Capa: publiSITIO ISBN 978-989-97504-9-4
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José da Silva Ribeiro )34567"&893486"1:3;3
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4ª CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE CINEMA DE VIANA DO CASTELO
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ANA ISABEL SOARES, AIM-Associação de Investigadores da Imagem em Movimento
ANA LUIZA CARVALHO DA ROCHA, Núcleo de Antropologia Visual e Banco de Imagens e Efeitos Visu-ais, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
ANABELA MOURA, Escola Superior de Educação-Instituto Politécnico de Viana do Castelo ANTÓNIO CARDOSO, Escola Superior Agrária-Instituto Politécnico de Viana do Castelo ANTÓNIO DA COSTA VALENTE, Universidade de Aveiro, Cineclube de Avanca
ARLETE DOS SANTOS PETTRY, ECA / USP–Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo Bienvenido León, Universidad de Navarra
CARLOS ALMEIDA, Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo CARLOS MENDES, Escola Superior de Tecnologia e Gestão-Instituto Politécnico de Viana do Castelo CASIMIRO ALBERTO PINTO, CEMRI - Media e Mediações Culturais da Universidade Aberta
CÉLIA SOUSA VIEIRA, ISMAI-CEL-CELLC
CLÁUDIA MOGADOURO, Educomunicação, Núcleo de Comunicação e Educação (NCE-USP), ECA-USP CORNELIA ECKERT, Núcleo de Antropologia Visual e Banco de Imagens e Efeitos Visuais, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
ELISABETE BULLARA, CINEDUC, Rede Kino
FERNANDA AGUIAR MARTINS, UFRB–Universidade Federal do Recôncavo da Bahia GABRIEL OMAR ALVAREZ, Universidade Federal de Goiás
GLAÚCIA DAVINO, Historia de Roteiristas, Universidade Presbiteriana Mackenzie JORGE CAMPOS, ESMAE, Instituto Politécnico do Porto
JOSÉ DA SILVA RIBEIRO, CEMRI - Media e Mediações Culturais da Universidade Aberta MANUELA PENAFRIA, Universidade da Beira Interior, LABCOM
MARGARITA LEDO ANDIÓN, Universidade de Santiago de Compostela
MARIA DO CÉU MARQUES, CEMRI - Media e Mediações Culturais da Universidade Aberta
MARIA TERESA TORRES PEREIRA DE EÇA, Presidente da Associação de Professores de Expressão e Comunicação Visual.
MARÍA YÁÑEZ ANLLO, Universidade de Santiago de Compostela
MARIANO BÁEZ LANDA, CIESA - Centro de Investigaciones y Estudios Superiores en Antropología Social, Laboratorio Multimedia en Antropología.
NELSON ZAGALO, Universidade do Minho
PEDRO PEREIRA, Escola Superior de Saúde - Instituto Politécnico de Viana do Castelo
PEDRO SENA NUNES, ETIC - Escola de Tecnologias, Inovação e Comunicação e ESMAE - Instituto Poli-técnico do Porto
RENATO ATHIAS, Laboratório de Antropologia Visual - Universidade Federal de Pernambuco ROSANE VASCONCELOS ZANOTTI, UFES - Universidade Federal do Espírito Santo
SÉRGIO BAIRON, ECA / USP – Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo
SÍLVIA AGUIAR CARNEIRO MARTINS, AVAL - Laboratório Antropologia Visual em Alagoas, Universida-de Universida-de Alagoas
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AO NORTE
Carlos Eduardo Viana, Daniel Maciel, Rui Ramos
CEMRI - MEDIA E MEDIAÇÕES CULTURAIS DA UNIVERSIDADE ABERTA José da Silva Ribeiro, Casimiro Pinto
ESE - IPVC
Anabela Moura, Carlos Almeida COORDENAÇÃO GERAL
4ª CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE CINEMA DE VIANA DO CASTELO
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Associação AO NORTE, CEMRI – Media e Mediações Culturais da Universidade Aberta e Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo.
A Conferência Internacional de Cinema de Viana teve lugar na Escola Superior de Educação de Viana do Castelo, nos dias 7 e 8 de maio de 2015, e ocorreu no âmbito dos XV Encontros de Cinema de Viana.
