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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Saúde e nos Serviços Farmacêuticos do Hospital de Barcelona

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Academic year: 2021

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D E EST Á GI O

M

2016- 17

REALIZADO NO ÂMBITO DO MESTRADO INTEGRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Farmácia Saúde

(2)

I

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Saúde

Maio de 2017 a Agosto de 2017

Marta Sofia Gonçalves da Silva

Orientador: Dr.(a) Alexandra Nobre Moreira _____________________

Tutor FFUP: Prof. Doutor (a) Maria Beatriz Vasques Neves Quinaz Garcia Guerra Junqueiro

_____ ________________________

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II

DECLARAÇÃODEINTEGRIDADE

Eu, Marta Sofia Gonçalves da Silva, abaixo assinado, nº 201207610, aluna do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele).

Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, de de 2017. Assinatura: ___________________________________________ (Marta Sofia Gonçalves da Silva)

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III

ÍNDICE

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE ... II ÍNDICE ... III AGRADECIMENTOS ... V RESUMO ... VI ÍNDICE DE ABREVIATURAS ... VII ÍNDICE DE FIGURAS ... VIII ÍNDICE DE TABELAS ... IX

PARTE I- ESTÁGIO NA FARMÁCIA SAÚDE ... 1

1. INTRODUÇÃO ... 1

2. APRESENTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA FARMÁCIA SAÚDE ... 1

2.1. Localização e horário de funcionamento ... 1

2.2. Espaço físico e funcional ... 1

2.3. Recursos humanos ... 3

2.4. Caraterização dos utentes ... 3

3. GESTÃO DA FARMÁCIA ... 4 3.1. Sistema informático ... 4 3.2. Gestão de stocks ... 4 3.3. Aquisição de produtos ... 4 4. ENCOMENDAS E APROVISIONAMENTO ... 4 4.1. Realização de Encomendas ... 4

4.2. Receção e conferência de encomendas ... 5

4.3. Marcação de preços ... 6

4.4. Armazenamento ... 6

4.5. Propriedade de utente e reservados ... 6

4.6. Empréstimo a farmácias ... 7

4.7. Controlo dos prazos de validade e Devoluções ... 7

5. DISPENSA DE MEDICAMENTOS ... 8

5.1. Medicamentos sujeitos a receita médica ... 8

5.2. A receita médica ... 9

5.3. Dispensa e aconselhamento farmacêutico ... 9

5.4. Regime de comparticipação de medicamentos ... 10

5.5. Medicamentos genéricos ... 11

5.6. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes ... 11

5.7. Conferência de receituário e faturação ... 11

5.8. Medicamentos não sujeitos a receita médica e automedicação ... 12

6. DISPENSA DE OUTROS PRODUTOS FARMACÊUTICOS ... 12

(5)

IV

6.2. Medicamentos e produtos veterinários ... 13

6.3. Produtos cosméticos e de higiene corporal ... 13

6.4. Produtos de puericultura ... 13

6.5. Produtos fitoterápicos ... 14

6.6. Suplementos alimentares ... 14

6.7. Produtos dietéticos e de alimentação especial ... 14

6.8. Medicamentos e produtos homeopáticos ... 14

6.9. Dispositivos médicos ... 15

7. CASOS PRÀTICOS ... 15

8. SERVIÇOS PRESTADOS PELA FARMÁCIA ... 16

8.1. Pressão arterial e pulsação ... 16

8.2. Determinação de parâmetros bioquímicos ... 17

8.3. Outros serviços ... 17

9. GESTÃO DE RESÍDUOS ... 17

10. FORMAÇÕES ... 17

PARTE II- PROJETOS DESENVOLVIDOS ... 18

1. INTERVENÇÃO DO FARMACÊUTICO COMUNITÁRIO NA UTILIZAÇÃO ADEQUADA DE ANTIBIÓTICOS ... 18 1.1. Enquadramento... 18 1.2. Introdução ... 18 1.3. Objetivo ... 24 1.4. Metodologia ... 24 1.5. Discussão e conclusão ... 24

2. INTERVENÇÃO DO FARMACÊUTICA NA COMUNIDADE ESCOLAR-OBESIDADE ... 25

2.1. Enquadramento... 25

2.2. Introdução ... 26

2.3. Objetivo ... 31

2.4. Metodologia ... 31

2.5. Discussão e Conclusão ... 31

3. ESTUDOS DE CASO: A IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO DO FARMACÊUTICO COMUNITÁRIO ... 32

3.1. Enquadramento... 32

3.2. Introdução ... 33

4. OUTRAS ACTIVIDADES REALIZADAS NA FARMÁCIA SAÚDE ... 39

BIBLIOGRAFIA ... 41

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V

AGRADECIMENTOS

Gostaria de deixar o meu sincero OBRIGADO:

À Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e a todos os professores, pelos ensinamentos e experiências partilhadas que, sem dúvida, me permitiram a construção de bases sólidas para uma aprendizagem que continua para toda a vida. A toda a comissão de Estágios pela dedicação e profissionalismo com que realizam o seu trabalho.

A toda a equipa de profissionais da Farmácia Saúde pela forma carinhosa como me receberam, pela paciência e generosidade e pela disponibilidade demonstrada para me ajudar e ensinar. Proporcionaram-me uma experiência incrível a todos os níveis, que me tornou uma profissional mais responsável, confiante e preparada para enfrentar os futuros desafios que a vida me reserva.

Á minha tutora da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, a Professora Beatriz Quinaz por todo o apoio e ajuda durante o meu estágio e pelas suas valiosas dicas na elaboração do presente relatório.

Por último, quero agradecer à minha família por terem sido sempre uma fonte de motivação. Principalmente aos meus pais. Não há palavras para descrever a quão lhes estou agradecida por tudo aquilo que fizeram e fazem, diariamente, por mim. O meu muito obrigado por toda a confiança, paciência, dedicação que depositaram em mim ao longo de todos estes anos. Mas, acima de tudo, obrigado por serem o exemplo de que com trabalho e dedicação tudo se alcança. É graças a vocês e aos valores que me transmitiram, que sou, hoje, uma pessoa melhor e que tento melhorar a cada dia.

E aos meus amigos que comigo partilharam estes anos e que os tornaram, sem dúvida alguma, inesquecíveis. Obrigado por todos os sorrisos, risos, lágrimas, palavras de consolo, ensinamentos… Obrigado pela vossa constante presença.

A, todos, muito OBRIGADO! Marta Silva

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VI

RESUMO

O estágio profissionalizante em Farmácia Comunitária representa o primeiro contacto com o exercício da profissão. Uma etapa de consolidação de todos os conhecimentos adquiridos ao longo do curso. Para além da aplicação de conhecimentos teóricos, o estágio curricular permitiu-me desenvolver a componente social e humana associada ao exercício da profissão farmacêutica. Realizei o meu estágio curricular com duração de 4 meses (Maio-Agosto) na Farmácia Saúde, onde fui recebida por uma equipa de profissionais com forte sentido de responsabilidade social e profissional que me ensinaram com rigor as várias atividades que integram o exercício de farmacêutico.

O relatório encontra-se dividido em duas partes. Na primeira parte encontram-se sumariadas as atividades realizadas durante os quatro meses de estágio curricular na Farmácia Saúde, as aptidões e conhecimentos adquiridos bem como a caraterização do funcionamento da farmácia comunitária e o papel do farmacêutico.

Na segunda parte encontram-se descritos os temas que desenvolvi no meu estágio no âmbito da valorização da atividade farmacêutica. Para cada tema planeado é apresentado o seu enquadramento, a fundamentação teórica e a forma como foram desenvolvidos.

O primeiro tema abordado é referente à intervenção do farmacêutico comunitário na utilização adequada de antibióticos. A ideia deste tema surgiu porque fui frequentemente confrontada com utentes que mostravam um grande desconhecimento quanto ao uso e eficácia dos antibióticos, assim como da atual problemática associada à resistência a estes medicamentos, fruto da sua utilização excessiva e muitas vezes inadequada. Intervi, promovendo o uso adequado dos antibióticos, através da transmissão oral e escrita de informação, contribuindo para o combate à resistência bacteriana.

O segundo tema abordado diz respeito à obesidade. A obesidade é uma doença crónica cuja prevalência tem aumentado nos últimos anos e que constitui um sério problema de saúde pública da atualidade. Neste âmbito, tive a oportunidade de me deslocar a uma centro social e realizar uma breve apresentação para crianças e respetivos pais/encarregados de educação, abordando o conceito de obesidade, as comorbilidades a ela associadas e hábitos de vida saudáveis que devem ser adotados no sentido de prevenir e combater esta doença.

