I ( 1 I, I � I
UMSHOW
DE
IMPUNIDADE
)
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"bab\\\dasaS:' de
se
Centra\
Roubalheira
generalizada
A
impunldadeno
Brasllnãoésôum
privilégio
deAlagoas.
Aqui
emSanta Catarina a roubalheira é
generalizada
na administmçãopú
blica. Existem, em média, duas de núncias de
falcatrua
edesviode verbaspor
município,
eoqueépior,
desdeaconstituiçãode88, nenhum
prefeito
foi condenado, como revela areportagemdas
páginas
centrais. Nototal, são 340
inquéritos
sendoinvestigados,
mais 140 processos denunciadosnoTribunal deJustiça, massomenteI1foramaceitospelo
TJ.A
impunidade
acaba incenti vando osprefeitos
apraticarem
acorrupção.O
ex-prefeito
deSãoCarlos,interior de Santa catarina,
Sdney
Pereira Lucastem11 processoscontra
ele,masestá
desaparecido.
Ouseja,
ajustiçanãocondenaenãosabe onde
estãoosPCs. Ocasodo
ex-prefeito
de SãoJoaquim; Tarzan, éomaisrepre
sentativo.
Depois
detantadivulgação
em torno das denúnciascontra ele,
aindanãohouvenenhumjulgamento.
Acorrupçãoacaba
prejudicando
todaacomunidade deum
município.
EmXanxerê, os dois últimos
prefeitos
esperraram o desenvolvimento da
cidade. Ambos
foram
acusados de desvio de verbas.Mas a administração não é
dominada apenas por pessoas quese
apropriam
do dinheiropúblico,
háaqueles
quenãopagam dívidas. Ogovernador Kleinübing
se comprometeu com aAssocwçãoCatari
nensede Emissoras de RádioeTVa
cobriro custoda contadeluzdedezenas
de emissoras.
Depois
de oitomeses com umprograma, "Bom Dia,Governador", semanal de trinta
minutos, ele não
cumpriu
com apromessa. Ocustodessa
publicidade
sairia em torno de U$400 milKleinüblng
temfeito
muita propaganda
durantea suagestão,inclusive umaprometendo
40 mil casasconstruídas, Com o dinheiro deste
calote seria
suficiente
para construir 200casas.Outro absurdo éo casodo pro
fessor
Adauto Beckhauser.Professor
daUFSC,Beckhauserfoidemitidoem
87,depoisqueumasindicânciaprovou
que ele
falsificava
relatórios,desfalcando
aUniversidadeemU$40 mil.Hoje,
além detero seuprocessoreavaliado
pelo
TribunalRegional
doTrabalho,ele está ministrando aulas normalmentee
pode
de receber cercade US 100 mil deindenização. Se
gundoaProcuradoria-geraliÚl
UFSC,ele estásendo
protegido
pelo
TribunalRegional
do Trabalho,Depois
de umshow de reportagens
investigativas
écuriosonotarasituação
dagrande
maioria dosjornalistas
emSanta Catarina. A média salarial dacategoria
no nossoestado levantaadúviiÚlse osprofissionais,
quetemcomoumadesuasatribuições
informar
opúblico
sobre assuntoscomo a
impunidade,
teriamcondiçõesdemanter-se
afastado
dacorrupção. Oproblema
da vulnerarlbilidade está resumida nafrase
doprofessor
emembro da Comissão de Etica iÚl
FederaçãoNacionaldosJornalistas, FranciscoKaram, "o baixo sallirio
prejudica
nãosóojornalistamastodaasociedade".
-=.4.
I:A.S
,
Erica
naimprensa
Parabéns
pelo
excelenteaspecto
gráfico
do "ZERO". Apaginação
está boa, como revela umestupendo aproveitamento
dasfotos.
Quanto
aoconteúdo,
bastamencionara
questão
datecnologia
edaéticana
imprensa.
Ostópicos
sãoatualíssimos. Há quediscutiro assunto ecolocar
orientações
que sirvam para todos osjornalistas
brasileiros.Afinal,a
imprensa
tem umaresponsabilidade
enorme naconstruçãodo BrasilGrande,aque
todos nós
aspiramos.
Por
coincidência,
a Nórdicaestará
lançando
napróxima
semanamais um
livro
sobrejornalismo:
Procura-se- Eticano
Jornalismo,
doProf.
Eugene
Goodwin. Com os nossos melhorescumprimentos
e desdejá
agradecendo
o envioregular
do"ZERO",
somoscordialmente,
Jaime Bernardes
EditoraNórdica Rio deJaneiro- RJ
Balonismo
A Câmara
Municipal
deTorres,
vemrespeitosamente,
àpresença de Vossa Senhoria, conforme
proposição
n"205/93dabancada do PDT, manifestar seu
reconhecimento
pela
matéria de Mauricio Oliveirapublicada
nojornal
universitário"ZERO",
referenteao nossoeventomáximo
queéobalonismo.
Atenciosamente,
Guilherme Cléo Biasi Presidente da Câmara To"es-RS
Senhor
Ego
Prezados
oolegas;
Quero
parabenizá-los
pela
excelenteedição
doúltimoZERO(Alfredo
Wagner
nacapa),
ondepude
constatar,facilmente,oquão
grande
foiosalto-gráfico
eeditorial
-queeste
jornal
tetra(ou
serápenta)-campeão
do Set Universi tárioatingiu.
