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Migrantes no Brasil da segunda metade do século XIX

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Academic year: 2021

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Migrantes no Brasil da segunda metade do século XIX

Maria Silvia C. Beozzo Bassanezi NEPO/UNICAMP

I - Introdução

A mobilidade espacial de indivíduos e famílias tem sido muito comum ao longo de nossa história. No entanto, a migração interna continua um tema muito pouco explorado pela historiografia brasileira. Embora, vários estudiosos tenham se manifestado a favor de maiores investimentos em pesquisas sobre a imigração interna em épocas anteriores ao século XX, tais estudos – que contribuiriam para a compreensão de processos econômicos, sociais e políticos que atuaram na formação da nação brasileira – não têm sido feitos (Martine, 1990; Reher, 1997 e Kusnezof, 1998).

Na tentativa de ajudar a reverter este quadro, nesse trabalho buscamos fornecer alguns subsídios ao estudo da mobilidade espacial no Brasil do século XIX, traçando um perfil de duas populações históricas migrantes específicas, em dois momentos e a partir de duas fontes básicas. Aqui, definimos como migrante aquele cuja residência não coincide com o local de nascimento.

Em um primeiro momento, retratamos o contingente imigrante que se encontrava na Província de São Paulo, no período que antecede à imigração internacional de massa, a partir de informações extraídas do primeiro Recenseamento Geral do Império de 1º de agosto de 1872. Em seguida, caracterizamos um grupo específico de emigrantes – os refugiados da seca – aquele que deixou o Ceará entre 1888 e 1889, rumo ao “Norte” ou ao “Sul”, quando já estava em curso a imigração internacional de massa no país, utilizando como fonte os Livros das Companhias de Vapores que fazem parte do acervo do Arquivo Estadual do Ceará1. Buscamos com isto respostas a algumas questões, como: Quem e quantas eram as pessoas que deixavam sua terra de origem para começar uma nova vida em outro local? De onde vinham e para onde iam? Por que migravam?

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Os dados relativos a esta fonte foram arrolados, organizados e sistematizados no decorrer do Projeto

Levantamento do potencial do acervo do Arquivo Público Estadual do Ceará para o estudo da população do passado, realizado pelos professores doutores: Nelson Nozoe (FEA/USP), Eni de Mesquita Samara

(Depto. de História, FFLCH/USP) e Maria Silvia C. Beozzo Bassanezi (NEPO/UNICAMP) com o apoio da FAPESP.

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II - Imigrantes na Província de São Paulo no início dos anos 70 do século XIX A Província de São Paulo, na época, caracterizava-se como um local de fixação e atração de população, uma vez que oferecia muitas oportunidades de trabalho e/ou a possibilidade de acesso ou de posse da terra, que beneficiavam a população local, intensificavam o movimento de pessoas no interior da Província e atraíam para o território paulista um grande contingente de população livre e escrava (oriunda de outras Províncias e também de fora do Brasil). Essas oportunidades derivavam principalmente da expansão cafeeira e de seus desdobramentos (ampliação da malha ferroviária, da rede urbana e da implantação de fábricas tanto na capital como no interior) e da existência de terras não utilizadas pelo café, que podiam ser aproveitadas para a criação de gado, a lavoura de subsistência e/ou para culturas comerciais (algodão, fumo, cana-de-açúcar e também café) em regime de pequena propriedade com base no trabalho familiar.

O recenseamento de 18722, revela que 13,6% da população que vivia nessa Província havia nascido em outras regiões do Brasil ou em outros países (10,0% e 3,6%, respectivamente). A grande maioria destes imigrantes era constituída por pessoas livres (68,9%) e entre estas quase 4/5 eram nacionais. Entre os escravos - cuja mobilidade no território brasileiro tinha características muito próprias, uma vez que estava atrelada à vontade e/ou necessidades do senhor - também predominavam os nascidos no Brasil (63,1%). Em 1850 o tráfico externo havia sido proibido e, portanto, os africanos recenseados eram aqueles entrados no Brasil antes desta data e alguns entre eles, provavelmente, eram provenientes de uma ou outra leva contrabandeada que aportou nas costas brasileiras entre 1850-1872(Tabela 1).

