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ESTUDO SOBRE A INTERAÇÃO DA COMUNIDADE CIRCUNVIZINHA E A MATA SANTA GENEBRA.

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Academic year: 2021

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ESTUDO SOBRE A INTERAÇÃO DA COMUNIDADE CIRCUNVIZINHA E A

MATA SANTA GENEBRA

.

CAROLINA FRANCELIN¹, ELISA DE PODESTÁ GOMES²,

MANUELA JEANE SILVAGARRIDO², NATHALIE GALBIATI SILVA GIACHINI³

¹ Licenciatura em Ciências Biológicas, Instituto de Biologia/UNICAMP ² Curso de Graduação – Faculdade de Engenharia Mecânica/UNICAMP ³ Bacharelado em Ciências Biológicas, Instituto de Biologia/UNICAMP

RESUMO: A Mata Santa Genebra é uma reserva florestal cuja vegetação característica é a Mata Atlântica. Com o avanço da urbanização da cidade de Campinas, onde está localizada, conflitos entre a população circunvizinha foram tornando-se freqüentes e prejudiciais para ambas as partes. A proposta do projeto foi avaliar a situação atual e propor soluções para o problema. Para isso, com o recurso da pesquisa e da entrevista, foram ouvidos e analisados em termos gráficos e estatísticos os argumentos e contra-argumentos dos envolvidos. Com esses resultados, pôde-se observar uma falta de consciência e um individualismo de ambas as partes, acrescentado a um descaso por parte das autoridades competentes junto à escassez de recursos fornecidos, o que dificulta novas soluções, como educação ambiental, além da própria manutenção da mata.

PALAVRAS-CHAVE: Mata de Santa Genebra, conflito, conservação, Campinas. INTRODUÇÃO

A Reserva Florestal Mata de Santa Genebra é a maior área nativa da cidade de Campinas, interior de São Paulo. Localizada na região norte de Campinas, no Distrito de Barão Geraldo, a Mata possui área de dois milhões e meio de metros quadrados numa extensão de nove quilômetros de perímetro (PMC, 2006). Trata-se de um remanescente de Mata Atlântica, o segundo

que atrai o interesse de pesquisadores de diversas universidades e institutos de pesquisa do Brasil e do exterior. A área da Mata de Santa Genebra foi doada para o município no dia 14 de julho de 1981 pela então proprietária Dona Jandyra Pamplona de Oliveira. Na mesma data a Prefeitura Municipal de Campinas criou a Fundação José Pedro de

Oliveira para administrar e conservar a área que

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Relevante Interesse Ecológico) (IBAMA, 2006) pelo Governo Federal em 1985, tendo antes sido tombada pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo) no ano de 1983. Também foi reconhecida como patrimônio natural do município pelo CONDEPACC (Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas) que tombou a área em 1992 (IMA, 2006). A vegetação que compõe a Reserva é formada por mata de brejo ou floresta hidrófila e floresta semidecídua. O complexo abriga ainda uma rica fauna composta por bugios, veados, teiús, uma série de espécies de cobras, capivaras, preás, além de outros pequenos roedores, de biologia pouco conhecida. É importante frisar que várias dessas espécies estão sob a ameaça de extinção, como é o caso do tatu-galinha e do cachorro-do-mato (SERRÃO, 2002).

A população circunvizinha à Mata vem a tempos demonstrando insatisfação com a mesma (MSG, 2006). Estas pessoas foram viver nas proximidades antes do tombamento do local porque os terrenos ali oferecidos eram de baixo custo. Entretanto, ao se mudarem, depararam-se com uma série de problemas como: (1) visitas de animais diversos, (2) violência, devido ao impedimento de crescimento que o bairro sofre por causa da mata e (3) exigência de uma consciência ambiental nunca antes vista. Em

unidades que a financiam para argumentar que é uma área importante para a conservação e que fazem o possível para dar educação a esta população, desde que a primeira seja respeitada.

Em meio a tantas discussões resolvemos analisar os dois lados, ouvir os argumentos prós e contras e propor soluções.

MATERIAL E MÉTODOS

A princípio, a obtenção de dados estatísticos e históricos dos locais foi realizada por meio de sites específicos, que constam na referência bibliográfica. Em seguida, um questionário com indagações a respeito da relação dos moradores com a Mata Santa Genebra, solicitando que estes apontassem os aspectos positivos e negativos de residirem próximo à mata foi feito com 40 casas circunvizinhas da reserva por meio de três visitas ao local.