4ª CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE CINEMA DE VIANA DO CASTELO
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CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE CINEMA DE VIANA DE CASTELO
A parceria entre Centros de Investigação, Universidades e organizações locais constituem-se excelen-tes formas de extensão universitária e de desenvolvimento de programas de cooperação. No entanto, !"#$%&'(!$#!)* *+, -#*.(/0!1#2 !3%*$ &'(!1 " ! !4,5*+, !#!6#+*(2(7, 0!$(/!4#*."(/!$#!8*9#/.,7 &'(! limitou neste ano de 2015 a participação de muitos inicialmente inscritos no programa da conferên-cia. Assim a participação na conferência decorreu a custos exclusivos dos participantes. O Centro de Estudos das Relações Interculturais, através do Grupo de Investigação Media e Mediações Culturais em colaboração com a Ao Norte - Associação de Produção e Animação Audiovisual asseguram mais uma vez a publicação dos textos considerados relevantes e entregues segundo as normas de publicação. : !1"#/#*.#!#$,&'(!$#/. + -(/! /!+(-%*,+ &;#/! 1"#/#*. $ /!*(!<-=,.(!$ !"#2 &'(!#*."#!3,2(/() !#! Cinema, que deu origem a programas de extensão na Pontifícia Universidade de São Paulo criados por Maria Constança Peres Pissarra e Bárbara Rodrigues Barbosa em colaboração com José da Silva Ribeiro. Também a temática de Cinema e Género veio para a edição desta publicação através da abordagem do cinema de Fatih Akin da autoria de Nadia Mazzariol da Universidade de São Paulo. A relação cinema e literatura foi este ano mantida pela recente doutora Maria Celeste Cantante que tem mantido a assi-duidade nesta conferência de cinema. A abordagem de Psycho de Alfred Hitchcock por Rafael Gonçalo Pimentel Gomes Filipe da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. O Cinema e Escola sempre tem merecido uma particular importância nesta Conferência de Cinema. Claudete Moreno Ghi-raldelo do Instituto de Tecnologia Aeronáutica apresenta uma instigante experiência pedagógica de ." = 2>(!%.,2,? *$(!)2-#/!4%2.!+(-!@(9#*/!$ /!A"# /!.#+*(2B7,+ /!> =,.% $(/! !)2-#/!+(-#"+, ,/!#C12(-rando quer a análise de discurso quer a psicanálise lacaniana. Finalmente a Rosa Sequeira aborda uma temática particularmente relevante numa Europa de refugiados e emigrantes, fantasmas que regres-/ -!D!E%"(1 0!#!%-!+(2#.,9(!$#!F! %.("#regres-/!3(% $!:#@-#$$,*#0!G(regres-/H!I*.B*,(!J("#," !#!K#$"(!L" *+(!M%#! abordam questões mais instrumentais de utilização do audiovisual no ensino ou no dizer dos autores a criação de “um modelo pedagógico para desconstrução de vídeos (MPDV), no sentido de promover o /#%!%/(!#)+,#*.#!#-!12 . N("- /!$,7,. ,/OP!
A Conferência de Cinema de Viana do Castelo teve muitas outras participações que contribuíram para %- !"#Q#C'(!/(="#!(!+,*#- !+(-(! ".#0!+,5*+, 0!.#+*(2(7, 0!+%2.%" !- /!. -=H-!(/!+(*.#C.(/!/(+, ,/0! económicos e políticos em que o cinema continuamente se reinventa e que desde a sua invenção foi fruto de uma sociedade que ele reproduz e reinventa. Também o cinema foi à escola em múltiplas perspetivas.
I/!+(-%*,+ &;#/! M%,! 1"#/#*. $ /!N(" -!"#9,/. !#! 1"#+, $ /!1("!%-!+(*@%*.(!$#!#/1#+, 2,/. /!M%#! contribuíram assim para a presente publicação. Casimiro Pinto do CEMRI – Media e Mediações Culturais da Universidade Aberta, Luiza Pereira Monteiro da Universidade Estadual de Goiás, Thelma Panerai Al-ves da Universidade Federal de Pernambuco e Fernanda Carlos Borges do SENAC todos em processo de pós-doutoramento em Portugal. Agradecemos aos autores, aos revisores e ao editor a colaboração nes-. !1%=2,+ &'(P!E/1#" -(/!M%#!1%=2,+ &'(!+(*nes-.",=% !1 " !M%#! !+(*N#"5*+, !/#!/(2,$,)M%#!#!+(*nes-.",=% ! para um diálogo profícuo entre investigadores e o público leitor que se expressam na mesma língua /(="#! !+%2.%" !+,*#- .(7"A)+ P
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LITERATURA E CINEMA. O INTERESSE EDUCATIVO DAS PRODUÇÕES PÓS HOLOCAUSTO
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!"#$%&'!&()#*'%)&'+)&,-.$+/0!)&!&'+)&1!2+/0!)&3"#!$4*2#*$+-)5&6"-7!$)-'+'!&89!$#+ ROSA MARIA SEQUEIRA
É atualmente coordenadora científica do CEMRI – Centro de Estudos das Mi-grações e das Relações Interculturais e professora da Universidade Aberta no Departamento Humanidades. Doutorada em Teoria da Literatura, leciona, entre outras disciplinas, A Leitura na Adolescência e na Juventude da Licenciatura em Educação da Universidade Aberta. Tem-se consagrado, no ensino e na investi-gação, ao estudo da Comunicação Intercultural, dos Estudos Comparados e da Didática da Literatura.
RESUMO
!"#$#%&'()#!)*+*!',&!-./'0.%-&!1*)*2,-.&.)*!.&!&2)*!*!.&!%'$)'2&3!+*2-4%&.1#5(*!)&,67,!*((&! -./'0.%-&!1*!,#1#!,'-)#!8&2)-%'$&2!.&!$-)*2&)'2&!8&2&!9#+*.(:! (!2#,&.%*(!8'6$-%&1#(!8;(!"#$#-causto na década de 1950, :;!&<%$'&%=&#;!&>2-!), :;!& +#4;!$&-"&#;!&1?! e 8&@!A+$+#!&B!+4! mostram ',&!%-(<#!.&!=-();2-&!1&!$-)*2&)'2&!>'+*.-$:!?()*!&2)-@#!&.&$-(&!*()&(!)20(!#62&(!*!&!4$,#@2&4&!%#22*(-pondente da perspetiva do seu valor educativo e das atividades que melhor podem desenvolver o *(8A2-)#!%2A)-%#!.#(!9#+*.(:!!
PALAVRAS CHAVE: Literatura Juvenil – Consciência crítica – Escola - Literatura e cinema ABSTRACT
The datable uniqueness of the Holocaust was visible in art and culture in general and also in Young Adult Literature. The novels that have been made in the decade of 1950, after the Holocaust, :;!& <%$'&%=&#;!&>2-!), :;!& +#4;!$&-"&#;!&1?! and 8&@!A+$+#!&B!+4! create a stigmatic history in Young Adult B-)*2&)'2*:!C=-(!8&8*2!&.&$D(*(!)=-(!)=2**!.#+*$(!&.1!%#22*(8#.1*.)!4$,(!E2#,!)=*!8*2(8*%)-+*!#E!-)(! -.%2*&(-.@!+&$'*!-.!*.=&.%-.@!%2-)-%&$!2*&1-.@!&.1!%2-)-%&$!4$,!+-*F-.@!-.!D#'.@!&'1-*.%*(:!
