• Nenhum resultado encontrado

Associação e poder preditivo da atividade física com a área de gordura visceral e a massa muscular esquelética em mulheres pós-menopáusicas

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Associação e poder preditivo da atividade física com a área de gordura visceral e a massa muscular esquelética em mulheres pós-menopáusicas"

Copied!
110
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

ASSOCIAÇÃO E PODER PREDITIVO DA ATIVIDADE

FÍSICA COM A ÁREA DE GORDURA VISCERAL E A MASSA

MUSCULAR ESQUELÉTICA EM MULHERES

PÓS-MENOPÁUSICAS

DOUTORAMENTO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO

CRISTIANO PENAS SEARA PITANGA

(2)
(3)

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

ASSOCIAÇÃO E PODER PREDITIVO DA ATIVIDADE

FÍSICA COM A ÁREA DE GORDURA VISCERAL E A MASSA

MUSCULAR ESQUELÉTICA EM MULHERES

PÓS-MENOPÁUSICAS

DOUTORAMENTO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO

CRISTIANO PENAS SEARA PITANGA

Orientador: Prof.ª Doutora Maria Helena Rodrigues Moreira

(4)
(5)
(6)

VI

Este trabalho foi expressamente elaborado como dissertação original para efeito de obtenção do grau de Doutor em Ciências do Desporto na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

(7)

AGRADECIMENTOS

A DEUS, que sempre está comigo em todos os momentos da minha vida, abençoando e iluminando todos meus dias, dando-me saúde e vitalidade para concluir mais essa etapa.

Ao meu pai, principal responsável pela formação do meu caráter, sempre apoiando e incentivando meu crescimento profissional. Meu eterno agradecimento e profundo respeito e consideração.

A minha orientadora, professora PHD. Maria Helena Moreira, pelas seguras orientações, grande comprometimento com esta pesquisa e forte incentivo para que vença mais essa etapa. Meu eterno respeito e admiração.

A minha mãe, Verena, por todo amor e carinho dedicado a mim em todos os momentos da vida, responsável pelo meu crescimento pessoal, sempre me transmitindo com o seu olhar, palavras e sua linda presença muita força e enorme energia para vencer os obstáculos da vida. Muito obrigado minha MÃE. Te amo para além de tudo.

A minha Noiva e futura esposa Dora, meu grande amor, que me traz todos os dias muita felicidade e alegria, sendo esta linda mulher muito especial para mim. Muito obrigado por estar sempre ao meu lado, minha companheira, parceira, amiga e lindo amor. Te amo muito.

A toda minha família pela torcida e incentivo, minhas avós; minhas tias, em especial a minha tia e madrinha; aos meus irmãos e aos meus tios.

Aos meus eternos e amados Avôs (IN MEMORIAN), que sei que estão comemorando e vibrando juntos mais esta vitória.

A todos aqueles que torceram por mim e estiveram ao meu lado, me dando incentivo para a conclusão de mais essa etapa.

(8)
(9)

RESUMO

A presente dissertação de doutoramento pretendeu investigar a associação e o poder preditivo da atividade física em diferentes domínios e intensidades com a área de gordura visceral e a massa muscular esquelética em mulheres pós-menopáusicas.

A investigação envolveu 239 mulheres inseridas no projeto Menopausa em Forma, tendo o seu recrutamento sido realizado no concelho de Vila Real (Portugal), entre os meses de Novembro de 2005 e Março de 2006. Os critérios de inclusão foram observados através da avaliação da história clínica e reprodutiva, tendo sido obtido de todas as participantes o consentimento informado assinado.

As medições da composição corporal das mulheres foram realizadas pelo mesmo técnico, seguindo uma metodologia padronizada. O peso (P), a área de gordura visceral (AGV) e a massa muscular esquelética (MME) foram avaliadas através da bioimpedância octopolar InBody 720. A presença de uma elevada adiposidade visceral foi considerada para valores de AGV≥ 100 cm2

. O índice de massa muscular esquelética foi determinado através da fórmula IMME (%) = MME (kg)/P (kg)×100 estando a sarcopenia associada a valores de IMME≤ 28%.

Os diferentes domínios e intensidades da atividade física foram avaliados através da versão longa do International Physical Acivity Questionnary (IPAQ). Os valores de cada um dos diferentes domínios da atividade física e suas respectivas intensidades foram relatados inicialmente em minutos/semana por meio da multiplicação da frequência semanal pela duração de cada uma das atividades realizadas. Para o cálculo do gasto energético foi multiplicado o valor do dispêndio de energia de acordo com a atividade realizada, considerando-se a frequência semanal e a duração das mesmas. A analise estatística foi realizada por meio das Curvas Roc (Receiver Operating Characteristic) e porregressão logística (Odds Ratio). O intervalo de confiança considerado foi de 95%.

A investigação desenvolvida evidenciou que a prática de caminhada e de atividade física moderada reunindo, respetivamente, um dispêndio calórico semanal de 1601 kcal e de 2283 kcal prevenia o excesso de gordura intra-abdominal em mulheres pós-menopáusicas, sendo o efeito da caminhada mais destacado nas mulheres não utilizadoras de terapia hormonal e nas que documentavam ciclos menstruais regulares na fase reprodutiva. A pesquisa revelou também que um dispêndio calórico semanal entre 580 e 816 kcal /semana através da caminhada prevenia a sarcopenia na pós-menopausa, independentemente da idade, das caraterísticas da menopausa (tempo, natureza e terapia hormonal) e de alguns aspetos associadas ao período reprodutivo da mulher (uso de métodos contraceptivos e regularidade dos ciclos menstruais).

Os resultados demonstraram que a atividade de caminhada e moderada com um gasto energético de 1601 kcal/ a 2283 kcal respectivamente apresentaram associação para o excesso de gordura visceral, sendo o gasto energético da atividade moderada independente da terapia hormonal e da regularidade do período menstrual. Foi também observado que a atividade física de caminhada com um correspondente gasto energético de 580kcal/sem a 816kcal/sem apresentou associação para sarcopenia, não sendo evidenciado proteção na atividade vigorosa.

(10)
(11)

ABSTRACT

This doctoral dissertation aims at investigating the association and the predictive power of physical activity in different fields and intensities with the area of visceral fat and the musculoskeletal mass in postmenopausal women.

This research involved 239 women inserted in the Menopause in Shape Project, and its recruitment was carried out in the municipality of Vila Real (Portugal), between the months of November 2005 and March 2006. Inclusion criteria were observed by evaluating the clinical and reproductive history, and a signed informed consent was obtained from all participants.

The measurements of body composition of women were performed by the same technician, following a standardized methodology. The weight (P), the visceral fat area (AGV) and the skeletal muscle mass (MME) were assessed using the InBody 720 octapolar bioimpedance. The presence of a high level of visceral fat was considered for AGV≥ 100 cm2 values. The skeletal muscle mass ratio was calculated using the formula IMME (%) = MME (kg)/P(kg)×100, sarcopenia being associated with values of IMME≤ 28%.

The different areas and intensities of physical activity were assessed using the long version of the International Physical Activity Questionnaire (IPAQ). The values of each of the different domains of physical activity and their intensities were first reported in minutes/week by multiplying the weekly rate for the duration of each of the activities. For the calculation of energy expenditure the value of energy expenditure according to the activity performed was multiplied, considering the weekly frequency and the duration thereof. Statistical analyses were performed using the Roc (Receiver Operating Characteristic) curves and logistic regression (odds ratio). The considered confidence interval was 95%.

The research carried out showed that walking and doing moderate physical activity amounting to a weekly caloric expenditure of 1601 kcal and 2283 kcal, respectively, prevented excess intra-abdominal fat in postmenopausal women. The most prominent effect of walking was more pronounced in women who are non-users of hormone therapy and in women documenting regular menstrual cycles during the reproductive phase. The survey also revealed that a weekly caloric expenditure between 580 and 816 kcal/week through walking prevented postmenopausal sarcopenia, regardless of age, characteristics of menopause (weather, nature and hormonal therapy) and some aspects related to the reproductive period of women (use of contraceptive methods and regularity of menstrual cycles).

The results showed that walking and moderate activity with an energy expenditure of 1601 kcal to 2283 kcal, respectively, were associated with excess visceral fat, and that the energy expenditure of moderate activity is independent of hormone therapy and the regularity of the menstrual period. It was also observed that the physical activity of walking with a corresponding energy expenditure of 580kcal/week to 816kcal/week was associated to sarcopenia There was no evidence of protection in vigorous activity.

