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Abate humanitário: manejo ante-mortem

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Academic year: 2021

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Roberto de Oliveira Roça

Médico Veterinário,

Prof. Adjunto do DGTA – FCA UNESP, Campus de Botucatu Endereço: Caixa Postal, 237, CEP18603-970 – Botucatu – SP Fone: (14) 6802-7200 Fax: (14) 6821-5467 E-mail: robertoroca@fca.unesp.br

Abate humanitário:

manejo ante-mortem

á algumas décadas, o abate de animais era considerado uma operação tecnológica de baixo nível científico e não se constituía em um tema pesquisado seriamente por uni-versidades, institutos de pesquisa e in-dústrias. A tecnologia do abate de ani-mais destinado ao consumo somente assumiu importância científica quan-do se observou que os eventos que se sucedem desde a propriedade rural até o abate do animal tinham grande in-fluência na qualidade da carne (Swatland, 2000).

Nos países desenvolvidos há uma demanda crescente por processos de-nominados abates humanitários com o objetivo de reduzir sofrimentos inú-teis ao animal a ser abatido (Picchi & Ajzental, 1993, Cortesi, 1994). Abate

humanitário pode ser definido como o conjunto de procedimentos técnicos e científicos que garantem o bem-estar dos animais desde o embarque na pro-priedade rural até a operação de san-gria no matadouro-frigorífico.

O essencial é que o abate de ani-mais seja realizado sem sofrimentos desnecessários e que a sangria seja efi-ciente. As condições humanitárias não devem prevalecer somente no ato de abater e sim nos momentos preceden-tes ao abate (Gracey & Collins, 1992). Há vários critérios que definem um bom método de abate (Swatland, 2000): a) os animais não devem ser tratados com crueldade; b) os animais não podem ser estressados desneces-sariamente; c) a sangria deve ser a mais rápida e completa possível; d) as

con-H

revisão

Abate humanitário pode ser definido como o conjunto de procedimentos técnicos e científicos que garantem o bem-estar dos animais desde o embarque na propriedade rural até a operação de sangria no matadouro-frigorífico. O abate de animais deve ser realizado sem sofrimentos desnecessários. As condições hu-manitárias devem prevalecer em todos os momentos precedentes ao abate. Neste artigo são abordados os temas referentes às operações ante-mortem como trans-porte e manejo nos currais e seus efeitos no bem-estar animal e na qualidade da carne.

Palavras chave: abate de bovinos, bem-estar animal, manejo ante-mortem, transporte

R E S U M O

SUMMARY

Humane slaughter: the ante-mortem handling

Humane slaughter is the technical and scientific proceeding set that guarantees the animal welfare since loading, in the rural property, to the bleeding. The slaughter must be performed without unnecessary suffering. The humane conditions must be presented during preslaughter handling. This article encloses ante-mortem process such as transport and handling and its effects on meat quality and animal welfare.

Key words: cattle slaughter, animal welfare, handling, transport

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tusões na carcaça devem ser mínimas; e) o método de abate deve ser higiêni-co, econômico e seguro para os opera-dores.

Os métodos convencionais de abate de bovinos envolvem a operação de insensibilização antes da sangria, com exceção dos abates realizados confor-me os rituais judaicos ou islâmicos (Cortesi, 1994).

É dever moral do homem o respei-to a respei-todos os animais e evitar os sofri-mentos inúteis àqueles destinados ao abate. Cada país deve estabelecer re-gulamentos em frigoríficos, com o ob-jetivo de garantir condições para a pro-teção humanitária a diferentes espéci-es (Cortespéci-esi, 1994, Laurent, 1997).

O manejo do gado no frigorífico é extremamente importante para a segu-rança dos operadores, qualidade da carne e bem-estar animal. As instala-ções dos matadouros-frigoríficos, quando bem delineadas, também minimizam os efeitos do estresse e melhoram as condições do abate (Grandin, 1996, 2000a, 2000b, 2000d, 2000e, 2000f).

As etapas de transporte, descarga, descanso, movimentação, insensibilização e sangria dos animais são importantes para o processo de abate dos animais, devendo-se evitar todo o sofrimento desnecessário. Nes-te sentido, o treinamento, capacitação e sensibilidade dos magarefes são fun-damentais (Cortesi, 1994).