KEYWORDS: Young Adult Literature - Critical awareness – School - Literature and cinema
1. O ANTES E O DEPOIS DO HOLOCAUSTO NA LITERATURA JUVENIL
G-H!I*#EE2*D!"&2),&.!JKLLMN!O'*!#!"#$#%&'()#!E#-!',!&%#.)*%-,*.)#!&!)&$!8#.)#!-./'*.)*!.&!&2)*!*!.&! %'$)'2&!O'*!(*!9'()-4%&!1*,&2%&2,#(!',!8*2A#1#!&.)*(!*!1*8#-(:!P()#!7!.#);2-#!O'&.1#!8*.(&,#(!.&! $-)*2&)'2&!8&2&!9#+*.(!O'*3!(*.1#!',!@7.*2#!8#$7,-%#!.&!#8-.-<#!1*!&$@'.(3!)*,!=#9*!',&!*Q-()0.%-&! muito visível no mercado editorial de qualquer sociedade1.
Antes do Holocausto, poderemos apontar como exemplo paradigmático dirigido a este público, o 9!)#&
seller de Robert Louis Stevenson, 8&32;+&'%&:!)%*$% (1883), na linha de uma das primeiras obras de
lite-2&)'2&!9'+*.-$3!:;!&4%$+2&3)2+"' (1858) de R.M. Ballantyne. Romances de aventuras, tratam temas como a passagem para a idade adulta, a perda da inocência e as situações assustadoras que resultam num me-lhor autoconhecimento e que são pretexto para atos de bravura e de astúcia. São obras típicas do gé-nero que revelam a função de harmonização social a partir dos valores próprios da época e evidenciam uma certa idealização e didatismo moralizador que tem em vista a aquisição de modelos a alcançar 8*$#(!9#+*.(:!R!#62&!1*!S&$$&.)D.*!&8#.)&!,'-)#!%$&2&,*.)*!8&2&!&!-,8#2)T.%-&!1&(!=-*2&2O'-&(!*3!&8*-(&2!1*!(*2!1*8#-(!&%'(&1&!1*!)2&.(,-)-2!',&!+-(<#!-,8*2-&$-()&!*!&)7!2&%-()&!1#!,'.1#3!&!('&!-./'0.%-&! &-.1&!=#9*!.<#!1*-Q&!1*!(*2!+-(A+*$!.&!82#1'U<#!,*1-V)-%&!1*!%#.(',#:!R!&1&8)&U<#!*,!WXXX!8&2&!',&! série de televisão sob a direção de John Gorrie demonstra este fenómeno.
Ora a partir do Holocausto, especialmente nos anos pós guerra durante a década de 1950, surgiram três romances que recusam qualquer idealização e sentimentalismo e esta característica haveria de marcar &!$-)*2&)'2&!8&2&!9#+*.(!O'*!(*!*(%2*+*'!&!8&2)-2!1&A:!Y<#!*$*(!:;!& +#4;!$&-"&#;!&1?! (1951) de J.D. Salin-ger, :;!&<%$'&%=&#;!&>2-!) (1954) de William Golding e 8&@!A+$+#!&B!+4! (1959) de John Knowles.
C#1#(!*$*(!*()<#!&.%#2&1#(!.#!2*$&)#!2*&$-()&3!',&!1&(!1'&(!,&-#2*(!$-.=&(!1&!$-)*2&)'2&!8&2&!9#+*.(3!
C& 8&+*)D"4-+&'!&4$-#E$-%)&'-=!$!"#!)&A+$+&'-)#-".*-$&+&2-#!$+#*$+&F*7!"-2&'+&2-#!$+#*$+&!G&.!$+2&E&*G&'%)&+$.*G!"#%)&=$!H*!"#!G!"#!&*#-2-I+'%)J&8& !)A!4-K4-'+'!&!)#+$-+&"%&'!)#-"+#L$-%&!&"M%&"+&%9$+&!G&)-J&B+$+&!)#+&A$%92!GL#-4+&7!$&N+$4-+&B+'$-"%&OPQQCRJ
sendo a outra o relato fantasista. Na vertente realista, as personagens são comuns, os elementos cul-turais facilmente reconhecíveis pelo leitor e o enredo é simples, centrando-se na vida social, familiar e *(%#$&2!1#!9#+*,:!Z&2&!&$7,!1-((#3!8#1*!(*2!&!+-1&!8(AO'-%&!1#!8*2(#.&@*,!&!,#+*2!&!)2&,&3!*!-((#!7! particularmente evidente em :;!& +#4;!$&-"&#;!&1?! e 8&@!A+$+#!&B!+4!. Nestes dois casos são explora-1#(!#(!82#6$*,&(!8(AO'-%#(!%#,#!#(!,*1#(3!&!-.+*9&3!#!2*((*.)-,*.)#3!&!&.@[()-&3!&!(#$-1<#3!&!2*6*$-<#! e a alienação. Em suma, são evidenciados os problemas mais pessoais e existenciais, a par das situações difíceis que nem sempre são resolvidas, como por exemplo, a consciência da inferioridade moral, um
leit motiv deste último romance.
