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A formação dos professores de karate: um estudo na cidade de Fortaleza / The training of karate teachers: a study in the city of Fortaleza

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Academic year: 2020

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A formação dos professores de karate: um estudo na cidade de Fortaleza

The training of karate teachers: a study in the city of Fortaleza

DOI:10.34117/bjdv6n4-097

Recebimento dos originais: 14/03/2020 Aceitação para publicação: 06/04/2020

Jéssica do Vale Ribeiro

Graduada em Educação Física - Licenciatura Plena Instituição: UniFametro

Endereço: Rua Liberato Barroso, número: 1320 - casa - Centro, Fortaleza – CE, Brasil E-mail: jessicadovale15@gmail.com

Mabel Dantas Noronha Cisne

Mestranda em Educação pela Universidade Estadual do Ceará Instituição: Universidade Estadual do Ceará

Endereço: Rua André Dallolio 845 - Papicu, Fortaleza -CE, Brasil. E-mail: mabeldantas12@gmail.com

Francisco Silva Barroso Junior

Especialista em Artes Marciais, Esporte de Combate e Lutas Instituição: Universidades Estadual do Ceará

Endereço: Rua das Palmeira, 604 - Pq. Santa Rosa, Fortaleza - CE, Brasil. E-mail: profbarrosojunior@gmail.com

Gabriel Campelo Ferreira

Licenciado em Educação Física pela Universidade Estadual do Ceará Instituição: Universidade Estadual do Ceará

Endereço: Rua Topázio, 90 - Carlito Pamplona, Fortaleza - CE, Brasil. E-mail: gabriel_ferreiraedfisica@hotmail.com

Layla Beatriz de Freitas Barros

Graduada em Educação Física Licenciatura pela Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza Instituição: Unifametro

Endereço: Rua Rio Araguaia, 193 - Jardim Iracema, Fortaleza - CE E-mail: laylabeatriz8@hotmail.com

Paulo Andrey de Holanda Bastos.

Mestre em Gestao do Desporto pela Universidade SEk -CL/Americana- PY. Rua Livreiro Edésio, 180. Apt 501. Dionisio Torres, Fortaleza-CE, Brasil.

E-mail: pauloandrey2005@yahoo.com.br

Felipe Cavalcante Brasileiro

Mestre em Educação pela Universidade Estadual do Ceará ( UECE) Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará(IFCE) Endereço: Rua Estevão Remígio de Freitas, 1145 - Monsenhor Otávio, Limoeiro do Norte

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RESUMO

O Karate é uma arte marcial japonesa, que significa mãos vazias por isso não se utiliza nenhuma arma e foi criado para fins de defesa. Essa arte marcial tornou-se popular a partir do século XX e sua popularização veio depois que alguns mestres fizeram uma demonstração de Karate em Okinawa. O Karate tem também toda uma questão filosófica e pedagógica onde é trabalhado o sistema Budo (Caminho Marcial). Objetiva-se através dessa pesquisaidentificar como se dar a formação do professor de Karate. O cenário da pesquisa aconteceu emacademias, clubes e colégios que oferecem a modalidade de Karate, do município de Fortaleza-CE.Participaram da pesquisa professores de Karate formados em Educação Física e não formados em Educação Física. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário semiestruturado. Os principais resultados foram conhecer a formação inicial dos professores, verificar a formação continuada e as influências fundamentais para esses professores. Conclui-se que a maioria dos professores de Karate são formados em Educação Física, o que representa 64,28%, e que os professores formados tem maior possibilidade de vínculo empregatício, também observou que os professores formados procuram se aperfeiçoar mais na área devido a sua conscientização sobre a importância de continuar se atualizando e que a grande influência, no Karate, tanto para os formados como para os não formados foram os antigos mestre do Karate.

Palavras-chave: Karate. Formação do professor. Educação Física. ABSTRACT

Karate is a Japanese martial art, which means empty hands so no weapons are used and was created for defense purposes. This martial art became popular in the 20th century and its popularization came after some masters did a demonstration of Karate in Okinawa. Karate also has a whole philosophical and pedagogical issue where the Budo system (Martial Path) is worked. The objective of this research is to identify how to train the teacher of Karate. The research scenario took place in gyms, clubs and colleges that offer the Karate modality, in the city of Fortaleza-CE. Karate teachers trained in Physical Education and not trained in Physical Education participated in the research. For data collection, a semi-structured questionnaire was used. The main results were to know the initial training of teachers, to verify the continued training and the fundamental influences for these teachers. It is concluded that the majority of Karate teachers are trained in Physical Education, which represents 64.28%, and that trained teachers are more likely to be employed, also noted that trained teachers seek to improve more in the area due to his awareness of the importance of keeping up to date and that the great influence, in Karate, for both the graduates and the non-graduates were the ancient masters of Karate.

Keywords: Karate. Teacher training. PE. 1 INTRODUÇÃO

O Karate é uma arte marcial japonesa que surgiu na ilha de Okinawa, com uma forte influência do Kenpô chinês, ele é predominantemente uma arte de golpes, como chutes, socos, joelhadas, cotoveladas, golpes com a palma da mão aberta e bloqueios de articulações. Okinawa pertencia a China durante a dinastia Ming logo o intercambio cultural foi inevitável, porém depois Okinawa passa a ser dominada pelo Japão (CARTAXO, 2011).