Os problemas de bem-estar ani-mal estão sempre relacionados com instalações e equipamentos inadequados, distrações que impedem o movimento do animal, falta de treinamento de pessoal, falta de manutenção dos equipamentos e manejo inadequado (Grandin, 1996).

Transporte de animais

O transporte rodoviário é o meio mais comum de condução de animais de corte para o abate (Tarrant, Kenny & Harrington, 1988). No Brasil, o transporte também é realizado

princi-palmente por via rodoviária, nos cha-mados “caminhões boiadeiros”, tipo “truque”, com carroçaria medindo 10,60 x 2,40 metros, com três divisões: anterior, com 2,65 x 2,40 metros; in-termediária, com 5,30 x 2,40 metros; e posterior, com 2,65 x 2,40 metros. A capacidade de carga média é de 5 ani-mais na parte anterior e posterior e 10 animais na parte intermediária, totalizando 20 bovinos.

O transporte rodoviário em condi-ções desfavoráveis pode provocar a morte dos animais ou conduzir a con-tusões, perda de peso e estresse dos animais (Knowles, 1999).

A mortalidade de bovinos durante o transporte é extremamente baixa. Novilhos são mais susceptíveis que animais adultos (Knowles, 1995). Na África do Sul foi relatado 0,01% de mortalidade de bovinos em 1980, e 0%, de um total de 22 mil animais trans-portados em 1990. Não há registro de mortalidade no transporte de bovinos no Reino Unido. Publicações mais an-tigas relatam que o transporte ferrovi-ário é mais problemático que o trans-porte rodoviário (Knowles, 1999).

Os animais gordos são mais sus-ceptíveis que os animais magros. As altas temperaturas, as maiores distân-cias de transporte e a diminuição do espaço ocupado por animal também contribuem para que ocorram proble-mas de transporte (Thornton, 1969).

A privação de alimento e água con-duz à perda de peso do animal. A ra-zão da perda de peso relatada na lite-ratura científica é extremamente vari-ável, de 0,75% a 11% do peso vivo nas primeiras 24 horas de privação de água e alimento (Warriss, 1990; Knowles, 1999). A perda de peso dos animais tem razão direta com o tempo de trans-porte, variando de 4,6% para 5 horas a 7% para 15 horas, recuperada so-mente após 5 dias (Warriss et al., 1995). A perda de peso é motivada ini-cialmente pela perda do conteúdo gastrintestinal e o acesso à água du-rante a privação de alimento reduz as

perdas. A perda de peso da carcaça também é variável, de valores inferi-ores a 1% a valinferi-ores de 8% após 48 horas de privação de alimento e água (Warriss, 1990). O peso do fígado tende a diminuir rapidamente da mesma forma que o volume do rúmen, cujo conteúdo torna-se mais fluído (Warriss, 1990).

Para a redução da perda de peso do animal e da carcaça, que ocorre durante o transporte, recomenda-se a utilização de soluções eletrolíticas via oral (Schaefer et al., 1997), no entan-to, a administração de soluções injetáveis de vitaminas A, D e E não apresentam efeito na redução da perda de peso (Jubb et al., 1993b).

O principal aspecto a ser conside-rado durante o transporte de bovinos é o espaço ocupado por animal, ou seja, a densidade de carga, que pode ser clas-sificada em alta (600Kg/m2), média (400Kg/m2) e baixa (200Kg/m2) (Tarrant, Kenny, & Harrington, 1988). A Farm Animal Welfare Council -FAWC (Knowles, 1999) fornece uma fórmula para cálculo da área mínima a ser ocupada por animal, baseada no peso vivo: A = 0,021 P0,67 , onde A é a área em metros quadrados e P o peso vivo do animal em quilos, recomendan-do a média 360kg/m2. Randall, citado por Knowles (1999), preconiza outra equação: A = 0,01 P0,78 , e a The Ani-mal Welfare Advisory Committee, da Nova Zelândia, adota a equação de Randall como o mínimo espaço e a equação da FAWC como máximo es-paço (Knowles, 1999).