São estes sentimentos que podem conduzir, no extremo, à ocorrência de crimes, caso particularmente evidente em :;!&<%$'&%=&#;!&>2-!). Por seu turno, :;!& +#4;!$&-"&#;!&1?!, na sua provocação inconformista perante as regras sociais, introduz determinados assuntos que haveriam de fazer parte das tendên-%-&(!1&!$-)*2&)'2&!9'+*.-$!8#()*2-#2\!&!(*Q'&$-1&1*]!#!-.)*2*((*!8*$#!&')#*Q&,*!8*((#&$!*,!O'*!#!9#+*,! elabora as suas próprias opiniões, recusando as pressões dos outros; a alienação ou, por contraste, a 82*#%'8&U<#!%#,!&!2*&$-H&U<#!-.1-+-1'&$3!*,!O'*!&(!8*2(#.&@*.(!6'(%&,!(&)-(E&H*2!#(!(*'(!1*(*9#(3! .*%*((-1&1*(!*!*Q8*)&)-+&(]!&(!-.O'-*)&U^*(!EA(-%&(!*!&E*)-+&(3!&$7,!1&(!2*$&U^*(!E&,-$-&2*(]!*3!8#2!4,3!&! tomada de posição em relação ao mundo. Holden, o anti-herói protagonista de :;!& +#4;!$&-"&#;!&1?! que se tornou um ícone da rebelião adolescente, está inconformado com as falsidades e hipocrisias ,'.1&.&(:!>V!,&-(!2*%*.)*,*.)*!7!+-(A+*$!&!82*#%'8&U<#!%#,!&!*%#$#@-&3!#!8&%-4(,#!*!#')2&(!O'*(-tões de índole social.
O caráter provocador de :;!& +#4;!$&-"&#;!&1?! não consiste apenas na alienação e inconformismo que "#$1*.!,&.-E*()&3!,&(!)&,67,!.&!$-.@'&@*,!&)7!_!1&)&!-.'(-)&1&!.&!$-)*2&)'2&!-.E&.)#9'+*.-$:!`,!1#(! (*'(!)2&U#(!*()-$A()-%#(!-1*.)-4%&1#2*(!7!#!82*1#,A.-#!1#!2*@-()#!%#$#O'-&$!*!1#!1-V$#@#!,'-)&(!+*H*(! *()-%#,A)-%#3!%#.()-)'A1#!8#2!E2&(*(!%'2)&(3!%#.)'1#!-.[)*-(3!*!.<#!9'()-4%&1&(!8#2!',&!-.)*.%-#.&$-1&1*! contextual narrativa. O efeito pretendido seria dar a impressão do real. Este efeito é antes conseguido .#!2#,&.%*!1*!Y&$-.@*2!8*$#!'(#!1#!%&$<#!9'+*.-$!*!6&-Q#!%&$<#:! 2&!-((#!&%&6#'!8#2!%#.()-)'-2!#')2#! traço característico da literatura posterior destinada à faixa etária adolescente, embora à época tivesse contribuído para a censura da obra nos Estados Unidos e em outros países2 .
Este romance e 8&@!A+$+#!&B!+4! possuem um caráter intimista em que a narração na primeira pessoa 1V!%#.)&!1#(!8*.(&,*.)#(!*!(*.)-,*.)#(!1#!9#+*,3!#!O'*!E&%-$-)&!&!-1*.)-4%&U<#!1#!$*-)#2!1&!,*(,&! idade. Já o tom negro e visão pessimista da natureza humana é outro dos traços comuns de 8&@!A+$+#!&
B!+4! e de :;!&<%$'&%=&#;!&>2-!)3!O'*!&%*.)'&,!2*(8*)-+&,*.)*!#(!)*,&(!1&!-.+*9&!*!1&!+-#$0.%-&:!?()*!
último convoca ainda outros temas que propiciam a exploração em classe e que são relevantes para a *1'%&U<#!*!E#2,&U<#!1#(!9#+*.(3!)&-(!%#,#!&!')#8-&3!&!&.V$-(*!1*!%#./-)#(!*!%##8*2&U<#3!#21*,!*!&.&2-quia, paz e pretextos para a guerra, liderança e personalidade, bullying e valores.
Em :;!& +#4;!$&-"&#;!&1?!3!"#$1*.!7!',!2&8&H!1*!KM!&.#(3!4$=#!1*!6#&(!E&,A$-&(3!O'*!*()V!H&.@&1#!%#,! tudo e todos e se sente inadaptado em relação ao mundo e aos vários colégios de onde é sucessiva-mente expulso. A narrativa na primeira pessoa coincide com o momento em que foge do último colé-gio e, com dinheiro no bolso, deambula por Nova Yorque em total liberdade. No meio dos excessos que pratica, ressalta a evidência de que Holden é sensível e genuíno.
:;!&<%$'&%=&#;!&>2-!) convoca também esta ânsia de liberdade sem a supervisão de adultos que é
mate-rializada na ilha deserta, na linha da fantasia tradicional também presente nos romances de Ballantyne *!Y)*+*.(#.!*!2*)#,&1&!.#!4$,*!@%I-";%&!G&4+)+. No romance de Golding, um grupo de rapazes em idade escolar vai parar a uma ilha deserta e tem de se organizar e viver segundo as suas próprias regras. ?$*(!82*%-(&,!1*!&22&.9&2!%#,-1&!*!,&.)*2!&!E#@'*-2&!&%*(&!8&2&!(*2!+-()&!1#!,&2!*!8#1*2*,!(*2!(&$+#(! por algum navio que passe por ali. Criam um sistema de classes hierárquico, constituem um grupo de caçadores e outro de vigilantes. São feitas escolhas e emergem dilemas morais. Mas, contrariamente à 4%U<#!)2&1-%-#.&$3!',!82#%*((#!1*!(*$+&9&2-&!*,*2@*!8#2!*.)2*!&!)*.)&)-+&!1*!#2@&.-H&U<#!*!%-+-$-H&U<#3! e tem lugar uma luta de poder que leva à morte de dois rapazes. A terceira morte estaria iminente, se
LITERATURA E CINEMA. O INTERESSE EDUCATIVO DAS PRODUÇÕES PÓS HOLOCAUSTO um adulto não chegasse à ilha entretanto.