(12)
(13)
(14)
(15)
(16)
(17)
(18)
(19)

ABREVIATURAS

ACSM - American College of Sport Medicine AGV - Área de gordura visceral

AF- Atividade física

AFC - Atividade física caminhada AFM - Atividade física moderada AFV – Atividade física vigorosa ALT – Altura

AUC – Área sob a curva ROC

Curvas ROC - Curvas Receiver Operating Characteristic

d – Diferença entre medidas repetidas

DEXA - Densitometria radiológica de dupla energia DP – Desvio padrão

E – elétrodo ET – Erro técnico

FSH - hormônio folículo-estimulante IC - Intervalo de confiança

IMME - Indice de massa muscular esquelética

IPAQ – International Physical Activity Questionnaire LAFES – Laboratório de Aptidão Física, Exercício e Saúde MME – Massa muscular esquelética

METs - Equivalente metabólico MG – Massa gorda

(20)

XX

OR - Odds ratio P - Peso corporal TH - Terapia hormonal TM – Tempo de menopausa

(21)

1.INTRODUÇÃO

1. INTRODUÇÃO

ASSOCIAÇÃO E PODER PREDITIVO DA ATIVIDADE FÍSICA COM A ÁREA DE GORDURA VISCERAL E A MASSA MUSCULAR ESQUELÉTICA EM MULHERES PÓS-MENOPÁUSICAS

(22)
(23)

1.INTRODUÇÃO

1.INTRODUÇÃO

1.1. APRESENTAÇÃO DA TESE

A presente dissertação de doutoramento está estruturada em cinco capítulos, iniciando-se pelo enquadramento da temática analisada, pela exposição das questões de pesquisa e continuada por uma análise bibliográfica pormenorizada, referente aos trabalhos já publicados sobre o tema. Assim, é exposta alguma terminologia associada à menopausa e informação relacionada com o uso da terapia hormonal e explicada a relação desta fase do climatério com os aumentos de adiposidade e o comprometimento da condição muscular na mulher. Face à utilização da bioimpedância octopolar Inbody 720 nos 3 artigos que suportam a dissertação, é descrita a utlização deste equipamento na avaliação da composição corporal e expostas as vantagens e limitações associadas à implementação desta metodologia. Procedimento similar é prosseguido em relação ao questionário utilizado no estudo para avaliação da atividade física habitual. Por último, são caracterizados os níveis de atividade física habitual nesta etapa do climatério e apresentadas recomendações de exercício destinadas a melhorar os níveis de adiposidade e a condição muscular na mulher pós-menopáusica.

Os Capítulos 2, 3 e 4 são reservados à apresentação dos artigos já publicados (Artigos 1 e 2) ou a aguardarem apreciação (Artigo 3), estando os mesmos organizados de forma convencional (resumo, abstract, introdução, métodos, resultados, discussão, conclusão, referências) e seguidos de uma discussão geral (Capítulo 5) que perspetiva o novo estado de conhecimento na área e integra os três estudos individuais e as conclusões finais. Este capítulo é também orientado para a exposição das limitações da pesquisa e para a apresentação de propostas de estudo relacionadas com a temática em análise.

1.2. ENQUADRAMENTO, QUESTÕES DE PESQUISA E OBJETIVOS

O período da pós-menopáusa está associado a uma maior prevalência de patologias relacionadas ao excesso de massa gorda total e intra-abdominal, destacando-se as doenças metabólicas e cardiovasculares. Pode-se observar mudanças do perfil morfológico da mulher no climatério em função do envelhecimento e das condições hormonais, apresentando associação com a distribuição andróide da gordura corporal e doenças cardiovasculares (Tremollières, Pouilles e Ribot, 1996). Segundo Pedersen (2009), o excesso de massa gorda intra-abdominal e a inatividade física gera na mulher pós menopáusica um conjunto de

(24)

1.INTRODUÇÃO

4

patologias como a diabetes do tipo 2, as doenças cardiovasculares, a depressão, a demência, algumas tipos de cancro (ex. cancro da mama) e a doença de Alzeimer.

Observa-se também uma maior redução na capacidade funcional e limitações físicas que apresentam relação com o decréscimo acelerado dos componentes da massa corporal isenta de gordura. De acordo com vários autores (Kan, 2009; Roubenoff & Hughes, 2000), a sarcopenia representa um problema de saúde pública, sendo evidenciado que a redução da força e da massa muscular aumenta a morbidade e a institucionalização, limitando os níveis de atividade física da mulher e aumentando o risco de queda e de fratura (Boirie, 2009).

Os estudos com a atividade física têm demonstrado os mais promissores resultados para a prevenção do excesso de gordura visceral e da sarcopenia em mulheres pós-menopáusicas. A atividade física está associada à redução nos níveis de gordura visceral, apresentando relação com a diminuição da pressão arterial, glicemia, complicações metabólicas e cardiovasculares (Sasai et al., 2010; Pitanga, 2001) e a prevenção da sarcopenia (Silva et al, 2006). Estudar a quantidade de atividade física necessária para evitar o surgimento das doenças metabólicas e cardiovasculares e atenuar a redução da massa muscular esquelética revela-se muito importante na aquisição do conhecimento necessário para promover intervenções adequadas no domínio da saúde pública, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das mulheres pós-menopáusicas. Dessa forma, o presente estudo está centrado em investigar a associação e o poder preditivo da atividade física com a área de gordura visceral e a massa muscular esquelética em mulheres nesta fase do climatério. A questão central do estudo será analisar qual o nível de atividade física que apresenta maior proteção para o excesso de gordura visceral e para sarcopenia em mulheres pós-menopáusicas.

1.2.1. OBJETIVO GERAL

Investigar a associação e poder preditivo da atividade física com a área de gordura visceral e a massa muscular esquelética em mulheres pós-menopáusicas.

1.2.2. QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO E OBJETIVOSESPECÍFICOS ESTUDO 1

Questão: Qual o poder preditivo da atividade física com a área de gordura visceral em

(25)

1.INTRODUÇÃO

Objetivo: Analisar a quantidade de atividade física (kcal/semana) necessária para a

prevenção do excesso de gordura visceral em mulheres pós-menopáusicas. ESTUDO 2

Questão: Qual a associação entre o nível de atividade física e a área de gordura

visceral em mulheres pós-menopáusicas?

Objetivo: Verificar a associação do nível de atividade física com a área de gordura

visceral em mulheres pós-menopáusicas. ESTUDO 3

Questão: Qual o poder preditivo e a associação do nível de atividade física com a

sarcopenia em mulheres pós-menopáusicas?

Objetivo: Analisar o poder preditivo e a associação do nível de atividade física com a

sarcopenia em mulheres pós-menopáusicas.

1.3. REFERÊNCIAS

Boirie, Y. (2009). Physiopathological mechanism of sarcopenia. The Journal of Nutrition,

Health & Aging, 13(8), 717-723.

Kan, G. (2009). Epidemiology and consequences of sarcopenia. The Journal of Nutrition,

Health & Aging, 13(8), 708-712.

Pedersen, B. (2009). The diseasome of physical inactivity – and the role of myokines in muscle–fat cross talk. The Journal of Physiology, 587(Pt 23), 5559-5568.

Pitanga, F. J. G. (2001). Atividade física e lipoproteínas plasmáticas em adultos de ambos os sexos. Rev Bras Ciên e Mov, 9(4), 25-31.

Roubenoff, R., & Hughes, V. (2000). Sarcopenia: current concepts. Journal of Gerontology,

55(12), M716-M724.

Sasai, H., Katayama, Y., Nakata, Y., Eto, M., Tsujimoto, T., Ohkubo, H., & Tanaka, K. (2010). The effects of vigorous physical activity on intra-abdominal fat levels: a preliminary study of middle-aged Japanese men. Diabetes Res Clin Pract, 88(1), 34-41.

(26)

1.INTRODUÇÃO

6

Silva, T., Frisoli, A., Pinheiro, M., & Szejnfeld, V. (2006). Sarcopenia associada ao envelhecimento: aspectos etiológicos e opções terapêuticas. Revista Brasileira de

Reumatologia, 46(6), 391-397.