A ideia do terceiro tema abordado no relatório é resultado do tempo que passei no atendimento ao balcão, onde me deparei com situações de utentes polimedicados com problemas na conciliação da informação que garante o correto uso dos medicamentos e com situações de uso indiscriminado e inadequado de medicamentos. Estas situações obrigaram-me a recorrer por diversas vezes à ajuda dos profissionais da Farmácia Saúde e a desenvolver estratégias e capacidades de comunicação que me permitissem ultrapassar as dificuldades.

Relato ainda algumas das atividades desenvolvidas na Farmácia Saúde durante o meu período de estágio e onde considero que tive uma participação ativa importante e que contribuíram para adquirir conhecimentos e competências úteis para o futuro da minha atividade profissional.

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VII

ÍNDICEDEABREVIATURAS

BPF - Boas Práticas de Fabrico

DCI – Designação Comum Internacional PVF – Preço de Venda à Farmácia PVP – Preço de Venda a Público CNP – Código Nacional Português ANF – Associação Nacional de Farmácias AFP- Associação de Farmácias de Portugal CCF – Centro de Conferência de Faturas SNS – Sistema Nacional de Saúde PNV – Programa Nacional de Vacinação IVA – Imposto de Valor Acrescentado MG – Medicamento Genérico

MSR – Medicamento Sujeito a Receita Médica

MNSRM – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica

MNSRM-EF – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica Exclusivo de Farmácia PA – Pressão Arterial

SAMS – Serviços de Assistência Médico Social do Sindicato dos Bancários INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I. P. OMS – Organização Mundial de Saúde

ONU – Organização das Nações Unidas

IMC – Índice de Massa Corporal

HTA – Hipertensão Arterial

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VIII

ÍNDICEDEFIGURAS

Figura 1. Mecanismo de ação dos diversos antibióticos ……….. 19

Figura 2.

Gráfico representativo do tempo entre a descoberta e o desenvolvimento de resistências aos antibióticos ……….. 19

Figura 3. Previsão de mortalidade anual atribuível à resistência a antibióticos em 2050 ……… 20

Figura 4. Mecanismo de resistência bacteriana aos antimicrobianos ……….. 21

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IX

ÍNDICEDETABELAS

Tabela 1. Classificação da obesidade no adulto em função do IMC e risco de comorbilidades...……….. 27

Tabela 2.

Circunferência da cintura e risco de complicações metabólicas ……… 28 Tabela 3. Comorbilidades associadas à obesidade ………..……… 29 Tabela 4. Categorias e exemplos de constituintes encontrados em suplementos alimentares para a perda de peso ………. 31 Tabela 5. Resumo da medicação atual do utente em questão ………....……….. 35 Tabela 6. Serviços disponíveis na Feira da Saúde ………… ………....……….. 39

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1

1. INTRODUÇÃO

O farmacêutico, à semelhança de outros profissionais de saúde, possui uma profissão ao serviço da comunidade. Este facto é particularmente evidente na farmácia comunitária, por ser a área de atividade do farmacêutico onde há uma maior proximidade ao utente, o que requer maior cuidado, deontologia e exigência.

A promoção da saúde na população pelos farmacêuticos ao nível das farmácias comunitárias afirma-se cada vez mais como sendo um ato imprescindível e de grande impacto no sistema de saúde. Desta forma, o ato de dispensa do medicamento compreende atividades tais como: educação e aconselhamento do doente, garantindo que o este tem uma atitude responsável, consciente e informada perante o medicamento.

No final de cinco anos de um ciclo de estudos no Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas através de formação que constitui a base da minha construção enquanto farmacêutica, chega a hora em que todo o conhecimento e competências adquiridas são postas à prova, pela realização de um estágio curricular em Farmácia Comunitária. Encarei este desafio com bastante entusiasmo, primeiro porque se trata de uma etapa de constante aprendizagem e aplicação de conhecimentos, e, em segundo lugar porque permite entender a realidade e a importância da Farmácia Comunitária, tornando o farmacêutico não apenas um especialista do medicamento, mas também um agente de saúde pública por excelência, cujo objetivo final é sempre o doente.

Realizei o meu estágio na Farmácia Saúde, onde toda a equipa de profissionais me proporcionou um estágio bastante enriquecedor e de contínua aprendizagem.

Com este relatório pretendo descrever as diferentes tarefas quotidianas de uma farmácia comunitária, todas as atividades por mim realizadas e sintetizar todo o conhecimento que me foi transmitido pela equipa de profissionais da Farmácia Saúde.

2. APRESENTAÇÃOEORGANIZAÇÃODAFARMÁCIASAÚDE

2.1. LOCALIZAÇÃO E HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

A Farmácia Saúde encontra-se aberta ao público desde 13 de Abril de 1938. Em 1982 foi adquirida pela Dr.ª Maria Margarida Barros Nobre Moreira, que assumiu a sua direção técnica até aos dias de hoje.

Situada na Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, número 689, freguesia de Paranhos, cidade do Porto, a sua localização privilegiada junto ao metro dos Combatentes permite um fácil acesso por parte dos utentes. É facilmente identificada não só pela sua designação comercial “logotipo” com o seu nome, como pela “cruz verde” que se acende sempre que a farmácia está em funcionamento tornando-se visível e ao alcance de todos os transeuntes.

A farmácia Saúde encontra-se aberta ao público de segunda a sexta-feira das 9:00h às 19:15h e sábado das 9:00h às 13:00h. Para além deste horário de funcionamento regular, quando a farmácia se encontra destacada como farmácia de serviço, esta mantém-se em funcionamento ininterruptamente, desde a hora de abertura até à hora que encerra no dia seguinte. A partir das 24:00h os utentes não acedem ao interior da farmácia, sendo o serviço assegurado pelo postigo que garante a segurança do profissional designado a realizar esse serviço.

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De acordo com as Boas Práticas Farmacêuticas (BPF) e com o artigo 29º do D.L. n.º 307/2007, de 31 de agosto, a Farmácia Saúde dispõe de instalações que garantem a segurança, conservação e preparação dos medicamentos, mas também a acessibilidade, comodidade e privacidade dos utentes e do respetivo pessoal [1].

Assim, no que diz respeito à organização da farmácia, esta está dividida em zonas distintas: zona de atendimento aos utentes, zona de receção de encomendas, armazém, gabinete para atendimento diferenciado, laboratório e duas instalações sanitárias.

A zona de atendimento aos utentes é uma divisão ampla, devidamente iluminada e ventilada com mobiliário simples e funcional e com cinco postos de atendimento. Um destes postos situa-se mais próximo da entrada e é utilizado essencialmente para aconselhamento de produtos cosméticos. Os restantes possuem uma distância suficiente para garantir a privacidade dos utentes, tendo cada um, um computador, uma impressora, um leitor ótico de código de barras e um terminal multibanco. Para que o atendimento seja ordeiro e organizado existe um sistema de senhas. A complementar a zona de atendimento encontram-se vários expositores e lineares com produtos de cosmética e higiene corporal, capilares, buco-dentários e puericultura de marcas como: Caudalie®, Lierac®, Filorga®, Vichy®, Roche-Posay®, Avène®, Uriage®, A-Derma®, Klorane®, René Furterer®, Phyto®, ISDIN®, Chico® entre outras, divididos por marca e devidamente sinalizados. Os produtos expostos variam consoante a altura do ano e a sua exposição deve cativar o cliente, dando-se destaque a campanhas promocionais realizadas pelos laboratórios.

Fora do alcance dos utentes, nas prateleiras que se encontram atrás dos postos de atendimento estão expostos produtos de venda livre para vários fins, nomeadamente: suplementos alimentares, medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), produtos dietéticos e produtos veterinários, que vão sendo adaptados à sazonalidade, à quantidade existente e à necessidade de escoamento. Na área de atendimento existe ainda um televisor, algumas cadeiras de espera e uma máquina automática para medição da pressão arterial (PA) e outra para medição do peso e altura com determinação do índice de massa corporal, acessíveis a toda a comunidade. Também nesta zona encontra-se o gabinete de atendimento personalizado, no qual se realizam os serviços de saúde complementares, nomeadamente determinação dos parâmetros bioquímicos e fisiológicos e a administração de medicamentos e vacinas não incluídas no Programa Nacional de Vacinação (PNV). Este espaço permite, sempre que necessário, um diálogo mais confidencial e reservado entre o farmacêutico e o utente e, ocasionalmente, permite a realização de rastreios e de consultas de nutrição.