Essa arte marcial se popularizou a partir do século XX, depois que alguns mestres fizeram uma demonstração de Karate em Okinawa e o imperador os convidou para ensinar Karate nas Universidades. Com o passar dos anos tornou-se uma arte tradicional do Japão e foi acrescentado a

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partícula “Do” no final da palavra, pois seguia o sistema de filosofia do Budo (Caminho Marcial) como o Judô, Kendo, Aikido, etc.

Ressalta-se que o Karate além de ser considerada uma arte marcial também é considerada uma modalidade esportiva sendo ela muito praticada no mundo todo e em 2016 tornou-se um esporte olímpico, isso faz com que essa pratica seja ainda mais observada por todos e que os professores de Karate se especializem cada vez mais.

Deste modo a presente pesquisa tem como objetivo verificar como ocorre o processo de formação dos professores de Karate.Qual a formação que os professores de Karate possuem?Existe a procura, por parte desses professores, por uma formação continuada ou curso na área de atuação? Acreditamos que a formação acadêmica poderia capacitar melhor o professor de Karate melhorando assim sua didática, sua pedagogia e sua forma de treinamento através dos conhecimentos adquiridos na formação acadêmica.

Esse questionamento de saber qual a formação dos professores de Karate deu-se pelo fato dos autores serem praticantes de artes marciais e constantemente tem procurado pesquisar sobre a formação e os benefícios das lutas para seus adeptos.

Em uma busca no sítio eletrônico da Scielo, foi verificado apenas 5 estudos sobre Karate e Educação Física, todavia, nenhum foi ambientado no município de Fortaleza e apenas 1 fala da pratica pedagógica. Esta pesquisa tem como objetivo salientar a importância da formação em Educação Física para enriquecer a qualidade do ensino do professor de Karate.

O estudo pode vir a ser importante para os professores de Karate, profissionais da área da saúde, Federações de Karate,para que possa contribuir com o crescimento de estudos científicos sobre o Karate.

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO

2.1 HISTÓRIA DO KARATE

A história do Karate torna-se complicada de contar, pois não há documentos dizendo o ano exato do surgimento dessa arte nipônica, pois naquela época o Karate era mantido em segredo e só era praticado por pessoas de confiança. Sabe-se que esta arte urgiu na ilha de Okinawa por influência dos chineses durante a dinastia Ming, pois nessa época essa ilha era ponto comercial entre o Japão e a China ocorrendo assim um intercambio comercial, cultural e político. O Karate tem também influências da Índia, pois a filosofia do Karate-dô ancorou-se no Budismo.

O Karate, assim como muitas formas de lutas, surgiu da vontade de unir saúde física e mental e da necessidade de o homem defender o próprio corpo, apesar de, por vários séculos nessa

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região, a prática de luta e a utilização de armas foram constantemente proibidas (CARTAXO, 2015).

Segundo Cartaxo (2015) por haver poucos registros escritos sobre o surgimento não se pode afirmar quem realmente criou essa arte. Alguns pesquisadores discordam quanto ao criador, se foi Sakugawa (1733-1815), Matsumura (1797-1899) ou Itosu (1831-1915).

Entretanto quem propagou o Karate pelo mundo foi o grande mestre GichinFunakoshi1, conhecido como o pai do Karate moderno, através de demonstrações pelo mundo e pela forma que ele ensinava Karate aos seus alunos.

A história da introdução do Karate no Brasil está diretamente ligado aos imigrantes japoneses, que aqui se estabeleceram após a Segunda Guerra Mundial. Com a formação da colônia japonesa, e São Paulo, a partir de 1955, foi estabelecida a primeira academia da Karate naquela cidade, pelo senseiMitsusukeHadara do estilo Shotokan(FROSI; MAZO, 2011; BARTOLO, 2009).

O Karate no Ceará surgiu em 1965 no período em que o País vivia uma transformação politica e social, a Ditadura Militar. O pioneiro a ensinar Karate no Estado do Ceará foi o oficial do exército Maia Martins que veio para Fortaleza através de uma transferência a pedido de Nilo Veloso2. O 23° Batalhão de Caçadores de Infantaria (23BC), foi sede do primeiro dojô (local de treinamento) de Karate no Ceará.

2.1.1 Fundamentos do karate

O Karate é a arte das mãos vazias, luta que se utiliza, principalmente, dos braços e das pernas para se defender do inimigo. O praticante dessa arte marcial, submetido ao treinamento sistemático, é capaz de dominar técnicas de ataque e defesas que proporcionam forças de impacto semelhante ao uso de armas letais.

O treinamento do Karate pode ser dividido em três partes principais: Kihon, Kumite e Kata.

Kihoné o estudo dos movimentos básicos. Kumitesignifica luta e pode ser executada de forma

definida ou de forma livre (randori). Kata significa forma, sendo uma espécie de luta contra um inimigo imaginário, expressa em sequencias fixas de movimentos (FERREIRA,2012).

