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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO LICENCIATURA EM PEDAGOGIA SUELEN SUERDA MORAIS DA SILVA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

SUELEN SUERDA MORAIS DA SILVA

CONCEPÇÕES E PRÁTICAS EM TORNO DA EDUCAÇÃO INTEGRAL NA ESCOLA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO INTEGRAL EM TEMPO INTEGRAL

BARÃO DE CEARÁ-MIRIM

NATAL-RN 2018

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SUELEN SUERDA MORAIS DA SILVA

CONCEPÇÕES E PRÁTICAS EM TORNO DA EDUCAÇÃO INTEGRAL NA ESCOLA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO INTEGRAL EM TEMPO INTEGRAL

BARÃO DE CEARÁ-MIRIM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do título de Graduada em Pedagogia.

Orientador: Prof. Dr. Azemar dos Santos Soares Junior.

NATAL-RN 2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Moacyr de Góes - CE

Silva, Suelen Suerda Morais da.

Concepções e práticas em torno da educação integral na Escola Estadual de Educação Integral em Tempo Integral Barão de Ceará-Mirim / Suelen Suerda Morais da Silva. - Natal, 2018.

28 f.: il.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Educação, Curso de Pedagogia. Natal, RN, 2018. Orientador: Dr. Azemar dos Santos Soares Júnior.

1. Escola de Tempo Integral - monografia. 2. Educação Integral - monografia. 3. Escola Pública - monografia. I. Júnior, Prof. Dr. Azemar dos Santos Soares. II. Título.

RN/UF/BS-CE CDU 37(813.2)

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SUELEN SUERDA MORAIS DA SILVA

CONCEPÇÕES E PRÁTICAS EM TORNO DA EDUCAÇÃO INTEGRAL NA ESCOLA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO INTEGRAL EM TEMPO INTEGRAL

BARÃO DE CEARÁ-MIRIM

Trabalho avaliado em 03 de julho de 2018.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________________ Prof. Dr. Azemar dos Santos Soares Júnior - Orientador

Departamento de Práticas Educacionais e Currículo - DPEC Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

______________________________________________________________ Prof. Dr. João Maria Valença de Andrade - Examinadora

Departamento de Práticas Educacionais e Currículo - DPEC Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

_______________________________________________________________ Prof. Dr. Francisco Cláudio Soares Júnior - Examinador

Departamento de Práticas Educacionais e Currículo - DPEC Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

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Agradecimentos

________________________________________________________________

Agradecer é um ato inevitável em nossa existência na terra. Hoje, ao final de uma jornada de quatro anos tenho muito a quem agradecer, pois como afirmou Nome Nunes (2010, p. 11) nós não nascemos educadores, tornamo-nos educadores num processo laboriosamente construído, lapidado no diálogo com diversos educadores que transmitam dentro de nós. Saber que é o nosso propósito na vida não é tarefa fácil. Ele vai se delineando em nossa infância, adolescência e juventude. Ao tomar uma decisão a respeito de um propósito, optamos por realizar esforços que vamos levar a termo no futuro. Toda decisão é fruto das escolhas que fazemos dentro do enfrentamento de situações que vivemos e que são afetadas pela nossa origem social e pelas influências do grupo familiar, da escola e dos amigo.

Assim, gostaria de agradecer a Deus pelo dom da vida, a sabedoria para seguir com foco sem nunca desistir.

Ao meu orientador, o Prof. Dr. Azemar dos Santos Soares Junior, pela paciência, dedicação e por ter se tornado fonte de inspiração para mim enquanto professor. Agradeço aos professores avaliadores desse trabalho: Prof. Dr. João Valença e Prof. Dr. Francisco Cláudio Soares Júnior pela leitura atenta e indicações certeiras.

Agradeço o apoio da minha mãe Maria das Dores Morais da Silva, minha irmã Silvana Morais da Silva e ao meu pai João Luciano da Silva por incentivarem todos os meus projetos. A todos da minha família, que sem vocês eu não chegaria até aqui.

A toda a equipe da Escola Estadual de Educação Integral em Tempo Integral Barão de Ceará-Mirim por me abrirem as portas desta instituição de formação de novos cidadãos, que sem vocês não teria sido possível a realização deste trabalho.

E não poderia deixar de agradecer aqueles que comigo seguiram nessa jornada desde os primeiros passos: Sandra Vandréa Marcelino Alves pelo seu carinho de mãe, conselhos e abraços tão fraternos, Lorenna do Nascimento Rocha por manter o grupo unido nas horas mais difíceis com sua centralidade e discernimento; Lilian Roxane Alves de Araújo pelas palavras mais sinceras; Vanessa Cristina Maia dos Anjos pelos apoios ortográficos e palavras tão sábias; Laelson Vicente pelas melhores frases e piadas; a Ana Luíza de Medeiros Barros por ser a grande psicóloga que sempre ouvia com paciência e dedicação a cada um; Francisco de Assis Souza por nos mostrar que com perseverança e garra se alcança os objetivos

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almejados; Shirllayne Sá pelas melhores conversas e mais engraçadas; Vanessa Luz pelas provas em dupla e melhores risadas. A vocês minha dupla de nove meu muito obrigada!

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CONCEPÇÕES E PRÁTICAS EM TORNO DA EDUCAÇÃO INTEGRAL NA ESCOLA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO INTEGRAL EM TEMPO INTEGRAL

BARÃO DE CEARÁ-MIRIM

Resumo: Neste artigo propomos uma discussão sobre as políticas públicas que norteiam as

Escola de Educação Integral em Tempo Integral da rede estadual do Rio Grande do Norte e os aspectos pedagógicos que as formam. Para tal estudo utilizamos como campo de pesquisa a Escola Estadual de Educação Integral em Tempo Integral Barão de Ceará-Mirim, onde percorremos brevemente como essa instituição centenária perpassou diversas modificações na estrutura e nomenclatura até chegar aos dias atuais como escola integral, fazendo uso de documentações, escritos e observação participante. Assim, a instituição almeja superar a ideia de ser apenas mais tempo na escola, tornando esse tempo de permanência útil, agradável, não apenas sendo preenchido por atividades desconectadas. Sua proposta é que as disciplinas e as oficinas estejam interligadas, proporcionando a esses aprendizes não apenas desenvolvimento intelectual, mas motor, físico, mental, cultural, conhecimentos que os tornem cada vez mais cidadãos. Assim, concluímos que a escola integral apresenta-se como uma alternativa para melhorar os índices educacionais, mas como está sendo empregada falta muita estrutura física, que os professores possam ser integrais para que a escola não viva dois momentos e sim a continuação do turno, acesso a informação para os alunos poderem realizar pesquisas, aulas de campo para poderem assim vivenciarem o estudo da prática associado à teoria.

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CONCEPÇÕES E PRÁTICAS EM TORNO DA EDUCAÇÃO INTEGRAL NA ESCOLA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO INTEGRAL EM TEMPO INTEGRAL

BARÃO DE CEARÁ-MIRIM

1. Introdução

Desenvolver um processo de ensino e aprendizagem na perspectiva de uma Educação Integral; Construir relações entre currículo escolar, prática pedagógica e pressupostos teórico-metodológico que envolvam a atuação dos estudantes; A estrutura curricular da Educação Integral em Tempo Integral – EITI. Corresponde a Base Nacional Comum e a Parte Diversificada e não podem ser consideradas e nem tratadas como blocos distintos. O desenvolvimento das atividades curriculares deve ter como princípio pedagógico: projetos de trabalho, a pesquisa, a interdisciplinaridade, a relação da parte com o todo e o todo com as partes, a articulação entre teoria e prática, avaliação diagnóstica, processual e formativa e o reconhecimento dos saberes dos estudantes.