Tremollières, F., Pouilles, J., & Ribot, C. (1996). Relative influence of age and menopause on total and regional body composition changes in postmenopausal women. American

(27)

2. REVISÃO DA LITERATURA

2. REVISÃO DA LITERATURA

ASSOCIAÇÃO E PODER PREDITIVO DA ATIVIDADE FÍSICA COM A ÁREA DE GORDURA VISCERAL E A MASSA MUSCULAR ESQUELÉTICA EM MULHERES PÓS-MENOPÁUSICAS

(28)
(29)

2. REVISÃO DA LITERATURA

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. TERMINOLOGIA ASSOCIADA À MENOPAUSA

A menopausa representa um marco que determina mudanças na vida da mulher, inclusive em seu papel social. Além disso, propicia o surgimento de vários sintomas do climatério, com destaque para os sintomas vasomotores e a atrofia urogenital (Harlow et al., 2012), com grande comprometimento da qualidade de vida da mulher. Coletivamente os estudos demonstram que a transição para uma fase não reprodutiva está relacionada com o aumento da obesidade abdominal e do risco de doenças metabólicas e cardiovasculares.

A fase da TRANSIÇÃO DA MENOPAUSA inicia-se por volta dos 47 anos na mulher e tem uma duração média de 4 anos. Ela envolve dois estádios distintos, um inicial, em que se verifica 7 ou mais dias de intervalo entre os ciclos menstruais consecutivos e, depois um final, caraterizado por um intervalo da amenorreia igual ou superior a 60 dias (Harlow et al., 2012).Após o término dos ciclos menstruais, inicia-se então uma nova etapa reprodutiva, reconhecida como pós-menopausa. Aqui as concentrações de estrogénio endógeno passam a ser derivadas da conversão dos androgénios adrenais em estrona no tecido adiposo, por um processo designado de aromatização periférica.

A MENOPAUSAmarca o término do período fértil da mulher resultante da perda da atividade folicular dos ovários, ocorrendo habitualmente entre os 45 e os 55 anos de idade, com uma idade média de instalação de 51,4 anos (Harlow et al., 2012). Ela é reconhecida como natural, após 12 meses consecutivos de amenorreia permanente, sem uma causa patológica evidente, podendo também ser classificada de INDUZIDAquando resulta da remoção cirúrgica dos dois ovários ou da adulteração da função ovárica, derivada de radiação ou quimioterapia. A menopausa induzida tende a refletir-se em maiores ganhos de adiposidade e num maior comprometimento da condição muscular e óssea da mulher (NAMS, 2010). Relativamente à idade de ocorrência da menopausa, ela pode ser classificada de TARDIA, quando se instala para além dos 55 anos na mulher, de ANTECIPADA, quando ocorre numa idade inferior aos 45 anos e PRECOCE,quando acontece antes dos 40 anos (Shuster et al., 2010).

A hormona folículo-estimulante (FSH), produzida na hipófise e responsável pelo crescimento e proliferação dos folículos evidencia uma acentuada variabilidade na transição da menopausa a atinge valores superiores a 25 UI/L no estádio final da transição da

(30)

2. REVISÃO DA LITERATURA

10

menopausa. O aumento da FSH é resultante do abatimento da quantidade de folículos antrais (folículos maduros com capacidade para ovular) e na consequente diminuição da produção de Inibina B e da hormona anti-mulheriana. A inibina B inibe a síntese de FSH pela hipófise, no entanto com a menor contagem dos folículos antrais essa capacidade inibitória reduz-se, causando a ampliação da FSH. Em relação à hormona anti-mulheriana, ela é produzida pelos folículos pré-antrais e antrais pequenos (indetetável nos folículos com mais de 10 mm) e tem a função a diminuir a sensibilidade dos folículos à ação da FSH (Harlow et al., 2012).

A sintomatologia vasomotora (afrontamentos e suores noturnos) é particularmente evidente nos primeiros dois anos após a instalação da amenorreia permanente. Cinco a 8 anos após a ocorrência da amenorreia permanente, as alterações hormonais são mais limitadas e a hipoestrogenização da vagina reduz o fluxo de sangue nesta, originando uma alteração do pH do fluxo vaginal (de ácido para neutro) e a modificação das paredes da vagina que se tornam mais finas e com perda de elasticidade. Em consequência, surgem problemas como a secura vaginal, o prurido e dispaurenia, evidenciando a mulher maior risco de infeções no aparelho urogenital (Harlow et al., 2012).

2.2. ALTERAÇÕES DA ADIPOSIDADE TOTAL E CENTRAL COM A DEPLEÇÃO ESTROGÉNICA

O envelhecimento e a menopausa estão associados a mudanças nas componentes da massa corporal e na distribuição da massa gorda, com implicações adversas para a saúde da mulher. De acordo com Pedersen (2009), o aumento da gordura visceral abdominal está associada à redução dos níveis de atividade física habitual e gera na mulher pós-menopáusica o surgimento do doençoma da inatividade física, caracterizada pela manifestação de um conjunto de patologias entre as quais se incluem a diabetes mellitus do tipo 2, as doenças cardiovasculares, a depressão, a demência, algumas formas de cancro (ex. cancro da mama) e a doença de Alzeimer. De acordo com Jennijer et al. (2009), o processo de envelhecimento está relacionado ao aumento preferencial da gordura visceral em relação à gordura subcutânea e a uma diminuição da massa gorda localizada na região inferior do corpo.

Os picos de percentagem de massa gorda na mulher são atingidos entre os 50 e os 60 anos (Chumlea et al., 2006). As alterações da adiposidade associadas à depleção estrogénica excedem as atribuídas ao envelhecimento e ocorrem particularmente no período que envolve a transição da menopausa e o primeiro ano após a instalação da amenorreia permanente.

(31)

2. REVISÃO DA LITERATURA

Os ganhos de adiposidade visceral abdominal, que na mulher pré-menopáusica se situam nos 0,15% ao ano (0,39% ao ano no homem de meia idade), tornam-se similares aos evidenciados pelo género masculino (Kontani et al., 1994). Comparativamente à pré-menopáusica, a mulher pós-menopáusica tende a exibir mais 35% de massa gorda abdominal, resultando a mesma do incremento do depósito subcutâneo (+32%), mas sobretudo visceral (+44%). Uma pesquisa realizada por Toth et al. (2000), evidencia que mulheres na pós-menopausa apresentam um acréscimo de 36% a 40% de gordura no tronco e da área de gordura intra-abdominal, respectivamente, independente da idade e da massa gorda total.

A redução do estrogênio e o aumento da FSH desencadeiam um incremento significativo da gordura visceral 3-4 anos antes da instalação da amenorreia permanente. O hipoestrogenismo favorece de forma significativa o surgimento da obesidade central e uma maior mobilização de ácidos graxos livres dos adipócitos viscerais para o plasma. Com a depleção estrogênica, a mulher vivência no último terço da sua vida uma diminução da taxa metabólica basal, aumentando a massa gorda e adquirindo uma topografia corporal do tipo andróide (Tengvall et al., 2009). A maior acumulação de gordura na região intra-abdominal pode ser explicada através das maiores concentrações de triglicérides nos adipócitos (ação mais acentuada da lipoproteína lípase), sendo evidenciado um aumento de cerca de 2,36 cm/ano de perímetro da cintura em mulheres não obesas (DeNino et al, 2001).

Com o aumento da área de gordura visceral, o processo de mobilização dos triglicéridos para o plasma passa também a ser mais vincado (Moreira e Sardinha, 2003), os quais são distribuídos por meio da circulação portal (veia porta hepática), expondo o fígado a elevadas concentrações de ácidos gordos livres, reduzindo a remoção hepática de insulina e resultando em hiperinsulinêmica periférica, com o conseqüente aumento do risco de desenvolvimento de diabetes do tipo 2. Segundo Moreira e Sardinha (2003), o aumento da massa gorda acontece em sintonia com as alterações metabólicas e hemodinâmicas, independente da idade, do tempo de menopausa e da natureza desta (natural ou induzida). Segundo Nicklas et al (2003), a presença de uma área de gordura visceral na região abdominal igual ou superior a 100 cm2 está associada a uma maior incidência de doenças metabólicas e cardiovasculares em mulheres no climatério. Para além das mudanças hormonais, o incremento da adiposidade intra-abdominal após a menopausa é suportado também na modificação do padrão alimentar da mulher (aumento do consumo de gorduras saturadas e de colesterol e diminuição da ingestão de proteínas e fibras) e no abatimento do dispêndio

(32)

2. REVISÃO DA LITERATURA

12

energético diário (menos de 200 kcal/dia), em relação à mulher pré-menopáusica (Lovejoy et al., 2008).