O Kihon é a execução das principais técnicas do Karate que são: bases, socos, chutes e defesas. A prática desses movimentos é fundamental pra que o carateca (nome dado ao praticante) possa aplicar no Kata e no Kumite.

O Kata não é uma dança nem uma representação teatral. Ele deve estar aderente aos valores e princípios tradicionais. Deve ser realista em termos de combate e demonstrar concentração, força

1 Mestre GinchinFunakoshi nasceu no Japão no ano de 1868 e foi o fundador do estilo de Karate chamado Shotokan. 2 Nilo Martins foi um mestre do Judô e aluno de Karate do professor Maia Martins.

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e potencial de impacto de suas técnicas. Deve demonstrar força, poder e velocidade, bem como graça, ritmo, e equilíbrio (CBK, 2018).

De acordo com Brasileiro et al. (2017) Kumite é a luta propriamente dita, com o objetivo de demonstrar efetividade, tanto na aplicação das técnicas de ataque como nas de defesa. Seu aprendizado é progressivo, permitindo ao praticante desenvolver táticas e estratégias para o combate.

Além da técnica, nesta arte marcial existe outro fundamento essencial para o praticante, chamado de “Do”, o caminho. Ele é o elo de ligação mental entre os movimentos e o sujeito praticante. No Karate busca-se através do aprimoramento físico e técnico, submetido a severas provas físicas e desafios, aprimorar principalmente o caráter do carateca. Desta feita, a arte objetiva desenvolver no homem o equilíbrio, libertá-lo das ancoras do mundo que o aprisionam psicologicamente para alcançar a paz interior. Por isso, acredita-se que a mente e a técnica são fundamentos indissociáveis, pois devem conviver harmoniosamente para a construção e manutenção do artista marcial (BRASILEIRO, 2003).

Somente lutando pela união do espírito que chegaremos à perfeição total. Em lugar de tentarmos colher as glórias nas disputas, começaremos a procurá-las em nós mesmos. Em nossas lutas contra o orgulho, mesquinhez, intolerância e a maldade (TAGNIN, 1975, p. 03).

2.2 FORMAÇÃO DO PROFESSOR

A formação é a ferramenta mais poderosa para coletivar a população ao conhecimento, à ciência e o exercício de suas atividades. Ao longo da última década, o entendimento sobre a formação de professores obteve um novo significado em virtude da evolução de novos conhecimentos sobre o processo de ensino e aprendizagem. Garcia (1999, p.26) estabelece como objeto da formação docente “os métodos de formação inicial ou continuada, que proporciona aos professores obter ou aprimorar seus conhecimentos, capacidades e diretrizes para exercer sua atividade docente, de forma a melhorar a qualidade da educação que seus alunos recebam”.

André (2010) apud Imbernón (2002) entende que o formador passa por um processo de constante crescimento, que se inicia na pratica escolar e continua ao longo da vida, ultrapassa os momentos especiais de aprimoramento e engloba questões a respeito de salario, carreia ambiente de trabalho, estruturas, níveis de participação e decisão.

Para Rodrigues Diéguez, a formação de professores nada é do que “o ensino profissionalizante para o ensino” (1980; 38), citado por Garcia (1999). Ou seja, o ensino é muito importante como atividade intencional desenvolvendo uma contribuição para a especialização dos docentes responsáveis de ensinar novas gerações.

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2.2.2 Formação do Professor em Educação Física

A formação em Educação Física surge no período Militarista com isso os primeiros professores foram os militares, desde o século XIX foi entendida como um componente de extrema importância para a construção de um individuo “forte”, “saudável” e “indispensável” para o processo de desenvolvimento do país já que o Brasil deixava de ser colônia portuguesa (FERREIRA, 2009; CASTELLANI FILHO, 2008).

Nesse período, não havia cursos de formação em Educação Física, dessa maneira os médicos e os militares que se encarregavam de repassar os conteúdos que na época eram considerados primordiais para a constituição de uma Educação digna. Seus objetivos eram embasados na aquisição ou manutenção da saúde, afastar hábitos nocivos e na exclusão de pessoas doentes, onde um dos lemas era “Mens sana in corpore sano”, mente saudável no corpo saudável, formando homens fortes e sadios, empenhando-se em transformar a Educação Física num elemento curativo.

“Tinha uma preocupação fundamental com o ‘físico’, com o movimento em seus aspectos mais mecânicos, promovendo uma ‘educação do físico’ e incorporando uma visão de saúde de índole biofisiológica (reducionista)”, (MIRANDA, 2013; MEDINA, 1991, p. 16).

Apesar disso, constataram que a Educação Física não se limitava apenas a saúde física, necessitava-se de estímulos pedagógicos que envolviam os aspectos cognitivos e afetivos, abordando os conteúdos de forma mais humanitária, trazendo para os ambientes escolares atividades educativas, regras de convívio social, inclusão de todos, preocupando-se também com a educação.

Miranda (2013) apud Cró (1998) considera que a formação inicial dos professores deverá fazer deles aquilo que esperam os sistemas educativos atuais, ou seja, deverá ser voltada a uma concepção de Educação e Pedagogia alinhada com certa concepção de Homem e Sociedade. Preparando-se para desempenhar o seu papel com destreza, desenvolvendo juízos de valores e contribuindo na formação de outros cidadãos.