São essas as primeiras orientações para as escolas públicas de educação integral em tempo integral. Uma articulação que visa agregar as propostas educativas em torno de uma prática cotidiana articulada as novas legislações em vigor: a Base Nacional Comum Curricular, o programa “Novo Mais Educação”, dentre outros. Assim, esse texto tem por objetivo promover uma discussão sobre as políticas públicas que norteiam as EITI (Escola de Educação Integral em Tempo Integral) da rede estadual do Rio Grande do Norte e os aspectos pedagógicos que as formam. Para tal estudo, utilizamos como campo de pesquisa e Escola Estadual de Educação Integral em Tempo Integral Barão de Ceará-Mirim.

Está instituição foi utilizada como campo para tal pesquisa em virtude de no início do curso eu ter sido motivada por meio de sua história enquanto escola centenária a desenvolver uma pesquisa sobre seu funcionamento para universidade. Nessa época, ainda era chamada de Escola Estadual Barão de Ceará-Mirim, e ao chegar no Estágio Supervisionado de Professores III onde o foco era a coordenação pedagógica, me vi indagada do quão importante era o papel desse profissional perante uma instituição que carrega uma grande importância no processo educacional do município de Ceará-Mirim, por sua história e pelo fato de ter naquele ano se tornado Escola de Educação Integral e Tempo Integral.

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Passei cerca de quatro meses dentro da instituição com visitas semanais. A equipe pedagógica da instituição, me proporcionou um estágio bem atuante, onde participei de roda de conversas com alunos, aulas de campo, encontros pedagógicos e eventos. Dessa forma, pude de certa forma me introduzir nesse espaço educacional, vendo as angústias da equipe escolar, as reclamações e elogios dos alunos, o quão problemático era coordenar esse espaço comparado à escola de tempo normal, pois eu pude ver questões como a compra de merenda onde verba não supre todas as necessidades; o transporte escolar que não tem um horário especial para esses alunos, questões como espaço, infraestrutura entre outras dificuldades. Assim, me veio a indagação de onde as políticas públicas que regem esse tipo de ensino ampara esta instituição, assim surge a pesquisa.

Historicamente, a educação integral em tempo integral é uma forma de política social na educação, que tem por objetivo suprimir a ineficácia do sistema educacional em relação aos aprendizados dos alunos, trazendo consigo novas formas pedagógicas de ensino. Dessa maneira são de suma importância a investigação e verificação da forma como este método vem sendo implementado nas escolas públicas como alternativa da melhoria dessa educação.

Ao falarmos da educação integral em tempo integral temos primeiramente pensar quais são os aspectos primordiais para que as instituições sejam contempladas com tal estrutura curricular e com isso devemos logo pensar em inclusão tendo em vista que este tipo de ensino é destinado a alunos que vivem em um contexto economicamente baixo em um país que passa por um processo de constante globalização, assim sendo processos divergentes.

Dessa forma, compreende-se que a educação integral de tempo integral é uma educação que deve proporcionar aos participes uma ampliação educativa por meio das dimensões intelectuais, emocionais, sociais, físicas e culturais de forma que seja coletiva e possa abranger toda a comunidade escolar, sendo uma iniciativa compartilhada pelos alunos, professores, gestores, coordenadores pedagógicos, pelas famílias e todos que norteiam está instituição. Assim, a escola assumiu um papel fundamental da vida desses alunos, pois faz-se necessário que ela assegure que todos tenham uma educação integral, onde passam por diversas experiências educativas que os tornam seres que participam de atividades importantes que proporcionam seu desenvolvimento integral.

A educação integral de tempo integral é uma proposta que tem por tema central o aluno, sendo o currículo, as práticas educativas, os recursos, os espaços e o tempo organizado de acordo com os interesses e necessidades dos mesmos. Para atender a individualidade de cada estudante no seu processo de formação, é de suma importância que os educadores

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tenham um conhecimento abrangente pelas quais os alunos irão aprender e se desenvolver. É uma forma educacional que apesar de existir a muito tempo é atual porque junta-se as propostas educacionais do século XXI em que torna o ser crítico, pensante, autônomo, responsável consigo e com o mundo. Trata-se de uma proposta de inclusão porque reconhece as mais variadas identidades sendo um projeto igualitário para todos. Apresenta-se como uma tentativa de alinhar a prática a teoria, porque entende que o que se aprende é o que se pratica e promove a igualdade, pois conhece o direito de todos de aprender e de ter acesso às práticas educativas dando aos alunos à oportunidade de acesso a várias linguagens, recursos, espaços e saberes.

E por fim, para que a escola funcione com educação integral de tempo integral é necessário que ela tenha uma flexibilização na forma de organizar a rotina escolar, que haja um tempo para o planejamento individual e coletivo de cada educador, já que o objetivo de todos é a centralização nesse desenvolvimento integral do aluno, os recursos didáticos e as quantidades, infraestrutura escolar adequada, mobiliário, internet, acessibilidade, espaços diferenciados, ambientes de convivência e é importante que a escola tenha uma articulação com a rede de proteção social e a saúde.

Dessa forma, esse texto está organizado em três sessões: a primeira está intitulada de “Relatos de uma trajetória: a Educação em Tempo Integral no Brasil”, em que abordamos de forma breve a trajetória histórica, sobre o surgimento das propostas das escolas integrais na educação brasileira, mostrando as principais propostas implantadas em fins do vigésimo século e início do século vinte e um; a segunda sessão foi intitulada de “A Escola Barão de Ceará-Mirim: aspectos históricos” na qual relatamos a trajetória da escola utilizada como base para pesquisa, perpassando todas as suas nomeações desde de Grupo Escolar até os dias atuais como Escola Integral de Tempo Integral; e por fim, a terceira sessão que fizemos as contraposições existentes entre os mais conhecidos programas de educação integral do país, intitulada “Mais Educação x Novo Mais Educação”.

Como aporte teórico para construção deste artigo tivemos Gomes (2010), Barros e Fernandes (2015), a LDB (1996), o PNE, as cartilhas que regem o Programa Mais Educação e Novo Mais Educação e os decretos de nomeação da instituição. A pesquisa foi baseada em uma análise documental realizada em fontes como decretos, cartilhas, quadros funcionais e de horários, fotografias e relatos. Assim daremos início relatando a trajetória da Educação em Tempo Integral no Brasil.

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2 Relatos de uma trajetória: a Educação em Tempo Integral no Brasil

A escola, desde seu surgimento assumiu a postura de um lugar por excelência em educar. Dessa forma, dedicaremos essas linhas a tarefa de contar a trajetória histórica, mesmo que de forma breve, sobre o surgimento das propostas das escolas integrais na educação brasileira, mostrando as principais propostas implantadas em fins do vigésimo século e início do século vinte e um.