2.3. CONDIÇÃO MUSCULAR NA PÓS-MENOPAUSA E SUA IMPLICAÇÕES NA SAÚDE DA MULHER

Segundo Merwe (2005), a partir do climatério a mulher reduz em cada década 3% a 5% da massa muscular esquelética, sendo as fibras musculares de contração rápida as mais afetadas (comprometimento da força e da potência musculares) e sendo essa redução ainda mais acelerada a partir dos 60 anos. De acordo com Clark e Taylor (2011), após os 65 anos e a cada 5 anos a diminuição da força muscular situa-se entre 4,5% e 5,5%, traduzindo-se não apenas a restrição das fibras musculares mas também na deficiente capacidade de ativação dos neurónios motores pelo sistema nervoso, especialmente nos maiores grupos musculares proximais.A sarcopenia pode ser definida como a redução da massa muscular e da sua funcionalidade, apresentando também relação com a inatividade física e a presença de uma alimentação pobre em proteínas. Para Boirie (2009), a sarcopenia representa um problema de saúde pública na mulher (presença, em relação ao homem, de uma maior esperança de vida, de uma menor massa muscular e de uma perda mais acelerada desta) originando limitações na sua mobilidade, obstáculos na realização das tarefas do dia-a-dia e ampliando o risco de queda. A combinação da sarcopenia com a obesidade tem um efeito ainda mais deletério na saúde da mulher pós-menopáusica, refletindo-se na diminuição da sua aptidão aeróbia (Aragão et al., 2011; Rolland et al., 2009 ), da aptidão física funcional (Moreira et al., 2008), em maior risco de osteoporose e no agravamento dos parâmetros de pressão plantar (Monteiro et al, 2010).

A redução da massa muscular esquelética e da sua funcionalidade apresenta também associação com a resistência insulínica, contribuindo para o surgimento de morbidades cardiovasculares, sindrome metabólica e diabetes do tipo 2. Com a transição da menopausa observa-se um acréscimo significativo nas concentrações de insulina plasmáticas e resistência a insulina, apresentando associação com o surgimento da sindrome metabolica e comorbidades cardiovaculares (Reaven, 1998), afetando a saúde e qualidade de vida da mulher.

(33)

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.4. TERAPIA HORMONAL E COMPOSIÇÃO CORPORAL NA PÓS-MENOPAUSA A terapia hormonal (TH) deve ser iniciada antes dos 60 anos ou nos primeiros 10 anos após a instalação da menopausa, devendo as dosagens ser individualizadas de acordo com os objetivos do tratamento e atendendo a alguns fatores de risco (tromboembolismo venoso, acidente vascular cerebral, doença cardíaca isquémica e cancro da mama). As dosagens utilizadas deverão ser as menores possíveis e apenas administradas durante o período necessário ao controlo dos sintomas (Villier et al., 2013).

Nas mulheres com útero, os estrogénios deverão ser combinados com os progestagénios para evitar o cancro do endométrio, particularmente na presença de obesidade, mas a sua utilização não é recomendável em mulheres sobreviventes de cancro. A terapia androgénica é reservada às mulheres que revelam sinais e sintomas de insuficiência androgénica, sendo efetiva em situações de ooforectomia bilateral (Villier et al., 2013). Nas mais recentes orientações das três principais sociedades internacionais de menopausa, não é feita referência ao efeito da TH na adiposidade intra-abdominal, sendo contudo focados os seus benefícios ao nível da doença de Alzeimer, determinados tipos de cancro (endométrio, colón e mama), doença coronária e diabetes mellitus, condições acomunadas ao excesso de AGV (Villier et al., 2013).

Podemos afirmar que não existe um evidência sobre os efeitos da TH nos níveis de adiposidade total e intra-abdominal refletindo os estudos existentes diferenciados desenhos de estudo, amostras com características diferenciadas, distintas metodologias de apreciação dos níveis de adiposidade e diferentes produtos (estrogênios, progesterona, terapias combinadas, androgênios ou tibolona) e vias de administração (oral, transdermica e vaginal) da terapia (Norman et al., 2000; Sites et al., 2005).

O uso da TH parece diminuir a perda de massa muscular associada ao envelhecimento e à depleção estrogénica, minimizando as perdas de força e de potência muscular (fibras musculares do tipo II ricas em recetores para o estrogénio) e minorizando a acumulação da gordura entre as fibras musculares (gordura intermuscular) e dentro dos miócitos (gordura intramuscular) (Sipilä et al., 2013).

(34)

2. REVISÃO DA LITERATURA

14

2.5. UTILIZAÇÃO DA BIOIMPEDÂNCIA OCTOPOLAR INBODY NA AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE MULHERES PÓS-MENOPÁUSICAS

A bioimpedância octopolar InBody 720 é reconhecida na literatura por proporcionar estimativas precisas da composição corporal total e apendicular. De acordo com Ling et al. (2011), a bioimpedância octopolar é um instrumento válido para a avaliação da composição corporal, sendo observadas adequadas correlações com métodos indiretos (DEXA) para estimativas da massa magra e da massa gorda na população de meia idade.

A bioimpedância InBody 720 oferece também boas estimativas da massa isenta de gordura (Scholler, 2000) e da água corporal total, intracelular e extracelular. Num estudo recente estudo realizado por Kim et al. (2014), foi demonstrado que a bioimpedância InBody 720 apresentava uma boa correlação com métodos indiretos (DEXA) de avaliação da massa gorda apendicular e da massa magra em mulheres idosas, sendo referida como uma boa alternativa para avaliar a composição corporal em indivíduos mais velhos.

2.6. NÍVEIS DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL EM MULHERES PÓS-MENOPÁUSICAS

Resultados do mais recente Eurobarómetro de Desporto e Atividade Física (European Comission, 2014), revelam que Portugal é um dos países europeus com maiores níveis de inatividade física (64%) e que 48% das mulheres não cumprem os níveis de atividade física moderada recomendados na literatura e considerados essenciais à melhoria da aptidão aeróbia, da diabetes do tipo 2 e de vários fatores de risco de doença cardíaca. O mesmo relatório indica que a prática de atividadefísica vigorosa é apenas documentada por 39% das mulheres portuguesas, estando presente deforma mais limitada a partir dos 55 anos de idade e comprometendo a aquisição de benefíciosadicionais para a saúde. Pode-se evidenciar também que apenas 8% das mulheres com mais de 55 anos praticam atividade física com regularidade. Conn et al. (2003) documentam que a falta de confiança e o auto relato de cansaço e fadiga constituem importantes preditores para a inatividade física em mulheres pós-menopáusicas, sugerindo que as intervenções nesta população devem estar focadas no aumento da auto-eficácia (acreditar que através do esforço pessoal é possível alcançar sucesso na realização de determinada tarefa), na confiança e no bem-estar. De acordo com Lee et al. (2008), apenas um quinto dos idosos cumprem os niveis adequados de atividade física para promover beneficios para a saúde, sendo referido pelos autores que a auto-eficácia e o

(35)

2. REVISÃO DA LITERATURA

aumento da confiança estão associados a mudanças positivas de comportamento e à elevação dos niveis de atividade física habitual desta população.

2.7. AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA ATRAVÉS DO INTERNATIONAL PHYSICAL ACTIVITY QUESTIONNAIRE

O International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) foi desenvolvido como um instrumento para o monitoramento transnacional dos níveis de atividade física populacionais. De acordo com Craig et al. (2003), a confiabilidade e validade do IPAQ foi avaliada em comparação com dados de acelerometria, sendo os resultados considerados adequados para monitorar os níveis de atividade física populacionais em indivíduos com idades compreendidas entre os 18 e os 65 anos.

Os questionários auto-administrados continuam a ser amplamente utilizados para avaliar os níveis de atividade física em estudos epidemiológicos. Um estudo realizado por Mader et al. (2006), demonstrou que o IPAQ evidenciava, em mulheres de meia idade, uma associação adequada com a acelerometria.

O IPAQ tem sido recomendado como um método de baixo custo e com boa correlação com outros métodos objetivos para avaliar o nível de atividade física. Em revisão sistemática realizada por Lee et al. (2011), foi evidenciado que os níveis de atividade física de caminhada, moderada e vigorosa apresentavam correlações aceitáveis com padrões de atividade física avaliados por métodos objetivos como a água duplamento marcada ou a avaliação do consumo máximo de oxigênio. Os níveis de atividade física determinados pelo IPAQ (caminhada, moderada, vigorosa e atividade física no total) apresentam boa confiabilidade e provas suficientes para avaliação da atividade física habitual.

