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Alienação e Burocracia: O Papel da Administração Participante

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Academic year: 2020

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Alienação e Burocracia: O Papel da

Administração Participante

M IC H A E L P. S M IT H Professor da U niv ersida de de Boston

T ra d u ç ã o de O lg a Ferrini de Fario

A sociedade tecn oló gica contem po- rânea cria para o indivíduo o pesado encargo de adaptar-se a um sistem a burocrático altam ente com plexo e m ui- tas vezes im pessoal. Para um número si9nificativo de m em bros das m oder- nas sociedades de massa esse encar- 9o tornou-se fonte de um forte senti­ mento de ansiedade, agora estranha­ mente denom inado "a lie n a ç ã o ” .

A trágica iro nia da era m oderna é C|U0 algum as das in stitu içõ es o rig in a ­ lm e n t e destinadas a ajudar os ho­ mens a d irig ir o m undo criaram , ao in- Vés. obstáculos a sua eterna procura Por auto-afirm ação, realização pessoal

6 solidariedade hum ana. Estes três

Val°re s form am a base daquilo que os Povos têm tradicio nalm en te procurado °b te r de suas in stituições sociais e po- Neas: oportunidade para o desenvolvi­ mento da cria tivida de , meios de con-

am biental e sentido com unitário.

n lfetanto, quanto mais dellberada-

en*e os homens procuram m axim izar ®Sses valores através da organização 0c'a*< mais ilusórios eles se tornam . { ^ste trabalho visa a estu dar os fa- ^ es Paradoxais que contribuem para

a crescente alienação do homem den­ tro do contexto da burocracia dos ser­ viços públicos urbanos de m assa. 0 enfoque escolhido é particularm ente adeq uad o para ilustrar as raízes do alheam ento do homem moderno à vida burocrática. Estudiosos dos sentim en­ tos de agressividade e violência de­ monstram que as dim ensões e o cres­ cim ento do anonim ato da vida urbana ajudam a produzir sentimentos g ene­ ralizados de im potência em face de grandes instituições.1 O sentim ento de realização pessoal assim frustrado po­ de a c a rreta r um alheam ento de tais instituições, assim com o da própria sociedade. Adem ais, ao contrário das fábricas e organizações com erciais o objetivo principal dos serviços públicos

1. O p sicó lo g o P h illip Zlm bardo, d ep o is de re alizar expe riê ncia s de lab o ra tó rio sobre o anonim ato e a agressão, e estudos de cam po sobre vandalism o e vio lê n cia , conc.uíu QJe a vida nas cida d e s co n trib u i para o desen­ vo lvim ento de um processo de despersonaliza- ção m anifestado em com portam ento altam en­ te em ocional e em ino bservância das normas da sociedade. Três dos p rin c ip a is fa to re s cau- sa tivos isola d os p o r Z im bardo foram : o cres­ cente anonim ato da vida nas cida d e s, as grandes dim ensões das urbes e o g ig antism o de suas in stitu içõ e s. (V. New Y o rk Tim es ce 20-4-69, pág. 49).

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urbanos é auxiliar a população, e não vender produtos. A alienação tende a tornar-se particularm ente aguda entre os empregados, ou no seio da clientela nao organizada de tais burocracias quando pessoas, e não coisas, são os objetivos desprezados por processos mpessoais e rotinizados, pela especia- lizaçao excessiva de funções, ou pela prolongada dependência da clientela.

O HOMEM ALIENADO

Apesar de a luta do homem pela cria ividade e pelo seu livre arbítrio dentro da comunidade ser tão velha quanto a história da Humanidade o encontro diário do homem com ’ as

n ltldfm 3 ° r9anizações é um fenômeno n tidamente moderno. 0 "fim ” clássico

grego, quando aplicado ao indivíduo levava a um sentido de inteireza -um esforço pela realização do poten­ cial criativo de cada um, dentro e atra­ vés da sociedade. Assim, Aristóteles

vida d 0"3" 3 3 9,etÍVa pa rticiPação na vida da comunidade como essencial à personalidade ajustada. Mas, & medida ju e apareciam as nações o r g a n S a s

P?S53

S e T u a°s hUhmaniSta dim inu[a' até que

ele v,u as chan.ces de que

do homem ameaçadas. ?