Os dados obtidos foram então analisados por meio de recursos gráficos e os fatores apontados a respeito do convívio foram listados. Com auxílio de um documento redigido pelos professores da disciplina, uma entrevista com biólogos da mata foi então realizada. A entrevista foi baseada na “visão” dos funcionários da reserva frente aos problemas apontados pelos moradores circunvizinhos quando expostos às perguntas de nosso questionário. Mais uma vez, os aspectos levantados foram analisados graficamente e um

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anteriormente pode ser feito. Com os resultados da análise, estabeleceu-se uma visão crítica, visando apontar soluções que colaborassem para o convívio das partes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Entrevista com a população circundante à Mata

Após aplicação de um questionário em 40 casas da região, foi descoberto que a maioria dos moradores gosta de morar próximo à mata, pois esta traz ar puro, tranqüilidade e beleza ao local. Entretanto, diversos problemas também foram apontados. O mais freqüente foi a entrada de cobras dentro das casas dos moradores. A entrada de macacos nas casas também foi um fato recorrente, porém este pode ser relacionado ao fato de que os macacos entravam especificamente nas casas que continham árvores frutíferas (Figura 1).

Cobra 30% Macaco 30% Aranha 20% Outros 20%

Figura 1. Porcentagem declarada de animais que já entraram nas casas de moradores.

A pesquisa revelou também que, além das cobras, aranhas, porcos espinhos, ratos e escorpiões são vistos dentro dos domicílios.

Outro problema encontrado foi em relação à segurança. Como a área ao redor da mata não permite uma grande iluminação, os moradores se mostraram bastantes insatisfeitos com a atual situação. Outros disseram sentir falta do asfalto, que não pode ser colocado devido às vazões de águas pluviais necessárias para um bom manejo da Mata. E ainda vários afirmaram que moram no local porque, na época de loteamento, o terreno era barato.

É importante lembrar que os moradores não freqüentavam em muito os programas de educação oferecidos pela equipe de administração da Mata (Figura 2) que, apesar de serem pouco freqüentes, serviriam para resolver uma série destes conflitos população-mata.

Assim, pode-se concluir que para um estudo mais aprofundado da relação população circundante-mata é necessária uma análise dos problemas sociais da região.

Enfim, ficou relatado a opinião dos moradores diante da mata e os problemas que acontecem em seus cotidianos. Vale aqui um ressalto: 95% da população circundante a Mata disse que gosta de morar perto dela.

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0 5 10 15 20 25 30 35 40 Sim Não Já anigamente Apenas as crianças

Figura 2. Resposta, em porcentagem da população circundante, sobre participar de programas ambientais oferecidos pela Mata Santa Genebra.

Com relação a animais domésticos, a maioria dos moradores disse possuir cachorros. Entretanto, 20% (oito casas entrevistadas) não possuíam animais. Dentre as casas com animais, pode-se perceber que apenas 7% responderam que seu animal freqüentava a mata (Figura 3).

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Sim Não As vezes

Figura 3. Freqüência de idas de animais domésticos à Mata.

Estes dados podem não ser inteiramente precisos já que a maioria da população tem conhecimento sobre a proibição de animais domésticos na Mata.

Entrevista com funcionários da Fundação

Os funcionários entrevistados relataram que a Fundação José Pedro de Oliveira se mantém essencialmente com a verba anual vinda da Prefeitura. Esta verba não cobre todos os gastos básicos como contas de água, luz, telefone etc. Até o ano passado eles contaram com patrocínio da Petrobrás e do Terminal de Barão Geraldo o que rendeu verba o suficiente para manter a borda e recuperá-la.

A reserva conta com uma média de 8 funcionários durante a semana, entretanto estes não trabalham aos finais de semana, o que vem a ser um problema, pois os maiores números de incidentes (animais invasores) reclamados pelos moradores ocorrem aos sábados e domingos. Um problema apontado pelos funcionários é que não há treinamento específico nem uma equipe de plantão.

Relatamos a ocorrência de festas e reuniões na borda da reserva, o que gera acúmulo de lixo e vandalismo, fatos estes que não ocorreriam se estivesse disponível uma constate vigia, incluindo finais de semana e feriado. O trabalho de dois guardas foi julgado “suficiente” (também pela %

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enquanto um faz a ronda pela borda o outro fica de plantão na entrada da reserva.

Para a ronda na Mata e socorro aos moradores são necessários veículos de propriedade da Fundação José Pedro de Oliveira. Os atuais veículos de apoio são de empresas de segurança contratadas pela prefeitura que acabam ditando as regras o que é um problema já que estes funcionários não têm esclarecimento algum sobre a importância de seu trabalho no local. Todo e qualquer auxílio provem de terceiros para manter a integridade da reserva. A prefeitura terceiriza a segurança e patrocinadores bancarão a implantação de câmeras de segurança. A parceria nem sempre é vantajosa, uma vez que não se podem estipular prazos nem condições quando se é o beneficiado.