2.2.3 Formação do Professor de Karate sem graduação em Educação Física

A formação do professor de Karate ocorre através da federação da qual ele faz parte, ele tem que estar regularmente federado, ser graduado faixa preta ou em alguns casos faixa marrom (1°Kyu), com isso ele já pode ministrar aulas de Karate.

De acordo com a Lei Federal 9.615/98, que institui normas gerais sobre o desporto e dá outras providências, em seu artigo 20, define que as entidades de prática desportiva e as entidades

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nacionais de administração do desporto, bem como as ligas são pessoas jurídicas de direito privado, com organização e funcionamento autônomo, e terão competência em seus estatutos.

Mas segundo a Lei 9.696/98 no seu art. 3° declara que é competência do profissional de Educação Física: “coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, orientar, ensinar, conduzir, treinar, administrar, implantar, implementar, ministrar, analisar, avaliar e executar atividades, estudos, trabalhos, programas, planos, projetos e pesquisa; executar treinamentos especializados, prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria; participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares; elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos; presta assistência e educação corporal a indivíduos ou coletividade, em instituições privadas ou públicas.

Cremos que, de modo mais urgente – considerando que o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) já regulamentou as determinações da Lei 9.696/98 observadores como os indivíduas, mesmo não formados, podem atuar na área, desde que comprovem ter trabalhado ao longo de três anos anteriores a data de publicação Lei: 01/06/1998 – o sistema CREF/CONFEP deve estimular a realização de ensino superior em convenio com as diversas federações de artes marciais. Deve também promover a organização de fóruns para discutir conjuntamente a temática das artes marcial para que alcancemos a tão propalada qualidade na orientação destas atividades físicas, melhorando a qualidade dos serviços prestados à sociedade, ao que parece, interesse de todos (GONÇALVES JUNIOR; DRIGO, 2001).

Todavia, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região da cidade de São Paulo decreta o fim da interferência do Cref sobre o Aikido e artes marciais em geral, no Estado de São Paulo e em todo Brasil, talvez em vista disso, alguns dos professores de Aikido e artes marciais não priorizam a graduação em Educação Física pois não precisam serem registrados no Cref, assim, sendo destituídos das taxas referentes pelos referidos órgãos.Possivelmente por causa desse decreto alguns professores de Karate, optam em se espelhar em suas experiências mais antigas, e não vão atrás de cursar uma faculdade de Educação Física.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 TIPO DE ESTUDO

A pesquisa se classifica como um estudo de abordagem qualitativa, descritiva e transversal. Segundo Triviños (1987), a abordagem de cunho qualitativo trabalha os dadosbuscando seu significado, tendo como base a percepção do fenômeno dentro do seucontexto. O uso da descrição qualitativa procura captar não só a aparência dofenômeno como também suas essências, procurando explicar sua origem, relaçõese mudanças, e tentando intuir as consequências.

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Segundo Gil (1999), as pesquisas descritivas têm como finalidade principal a descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este titulo e uma de suas características mais significativas aparece na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados.

3.2 PERÍODO E LOCAL DA PESQUISA

Nossa pesquisa foi realizada em academias, clubes e colégios que oferecem a modalidade de Karate, estando localizados nas SER I, SER II, SER V E SERCEFOR (centro) do município de Fortaleza. A escolha dessas regionais se deu pelo fato de serem regiões que circundam as proximidades da faculdade. A pesquisa de campo foi realizada do dia 20 de abril ao dia 8 de maio de 2018.

3.3 AMOSTRA

Foram convidados a participar da pesquisa os professores que ministravam aulas de Karate nas regionais SER I, SER II, SER V E SERCEFOR (centro). A partir do mapeamento que realizamos encontramos 6 lugares que ofereciam a modalidade Karate. Todavia, nossa amostra final foi composta de 14 professores que aceitaram participar da pesquisa e estavam dentro dos critérios de inclusão.

3.4 SUJEITO DA PESQUISA

Os indivíduos participantes da amostra foram convidados a participar da pesquisa pelo autor do estudo em seus ambientes de trabalho, por telefone ou por e-mail. Definimos um tempo de quatro dias para responderem o questionário para os que utilizaram a ferramenta do formuláriogoogle, para os que responderam o questionário pessoalmente foi marcado dia e horário no local já citado como cenário da pesquisa, e então foi aplicado o instrumento de coleta de dados.

3.4.1 Critérios de Inclusão / Exclusão

Para a seleção da nossa amostra os professores tinham que ministrar aulas de Karate nas regionais SERCEFOR3 (Centro), SER I, SER II e SER V do município de Fortaleza-CE e deveriam se enquadrar dentro dos critérios do Grupo PF (Professor Formado) ou Grupo PFN (Professor não Formado) descrito a seguir:

Grupo PF: Professores de Karate, faixa marrom ou preta, formados em Educação Física. (9 professores)

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Grupo PNF: Professores de Karate, faixa marrom ou preta, sem formação em Educação Física. (5 professores)

Foram excluídos aqueles que porventura não assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, desistiram de participar da pesquisa ou não ministraram aula em Fortaleza.