A área de receção de encomendas, como o nome indica é o local da Farmácia onde se dá a confirmação e a receção de encomendas que chegam à Farmácia Saúde oriundas dos vários fornecedores. Para auxiliar esta tarefa, existe um computador, uma impressora de etiquetas e um leitor ótico de código de barras. É também aqui que se situa a impressora da Farmácia, que é crucial para a atividade diária da mesma.

Após a receção das encomendas, segue-se o armazenamento dos medicamentos e produtos farmacêuticos. Este tem em conta a sua forma farmacêutica e a sua dosagem, sendo estes organizados por ordem alfabética de designação comum internacional (DCI) ou nome comercial. O armazenamento deve garantir que os produtos que chegam primeiro à farmácia e/ou cujo prazo de validade seja mais curto sejam primeiramente expedidos.

A Farmácia Saúde possui um sistema de gavetas deslizantes, onde são armazenados os comprimidos e cápsulas, os colírios, os produtos destinados a aplicação auricular e nasal, os medicamentos para uso retal e vaginal, os injetáveis, os produtos de protoloco da Diabetes, as soluções orais, os xaropes e suspensões orais, as ampolas, os pós e granulados, as preparações para uso cutâneo e os suplementos alimentares. Devido à sua elevada rotação, medicamentos como o Ben-uron®/Paracetamol, as benzodiazepinas: Lexotan® e Lorenin® e a

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Aspirina® possuem uma gaveta exclusiva. Para além disso, existem também prateleiras que contêm papas e leites, dispositivos médicos e alguns excessos de produtos das gavetas deslizantes, todos eles devidamente separados e sinalizados.

O laboratório da Farmácia Saúde destina-se à preparação de medicamentos manipulados. Por esse motivo, o material de laboratório, as substâncias ativas e as matérias-primas encontram-se aqui armazenados. É também aqui que se encontra o cofre com os psicotrópicos e os estupefacientes e o frigorífico destinado ao armazenamento de produtos termolábeis, como vacinas, insulinas, colírios e injetáveis.

A manutenção do bom estado de conservação dos medicamentos e dos produtos farmacêuticos é também uma obrigatoriedade, pelo que existe na Farmácia Saúde um sistema de registo de temperatura e humidade.

2.3. RECURSOS HUMANOS

Para que a Farmácia tenha um desempenho e funcionamento diário exemplar é necessário que na sua composição existam profissionais com funções e responsabilidades distintas, que trabalhem para o mesmo objetivo de forma integrada, proporcionando um bom atendimento e prestação de cuidados ao utente. Como anteriormente mencionado, a Farmácia Saúde é propriedade da Dr.ª Maria Margarida Barros Nobre Moreira, que ocupa também o cargo de Diretora-Técnica. Nesta equipa de profissionais fazem também parte mais 4 farmacêuticos, 2 Técnicos de Farmácia, 1 Técnica Auxiliar de Farmácia e 2 Responsáveis pela limpeza da farmácia. Cada um dos seus profissionais possui um conjunto de tarefas específicas que são executadas com rigor e profissionalismo, de modo a garantir a eficácia, eficiência, segurança e qualidade do circuito do medicamento, demonstrando todos uma grande preocupação ao nível do acompanhamento do utente, educando-o, aconselhando-o e esclarecendo de forma clara todas as suas dúvidas.

2.4. CARATERIZAÇÃO DOS UTENTES

A Farmácia Saúde encontra-se localizada numa zona residencial, que é também uma zona de passagem para as pessoas apanharem os transportes públicos, o que faz com que o tipo de utentes que se dirigem à farmácia seja um grupo muito heterogéneo, contudo o número de utentes habituais é significativamente superior ao número de utentes esporádicos. A faixa etária é muito diversificada sendo a população idosa que se destaca pela maior frequência na farmácia.

Os utentes são a principal razão pela qual a equipa desta Farmácia trabalha com grande profissionalismo e entusiasmo, esforçando-se para esclarecer pontos relativos à medicação prescrita, promover o uso racional dos medicamentos, a adesão à terapêutica e aconselhar relativamente aos produtos mais indicados. Desta forma, o receituário e as solicitações que se observam são de carácter diverso, originando uma dispensa variável em termos de especialidades farmacêuticas.

Dada a fidelização dos utentes habituais, a Farmácia Saúde possuí no sistema informático a "ficha de cliente", na qual constam: os dados pessoais do utente, o registo de toda a medicação que o utente faz e fez e poderão também ainda ser anotados aspetos relevantes ao atendimento, como por exemplo o registo de alguma doença ou alergia a determinadas substâncias. Esta ficha permite auxiliar o farmacêutico no atendimento, personalizando-o e proporcionando a todos os profissionais da farmácia o acesso à mesma informação referente ao utente em questão, aumentando a relação de confiança entre o utente e o profissional de saúde.

A Farmácia Saúde apresenta um cartão de fidelização, que possibilita o acesso a descontos, atraindo desta forma os clientes e fidelizando-os à farmácia. Os clientes que possuem este cartão ganham pontos na compra de medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), produtos de cosmética e higiene corporal e

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posteriormente podem descontá-los numa das compras seguintes. O sistema informático implementado na farmácia permite a visualização dos pontos que o cliente possui e permite o seu desconto no momento da venda.

3. GESTÃODAFARMÁCIA

3.1. SISTEMA INFORMÁTICO

A gestão aliada à informatização constitui um meio essencial para qualquer sistema organizado e, com os avanços da tecnologia houve a necessidade por parte das farmácias comunitárias de recorrerem à mesma, tornando o seu funcionamento mais rápido e eficiente.

O sistema informático adotado na Farmácia Saúde como ferramenta de trabalho é o programa 4DigitalCare®. O 4DigitalCare® encontra-se instalado em todos os computadores da farmácia e é uma ferramenta de trabalho muito útil na execução de grande parte das tarefas diárias, sendo uma ferramenta essencial para o bom funcionamento da farmácia e fulcral no desempenho das funções do farmacêutico comunitário. A sua instalação veio agilizar o atendimento ao público, o acesso ao histórico de vendas, o registo dos utentes da farmácia, a receção de encomendas, a realização de devoluções, a gestão de produtos e stocks, o agendamento de serviços da Farmácia, a realização de reservas e o controlo dos prazos de validade.

3.2. GESTÃO DE STOCKS

A correta e organizada gestão de stocks, a qual normalmente está a cargo de um farmacêutico responsável, é uma das mais importantes premissas para a sustentabilidade de uma farmácia. Uma gestão de stocks eficaz pressupõe a existência de todos os produtos farmacêuticos em quantidade adequada às necessidades da farmácia com o menor custo e no menor tempo possível, evitando situações de rutura ou excesso de stock, de forma a poder satisfazer as necessidades dos utentes.

O sistema informático é uma ferramenta muito útil neste contexto, permitindo definir um stock mínimo e um stock máximo para cada produto de forma a evitar a retenção do produto e, simultaneamente, evitar a rutura de stock.

É a gestão em tempo real dos stocks da farmácia que permite que a farmácia colmate as suas faltas para ter o produto disponível para o utente sempre que necessário.

3.3. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS

A aquisição de qualquer produto depende de vários critérios, nomeadamente da rotatividade, da sazonalidade e do preço de custo, tendo em vista a rentabilização de stocks. O aprovisionamento de matérias-primas/medicamentos/produtos farmacêuticos pode ser feito a distribuidores grossistas/ armazenistas e diretamente aos laboratórios ou seus representantes legais. A seleção de fornecedores é feita tendo em conta diversos fatores, nomeadamente preço, bonificações, descontos, prazos de entregas, entre outros.

Como a Farmácia saúde é uma start-up do Grupo Holon, que é uma rede nacional de farmácias, independentes e autónomas que partilham uma mesma marca, imagem e forma de estar e ser Farmácia, beneficia, essencialmente, das vantagens comerciais de compra dos produtos do portefólio do Grupo, conseguindo bonificações nos produtos, com os quais trabalha habitualmente, sem o empate de capital que a compra direta aos laboratórios implica.