2.8. PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO NA PÓS-MENOPAUSA

A prática regular da atividade física exerce um papel de extrema importância nos componentes da composição corporal, estando associada à proteção para o excesso de gordura visceral, doenças metabólicas e redução das componentes da massa isenta de gordura, nomeadamente a massa muscular e o osso. Segundo a WHO (2009), a prática regular da atividade física promove uma atenuação dos ganhos de massa gorda associados ao envelhecimento e à menopausa e maior conservação das componentes da massa isenta de

(36)

2. REVISÃO DA LITERATURA

16

gordura, proporcionando uma maior qualidade de vida às mulheres na pós-menopausa e protegendo-as da manifestação de doenças metabólicos e cardiovasculares.

A atividade física exerce um importante papel na proteção e redução da gordura visceral. A redução da gordura visceral através da atividade física regular pode ser explicada em função do efeito lipolítico causado pela libertação das catecolaminas e de outras hormonas lipoliticas (cortisol, hormona do crescimento, etc.), proporcionando elevadas taxas de lipólise na região abdominal, devido à presença de uma elevada densidade de receptores lipolíticos  e à acentuada irrigação e enervação do tecido adiposo desta região (Després, 1991).

Um estudo realizado por Pitanga et al. (2010), com 387 mulheres obesas e desenvolvido com o objetivo de analisar a associação da atividade física com as co-morbidades cardiovasculares, demonstrou que o grupo de mulheres obesas classificadas como ativas apresentava proteção para a manifestação de comorbidades cardiovasculares, sendo a incidência de hipertensão, diabetes do tipo 2 e dislipidemia menor nas mulheres com maior nível de atividade física habitual. Uma outra pesquisa desenvolvida com o intuito de identificar a melhor intensidade e duração da atividade física para discriminar a ausência de comorbidades cardiovasculares em mulheres obesas (atividade física analisada em diferentes intensidades), permitiu concluir que níveis de intensidade moderada e com uma duração de 150 minutos por semana estavam associados a uma menor incidência de patologias crónico degenerativas (Pitanga et al., 2011), estando em sintonia com as orientações de exercício procedidas do American College of Sport Medicine para a obesidade e a sindrome metabólica (ACSM, 2010). Outro estudo (Pitanga et al., 2010), realizados, demonstraram que a caminhada e a atividade moderada são acessiveis à maior parte das mulheres pós-menopáusicas, não requerendo equipamento sofisticado ou material técnico específico constituindo uma das suas atividades físicas de eleição e constituindo um meio atraente de promoção de um estilo de vida mais ativo na mulher. Segundo Demerath (2011), o risco de comorbidades cardiovasculares em mulheres pós-menopáusicas pode ser atenuado em cerca de 30%, com a adoção de uma prática regular de atividade física. De acordo com Vallance et al. (2011), a mulher nesta fase do climatério tem preferência pela prática de atividades físicas moderadas em oposição às vigorosas, conferindo-lhes as primeiras maior bem-estar psicológico, sentimento de energia, auto-eficácia e reforço positivo, particularmente na presença de um excesso de peso e/ou estilo de vida sedentário

(37)

2. REVISÃO DA LITERATURA

Os estudos com atividade física tem demonstrado os mais promissores resultados para prevenção da sarcopenia e da osteoporose quando comparados a outros tipos de intervenções (Silva et al, 2006). Ring-Dimitriou et al. (2009), ao analisarem o efeito do exercício físico em diferentes intensidades em 42 mulheres na perimenopausa registaram um aumento significativo na força muscular em mulheres que realizavam exercícios resistidos com intensidade moderada, quando comparadas a mulheres que realizavam exercícios físicos em baixa intensidade. Os efeitos da atividade física nos músculos e tecidos adjacentes favorece diversas melhorias na saúde e qualidade de vida, principalmente em indivíduos com mais idade, reduzindo o risco de queda e aumentando a velocidade da marcha, contribuindo também para a melhoria da condição cardiorrespiratória (Ochi et al., 2010).

A prática de atividades físicas no tempo livre revela oferecer importante associação para prevenção da sarcopenia. Indivíduos classificados como ativos no tempo livre apresentam maior proteção para a sarcopenia. Pesquisa realizada com 1712 indivíduos, acompanhados durante três anos, com o objetivo de examinar a influência da atividade física no tempo livre na prevenção da sarcopenia, demonstrou que níveis de atividade física de 300 a 2000 kcal/semana apresentaram associação para prevenção da sarcopenia (Chiang et al., 2013). De acordo com as orientações procedidas do American College of Sport Medicine (2010) níveis de atividade física de 150 minutos/semana a 300 minutos/semana de intensidade moderada conferem um importante efeito protetor para as doenças metabólicas, limitações funcionais e sarcopenia.

2.9. REFERÊNCIAS

American College of Sports Medicine (2010). ACSM´s guidelines for exercise testing and

prescription. (8ª ed.) Phildelphia: Wolters Kluwer - Lippincott Williams & Wilkins.

Aragão, F., Abrantes, C., Gabriel, R., Sousa, M., Castelo-Branco, C., & Moreira, M. (2011). Effects of body composition and menopause characteristics on maximum oxygen uptake of postmenopausal women. Menopause, 18(11), 1191-1197.

Boirie, Y. (2009). Physiopathological mechanism of sarcopenia. The Journal of Nutrition,

Health & Aging, 13(8), 717-723.

Chiang, P. H., Wahlqvist, M. L., Huang, L. Y., & Chang, Y.C. (2013). Leisure time physical activities and dietary quality of the general and indigenous Taiwanese populations are

(38)

2. REVISÃO DA LITERATURA

18

associated with fat distribution and sarcopenia. Asia Pacific Journal of Clinical

Nutrition, 22(4), 599-613.

Chumlea, W. C., Guo, S. S., Kuczmarski, R. J., Flegal, K. M., Johnson, C. L., Heymsfield, S. B., … Hubbard, V. S. (2006). Body composition estimates from NHANES III bioelectrical impedance data. Int J Obes Relat Metab Disord, 26(12), 1596-609.

Clark, B., & Taylor, J. (2011). Age-related changes in motor cortical properties and voluntary activation of skeletal muscle. Current Aging Science, 4(3), 192-199.

Conn, V. S., Tripp-Reimer, T., & Maas, M. L. (2003). Older women and exercise: theory of planned behavior beliefs. Public Health Nurs, 20(2), 153-63.

Craig, C. L., Marshall, A. L., Sjöström, M., Bauman, A. E., Booth, M. L., Ainsworth, B. E., … Oja, P. (2003). International Physical Activity Questionnaire: 12-country reliability and validity. Med Sci Sports Exerc, 35, 1381-1395.

Demerath, E. W., Rogers, N. L., Reed, D., Lee, M., Choh, A. C., Siervogel, R. M., & Czerwinski, S. A. (2011). Significant associations of age, menopausal status and lifestyle factors with visceral adiposity in African-American and European-American women. Annals of Human Biology, 38(3), 247-256.

DeNino, W. F., Tchernof, A., Dionne, I. J., Toth, M. J., Ades, P. A., Sites, C. K., &Poehlman, E. T. (2001). Contribution of abdominal adiposity to age-related differences in insulin sensitivity and plasma lipids in healthy nonobese women. Diabetes Care, 24(5), 925-32.

Després, J. P., Pouliot, M. C., Moorjani, S., Nadeau, A., Tremblay, A., Lupien, P. J., … Bouchard, C. (1991). Loss of abdominal fat and metabolic response to exercise training in obese women. American Journal of Physiology, 261(24), E159-E167. European Comission. (2014). Special Eurobarometer 412: sport and physical activity.

Geneve: European Comission.

Harlow, S., Gass, M., Hall, J., Lobo, R., Maki, P., Rebar, R. W., … Group, S. C. (2012). "Executive summary of the stages of reproductive aging workshop +10: addressing the unfinished agenda of staging reproductive aging". Journal of Clinical Endocrinology

(39)

2. REVISÃO DA LITERATURA

Kim, M., Shinkai, S., Murayama, H., &Mori, S. (2014). Comparison of segmental multifrequency bioelectrical impedance analysis with dual-energy X-ray absorptiometry for the assessment of body composition in a community-dwelling older population. Geriatr Gerontol Int, 27.

Kotani, K., Tokunaga, K., Fujioka, S., Kobatake, T., Keno, Y., Yoshida, S., …Matsuzawa, Y. (1994). Sexual dimorphism of age-related changes in whole-body fat distribution in the obese. Int J Obes Relat Metab Disord, 18(4), 207-2.