o orecer da era industrial falo,, es" evend° " » e ao trabalhador alienado n

o trabalho se havi*. * quem

• » c o V /u , l™ r “ ° “ a q" M

-<° P .ra a

dades, nas suas horas d« ne° 6SSÍ'

conspiraram para a lie n a rV h o m é m de

Marx de si próprio, do seu t r a b a l h o 0

de seus ig ua is. O homem do alvorecer

industrial era apequenado e, Irônica-

mente, as grandes organizações Inicial' mente criadas para prover suas neces* sidades acentuaram seus sentimentos de im potência e indiferença. Nas pala- vras do jovem Marx: "Q uanto mais o

trabalhador se dedica ao seu t r a b a lh O i

mais poderoso se torna o m undo de

objetos que ele c ria à sua volta, e

mais pobre se torna ele em sua vtda

interior, pertencendo cada vez menos a si p ró p rio ” . 2

John Stuart M ill fo i outro filósofo

Século XIX preocupado com as con

seqüências intangíveis da socleda e

altamente organizada sobre o Irid v

duo. M ill via a b u rocra cia com o a or

ganização sistem atizada da vida f>u

m.ana, organização que, incontrola

poderia em botar tanto o pensamento

c ria do r quanto o livre a rb ítrio . Se

argum ento central era o de que as

culdades de auto-expressão, c0fT|

“ percepção, julgam ento, discrição, a

vidade m ental e até opções morais s ^

exercidas pelo processo de e s c o l h a

e, assim, só podem ser

através do Uso.3 Deste m odo; MW

---

Eco-2 . V. KarI Marx. "A lie n a te d Labor _ r|mel' nom ic and P h ilo so ph ical M anuscripts, Ktr0 nS' ro m anuscrito, X X ll, T . B . B ottom ore ^ c rito p o r Erich Fromm em "M a rx s o xg9. (New York — F re d erick Ungar, 1961J. v

95' 9 6 /9 8 ' „ „ (In dl8'

3 . V; John Stuart M ill. "O n L ib e rty > péfl. n áp o lls — lib e ra ry o f Lib e ra l A rts. , s0° 71. é Interessante com o M ill ^esenv 3 argum ento co ntra a b u ro cra cia em te g e um c o n flito entre a b u ro cra cia reform ^ 6 espontaneidade do in d ivíd u o : "M a s ° j i f l d * ' que a espontaneidade do In d ivíd uo corTluns mente ó recon h e cid a pelas co rren te s jn- de pensam ento com o tendo algum n0\daà0 tr in s e c o . .. o que é mais, a e s p o jj mor8‘S não faz parte do ideal dos reforrm stas res- e so cia is; p elo co n trá rio , é olhada 0 \[aÇ&° sentim ento, com o um o bstá culo « pró' geral do que esses reform adores, em ra a p rio julg a m e n to , pensam ser o melho hum anidade” (pág. 69).

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'nia que a tom ada de decisões roti- nizada e hierarquizada pudesse v ir a substituir o discernim ento, a esponta­ neidade e as opções m orais do indi- Wduo.

A sociedade te cn o ló g ica do Século XX tem também seus crític o s hum anis- tas em revolta con tra o que eles en­ tendem com o a abstração e desum ani- 2aÇão da vida bu rocrá tica m oderna. Os f||ósofos existencialistas contem porâ­ neos protestam con tra a tendência das s°ciedades organizadas de ju lg a r as Pessoas em term os de sua ad ap ta bili- atJe, mais do que de sua Integridade; 6 sua produtividade, mais do que de Seu caráter. Temem que o culto da ®f'ciência dentro do am biente burocrá- i lc° leve o homem a id e n tific a r sua ^ 'e lra personalidade com suas ativl- 3des form ais e com o produto de seu rabalho. Do ponto de vista de escrito - res como M artin Buber e G abriel M ar- ’ as grandes organizações colocam - 6 além da solidariedade e da com - ensão que os pequenos grupos pos- Ktam. Assim , é pouco provável que s integrldade e a solida rie dad e pos- ^ Prosperar nas grandes burocra- 0^ s Ufbanas. Mas, na era tecn oló gica , existencialistas temem que o adm i- tr . rador c °!s lfiq u e suas relações no

c alflo, tratan do subordinados e

^ ntela com o meros insumos a serem a^ n Pulados na solução de problem as rat° s m aiores, e não com o seres ^dtvicJuai:

rea3ind reiaC|,

s, com personalidade agindo o.4 Uma vez que um profundo

Mo °nam ento "e u /v o c ê ” é necessá-

|n, para que o indivíduo experim ente

r0c rI6Za 6 reallza5ão, o problem a bu-

de , se apresenta, no seu ponto

sta> desum anizante tanto para o 'nistrador com o para o c lie n te . A

especialização excessiva de funções leva à fragm entação do homem.

