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Análise da qualidade da água de uma piscicultura tradicional da comunidade do guajará no município de Cametá - PA / Analysis of the water quality of a traditional pisciculture of the guajará community in the municipality of Cametá – PA

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Análise da qualidade da água de uma piscicultura tradicional da comunidade

do guajará no município de Cametá - PA

Analysis of the water quality of a traditional pisciculture of the guajará

community in the municipality of Cametá – PA

DOI:10.34117/bjdv6n1-280

Recebimento dos originais: 30/11/2019 Aceitação para publicação: 26/01/2020

Françoa Costa de Souza

Discente do curso Técnico em Recursos Pesqueiros (Subsequente)/IFPA – Campus Cametá E-mail: francoacst@gmail.com

Jean Louchard Ferreira Soares

Professor, Engenheiro de Pesca do IFPA – Campus Cametá E-mail: jean.soares@ifpa.edu.br

RESUMO

A qualidade da água é extremamente importante para aquicultura, sendo a principal matéria prima do processo de produção. Este estudo buscou descrever e analisar a qualidade da água de uma piscicultura tradicional realizada na comunidade do Guajará, microrregião de Cametá – PA, com influência da variação do nível das águas do rio Tocantins. As coletas foram realizadas em dois períodos: menos chuvoso (setembro/2018) e mais chuvoso (março/2019), sendo amostrados 4 pontos que se repetiram a cada 6 horas, buscando descrever a variação da água do rio Tocantins. A maior temperatura da água dentro do viveiro ocorreu no período menos chuvoso, período da tarde (32,1° C) e a maior temperatura no período mais chuvoso (28,1º C), havendo uma grande variação diária de temperatura (±2º C). O tambaqui (Colossoma macropomum) parece estar bem adaptado a esta variação. O oxigênio dissolvido mudou diariamente dentro do viveiro durante o período menos chuvoso (6,8 a 2,1 mg/L-1) e período chuvoso (7,4 a 4,6 mg/L-1). Com maior variação de oxigênio dissolvido durante o período menos chuvoso o que pode prejudicar o cultivo de peixes. A transparência da água do viveiro mostrou boas condições no período menos chuvoso (34 cm), mas ocorreu aumento da transparência da água no período chuvoso (59 cm) o que poderia desfavorecer a produção de oxigênio dissolvido. A amplitude de variação do pH em ambos os períodos foi entre 6,1 a 7,63. A variação da condutividade elétrica foi de 28,7 µS/cm no período menos chuvoso e 39 µS/cm no chuvoso. No canal que abastece e drena as águas do viveiro os sólidos totais dissolvidos tiveram ampla mudança no período menos chuvoso (19,5 a 24,6 ppm) quanto no período chuvoso (20,4 a 26.0 ppm). Esta variação ocorre principalmente devido a retirada dos sedimentos de dentro do viveiro. Não houve a presença de nitrito e nitrato em nenhuma das amostras das águas provavelmente devido ao método de análise não identifica valores menores que 0,5 mg/L-1. O nitrogênio amoniacal apresentou níveis de 0,5 mg/L-1. Os níveis de fosfato variaram de 0,25 a 2 mg/L-1 no período menos chuvoso e de 1 a 2 mg/L-1 no período chuvoso. O ferro variou em níveis de 0,25 a 1 mg/L-1, sendo mais presente dentro do viveiro (1 mg/L-1). Nestes termos, torna-se imprescindível realização periódica de analises da qualidade da água, no sentido de prevenir e controlar possíveis problemas, como as baixas taxas de oxigênio dissolvido e possíveis mortes de peixes.