Aofolhearareferida
edição,
ímedíaramememeuegomonstruoso
JontaI-Laboratóriodo Curso de Jomalismo da
UniversidadeFederal de Santa Catarina editadopeloLaboratóriode
Infografia
Capa
José
da SilvaJúnior
,
Colaboração
ProfessorAureoMoraese
jomalista
EmersonGasperinCopy-writer
ProfessaresCarlosLocatelli, GilkaGirardello,
LuizScotto,Nilson
/Age
eRicardo BarretoDustração
José
da SilvaJúnior
Diagram�
AlexandraBaldisserotto,Lara VivianedeLima,
LucianeLemos,Mariano Senna,
Sílvio PereiraeVictorCarlson
Edição
Alexandra
Baldisserotto,
Diógenes
Fischer,Jaime
Luccas,José
da SilvaJúniorJosemar
Sehnem, Lara Vioiane deLima, LucianeLemos,MarianoSenna,Mônica
Linhares,
Pedro SaraivaeVictor Carlson
entrouem
polvorosa:
"putz!
foi sórolaroFutioqueoscarinhascome
çarama
copiar
tudo!". Maistarde,
com a
cabeça
nolugar
e apretensão
nochão,
concluíquenaverdade,
nãoinventeiporranenhuma.Mais tarde
ainda,
corriosolhospelo
expediente
doZERO(tipo
decoisaquetodojornalistafaz
comumpouquinho
deveneno)
enãoacheiono medoantigo
edi(ta)dor
ecoordenador,
oprofessor
Ricardo Barreto.Foi aí que os neurônios
formigaram.
Háalguma relação
entreoatualnível do ZERO eà
desposição
de referidojornalista?
O Futio
serviu,
pelo
menos,paraarejar
acabeça
dopessoal,
aí,
nosentido que nem tudo navida é
quadrado?
Outodosessesfatosnãopassam de uma sucessão de
coincidênciassacanas?
Por
favor,
nãodeixemqueovírus da dúvida
fique
corroendoo meucérebro,
já
por demaiscarcomido
Beijunda,
Emerson
Gasperin
EditordoJornalFutio
Florianópolis
- SC(l,naIZERO
Barriga
Verde
troPeça
mas
enomtra
seu
próprio
caminho
Entreas
oJornalrarasnovidadesBarriga
Verdequepareceatelevisãocatarinensetemmostrado,
ser amaispretensiosa.
No bomsentido. Uma
pretensão
quecomeçapelamudança
deformato,
passapelaapresentação
denovasvinhetas eterminana tentativadeumjornal
dinâmico. Eaíestão,
alémdestapretensão,
asmaioresdificuldades.O
formato,
comdoisapresentadores,
repórteres
anunciandoem"teasers" os
destaques
epequenos insertscominformações
rápidas,
sofre do mal da
desintegração.
Primeiro, pelo
distanciamento deJeana SantoseSílvioLOddi.
Os doisparecemestaremespaçosdiferentes,
um emcadacenário.Ao
telespectador
ficaaimpressão
deque elesdisputam,
matériaamatéria,
apreferênciado telespectador. Enquanto
o
telejornalismo
moderno é feito deinformalidade,
descontração,
noTJBVestas idéias parecem tão
engessadas
quanto
osapresentadores.
Nomomentoemqueos
repórteres
chamamseusassuntos em"Teasers",
ficaaparente
afaltadecuidadodestesmesmosrepórteres
edos editores.Dia desses dois
repórteres,
namesmaedição
e umapós
o outro, chamaram as matéria da mesma forma: "Encontro em
Florianópolis
dicutea...". Literalmenteiguais.
Isso édesatenção.
Emcaso
terminal,
despreparo.
Efalandoem
despreparo, chegamos
àpaginação
dojornal.
Tudo oquesemostraali,
parecetersaídode infinitasmentes, trabalhandosem
coordenação.
Economiaepolícia
sejuntamno
bloco queantecede as noticias de cultura epolítica.
Televisão,
eusei,
não sefaz comeditorias
fixas,
como naimprensa.
Mas bomsenso,sequência,
ritmoecaldo de
galinha
nãofazem malaninguém.
E,
comoemtudooque énovoháalgo
dedesgastado,
oTJBVparece ainda
precisar
deumacozinha melhoraparelhada.
Esta colunajá
apontou
ascarências dapauta,
daprodução. (Aliás, injustamente
tratadascomo
elementos
menores naescaladaTV).
Pauta,
nãosou euque
digo,
éamãedareportagem.
Se forbern"cavocada"-perdão
-reservaurnamatéria
pelo
menos bem-nascida. Se foroficialiesca,
chapa-branca,
"puramente",
compromete
qualquer
tentativa de sefazerum
bomjornal.
Enfim,
apesardetropeçar
nospassoscurtos,oBarriga
Verde mostra que quer caminhar sozinho. E isso é muito bom. Sempersonalismos
egritos.
Semexageros
deâncoras. Ecom omínimodeprofissionalismo.
Tornara. Porenquanto,
erros sãoperdoáveis
e acertoselogiáveis. À
medidaemque asfalhas foremcorrigidas-a
maior
preocupação
deve ser ade nuncapararnopróprio umbigo.
Pensarerepensaro
telejornal
sempre, evitandoaidéia deque elevaiestar,
algum
dia,
pronto
eacabado.Eestamosconversados.ÁureD
MDraes
Jornalistae
professor
do Curso deJornalismodaUFSCFotograRa
CelsoGick,CláudiaRepsolâ,
Jaime
Luccas,PabloQaudinoeVictor Carlson
Laboratório
Fotográfico
Sílvio Pereira
(coordenação)
Pablo OaudinoeYanBoechatProjeto
Gnf6coeEditoração
EletrônicaVictor Carlson
Supervisão
doLaboratórioProfessorRicardo Barreto Textos
GabrielaVeras,IvanaBack,
Jaime
Luccas, LauraTuyama,
MarianoSenna,MauricioOliveira,MônicaLinhares,PedroSaraiva, UlissesDutraeVictorCarlson LaraViviane de Lima
Acabamentoeimpressão:Jomal ANotícia
Redação:
Curso de Jomalismo(UFSC-CCE-COM),
Trindade,CEP88040-900,
Florianópolis/SC
Telefones:
(0482)
31-9215e31-9290Telexetelefax:
(0482)
34-4069Distribuiçãô
gratuita Circulação dirigida
ZERO
Me/hor
Peça
Gráfica
/, II,
III,
IV
eV
Set
Universitário
Maio88
Setembro
89,
90
e91
Outubro92
�2
ANOXI
OUTUBR093
CURSO
DE
JORNAUSMO
CCE-COM
2·
.',ZERO
.OUTUBRO·
93
A ,
ALO?