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS PÚBLICOS E ALIENAÇAO Está se tornando cada vez mais pa­ tente, hoje em dia, que o processo do alienação da vida burocrática é mais do que o produto da fantasia de filó ­ sofos antigos e poetas contem porâ­ neos. M uitos setores da sociedade am ericana5 parecem já estar voltados con tra o que talvez possa ser chamado o paradoxo c íc lic o das sociedades de massa altam ente desenvolvidas.

Em qualquer sociedade adiantada, quando um problem a abstrato social ou econôm ico é identificado, a m áqui­ na bu rocrá tica é m obilizada para so­ lucioná-lo, com batê-lo; ou para con­ tro la r a situação. Entretanto, tão logo os recursos da burocracia são m o b ili­ zados, assim também o são suas ten­ dências potencialm ente nocivas. Sua especialização de funções, conquanto necessária para o trato de problem as

4 . V. G a briel Mareei. "M a n A galnst Mass So- c le ty ” (C hicago Henry Regnery, 1952); "B e in g and H aving” (W estm inster — Dacre Press, — 1949) e M artin Ruber em “ I and Th o u ” (New Y o rk — C harles S cribners, — 1958). V. também M ichael P. Smith em “ S e lf-F u lfillm e n t in a B u rea u cra tic S o cie ty: A C om m ontary on the Thought o f G a b rie l M areei” — P u b lic A dm i- n istratio n Review, Vol. XXIX (Ja ne iro /F e v. 1969) págs. 25/32.

5 . P or exem plo, a causa do m ovim ento da classe m édia de após g u o ria em d ire çã o às áreas suburbanas fo i a trib u íd a ao desejo ge­ n eralizado de fu g ir da co m ple xa vida b uro ­ c rá tic a da cida d e para re a d q u irir o senso de e fic á c ia pessoal, para reacender os laço s de so lid a rie d ad e p erd id os pela desin te g raçã o da vida fa m ilia r. Do mesmo m odo, a percepção p elo estudante de uma b u ro cra cia edu ca cion a l distan te e ind ife re nte é tid a com um dos m ais fo rte s estím u lo s à in tra n q ü ilid a d e nos “ cam ­ p u s ". Sobre este ú ltim o ponto, veja-se, p e r exem plo, A lle n H. Barton em “ The C olum bia C risis: Campus, Vietnam and the G h e tto ” — P u b lic O plnion Q uarterly, Vol. XX X II (outu- b ro/6 8) pág. 333.

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complexos, tende à fragmentação ou à excessiva especialização da perso­ nalidade. Sua cadeia hierárquica de comando e os m últiplos níveis de su­

pervisão produzem dependência da

parte de subordinados e clientela. O espírito burocrático de impessoalidade oficial e seus procedimentos rotiniza- dos, apesar de criados para promover a justiça na administração, desencora­ jam o relacionamento interpessoal A abordagem através de preenchimento de formulários, tão necessária quando se processam grandes quantidades de mercadorias e serviços, torna-se, mui­ tas vezes, uma form alidade contrapro­ ducente, que colabora largamente para a desumanização da situação.

Coro-td.3 Preocupação da burocracia ™ técnicas de racionalização é o tratamento dos empregados e, em al-m tjo ^ H 303' da pr6pria client6la' coal-m ° da ln M 8 | C3° nSeCUÇS° das finalidades da instituição. Ironicamente, a

impes-de intadH V ^ mai0r com

P'exida-relhn h ^ n° Pr° blema Pel° apa-

administrativo têm, em alguns

tim e m o '' d ? 0 ? ^ deCréscimo d°

sen-inH „ auto-suficiência e controle-

« « ' de a

face an* ° ’ paralelamente, fazendo

tace aos seus problemas.

A BUROCRACIA DAS

e s c o l a s p ú b l i c a s

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-Potenciais

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l0S°-cia — k to a t P°>itica da eficiên-

'St0 é> a ter|dênc!a de conside­

rar a escola com o uma fábrica, e a criança com o um mero produto. Al*

guns profisslonais-da-educação d e d i ­

cam mais tem po e energia às q u e s t õ e s de manutenção — com o obtenção de melhores orçam entos e salários, insta lações e equipam entos — do que às crianças. Esta orientação traz várias conseqüências indesejáveis.