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in the community of Guajará, a microregion of Cametá - PA, influenced by the variation of the Tocantins river level. The collections were carried out in two periods: less rainy (September / 2018) and rainier (March / 2019). Four sampling points were sampled, where the samplings were repeated every 6 hours, trying to describe the variation of the water of the Tocantins river. The highest temperature of the water inside the fish pond occurred in the less rainy period, afternoon (32.1 °C) and the highest temperature in the rainy season (28.1 °C), with a large daily temperature variation (±2 °C). Tambaqui (Colossoma macropomum) seems to be well adapted to this variation. The dissolved oxygen changed daily within the fish pond during the less rainy period (6.8 and 2.1 mg/L -1) and rainy season (7.4 and 4.6 mg/L-1). With greater variation of oxygen dissolved during the less rainy period which can hinder the cultivation of fish. The transparency of the fish pond water showed good conditions in the less rainy period (34 cm), but there was an increase in water transparency during the rainy season (59 cm), which could lead to the development of dissolved oxygen. The amplitude of pH variation in both periods was between 6.1 and 7.63. The electrical conductivity variation was 28.7 μS/cm in the less rainy period and 39 μS/cm in the rainy season. In the canal that supplies and drains the waters of the fish pond, the total dissolved solids had a large change in the less rainy period (19.5 to 24.6 ppm) and in the rainy season (20.4 a 26.0 ppm). This variation occurs mainly due to the removal of sediments from inside the fish pond. No nitrite and nitrate were present in any of the water samples, probably because of the method of analysis that does not identify values lower than 0.5 mg/L-1. Ammonia nitrogen presented levels of 0.5 mg/L-1. Phosphate levels ranged from 0.25 to 2.0 mg/L-1 in the less rainy season and from 1.0 to 2.0 mg / L-1 in the rainy season. The iron varied in levels from 0.25 to 1 mg / L-1, being more present inside the fish pond (1.0 mg/L-1). In these terms, it is essential to conduct periodic analyzes of water quality, in order to prevent and control possible problems, such as the low dissolved oxygen rates and possible fish deaths.

Key words: Tocantins river, Tambaqui, Limnological Parameters.

1 INTRODUÇÃO

A produção de pescado mundial, em 2009, apresentou uma produção de 145 milhões de toneladas, sendo que 38% foram decorrentes da aquicultura e o restante proveniente da pesca (FAO, 2010). Estima-se que no mesmo ano, o Brasil produziu 1 milhão de toneladas de pescado, sendo 33% deste total fornecido pela aquicultura (MPA, 2010).

Como observado, houve um crescimento do número de criatórios de peixes e com isto, uma crescente procura e uso da água, a criação de organismos aquáticos está se tornando o alvo preferido dos órgãos de monitoramento e controle ambiental, comprovadamente pela imposição de regras, leis e normas no uso, reuso e despejo dos recursos hídricos (BRASIL, 1997).

A piscicultura exige constante renovação de água para a dispersão dos resíduos metabólicos dos peixes no ambiente. Estes resíduos elevam, principalmente, as concentrações de nitrogênio e fósforo na água (GUO e LI, 2003; GUARINO et al., 2005; GUO et al., 2009) e de sedimentos (BOYD et al., 2007), gerando um processo de eutrofização artificial (TUNDISI e MATSUMURA-TUNDISI, 2008), que ocasiona a deterioração da qualidade da água, podendo inviabilizar o próprio empreendimento.

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A aquicultura pode vir a ser um sério fator de poluição ambiental. Tudo que entra nas unidades de cultivo (ração, fertilizantes, medicamentos, entre outros) retorna de alguma forma ao meio ambiente. O lançamento desordenado de insumos pode deteriorar a qualidade da água, prejudicando não só o ambiente, como a população que vive do abastecimento (TUNDISI e MATSUMURA-TUNDISI, 2008).

Os peixes influenciam na qualidade da água por meio de processos como eliminação de dejetos e respiração, a quantidade de ração fornecida também está ligada diretamente com a qualidade da água.

Para um bom desenvolvimento da aquicultura e uma produção economicamente viável, é indispensável ter atenção e controle do ambiente de cultivo. Condições impróprias de qualidade da água resultam em prejuízo ao crescimento, à reprodução, à saúde, à sobrevivência e à qualidade dos peixes, comprometendo o sucesso da aquicultura.

O desenvolvimento da aquicultura, juntamente com a tomada de consciência relativamente recente dos problemas ambientais, justifica plenamente a atenção que se deve oferecer a importância da qualidade da água para o cultivo de organismos aquáticos.

Este trabalho buscou analisar a qualidade da água de uma criação de peixes “tradicional” localizada na comunidade de Guajará, microrregião de Cametá. Esta piscicultura possui influência direta da variação do nível das águas do rio Tocantins, realizando renovações diárias das águas do viveiro, o que contribui para o sistema de cultivo. Mas, em contrapeso, estes sistemas podem estar prejudicando o meio ambiente devido ao despejo dos efluentes diretamente no rio.