4. ENCOMENDASEAPROVISIONAMENTO

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A Farmácia Saúde trabalha com cinco distribuidores grossistas, o principal é a OCP Portugal, seguindo-se a Empifarma, Cooprofar, Alliance Healthcare e Udifar. Os distribuidores grossistas são os principais fornecedores das farmácias pois comercializam uma vasta gama de produtos e oferecem um serviço rápido e efetivo. Não é dada exclusividade a um fornecedor, para que exista um termo de comparação constante das condições oferecidas e para que seja mais fácil suprir as necessidades do utente no caso de um produto estar esgotado.

Sempre que um produto se encontra abaixo do stock mínimo estabelecido pela farmácia, o sistema informático propõe-no, automaticamente, para encomenda. A cada produto está associado um fornecedor pré-definido, mas caso haja vantagens comerciais esse fornecedor pode ser alterado por outro. A encomenda é, assim, automaticamente, gerada, sendo criteriosamente analisada e validada por um farmacêutico responsável. Nesta validação é tido em conta a rotatividade do produto, a sazonalidade, o número de vendas, as campanhas publicitárias alusivas ao mesmo, o espaço disponível na farmácia para o seu armazenamento, o tempo de entrega e as vantagens financeiras inerentes, de que são exemplo bonificações, prazos de pagamento alargados ou descontos diretos.

Além das encomendas diárias, que têm como principal objetivo repor o stock pelo menos nivelado ao stock mínimo para que disponibilidade de produtos esteja sempre assegurada, existem situações de pedidos pontuais, quando o produto não existe na farmácia ou é de entrega urgente, o que implica a comunicação via telefone com o respetivo fornecedor ou através do 4DigitalCare® (encomendas instantâneas), sendo entregues no horário de entrega mais próximo.

O facto de os fornecedores permitirem a realização de encomendas ao longo do dia, via telefónica ou gadjet (via informática), de produtos que não se encontram em stock ou na encomenda diária permite suprir os pedidos dos utentes no próprio dia.

Realizam-se encomendas diretas ao laboratório ou seus representantes quando os laboratórios oferecem condições especiais economicamente vantajosas para a farmácia, nestas compras as quantidades são padronizadas e geralmente, elevadas, por este motivo a farmácia só tem interesse em adquirir o produto se este for escoado facilmente e vendido em grandes quantidades, porém o aprovisionamento é mais demorado.

4.2. RECEÇÃO E CONFERÊNCIA DE ENCOMENDAS

Tal como a elaboração da encomenda, a sua receção e respetiva conferência são passos de extrema importância na boa gestão e racionalização dos medicamentos.

A receção das encomendas e a respetiva confirmação são efetuadas logo após a sua entrega por parte dos fornecedores. Estes fazem-se acompanhar dos respetivos produtos encomendados, devidamente acondicionados em contentores específicos ("banheiras"), em caixas de cartão ou em contentores térmicos, no caso dos produtos que necessitam de conservação a temperaturas entre os 2- 8ºC. Cada encomenda vem acompanhada da respetiva guia de remessa ou fatura e respetivo duplicado, na qual constam as seguintes informações: identificação da farmácia e do fornecedor; número da fatura; designação individual de cada produto e Código Nacional Português (CNP); quantidades pedidas e enviadas; preço de venda à farmácia (PVF), imposto sobre o valor acrescentado (IVA) e preço de venda ao público (PVP), se aplicável; eventuais bonificações; e valor total da encomenda. No caso de existirem encomendas de psicotrópicos ou estupefacientes, as faturas são ainda acompanhadas pelas guias de requisição destes produtos, com um número correspondente, devidamente assinada e autenticada.

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É possível iniciar a receção das encomendas através do 4DigitalCare®, fazendo a leitura do código de barras de cada produto, que pode ser o CNP, código atribuído pela associação Nacional de Farmácias (ANF), ou por um código interno atribuído aleatoriamente pelo sistema informático, no caso de o produto não ter nenhum CNP atribuído.

Todos os parâmetros da fatura são verificados, bem como o estado de conservação dos produtos adquiridos. Os produtos de frio, psicotrópicos e estupefacientes são os primeiros a serem rececionados, conferidos e armazenados. No final da introdução de todos os produtos entregues confirma-se se o valor faturado e o número total de unidades coincidem com o valor que o 4DigitalCare® exibe. Depois de confrontados os dados, a encomenda é finalizada com a introdução do número da fatura e a data da mesma, sendo o documento arquivado. Durante a conferência das encomendas, se se detetar inconformidades, estas são comunicadas ao fornecedor sob forma de reclamação.

É ainda necessário ter em atenção os produtos que são retirados do mercado ou cujo CNP é alterado, pois nesses casos é necessário aceder à ficha do produto e colocar o stock mínimo e máximo a zero ou inativar o produto para que o sistema informático não o volte a pedir.

A receção e verificação de encomendas constituíram a primeira fase do meu estágio, que me permitiu o contacto inicial com todos os produtos disponíveis na farmácia e a relação com nomes comerciais, essencial para me integrar na dinâmica da gestão de stocks e, posteriormente, no atendimento ao público.

4.3. MARCAÇÃO DE PREÇOS

Alguns MNSRM, bem como outros produtos de saúde tais como os produtos de cosmética, higiene oral, puericultura, fitoterápicos, dietéticos, leites e farinhas, dispositivos médicos, alguns medicamentos de veterinárias, entre outros, são produtos em que o PVP não se encontra discriminado na cartonagem, sendo necessária a sua marcação. Assim sendo, é a farmácia que define o PVP, tendo em conta a margem de lucro que se pretende para a farmácia, que varia consoante o tipo de produto, o custo da aquisição e o IVA. O 4DigitalCare® faz o cálculo automático do PVP, após introdução do preço de custo e da margem que pretendemos. As etiquetas que irão marcar esses produtos são impressas e nelas podemos encontrar o código de barras, a designação do produto, o preço, o IVA e o código CNP.

4.4. ARMAZENAMENTO

Após a receção e conferência da encomenda, procede-se ao armazenamento dos produtos que deverá obedecer a determinadas condições de conservação, nomeadamente temperatura, iluminação e humidade, de forma a garantir a qualidade dos produtos. Por outro lado, uma boa organização dos produtos torna o atendimento mais rápido e eficaz.

A par da receção e conferência de encomendas, o armazenamento foi uma das primeiras tarefas que desenvolvi durante o meu estágio. Esta fase foi de extrema importância pois permitiu-me conhecer a organização da Farmácia Saúde e dos produtos garantindo, mais tarde, um atendimento mais eficiente ao utente.

4.5. PROPRIEDADE DE UTENTE E RESERVADOS

Por vezes, os utentes podem solicitar um produto/medicamento que a farmácia não possui ou um produto/medicamento que a farmácia não possui naquele momento por apresentar baixa rotatividade e a sua venda não ser garantida ou ainda solicitar um produto/medicamento que já foi vendido nesse dia. Nestes casos,

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e se utente assim o entender, procede-se a um pedido imediato, por telefone ou por gadget, para garantir que o produto/medicamento em causa chega com a maior rapidez possível.

De modo a facilitar a organização da farmácia faz-se uma reserva, informaticamente, recorrendo às potencialidades do programa 4DigitalCare®, para que seja mais fácil quer a arrumação após a chegada do produto, quer a sua procura quando o utente o for levantar. Aquando da realização da reserva é emitido um documento, o qual é entregue ao utente e que serve de comprovativo, onde consta o nome do utente e respetivo número de cliente (quando aplicável), a designação do produto e número de embalagens e a indicação se o produto se encontra pago ou não e o qual terá que apresentar quando for levantar o produto à farmácia. Caso o utente deixe o produto pago este é ”propriedade de utente” e é colocado na gaveta dos produtos “pagos”, se, por outro lado o produto não se encontra pago é guardado numa prateleira destinada para o efeito. Juntamente com estes produtos é colocado um documento idêntico ao entregue ao utente no qual consta a informação adicional de que a reserva se encontra satisfeita, este documento é emitido aquando da satisfação da reserva, ou seja aquando da receção do produto. Sempre que a reserva é satisfeita é enviada uma mensagem ao utente dando a indicação de que o produto já se encontra disponível.

Durante o período de estágio tive a oportunidade de realizar muitas vezes a separação dos produtos reservados colocando-os em local próprio devidamente identificados e organizados. Esta tarefa é extremamente importante na medida em que minimiza a ocorrência de equívocos e garante a entrega do produto ao utente assim que solicitado.