O desvirtuam ento da própria fin al1 dade é a prim eira grande conseqüên^ cia da mentalidade fabril. Algum as es colas públicas urbanas são tão exces sivamente organizadas e profissiona zadas que, na realidade, já perderarn

de vista seu ob jetivo prim ordial. a ^

escolas estão constantem ente sob r co de corresponder mais a necessi des profissionais e a inclinações lr>s tucionais do que às necessidades in ^ viduais do estudante.6 Nestas esco a^ o sistem a de m anutenção s o b re p u jo u ^ m agistério criativo, e o interesse resultados num éricos suplantou a Pre°g cupação com a criança, em termos qualidade.

d® Este desvirtuam ento por exceSS° e [ir burocracia é responsável pelas

--- do tS°

6 . Este argum ento tem sido esp°®?D|a t>u' freqüentem ente p elos que c ritic a m a e acau' rocratizada, que ó necessário ^u e " c o ^ 0 telem os contra sua a ce ita çfio Pac 1 ,a’res ur' vá lid o para to d o s os sistem as es® r * jCos banos. D ois recentes estudos d© c L|V|ngst°n das escolas urbanas são: "110

Street: P o lic its and Bureaucracy m (H e* Y ork School System ” , de David Rofl Y ork: Random House, 1968) e Qf |nS' S chool D istricts. A co m parative Stuoy 0 T- titu tlo n a l R esponse", de M arilyn F 0£je ricí Edward H o lla n d e r (New Y ork: c r íti^ f Praeger, 1968). Como recente ens®!aCao d sobre a m e to d olo gia e a In te rp r 0ds' dados de G itte ll e H o lla n d e r —• d 'je * a&q vôWs

tante, co nco rd a com a co nclusão ^ de que a inovação nos c u rríc u lo s deSc e ^ r ' n istração estão associadas com a púb11^ llzação a dm in istra tiva e participa««^tlclP®1,0Ía om a lto n lve l — , veja “ P u b lic P a r t^ R d» Innovation, and S ch o ll Bureaucra , tratlo Bruce C. Eokland — P u b lic A d m '" p ig S . Review, Vol. XXIX (m a rç o /a b ril,

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Pre crescentes reivindicações de des­ centralização da escola pú blica e de seu con tro le pela com unidade. Por exemplo, em 110 Llvingston Street, °avid Rogers exp lica o fracasso na descentralização das escolas públicas da Prefeitura de New York, parte em termos de preconceito racial dos in di­ víduos, parte em term os de gargalos criados pelas cúpulas burocráticas. A |ntegração, com o de resto qualquer ln°vação, fo i tida com o ameaça para

0 Padrão usual de com portam ento

adm inIstrativo, um indesejável proble­ ma, um desafio às rotinas habituais.7 [acassando na c on qu ista da integra­ d o . a com unidade negra sentiu-se rustrada em seus reclam os de contro- le com unitário.

Em m uitos sistem as escolares urba-

nk0s a burocratização excessiva tam ­

bém

resultou na rotinização dos méto-° s de ensino, que, po r sua vez, acen-

aram a desum anização do processo 0 aprendizagem . Mesmo aqueles di- reteres e professores que se orientam ^ ais no sentido do indivíduo que no tarefa podem ser constrangidos pe- Peso dos rigores processuais e fo r- alísticos em anados da cúp ula adm l- ^ ratlva. No sistem a esco la r pú blico S t- Louis, por exem plo, os profes- t , res d o nível elem entar de ensino 1,1 que organizar tod o o seu trabalho

de acordo com fórm ulas im-

essas.8 T a| com portam ento deixa

paUc° ,uga r para a espontaneidade ou ra aquele salto da im aginação a e chamamos cria tivida de .

® sistema bu rocrá tico de prom oção rr>ori'°na* encoraÍa m uito mais à aco- açã° que à inovação. As práticas Administração de pessoal, o siste- 6 Promoções grandem ente d e lim i­ fun

tado e o c rité rio relativam ente rígido de antiguidade constituem uma clara ameaça ao ensino individualizado. A aprovação em testes de lacuna é exi­ gida para galgar-se o próxim o degrau. Além de en corajar a acom odação c a u ­ telosa ao convencional corp orifica do nos exames padronizados, este sistema de prom oção pode, também, desesti­ m ular o professor no desenvolvim ento

de im portantes potencialidades que

poderiam , se assim não fosse, passar a ser consideradas com o c rité rio de pro­ m oção, com o sejam : a criação de am­ biente estim ulante em classe, a aten­ ção à im portância do currículo para o aluno, e tc .