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 LOCAL DE ESTUDOO estudo foi realizado na piscicultura localizada na comunidade do Guajará, município de Cametá- PA (Figura 01), inserida na bacia Hidrográfica Tocantins-Araguaia onde o clima é tropical, com temperatura média anual de 26°C, além de apresentar dois períodos climáticos definidos como chuvoso/águas altas (outubro a abril), ultrapassando mais de 90% da precipitação, existindo alguns dias secos (janeiro e fevereiro), formando o chamado veranico; e o seco/águas baixas (maio a setembro), com baixa umidade relativa do ar. A precipitação média nesta região é da ordem de 1.869 mm/ano, com a máxima de 2.565 mm no litoral do Pará, enquanto a evapotranspiração média é de 1.371 mm/ano (ANA, 2002, 2009).

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Figura 01 – Localização da área de estudo. Viveiro: (P1) próximo ao abastecimento de água e (P2) final do viveiro. (P3) no canal de abastecimento e drenagem. (P4) no rio Tocantins.

2.2 AMBIENTE DE CULTIVO

O viveiro escavado possui um único canal para o abastecimento e drenagem da água, as trocas de águas dentro do ambiente de cultivo são influenciadas pelo regime hidrológico do rio Tocantins, enchendo durante o período de cheia e secando durante o período de seca, sendo comum encontrar viveiros diretamente em conexão com o ambiente natural nesta região. O viveiro tem 12 metros de largura, 50 metros de comprimento e 1,50 metros de profundidade, cultivava tambaqui (Colossoma macropomum), que é uma espécie encontrada principalmente na região Norte e Nordeste, pelo fato de apresentar rusticidade, elevada produtividade, além de aceitar rações extrusadas e peletizadas, sendo uma das principais espécies de cultivo no Brasil (ARAUJO-LIMA e GOMES, 2010).

2.3 COLETA E ANÁLISE DAS VARIAVEIS

As coletas das águas foram realizadas no mês de setembro/2018 e março/2019, observando o período seco (maio a setembro) e chuvoso (outubro a abril). Ocorreram em intervalos de aproximadamente 6 horas ao longo de 24 horas, observando a variações dos níveis das águas do rio Tocantins. Foram selecionados 4 pontos de coleta: viveiro, próximo ao abastecimento de água (P1) e no final do viveiro (P2); canal de abastecimento e drenagem (P3); e no rio Tocantins (P4).

Os parâmetros de qualidade de água analisados foram: Temperatura, Transparência, Potencial Hidrogeniônico, Condutividade Elétrica, Sólidos Totais Dissolvidos, Oxigênio Dissolvido, Nitrito, Nitrato, Nitrogênio Amoniacal, Fosfato e Ferro (tabela 01).

Tabela 01 – Métodos utilizados para aferição dos parâmetros limnológicos.

Parâmetros limnológicos Métodos utilizados

Temperatura pH-1500 – INSTRUTHERM

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Potencial Hidrogeniônico pH-1500 – INSTRUTHERM

Condutividade Elétrica pH-1500 – INSTRUTHERM

Sólidos Totais Dissolvidos pH-1500 – INSTRUTHERM

Oxigênio Dissolvido pH-1500 – INSTRUTHERM

Nitrito Kit testes para água doce (Seraaqua-test set) – SERA

Nitrato Kit testes para água doce (Seraaqua-test set) – SERA

Nitrogênio Amoniacal (Amônia) Kit testes para água doce (Seraaqua-test set) – SERA

Fosfato Kit testes para água doce (Seraaqua-test set) – SERA

Ferro Kit testes para água doce (Seraaqua-test set) – SERA

Todos os dados coletados foram trabalhados através de estatística descritiva.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 TEMPERATURA

No período das águas baixas a temperatura (Figura 02) do rio Tocantins foi 30.2 a 30.9 ºC e dentro do viveiro 29.2 a 32.1 ºC. Porém, houve oscilações negativas durante o período das águas altas, reduzindo a temperatura das águas do rio Tocantins para 28.5 a 30.1 ºC e do viveiro 28.1 a 30.6 ºC.

Figura 02 - Variação de Temperatura (ºC) nos 4 pontos de análise em períodos de águas baixas (A) e águas altas (B), na piscicultura de Guajará, Cametá – PA.

Segundo Leira et al. (2017), em temperatura acima de 29 ºC os organismos aquáticos aumentam o consumo de oxigênio dissolvido na água, podendo consumir duas ou três vezes mais, no cultivo de peixe o conjunto de transformações aumenta de acordo com a elevação da temperatura, favorecendo o acréscimo de decomposição da matéria orgânica no ambiente. Durante o período das águas baixas, dentro do viveiro a temperatura mostrou-se elevada para o cultivo de peixes tropicais, conforme Imbiriba et al. (2000), essas espécies se desenvolvem muito bem em temperaturas entre 25 a 32 ºC, como o tambaqui.