Já 8&@!A+$+#!&B!+4! (6G+&-2;+&'!&A+I no título português) lida com a amizade que surge misturada com a rivalidade e sentimentos inconfessáveis, numa escola que, durante a segunda guerra mundial, deve-2-&3!*,!+*H!1-((#3!(*2!',!2*)-2#!8&%A4%#!*!82*(*2+&1#:!?()&!2-+&$-1&1*!,-()'2&1&!%#,!&$@',&!%#.(%-0.%-&! da inferioridade moral corrói a relação entre os rapazes.
?()*(!)20(!2#,&.%*(!)-+*2&,!&1&8)&U^*(!%-.*,&)#@2V4%&(:!
2. AS ADAPTAÇÕES CINEMATOGRÁFICAS
?,!WXXW3!('2@*!.#(!?`R!#!4$,*!1*!S'22!Y)**2(3!3.9?&N%!)&Y%Z", a partir de :;!& +#4;!$&-"&#;!&1?!3!9V! 1*8#-(!1&!,#2)*!1#!&')#2!O'*!.'.%&!%*1*'!#(!1-2*-)#(!8&2&!#!%-.*,&!%#,!&!9'()-4%&U<#!1*!O'*!#!2#-mance seria demasiado literário. Os dilemas mentais que ocorrem intimamente, um forte interesse para Y&$-.@*23!(*2-&,3!.&!('&!8*2(8*)-+&3!-.%#,8&)A+*-(!%#,!&!&2)*!%-.*,&)#@2V4%&3 . A adaptação do conto
6"42!&[-..-2? in Connecticut para ,?&,?&>%%2-);&\!+$#, sob a direção de Mark Robson e que contou com
os argumentistas de Casablanca, Julius Epstein e Philip Epstein, não terá agradado a Salinger que, em
:;!& +#4;!$&-"&#;!&1?!, por várias ocasiões declara o seu ódio ao cinema através do protagonista que
co-meça por dizer a propósito do irmão: “Agora está em Hollywood, o D.B., a prostitui-se. Se há uma coisa O'*!#1*-#!7!#!%-.*,&:!a*,!O'*2#!O'*!,*!E&$*,!.-((#:b!JY&$-.@*2!WXKc\!KXN:!?Q-()*,!+V2-&(!2*E*20.%-&(3! &#!$#.@#!1&!#62&3!&!*()*!1*(&@2&1#!8*$#!%-.*,&3!8*$#(!&)#2*(!*!8#2!)#1#!#!82*)*.(-#(-(,#!*!4.@-,*.)#! O'*3!*+*.)'&$,*.)*3!8#1*2V!*()&2!$-@&1#!_!-.1[()2-&!%-.*,&)#@2V4%&:
a#!*.)&.)#3!,'-)#(!2*&$-H&1#2*(!1'2&.)*!&!+-1&!1#!&')#2!(*!,#()2&2&,!-.)*2*((&1#(!*,!2*&$-H&2!#!4$,*3! entre os quais Billy Wilder, Elia Kazan e Steven Spielberg, tendo havido ao longo dos tempos outros tantos autores famosos interessados no papel do protagonista tais como Jerry Lewis, Marlon Brando, Jack Nicholson e Leonardo di Caprio.
>-.*$+&CJ& +$#+I&'%&K2G!&'!&]*$$&@#!!$) Já :;!&<%$'&%=&#;!&>2-!)!)*+*!',&!&1&8)&U<#!*,!KLde!8#2!Z*)*2!S2##f:!C2&)&5(*!1*!',!4$,*!1*!@2&.1*! O'&$-1&1*3!82;Q-,#!1&!#62&!$-)*2V2-&!*!4*$!_!%&2&%)*2-H&U<#!1&(!8*2(#.&@*.(:!g&(3!(*.1#!&!82*)#!*!62&.-%#3!8#1*2V!.<#!(*2!)<#!&8*$&)-+#!O'&.)#!#!4$,*!1*!"&22D!"##f3!2*&$-H&1#!.#(!?`R!*,!KLLX3!O'*!8#(('-! ',&!$-.@'&@*,!%-.*,&)#@2V4%&!,&-(!82;Q-,&!1#!8[6$-%#!&)'&$: ^& _!$&3#I`%==&OPQCQR&!&:$*9?&O)a'R&H*!5&+&A$%AS)-#%&'+&+'+A#+/M%&'%&4%"#%&'!&@+2-".!$&A+$+&%&K2G!&'!&1%9)%"5&+4!"#*+G&+)&'-=!$!"#!)&!)#$+#E.-+)& 2-.+'+)&+&'-=!$!"#!)&=%$G+)&+$#b)#-4+)&G+)&#+G9EG&+&4!$#+)&!WA!#+#-7+)&%*&!W-.D"4-+)&'%&Ac92-4%&!)A!#+'%$J&&
>-.*$+&PJ& +$#+I!)&'%&K2G!&'!&B!#!$&]$%%`&!&\+$$?&\%%`J
8&)!A+$+#!&A!+4! foi realizado em 1972 por Larry Peerce e depois ainda teve uma versão para televisão em 2004 por Peter Yates.
>-.*$+&^d& +$#+I!)&'%&K2G!&'!&<+$$?&B!!$4!&!&'!&B!#!$&e+#!)