Com a adoção da educação pública para todos, fez com que as redes públicas de ensino pensassem uma forma para atender a demanda existente no país, com isso se teve que pensar em formas de distribuir os recursos financeiros, humanos e espaciais atendendo de forma quantitativa toda a população que procurava por vagas nas instituições de ensino. Isso fez com as escolas começassem a funcionar de forma extrema tendo que atender de dois a três turnos, tendo que dessa forma realizar um aproveitamento total de todas as estruturas da escola.

Com o aumento dessa demanda, foi preciso pensar não apenas em colocar todas as crianças na escola e sim na qualidade desta educação, passando a ser a nova demanda da educação nacional. A qualidade na educação surgiu como um elemento da democratização do saber, não bastava apenas suprir o quantitativo e sim atender qualitativamente o aumento da escolarização. Assim,

[...] a ampliação das funções da escola, de forma a melhor cumprir um papel sócio-integrador, vem ocorrendo por urgente imposição da realidade, e não por uma escolha política-educacional deliberada. Entretanto, a institucionalização do fenômeno pelos sistemas educacionais [...] envolverá escolhas, isto é, envolverá concepções e decisões políticas. Tanto poderão ser desenvolvidos os aspectos inovadores e transformadores embutidos numa prática escolar rica e multidimensional, como poderão ser exacerbados os aspectos reguladores e conservadores inerentes às instituições em geral (CAVALIERE, 2002, p. 250).

Por meio desta discussão se iniciou um pensamento sobre as políticas educacionais que estariam interligadas a qualidade da educação pública. Com isso, surgiu o pensamento da educação de tempo integral, tendo em vista que o tempo de permanência dos estudantes brasileiros nas escolas ainda é considerado muito pouco.

Dessa forma, teve início a trajetória de pensamento do primeiro educador brasileiro a defender a ideia da escola de tempo integral como um fator atenuante da qualidade da

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educação pública. Tratava-se do baiano Anísio Spínola Teixeira1, baseando seus pensamentos no escolanovismo2, onde todos teriam direito a educação pública, gratuita, de qualidade e sem nenhum vínculo com religião, fato inspirado por meio das obras de John Dewey (1859 – 1952). Anísio Teixeira defendia a municipalização do ensino em que as escolas seriam responsáveis pela promoção de cidadania e da saúde.

Na década de 1940, o então governador da Bahia Otávio Mangabeira, solicitou ao seu secretário de educação e cultura, a época Anísio Teixeira, um sistema educacional que sanasse a crescente demanda por vagas nas escolas públicas. Dentre essas demandas, vieram a repensar a educação, incluindo um novo olhar do docente, dos currículos, das instituições e dos programas voltados para a educação, se adequando a essa nova sociedade urbana e industrial, em que os pais cada vez mais necessitavam trabalhar e ter um lugar dotado de uma educação de qualidade para seus filhos. Surgiu assim à primeira Célula de Educação Popular, denominado de Centro Educacional Carneiro Ribeiro (CECR). Esses centros tiveram seu funcionamento durante todo o período diurno, em que as crianças entrariam pela manhã e sairiam ao final da tarde. As atividades aconteciam de formas diferentes em cada turno: pela manhã os alunos iriam ter aulas que seguiriam o currículo escolar denominadas de Escolas Classes3 e no turno vespertino aconteciam às oficinas divididas entre trabalhos, educação física, esportes, atividades artísticas e sociais, denominadas de Escolas Parques.

O educador Anísio Teixeira, apesar de ter sido o primeiro a relevar a ideia do funcionamento da Escola Integral não foi o único. Algumas ideias merecem serem citadas como, os Ginásios Vocacionais, que foram criados na década de 1960, funcionando por oito anos, sendo criadas seis unidades, uma na capital de São Paulo e cinco no interior do estado.

Os Ginásios Vocacionais tiveram a sua criação precedida de uma pesquisa de comunidade [...]. As cidades escolhidas tinham características diversas, por exemplo, São Paulo, mais cosmopolita, Americana, industrial, Batatais, uma região agrícola e assim por diante. Antes de criar a unidade escolar era realizada uma pesquisa que verificava as principais características locais:

1 Anísio Spínola Teixeira nasceu em Caetité em 12 de julho de 1900 e faleceu em 11 de março de 1971 no Rio de Janeiro, foi jurista, intelectual, educador e escritor brasileiro. Difundiu o movimento da Escola Nova, reformou o sistema educacional da Bahia e do Rio de Janeiro, exercendo vários cargos executivos, destacou-se no Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova em defesa do ensino público, gratuito, laico e obrigatório, fundou a Universidade do Distrito Federal em 1935.

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A Escola Nova, também intitulada de Escola Ativa ou Escola Progressiva, foi um movimento de renovação do ensino educacional, que teve início no final do século XIX e ganhou proporção na primeira metade do século XX, que veio para contrapor o que era considerado tradicional dessa forma muitas dessas mudanças seriam afirmadas como originais pelo escolanovismo, onde pretendia-se a incorporação de toda a população infantil, o aluno assumia o centro do processo de aquisição do conhecimento escolar.

3 Projeto implantado por Anísio Teixeira em Salvador (BA), quando ocupava a Secretaria de Educação do Estado (1947 – 1951) que compunham uma proposta de alternar as atividades intelectuais advindas das Escolas Classes e atividades práticas advindas das Escolas Parques.

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atividades econômicas da região, nível sócio econômico da população, aspirações dos pais em relação à escola, seus interesses e expectativas, cultura local, etc. Todo este quadro era analisado para definir objetivos e elaborar a proposta de trabalho da escola, das áreas de estudo e disciplinas: havia não só a preocupação em formar alunos e alunas de nosso país para a época em que viviam, como também importava considerar a realidade especifica da comunidade onde a escola seria inserida (TAMBERLINI, 2016, p. 119).

A educação aplicada nos Ginásios Vocacionais foi definida pela equipe pedagógica de acordo com o resultado das pesquisas realizadas nas comunidades em que seriam instalados e do perfil dos alunos que os frequentariam. Dessa maneira, o currículo envolvia disciplinas e atividades com metodologias de acordo com os objetivos planejados, divididos em três campos de estudo: cultura geral, iniciação técnica e práticas educativas.

Entre os que deram continuidade ao legado de Anísio Teixeira, pode-se citar Darcy Ribeiro a época Secretário de Educação do Rio de Janeiro, criador das escolas de tempo integral, projetadas e implantadas em diversos momentos dos governos liderados pelo partido de Leonel Brizola, denominados de Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs). Esses espaços de educação integral foram criados na década de 1980, e tinham por objetivo proporcionar educação, esportes, assistência médica, alimentos e atividades culturais, com carga horária das oito às dezessete horas e com capacidade para mil alunos. Os CIEPs são definidos arquitetonicamente externos para o interno:

[...] no bloco principal, com três andares, estão as salas de aula, um centro médico, a cozinha e o refeitório, além das áreas de apoio e recreação. No segundo bloco, fica o ginásio coberto, com sua quadra de vôlei / basquete / futebol de salão, arquibancada e vestiários. Esse ginásio é chamado de Salão Polivalente, porque também é utilizado para apresentações teatrais, shows de música, festas etc. No terceiro bloco, de forma octogonal, fica a biblioteca e, sobre ela, as moradias para alunos residentes (RIBEIRO, 1986, p.42 apud GOMES, 2010, p. 52).