E
DO
5PC?
\lOCÊ5
TÊM
FlllAL
NAÁS\A?
governador
Vilson
Kleinübing
Kleinubing
promete
e
O
deu
umcalote
em190 emissoras
l\J
de
rádio
filiadas
à
Associação
1
d 190
Catarinense
das
Emissoras
de
Rádio
não
paga
uz
e
e
Televisão
(Acaert).
Ele
nãoestá
•cumprindo
umcontrato,
assinado
emrádios
que
veicularam
dezembro
passado,
emque
as contasde luz das
rádios que transmitem
od
programa
"Bom
dia,
Governador"
se-programa
o
governo
riam
pagas
pelo
gover�o
em trocada
veiculação.
Passados
OIto mesesdesde
a
estréia
do
programa,
nodia 31 de
janeiro,
aAcaert
ainda
nãorecebeu
opagamento.
A
princípio
parecia
uma mamatapara
asrádios.
De
todas
asemissoras
do estado apenas
asquatro
FM da
RBS não
aceitaram retransmitir
o"Bom
dia,
Governador".
"Seria
como naVoz do
Brasil: todo mundo
desli
garia
orádio",
justifica
ogerente-ge
ral
da
RBS
Rádio
de Santa
Catarina,
Armando
Appel.
O acordo
previa
que
as
emissoras
continuariam
pagando
normalmente
ascontasde luz à Celesc
e
seriam
imediatamente reembolsadas
.pelo
governo,
oque
nunca aconteceu.O programa, transmitido
aosdomin
gos,
das
sete emeia
às
oito
da
manhã,
Já
foi tirado
do
arpor muitas rádios.
O
presidente
da
Acaert,
Carlos
Alberto
Ross,
reconhece
oacordo
mas nãorevelou
ovalor
da
dívida do
governo
nemforneceu
cópia
do
contrato.
Tem
receio de
complicar
ainda
530
600
Khz
mais
opagamento,
prometido
para
breve
pelo
secretário da
Comunicação
Social,
Enio
Branco.
"Espero
que
desta
vezseja
verdade:
estoucansado
de
serenrolado",
reclama
Ross.
O
presidente
da
Associação
Sul
brasileira das Emissoras
de
Rádio
In
dependentes
(Asberi),
Luiz
Robert?
Cadori,
dá
gargalhadas
sobre
aPOSSI
bilidade
de
pagamento
"em breve".
Embora
seja
umadissidência da
Acaert,
com27
emissoras associadas
no oeste
de
Santa
Catarina,
aAsberi
também
participou
do acordo que,
considerado
umsímbolo
emoderni
dade
pelo
governo, foi assinado
comgrande
estardalhaço
durante
um congresso de radiodifusão
emBalneário
Camboriú.
"Usar
ovalor da
contade
luz
comoreferência seria
umamaneira
de
uniformizar
opreço
de
meia-hora
de
publicidade,
antiga
briga
das rádios
de Santa
Catarina",
diz Cadori.
y
A
legalidade
do
contratoestá
sendo
contestada.
O
deputado
Luiz
Marini
(PMDB)
solicitou
aogoverno
informações
sobre
oacordo,
que
de
vem serenviadas
até
ocomeço
de
novembro. Procurado
pelo
Zero
para
prestar esclarecimentos,
osecretário.
Enio
Branco
nãofoi
encontrado.
A
Secretaria
da
Comunicação
Social
tembém
não forneceu
cópia
do
contrato nem
revelou
ovalor
da dívida
com
aAcaert.
O
governador
está
naAsia.
O
montanteda dívida
pode
noentanto ser
estimado,
considerando
ovalor
da
contade luz
de
algumas
emis
sorasem
setembro: Rádio Rainha das
Quedas,
de Abelardo
Luz
(CR$
31
mil),
Rádio São
Carlos,
de São Carlos
(CR$
32
mil),
Rádio
Cultura,
de
Xa
xim
(CR$
35
mil)
eRádio
Alegria
FM,
de
Florianópolis (CR$
55
mil).
Multi
plicando
amédia de
CR$
38
mil
por
oito
(meses
ematraso)
epor 190
(nú
mero
de
emissoras), chega-se
aovalor
de
CR$ 57,8
milhões
(equivalente
amais
de
US$
400
mil).
O suficiente
para fazer duzentas
casasde trinta
metros
quadrados,
comdois
quartos,
ba
nheiro,
sala,
cozinha
eacabamento
completo.
Exatamente
do
tipo
que
Kleinübing
prometeu
construir 40
mil
e
até
agora
só fez 11 mil.
Maurício Oliveira
OUTUBRO.93
ZERO
3
1902:
Decreto
garante
posse
de
163
mil ha.
a
índios catarinenses
os
.índios
de Santa
C.ata:
fina prometem Ir a
guerra até o final do
ano se não for feita uma nova
demarcação
desuasterras. "O índio achaque é melhor mor rercomdignidade,
lutando peloseu direito,do que viver hu
milhado", disse José Carlos Gabriel
Poty,
Kaigang
de Chapecó.