Kuk, J. L., Saunders, T. J., Davidson, C., & Ross, D. (2009). Age-related changes in total and regional fat distribution. Ageing Research Reviews, 8(4), 339–348

Lee, L. L., Arthur, A., & Avis, M. (2008). Using self-efficacytheoryto develop interventions that help older people overcome psychological barriers tophysicalactivity: a discussion paper. Int J Nurs Stud, 45(11), 1690-9.

Lee, P. H., Macfarlane, D. J., Lam, T. H., & Stewart, S. M. (2011). Validityof theInternationalPhysical ActivityQuestionnaireShort Form (IPAQ-SF): a systematic review. Int J Behav Nutr Phys Act, 21(8), 115.

Ling, A., Craena, A., Slagboomb, P., Gunne, D., Stokkelc, M., Westendorpa, R., & Maiera, A. (2011). Accuracy of direct segmental multi-frequency bioimpedance analysis in the assessment of total body and segmental body composition in middle-aged adult population. Clinical Nutrition, 30(5), 610-615.

Lovejoy, J. C., Champagne, C. M., de Jonge, L., Xie, H., & Smith, S. R. (2008). Increased visceral fat and decreased energy expenditure during the menopausal transition. Int J

Obes (Lond), 32(6), 949-58.

Lovejoy, J. C., Champagne, C. M., de Jonge, L., Xie, H., Macfarlane, D., Chan, A., & Cerin, E. (2011). Examining thevalidityand reliability of the Chinese version of the InternationalPhysical ActivityQuestionnaire, long form (IPAQ-LC). Public Health

Nutr, 14(3), 443-50.

Mäder, U., Martin, B. W., Schutz, Y., &Marti, B. (2006). Validityof four shortphysical activityquestionnairesin middle-aged persons. Med Sci Sports Exerc, 38(7):1255-66. Merwe, V. (2005). "Weight gain after the menopause-is it inevitable?". Continuing Medical

(40)

2. REVISÃO DA LITERATURA

20

Monteiro, M., Gabriel, R., Aranha, J., Neves-e-Castro, M., Sousa, M., & Moreira, H. (2010). Influence of obesity and sarcopenic obesity on plantar pressure of postmenopausal women. Clinical Biomechanics, 25(5), 461-467.

Moreira, M. H., & Sardinha, L. B. (2003). Exercício físico, composição corporal e factores de

risco cardiovascular na mulher pós-menopáusica. Vila Real: UTAD.

Moreira, M., Castro, R., Freitas, J., Gabriel, R., & Monteiro, M. (2008). Functional fitness, obesity and sarcopenia in postmenopausal women. Climacteric, 11, S120.

Nicklas, B. J., Penninx, B. W., Ryan, A. S., Bernan, D. M., Lynch, N. A., & Dennis, K. E. (2003). Visceral adipose tissue cutoffs associated with metabolic risk factors for coronary heart disease in women. Diabetes Care, 26(5), 1413-20.

Norman, R., Flight, I. & Rees, M. (2000). "Oestrogen and progestogen hormone replacement therapy for peri-menopausal and post-menopausal women: weight and body fat distribution." Cochrane Database Systematic Reviews, (2), CD001018.

North American Menopause Society (2010). "Estrogen and progestogen use in postmenopausal women: 2010 position statement of The North American Menopause Society." Menopause, 17(2), 242-255.

Ochi, M., Tabara, Y., Kido, T., Uetani, E., Ochi, N., Igase, M., … Kohara, K. (2010). Quadriceps sarcopenia and visceral obesity are risk factors for postural instability in the middle-aged to elderly population. Geriatr Gerontol, 10(3), 233-43.

Pedersen, B. K. (2009). The diseasome of physical inactivity--and the role of myokines in muscle--fat cross talk. J Physiol, 587(Pt 23), 5559-68.

Pitanga, C. P. S., Oliveira, R. J., Lessa, I., Costa, M. C., & Pitanga, F. J. G. (2010). Atividade Física como fator de proteção para co-morbidades cardiovasculares em mulheres obesas. Revista Brasileira de cineantropometria e desempenho humano, 12(5), 324-330.

Pitanga, F. J. G., Lessa, I., Barbosa, P. J. B., Barbosa, S. J. O., Costa, M. C., & Lopes, A. S. (2010). Atividade física na prevenção do diabetes em etnia negra: quanto é necessário?. Revista da Associação Médica Brasileira, 56 (6), 697-704.

(41)

2. REVISÃO DA LITERATURA

Pitanga, F. J. G., Lessa, I., Pitanga, C. P. S., & Costa, M. C. (2011). Atividade física na prevenção das comorbidades cardiovasculares em mulheres obesas: quanto é suficiente?. Rev Bras Ativ Fís Saúde, 16(4), 334-338.

Reaven, G. M. (1998). Insulin resistance and human disease: a short history. J Basic Clin

Physiol Pharmacol, 9(2-4), 387-406.

Ring-Dimitriou, S., Steinbacher, P., Von Duvillard, S. P., Kaessmann, H., Müller, E., & Sänger, A. M. (2009). Exercise modality and physical fitness in perimenopausal women. Eur J Appl Physiol, 105(5), 739-47.

Rolland, Y., & Vellas, B. (2009). La sarcopénie. La Revue de Médecine Interne, 30(2), 150-160.

Rolland, Y., Lauwers-Cances, V., Cristini, C., Abellan van Kan, G., Janssen, I., Morley, J. E., &Vellas B. (2009). Difficulties with physical function associated with obesity, sarcopenia, and sarcopenic-obesity in community-dwelling elderly women: the EPIDOS (EPIDemiologie de l'OSteoporose) Study. American Journal of Clinical

Nutrition, 89(6), 1895-1900.

Schoeller, D. A. (2000). Bioelectrical impedance analysis. What does it measure? Ann N Y

Acad Sci, 904, 159-62.

Shuster, L., Rhodes, D., Goustout, B., & Rocca, W. (2010). Premature menopause or early menopause: long-term health consequences. Menopause, 65(2), 161-166.

Silva, T. A. A., Frisoli, A., Pinheiro, M. M., & Szejnfeld, V. L. (2006). Sarcopenia Associada ao Envelhecimento: Aspectos Etiológicos e Opções Terapêuticas. Rev Bras Reumatol,

46, 391-397.

Sipilä, S., Narici, M., Kjaer, M., Pöllänen, E., Atkinson, R., Hansen, M., & Kovanen, V. (2013)."Sex hormones and skeletal muscle weakness".Biogerontology, 14(3), 231-245. Sites, C. K., L'Hommedieu, G. D., Toth, M. J., Brochu, M., Cooper, B. C., & Fairhurst, P. A. (2005). The effect of hormone replacement therapy on body composition, body fat distribution,and insulin sensitivity in menopausal women: a randomized, double-blind, placebo-controlled trial. J Clin Endocrinol Metab, 90(5), 2701-2707

(42)

2. REVISÃO DA LITERATURA

22

Tengvall, M., Ellegard, L., Malmros, V., Bosaeus, N., Lissner, L., & Bosaeus, I. (2009). Bodycomposition in the elderly: reference values and bioelectrical impedance spectroscopy topredict total body skeletal muscle mass. Clin Nutr, 28(1), 52-8.

Toth, M. J., Tchernof, A., Sites, C. K., &Poehlman, E. T. (2000). Menopause-related changes in bodyfatdistribution. Ann N Y Acad Sci, 904, 502-6.

U.S. Department of Health and Human Services (2008). Physical Activity Guidelines for

Americans. Washington, D.C.: United States Government.

Vallance, J. K., Murray, T. C., Johnson, S. T., & Elavsky, S. (2011). Understanding physical activity intentions and behavior in postmenopausal women: an application of the theory of planned behavior. Int J Behav Med, 18(2), 139-149.

Villiers, T., Pines, A., Panay, N., Gambacciani, M., Archer, D., Baber., R., . . . Sturdee, D. (2013). Updated 2013 International Menopause Society recommendations on menopausal hormone therapy and preventive strategies for midlife health. Climacteric,

16(3), 316–337.

World Health Organization. (2009). Women and health: today´s evidence tomorrow´s agenda. Geneva: World Health Organization.