Teoricamente, do ponto de vista econômico, procura-se transportar os animais empregando alta densidade de carga, no entanto, esse procedimento tem sido responsável pelo aumento das contusões e estresse dos animais, sen-do inadmissível densidade superior a 550Kg/m2 (Tarrant, Kenny, & Harrington, 1988, Tarrant et al., 1992). No Brasil, a densidade de car-ga utilizada é, em média, de 390 a 410Kg/m2. O aumento do estresse

duRoça, R.O. Abate humanitário: manejo antemortem Revista TeC Carnes -Campinas, SP, v.3, n.1, p.7-12, 2001 <http://www.comciencia.br/teccarnes/artigos.htm>

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rante o transporte é causado pelas con-dições desfavoráveis como privação de alimento e água, alta umidade, alta velocidade do ar e densidade de carga. (Scharama et al., 1996).

As respostas fisiológicas ao estresse são traduzidas através da hipertermia e aumento da freqüência respiratória e cardíaca. O estímulo da hipófise e adrenal estão associados aos aumentos dos níveis de cortisol, glicose e ácidos graxos livres no plasma. Pode ocorrer ainda aumento de neutrófilos e diminuição de linfócitos, eosinófilos e monócitos (Grigor et al., 1999, Knowles, 1999, Grandin, 2000d,). Essas respostas fisiológicas aumentam nos animais transportados no terço fi-nal do veículo (Tarrant, Kenny, & Harrington, 1988), na razão direta da movimentação dos animais durante a viagem em estradas precárias (Kenny & Tarrant, 1987), e em alta densidade de carga (Tarrant et al., 1992). O cortisol também sofre aumento na fase inicial restabelecendo-se no decorrer do transporte (Warriss et al., 1995).

As operações de embarque e de-sembarque dos animais, se bem conduzidas, não produzem reações estressantes importantes (Kenny & Tarrant, 1987). O ângulo formado pela rampa de acesso ao veículo em rela-ção ao solo não deve ser superior a 20º, sendo desejável um ângulo de 15º (Cortesi, 1994).

A extensão das contusões nas car-caças representa uma forma de avali-ação da qualidade do transporte, afe-tando diretamente a qualidade da car-caça, considerando que as áreas afeta-das são aparaafeta-das da carcaça, com au-xílio de faca, resultando em perda eco-nômica e sendo indicativo de proble-mas com o bem-estar animal (Jarvis & Cockram, 1994). A extensão das contusões aumenta com o aumento da densidade de carga, principalmente com valores superiores a 600kg/m2 (Tarrant et al., 1992).

A maior influência do transporte na qualidade da carne é a depleção do

glicogênio muscular por atividade fí-sica ou estresse físico, promovendo uma queda anômala do pH post-mortem e originando a carne D.F.D. (dark, firm, dry). Essas condições estressantes são causadas pelo trans-porte prolongado (Knowles, 1999). Transporte por tempo superior a 15 horas é inaceitável do ponto de vista de comportamento e bem-estar animal (Warriss et al., 1995).

Um novo conceito de monitoramento on-line do transporte de animais é apresentado por Geers et al. (1998) com o objetivo de verificar o bem-estar animal e melhorar a pre-venção e controle de doenças animais. O sistema, denominado TETRAD – Transport Animal Disease Prevention, é constituído de um sistema de telemetria e envio de dados via satéli-te. O animal porta um dispositivo ele-trônico (transponders), que fornece sua identificação, temperatura corporal e sua posição geográfica no veículo. O veículo possui um microcomputador (laptop) que transmite os dados do animal, via satélite, para uma central de controle, onde é realizado o monitoramento do transporte.

Descanso e dieta hídrica

O período de descanso ou dieta hídrica no matadouro é o tempo neces-sário para que os animais se recupe-rem totalmente das perturbações cau-sadas pelo deslocamento desde o lo-cal de origem até o estabelecimento de abate (Gil & Durão, 1985).