Poty
embasa-se no decreta n� 7 de 1902, que
garantia
aposse
pelos
trêsgrandes
grupos
indígenas
do estado-Xoklens,
Kaigangs
eGuaranis- de 163 mil
hectares,em três
grandes
reservas: 36 mil emToldo
Ximbangue,
entre osmunicípios
deChapecó
e Sea ra;80milemXapecó,
nacida de deXanxerê;eoutros47 milemlbirama.
Os índios afirmam que
não
ganharam
estasterras.Xapecó
foi paga com a abertura de linhastelegráficas
paraa então
província
do Paraná. Tam bém em troca deserviços
aoestado de Santa Catarina, Xoklens e
Kaingangs
adquiri
ram as reservas de Ibirama eToldo
Chimbangue,
respecti
vamente.
Hoje, porém,
800 índios vivememapenas dois mil hec tares que restaram no ToldoChimbangue.
EmXapecó
sobraram 15 mil hectares para4,6
milíndios. Em lbirama são2,6
milremanescentesem14,3mil hectares. As áreas foram redu zidasem1949,
quando
ogover no do estado vendeu asterras aempresas colonizadoras.Duranteoprocesso deco
lonização
daregião
OesteeAl to Vale doItajaí,
essas áreassões foi consenso que a posse
da terra
pelo
índio éimpres
cindível paragarantir
a suasaúde. As sugestões serão re
passadas
para a conferêncianacional,marcada paraosdias
25,
26 e 27 dejulho
do anoque vem em Lusiania
(cidade
satélite de
Brasília).
Aluta
pelo
retornoa umasaúde
indígena
ocorrejunto
com areconquista
da terra.Darci Lino Gimenes, Guarani da Palhoça, contou no encon tro: "antes os índios viviam
muito
alegres
porque havia muitomato.Agora
precisamos
de medicamentos da cidade
porque a mata
acabou,
nãohá maiservas, nãopodemos
mais1949:
Governo
faz
cambalacho
etoma
133
mil Iul.de
terras
caçar e pescar. O índio está
perdendo
seus costumes".A Funai e aFNS
(Funda
ção Nacional de
Saúde)
sãoresponsáveis pela
saúdedo ín dio desde 1988,segundo
deci são efetivadapelo
decreto 23em 1991. Ocorre que desta da
ta emdiante o índio não sabe
a quem recorrer e as institui
ções não estão certas de suas
atribuições. De acordo com a
constituição
apreservação
doíndio é
responsabilidade
federal,
mas o Sistema Unico de Saúde encarregouosestadosemunicípios
desta tarefa. Por isso os índios estão sem atendi mento médico e raramente
conseguem atendimento em
O
primeirotemático àprograma de atendimento sispopulação indígena
foi oServiço de Unidades Sanitárias Aé
reas,criado
pelo
doutor Noel Nutelsem 1956. Este Serviço, que contavacom a colaboraçãoda Força Aérea Brasileira
(FAB),
percorria toda aáreaindígena
do Brasil dando assistên cia médica, fazendo desde vacinações até inquéritos epidemiológicos
ecadastrosradiográ
ficos.Até 1980, data daextinçãodo programa,
o doutor Noel
viajou
mais de mil km dentro doBrasil, prestandomais de 5 mil atendimen tos.Diagnosticouetratoucercade 10 milcasosdetuberculose, numpercentualdecuraacima
de 80%. O programa deu atendimento a 196
postos
indígenas
em todas asregiões
do país,do Rio Grande do Sul ao
Amapá,
comprioridade para o Centro-Oeste e Amazônia. Noel
deu 24cursospara monitores de saúdenaárea
indígena,
treinando540 pessoas.hospitais.
Segundo
Maria Conceiçãode
Oliveira,
mestrandaemAntropologia
daUFSC,
existea
intenção
de se criar distritossanitários
indígenas
em cada estado. Naopinião
do médico José A. N.Miranda,
oatendi mento dentro da aldeia deveser feito
pela
Funai, e a FNS,junto
com oSUS,
ficaria nacoordenação.
,Participaram
daconferência membros da Funai, da
FNS, entidades governamen taisda esfera estadual e muni
cipal,
r epr e s en.ta ntes daUFSC,do CIMI
(Conselho
Indigenista
Missionário)
e dascomunidades
indígenas.
foramrepassadas
para milhares de pequenos
agricultores.
Masosíndios afirmam que têmdocumentos que provam seu
direito sobre as terras.
Segun
do Gabriel
Poty,
osíndiosten taramtodososmeioslegais
pa rareaverem asglebas,
"masospolíticos
não tomamprovidên
cias". Gabriel falou que em100anos osbrancos foramdes
truindo seu povo. "Levaram casacos e
calças
de militar porque nus ficaríamos doentes. Não
explicaram
queaquilo
eraproduto
industrializado e cus tavadinheiro,
apenas deram".Gabriel afirmou que
depois
de criardependência
em seupovo o brancoexplorou
suasrique
zas naturais e ainda levoudoença
paraamata. "Aminhadoença
psicológica,
ahumilhação, só vai ser curada no mo mento em que tomar tudo o
queera nosso".
José Carlos Gabriel
Poty,
Kaigang
deChapecó,
épresi
dente daFederação
Indígena
deProteção
ao Meio Ambien te do Sul do País e estáno segundo
ano deEngenharia
Florestal. Aos 21 anos,
quando
deixou de ser
cacique,
percebeuque entenderomundodos
brancosera omeio de lutar pe
los índios. O
pai
e o irmão deGabriel
Poty
lutarampela
mes ma causa eforam assassinados.Gabriel
Poty
participou
da I Conferência Estadual deSaúdeparaospovos
indígenas,
realizada nos dias
13,
14 e 15 de outubro emFlorianópolis.