Nossa amostra inicial foi de 19 professores que aceitaram participar da pesquisa, porém devido aos critérios de inclusão e exclusão restaram somente 14 participantes. Sendo 09 professores pertencentes do Grupo PF, composto por professores de Karate que possuem formação em Educação Física e 05 professores do Grupo PNF, composto pelos professores de Karate não formados em Educação Física4.

Tabela 01 Grupos dos professores de Karate.

Nome do Grupo Quantidade

Grupo PF 09 professores

Grupo PNF 05 professores

Fonte: elaborado pela autora (2018).

3.5 COLETA DE DADO E INSTRUMENTO DE COLETA

Os dados foram coletados através de um questionário contendo 12 questões semiestruturadas. Questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador (MARCONI; LAKATOS, 2003). Ele pode conter perguntas abertas e/ou fechadas. As abertaspossibilitam respostas mais ricas e variadas e as fechadas maior facilidade natabulação e análise dos dados.

A aplicação dos instrumentos foi realizada no cenário de pesquisa de cada participante, perante a disponibilidade de tempo do envolvido e após a assinatura do TCLE ou pelo formulário do google, este formulário é uma ferramenta onde quem tem uma conta no google pode criar formulários, questionários, coleta de dados, enquetes e esse serviço pode ser acessado em diversas plataformas, esse formulário contem as mesma perguntas do questionário e antes deles responderem esse formulário eles dizem se aceita ou não o TCLE.

3.6 ASPECTO ÉTICO

Todas as informações essenciais sobre a pesquisa estavam presentes no TCLE que foi devidamente assinado por todos os pesquisados de forma espontânea e voluntária.

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Foi reforçado que os participantes tiverama identidade preservada, podendo desistir a qualquer momento do estudo e não sofreram nenhum risco ou dano físico, mental ou social.A pesquisa está de acordo com a resolução 510/16 do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

3.7 ANÁLISE DOS DADOS

Após a aplicação do questionário, todo o material coletado durante a pesquisa foi organizado e sistematizado por meio do software NVIVO 12, porém para a análise dos dados utilizamos a análise temática de Minayo (2014).

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo apresentam-se os resultados coletados e as respectivas discussões, que teve como base a pesquisa realizada com professores de Karate do município de Fortaleza sobre análise de suas formações. Entretanto, antes de nós observamos as respostas adquiridas nas entrevistas dos professores submetidos à pesquisa, acreditamos ser essencial apresentarmos o perfil dos sujeitos entrevistados.

4.1 PERFIL DOS PROFESSORES ENTREVISTADOS

Antes de tudo, como já foi dito nossa amostra é composta por 14 professores, sendo 9 formados em Educação Física e 5 não formados em Educação Física. A tabela especifica os dados colhidos no questionário.

Tabela 02 - Caracterização do grupo de professores entrevistados

Sexo Formados Não

Formados

Quantidade Professores %

Masculino 8 5 13 92,85%

Feminino 1 0 1 7,14%

Total 9 5 14 100%

Idade Formados Não

Formados Quantidade Professores % 21 a 30 anos 4 1 5 35,71% 31 a 40 anos 1 1 2 14,28% 41 acima 4 3 7 50% Total 9 5 14 100%

Graduação da Faixa Formados Não

Formados

Quantidade Professores %

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Preta ( 1 e 2 Dan) 2 2 4 28,57%

Preta ( 3 e 4 Dan) 4 1 5 35,71%

Preta ( 5 ao 7 Dan) 2 2 4 28,57%

Total 9 5 14 100%

Tempo de Professor Formados Não

Formados Quantidade Professores % De 1 a 5 anos 3 1 4 28,57% De 10 a 25 anos5 4 1 5 35,71% 26 anos acima 2 3 5 35,71% Total 9 5 14 100%

Vinculo Profissional Formados Não

Formados Quantidade Professores % Carteira assinada 6 1 7 50% Sem vínculo 1 2 3 21,42% Outros 2 2 4 28,57% Total 9 5 14 100%

Fonte: Elaborado pelo próprio autor (2018)

Em síntese, podemos avaliar que dos 14 professores que responderam ao questionário, 13 são do sexo masculino e 7 possuem acima de 41 anos de idade (50%). A graduação dos sujeitos no Karate variou do 1°Kyu (faixa marrom) ao 7°Dan (grau da faixa preta), todavia em ambos os grupos dos formados como dos não formados a esmagadora maioria possui acima do 3° Dan, desta forma, a amostra nos mostrou que está preenchida por sujeitos com maior possibilidade de experiência na modalidade, pois no Karate o Dan significa a graduação deles na faixa preta então quanto maior o Dan maior possibilidade do praticante de ter maior experiência e evolução na prática do Karate.

Quanto ao tempo que eles ministram aula de Karate o resultado foi bastante heterogêneo, entretanto podemos dizer que mais de 70%, ou seja, 10 professores, tem mais de 10 anos de atuação como professor deKarate, tendo dois professores que ministram aulas de Karate há 48 anos.