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3.2 TRANSPARÊNCIA

A análise de transparência da água ocorreu às 11:20hrs da manhã, nos períodos de águas baixas e altas. Dentro do viveiro as profundidades de visualização do disco de Scchi foram de 34 a 58 cm, próximo à entrada de água e no final do viveiro, apresentando-se na faixa ideal para o cultivo de peixes (30 a 60 cm) (LOPES, 2012; DAIA et al., 2015.)

O canal de abastecimento e drenagem obteve 72 a 81 cm, e no rio Tocantins 89 cm e superior a este valor, cerca de 130 cm de profundidade.

3.3 POTENCIAL HIDROGENIÔNICO

Nas águas baixas, o rio Tocantins apresentou pH 7.05 a 7.63 e dentro do viveiro foi 6.01 a 6.74. Mas, no período de águas altas houve uma redução no rio Tocantins para 6.92 e 7.38. No entanto, o valor mínimo das águas do viveiro se elevou para 6.45 e reduziu o máximo para 6.68 (ver figura 03).

Figura 03 - Variação do Potencial Hidrogeniônico nos 4 pontos de análise em períodos de águas baixas (A) e águas altas (B), na piscicultura de Guajará, Cametá – PA.

Em todos os pontos de coletas as variações do pH não foram superiores a 2, sendo considerado eficiente, e estavam na faixa ideal para o cultivo de peixes (6 e 9) (LOPES, 2012; LEIRA et al., 2017; SANTOS, 2018.), além de apresentarem bom desenvolvimento zootécnico.

3.4 CONDUTIVIDADE ELÉTRICA

De acordo com os dados das coletas no período de águas baixas, houve aumento nos níveis de condutividade elétrica (figura 04) conforme o ciclo da maré, se elevando principalmente enquanto secava, logo, o ponto P2 apresentou maior fonte poluidora no sistema. Porém, durante as águas altas os níveis de condutividade se elevavam conforme a maré se elevava, sendo constatado maior grau no canal de abastecimento e drenagem (30.9 a 39.0 µS/cm).

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Figura 04 - Variação da Condutividade Elétrica nos 4 pontos de análise em períodos de águas baixas (A) e águas altas (B), na piscicultura de Guajará, Cametá – PA.

Santos (2010) afirma que as águas de piscicultura apresentam melhor qualidade em níveis de condutividade entre 20 a 100 µS/cm. Mallasen et al. (2012), consideram valores relativamente baixos entre 30 a 50 µS/cm.

3.5 SÓLIDOS TOTAIS DISSOLVIDOS

No período das águas baixas, os sólidos totais dissolvidos (figura 05) apresentaram maiores concentrações dentro do viveiro (21.2 a 24.6 ppm), seguido pelo canal de abastecimento e drenagem (19.5 a 23.5 ppm). Durante o ciclo das marés altas, o ponto P3 obteve maior concentração (20.4 a 26 ppm) e os pontos de dentro do viveiro (20.5 a 25.3 ppm).

Figura 05 - Variação dos Sólidos Totais Dissolvidos nos 4 pontos de análise em períodos de águas baixas (A) e águas altas (B), na piscicultura de Guajará, Cametá – PA.

Essas variações de sólidos totais dissolvidos nas águas de piscicultura encontram-se de acordo com o estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) resolução 357 (2005) e Santos (2010), sendo a concentração máxima 500 mg/L-1.

A B

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3.6 OXIGÊNIO

O oxigênio dissolvido (figura 06) no período seco, o rio Tocantins apresentou 6.2 a 8.5 mg/L-1 e dentro do viveiro 2.1 a 7.0 mg/L-1. Mas, no período chuvoso os pontos P1 e P2 constataram maior grau de 4.6 a 7.4 mg/L-1, enquanto o P4 obteve 5.5 a 7.3 mg/L-1.

Figura 06 - Variação do Oxigênio Dissolvido nos 4 pontos de análise em períodos de águas baixas (A) e água altas (B), na piscicultura de Guajará, Cametá – PA.

Os níveis de oxigênio dissolvido na água do rio Tocantins estavam bons. Porém, dentro do viveiro houve escassez no período noturno (2.1 mg/L-1), durante as águas baixas, e no canal de abastecimento e drenagem no início da noite (4.8 mg/L-1), no período de águas altas, isso talvez justifica-se pela falta da produção de oxigênio pelos fitoplântons e a não renovação da água do viveiro com rio Tocantins.