De acordo com o artigo nº 110 do RIISPOA - Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (Brasil, 1968), os ani-mais devem permanecer em descanso, jejum e dieta hídrica, nos currais, por 24 horas, podendo esse período ser re-duzido em função de menor distância percorrida. A Argentina também ado-ta esse procedimento (Argentina, 1971). As disposições oficiais portu-guesas determinam também um míni-mo de 24 horas para descanso dos

ani-mais nos currais (Gil & Durão, 1985). Na Austrália tem sido empregado o tempo de retenção de 48 horas, sendo 24 horas com alimentação e 24 horas em dieta hídrica (Shorthose, 1991). No Canadá, o tempo de descanso é de 48 horas com alimentação (Grandin, 1994). De maneira geral, é necessário um período mínimo de 12 a 24 horas de retenção e descanso para que o gado que foi submetido a condições desfa-voráveis durante o transporte, por um curto período, recupere-se rapidamen-te. Os animais submetidos a essas mes-mas condições, mes-mas por período pro-longado, exigirão vários dias para readquirirem sua normalidade fisioló-gica (Thornton, 1969).

O descanso tem como objetivo principal reduzir o conteúdo gástrico para facilitar a evisceração da carca-ça (Thornton, 1969) e também resta-belecer as reservas de glicogênio mus-cular (Thornton, 1969, Bartels, 1980, Shorthose, 1991), tendo em vista que as condições de estresse reduzem as reservas de glicogênio antes do abate (Bray et al., 1989).

Durante o período em que os ani-mais permanecem em descanso e dieta hídrica, é realizada a inspeção ante-mortem com as seguintes finalidades: a) exigir e verificar os certificados de vacinação e sanidade do gado; b) iden-tificar o estado higiênico-sanitário dos animais, para auxiliar, com os dados informativos, a tarefa de inspeção post-mortem; c) identificar e isolar os ani-mais doentes ou suspeitos, antes do abate, bem como vacas com gestação adiantada e recém-paridas; d) verifi-car as condições higiênicas dos currais e anexos (Brasil, 1968; Steiner, 1983; Gil & Durão, 1985; Snijders, 1988).

Basicamente há cinco causas de problemas do bem-estar animal nos matadouros-frigoríficos (Grandin, 1996, 1996b): a) estresse provocado por equipamentos e métodos imprópri-os que desencadeiam excitação, estresse e contusões; b) transtornos que impedem o movimento natural do

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Roça, R.O. Abate humanitário: manejo antemortem Revista TeC Carnes -Campinas, SP, v.3, n.1, p.7-12, 2001 <http://www.comciencia.br/teccarnes/artigos.htm>

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animal, como reflexo da água no piso, brilho de metais e ruídos de alta fre-qüência; c) falta de treinamento de pes-soal; d) falta de manutenção de equi-pamentos, conservação de pisos e cor-redores, por exemplo; e) condições pre-cárias em que os animais chegam ao estabelecimento, principalmente devi-do ao transporte. O bem-estar também é afetado pela espécie, raça, linhagem genética (Grandin, 1996) e pelo mane-jo inadequado, como é o caso do reagrupamento ou mistura de lotes de animais de origem diferente, promo-vendo brigas entre os mesmos (Abate, 1997, Knowles, 1999).

A retenção dos animais, o manejo adotado e as inovações que o animal recebe são causas de estresse psicoló-gico, enquanto os extremos de tempe-ratura, fome, sede, fadiga e injúrias são as principais causas do estresse físico (Grandin, 1997).

Os estudos para a determinação do nível de estresse a que o animal é sub-metido durante as operações ante-mortem apresentam resultados variá-veis e de difícil interpretação para de-finição do bem-estar animal (Grandin, 1997, 1998, 2000g). As avaliações do estresse provocado no período ante-mortem devem ser realizadas na ram-pa de acesso ao boxe de insensibi-lização, ou no espaço reservado para o banho de aspersão.

Banho de aspersão

No Brasil, após o descanso regu-lamentar, os animais seguem comumente por uma rampa de acesso ao boxe de atordoamento dotado de comportas tipo guilhotina. Nessa ram-pa é realizado o banho de aspersão. O local deve dispor, segundo o Ministé-rio da Agricultura (Brasil, 1968, 1971), de um sistema tubular de chu-veiros dispostos transversal, longitu-dinal e lateralmente, orientando os ja-tos para o centro da rampa. A água deve ter a pressão não inferior a 3 at-mosferas (3,03 Kgf/cm2) e recomen-da-se hipercloração a 15ppm de cloro

disponível. A Argentina adota método análogo (Piboul, 1973).