(43)

3.NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA PARA PREVENÇÃO DO EXCESSO DE GORDURA VISCERAL EM MULHERES PÓS-MENOPÁUSICAS: QUANTO É NECESSÁRIO

? (ARTIGO 1)

3. NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA PARA PREVENÇÃO DO

EXCESSO DE GORDURA VISCERAL EM MULHERES

PÓS-MENOPÁUSICAS: QUANTO É NECESSÁRIO?(ARTIGO 1)

ASSOCIAÇÃO E PODER PREDITIVO DA ATIVIDADE FÍSICA COM A ÁREA DE GORDURA VISCERAL E A MASSA MUSCULAR ESQUELÉTICA EM MULHERES PÓS-MENOPÁUSICAS

(44)
(45)

3. NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA PARA PREVENÇÃO DO EXCESSO DE GORDURA VISCERAL EM MULHERES PÓS-MENOPÁUSICAS: QUANTO É NECESSÁRIO?(ARTIGO 1)

3.1. RESUMO

Objectivo: Analisara quantidade de atividade física (AF; kcal/semana) necessária à prevenção do excesso de gordura visceral abdominal em mulheres pós-menopáusicas.

Métodos: A amostra incluiu 239 mulheres com uma idade média de 57,2 anos. A área de gordura visceral (AGV) foi medida por bioimpedância octopolar e a AF com a versão longa do IPAQ.Foram construídas curvas Receiver Operating Characteristic e considerado um intervalo de confiança de 95%.

Resultados: As áreas sob a curva ROC para a AF moderada e a caminhada revelaram-se significativas. O dispêndio semanal de 1601 kcal na caminhada ou de 2283 kcal de AF moderada foram identificados como bons valores de corte para prevenir o excesso de AGV. Conclusões: A prática da atividade física de intensidade leve a moderada, com um gasto calórico entre 1601 e 2283 kcal/semana, previne o excesso de adiposidade central em mulheres pós-menopáusicas.

(46)

3. NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA PARA PREVENÇÃO DO EXCESSO DE GORDURA VISCERAL EM MULHERES PÓS-MENOPÁUSICAS: QUANTO É NECESSÁRIO?(ARTIGO 1)

26

3.2. ABSTRACT

Objective: To analyze the amount of physical activity (PA, kcal / week) needed to prevent excess abdominal visceral fat in postmenopausal women.

Methods: The sample included 239 women with a mean age of 57.2 years. The visceral fat area (VFA) was measured by bioelectrical impedance octopolar, and the PA of long version IPAQ. Were constructed Curves ROC (Receiver Operating Characteristic) and an interval of 95%.

Results: The areas under the ROC curve for the physical activity moderate and walk hike to proved to be significant. The weekly expenditure of 1601 kcal in 2283 kcal of physical activity walk or moderate were indentified good values as cutting to prevent the excess of (VFA).

Conclusions: The physical activity of mild to moderate, with a caloric expenditure between 1601 and 2,283 kcal / week, prevents excess central adiposity in postmenopausal women.

(47)

3. NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA PARA PREVENÇÃO DO EXCESSO DE GORDURA VISCERAL EM MULHERES PÓS-MENOPÁUSICAS: QUANTO É NECESSÁRIO?(ARTIGO 1) 3.3. INTRODUÇÃO

A área de gordura visceral (AGV) é definida como a quantidade de gordura localizada na região intra-abdominal e vem sendo utilizada como um importante preditor de risco metabólico e cardiovascular(Kotronen et al 2010; Seo et al 2009).

Os mecanismos pelos quais a gordura visceral aumentada pode influenciar a elevação do risco metabólico e cardiovascular podem ser parcialmente explicados pela excessiva produção de ácidos graxos livres na região abdominal visceral, os quais são distribuídos por meio da circulação portal, expondo o fígado a elevadas concentrações de gordura, reduzindo a remoção hepática de insulina e resultando em hiperinsulinemia periférica, com o consequente aumento do risco de desenvolvimento de diabetes mellitus. A hiperinsulinemia pode também causar distúrbios nas concentrações dos lipídios plasmáticos, bem como hipertensão arterial (Dugan et al 2010).

Por sua vez, a atividade física está associada à diminuição dos níveis de gordura visceral (Sasai et al 2010) pressão arterial (Wagmacker & Pitanga, 2009) glicemia (Hu et al 2001) e outros agravos metabólicos e cardiovasculares (Pitanga 2001). Estudos têm demonstrado que o estilo de vida ativo represente benefícios para a saúde de indivíduos de ambos os sexos (Kohl 2001; Pitanga & Lessa 2009 ), porém a quantidade necessária para que estes resultados sejam alcançados permanece especulativa.

Além disto, especula-se que a atividade física reduz a gordura visceral em função do efeito lipolítico causado pela liberação das catecolaminas secretadas durante o movimento corporal, proporcionando altas taxas de lipólise na região abdominal (Després et al 2001). Com a redução da gordura visceral, consequentemente, os níveis de pressão arterial, glicemia e lipídios plasmáticos também são diminuídos.

A menopausa representa um marco que determina mudanças na vida da mulher, inclusive em seu papel social. Além disso, propicia sintomas desconfortáveis e aumento na prevalência de determinadas doenças. Entre elas destaca-se a doença cardiovascular, hipertensão, alterações lipídicas e diabetes, que de fato, são mais frequentes quando comparada à fase pré-menopausa (Wenger 1996).

Recentes investigações têm demonstrado que a quantidade de 185 a 285 minutos por semana de atividade física moderada provoca benefícios na prevenção de diabetes em adultos de ambos os sexos. Além disto, esses mesmos estudos observaram que a caminhada

(48)

3. NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA PARA PREVENÇÃO DO EXCESSO DE GORDURA VISCERAL EM MULHERES PÓS-MENOPÁUSICAS: QUANTO É NECESSÁRIO?(ARTIGO 1)

28

isoladamente parece não trazer benefícios significativos para a prevenção do diabetes, principalmente em homens (Pitanga et al 2010).

Este estudo apresenta relevância porque o conhecimento da quantidade de atividade física mais adequada para prevenção e tratamento da gordura visceral poderá ser utilizado em ações de saúde que visem tanto a prevenção quanto o tratamento de agravos metabólicos e cardiovasculares em mulheres pós-menopáusicas. Diante disso, o objetivo deste estudo é investigar a quantidade de atividade física necessária para a prevenção do excesso de gordura visceral em mulheres

3.4. MÉTODOS

3.4.1. DESENHO E LOCAL DO ESTUDO

Este estudo de corte transversal insere-se no Projecto Menopausa em Forma, aprovado pela Fundação Portuguesa para a Ciência e Tecnologia (Ref. POCI/DES/59049/2004) e desenhado para examinar a influência do exercício físico no risco cardiovascular e na aptidão física e funcional de mulheres pós-menopáusicas (Moreira 2004).

As mulheres que integraram o programa foram selecionadas de um grupo de voluntárias que responderam a anúncios de jornal, panfletos distribuídos na comunidade, reportagens na televisão e rádio ou que foram encaminhadas por um médico. O recrutamento da amostra foi realizado no concelho de Vila Real (Portugal), entre os meses de Novembro de 2005 e Março de 2006 e os critérios de inclusão foram observados através da avaliação da história clínica e reprodutiva, tendo sido obtido de todas as participantes o consentimento informado assinado.

Todas as avaliações foram conduzidas por dois avaliadores tecnicamente e cientificamente treinados para o efeito e supervisionados pelos investigadores. O estudo atendeu aos procedimentos da Declaração de Helsinquie (WMA 2008) foi aprovado pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

3.4.2. AMOSTRA

A amostra foi constituída por 239 mulheres pós-menopáusicas com uma idade média de 57,4±6,6 anos, respeitando os seguintes critérios de inclusão: (a) ausência de menopausa precoce, (b) inexistência de significativa doença renal, hepática ou hematológica; (c) não

(49)

3. NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA PARA PREVENÇÃO DO EXCESSO DE GORDURA VISCERAL EM MULHERES PÓS-MENOPÁUSICAS: QUANTO É NECESSÁRIO?(ARTIGO 1)

existência de de sintomas de angina de peito ou de enfarte do miocárdio nos últimos 3 meses; (d) não utilização de medicação anti-hipertensora ou anti-arrímtica; (e) ausência de uma hipertensão descontrolada (pressão arterial sistólica ≥ 200 mmHg e/ou pressão arterial diastólica ≥ 105 mmHg) e; (f) inexistência de condições músculo-esqueléticas passíveis de condicionarem a prática de exercício ou serem exarcerbadas pelo mesmo

3.4.3. VARIÁVEIS DE ESTUDO

O estudo incluiu a análise da área de gordura visceral (AGV) e do nível de atividade física em gasto calórico (kcal/semana) em diferentes intensidades (caminhada, moderada e vigorosa) e em relação ao total da atividade física. Para efeitos de caracterização da amostra, são também apresentados os valores do peso e da altura.