3. A EXPLORAÇÃO NA AULA
"&+*.1#!&1&8)&U^*(!%-.*,&)#@2V4%&(!1&(!#62&(3!#!)2&6&$=#!%#,!#(!2#,&.%*(!*,!%#.9'@&U<#!%#,!#(! 4$,*(!7!-.*+-)V+*$!*!&)7!1*(*9V+*$:!?!-.*+-)&+*$,*.)*!)&,67,!('2@*!&!O'*()<#!,*)#1#$;@-%&!1&!82*-cedência de uma forma artística em relação a outra no trabalho letivo. Ler a obra primeiro e visualizar 1*8#-(!#!4$,*!8#1*2V!)*2!&$@'.(!8*2-@#(!*!%#.1'H-2!&!&.V$-(*(!8#'%#!82#1')-+&(:!Z#2!*Q*,8$#3!(*!#(!&$'-.#(!)0,!1*!+*2-4%&2!O'*!%*.&(!E#2&,!%#2)&1&(!#'!*Q8$-%&2!8#2O'*!E#2&,!E*-)&(!%*2)&(!)2&.(E#2,&U^*(3!&(! 2*(8#()&(!,&-(!E2*O'*.)*(!(<#!O'*!.<#!2*('$)&!*,!4$,*!*!O'*!.<#!=&+-&!)*,8#:!g*$=#2*(!&$)*2.&)-+&(! são as sugeridas por Arver (2007), Maldonado e Winick (2012) ou Golden (2007). Este último autor pro-8^*!&!*(%#$=&!8*$#(!&$'.#(!1*!8&((&@*.(!1#!$-+2#!O'*3!_!8&2)-1&3!%#.(-1*2&,!.<#!4$,V+*-(!*!1*8#-(!#! %#.E2#.)#!%#,!#!4$,*:!Z*2@'.)&2!&#(!&$'.#(!%#,#!7!O'*!8#1*,!(*.)-2!1-E*2*.)*,*.)*!8#2!%&'(&!1&(! mudanças feitas ou em que ambientes são envolvidos são atividades que podem resultar melhor, pois &!&.V$-(*!1&!$-.@'&@*,!%-.*,&)#@2V4%&!8#1*!(*2!%#.)*,8$&1&!1*!+V2-&(!E#2,&(3!8#2!*Q*,8$#3!+*2-4-cando o uso da luz na criação desse ambiente. Estas abordagens têm a virtualidade de estarem cen-)2&1&(!.#!&$'.#!*(8*)&1#2!*,!+*H!1*!82#%'2&2*,!-1*.)-4%&2!)2&U#(!#69*)-+#(!1&(!#62&(!(*,!*.+#$+*2!&! ('&!2*/*Q<#:!C#1&(!*$&(!(<#!6#.(!*Q*,8$#(!1&!E#2,&!1*!('8*2&2!#!*(O'*,&!('9*-)#5#69*)#!8*$#!O'&$!&! #62&!J$-)*2V2-&!#'!EA$,-%&N!)*.1*!&!(*2!,&.)-1&!_!1-()T.%-&!1#!-.)7282*)*3!%#,#!(*.1#!&8*.&(!',!#69*)#! 1*!&.V$-(*:!
!*()'1#!1*!&(8*)#(!2*$*+&.)*(!1#(!4$,*(!1*(1*!&!%#.)*Q)'&$-H&U<#3!&!.&22&)#$#@-&3!&!%-.*-LITERATURA E CINEMA. O INTERESSE EDUCATIVO DAS PRODUÇÕES PÓS HOLOCAUSTO
,V)-%&!&)7!_!12&,&)'2@-&!8#1*,!(*2!8*2(8*)-+&1#(!1*()*!,#1#3!%#,#!9V!1*,#.()2*-!.#')2&!#%&(-<#! JY*O'*-2&!WXKX\!KWKN:!C&$!%#,#!&!$-)*2&)'2&3!#(!4$,*(!*()-,'$&,!#(!(*.)-1#(!*!*.+#$+*,!&(!*,#U^*(3! propiciando o confronto de valores pessoais perante todos os outros. Daí ser adequada uma aborda-@*,!8*((#&$!O'*!.<#!-,8*1*!',&!&.V$-(*!1#(!*$*,*.)#(!O'*!*.+#$+*,!&!#62&!%-.*,&)#@2V4%&\ Z#((#!1-()-.@'-2!*()*!4$,*!1*!#')2#(!1#!,*(,#!2*&$-H&1#2h!i#.(-@#!2*%#.=*%*2!#!(*'!*()-$#h!J%#.)*Q-tualização); que questões são ambíguas para mim? Contaria a história de outro ponto de vista? (narra-tologia); que cenas considero mais importantes? A utilização do som e da música deixa espaço à mi-nha imaginação ou é manipulativo? (cinemática); houve alguma coisa que me distraiu ou incomodou na atuação, cenários ou guarda-roupa? Considero que o guarda-roupa e caracterização são relevantes 8&2&!#!('%*((#!1#!4$,*h!J12&,&)'2@-&N:!