4.6. EMPRÉSTIMO A FARMÁCIAS

Sempre que um determinado medicamento ou produto de saúde é necessário com urgência e não se encontra disponível na farmácia e no mercado ou a sua entrega é demorada pode recorrer-se aos empréstimos entre farmácias. A devolução é feita com um medicamento igual ou com o mesmo princípio ativo e de valor aproximado.

Geralmente, na Farmácia Saúde recorremos às farmácias que se localizam mais próximas, de forma, a mais rapidamente conseguirmos o produto pretendido.

4.7. CONTROLO DOS PRAZOS DE VALIDADE E DEVOLUÇÕES

É o controlo dos prazos de validade dos medicamentos e produtos de saúde que permite assegurar o princípio mais importante da cedência de medicamentos e produtos de saúde, que é sua dispensa em condições adequadas de utilização – a qualidade, segurança e eficácia. O desempenho desta função é de extrema importância para a gestão e bom funcionamento da farmácia no âmbito da segurança dos medicamentos. Um correto controlo evita ruturas de stock e perdas financeiras para a farmácia.

Este controlo pode ser efetuado em dois momentos: diariamente quando é rececionada um nova encomenda e periodicamente quando é impressa a listagem para controlo dos prazos de validade de todos os produtos na farmácia. Aquando da receção das encomendas, todos os prazos de validade ficam registados no sistema informático 4DigitalCare®, que no fim de cada mês, emite uma lista dos produtos cujo prazo de validade expira dentro de quatro meses. Com o auxílio desta lista, todos os produtos que se encontram nesta situação, são recolhidos e colocados numa prateleira para o efeito, de forma a se encontrarem à vista de todos e, quando possível, serem dispensados ao utente em tempo útil. Quando esta dispensa não é possível, um mês antes do fim da validade, são devolvidos ao fornecedor juntamente com uma nota de devolução.

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A referência destes produtos permite que quando a devolução é aceite seja emitida uma nota de crédito à farmácia, a qual será regularizada, pelo que o valor desse produto não se perde, evitando uma quebra. Quando a devolução não é aceite é efetuada a quebra do produto no stock, o que representa um prejuízo direto para a farmácia.

As devoluções são feitas, por motivo de prazo de validade, mas também, sempre que, o produto não chega conforme, é pedido indevidamente, um produto faturado não é enviado ou quando é gerada uma circular de retirada de produtos do mercado pelo INFARMED.

O 4DigitalCare® permite a gestão de devoluções, sendo que a nota de devolução deve conter a identificação da farmácia, nome comercial do produto e respetivo código, a quantidade do produto e o motivo da devolução. O produto é devolvido com dois exemplares da nota de devolução, ficando um terceira cópia arquivada na farmácia.

No caso do não envio de um produto faturado deve proceder-se ao contacto, via telefónica, do fornecedor e proceder à reclamação, que terá um número associado. Neste caso, o fornecedor aceitando a devolução pode regularizá-la através da emissão de uma nota de crédito desse produto, que é enviada posteriormente, ou, pode solicitar-se o envio do produto em falta, que é enviado faturado na encomenda seguinte. No que diz respeito aos estupefacientes e psicotrópicos e aos produtos de frio o processo é o mesmo, no entanto os produtos do frio a devolver devem ser retirados para um contentor que garanta o mesmo circuito de frio e os psicotrópicos e estupefacientes devem ser armazenados à parte de todos os outros.

5. DISPENSADEMEDICAMENTOS

A dispensa de medicamentos é a atividade mais importante do ato profissional do farmacêutico ao nível da Farmácia Comunitária, quer pela sua versatilidade e complexidade, mas também pela responsabilidade que o farmacêutico assume, pois no decorrer da dispensa é possível proceder à avaliação do benefício/risco e promover o uso racional do medicamento.

A farmácia, devido à situação socioeconómica atual e dado que o farmacêutico se encontra sempre disponível para atender e fazer o aconselhamento gratuitamente, é a primeira escolha do utente para tentar resolver os seus problemas de saúde. Para nós, farmacêuticos, este momento é gratificante, já que os utentes depositam em nós muita confiança. Na altura da dispensa é muito importante o esclarecimento de todas as dúvidas, a educação e o aconselhamento do utente, porque acima de tudo deve estar o seu bem-estar do mesmo e a promoção do uso racional do medicamento.

De acordo com o Decreto-Lei nº 176/2006, de 30 de agosto, os medicamentos de uso humano podem ser classificados em medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) e MNSRM [2].

5.1. MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA

Segundo o decreto de lei nº 176/2006, de 30 de agosto, MSRM é qualquer medicamento que de forma direta ou indireta, constitua risco para a saúde do indivíduo mesmo quando utilizado de acordo com as indicações médicas ou que possa apresentar risco para a saúde do indivíduo, de forma direta ou indireta, se usado em grande quantidade e/ou para um fim terapêutico distinto daquele a que se destina [2]. Pode também ser qualquer medicamento que possua substâncias com atividades ou reações adversas que devam ser acompanhadas ou qualquer medicamento que se destine a administração por via parentérica. Todos estes motivos justificam a necessidade destes medicamentos serem de venda exclusiva em farmácias e dispensados apenas se apresentada uma receita médica válida por parte do utente.

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Os MSRM podem ainda ser subdivididos em: medicamentos de receita médica não renovável (destinados a tratamentos de curta duração, com validade de 30 dias), medicamentos de receita médica renovável (destinam-se a determinadas doenças ou a tratamentos prolongados; podem ser adquiridos sem necessidade de nova prescrição médica; a receita é composta por três vias e tem a validade de 6 meses), medicamentos sujeitos a receita médica especial (medicamentos que contenham substâncias estupefacientes ou psicotrópicas, ou medicamentos que possam criar toxicodependência em casos de uso anormal) e medicamentos de receita médica restrita (medicamentos de utilização reservada a certos meios especializados, como os medicamentos de uso exclusivo hospitalar ou em ambulatório e medicamentos destinados a patologias cujo diagnóstico é efetuado apenas em meio hospitalar).

5.2. A RECEITA MÉDICA

A aquisição de MSRM deverá realizar-se, impreterivelmente, mediante a apresentação de prescrição eletrónica ou manual. Independentemente do tipo de prescrição efetuada (manual ou eletrónica), a prescrição de fármacos deverá ser efetuada pela sua DCI, a fim de uniformizar e racionalizar a utilização dos fármacos.

Atualmente, as prescrições eletrónicas são as mais prescritas pelos profissionais de saúde e podem ser materializadas ou desmaterializadas, as quais são eletronicamente acessíveis e interpretáveis. Estas visam elevar a segurança no processo de prescrição e dispensa, facilitar a comunicação entre os diversos profissionais de saúde e agilizar processos.

Quando as receitas são prescritas manualmente estas só podem possuir uma via, cuja validade são 30 dias, e requerem uma justificação: “a) Falência do sistema informático; b) Inadaptação fundamentada do prescritor, previamente confirmada e validada anualmente pela respetiva Ordem profissional; c) Prescrição no domicílio; d) Outras situações até um máximo de 40 receitas médicas por mês.” Estas prescrições manuais apresentam especificidades relativamente à receita eletrónica, na medida em que não podem conter qualquer rasura ou caligrafia diferente e não podem ser prescritas com canetas diferentes ou a lápis. Em caso de se verificar alguma situação destas, as receitas não deverão ser aceites na farmácia, uma vez que a prescrição não será válida e, portanto, não será sujeita a comparticipação.

Para a receita, eletrónica ou manual, ser aceite na farmácia é necessário que a mesma obedeça a um conjunto de normas, estabelecidas nos artigos 9º e 11º, respetivamente, da Portaria n.º137-A/2012 de 11 de Maio [3].

5.3. DISPENSA E ACONSELHAMENTO FARMACÊUTICO

No que respeita á dispensa de medicamentos, o farmacêutico tem a responsabilidade de validar a receita, ou seja, certificar-se se a prescrição obedece às normas estabelecidas, bem como verificar possíveis interações medicamentosas, contraindicações, alergias e intolerâncias e se a posologia é adequada ao utente.

Durante a dispensa, o utente deve ser informado de quais os medicamentos disponíveis na farmácia com a mesma substância ativa, forma farmacêutica, apresentação e dosagem do medicamento prescrito, bem como sobre aqueles que são comparticipados pelo Sistema Nacional de Saúde (SNS) e o que tem o preço mais baixo disponível no mercado. Ou seja, dentro do mesmo grupo homogéneo (medicamentos com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem) a farmácia deve ter pelo menos três dos cinco preços mais baixos de cada grupo homogéneo, devendo dispensar o de menor preço, salvo se for outra a opção do doente.