Garcia (2005) apud Huberman (1989) descreve que os professores passam por várias fases durante a profissão, definindo essas passagens como ciclo vital dos docentes. Conforme essa teoria dos ciclos, podemos dizer que de acordo com nossos entrevistados, ou seja, 4 deles, que representa 45% dos PF, quase a metade deste grupo, estariam classificados na terceira fase do ciclo vital do

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magistério, chamada de “fase de experimentação ou diversificação” dos 7 aos 25 anos de docência, em que normalmente os professores canalizam suas energias para melhorar suas capacidades como docentes, buscando diversificar métodos de ensino e experimentando novas práticas.

Todavia, 3 dos 5 professores deste grupo, que representa 60% dos PNF, estariam na fase chamada “situação profissional estável” dos 25 anos aos 35 anos de docência, caracterizado por despreocupação e ausência afetiva, onde eles se sentem rodeados por pessoas mais jovens, também se questionam sobre sua eficácia como professor e tornam-se críticos e lamentosos com os colegas, também chamado de fase do conservadorismo. Lembramos que o ciclo não é uma regra para todos e que até mesmo as fases podem se estabelecer em outras ordens de acordo com cada pessoa.

Outro fato que nos surpreende é termos tantos professores de Karate formados em EF no universo da nossa pesquisa, e mais, 4 deles são acima dos quarenta e um anos de idade. Ressaltamos que a profissão de Educação Física é recente se comparado com outras profissões, o curso mais antigo no Estado é o da Universidade de Fortaleza – UNIFOR, que tem mais de quarenta anos de existência, porém destes professores com idades acima de 41 anos, 3 professores que representam 75% realizaram suas graduações a partir dos anos 2000. Sendo assim, esse elemento vai na contramão de várias pesquisas, inclusive contrapõe a teoria dos ciclos de vida do professor, pois estes buscaram uma formação de nível superior estando em uma fase de acomodação e acabam indo atrás de mais capacitação

Quanto a natureza do vínculo profissional, podemos perceber de acordo com nossa amostra que a formação em Educação Física tem contribuído para uma condição de vínculo de trabalho mais estável, onde 6, que representa 67% do PF, tem carteira assinada enquanto apenas 1 do PNF tem carteira assinada.

4.2.ANÁLISE DA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE KARATE FORMADOS E NÃO FORMADOS

Nessa apresentação foi abordada as respostas referentes à formação dos professores de Karate formados e não formados.A discussão foi dividida em duas seções, a primeira objetivou conhecer a formação inicial dos professores, e na segunda, procurou compreender a formação continuada e as influências fundamentais para os professores. Primeiramente foi perguntado aos professores: Fez algum curso de capacitação ou de formação para ser professor de Karate? Qual?

Dos 5PNF, três deles, 60% afirmaram terem feito curso de preparação para serem professores da modalidade, sendo cursos ministrados por professores mais graduados da área. Seguem as falas representativas destes professores:

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Sim, com Yasutaka Tanaka e Luis Watanabe. (Professor 06) Curso de instrutor de Karate pela IKST e FKTC6. (Professor 10)

No entanto, dois professores relataram não terem feito nenhum curso de capacitação ou formação para serem professores. Esses dados apontam um possível desinteresse por parte dos professores, mostrando uma fragilidade no processo de formação e o controle feito pelas entidades federativas e o próprio conselho que deveriam exigir e estimular a busca pela formaçãopor parte desses professores. Além do fato de está trabalhando com pessoas o cuidado e a atenção são maiores pois isto pode ocasionar risco para os praticantes, fazer no mínimo um curso de capacitação para dar aula é fundamental.

Dos 9 PF, seis deles responderam que fizeram curso de preparação para serem professores de Karate, assim como os não graduados, fizeram curso de capacitação com professores de Karate mais graduados da área. Seguem as falas representativas destes professores:

Educação Física, cursos e seminários da FCK. (Professor 11)

Sim, curso preparatório para formação de faixa preta na Federação Cearense de Karate. (Professor 13)

Porém, três professores formados em Educação Física afirmaram que não participaram de nenhuma capacitação para serem professores da modalidade. Isso mostra que o desinteresse em se capacitar para se tornar professor de Karate não é só do professor que não tem formação em Educação Física, talvez o fato deles não terem feito curso de capacitação tenha sido porque a própria federação não tem um planejamento em relação a isso.

A formação em Educação Física habilita e capacita o professor e acrescenta valores para si e para seus alunos através da formação cientifica ele trabalha sua didática, aprende as fases do desenvolvimento e como se deve trabalhar em cada etapa, aprende sobre primeiros socorros, estuda forma e estrutura do corpo humano, fisiologia, pedagogia, etc.

Ressaltamos que a formação em Educação Física não tem a presunção de formar professores especificamente de Karate com habilidade técnica e de rendimento, uma vez que muitas vezes o currículo dos cursos das Universidades nem se quer possuem a disciplina de Karate em oferta. Até porque o sujeito que tem interesse em se tornar professor da modalidade de Karate é imprescindível buscar capacitações teóricas, técnicas e específicas da modalidade. Não tem como ser um professor de Karate sem ter treinando um tempo determinado e se tornado faixa preta.