3.4.4. INSTRUMENTAÇÃO / PROCEDIMENTOS

A altura foi avaliada com o estadiômetro SECA 220 (Seca Corporation, Hamburg Germany), de acordo com os procedimentos definidos por Heyward & Wagner (2004) e considerando um limite de tolerância de 2 mm (Sobral 1985). O peso e a AGV foram medidos com a bioimpedância octopolar InBody 720, cumprindo os procedimentos especificados na literatura (Biospace, 2004). Esta bioimpedância utiliza 8 elétrodos, dois em contacto com a palma (E1, E3) e o polegar (E2, E4) de cada mão e dois em contacto com a parte anterior (E5, E7) e posterior (E6, E8) da planta de cada pé. Cinco impedâncias segmentares (braço direito, braço esquerdo, perna direita, perna esquerda e tronco) são medidas a 1, 5, 50, 250, 500 e 1000 KHz. Os pontos de contacto do corpo com os elétrodos foram previamente limpos com um tecido eletrolítico recomendado pelo fabricante e foram observadas as seguintes normas de preparação: (1) estar em jejum, (2) não consumir álcool 48 antes do teste, (3) não realizar exercício de intensidade moderada a elevada nas 12 horas antes da avaliação, (4) não efetuar o exame perante a presença de um estado febril ou de desidratação; (5) não utilizar bijuterias metálicas ou implantes dentários com metal (quando passíveis de serem recomovidos); (6) não ingerir café e; (7) realizar a avaliação em fato de banho ou roupa interior.

Vários estudos documentam que o InBody 720 proporciona estimativas precisas da composição corporal total e segmentar (Ling et al 2011; Miyatake et al 2009) e da AGV (Ogawa et al 2011). As avaliações foram realizadas em jejum pelo mesmo técnico e os dados

(50)

3. NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA PARA PREVENÇÃO DO EXCESSO DE GORDURA VISCERAL EM MULHERES PÓS-MENOPÁUSICAS: QUANTO É NECESSÁRIO?(ARTIGO 1)

30

foram eletronicamente importados para o Excel, usando o software LookinBody 3.0 (Biospace, Seoul, Coreia). Os erros técnicos do peso, da altura e da AGV foram obtidos, com base em medições em duplicado em 10 mulheres pós-menopáusicas, através da fórmula ET=(d2/2n)0,5 (d é a diferença entre as duas avaliações e n, o número de elementos da amostra). Os valores calculados foram, respectivamente 0,06 kg, 0,09 m e 0,97 cm2.

A atividade física foi avaliada através da versão longa do International Physical

Activity Questionnaire (IPAQ), reunindo questões relacionadas com a frequência e a duração

das atividades físicas realizadas por mais de dez minutos contínuos durante a última semana e abrangendo 4 domínios de atividade física (trabalho, meio de transporte, doméstico e lazer). A validade e fiabilidade deste questionário está documentada na literatura (Craig et al 2003).

Cada um dos domínios de AF foi indicado em minutos/semana por meio da multiplicação da freqüência semanal pela duração de cada uma das atividades realizadas. Para o cálculo do gasto energético foi multiplicado o valor do dispêndio de energia de acordo com a atividade realizada, considerando-se a sua duração e frequência semanal (tempo em minutos /semana). A conversão dos dados obtidos pelo IPAQ em medida de equivalente metabólico (METs) foi realizada de acordo com a proposta de Heymsfield (2005), sendo considerados os seguintes valores para cada domínio: TRABALHO (3,3 METs, caminhada; 4,0 METs, atividade moderada; 8,0 METs, atividade vigorosa), TRANSPORTE(3,3 METs, caminhada; 6,0 METs, deslocação com bicicleta), ATIVIDADES DOMÉSTICAS (4,0 METs, atividade moderada no jardim ou quintal; 3,0 METs, atividade moderada dentro de casa; 5,5 METs, atividade vigorosa no jardim ou no quintal) e TEMPO LIVRE (3,3 METs, caminhada; 4,0 METs, atividade moderada; 8,0 METs, atividade vigorosa).

O produto do valor de METs da atividade física pela sua duração e frequência resultou no gasto calórico em METs - minutos/semana e a sua conversão em kcal/semana foi obtida através da fórmula: MET-minutos/semana  [Peso (kg) / 60 kg]. O questionário foi aplicado e analisado pelo mesmo técnico e obedeceu às orientações de processamento e de análise dos dados do IPAQ, disponíveis no site www.ipaq.ki.se.

3.4.5. ANÁLISE ESTATÍSTICA

O poder preditivo e os pontos de corte da atividade física para a prevenção do excesso de gordura visceral foram identificados por meio das curvas Receiver Operating

(51)

3. NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA PARA PREVENÇÃO DO EXCESSO DE GORDURA VISCERAL EM MULHERES PÓS-MENOPÁUSICAS: QUANTO É NECESSÁRIO?(ARTIGO 1) Characteristic (ROC), frequentemente utilizadas para a determinação de pontos de corte em

testes diagnósticos ou de triagem (Erdreich e Lee 1981).

Inicialmente foi identificada a área total sob a curva ROC entre a atividade física e a prevenção do excesso de gordura visceral. Quanto maior a área sob a curva ROC, maior o poder discriminatório. Foi utilizado o intervalo de confiança (IC) a 95%. O cálculo do IC a 95% determina se a capacidade preditiva não é devido ao acaso, não devendo o seu limite ser inferior do que 0,50 (Schisterman, Faraggi, Reiser e Trevisan 2001). Na sequência, foram calculadas a sensibilidade e a especificidade, além dos pontos de corte da atividade física para prevenção do excesso de gordura visceral. Valores identificados por intermédios da curva ROC constituem-se em pontos de corte que deverão promover um mais adequado equilíbrio entre sensibilidade e a especificidade. Os dados foram analisados utilizando-se o programa estatístico STATA (versão 7.0, Stata Corp., College Station, Estados Unidos).

3.5. RESULTADOS

A análise descritiva da amostra é ilustrada na Tabela 1, evidenciando os seus elementos uma idade média de 57,2 anos (±6,6) e valores de AGV entre 45,8 e 108,7 cm2. O gasto energético semanal em atividade física foi de 5411,5 (± 6937,2) kcal/semana, sendo obtido sobretudo com a prática de atividade de intensidade moderada (3134,8 kcal/semana)

Tabela 1 - Análise descritiva da amostra (n= 239)

Variáveis Média±DP Amplitude

Idade (anos) 57,2 ± 6,6 40,6 - 79,6

Peso (kg) 69,1 ± 11,3 45,8 - 108,7

Altura (m) 1,55 ± 5,2 1,42 - 1,70

Área de Gordura Visceral (cm2) 134,5 ± 26,9 42,2 - 206,1 Atividade Física Habitual (kcal/semana)

Caminhada 1724,4 ± 2549,9 0 - 15178,1

Moderada 3134,8 ± 4213,8 0 – 25765,5

Vigorosa 552,2 ± 2467,1 0 - 22304,8

Total 5411,5 ± 6937,2 0 - 45591,1

Imagem

Tabela 1 - Análise descritiva da amostra (n= 239)
Tabela 3 - Pontos de corte, sensibilidade e especificidade da quantidade de AF (kcal/semana) como preditor da ausência de  gordura visceral
Tabela 5 -  Associação da caminhada e da atividade física moderada com a área de gordura visceral ajustada para a idade e  tempo de menopausa
Tabela 7 - Análise descritiva da amostra (n= 257)
+4

Referências

Documentos relacionados

costumam ser as mais valorizadas. B) Uma soma de fatores, como fácil acesso à água, possibilidade de utilizar os rios como meio de transporte e o baixo custo imobiliário devido

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação

A partir desta imagem aplicaremos as técnicas de morfologia matemática para tratamento desta imagem e aplicação do reconhecimento das letras e número da placa através do

Não pode ser copiado, escaneado, ou duplicado, no todo ou em parte, exceto para uso como permitido em uma licença distribuída com um certo produto ou serviço ou de outra forma em

Os alunos que concluam com aproveitamento este curso, ficam habilitados com o 9.º ano de escolaridade e certificação profissional, podem prosseguir estudos em cursos vocacionais

•   O  material  a  seguir  consiste  de  adaptações  e  extensões  dos  originais  gentilmente  cedidos  pelo 

De acordo com estes resultados, e dada a reduzida explicitação, e exploração, das relações que se estabelecem entre a ciência, a tecnologia, a sociedade e o ambiente, conclui-se

O objetivo deste trabalho foi avaliar épocas de colheita na produção de biomassa e no rendimento de óleo essencial de Piper aduncum L.. em Manaus