CONCLUSÃO

Os moradores circunvizinhos se instalaram no bairro em uma época em que a Mata ainda não era reserva. Quando esta se tornou de grande importância ambiental e passou a ter financiamento para sua conservação os conflitos começaram. Muitos dos moradores não acompanharam o desenvolvimento do projeto de conservação e não tiveram acesso aos programas de educação ambiental oferecido, ficando assim desinformados da importância da reserva e tiveram desde então esta como inimiga no bairro(3). A fundação se defende justificando que a Mata é

uma área de importante preservação e que os moradores são responsáveis pela sua manutenção e podem reclamar frente a problemas não remediáveis tais como impedir que animais silvestres entrem em suas residências.

O fato é que a preservação da Mata depende de recursos financeiros altíssimos não completos pelos financiamentos esporádicos. A manutenção desta área vai além da conservação de espécies da flora e da fauna, ela atinge a obrigação de fornecer todo o apoio teórico–cultural para a população circunvizinha. Fornece-lhes Educação Ambiental de um bom nível, assessorá-los quando estes comentem erros ambientais e criar condições para que estes se orgulhem e gostem de morar próximo à reserva.

Os funcionários garantem que há muita vontade da parte deles de manter um programa maior de preservação da Mata, assim como projetos engavetados. Não é possível divulgar programas culturais por meio de folhetos, faixas pela cidade ou notinhas em jornais devido à falta de verba.

O conflito Mata–moradores envolve muitos problemas aquém daqueles que imaginávamos. Chegamos à conclusão que mais do que a educação ambiental dos moradores a preservação da Mata depende de dinheiro privado.

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AGRADECIMENTOS

À Patrícia Lia Santarosa, Ângela Cruz Guirao e Rebeca Veiga Barbosa que nos auxiliaram com questionário na Mata. Aos moradores que nos receberam gentilmente e aos professores que forneceram a documentação necessária.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PMC (Prefeitura Municipal de Campinas).

Disponível em:<http://www.campinas.sp.gov.br>. Acesso em: 30 julho 2006.

IBAMA. Decreto Nº 91.885, de 05 de novembro de 1985. Disponível em:

<http://www.ibama.gov.br/siucweb/mostraDocLeg al.php?seq_uc=126&seq_tp_documento=3&seq_fi naliddoc=7>. Acesso em 30 julho 2006.

IMA (Informática de Municípios Associados S/A) Disponível em: <http://www.pmc.sp.gov.br/>. Acesso em: 30 julho 2006.

SERRÃO, S. M. Para além dos domínios da mata: uma discussão sobre o processo de preservação da Reserva da Mata Santa Genebra, Campinas-SP. 2002. (s.n). Tese (Doutorado). Faculdade de Educação,

Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002.

MATA DE SANTA GENEBRA. Fundação José Pedro de Oliveira. Disponível em:

<http://www.santagenebra.org.br/>. Acesso em: 13 junho 2006.

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ANEXO:

1- Questionário aplicado aos moradores 1) Qual o nível de escolaridade dos pais?

2) Vocês gostam de viver próximo à Mata Santa Genebra?

3) Qual é a importância da Mata para vocês? 4) Possuem animais domésticos? Quantos? Quais? 5) Eles visitam a Mata? Com que freqüência? 6) Vocês já visitaram a Mata?

7) Já participaram de algum programa de educação ambiental?

2- Questionário aplicado ao staff da Mata de Santa Genebra

1) Porque a mata está sendo degradada/impactada? 2) Qual é a posição da população em relação à Mata?

3) O que se faz para impedir as invasões de animais domésticos? E as invasões humanas? E o depósito de lixo na Mata?

4) Como pretendem lidar e prevenir todos estes problemas?

5) Há algum programa de educação ambiental voltada para a população circunvizinha? Se sim, que temas ela aborda? (poluição, animais, caça, agrotóxicos, tráfico ilegal, depredação...)

6) Porque da utilização de cerca tão frágeis que permitem a passagem de animais e de humanos? 7) Quantas pessoas visitam a Mata por semana? 8) Qual é o grau/nível de depredação da Mata por unidade de tempo?

9) Quantas pessoas trabalham na Mata e quantas fazem parte da vigilância?

10) O que se pretende fazer sabendo como a população pensa e reage à Mata?

Imagem

Figura 1. Porcentagem declarada de animais que  já entraram nas casas de moradores.
Figura 2. Resposta, em porcentagem da população  circundante, sobre participar de  programas ambientais oferecidos pela  Mata Santa Genebra

Referências

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