j! %#.+*.-*.)*! 2*(8*-)&2! &O'-$#! O'*! &! #62&! )*,! 1*! @*.'A.#! *! #! (*'! ,#1#! *(8*%A4%#! 1*! 82#1'U<#! *! mediação. Outras atividades seriam mais adequadas para tratar o romance. Por exemplo, a análise da evolução das personagens e os símbolos de liderança ou de modos de lidar com o desencanto, o medo *!&!-.+*9&!8#1*2V!(*2!$*+&1&!&!%&6#!&)2&+7(!1*!)&2*E&(!O'*!,&.-E*()*,!',&!&82#82-&U<#!8*((#&$!1*((*(! )*,&(:!Z#2!*Q*,8$#3!%#$#%&2!#!9#+*,!$*-)#2!&!*(%2*+*2!%&2)&(!&!8*2(#.&@*.(!O'*!$=*!%&'(&2&,!8&2)-%'$&2! -,82*((<#3!1*!,#1#!O'*!*$*!(*9&!%&8&H!1*!E#2,&$-H&2!#!O'*!8*2%*6*!1#!(*'!%#,8#2)&,*.)#3!1&(!('&(! ,#)-+&U^*(!*!-.)*.U^*(!*3!.#!4.&$3!82#8#2!&$)*2.&)-+&(!&)2&+7(!1*!2*%#,*.1&U^*(:!C&,67,!.*()*!%&(#! é possível fazer uma leitura próxima dos textos abordando questões como a anarquia, as normas e as regras. Em :;!&<%$'&%=&#;!&>2-!)3!+*,#(!O'*3!8#2!',!$&1#3!>&%f!2*9*-)&!&!#21*,!%2-&1&!8#2!2*@2&(!*!&82#-+*-)&!#!%#./-)#!8&2&!82#+*-)#!82;82-#:!Z#2!#')2#3!k&$8=!&9'1&!&!%2-&2!&(!2*@2&(!*!&!('&!2*9*-U<#!1#!%#./-)#! mostra como diferentes estilos de liderança podem ter importantes implicações para o estabelecimen-to da ordem nos sistemas políticos.
Outras sugestões para podem ser encontradas no Fórum <!))%")=$%G2-#!$+#*$!. Por seu turno, Valeriano (2013) propõe alguns pontos para debate ainda a propósito da adaptação fílmica deste romance que (<#!',!,#1#!1*!-.)2#1'H-2!#!9#+*,!.&!*1'%&U<#!8#$A)-%&\! !O'*!E&H!',!-.1-+A1'#!8#1*2#(#h!Y<#!#(!-.-divíduos que controlam os grupos ou são os grupos a controlar os in!O'*!E&H!',!-.1-+A1'#!8#1*2#(#h!Y<#!#(!-.-divíduos? Como é que a sociedade ,&.)7,!&!#21*,h!Y<#!&(!$*-(!.*%*((V2-&(h!i#,#!7!O'*!#!1*(*9#!1*!&%*-)&U<#!-./'*.%-&!#!%#,8#2)&-mento humano? A violência origina poder ou controlo?
4. O DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA CRÍTICA
?()&(!O'*()^*(!.<#!(;!*()<#!$-@&1&(!*(8*%-4%&,*.)*!_!*1'%&U<#!8#$A)-%&!%#,#!)&,67,3!1*!,#1#!,&-(! &62&.@*.)*3!_!*1'%&U<#!%A+-%&3!%#,#!+*2-4%&,#(!8*$#(!#69*)-+#(!1#!82#@2&,&!1&!`a?Yi !8&2&!&!%--1&1&.-&!@$#6&$!JWXKc5WXKMN:!?.)2*!#(!#69*)-+#(!1#!82#@2&,&!%#.()&,!&!%&8&%-1&1*!1*!1*(*.+#$+*2\!&! *,8&)-&!*!#!%'-1&1#!%#,!#(!#')2#(!*!%&8&%-1&1*(!8&2&!+-+*2!.&!1-+*2(-1&1*]!+&$#2*(!1*!9'()-U&!(#%-&$! e capacidades para analisar criticamente desigualdades baseadas no género, idade, nível socioeconó-,-%#3!#8U<#!2*$-@-#(&3!%'$)'2&$3!*)%:]!2*%#.=*%*2!*!&+&$-&2!%2*.U&(!*!+&$#2*(!*!#!,#1#!%#,#!-./'*.%-&,! 1*%-(^*(!8#$A)-%&(!*!(#%-&-(!*!8*2%*U^*(!(#62*!9'()-U&!(#%-&$!*!*,8*.=&,*.)#!%A+-%#]!%&8&%-1&1*(!8&2&! a literacia cívica, informacional, mediática, resolução de problemas, negociação, construção da paz e responsabilidade pessoal e social (UNESCO 2015:16).
a#!(*'!%#.9'.)#3!*()&(!)20(!#62&(!(<#!82#8A%-&(!&#!1*6&)*3!8#((-6-$-)&.1#!&!-1*.)-4%&U<#!1#!9#+*,!$*-)#2! #'!*(8*)&1#2!*!&9'1&,5.#!&!$-1&2!%#,!#(!,*1#(:!l'&.1#!',!&$'.#!)*,!1*!*(%#$=*2!*!9'()-4%&23!.<#!&! cena mais relevante da obra – o que pertenceria ao domínio do saber prévio numa dada área de conhe-%-,*.)#!m!,&(!&!%*.&!,&-(!2*$*+&.)*!8&2&!*$*3!7!,&-(!-,8$-%&1#!.#!*Q*2%A%-#!*!,&-(!*4%&H!*,!)*2,#(!1*! motivação. Como referi noutro lugar, “se se construir um modelo de leitura a partir do texto, a leitura 7! *.%&2&1&! ,*2&,*.)*! %#,#! ',&! 2*(8#()&! #'! &9'()*! &! ',! *()A,'$#! *Q)*2.#! *! *(%#.1*! &! &)-+-1&1*! %2-&)-+&!1#!$*-)#2b!JY*O'*-2&!WXXe\!eXeN:!Z#2!%#.(*@'-.)*3!-.%-1-2!&!&)*.U<#!.&!-.)*2&U<#!1#(!9#+*.(!%#,! #(!4$,*(!*!#(!)*Q)#(!7!,*$=#2!1#!O'*!&.&$-(&2!#!4$,*!#'!#!2#,&.%*3!8#-(!&!*()2&)7@-&!1*!82#8-%-&2!',&! 2*(8#()&!8*((#&$!O'*!8#((&!*()-,'$&2!&!%2-&)-+-1&1*!*!&9'1&2!&!&)2-6'-2!',!+&$#2!_!#62&!7!,&-(!%#.%-$-V+*$! %#,!#!*Q*2%A%-#!1&!%2A)-%&!O'*!1*+*!(*2!#!#69*)-+#!1*!)#1#!#!&)#!*1'%&)-+#:!