Os CIEPs não eram considerados apenas centros educacionais, mas também estavam preocupados em atender outras demandas dentro de suas necessidades pedagógicas como o conceito de escola-casa:

Ao invés de escamotear a dura realidade em que vive a maioria de seus alunos, provenientes dos segmentos sociais mais pobres, o Ciep compromete-se com ela, para poder transformá-la. É inviável educar crianças desnutridas? Então o Ciep supre as necessidades alimentares dos seus alunos (RIBEIRO, 1986, p.47 apud GOMES, 2010, p. 52).

Nota-se uma forma particular nesses centros de tratar os alunos e assim podendo proporcionar-lhes uma estrutura completa assistencialista contando com o fornecimento de fardamento, material escolar, assistência médica e dentária, incluindo a instituição no campo

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das escolas sanitaristas. Sendo considerada peculiarmente um estilo que vai muito além de apenas ensinar o currículo básico: “Paternalismo? Não: política realista, exercida por quem não deseja ver a educação das classes populares reduzida a mera falácia ou, o que é pior, a educação nenhuma” (RIBEIRO, 1986, p.48 apud GOMES, 2010, p. 52).

Na década de 1990 pelo então Presidente Fernando Collor de Melo, foram criados os Centros Integrados de Atendimento à Criança (CIACs) que em 1991 teve inaugurado seu primeiro prédio no Paronoá, cidade satélite do Distrito Federal, em 1992 os CIACs passam a se chamar CAICs (Centros de Atenção Integral À Criança e aos Adolescentes), programa de educação integral, instalado em vários estados brasileiros inspirados nos CIEPs, que tinham por objetivos proporcionar as crianças e adolescentes educação, assistência médica, lazer e introdução ao trabalho.

Dando continuidade ao levantamento histórico das escolas de tempo integral no Brasil a Lei de Diretrizes Bases da Educação (LDB), Lei nº 9394 de 1996, traça novas propostas para a educação integral com a ampliação da carga horária, onde profere em seu Art. 34 que

[...] a jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola” e em seu § 2 discorre que “o ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino (BRASIL, 2008, p. 42).

Em conformidade com o que está posto neste artigo, o Ministério da Educação, por meio das Secretárias de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) e da Secretaria de Educação Básica (SEB), em sociedade com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), trouxe a tona novamente a proposta de educação integral, baseada nas respectivas propostas bem ocorridas para serem inseridas nas escolas públicas. Partindo dessa proposta, a Portaria Interministerial nº17, de 24 de abril de 2007, estabelece o Programa Mais Educação com o intuito do desenvolvimento de atividades de tempo integral que aumentam o tempo de permanência na escola para no mínimo de 7 horas, proporcionando mais oportunidades educativas dos estudantes.

Esse programa tem por finalidade extrair da escola a responsabilidade de ser o único espaço de aprendizado, incluindo os membros da sociedade, os espaços e a cultural do meio aos quais estes alunos estão inseridos, dando significado a essa aprendizagem, utilizando-se de vivências, diminuindo as desigualdades educacionais, sociais e a valorização cultural. Tendo por público alvo:

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Estudantes que estão em situação de risco e vulnerabilidade social; estudantes que congregam, lideram, incentivam e influenciam positivamente seus colegas; estudantes em defasagem ano escolar/idade; estudantes dos anos finais da 1º fase do ensino fundamental (4ª série / 5º ano) e da 2ª fase do ensino fundamental (8ª série / 9º ano), entre os quais há maior saída extemporânea; estudantes de séries / anos nos quais são detectados índices de saída extemporânea e/ou repetência; estudantes que demonstram interesse em estar na escola por mais tempo e estudantes cujas famílias demonstram interesse na ampliação de sua permanência na escola (BRASIL, 2007, p. 13).

O Plano Nacional de Educação, de 2001, resguarda o tempo integral e o aumento da permanência escolar, como uma de suas fundamentais diretrizes:

[...] a ampliação da jornada escolar para turno integral tem dado bons resultados. O atendimento em tempo integral, oportunizando orientação no cumprimento dos deveres escolares, prática de esportes, desenvolvimento de atividades artísticas e alimentação adequada, no mínimo em duas refeições, é um avanço significativo ara diminuir as desigualdades sociais e ampliar democraticamente as oportunidades de aprendizagem. O turno integral e as classes de aceleração são modalidades inovadoras na tentativa de solucionar a universalização do ensino e minimizar a repetência (PNE, 2010).

Os alunos contemplados com o programa frequentam a escola no contra turno onde participam de oficinas divididas no macro campos, segundo a cartilha passo a passo distribuídos em “[...] acompanhamento Pedagógico, Meio Ambiente, Esporte e Lazer, Direitos Humanos e Educação, Cultura e Artes, Cultura Digital, Promoção da Saúde, Educomunicação, Investigações no Campo das Ciências da Natureza e Educação Econômica (BRASIL, 2007, p. 9).

Quando pensamos numa escola de educação integral temos em mente o papel ao qual esta instituição de ensino está agregando aos seus participes, os sentidos deste local, as concepções aos qual este ambiente produz à criança e ao adolescente, a construção do currículo e dos projetos pedagógicos, tendo em vista que esse aluno irá permanecer o dobro do tempo dentro da instituição e necessita de um incentivo maior para encontrar o prazer de estudar. Além de todos esses assuntos mencionados, a educação integral é ainda mais responsável por uma formação não apenas do aluno enquanto educando e sim do aluno enquanto ser inserido em uma sociedade que vive em constante atualização e seguindo essa perspectiva, a escola integral deve cada vez mais está em constante atualização com relação aos processos de ensino, possibilitando ao aluno um aprendizado de qualidade.

Mediante a complexidade da realidade das escolas públicas brasileiras, retorna o debate sobre as escolas de tempo integral com a proposta do Estado do Rio Grande do Norte para as escola de Ensino Fundamental II, dessa forma iremos abordar a trajetória dos dois programas do governo federal que mais tiveram ênfase no modelo de educação integral, com

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o intuito de demonstrar as mudanças ocorridas no programa ao qual hoje é o grande financiador da escola de educação integral de tempo integral, mesmo a metodologia utilizada sendo apenas inspirada no programa e não igual.

3. Mais Educação x Novo Mais Educação

O Programa Mais Educação do Governo Federal teve sua vigência entre os anos de 2007 a 2016, sendo considerado um dos maiores programas para a educação, tanto em alcance como em distribuição de recursos. O Programa Novo Mais Educação é um desdobramento do Mais Educação que se deu inicio no ano de 2017, embora ambos estejam sendo implementados para a ampliação da jornada escolar suas concepções são diferentes.