O
principal
objetivo
da conferência foi a definição de pro
gramas de ação de saúde nas
áreas
indígenas.
Nas discus- .����������������������������������������LaraVir/ane �
Indios
de se
exigem
saúde
e
terra
Eles
foram curados
por
Noel
A primeira vacinação BCG
(contra
a tuberculose)
intradérmica foi feitapelo Serviço
no índio em 1962. A vacina foi
importada
daFrança. Mais de 80% dos índios do Brasil fo
ram vacinados contra a doença e por isso a
raça
indígena
foi a primeira na históriaa nãoterumapopulaçãointeira dizimada
pela
tuber culose. Apopulação
emgeral
foi vacinadaem1973.
José A. N. Miranda é médico e trabalha
pela
saúdeindígena
há45 anos e atualmente fazpartedaFundaçãoNacional de Saúde. Ele contaquenotempoemque trabalhounoSer- ...viço
nãoselimitou àsviagens
de avião. Juntocom oscompanheiros,saíado Rio deJaneiro,
descia os 400 km do rio
Xingu, parando
nasmargens eprestando atendimento médico aos
índios. Da mesma maneira
percorriam
o rio das Mortes, atendendo os índiosCarajás,
naIlha do Bananal.
4
ZERO
93-0UTUBRO
Preconceito
deixa
moradores
da
casade Paulino
da
Matriz
isolados
da
comunidade
A
instalação
deumabri go para doentes de Aids na comunidade do RioVermelho,
a 35 kmdocentrode
Florianópolis,
tirou osossego da
região.
Partedosmoradores estárevoltada
e os sete
portadores
do vírus HIV quenofinal de setembro ocuparama casado traficantePaulinho da Matriz foram
ameaçados
deexpulsão.
Apopulação
local,
aexemplo
da massa de habitantes do
país,
não temqualquer
info�
mação
sobreadoença
e obriga os
portadores
do�írus
.a
viveremafastados dodiaadia dacomunidade.
"O caso não tem nada a ver com
preconceito",
defendeo
presidente
daAssociação
dos Moradores do Rio Ver
melho,
DalmoMenezes. Ver dade ou não, o fato é que aprimeira
atitude da�ssocia
ção
ao tomar conhecimento da "natureza" das pessoasque ocuparam a
.casa
�o
traficante foi
providenciar uI_TI
abaixo assinado. Dalmo diz que atendeu asolicitação
dacomunidade,
assustadacom apresença dos aidéticos no
bairro. "Pedimosa
desocupa
ção
do imóvel para serutili
zado em
educação,
lazer ouqualquer
outracoisa",
expl�
ca. Aindasegundo
o presidente,
apopulação
se revoltou por não ter sido consul tada sobre a
ocupação
daca sa. "Além disso os doentescomeçaramaandar livremen te
pelas
ruas, semqualquer
assistência
médica",
conde-na.
A moradora Hiracema Antônia de
Oliveira,
quando
soube que aspessoas.da.casa
eram
aidéticos,
ficouindigna
da. "Tinha que ter tirado to
dos elesnahoraemqueaTV mostrou que eram
doent�s"
esbraveja.
Euclides Ferreira da Cunha vizinhodacasaquefoi
transf�rmada
emabrigo
ficou commedo
quando
descobriu queosnovosconhecidos
tinham Aids.
"Tenho
família,
filho e uma mulher doente há cincoRio
Vermelho
quer
expulsar
aidéticos
falta de
informação
que a população
do bairro tem sobrea
doença
contribuíram paraisolar os doentes.
Segundo
ocoordenador dacasa,
Joseney
Passada a semana da
Marmith,
asreações
dedes-panfletagem
e do abaixoassi-contentamento só ocorreram
nado,
os ânimos começaramdepois
daimprensa
anunciara esfriar. A
intervenção
do b . que os moradores do a�Igo
presidente
do Conselho detinham Aids. "Antes diSSO
Entorpecentes
de SantaCat�-não houve
problema",
lemrina,
JairoBrincas,
edapresi-bra. Claudionor Pinheiro um
dente do
Grupo
dePrevenção
dos
portadores
dovírus,
colo àAids,
HelenaPires,
conse-ca que a
primeira
semana naguiu
convencer parte dapo-casafoi a mais difiícil.
pulação
de que oa��igo
I?-ão
traria
problemas.
Aceita- "Fechamos todasaspormos, mas com a
condição
de tas e achamos que íamos serqueno
abrigo
tenhaágua,
luzlinchados",
hoje
osmorad�
e assistência médica. Não sa- res da casa pensam que a Si
bemos quem são essas pes-
tuação
está maiscalma,
mas soas mas para o bem delas epreferem
não fazercom�ras
da
própria
comunidade é pre- noRioVermelho,
paraevitarciso
acompanhamento",
co- ocantatacomapopulação
doloca Dalmo Menezes. Mas bairro. O coordenador Jose avisa: A
partir
do momento ney destaca:"Qualquer
di que aAssociação perceber
versão ou atividade deve ser uma rotatividade de doentes feitanoCentro dacidade,
pa muitogrande
noabrigo,
vai raevitar atritoscom opessoal
botar a boca no mundo.
daqui.
Queremosserumaco"Nosso bairro está cansado' munidade fechada". dereceber
presente
degrego.O
primeiro
foiaquele
da baleia que ficou
apodrecendo,
agora essa história dos doen
tes de Aids.
Daqui
a poucovão dizer que tudo é coisa ruim vai para o Rio Verme
lho".