Portanto, os medicamentos podem ser prescritos de duas formas distintas, por:

→ DCI: em que o utente pode optar por qualquer medicamento que apresente o mesmo CNPEM (o que corresponde à mesma DCI, forma farmacêutica, dosagem e tamanho de embalagem similares ao prescrito):

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→ Nome comercial ou do titular: neste caso o médico pode indicar, na receita, as justificações técnicas que impedem a substituição do medicamento prescrito com denominação comercial, nomeadamente: “Exceção a) - “Medicamento com margem ou índice terapêutico estreito”; “Exceção b) - Reação adversa prévia”; “Exceção c) - Continuidade de tratamento superior a 28 dias”. Neste caso, o utente pode optar por medicamentos similares ao prescrito, desde que sejam do mesmo preço ou de preço inferior.

Posteriormente à seleção do medicamento ou produto farmacêutico cabe ao farmacêutico fornecer todas as informações ao utente para uma adequada utilização, esclarecendo dúvidas sobre a posologia, oralmente e por escrito, colocando, sempre que necessário, etiquetas autocolantes nas caixas dos medicamentos com a posologia, bem como possíveis reações adversas, e condições especiais de armazenamento.

5.4. REGIME DE COMPARTICIPAÇÃO DE MEDICAMENTOS

A comparticipação é a fração do preço de um MSRM que é financiada pelo SNS ou por outras entidades com quem tenham estabelecido acordos, nomeadamente Serviços de Assistência Médico Social do Sindicato dos Bancários (SAMS), trabalhadores dos correios, EDP (Energias de Portugal), entre outros. Portanto existem utentes que beneficiam da comparticipação simultânea de dois organismos (SNS e outro), usufruindo assim de um sistema de complementaridade de entidades.

Os utentes que beneficiam de um regime de complementaridade devem apresentar o seu cartão de beneficiário para poderem usufruir da comparticipação da entidade do cartão, sendo o valor a comparticipar distribuído entre a entidade primária (SNS) e a entidade secundária (como por exemplo o SAMS). É necessário realizar uma cópia do cartão que identifica a beneficiação e anexar à cópia da receita original, por forma a faturar nos respetivos organismos de comparticipação.

A comparticipação do regime geral é assegurada pelo estado, que garante o pagamento de uma percentagem do PVP dos medicamentos consoante vários escalões. A comparticipação dos mesmos varia de acordo com a utilização do medicamento, a indicação terapêutica, o consumo acrescido para doentes que sofram de determinadas patologias e também com a entidade prescritora. No escalão A, a comparticipação é de 90%, no B é de 69%, no C é de 37% e no D é de 15% [4], [5].

Relativamente ao regime de comparticipação especial, este destina-se aos beneficiários, ou seja, aos pensionistas cujo rendimento "não exceda catorze vezes a retribuição mínima mensal garantida", bem como, ao tratamento de determinadas patologias ou grupos especiais de utentes. Quando este é aplicado a beneficiários pensionistas, consta na receita a sigla “R”, “RO” ou “RT” [6]. Por outro lado, quando este se refere a doenças específicas, a receita deve conter a letra “O” e no campo referente à designação do medicamento sujeito a comparticipação, a indicação da portaria, despacho ou decreto de lei associado. O regime especial compreende comparticipação acrescida de 5% ao escalão A e 15% aos restantes escalões [7].

Existem ainda os protocolos para a Diabetes, em que a comparticipação do estado é de 85% para as tiras-teste e de 100% para as agulhas, lancetas e seringas, para que exista um maior acesso aos mesmos por parte dos doentes [8].

Os medicamentos dispensados são registados no 4DigitalCare®, de acordo com a comparticipação correspondente, o utente paga a percentagem que não é comparticipada. No verso da receita são impressas as informações referentes ao ato de dispensa e é emitida uma fatura. A grande maioria das receitas com que contactei na Farmácia Saúde são comparticipados exclusivamente pelo SNS. No entanto, durante o meu estágio

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tive contacto com diversas outras entidades de comparticipação, como o SAMS, a CGD, os CTT ou a SAVIDA e ainda seguros particulares de saúde.

5.5. MEDICAMENTOS GENÉRICOS

Os medicamentos genéricos (MG) possuem a mesma substância ativa, forma farmacêutica, dosagem e indicação terapêutica que o medicamento de marca ou original utilizado como referência [9]. Desta forma, estes possuem a mesma eficácia e segurança que o medicamento original, com a vantagem de que são mais económicos, o que constitui uma vantagem para o acesso a medicamentos por parte das classes mais desfavorecidas.

Durante o meu estágio, quase todos os dias, fui questionada sobre os MG. Muitos utentes questionam-se sobre a sua eficácia e segurança, achando que o seu preço reduzido se deve a falta de qualidade. Assim, sempre que me deparei com esta situação, tentei esclarecer o utente para que a sua escolha fosse feita de forma mais elucidada.

Outra situação bastante comum e que requer a atenção do farmacêutico é a toma duplicada de medicamentos genéricos semelhantes, por acharem tratar-se de medicamentos distintos e a troca de medicamentos entre os casais. Este tipo de confusões pode colocar a saúde do utente em risco, pelo que é importante esclarecer sempre o utente relativamente à sua medicação. Durante o meu estágio tentei sempre prestar toda a informação necessária, quer de forma verbal quer escrita, para que se minimizem estas situações.

5.6. MEDICAMENTOS PSICOTRÓPICOS E ESTUPEFACIENTES

Os psicotrópicos e os estupefacientes, por atuarem no sistema nervoso central, são sujeitos a um controlo muito rigoroso, na medida em que induzem dependência e habituação, podendo estar associados a atos ilícitos. Estes medicamentos encontram-se discriminados no decreto de lei nº 15/93, de 22 de janeiro [10]. Desta forma, estes possuem um circuito especial, necessitando de um tratamento distinto dos restantes medicamentos comercializados na Farmácia. A nível nacional, cabe ao INFARMED a fiscalização deste circuito.

Para esse efeito, a Farmácia envia para o mesmo o registo de entradas e saídas destas substâncias.

Quando chegam à Farmácia, estes medicamentos são acompanhados do documento de requisição especial de psicotrópicos e estupefacientes, emitido pelo fornecedor. O original do mesmo é preenchido pelo Farmacêutico Responsável e enviado ao fornecedor e o duplicado permanece arquivado na Farmácia. O seu armazenamento é feito num local distinto, fisicamente separado dos restantes medicamentos. Na Farmácia Saúde estes são guardados num cofre reservado para o efeito, no laboratório da Farmácia.

Relativamente à prescrição médica destes medicamentos, esta deve ser feita numa receita isolada, num máximo de quatro embalagens, tendo a receita uma validade de 30 dias. No ato da dispensa, o farmacêutico deve validar a receita e recolher a identificação do médico prescritor, do adquirente e do utente a que se destina. No fim do atendimento é impresso um talão destinado a ser armazenado.

Durante o meu estágio tive oportunidade de efetuar a receção e a dispensa destes medicamentos e de acompanhar o procedimento de envio dos dados anteriormente referidos.

5.7. CONFERÊNCIA DE RECEITUÁRIO E FATURAÇÃO

Ao longo do mês todo o receituário é devidamente organizado e corrigido de forma a simplificar o envio das receitas para as entidades de comparticipação, para que a Farmácia possa ser restituída do valor de comparticipação.

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Na Farmácia Saúde, as receitas são primeiramente conferidas duplamente para maximizar a deteção de possíveis erros. Posteriormente, as receitas são organizadas de acordo com o organismo de comparticipação e são “picadas” no sistema informático, para perfazer lotes de 30 receitas. Quando cada lote fica concluído, o mesmo é fechado e é impresso o respetivo “verbete de identificação de lote”. As receitas e os seus verbetes, a relação dos lotes correspondentes a cada entidade e a fatura global em três exemplares são enviados, até ao dia 10 do mês seguinte, para o centro de conferência de faturas (CCF) ou para a associação de Farmácias de Portugal (AFP). Para a CCF é enviado todo o receituário do SNS e para a AFP é enviado todo o receituário das restantes entidades. Posteriormente, a CCF envia à Farmácia o comprovativo da receção do receituário e as notas de devolução do receituário com irregularidades. Sempre que é possível, estas receitas são corrigidas e colocadas na faturação do mês seguinte.