Finalm ente, com o resultante da

m entalidade de produção e do clim a de protecionism o, a pa rticipação pú­ blica na vida da escola tem -se man­ tid o em bases mínimas. Teoricam ente, os educadores argum entam que o en­ volvim ento dos pais na educação da cria nça pode desenvolver-lhe m otiva­ ção e m elhorar os resultados do seu

trabalho. Entretanto, na prática, os

professores tendem a relegar a pa rti­ cipação dos pais em questões escola­ res a assuntos trivia is, uma vez que a efetiva pa rticip ação no processo edu­ c acional (po r exem plo: in fluê ncia a respeito dos quadros docentes, orça­ m ento ou currículos) v iria de encon­ tro aos males já mencionados.

É interessante ressaltar que pesqui­ sas recentes revelam que a pa rticip a­ ção crescente da com unidade está re­ lacionada com uma m aior m otivação e aproveitam ento tanto dos quadros fun­ cio na is quanto dos estudantes. Em re­

7 . Rogers, op. clt.

8 . V. P a trícia J. Doyle, em “ St. L ouis: C ity w ith the B lu e s ", Saturday Revlew de 15-2-69,, pég. 93.

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cente estudo de seis grandes distritos

educacionais (Detroit, Philadelphia

New York, S t. Louis, Chicago e Balti- more), Amarilyn Gittell e T . Edward Hollander verificaram que a invocação (definida em termos de reforma de programas, reorganização adm inistra­ tiva e substancial ajuda federal para novos programas) guardava forte rela- Çao com a descentralização adminis­ trativa e com a participação pública em alta escala.9

A despeito de tais revelações, a bu­ rocracia das escolas ainda resiste aos esforços em pr0| da uma m aior parti­ cipação da comunidade. Em conse- quencia de sua superorganização, o sistema dominante perdeu multas das supostas vantagens da centralização

(ef ciência, eficácia, etc), falhando

Por outro lado, na maximização de qualquer das vantagens da

descentra-S iih í ° C0ntr0' 6 P6la corr|unidade

(flexibilidade, inovação, elevação dos padrões individuais de eficiênia, maior controle pelos cidadãos).

O COLONIALISMO DO BEM-ESTAR O caso das escolas públicas não e o unico a contribuir para o ambiente urbano de desumanização pela buro- o acia. As instituições de

cial sofrem de males semelhantes Nesse campo, o culto da eficiência reaparece sob a forma de uma or en- o Paternalista para a reabilitação que leva os funcionários do setor a S r í t o s 03 Pr ienteS C° m0aostratos — como coisas — casos

m l ? aÍUSlad° S' ° U f0lhas Paga­

mentos a serem reduzidos. Esta atitifn

retrata-se no fato de 73%

trabalham em se ™i5„ socla,

des terem respondido, em recente PeS' qulsa feita pela National Advisory Co- misslon on Civil Disorders, que sua m aior responsabilidade era "e nsin ar os pobres a vive r” .10

O elevado índice de casos, i n v e s t i ' gações de com portam ento da clientela e uma incrível gama de f o r m a l i d a d e s contribuem para a total impessoaliza Ção da situação. Os regulam entos so­ bre o com portam ento dos assistidos são tão intrincados que parecem visar

a con tro la r todos os aspectos i m p ° r

tantes de sua vida diária .11 As c o n s e

qüências desta situação não são nada desprezíveis. O im pacto da legislação e dos processos com plicados sobre pessoas carentes de tais serviços f° '

muito bem de finido por L e v i n s o n :

“ Serviços sociais . . . têm progressivam ente i n s t i t u c i o n a l i z a dos. Esta institucionalização subs titu iu serviços mais pessoais, c mais calor humano, c a r a c t e r í s t i c a ® de eras passadas; mais pessoa — sig nifica nd o q u e os a s s i s t i 0 sentiam mais afeto e Interesse serviços não in s titu c io n a liz a d o s -^

m udança representa a e x tin ç ã o __ sentim ento de s o l i d a r i e d a d e ^

ninguém se im porta, r e a l m e n t e .