A
propaganda
feitapela
Associação
de Moradores e a meses. Nãoquero mais doen çapro meulado",
disse.Presente de
Grego
A
mor,dorll
Hiracema
não
IIceita apresenfa
do
grupo nobairro
Desinformados Mesmo
depois
que a Associação
dos Moradores doRio Vermelho abandonou a causa contra os
aidéticos,
grande
parte
dapopulação
local continuou com o
pé
atrásem
relação
aoCentro deTratamento. "Elesnãoseacostu maram a conviver com os
doentesemantêm
distância",
explica
aenfermeira atendente do
SUS,
IvaldeteRosaSilva.
Segundo
ela,
os morado res só ficaram revoltados por não tereminformação
sobrea
doença.
"Aquilo
ali erapra fazer um murobem alto" dizomo-A
lalta
de
inlormacão
ainda
é IIprincipa{
causada
discrimina!ão
dos
portadores
do
HIVradar Emmanuel Antônio Si veira referindo-se ao
abrigo
dos
portadores
dovírus. Paraele os aidéticos não deviam andar soltos
pela
cornunidade.
Daqui
apoucoelespulam
a cerca e começam a passar adoença
para as moças e assenhoras"
prevê.
Hiracema Antônia de Oliveira concorda quea
partir
de agora a comunidade não
vaitermais sossego. "Eunão
possonemmaissentarnoôni
bus",
conta. "Quem dá adoença
é Deuse seelespegaram a
culpa
é deles. Sobre asformas de
contágio
ela enu mera convicta:"Pega
na agulha,
nabala,
tomandono mes mocopo,e noônibus,
quando
senta no mesmo banco. En
costá
então,
Deus me livre".O dono deumavenda do
bairro,
Izidro Nevesjá
cansoude escutar as histórias sobre os doentes de Aids. "Todo
diatemnovidade" ri. Paraele
essa
doença
nãoexiste,"é invenção
dosmédicos",
maspor
precaução
elenãobeberiano mesmo copo de uma pes soa infectada. "Eu sei que
não pega, mas a gente fica
meio cabrei ro".
A
responsável pela
telefônica do
bairro,
Ivonete Albino resume todas as contra
dições
e dúvidas da comunidade doRio Vermelho. Para
ela osdoentes não devem se
infiltrar
na comunidade. "Eusou contra eles
pegando
ônibus se misturando no meio
d<l'
gente".
Mesmo assimachaqueosdoentesnãodevemser
expulsos
da comunidade. "Eles não tem para onde ir, se ficarem lá no canto de lesnão tem
problema".
Mônica Linhares
-_
,ZERO
II
Aumenta
a
corrupção
na
política
em
se
"Não há meio
mais
seguro,
para
formar
uma
quadrilha
sem
risco
de
ser
processado,
do
que
um
mandato
parlamentar"
JoãoCarlos Kurtz Procurador-Geral da
Justiça
Irregular
pero
no
mucho
"
Lançamentos
de despesas
sem comprovantes, notas
fiscais semdata, nome do fornecedorourasuradas normal
mentenãoservem comocompro
vantes fiscais em uma prestação
de contas. O Tribunal deContas do Estado, ao contrário, aceita.
Ao menos é o que dápara con
cluir do parecerfinal das contas do município de Criciúma no
exercíciode 1991. No relatório de
conclusão,ostécnicos daDivisão de Contas Municipais listaram nadamenos que 34irregularida
des, como processos de licitação
viciados, gastosexcessivosempu
blicidade, além do déficit finan
ceiro quatro vezes mais que os
recursos disponíveis. Nos itens
semnota,comnotas
suspeitas,
oulançamentoscontábeissuperiores
aoscomprovantes de
despesas,
ovalortotalchegoua37milhõesde cruzeirosnaépoca.
Aconclusão remetida à Câ
mara Municipal resumia a deci
são do TCE: "O tribunal Pleno
.
decidiu recomendar à Egrég+i Câmarade VereadoresaAPRO V
AÇÃO
dascontasdo exercício de 1991,da PrefeituraMunicipal de Criciúma-SC, sugerindo
que, quando do julgamento, atenteparaasrestrições
remanes-centesapontadas pela instrução".
Datado de 21 de dezembro de
1992,o processofoi relatadopor
Evângelo Spyros Diamantares,
auditor doTCE,queatuoucomo
conselheiro substituto.A Câmara
Municipal resolveu não seguir a
recomendaçãodo Tribunale em
18 de maio deste ano rejeitou a
prestaçãodecontaseencaminhou
aoProcuradorgeraldejustiçape
dindoprovidências.
Orelator do processoexplica queasrestrições apontadas pelos técnicos não feriam a Constitui
ção Federal. "Eram apenas res
triçõesformaise nãoé pelafalta
ourasurasemduasoutrêsnotas
que vou condenar umprefeito",
explica Diamantares. Segundo
ele, oproblemadalicitaçãoirre
gular caberiaà própria Câmara
municipal verificar. "OTCE de
veseater
àqueles
casosqueferem.
diretamenteaConstituiçãoFede
ral".
O julgamento das contas é
feito pelas Câmaras Municipais baseadas nas-recomendações do Tribunal de Contas. De acordo
comDiamantaresoTCE "só emi
te parecer, baseando-se não só
nas conclusões do corpo técnico
masconsiderandotambém aspo
siçõsdaprefeitura".
Um
dos símbolos da Jus
tiça
é a estátua com osolhos
vendados,
quejulga
comexatidãoeimparcia
lidade. Em Santa
Catarina,
além de cega aJustiça
tem semostrado
lenta,
e talvez por essedefeitopode
serassociada àfigura
de uma estátua. Aomenos noqueserefereaoscri mesde colarinho branco. Mais
de 140 processos contra ex
prefeitos
acusados de corrupção
tramitam nos intermináveiscorredoresdo Tribunal de
Justiça
do Estado. Somados a outros 350inquéritos
em fasede
investigação pelo
Centro dePromotorias da Coletividade
(CPC) chega-se
àabsurda mé dia de dois processos pormunicípio.