Ainda, dentro do viveiro, no período das águas altas, durante o dia houve baixo nível de oxigênio (4.6 mg/L-1), podendo ser devido a temperatura que se elevou para 30.6 ºC (DAIA et al., 2015). O ideal para o ambiente de cultivo de peixes não deve ser inferior a 5 mg/L-1 (IMBIRIBA et al., 2000; CONAMA, 2005; TEIXEIRA et al., 2009; DAIA et al., 2015; SANTOS, 2018). Segundo Leira et al. (2017), os organismos aquáticos aumentam o consumo de oxigênio dissolvido na água em temperatura de 30 ºC, podendo consumir 2 ou 3 vezes mais.

3.7 NITRITO E NITRATO

Não foi identificado em nenhum ponto de coleta a presença de nitritos e/ou nitratos durante os períodos hidrológicos baixos e altos, isso se justifica pelo método de análise possuir baixo grau de precisão, valores menores que 0.5 mg/L-1 não são identificados.

O nitrito é o resultado intermediário da modificação da amônia em nitrato, através da atuação bacteriana do gênero Nitrossomonas, ligado à decomposição proteica da matéria orgânica, além de ser elemento que forma as proteínas (LEIRA et al., 2017).

B A

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Concentrações de nitrito na água acima de 0.3 mg/L-1 em ambientes de cultivo de peixes pode reduzir o crescimento e a imunidade à doença. Mas, o nitrato não é tóxico aos peixes, no entanto, seu limite nas águas de piscicultura é 5.0 mg/L-1 (LEIRA et al, 2017).

3.8 NITROGÊNIO AMONIACAL

O Nitrogênio Amoniacal (Figura 07) foi mais presente dentro do viveiro, durante as águas baixas, chegando a 0.5 mg/L-1, seguido do canal de abastecimento e drenagem 0.5 mg/L-1. Durante as marés altas foi presente só no viveiro, com 0.5 mg/L-1.

Figura 07 - Variação do Nitrogênio Amoniacal nos 4 pontos de análise em períodos de águas baixas (A) e águas altas (B), na piscicultura de Guajará, Cametá – PA.

O nitrogênio amoniacal apresentou níveis desejáveis para o cultivo em piscicultura (igual ou inferior a 0.5 mg/L-1), estabelecido pelo CONAMA (2005).

3.9 FOSFATO

O Fosfato (figura 08) foi presente em todos os pontos de coletas, com maiores valores dentro do rio Tocantins e no viveiro (0.25 a 2 mg/L-1). No período das marés altas todos os pontos obtiveram valores de 1 a 2 mg/L-1.

A B

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A quantidade elevada de fosfato nos efluentes de atividades aquícolas está relacionado a este parâmetro no presente nos alimentos (FERRARIS et al., 2006), podendo ser adicionado em grandes quantidades na dieta alimentar, buscando garantir a disponibilidade para os peixes (BEVERIDGE, 1996).

Mallasen et al. (2012), afirmam que valores em quantidades elevadas estão relacionados com o maior consumo na dieta alimentar e excreção pelos peixes.

3.10 FERRO

Ferro (Figura 09) em período de águas baixas, dentro do viveiro apresentou 0.1 a 1.0 mg/L-1. Durante as águas altas o valor mais alto foi encontrado no ponto P3, com 0.25 a 0.5 mg/L-1, provavelmente resultante das escavações para construção do viveiro em solo de várzea e o inverno amazônico.

Figura 09 - Variação do Ferro nos 4 pontos de análise em períodos de águas baixas (A) e água altas (B), na piscicultura de Guajará, Cametá – PA.

Esses valores de ferro ultrapassaram os limites estabelecidos pelo CONAMA resolução 357/2005, água doce, classe 2, afirmando que os valores em águas de piscicultura não devem ultrapassar 0.3 mg/L-1.

4 CONCLUSÃO

O estudo demonstrou que existem oscilações diárias e sazonais nos parâmetros limnológicos, o que poderia prejudicar no sucesso da piscicultura. Entretanto, a espécie cultivada aparentou estar bem adaptado às variações, através de um bom desenvolvimento zootécnico. É de suma importância a realização periódica de analises da qualidade da água, no sentido de prevenir e controlar possíveis problemas no ambiente de cultivo.

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AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); e ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA) – Campus Cametá.

REFERÊNCIAS

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