9 . G itte ll e H ollander, op. c l t - P^S- 5^nS(l-10. V. Davi d Boesel e t al., em “ W ^ '9 <wa<- tu tio n s and B lack R ag e ", Trans-A ctio .|Sta Ço/89), .pág. 28: "E ste onfoque Pal®' b ||Ha- a que cham ei de orientação para a y ille r ç3o fo i cham ado soclo te ra p la Po r _s ®n o M artin Rein; V. "P a rtic ip a tio n , P o * » ' f\e. A d m in ls tra tio n ” , em Public Adm lnisf» view, Vol. XXIX (ia n ./fe v . 1969).

pâg-11. V. Paul Jacobs "P re lu d e to

Y ork — Random Houso, 1966, págs. ' trata" Jacobs assinala que a frustração a|tos m ento de casos do serviço so cia l »0 0 c n a Índice3 num éricos de atendim ento, o mais um obstá culo à sua humanizaÇ •

12. Hary Levinson em “ R e ^ P ^ ^ f l^ z a t i 00* R elationship Between Man and Org A — Administrativo Science Quarteriy. (m arço/65) pág. 372.

(7)

Em numerosas organizações de ser­ viço social, a orientação Impessoal pa­ ra a solução dos problem as e a filo s o ­ f a de ajustam ento com binaram -se pa­ ra produzir uma espécie de psicose

burocrática. As norm as im positivas

com plexas levam a cliente la à depen­ dência, ao mesmo tem po em que essa clientela é tratad a com frieza, ju sta­ mente por ser dependente. Os pobres são acusados de falta de autoconfian­ ça, em bora seja a pró pria situação de dependência que se lhes c ria a in lb i- dora de um com portam ento auto-afir- ^ a tiv o . O resultado é um conservado­ rismo in te rio riza d o . A terap ia de ajus­ tamento im p lica em que há algum a col- sa errada com o indivíduo, não com 0 am biente. Essa filo s o fia básica do serviço social faz com que, em m uitas de suas organizações, se deixem de Pesquisar as falhas do am biente social ° u in stitucional do Indivíduo. Esses ór9ãos têm sido vítim as de uma espé- cie de pro fe cia da auto-reallzaçfio, de Shaw. Eles ajudam os pobres a se ,0rnarem engraxates, enquanto usam seu status de engraxate com o evidén- c|a de sua inferioridade.

Em m uitos de nossos c en tro s urba- n° s a situação paradoxal acim a de scrl- ta fez in te n s ific a r as reivindicações de ^ • o r participação, m aior dem ocracia, c' Uer sob a form a de descentralização das decisões, de co n tro le da com u- J^dade ou de particip ação no plane- la,nento. Essas m anifestações não che- a surpreender. A testam o despre- ^ar° psico ló g ico e a alienação dos Urocratas de m enor hiera rq uia e dos 9ruPos não organizados de clie n te la — Sua necessidade de auto-expressão, de Sentim ento de com unidade e de con- 0,0 sobre seu pró p rio am biente. Dal

o sucesso de órgãos locais, o conceito do ombudsman e os m ovim entos pró -dire itos sociais, todos traduzlndo- se num esforço no sentido da respon­ sabilidade das grandes organizações perante a com unidade a que devem servir.

Parece que retornam os à filo sofia aristotélica. A efetiva pa rticipação na vida de in stituições com unais é nova­ mente considerada essencial a uma vid a agradável, plenam ente vivida.

Por que será a participação consi­ derada por tantos com o tão im portan­ te? M uito se pode dizer em defesa do

valor da adm inistração participante

tanto para o indivíduo com o para a organização. O planejam ento em par­ ticip açã o, que envolve grupos de c lie n ­ te la na tom ada de decisões quanto à de finição de objetivos e de medidas para a sua consecução, age com o ele­ mento com pensador da tecnocracia, 13 dando outra perspectiva ao processo de planejam ento com vistas às conse­ qüências sociais de algum as decisões até então consideradas estritam ente técnicas.

A pa rticip ação do pú blico aliada à

descentralização adm inistrativa, que

envolve os adm inistradores de m enor hierarquia mais diretam ente no pro­ cesso de planejam ento, pode to m a r- se, também, efetivo elem ento do pro­ cesso de com unicação essencial ao êxito de qu alquer planejam ento. Co­ m unicação mais efetiva s ig n ific a mais realim entação (feedback). A realim en- tação fornece inform ações vitais aos

13. V. M ille r e Rein., op. c lt., pág.23, que assinalam que a te cn o cra cia nos serviços pú­ b lic o s urbanos tem -se e sfo rça do p o r "d e s p o - litiz a r’ ' d ecisões de im pacto n itidam ente po­ lític o , ta is com o as obras p úb licas.