O Programa Mais Educação foi instituído pela Portaria Interministerial nº 17/2007 e integra as ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), como uma estratégia do Governo Federal para induzir a ampliação da jornada escolar e a organização curricular, na perspectiva da Educação Integral com o objetivo de contribuir para a melhoria da aprendizagem por meio da oferta de tempo integral, com jornada igual ou superior a sete horas diárias ou 35 horas semanais no contraturno. No que tange o Programa Novo Mais Educação, criado pela Portaria MEC nº 1.144/2016 e regido pela Resolução FNDE nº 17/2017, é uma estratégia do Ministério da Educação que tem como objetivo melhorar a aprendizagem em língua portuguesa e matemática no ensino fundamental, por meio da ampliação da jornada escolar de crianças e adolescentes, otimizando o tempo de permanência dos estudantes na escola, por meio da ampliação da jornada com carga horária de 5 ou 15 horas semanais no turno e contraturno. Pois,

O fracasso escolar, fenômeno que se destaca nas camadas populares, une-se à crença da vulnerabilidade e do risco social desses indivíduos e perpassa o imaginário popular brasileiro desde sua constituição como nação. Carregada de sentidos, a vulnerabilidade pode servir para manter a população na condição de pobreza e potencializar a exclusão social. A pobreza é um dos meios pelos quais se assentam diversas situações de exclusão, pois condiciona a população pobre a ficar à margem da qualidade de vida mínima para sobreviver no contexto social (BARROS; FERNANDES, 2015, p. 33). Com relação ao funcionamento aconteceram mudanças significativas, no Mais Educação era contemplado obrigatoriamente apenas uma atividade de acompanhamento pedagógico, com ênfase nas disciplinas de Matemática, Letramento, Línguas Estrangeiras, Ciências, História e Geografia, Filosofia e Sociologia com carga horária de 6 horas semanais e outras três atividades abrangentes dos macrocampos que eram meio ambiente, esporte e

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lazer, direitos humanos em educação, cultura e artes, cultura digital, promoção da saúde, educomunicação, investigação no campo das ciências da natureza e educação econômica. No Novo Mais Educação existem duas opções de cargas horárias 5 ou 15 horas, as escolas que optarem por 5 horas deverão ter o acompanhamento pedagógico de Lingua Portuguesa e Matemática divididas em horários iguais no caso 4 horas para cada, as que optarem por 15 horas semanais além do acompanhamento pedagógico irão optar por três oficinas para contemplar as 7 horas restantes nos campos das artes, cultura, esporte e lazer.

As mudanças ocorreram também em meio a adesão onde anteriormente as escolas preenchiam o Plano de Atendimento por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola Interativo, colocando a indicação das atividades que deveriam ser desenvolvidas, agora a adesão acontece por meio das Secretarias de Educação, sejam de âmbito municipais ou estaduais, pelo módulo PAR do Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle (Simec). A carga horária pode ser indicada pela secretaria ou definida pelas escolas no PDDE Interativo.

Com relação aos recursos houve grandes mudanças tendo em vista que hoje a escola tem que realizar as oficinas com materiais adquiridos anteriormente, pois no Mais Educação os recursos podiam ser empregados em despesas de transporte e alimentação dos responsáveis pelas atividades, para a obtenção de material de consumo e no contrato de serviços. Os valores eram calculados de acordo com o número de turmas e estudantes para o período de

seis meses, tendo como referencia os seguintes identificadores:

160 reais por mês, por turma de acompanhamento pedagógico monitorada, para escolas urbanas e 240 reais para as rurais; 80 reais por mês, por turma das demais atividades monitoradas, para escolas urbanas e 120 reais para as rurais e 10 reais por estudante informado no Plano de Atendimento da Escola. Agora com o Novo Mais Educação os recursos podem ser empregados nos mesmos itens, no entanto, os recursos são correspondentes ao período de oito meses e têm como referencia 150 reais por mês, por turma de acompanhamento pedagógico, para escolas urbanas que implementarem carga horária complementar de 15 horas, 80 reais para as que condescenderem à carga horária complementar de cinco horas e 80 reais para as atividades de aberta escolha; 15 reais por estudante informado no Plano de Atendimento da Escola, para escolas urbanas e rurais que praticarem carga horária integrante de 15 horas e 5 reais para as que praticarem cinco horas; Já para as escolas rurais, o valor por turma será 50% maior do que o determinado para as urbanas.

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Sendo assim pode-se observar que ambos não dialogam nos objetivos impostos para aplicação dos programas, e essas divergências são cada vez mais amplas, o Mais Educação vem mostrar a escola como um dos lugares para o aprendizado, que o aprender acontece em diferentes esferas, espaços, linguagens e saberes e que esse processo não se adquiri sozinho. Ele mostra a Educação Integral de uma forma ampla, que não se amplia apenas o tempo, mas também os espaços de ensinamento.

O Novo Mais Educação trabalha com o foco central no reforço escolar, que é algo essencial para uma boa educação dos estudantes, mas nem sempre é desse reforço que eles necessitam, muitas vezes o público alvo que recebe programas educacionais como este, estão cada vez mais longe da vivência do esporte e lazer, essa divergência é percebida também na classificação das oficinas que não são apoio pedagógicos que são classificadas como complementares e isso é perceptível também na remuneração e nomenclatura dos educadores que para o apoio pedagógico da alfabetização e matemática são chamados de mediadores e os de outras oficinas os facilitadores, sendo assim eles devem para atuar no programa de acordo com o Caderno de Orientações do Novo Mais Educação:

Os mediadores para atuar no acompanhamento pedagógico de Língua Portuguesa e Matemática nos anos iniciais devem ser preferencialmente: I. professores com pós-graduação em educação; II. Professores licenciados em Pedagogia; III. Professores com ensino médio na modalidade normal; IV. Estudantes do curso de Licenciatura em Pedagogia; e, V. educadores populares que concluíram o ensino médio, que demonstrem experiência com educação integral na área de alfabetização. Os mediadores para atuar no acompanhamento pedagógico em Matemática nos anos finais devem ser preferencialmente: I. professores com pós-graduação em educação matemática; II. Professores com licenciatura em Matemática; III. Estudantes do curso de Licenciatura em Matemática; IV. Estudantes medalhistas da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas – OBMEP; e, V. educadores populares que concluíram o ensino médio com experiência no acompanhamento pedagógico em Matemática. Os mediadores para atuar no acompanhamento pedagógico em Língua Portuguesa nos anos finais devem ser preferencialmente: I. professores com pós-graduação em educação e letras; II. Professores formados em Letras – Português; III. Estudantes do curso de Letras – Português; IV. Estudantes premiados na Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa; e, V. educadores populares com experiência no acompanhamento pedagógico em Língua Portuguesa.

Quanto aos facilitadores, é importante que os mesmos tenham experiência na área em que forem atuar. Por exemplo, para realizar o trabalho na área de artes, com as atividades de “iniciação musical/banda/canto coral”, é interessante que seja selecionado um professor de artes com formação em música, um estudante ou até mesmo um músico da comunidade. A experiência com educação integral na área também deve ser considerada. A Resolução CD/FNDE nº 5/2016 prescreve que cada mediador e cada facilitador pode trabalhar com no máximo 10 turmas (BRASÍLIA, 2017, p. 6).

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Os profissionais selecionados para o desenvolvimento do trabalho dentro de ambos os programas divergem muito, pois não são obrigados a terem curso de formação e sim o notório saber, dessa forma cabe cada vez repensar se esse profissional que está atuante dentro das instituições tem realmente condições para tal prática, com a reformulação do programa deveria ter repensado esse profissional atuante. Já que ambos os programas vem para aumentar o rendimento educacional dos estudantes, pois em ambos os programas os alunos assistidos são os mesmos, aqueles que encontram-se em situação de vulnerabilidade, alunos fora de faixa, com defasagem no aprendizado de língua portuguesa e matemática ou mesmo aqueles alunos que queiram permanecer mais tempo no âmbito escolar.