No Brasil, o afunilamento final da rampa de acesso também é equipado, conforme o artigo 146 do RIISPOA (Brasil, 1968), com canos perfurados ou borrifadores, e recebe o nome de “seringa”. A seringa simples ou dupla, até o boxe de atordoamento, deve ter, transversalmente, a forma “V”, com a finalidade de permitir a passagem de apenas um animal por vez.

O banho de aspersão foi adotado em substituição ao banho de imersão, o qual, levando em conta a grande quantidade de sujeira que se deposita-va no tanque e a impossibilidade ma-terial de troca freqüente da água, aca-bava por constituir um fator de disse-minação e extensão de contaminações (Mucciolo, 1985).

O objetivo do banho do animal antes do abate é limpar a pele para assegurar uma esfola higiênica e redu-zir a poeira, tendo em vista que a pele fica úmida e, portanto, diminui a su-jeira na sala de abate (Steiner, 1983). O banho de aspersão antes do abate não afeta a eficiência da sangria nem o teor de hemoglobina retido nos mús-culos (Roça & Serrano, 1995).

Para Steiner (1983), a limpeza de bovinos, particularmente suas extre-midades, cascos e região anal, deve ser realizada nos currais, nas rampas ou seringas, utilizando mangueiras ou aspersão de água sob pressão. É re-comendável que os animais perma-neçam por um pequeno espaço de tempo na rampa de acesso para secar a pele, tendo em vista que é impossível realizar uma esfola higiênica se o couro estiver úmido. No caso de bovinos que ainda apresentarem sujeiras aderidas na fase do abate, o autor recomenda somente suas patas e cascos sejam as-pergidos após o atordoamento.

É na rampa de acesso ao boxe de atordoamento que devem ser realiza-das as avaliações do estresse provo-cado no período ante-mortem.

Grandin (2000g) propõe avaliação dos deslizamentos e quedas dos animais bem como das vocalizações ou mugidos dos animais na rampa de acesso ao boxe de insensibilização. A avaliação dos deslizamentos e quedas (quando o animal toca com o corpo no piso) deve ser realizada em, no mínimo, 50 animais com a seguinte pontuação:

l excelente: sem deslizamento

ou quedas;

l aceitável: deslizamentos em

menos de 3% dos animais;

l não aceitável: 1% de quedas; l problema sério: 5% de quedas

ou mais de 15% de deslizamentos. Com um manejo tranqüilo, que proporcione bem-estar aos animais, torna-se quase impossível que eles escorreguem ou sofram quedas. Todas as áreas por onde os animais caminham devem, obrigatoriamente, possuir pi-sos não derrapantes (Grandin, 2000g). As vocalizações ou mugidos são indicativos de dor nos bovinos. O nú-mero de vezes que o bovino vocaliza durante o manejo estressante tem rela-ção com o nível de cortisol plasmático. A utilização do bastão elétrico para conduzir os animais é um dos motivos do alto índice de mugidos. A avalia-ção deve ser realizada no mínimo em 100 animais, também na rampa de acesso ao boxe de insensibilização. O critério de avaliação, segundo Grandin (2000g) é:

l excelente: até 0,5% dos

bovi-nos vocaliza;

l aceitável: 3% dos bovinos

vocaliza;

l inaceitável: 4 a 10% vocaliza; l problema sério: mais de 10%

vocaliza.

A necessidade da utilização do bastão elétrico para conduzir os ani-mais também constitui um sinal de que o manejo está inadequado. O bastão elétrico não deve ser utilizado em par-tes sensíveis dos animais como olhos, orelhas e mucosas. Os bastões não de-vem ter mais de 50 volts. Com a

redu-revisão

Roça, R.O. Abate humanitário: manejo antemortem Revista TeC Carnes -Campinas, SP, v.3, n.1, p.7-12, 2001 <http://www.comciencia.br/teccarnes/artigos.htm>

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Rampa de acesso ao boxe de insensibilização Entrada no boxe de insensibilização Total de bovinos

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revisão

Excelente 0% < 5% < 5% Aceitável < 5% < 20% < 25% Problemático - - >50% Campinas, SP, v.3, n.1, p.7-12, 2001 <http://www.comciencia.br/teccarnes/artigos.htm>

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revisão

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Referências

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