Pior que isso são osresultados obtidos desde a
promulgação
daNova Constituição. Apesar
das evidênciascriminais,
em cinco anos, nãohouve
qualquer condenação.
Apenas reeleições.
"Não há meio mais segu
ro para formar uma
quadrilha
semrisco deser
processado
doque um mandato
parlamentar
ou
executivo",
afirmaoProcu rador-Geral daJustiça
do Estado,
João Carlos Kurtz. Do alto do mais elevadoposto
deproteção
aopatrimônio
públi
co, Kurtzpensaquecomaimpunidade
institucionalizadanopaís,
qualquer prefeito
ou deputado
combomcacife eleitoral
pode
ser umdelinqüente
que dificilmente será
punido.
O
desembargador
Ernani Palma
Ribeiro,
vice-presidente
interino do Tribunalde
Justiça
de SantaCatarina,
concordaque com
força política
e bas tante dinheiro para pagar umbom
advogado
dificilmente alguém
épunido
comrapidez.
"Asleis atuais
permitem
muitos recursos e
prorrogações",
afirma.
Foro de
privilégios
Um dosprincipais
entra ves para os processoschega
rem ajulgamento
éoforopri
vilegiado
de que gozamosprefeitos
municipais
acusados decorrupção
durante a administração
domunicípio. Depois
daConstituição
de1988,
ojul
gamento
dessescrimes nãopode ser feito
pelo juiz singular
das comarcas.Apenas
pelo
Tribunalde
Justiça,
apartir
de umadenúnciaapresentada
pe lo Ministério Público. O quevem acontecendo é que o Tri
bunal leva dois ou três anos
só para
julgar
o recebimentoda
denúncia,
ouseja,
seaceita abrir um processo apartir
deindícios de uma
ação
crimino sa.Contra
ex-prefeitos
soo
140
processos
no
Estado.
Ninguémfoi
punido
ainda
Um
exemplo
éadenúnciafeita em 22 de abril de 1990
contra o
ex-prefeito
de SãoJoaquim,
Rogério
Tarzan Antunes da Silva. Mesmo com a vasta
publicidade
naimprensa
pelas
acusações
de desvio derecursos
públicos
efraudesemlicitações,
atéhoje
oTribunalnão
julgou
o recebimento da denúncia.O
pedido
de abertura deprocesso contra o
ex-prefeito
de
Chapecó,
Ledônio Faustino
Migliorini,
foiapresentado
ao Tribunal em dezembro de
1990ea
apreciação
sóocorreudo CPC não aceitou a decisão
e entrou com recurso.
Sem
competência
Para o coordenador doCPC,
o "Tribunal deJustiça
deveria ser mais
rápido
e darprioridade
aojulgamento
dessas
ações".
Odesembargador
Ernani atribui essa morosida
de ao fato que até agora ne
nhuma Lei
complementar
ti nharegulamentado
quem ti nhacompetência
parajulgar
os crimes
praticados
por prefeitos,
se as Câmaras Crimi nais ou o Pleno do Tribunalos processos em duas
ações
que correm e são
julgadas
eminstâncias diferentes. A
ação
penal
que buscaresponsabili
zar criminalmente o
culpado
tramita no Tribunal. Paralela mente, o Ministério Público
move uma
ação
cívelque
tramita nas comarcas e é
Julgada
pelo
juiz
local. Estaação
é aque tentará fazer os
culpados
reembolsarem o Patrimônio
Púbhco do
prejuízo.
Mas co mo acondenação
final ficacondicionada à sentença da
ação
penal
quecorrenoTribunal, os corruptos continuam
cercade700anos,elase
legiti
mou para preservar a liberdade de
opinião
e deexpressão
próprias
da atividadepolítica.
NoBrasil,
a imunidade se estendeu a todos os crimes co muns, criando o absurdo de
queum
deputado
homicidasópode
serjulgado
com aautorização
da AssembléiaLegisla
tiva ou da Câmara Federal."A imunidade se trans
formou em
impunidade parla
mentar"
garante
PauloMedeiros
Vieira,
ex-procurador-ge
ral do Estado e Professor de
em
junho
de 1993. Ledônioera
suspeito
de favorecer as construtoras IvaíEngenharia
e Obras SIA e a
Inepar
SIAIndústria e Comércio durante o asfaltamento das ruas da ci
dade. Paraa
realização
dotrabalhoasempresasusarammá
quinas,
caminhõese funcioná nos daprefeitura,
além de extrair a brita de uma
pedreira
de
propriedade
daprefeitura.
Apesar
dasevidências,
o Tribunal de
Justiça
rejeitou
a denúncia
alegando
que o peculatodeusonãoconstituiria cri
me. O
promotor
JoséGalvaniAlberton,
coordenador-geral
de
justiça.
Segundo
ele,
"nemmesmo os constituintes
imagi
naramqueosTribunaisteriam tantos processos parajulgar"
.O
desembargador
defende aidéia de
que
esses crimes voltema ser
Julgados pelos juízes
naspróprias
comarcas dosacusados. O
professor
de di reito constitucional daUFSC,
SilvioDobrowski,
concordacom ele. "Se antes os
juízes
locais
poderiam
sofreralguma
pressão,
agora quaseninguém
é condenado".
Umdos
problemas
fundamentais criados
pelo
foropri
vilegiado
é o de terseparado
semdevolvernemum.centavo aos cofres
públicos.