A política educacional não está dissociada dos direitos sociais nem deve se apoiar na prerrogativa de favorecer a um determinado grupo que escapa aos direitos fundamentais básicos, nesse caso, os considerados vulneráveis e em situação de risco social. Assim, a garantia ao acesso e à permanência na escola integral para todos que estão em idade escolar, procurando garantir a qualidade da educação e a integração de diferentes saberes no espaço educativo, sem favorecer determinada demanda (BARROS; FERNANDES, 2015, p. 31).

Dessa forma, se compreende que ter uma educação de qualidade como direito social irá vir do entendimento que este ambiente escolar tiver e das práticas vivenciadas pelos alunos como forma direta de medir esse direito. Na próxima sessão iremos abordar os dados obtidos sobre o funcionamento, as metodologias empregadas na EITI Barão de Ceará-Mirim, contando brevemente um relato histórico, mostrando sua importância enquanto instituição educacional e mostrando como os recursos são utilizados e as mudanças metodológicas com o intuito da melhoria da aplicação da Educação Integral em Tempo Integral.

4. A Escola Barão de Ceará-Mirim: aspectos históricos

A Escola Estadual de Educação Integral em Tempo Integral Barão de Ceará-Mirim iniciou sua trajetória educacional no dia 05 de novembro de 1878, com a instalação do Ateneu ceará-mirinense. Três décadas após a doação do prédio pelo Barão de Ceará-Mirim4, o Ateneu Ceará-mirinense recebe o nome de Grupo Escolar Felippe Camarão, de acordo com o decreto

4

Manuel Varela do Nascimento nasceu em Ceará-Mirim, em 24 de dezembro 1803. Filho de Felipe Varela do Nascimento e Tereza Duarte do Nascimento. Com luta árdua, tornou-se proprietário de imensos domínios, senhor de engenho, introduzindo novas técnicas na indústria açucareira do Vale. Militar e parlamentar, foi Alferes de segunda linha (1828); Coronel da Guarda Nacional com jurisdição nos municípios do Natal, São Gonçalo, Extremoz e Touros. Presidiu a Câmara Municipal de Extremoz (1829-1832 e 1837-1840). Foi Deputado Provincial (1868-1869); Terceiro Vice-Presidente da Província (1868), e, enfim, Barão do Ceará-Mirim (decreto imperial de 22.06.1874). Construiu o Grupo Escolar de sua cidade e foi grande divulgador da cana caiana - espécie de cana-de-açúcar originária de Caiena (capital da Guiana Francesa). Faleceu em Ceará- Mirim, no âmbito do Engenho São Francisco, em 1 de março de 1881 (CASCUDO, 1972, p. 430-432).

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estadual de número 266 de 23 de março do ano de 1912, tendo sido inaugurada em 18 de agosto do mesmo ano. Assim, foi publicado nas determinações publicadas pelo Palácio do Governo do Rio Grande do Norte:

Crêa um grupo escolar na Cidade do Ceará-Mirim

O Governo do Estado do Rio Grande do Norte, usando a attribuição, conferida pelo Código de Ensino Vigente,

Decreta: Art. 19 – É creado na Cidade do Ceará-Mirim um grupo escolar denominado – Felippe Camarão - comprehendendo três escolas, duas elementares, uma para cada sexo, e uma mixta infantil.

Art. 49 – revogam-se as disposições em contrario. Palácio do Governo, 23 de março de 1912, n. 266.

Alberto Maranhão Francisco Pinto de Alves. (GOVERNO DO RIO GRANDE DO NORTE, 1912)

Determinada a criação do grupo escolar atendendo as necessidades educacionais e sociais da época. Ao ser criada, a Escola compreendia três espaços sendo duas elementares, a primeira voltada para o público masculino e a segunda para o público feminino; a terceira de caráter misto destinada as crianças, aquilo que chamavam a época de jardim de infância e ensino primário. Era comum, no início do século XX, as escolas possuírem formações educativas que separavam os sexos, havendo disciplinas especificas para cada um dos gêneros. Assim, conforme os seguimentos de ensino agrupados nesse espaço, foi construído a placa de inauguração da referida escola que ainda encontra-se alocada numa das paredes do prédio até os dias de hoje. Vejamos a imagem abaixo:

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Imagem I e II:

Placa de inauguração do Grupo Escolar Felippe Camarão e o Barão de Ceará-Mirim

Fonte I: Fotografia da placa de inauguração do Grupo Escolar Felipe Camarão em mármore afixada no interior da escola. Fotografia da autora.

Fonte II: Pintura que retrata Manoel Varela do Nascimento, o Barão de Ceará-Mirim. Acervo de Gibson Machado.

O grupo escolar manteve-se com seu primeiro nome de batismo – Grupo Escolar Felippe Camarão - até o ano de 1936, quando passou a ser chamado pelo nome daquele que foi considerado um dos mais importantes filhos da cidade, fato comum à época: Grupo Escolar Barão de Ceará-Mirim.

Considerado um símbolo da progressão social, o grupo escolar era encarado como um passo a frente na educação da época. Aquele que iria revolucionar o modo ao qual a escola era vista, que era apenas de instrução primária. Esta inovação escolar denominada de grupo veio com o objetivo de através de sua cultura baseada no ideário republicano formar o homem atual da república, rompendo dessa forma com o olhar colonialista do império que havia fracassado.

O Grupo Escolar Barão de Ceará-Mirim foi à primeira escola pública fidedigna do município de Ceará-Mirim na primeira metade do século XX. Sua estrutura arquitetônica seguia os padrões pensados para a proposta de um grupo escolar da época. Vejamos a fotografia abaixo:

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Imagem III:

Grupo Escolar Barão de Ceará-Mirim

Fonte: Grupo Escolar Felipe Camarão denominado em seguida de Grupo Escolar Barão de Ceará-Mirim. Década de 1940. Acervo de Gibson Machado.

Os rapazes e moças pobres nos anos de 1950 frequentavam apenas o curso primário. O que motivou a instalação da Escola Normal Regional de Ceará-Mirim, com direção da professora Nalva Xavier de Albuquerque, no turno noturno o prédio da instituição foi cedido oferecendo o curso "Ginásio Normal", tendo por objetivo preparar professores para o magistério. Anos depois, o curso foi extinto e a escola recebeu outra denominação: Escola Estadual Barão de Ceará-Mirim, sendo seu ato de autorização o 956/77 com data de 10 de setembro de 1977.

Neste novo ato de criação a instituição passa a atender o 1º Grau, até a vigência da LDB de 1996 onde houve a mudança para Fundamental I e II, havendo uma procura maior pelo 6º ano do ensino fundamental. Além disso, oferecia a modalidade Educação de Jovens e Adultos - EJA há mais de quinze anos, compreendendo o 2º, 3º, 5º, 6º, 7º e 8º períodos durante o horário noturno. Até o ano de 2016 a escola possuía 805 alunos matriculados e contava com 976 vagas disponíveis no total, desses alunos matriculados 158 pertenciam a EJA e 647 ao ensino fundamental, compreendendo cerca de 6 turmas da EJA e de 22 turmas que contemplavam o ensino fundamental I e II.