A literacia funcional, crítica e retórica que envolve não apenas a leitura estética mas também outras competências que possam ser transferíveis para outras situações tais como a tolerância face à
ambi-guidade, o saber participar na dinâmica de grupos ou a discussão de ideias e pontos de vista opostos, pode aliar-se a uma multiliteracia que é importante para a globalização e as relações internacionais O'&.1#!#!9#+*,!(*!)#2.&!.<#!&8*.&(!2*%*)#2!,&(!82#1')#2!1*!%#.)*[1#(:!a*()*!(*.)-1#3!(<#!&1*O'&-das as técnicas ativas, a aprendizagem por tarefas com estratégias de comunicação genuína, nas quais #(! )*Q)#(! (<#! %#$#%&1#(! *,! (#%-&$-H&U<#! &$&2@&1&! J$#%&-(! *Q)*2-#2*(! _! *(%#$&3! E;2'.(! *,! 2*1*3! 9#@#(3! comunidades virtuais). A capacidade de usar e produzir tecnologia é fundamental neste contexto mas, sobretudo, é importante desenvolver a capacidade de a questionar.
?()*(!)20(!2#,&.%*(!2*9*-)&,!O'&$O'*2!-1*&$-H&U<#!*!.<#!82#8^*,!,#1*$#(!1*!%#.1')&!,&(!&!('&!%&8&-cidade educativa é inegável, sobretudo se forem explorados de um modo adequado.
Em 1989, Richard Rorty, quando enuncia as 11 teses sobre os intelectuais humanistas, nos quais depo-sita as suas esperanças, mencionou como uma meta a atingir pelos educadores a tarefa de provocar os 9#+*.(3!('(%-)&.1#!.*$*(!1[+-1&(!(#62*!&!-,&@*,!O'*!)0,!1*!(-!,*(,#(!*!1&!(#%-*1&1*!*,!O'*!+-+*,! J%E:!)*(*!WN:!?()&!)&2*E&3!O'*!-1*.)-4%&!%#,#!&!E'.U<#!(#%-&$!1#!*1'%&1#2!8#2!*Q%*$0.%-&3!.<#!7!&8*.&(! 1*(*9V+*$!%#,#!)&,67,!*Q*O'A+*$!&)2&+7(!1*!*()2&)7@-&(!O'*!82#8-%-*,!',&!2*(8#()&!8*((#&$3!2*%#.-%-$-&.1#!#!%#.=*%-,*.)#!)2&1-%-#.&$!%#,!&!)*%.#$#@-&!,#1*2.&3!*()-,'$&.1#!&!%2-&)-+-1&1*!*!&9'1&.1#! &!&)2-6'-2!',!+&$#2!&!)*Q)#(!*!4$,*(:!R!%#,82**.(<#!-.1-+-1'&$!7!&((-,!)2&.(E#2,&1&!*,!%#.=*%-,*.)#! -.)*2('69*)-+#!8*$&!&)-+-1&1*!1&!&+&$-&U<#!O'*!(-()*,&)-H&!&(!82#82-*1&1*(!1&!&2)*!*!&#!,*(,#!)*,8#! ,#()2&!&(!('&(!O'&$-1&1*(!*!(-@.-4%&U^*(!.&!-.)*2&U<#!(#%-&$:!nBo#69*%)-E*!1*!$&!%2-)-O'*!JpN!.o*()!8&(!1*! 820%=*2!$*(!%#.+*2)-(3!,&-(!1o#'+2-2!1*!.#'+*&'Q!=#2-H#.(b!Jaq9@&&21!KLLe\KrMN:!?()&!8*2(8*)-+&!.<#!(*! distingue da tese 1, formulada por Rorty:
ns*!(=#'$1!.#)!)2D!)#!1*4.*!n)=*!=',&.-)-*(b!6D!&(f-.@!F=&)!)=*!=',&.-)-*(!1*8&2),*.)(! share which distinguishes them from the rest of the university. The interesting dividing line is, instead, one that cuts across departments and disciplinary matrices. It divides people busy conforming to well-understood criteria for making contributions to knowledge from people trying to expand their own moral imaginations. These latter people read books in order to enlarge their sense of what is possible and important—either for themselves as individuals or E#2!)=*-2!(#%-*)D:!i&$$!)=*(*!8*#8$*!)=*!n=',&.-()-%!-.)*$$*%)'&$(:b!
Jk#2)D!tKLuLv\!KN!
!*.(-.#!1&!&2)*!8#1*!&9'1&2!&!O'*!n)=*!,#2&$!%#.(%-#'(.*((!#E!*&%=!.*F!@*.*2&)-#.!-(!($-@=)$D!1-EE*-2*.)!E2#,!)=&)!#E!)=*!82*+-#'(!@*.*2&)-#.b!J)*(*!eN:!a*()*!(*.)-1#!J)*(*!KXN3!&42,&!k#2)D3!7!.*%*((V2-#! O'*!#!82#E*((#2!)2&6&$=*!%#,!#(!&$'.#(!#(!$-+2#(!*!4$,*(!O'*!#!,#+*2&,!*!,'1&2&,!&!('&!+-1&:!?((*!7! um horizonte aberto à possibilidade de fazer da sociedade humana um lugar mais acolhedor para toda a humanidade.
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