De acordo com Tavares e Lopes (2014), a educação não-intencionada está de acordo com as influencias do contexto social e do meio ambiente dos indivíduos, ou seja, adquire-se

6 IKST significa Instituído KarateShotokanTradicional e FKTC significa Federação de Karate-Dô Tradicional do

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conhecimentos através de situações e experiências casuais e espontâneas.Já a educação intencional está atribuída a intenções e objetivos definidos conscientemente por parte do educador quanto aos objetivos e tarefas que se deve cumprir.

Alguns professores de Karate podem não terem feito uma qualificação ou formação para atuar como professor por causa dessa educação não-intencionada que acontece pelo fato de estes estarem muito tempo treinando e consequentemente acabam adquirindo experiência em ministrar uma aula de Karate mas por outro lado acabam limitando o seu conhecimento em relação ao cientifico sobre essa modalidade o que tornaria a aula muito mais objetiva e eficiente.

Claro que não podemos deixar de lado a experiência vivida, no Karate, por esses profissionais, pois tem todo um cotidiano e conhecimento do meio, estando associado a vivencia individual e coletiva isso compreende em habilidades de saber fazer e saber ser.

A seguir, trazemos perguntas relacionadas à formação continuada, que é um ponto onde podemos discutir sobre como isso pode contribuir para o professor de Karate e para a qualidade das suas aulas.

Em seguida foi perguntado: Fez algum curso de aperfeiçoamento na área nos últimos 12 meses? Qual?

Dentre os cinco professores não formados três, que representa 60%, afirmaram que fizeram curso de aperfeiçoamento nesse último ano. Seguem as falas representativas destes professores:

Sim, Summit com os mestres do Karate-Do tradicional. (Professor 05) Sim. Perfeição do Kihon e kata. (Professor 06)

Dois dos professores não graduados responderam que não fizeram nenhum curso de aperfeiçoamento, isso demonstra que esses dois professores não vão atrás de uma atualização no Karate, fato que seria fundamental para sua melhora enquanto professor e consequentemente, favoreceria a seus alunos.

Entre os 9 professores formados em Educação Física, 8 do PF, ou seja, 89%, fizeram algum curso nos últimos 12 meses e consideram o curso de Educação Física como capacitação para o Karate. Seguem as falas representativas destes professores:

Sim. Biomecânica e curso com os mestres. (Professor 04)

Sim, vários como curso de defesa pessoal e curso de primeiros socorros. (Professor 09) Sim. Curso de formação de professores de Karate, ludicidade aplicado ao Karate, iniciação para grupos especiais de Karate, Karate na Educação Física. (Professor 12)

Percebemos que os PF buscaram continuar se capacitando na área, pois eles têm mais consciência da responsabilidade que é trabalhar com os seres humanos ainda mais porque o Karate está relacionado com o bem estar físico e mental dos seus participantes, e que através da

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capacitação a sua atuação como professor melhora, ministrando assim aulas com mais qualidade e eficácia, proporcionando assim mais credibilidade a modalidade.

Uma formação continuada é muito importantepara o desenvolvimento pessoal e profissional dos professores podendo através disso compartilhar mais conhecimentos, e por intermédio dessa escolha dar significado e qualidade à atividadedocente.

Nessa ótica, a formação continuada deve permitir que se viva, na profissão, uma experiência pra zerosa, valorizada por permitir tanto desvendar novas formas de ser, pensar e sentir como a construção de projetos coletivos éticos para o mundo em que se vive (Fcc 2013 p.13).

FCC (2013) faz uma divisão sobre centralizar a atenção no sujeito profissional, através de uma qualificação maior dos docentes em termos ético e políticos, sobre a formação inicial dos docentes ser rápida e precária e que os ciclos de vida profissional precisam ser considerados em uma visão ampla e total de formação continuada.

Assim como Costa (2007) diz que para desenvolver a formação continuada tem que levar em consideração as etapas de desenvolvimento profissional do docente, e que existem diferentes interesses e necessidades de um docente na fase inicial, do que já tem uma experiência pedagógica considerável e o que já está caminhando para a aposentadoria.

Portanto, o sujeito que tem interesse em ser professor dessa modalidade deveria no primeiro momento ir atrás de uma capacitação com os professores mais antigos, ser auxiliar de um desses professores nas suas aulas de Karate e ir atrás de conhecimento cientifico para dar um melhor sentido aos seus ensinamentos, melhorar seu entendimento no Karate e sua didática.

Segundo Prada (1997), apud Costa (2007) os termos utilizados para a formação continuada de docentes são: capacitação, qualificação, aperfeiçoamento, reciclagem, atualização, formação continuada, formação permanente, especialização, aprofundamento, treinamento, re-treinamento, aprimoramento, superação, desenvolvimento profissional, profissionalização e compensação.

Dentro desses termos todo professor de Karate deveria fazer durante o ano, pelo menos uma qualificação, ou um aperfeiçoamento, uma atualização da modalidade, um re-treinamento, um aprimoramento das técnicas através do conhecimento científico como, por exemplo, através da cinesiologia (estudos dos movimentos), fazendo disso uma formação continuada.

Logo depois foi perguntado: Que estudo ou influência foi mais importante para sua formação de professor de Karate e através de que você estuda Karate?