No ano de 2017 a escola passou novamente por um novo decreto se integrando as novas escolas de tempo integral do Estado do Rio Grande do Norte sendo intitulada de Escola

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Estadual de Educação Integral em Tempo Integral Barão de Ceará-Mirim. Conforme publicação do Decreto de número 26.587 de 11 de janeiro de 2017:

O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, no uso de suas atribuições que lhe confere o art. 64, incisos V e VII da Constituição Estadual e tendo em vista o que consta no processo nº 433023/2016-8-SEEC/RN.

DECRETA:

Art. 1º Fica transformada a Escola Estadual Barão de Ceará-Mirim, situada na Rua Pedro de Oliveira Correia nº 95, Bairro Santa Àgueda, na cidade de Ceará-Mirim/RN, em Escola Estadual de Educação Integral em Tempo Integral Barão de Ceará-Mirim – Ensino Fundamental.

Art. 2º A Secretaria de Estado da Educação e da Cultura adotará as providências necessárias para a operacionalização do Ensino de Ensino de Educação Integral em Tempo Integral.

Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Palácio de Despachos de Lagoa Nova, em Natal/RN. 11 de janeiro de 2017, 196º da Independência e 129º da Republica.

ROBINSON FARIA Claudia Sueli Rodrigues Santa Rosa (BRASIL, 2017)

A Escola teve até o dia de hoje 29 diretores, sendo o primeiro diretor da escola ainda chamada de Felipe Camarão, Bernardino Fernandes Dantas, hoje como Gestora a Professora Edna Maria Alves da Silva e Vice Gestora a Professora Silvana Morais da Silva.

A EEEITI Barão de Ceará-Mirim passou por um processo de reforma no ano de 2014 a 2016, por se tratar de uma escola com mais de cem anos de existência sua estrutura era muito antiga e precária, assim o Estado compreendeu que para a transformação da instituição em ma escola integral de tempo integral eram necessárias algumas modificações estruturais.

Imagem IV

Fachada da Escola Estadual de Educação Integral em tempo Integral Barão de Ceará-Mirim.

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Ao passar a ser integral, ofereceu vagas para Fundamental II, compreendendo do 6º ao 9º ano em período integral (manhã e tarde). A oferta de vagas se propõe a atender a demanda do município e, inclusive, do público pertencente a outros distritos próximos ao município, os alunos de outros distritos utilizam o transporte escolar disponibilizado pelo estado em parceria com o município, com cerca de 300 alunos matriculados, ainda sendo a grande demanda para o 6º ano do Fundamental II.

Atualmente, com relação a suas instalações a instituição conta com dez salas de aula, um laboratório de informática que não está sendo utilizado pelo fato dos computadores não funcionarem, uma biblioteca, salas para secretaria, supervisão, diretoria, arquivo e professores. Ademais, a escola possui cinco banheiros masculinos e cinco femininos, dois banheiros para professores e mais dois banheiros que são destinados para o pessoal de apoio da escola (ASGs, merendeira e etc.). A escola conta ainda com um refeitório, uma cozinha, uma dispensa para merenda, uma quadra (descoberta) com banheiro especifico e 400 carteiras ao todo, sendo 40 carteiras por sala. Todas as salas de aula dispõem de ares condicionados, mas são ligados de 5 em 5, tendo em vista que a caixa de luz não comporta a quantidade de energia, dessa forma das 10 salas de aula 5 utilizam os ares pela manhã e 5 no turno vespertino, mesmo pós reforma o Estado ainda não disponibilizou recurso para uma nova caixa de energia.

Quanto à acessibilidade, após a reforma a escola encontra-se adequada para receber alunos que possuem algum problema em relação à mobilidade, contando com rampas de acesso, largura de portas adequadas e um banheiro adaptado para o uso de alunos com necessidades educativas especiais. Acerca dos equipamentos a escola possui um computador para uso administrativo e 17 computadores para os alunos, conforme a gestora os computadores dos alunos são muito antigos e estão em condições precárias, já que foram recebidos há muitos anos atrás. A escola ainda dispõe de um televisor, uma copiadora e impressora, duas caixas amplificadoras, um DVD, um projetor multimídia e 6 caixas de som com microfone.

Além disso, quanto ao quadro de funcionários a escola possui cerca de 47 funcionários, compreendendo os gestores, secretária escolar, coordenadores, suportes pedagógicos, supervisores, merendeiras, vigias, porteiros, ASGs e professores. Quanto aos professores, o quadro encontra-se incompleto necessitando ainda de professor de História, Letramento e Educação Física para treino esportivo, os que têm não são suficientes para suprir as necessidades.

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A instituição hoje, para atender a demanda integral, funciona com diversos tipos de recursos que financiam os salários dos funcionários. A escola integral deveria funcionar apenas com professores que disponibilizassem de dois vínculos no estado e assim poderiam cumprir as cargas horárias e o trabalho seria de forma coletiva, o turno da tarde seria uma continuação do trabalho iniciado pela manhã, os professores se dividiriam em atender a demanda dos dois currículos.

A instituição iniciou sua trajetória no ano de 2017 com o recurso enviado pelo Programa Novo Mais Educação para efetuar o pagamento dos professores das oficinas, mesmo com a proposta de escola integral ser bem aproximada com a do Novo Mais Educação, a instituição não aplica o programa apenas faz uso do recurso para tal função.

Como a escola não tem a demanda de profissionais exigidos com dois vínculos, o planejamento é algo cada vez mais difícil, pois os professores precisam manter um elo de ligação entre suas aulas, tendo em vista que todo trabalho com os alunos deve ser realizado na instituição, já que muitos vem da zona rural ou até mesmo de outros municípios impossibilitando assim a realização de pesquisas e trabalhos fora do ambiente.

Vale ressaltar ainda que, a referida instituição, mesmo após a reforma para a implementação dessa proposta de uma escola integral em tempo integral, ainda não dispõe de espaços suficientes para acomodar todos os estudantes em suas práticas. Carece ainda de laboratório de informática para as pesquisas, uma sala de descanso ou até mesmo um espaço para um lazer livre sem obrigação.

As aulas deveriam acontecer parecidas com a ideia idealizada nas escolas parques e escolas classes, onde em um turno os alunos assistiriam aulas do currículo comum e no outro do currículo diversificado, mas para uma melhor aplicação das atividades a equipe pedagógica optou por aulas intercaladas dos dois currículos.

A grande problemática encontrada perante a estrutura curricular encontra-se nos professores, onde os mesmo não são integrais. Dessa forma, a escola acaba vivenciando dois momentos de ensino e não de forma contínua como é a proposta. O fato de alguns professores que estão com carga suplementar ministrarem disciplina e oficina acabam também não diversificando esses dois momentos. Eles apenas dão continuidade como é o caso de Letramento Matemático e Matemática. Da mesma forma que algumas disciplinas como Português que é ministrada por duas professoras diferentes, tendo em vista não ser o mesmo educador acaba não se realizando trabalhos em conjunto entre as turmas.