Durante o meu estágio tive oportunidade de participar na conferência e correção de receituário e de ajudar a fechar os lotes das diversas entidades.

5.8. MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A RECEITA MÉDICA E AUTOMEDICAÇÃO

Os medicamentos que não se enquadram na definição de MSRM são definidos como MNSRM e podem ser vendidos nas Farmácias ou noutros locais de venda autorizados, não necessitando de receita médica [11]. Existe ainda uma lista de medicamentos que apenas podem ser dispensados em farmácias- Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica Exclusivos de Farmácia (MNSRM-EF).

Estes medicamentos não são comparticipados e possuem um regime de preço livre, sendo o mesmo determinado pelo local de venda.

Os MNSRM são os principais produtos de indicação e aconselhamento farmacêutico. A automedicação está indicada nas situações presentes no despacho nº 17690/2007, de 23 de julho [11]. Esta pode ser definida como o uso de MNSRM de forma responsável, no alívio e tratamento de problemas de saúde menores e sem gravidade, com acompanhamento ou aconselhamento facultativo de um profissional de saúde.

A utilização de MNSRM e a automedicação são prática corrente, sendo cada vez maior o número de utentes que os solicitam. No entanto, apesar de serem classificados como mais seguros, estes, necessitam igualmente de acompanhamento para evitar o seu uso indevido por parte dos utentes. Por esse motivo, o farmacêutico possui aqui uma grande área de intervenção, devendo orientar a utilização destes medicamentos, avaliando a pertinência do seu uso tendo em conta a duração e a intensidade dos sintomas do indivíduo. Para além disso, o farmacêutico deve instruir o utente quanto ao modo de administração, à frequência da toma e à duração do tratamento e pode e deve complementar o atendimento com medidas não farmacológicas adjuvantes ao tratamento. Em última instância, o farmacêutico deve promover o uso seguro e racional dos medicamentos.

Este ponto foi o mais difícil do meu estágio, tendo pedido por várias vezes ajuda à equipa da Farmácia Saúde. No entanto, foi também bastante gratificante consolidar os conhecimentos adquiridos na faculdade e acrescentar outros inerentes à prática da profissão. Fui-me deparando com várias situações de uso indiscriminado e inadequado de medicamentos. Em todas as situações que surgiram, procurei alertar para que em caso de persistência ou agravamento dos sintomas o utente deveria dirigir-se ao médico.

6. DISPENSADEOUTROSPRODUTOSFARMACÊUTICOS

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Segundo a portaria n.º 594/2004, de 2 de junho, os medicamentos manipulados podem ser definidos como uma fórmula magistral ou preparado oficinal que é preparado e dispensado sob o controlo de um farmacêutico [12]. Estes são usados quando é necessária a adaptação de uma formulação existente às necessidades e particularidades do utente, ou quando não existe nenhuma formulação disponível para o efeito. Esta portaria contém ainda as boas práticas de preparação de medicamentos manipulados, que devem ser aplicadas durante todo o processo.

A reconstituição de suspensões também constitui um serviço de manipulação e sempre que surge uma prescrição contendo uma suspensão, este serviço é sempre oferecido ao utente pois é de todo o interesse que a reconstituição deste tipo de preparações seja feita na farmácia porque em casa as pessoas não têm fácil acesso a água purificada (que diminui a probabilidade de desenvolvimento de microrganismos em relação à água canalizada ou engarrafada) e não conseguem por vezes aferir o volume com exatidão. A reconstituição normalmente implica os seguintes procedimentos: agitar o frasco até soltar bem o pó do fundo; adicionar água purificada em quantidade adequada, que pode variar de medicamento para medicamento; rolhar e agitar energicamente até obter uma suspensão uniforme; juntar mais água até ao traço de referência e agitar novamente.

Na Farmácia Saúde a preparação de manipulados é efetuada de forma muito esporádica, sendo os manipulados solicitados preparados por farmácia externas. Durante o meu estágio tive a oportunidade de realizar dois manipulados (em anexo) e diversas reconstituições de suspensões.

6.2. MEDICAMENTOS E PRODUTOS VETERINÁRIOS

Segundo o decreto de lei nº 148/2008 de 29 de julho, os medicamentos veterinários são aqueles que têm capacidade curativa ou preventiva de doenças ou dos seus sintomas nos animais [13]. Estes incluem também as substâncias ativas passíveis de serem usadas para instituir um diagnóstico médico-veterinário ou aqueles que exercem uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica para retificar ou alterar funções fisiológicas. A Farmácia Saúde possui uma pequena gama de medicamentos e produtos veterinários, tendo essencialmente desparasitantes internos e externos, pílulas, antieméticos e produtos de higiene. Estes estão armazenados num local distinto dos medicamentos de uso humano. Para além disso, as embalagens destes produtos têm a indicação de “Produto veterinário” num fundo verde, para minimizar a possibilidade de erros.

6.3. PRODUTOS COSMÉTICOS E DE HIGIENE CORPORAL

Segundo o decreto de lei nº 115/2009, de 19 de maio, os produtos cosméticos e de higiene corpora (PCHC) são destinados a ser aplicados à superfície do corpo, com o intuito exclusivo ou principal, de limpar, perfumar, alterar o aspeto, proteger e conservar a superfície do mesmo, ou corrigir os seus odores corporais [14].

O interesse por parte das pessoas relativamente a estes produtos tem vindo a crescer e consequentemente a oferta é cada vez maior, como tal cabe ao farmacêutico estar bem informado de forma a aconselhar correta e eficazmente o utente que o aborda.

A Farmácia Saúde tem uma grande diversidade de marcas comerciais, organizadas por gamas, pelo que no meu estágio tive oportunidade de contactar, aconselhar e dispensar vários destes produtos, tendo necessitado da ajuda da equipa de forma a melhorar o meu atendimento. Isto porque existem várias marcas com linhas muito extensas no mercado, o que dificulta a seleção do produto mais adequado às necessidades do utente.

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Segundo o decreto de lei nº 10/2007, de 18 de janeiro, estes produtos são aqueles que se destinam a auxiliar o sono, a serenidade, a alimentação, a higiene e a sucção por parte das crianças [15]. Neste grupo encontram-se, por exemplo, as tetinas para os biberões, as chupetas, as escovas de dentes.

6.5. PRODUTOS FITOTERÁPICOS

De acordo com o decreto de lei n.º 176/2006, os produtos fitoterápicos são medicamentos à base de plantas que possuem como substância ativa, uma ou mais substâncias ou preparações derivadas de plantas ou a associação de uma ou mais preparações à base de plantas [16]. Estas são utilizadas para prevenir ou auxiliar o tratamento de algumas doenças. No entanto, o seu uso indiscriminado pode apresentar riscos para o utente. Desta forma, o farmacêutico tem um papel crucial na sua dispensa, devendo informar corretamente o utente.

Durante o estágio tive a oportunidade de contactar com estes produtos, sendo os mais solicitados: os laxantes, os calmantes e os adjuvantes do sono.

6.6. SUPLEMENTOS ALIMENTARES

Segundo o decreto de lei nº136/2003, os suplementos alimentares são “géneros alimentícios que se destinam a complementar e ou suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas substâncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisiológico” [17].

Na Farmácia Saúde é muito elevada a procura de suplementos alimentares, principalmente para a fadiga, para a insónia, para a concentração e memória, para emagrecimento, para regulação do trânsito intestinal, para reforço do sistema imunitário e multivitamínicos. Desta forma, tive oportunidade de trabalhar com vários suplementos alimentares. É de realçar a importância de elucidar o utente que os suplementos não substituem uma alimentação equilibrada e que a sua toma deve ser complementada com a prática de um estilo de vida saudável.

6.7. PRODUTOS DIETÉTICOS E DE ALIMENTAÇÃO ESPECIAL

Os produtos para alimentação especial são aqueles que, como o nome indica, possuem uma composição especial ou foram sujeitos a um processo de fabrico especial, sendo adequados às necessidades nutricionais especiais de determinados utentes [18]. São utilizados por pessoas que tenham alguma alteração no processo de assimilação ou cujo metabolismo se encontre alterado e a lactentes ou crianças entre 1 a 3 anos de idade em bom estado de saúde.

A Farmácia Saúde tem ao dispor dos utentes uma grande diversidade de produtos para este fim. No caso de latentes ou crianças tem disponível uma vasta variedade de leites, papas, farinhas e boiões adaptados às diferentes etapas do desenvolvimento e às necessidades particulares dos bebés e das crianças. Para adultos existem produtos com valor energético baixo ou reduzido, destinados ao controlo de peso e suplementos nutritivos hiperproteicos e hiperenergéticos.