Os 05 professores não formados, ou seja 100%, responderam que a grande influência deles foram seus próprios professores e a maioria estuda Karate através de cursos, vídeos e livros. Porém um dos professores disse que estudava através das próprias experiências e também de pessoas com conhecimento sobre a arte marcial. Seguem as falas representativas destes professores:

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O mestre e suas historias. Sim, livros, vídeos e cursos (Professor 07).

Experiência com pessoas da área (professores, mestres e com os próprios alunos). Experiências próprias e de pessoa com conhecimento humano sobre a arte marcial Karate (Professor 10).

Dos 09 professores formados, 05 deles, ou seja, 55,55%, disseram que a grande influência foram seus professores e antigos mestres do Karate. Os outros 04 responderam: por motivação pessoal, através de livros, por saúde, curiosidade e influência do meio onde vive.

Área da saúde. Pesquisa de livros (Professor 08).

Influência do meu professor e da minha comunidade. Sim, livros, sites, artigos, cursos, seminários, experiências praticas (Professor 11).

A forma que nós realizarmos atividades, as nossas escolhas, tomadas de decisões geralmente é por alguma influência. No Karate não é diferente, muitas pessoas começam a praticar essa arte marcial por influência da mídia, de filmes, de algum parente da família, de um amigo, etc. E quando começa a praticar a sua maior referência acaba se tornando o seu professor e como consequência é ele que influência o aluno a se tornar professor e ir atrás de mais conhecimentos ou não.

A centralidade das decisões pedagógicas no ensino do Karate está voltada para o mestre. Ele diz, demonstra, observa e julga constantemente o que os alunos devem fazer, repetir, observar, refletir e corrigir para aprender atitudes, habilidades e conhecimentos. Para que o mestre adquira esta posição social é necessário que demonstre conhecer os conteúdos de ensino do Karatee que saiba transmiti-los, pois, o sentido de uma relação pedagógica depende essencialmente de uma relação assimétrica de saberes entre mestre e aluno(s) (TAVARES E LOPES (2014, p.73).

Cortesão (2002) relata que os professores ensinam em geral como foram ensinados, deixando a sua prática um reflexo daquilo que experimentaram enquanto alunos. Para Pimenta (2006, p.26) o entendimento do professor não é formado apenas pela experiência, mas também pelo reforço das teorias que ajudam na organização dos esquemas e estratégias.

o conhecimento não é formado apenas na experiência concreta do sujeito em particular, podendo ser nutrido pela cultura objetiva(as teorias da educação), possibilitando ao professor criar seus esquemas que mobiliza em suas situações concretas, configurando seu acervo de experiência “ teórico- prático em constate processo de re-laboração (PIMENTA, 2006, p.26).

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do nosso estudo foi como se dar a formação do professor de Karate, os resultados apontaram que a maioria dos professores de Karate são experientes na atuação da docência desta modalidade, sendo que mais de 70% da amostra total tem mais dez anos de atuação como professor.

Durante a nossa pesquisa descobrimos que a maioria dos professores entrevistados são formados em Educação Física isso mostra que os professores de Karate estão buscando novas capacitações para atuar melhor como professor e proporcionar aulas com mais qualidade e eficácia aos seus alunos. Observou-se também no vínculo profissional que a formação em Educação Física tem contribuído para uma condição de vínculo de trabalho mais estável, onde 6 dos PF, tem carteira assinada enquanto apenas 1 do PNF tem carteira assinada. E notou-se que esse meio ainda é predominantemente do sexo masculino.

Observou-se também que os cursos preparatórios para ministrar aulas de Karate foram ministrados pelos professores de Karate mais antigos. Isso abre uma brecha para procuramos saber se esses antigos mestres se atualizam e de que forma vão atrás de atualização para ministrarem esses cursos ou se passam apenas suas experiências adquiridas ao longo do tempo para os futuros professores.

Todavia, os professores formados em Educação Física tem mais consciência em continuar se aperfeiçoando e se capacitando na área do que os não formados em Educação Física, eles acabam tendo essa conscientização maior sobre a importância de continuar estudando pois durante a sua formação acadêmica eles estão sempre sendo motivados a se atualizarem.

A maioria dos professores que responderam o questionário afirmaram que a grande influência foi seu professor, é nesse ponto que podemos questionar sobre o porquê dos professores não formados não procurarem uma formação cientifica, acreditamos que se o professor deles fossem formados emEducação Física teria influenciadoeles a irem atrás de conhecimento cientifico, já que quando nos espelhamos em alguém procuramos seguir um caminho parecido.Ou até mesmo o fato de seus mestres conversarem sobre o aprimoramento para ser professor acabaria incentivado eles a procurarem mais conhecimento. Observamos também que o campo de estudo dos formados é mais amplo do que os não formados, já que por serem formados eles procuram outros meios de estudos como pesquisas e artigos acadêmicos na área de arte márcias e lutas que possam vim a acrescentar na melhora das suas aulas.

Entretanto, essa pesquisa não acaba aqui, outros estudos precisam ser realizados e repassados entre os profissionais da área da saúde, professores de Karate, Federações de Karate, familiares e amigos, para que possa contribuir com o crescimento cientifico do Karate.

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Tabela 02 - Caracterização do grupo de professores entrevistados

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