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Levando em consideração o planejamento para o acontecimento dessas atividades acaba sendo algo inviável, pelo fato da escola funcionar em horário diferenciado das 7:40 as 16:40, como não são todos os professores integrais, muitos acabam planejando sozinhos ou com a coordenadora, mas raramente acontece um planejamento coletivo, a não ser os previamente marcado pela instituição.

Mesmo com a reforma, uma escola para ser de tempo integral ela necessita proporcionar tanto aos alunos quanto aos educadores uma proposta de infraestrutura diferenciada, a instituição hoje conta com um refeitório para que os alunos possam realizar as refeições, mas não conta com um local adequado para descanso, onde a proposta de horário pós almoço realizada pela Secretaria Estadual de Educação diz que ao alunos deveriam participar de cinema e jogos recreativos, mas dispondo do material e tão pouco do espaço os momentos de descanso são improvisados.

A idealização desses ambientes para as práticas de lazer só seriam possíveis se hoje a escola utilizasse como sala de aula a metade das salas disponíveis e a outra metade fossem alocados jogos, colchonetes, mídias, transformando esses espaços em locais de convivência para os alunos nos horários vagos ou de descanso.

Outra questão bem evidente na prática integral é a forma de proceder com o aprendizado do aluno, como muito moram em distritos de Ceará-Mirim e acabam chegando em suas residências a noite ficando assim inviável a utilização de tarefas, atividades e pesquisas para casa, assim a instituição necessita de uma sala de informática com computadores e internet para que eles possam durante as aulas desenvolverem atividades ligadas a pesquisa.

A instituição ainda necessita de uma reorganização estrutural para torna-se devidamente adequada para prática, mas como forma para que o ensino aconteça a equipe pedagógica está totalmente empenhada em dar continuidade a prática adequando todas as atividades a realidade da escola.

Após ter realizado esse levantamento sobre o funcionamento dessa instituição, abordaremos de forma breve como acontecem os programas de Educação Integral mais conhecidos no país e que hoje são os principais financiadores para o funcionamento dessas escolas integrais.

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Quando falamos em Educação Integral, nos vem pós a escrita deste artigo o entendimento que é uma educação muito além da extensão do tempo, jornada e permanência do aluno em sala de aula, e sim a ampliação das oportunidades impostas para esses aprendizes, formando assim o ser de forma integral. A Escola de Educação e Tempo Integral está comprometida em buscar uma educação ideal, transformadora.

Essa forma de compor a instituição educacional busca uma melhoria da educação por meio da apropriação de valores, de conhecimentos, como a nomenclatura diz, uma educação integral do ser.

Assim a instituição busca permanentemente um grande desafio, que é o de superar a ideia de apenas mais tempo na escola, tornando esse tempo de permanência útil, agradável, não apenas sendo preenchido por atividades desconectadas, a proposta é que as disciplinas e as oficinas estejam interligadas, proporcionando a esses aprendizes não apenas desenvolvimento intelectual, mas motor, físico, mental, cultural, conhecimentos que os tornem cada vez mais cidadãos.

Para que essa educação aconteça de forma adequada são necessários tempos e espaços apropriados, e para que esses espaços estejam devidamente adequados a essa prática requer um custo muito alto e nem sempre esse gasto é visto como investimento, e assim os alunos, os professores, os que compõem a instituição educacional de forma geral são acometidos a estarem de forma indevida e inadequada alocados a esses espaços e assim os resultados não são satisfatórios, irá se encontrar professores com práticas desconectadas, alunos cansados e desmotivados, porque cada vez mais participam de aulas mecânicas.

Podemos analisar que as políticas públicas, os documentos, os decretos foram organizados de forma eficaz, mas a transformação dessas instituições em integral foi algo prematura, com muitas adequações necessárias a serem realizadas, os alunos necessitam de motivação e os professores de incentivos para estarem de forma integral e esse incentivo necessita-se que seja de forma monetária, como são feito nas Escolas Integrais do Ensino Médio.

Compreendemos nesta pesquisa que a concepção da extensão da permanência escolar estando agregada a um currículo integrado e mediação pedagógica é uma forma satisfatória de contribuição na qualidade da aprendizagem e no desenvolvimento do aprendiz.

Mas concluímos que a ampliação desse tempo de permanência escolar por si só não irá transformar a organização curricular e didática e que há uma forte intenção em repetir no tempo expandido formas curriculares e didáticas e que há uma forte intenção em copiar no

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tempo ampliado formas curriculares e ensino já engessados como: o currículo por disciplinas, o ensino por transferência e a regulação disciplinada e disciplinadora do tempo escolar.

Não é algo fácil, construir uma escola que além de propor o conhecimento, tem que acolher esse aluno, tendo em vista a permanência dele na instituição que acaba sendo maior muitas vezes que com os seus responsáveis, dessa forma a escola tem que está preparada para esse aparato psicológico e emocional.

Assim salientamos que a equipe escolar incluindo a todos que fazem a instituição não devem sozinhos construir essas escola integral , é necessário que o poder público não apenas escreva os decretos e leis e sim os coloque em prática, façam com que essas instituições tenham investimentos adequados, os espaços e equipamentos necessários, formação e remuneração adequada para esses profissionais, os horários de planejamento individual e coletivo, dedicação exclusiva a essa escola, para que possam de forma apropriada adquirirem e perpassarem os conhecimentos necessários ao trabalho educativo, pois não podemos propor um projeto educacional sem dar as devidas condições a esses profissionais com a junção de tempo, espaço, material, currículo e objetivos que se irá construir uma escola devidamente integral.

A escola de tempo e educação integral pode sim no futuro vir a ser algo muito mais além que um projeto, pode se tornar um movimento revolucionário, pois nos leva a repensar o teórico, o político e o pedagógico, dando ressignificado a educação e a instituição que a compõe. A escola integral com as políticas públicas em prática está para revolucionar a história da educação no Brasil, desde que se compreenda que mais tempo na escola é mais tempo para o aprendizado e desenvolvimento.

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Referências

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BARROS, Emília Cristina Ferreira de e FERNANDES Angela Maria Dias. Uma

Investigação sobre o “ficar na escola o dia todo”. Sentidos da escola de tempo integral na

vivência de alunos de uma escola pública brasileira. Novas Edições Acadêmicas, 2015.

BRASIL. Programa Mais Educação – Passo a Passo. Brasília: MEC, 2007.

CÂMARA CASCUDO, Luís da. Uma História da Assembleia Legislativa do Rio Grande

do Norte. Natal-RN, Fundação José Augusto, 1972.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008.

BRASIL. Plano Nacional de Educação – PNE/Ministério da Educação. Brasília, DF: INEP, 2001.

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CAVALIERE, Ana Maria Villela. Educação Integral: uma nova identidade para a escola brasileira? In: Educação e Sociedade, Campinas, vol. 23, n. 81, p. 247-270, dez. 2002.

GOMES, Candido Alberto. Darcy Ribeiro. Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010, Coleção Educadores.

TAMBERLINI, Angela Rabello Maciel de Barros. Ensino vocacional: formação integral, cultura e integração com a comunidade em escolas estaduais paulistas na década de 1960. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, nº 70, p. 119-137, dez. 2016 – ISSN 1676-2584.

Referências

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