baixa encosta das colinas e em algumas várzeas e posteriormente foram ocupando pontos mais altos, até o limite da média encosta, e as cabeceiras dos rios ressaltando o desmatamento de manchas da mata original e secundária além da intervenção nas Áreas de Preservação Permanente.

Conforme a Lei Federal nº7.803/89 as Áreas de Preservação Permanente são áreas de grande importância ecológica, cobertas ou não por vegetação nativa, que têm como função preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas. Como exemplo de APP estão as áreas de mananciais, as encostas com mais de 45 graus de declividade, os manguezais e as matas ciliares.

Outro fator que contribui no crescente desmantelamento do sistema ecológico, é que a proximidade da Região Metropolitana do Rio de Janeiro além de ter influenciado no desenvolvimento agrário e da indústria, também promoveu o aumento do veraneio no município, levando a um crescimento desordenado.

Diante do exposto, deve-se ressaltar a utilização de ferramentas da geoinformação que proporcionem um melhor uso e ocupação do solo no município de Teresópolis, mais especificamente no distrito do Vale do Bonsucesso.

Os SIGs consistem em sistemas de informações destinados ao armazenamento, manipulação e análise de informações geográficas que estão relacionadas com a sua localização espacial. Essas informações projetadas em camadas por meio de feições equivalem a uma abstração da realidade. Logo abordando a área em estudo essas camadas de informações representam os elementos que compõe a paisagem, referindo-se as ocupações do solo, a área remanescente da Mata Atlântica, as possíveis áreas de APP, além da dinâmica populacional.

Outro ponto relevante refere-se ao processamento digital das imagens de satélite, que auxiliam na análise e interpretação da área em estudo. Neste ponto utiliza-se além de outras ferramentas o MatLab. Assim procura-se corrigir as linhas de escaneamento perdidas, os problemas de ruídos da imagem e a correção geométrica, transformando uma imagem de sensoriamento remoto de forma que tenha as propriedades de escala e projeção de um mapa; As imagens Cbers e Landsat foram as bases para verificação e análise das áreas de APPs e uso do solo. Para georreferenciar a imagem, a mesma deverá estar associada a uma rede GPS de diversos pontos distribuídos de forma uniforme em todo a área em estudo. Todo tratamento e a análise dos dados foram realizados no SIG ArcGis versão 9.2 e Spring .

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Conclusões:

Compreender a distribuição espacial de dados originários de fenômenos espaciais constitui em grande desafio para a elucidação de questões ambientais, sociais entre outras. Tais estudos tem se tornado comuns por conta dos Sistemas de Informações Geográficas e outras ferramentas ligadas as tecnologias da geoinformação.

A área em estudo representa elementos que bem ilustram a natureza do desenvolvimento capitalista: o capital à medida em que se moderniza e desenvolve tende a uma destruição do meio físico.

Logo o presente trabalho visa contribuir para melhorar o uso e aproveitamento dos recursos naturais na área em estudo, além de propor a criação de uma unidade de conservação que possua o uso sustentável, acompanhado de um plano de manejo participativo. Buscar-se-á a preservação natural mas sem que a mesma traga prejuízos para os agricultores e demais moradores.

Referências Bibliográficas

BECKER, B. & MIRANDA, M (Orgs). A Geografia Política do Desenvolvimento Sustentável. Rio de Janeiro: UFRJ. 1997.

CIDE. Anuários Estatísticos do Estado do Rio de Janeiro, 1998, 2001 e 2002.

CUNHA, Sandra Baptista da e GUERRA, Antonio José Teixeira (Orgs). A Questão Ambiental: Diferentes Abordagens. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003

DNER. Mapa Rodoviário do Estado do Rio de Janeiro/1:450.000. Rio de Janeiro: 1998. GUERRA, A.J.T. e CUNHA, S.B. (org.). Geomorfologia - uma atualização de bases e conceitos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1994.

VIEIRA, P. F. A Problemática ambiental e as Ciências Sociais no Brasil (1980-1990). In Dilemas Socioambientais e Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: UNICAMP, 1995 VOLSKY, V. La Géographie Économique. In: Revue Internationale de Sciences Sociales -vol. XXIV, no 1. Paris: UNESCO, 1972. pp. 140 a 157. Tradução de Orlando Valverde e José Grabois.

Referências

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