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administradores de topo sobre as ne­ cessidades do pessoal e da clientela e, mais, sobre a eficácia da máquina administrativa no trato dos problemas.

Ademais, à medida que o público a que os serviços se destinam colabora com os profissionais na definição de uma política, aumenta o comprometi­ mento moral de cada um dos grupos na obtenção de melhores resultados do esforço conjunto. Como disse Victor hompson ao comentar o problema da entra lização do planejamento: "Não há nada estimulante num plano impres­ so em papel, a não ser que ele repre-r : od T : a?o d e n o “ a p r t ^ « n á . use e decisão, m

n ° r ; Se n0tar que' a ?artIr das ex­ periências clássicas d a Western

Elec-' : numeros° s estudos têm demons-decisaoUeDa° deS'0 C am en ,° d ° Ponto de Z , ? P ° m ais ba ixo nível h ie - á rq u ico possível es tá a s s o c ia d o a

m aiores ín dices de p a rtic ip a ç ã o in d

i-x r r “bortinM»s •

de Processos inovadores. Rec|nro

camente, a hierarquia rígida « « . p « « s a » <„reta ,e„ aem " a9" )* 8 « ;

esses valores, i* tra

árePa0 rde° UtH0 ° - '« W n e n t o da

área de decisao adm inistrativa pode

L , SeqUênCÍaS PUramen,e indivi­ duais. para o funcionário de menor erarquia, ou para o assistido, a

par-ticipaçao na , omada de dQcisões QfQ_ oportunidade de exercer julga­ mento pessoal, isto, em bora não 0

da 0Stimula 0 desenvolvimento

otenal r n<,Snda "” e,eetu" 8 " » •

Í “ árl° ' ° hom ' m " « •

Além disso, o envolvim ento mútuo em assuntos de interesse comum às par- tes evita o anonim ato e o i s o l a m e n t o .

Mas um verdadeiro r e l a c i o n a m e n t o

mútuo só ó possível em situações re­ lativam ente análogas. A p a r t i c i p a ç ã o no planejam ento, encorajando o exer­ cício da capacidade de julgam ento por todas as partes interessadas, procura

um m aior ajustam ento no r e l a c i o n a ­

mento burocracia— clientela. Em assim

fazendo, dá à fraternidade uma c h a n c e

de sobrepor-se ao paternalism o. Em síntese, pode-se argum entar em favor da adm inistração participante q ue eia estreita a defasagem entre o plane­ jam ento e a im plem entação dos servi" ços sociais, ao tem po em que m o d ifi' ca a sensação de anonim ato e de pendência do indivíduo ao tra ta r com a organização; dá-lhe oportunidada. assim, de ag ir com responsabilidade 0 inteligência, e, talvez, até, com cria tividade em sua vida diária.

Algum as m edidas prom issoras têm

sido tom adas, recentem ente, no sen tid o da dem ocratização d a s g r a n d e s organizações de serviços sociais, atra vés do envolvim ento mais direto e Pr0 fundo de grupos representativos de sua

c liente la no processo decisório. O 0

gantism o, o alheam ento, a im pessoa^ dade com eçaram a ser atacados- Connectlcut State Department of Com munity Affairs estabeleceu diretrize

14. V. V ic to r Trom pson, em O b jective s fo r D evelopm ent Admm si Administrativa Science Quarterly, Vol. do nho/64) pág. 102; V. também o lr unien- Thompson sobre a im po rtâ n cia da r® _|a-

taçâo (feedback) de g rup o s afetados Pe nejam ento (pág. 103/106). hietfsk'

15. V., p o r exem plo, R obert T. G o le m pab\ic em "O rg a n iza tio n as a M o r a l P ro b le m . ^gs- A d m in lstra tio n Review, Vol. X X ll (1 a 55/56, e C hris A rg yris, em " P e r s o n a

O rg a nization” (New York: H arper ano 1957).