Durante o meu estágio, dispensei vários produtos desta classe, como os leites e as papas para lactentes e produtos de alimentação hiperproteicos e/ou hipercalóricos para a alimentação de doentes oncológicos, o que permitiu reconhecer a importância do farmacêutico ter conhecimento dos produtos para alimentação especial por forma a responder às necessidades da população.

6.8. MEDICAMENTOS E PRODUTOS HOMEOPÁTICOS

A homeopatia baseia-se na cura pelo semelhante e assenta em três princípios base, a globalidade, a similitude e as altas diluições. De acordo com o decreto de lei n.º 176/2006, o medicamento homeopático é um “medicamento obtido a partir de substâncias denominadas stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo

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com um processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia ou, na sua falta, em farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado Membro, e que pode conter vários princípios” [19].

No decorrer do meu estágio tive a oportunidade de dispensar alguns produtos desta classe, sendo notável que se trata de uma área em ascensão dada a crescente procura por parte dos utentes deste tipo de produtos.

6.9. DISPOSITIVOS MÉDICOS

Segundo o Decreto-Lei n.º 273/95, de 23 de Outubro, um dispositivo médico é definido como um “aparelho, equipamento, material ou artigo utilizado isoladamente ou combinado, incluindo os suportes lógicos necessários para o seu bom funcionamento, destinado pelo fabricante para ser usado no corpo humano para fins de diagnóstico, prevenção, monitorização, tratamento ou atenuação de uma doença, diagnóstico, monitorização, tratamento ou atenuação ou compensação de uma lesão ou deficiência, investigação, substituição ou modificação da anatomia ou de um processo fisiológico e controlo da conceção” [20].

Na Farmácia Saúde pode encontrar-se uma gama variada de dispositivos médicos nomeadamente: ligaduras, material de penso, fraldas, meias de compressão e de descanso, tampões para ouvidos, sacos coletores de urina, preservativos, aparelhos de medição da pressão arterial, entre outros. Durante o estágio tive oportunidade de contactar com estes produtos, o que me permitiu aprofundar os meus conhecimentos sobre os dispositivos médicos.

7. CASOSPRÀTICOS

Aproveito ainda para destacar alguns casos que considerei pertinentes e onde pude intervir de forma positiva. Uma utente solicitou-me uma caixa de Ben-u-ron® 500mg e uma caixa de Antigripinne®. Quando a questionei se eram para a mesma pessoa e se a mesma era hipertensa, a senhora revelou-me que os ia tomar simultaneamente e que era hipertensa. Desta forma, alertei-a para o facto de o Antigripinne® não ser aconselhado em hipertensos por possuir cafeína e para o facto de ser perigoso a sua administração concomitante com o Ben-u-ron® 500mg, por ambos possuírem o mesmo princípio ativo, o paracetamol. Posto isto, recomendei à senhora a toma de Griponal® por ser um antigripal sem cafeína e desaconselhei a toma concomitante de Ben-u-ron® 500mg.

Uma utente dirigiu-se à Farmácia referindo sentir alguns sintomas de uma infeção urinária, pedindo-me um antibiótico para aliviar os sintomas. Comecei por lhe explicar que os antibióticos são MSRM e que a toma indiscriminada dos mesmos conduz à emergência de resistências. Posteriormente, questionei-a sobre a duração e a intensidade dos sintomas, tendo a mesma explicado que ainda eram subtis, mas que tinha medo que se agravassem. Assim, aconselhei-a a utilizar o Prevecist® ou Holonprotect Uriflash® na dose de tratamento, dado que em estádios iniciais os mesmos conseguem resolver muitas vezes o problema. Alertei ainda para a ingestão de quantidades abundantes de água e a consulta do médico em caso de agravamento dos sintomas.

Uma utente dirige-se à Farmácia referindo sentir um formigueiro ao redor do olho. Na zona onde referia sentir formigueiro apresentava umas pequenas bolhas contendo um líquido transparente. Tendo em consideração o aspeto das bolhas e a zona afetada suspeitamos tratar-se de “herpes zoster”, pelo que, aconselha-mos a utente a dirigir-se ao hospital o mais rápido possível. Passados uns dias a utente voltou a dirigir-se à farmácia apresentava, agora, manchas vermelhas e pequenas bolhas contendo um líquido transparente à volta do olho,

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mencionou que sentia ardor e dor, o que lhe causava um desconforto intenso. Tinha-lhe sido diagnosticado “zona”. Como se tratava de uma cliente habitual tive a oportunidade de acompanhar a evolução do caso.

Uma jovem solicita a pílula do dia seguinte. Quando questionada relativamente ao tempo decorrido desde a relação sexual e ao uso de outros métodos contracetivos (preservativo), a jovem respondeu que não utilizou qualquer meio de contraceção e que a relação sexual tinha ocorrido nesse mesmo dia. Questionei-a, ainda, quando tinha sido a sua última menstruação e se já tinha recorrido a este tipo de contraceção de emergência anteriormente. A jovem referiu que já tinha recorrido a este tipo de contraceção há cerca de um ano e que a sua última menstruação tinha sido há mais de uma semana. Uma vez que a utente se encontra no seu período fértil e, segundo a lei atual, este meio de contraceção deve ser dispensado quando solicitado, foi dispensada a Norlevo® (levonorgestrel 1,5 mg). Aconselhei-a a tomar o mais rápido possível e a repetir imediatamente a toma, caso vomitar nas primeiras três horas após a toma do comprimido. Alertei-a, ainda, para possíveis efeitos secundários: tonturas, dor de cabeça, náuseas, dor abdominal, tensão mamária, atraso da menstruação, menstruação abundante, hemorragia, fadiga, diarreia ou vómitos e informei-a que o medicamento não tem efeito no caso de já estar grávida e que após a toma deve usar métodos contracetivos adicionais de barreira, como o preservativo, até sete dias depois da toma. Se ocorrer um atraso na menstruação superior a cinco dias deve realizar um teste de gravidez.

Utente, com cerca de 60 anos queixa-se de dificuldade em dormir. Quando o questionei sobre a duração dessa perturbação e alterações na rotina, o senhor respondeu que já durava há cerca de 4 dias e que não tinha alterado nada na sua rotina. Questionei-o, ainda, sobre a toma de medicação, o utente mencionou que toma losartan para a tensão e que mais recentemente tinha iniciado a toma de Fluimucil®, em comprimidos efervescentes, para a expetoração, por indicação farmacêutica. Após alguma conversa com o utente apercebi-me de que a tosse durante a noite poderia ser a causa a dificuldade em dormir apresentada pelo mesmo. Aconselhei-o a alterar a tAconselhei-oma dAconselhei-o Fluimucil® para a nAconselhei-oite, em vez de tAconselhei-omar de manhã cAconselhei-omAconselhei-o estava a fazer, e a ingerir muita água ao longo do dia para ajudar a fluidificar as secreções. Disse-lhe para elevar ligeiramente a cabeceira da cama caso a tosse se manifestar durante a noite e dificultar o sono e se não verificar melhorias para voltar a contactar-nos ou a recorrer ao seu médico.

8. SERVIÇOSPRESTADOSPELAFARMÁCIA

Cada vez mais a Farmácia é reconhecida como um espaço de promoção de saúde e não apenas como um local de venda de medicamentos. Nesse sentido, a Farmácia saúde tem disponível um conjunto alargado de serviços disponíveis para os seus utentes.

Durante o meu estágio efetuei a medição de todos os parâmetros que a seguir descrevo, prestei aconselhamento farmacêutico e acompanhei a evolução dos utentes.

8.1. PRESSÃO ARTERIAL E PULSAÇÃO

Este é o serviço farmacêutico mais requisitado na Farmácia saúde e é utilizado por hipertensos para monitorização da terapêutica, após intervenções cirúrgicas, por solicitação médica ou apenas por despiste.

Ao longo do estágio tive oportunidade de acompanhar diferentes utentes que se encontravam nestas situações. Antes da medição propriamente dita, tentei sempre perceber o motivo pelo qual a realizavam, se tomavam alguma medicação, se efetuavam a medição com regularidade e como costumavam estar os valores em medições anteriores. Para além disso, tentava perceber se o utente tinha efetuado algum tipo de atividade física

Referências

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