Os entra vesreforçam
a idéia de que asduas ações
sejam
movidas ejulgadas
naspróprias
comar cas dos acusados. Alémdisso,
o
desembargador
Ernani vê anecessidade do Judiciário sim
plificar
osprocedimentos
nes ses processos. "E o único modo de
punir
oscrimes docolarinho branco".
Impunidade parlamentar
Outro incentivoàcorrup
ção
na atividadepolítica
é aimunidade
parlamentar,
atrásda
qual
se escondemdeputa
dosesenadores. Concebida há
Direito Constitucional da
UFSC.
Segundo
ele,
osparla
mentares escondem seus deli tosatrásda imunidadeatravésde acertos das bancadas dos
partidos.
"Assim centenas de delitos não sãoapurados
nemjulgados".
Um dosprotegidos
pela
imunidadeparlamentar
em Santa Catarina é o
depu
tado Gervásio
Maciel,
acusadode desvioderecursosquan
do foi
prefeito
deItuporanga.
ManoelMotta,
prefeito
deAraranguá
entre 1983 e1988,
também tem dois processos
parados
porqueem19 de agos tode 1991aAssembléia negoua
autorização
paraprosseguir
asinvestigações.
Na CâmaraFederal,
32deputados
deveriam estar sendo
processados
por crimescomunse aCâmara
sequersemanifestasobreo as sunto. Nobel Moura
(PSD
RO),
envolvido no escândalodacomprade
deputados
éumdos que se escondem atrás da
imunidade para se livrar de uma
acusação
de tentativa dehomicídio.
Reeleição assegurada
Diante da
justiça
cega elenta,
háespertos
rápidos
e deolhos bem abertos. Como a
Constituição
Brasileira nãoproíbe
quem está sendo pro cessado de candidatar-se acargos
públicos,
o caminho estálivre para os que
não
queremenfrentar a lei. E o caso de
Demerval
Batista,
ex-prefeito
de CorreiaPinto,
no PlanaltoSerrano.
Quatro
processos envolvendomá
administração
-onde é acusado de desvio de
recursos,
superfaturamento
deobras e
apropriação
de benspúblicos
- nãoimpediram
que ele fosse eleito
vice-pre
feito na atual
administração.
Germano
Vieira,
prefeito
de SãoJosé,
também tem três processos, que ficaram parados durante todo o
período
que foi
deputado.
Outros somem do mapa, como
Sidney
PereiraLucas,
ex-prefeito
de SãoCarlos,
que há mais de um ano não é encontrado
pela Justiça
para sercomunicado das denúncias.
Campeão
deirregularidades,
Sidney
temcinco processosnoTribunal de
Justiça
e outrosseisemfasede
investigação
noCentro dePromotorias daCo
letividade.
Diante da realidade do
Judiciária
brasileiro,
onde 70% dos processos sãoarqui
vados por decurso de prazo,
restam poucas saídas. Ou se
admite
que
opoder político
eeconômico tem a sua
parcela
de
influência,
ou se responsabiliza o labirinto das milhares
de leisineficazes.O desembar
gador
Ernani,
porexemplo,
acredita que o Judiciário tem uma estruturaultrapassada
e oCódigo
Penal,
feito há maisde
cinqüenta
anos,já
deveriater sido mudado. "Para com
plicar
aindamais,
existemcen tenas de leis reformulandopartes
doCódigo,
que ninguém
mais sabequal
lei estáem
vigor".
Jaime Lut:CBS
inacabadas, desvio de recursos,
superfaturamento, apropriaçãode benspúblicos.
Doílio Domingos Moschetta
-Xanxerê- gestão83-88
01 processo. Acusação: recebi
mento de verbas de convênios
com oGoverno do EstadoeFede
ral para construir450casaspopu
lares. Construiusomentequatroe
iniciououtras30. Osrecursos su
miram.
GermanoJoãoVieira- São José
04 processos.Acusações:desvio
derecursospúblicosemproveito
próprioe deterceiros, crime de
peculato.
RogérioTarzandaSilva - São
Joaquim
-gestão89-92
06processos.Acusações:desvio
deverbas,fraudesem licitações,
favorecimento de terceiros com
recursospúblicoserestriçõesnas
contasde 1989e1990.
SidneyP. Lucas- São Carlos
11 processos. Acusações:
apropriaçãoindevida derecursos,
desY'fo de bens, licitações fraudulentas,peculato.
"Leis
atuais
permitem
muitos
recursos.
Com
um
bom
advogado,
dificilmente
alguém
é
punido
com
rapidez"
Desembargador Emanl Palma
Ribeiro,
Vice-presidentedo Tribunal de
Justiça
Eicha
corrida
Ciro ManoelRosa
-Brusque
-Gestão 89-92
05processos.Acusações:com
pradediversos materiais dasem presas Cibra Comercial Brus quense de Alimentos Ltda., da
qual é sócio; Cerâmica Zim
mermann Ltda,de propriedade
dovice-prefeito;Columa Cons
truçãoCivilLtda, do Secretário de Turismo e obras públicas; Morari Engenharia eAdminis
tração, que tem como sócio
gerenteodiretor de Turismo da Prefeitura. Paraaconstruçãodo
prédio do fórum a empresa
vencedora da licitação foi a
QuartzoEmpreendimentosLtda,
depropriedadedoprefeito. Dalto dos Reis - Blumenau
-gestão83-88
02 processos.Acusações: irregu
laridadesnareforma doginásio deesportesGalegão;desvio das verbas paraa construçãode 22
abrigos de ônibus que nunca
foramfeitos;irregularidadesem
licitaçõespara compra demate rial delimpeza.
Demerval Batista - Correia
Pinto
04 processos.Acusações:obras
Fonte:CPC -Cenec de Promotorias da Coletividade
•
Onúmcro total de processos incluiosinquéritos
emfase deinvestigação peloCPC.