(9)

9ue perm item acesso ao órgão pelos residentes nas áreas próxim as e sua Participação no planejam ento e no pro­ cesso de cisó rio através de m ecanis­ mos com o reuniões, cria ção de órgãos regionais, e um advogado local con tra­ tado pelo órgão com o ombudsman. 18 Da mesma form a, o Conselho de In­ quilinos de South End, associação fo r­ c a d a para com bater a exploração dos iocadores de cortiços, com eçou a cha­ mar a atenção de autoridades de Bos­ ton. O Conselho pa rticip ou ativam ente d° planejam ento da recuperação de 6difícios numa área de seis quadras da cidade. De acordo com um enten­ dimento celebrado entre as partes em maio de 1969, a aprovação do Con- selho é necessária para cada fase da °Peração, in clusive “ tod os os planos referentes a esquem as de locação, arquitetura, financiam ento, reform as e relocação” . 17

Recente estudo de Orien W hite Jr. s°b re a Wesley Agency, um órgão re-l!gioso de serviço social que opera

®m área de baixa renda per capita em

an Antonio, Texas, é outro caso a S0r assinalado. A filo s o fia operacional d° órgão enfatiza que a m aneira de

V p r

, ° °u constatar o clie n te deve ser como um dos nossos” . 18

^ despeito desses auspiciosos si- nais. cabe uma nota, por precaução: ° s que concordarem com a tese geral este trabalho a respeito de adm inis- ra5ão e alienação devem evitar a m era í^oção de proposições de p an ic ip a ç ã o Planejam ento sem o exam e da m a-

eira pe|a qua| g metj icj a ser |m.

ar|tada, e de suas conseqüências

s°cials.

Pelo menos dois perigos im e- a'arnente previsíveis: o prim eiro é a

possibilidade de que os órgãos pú bli­ cos adotem uma representação com u­ nitá ria puram ente sim bólica para ser usada com o dispositivo de relações pú­ blicas, ou para neutralizar possível oposição da com unidade.

Depois, há o problem a do papel dos profissionais principalm ente no plane­ jam ento em participação. Os estudos dem onstram que a direção pa rticipan­ te dentro da organização burocrática dim inuiu a ansiedade dos funcionários e aum enta o seu sentim ento pessoal de eficácia. Mas esse sentim ento de im­ portância pode levar a dois cam inhos: por um iado, se o burocrata de m enor hierarquia sente-se seguro de sua po­

sição, não tem erá inovações, tais

com o o approach da cliente la como de um igual; por outro lado, a abso­ luta autoconfiança profissional pode levar à resistência, à inclusão de en­ foques não profissionais no planeja­ mento. Assim , esquemas de pa rticip a­ ção que encampam burocratas de se­ gunda linha mas falham na inclusão de grupos realm ente representativos da cliente la podem, na verdade, c ria r um ob stáculo m aior ao desenvolvim ento individual que à rigidez hierárquica. Uma organização bu rocrá tica livre de suas ansiedades internas e tensões pode constituir-se num a form a de po­ der in stitucionalizado onipresente, agin­

16. V . "C o m m u n ity D evelopm ent Actíon P la n ;" D ire triz n .° 1 — C om unicação Interpes­ soal e P a rticip a çã o dos C idadãos (H arttora, C o n n e cticu t State Departam ent of C om m unity A ffa irs, 1968).

17. V . "M em o ra nd u m of U nderstanding Boston R edevelopm ent A u th o rity and South End Tenents C o u n cil (Boston, 1969).

18. V. O rion W hite, Jr. em "T h e D ia lética ! O rg a n iza tio n: An A lte rn a tive to Bureaucracy — Public Admlnistratlon Review, V ol. XXIX (ia n ./fe v . 1969), págs. 32/42.

(10)

do sobre as preferências individuais da clientela na sua esfera de competên- c a. o clim a de confiança mútua ne­ cessário a um efetivo planejamento de participaçao é obtido mais facilm ente quando a divisão do poder - e não

I S ' C°.ntrole bur° c rá tiC0 ou com u­

nitário — é a regra básica.

Em síntese, tem sido dito que as grandes burocracias e a alienação ca- . m nham juntas. Como resultado da po- a da eficiência, a clientela não organizada e os empregados de menor erarquia são, às vezes, tratados como

i m o l ° !8t0S - A a tu a ?ão ro tin lzad a ; a l e p a te rn a lista d a adminis^

Pode em b o tar a c ria tiv id a d e e

o sentim ento de e ficiên cia tanto do adm inistrador quanto da clientela.

Entretanto, ainda há esperança. Mui­ tos dos recentes esforços no sentido de form as participantes de admlnis* tração mostram que os responsáveis pelas organizações de serviço social têm dado pelo menos algum a atençSo à filo sofia de John Stuart M ill: " ^ tT1 Estado que apequena seus homens para que eles se tornem dóceis Ins* trum entos em suas mãos — mesmo com propósitos benéficos — desco­ brirá que com homens apequenados não se pode realizar grande co isa ." 19

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