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Esse recenseamento, devido às “circunstâncias imperiosas” como salienta o Relatório da Directoria Geral de

Estatística de 1876, só foi realizado na Província de São Paulo em 30 de Janeiro de 1874. A coleta das informações

em data posterior à data prevista coloca problemas à análise demográfica. Mesmo considerando que em São Paulo tenha sido obedecida a norma de conservar a data de 01 de agosto de 1872, como data de referência para essa coleta, devemos sempre levar em conta que “quanto maior for o intervalo de tempo decorrido entre a data em que a

informação deve ser coletada e aquela em que é recolhida, maiores são as possibilidades de erros. (...) Os movimentos migratórios, neste caso, também podem aumentar a incidência de erros, que serão tanto mais graves quanto maior for a mobilidade da população da região. Famílias que tiveram migrado da província antes da data de realização do censo, mas após a sua data de referência, não serão recenseadas. Por outro lado, a inclusão de pessoas que chegaram ao local após a data de referência, e cuja origem é uma província onde já haviam sido recenseadas, resultará, em termos nacionais, em dupla contagem”(Paiva e Martins, 1983:7). Apesar disso, optamos

por trabalhar com estes dados censitários, porque são os existentes e poderão nos aproximar, se não de todo, mas parcialmente do perfil da população migrante no período. Como estamos trabalhando apenas com os imigrantes existentes na Província de São Paulo por ocasião do levantamento, acreditamos que nossa margem de erro seja bem menor. Apesar desta ressalva, optamos por manter neste trabalho a data oficial do censo, ou seja, 1872.

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Tabela 1. População segundo local de origem e condição social Província de São Paulo 1872

Local de origem Pop. Livre Pop. Escrava Pop. total

Província de S. Paulo 602.450 121.232 723.682

Outras Províncias 61.725 22.325 84.050

Exterior 16.567 13.055 29.622

Total 680.742 156.612 837.354

Fonte: Recenseamento Geral do Império, 1872

Os dados censitários também informam que pessoas livres e escravas oriundas de todas as outras províncias brasileiras eram encontradas, com maior ou menor intensidade, em São Paulo no início dos anos 70 do século XIX. Esse dado é interessante, pois demostra que as dimensões continentais do Brasil não se apresentavam como grandes empecilhos à circulação de pessoas; esta ocorria não só a curta, mas também a longa distância no interior do território brasileiro.

Minas Gerais ocupava o primeiro lugar como núcleo exportador de pessoas para a Província de São Paulo (38,3%). Em seguida e em ordem decrescente encontravam-se: Bahia, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco e Goiás. Da região Nordeste como um todo vieram 29,6% dos imigrantes arrolados no censo de 1872. Portanto, Minas Gerais e o Nordeste respondiam juntos por mais de 2/3 da população migrante no território paulista (Tabela 2, Mapas 1 e 2).

Minas Gerias e o Nordeste brasileiro, durante o século XIX passaram por um notável crescimento demográfico, o que permitiu, com o desenrolar do tempo, a consolidação em ambas as regiões de grandes reservatórios de mão-de-obra livre e escrava. “Em Minas e no Nordeste residiram, durante o século XIX, entre 60,0% e 67,0% da população brasileira e, os dois, em conjunto, até 1890, foram responsáveis, no mínimo, por 57% do incremento demográfico do Brasil, isto em 1872/1890 e no máximo por 75,1% em 1854/1872”.(Brito, 1999:11)

Em Minas Gerais,

“ao contrário da estagnação, ou regressão econômica e demográfica, que poderia ser esperada devido a decadência da mineração aluvial de ouro, o que se observou durante a maior parte do século XIX, foi um notável crescimento demográfico e um dinamismo inusitado da economia (...) Nesses 64 anos [1808-1872] a população de Minas Gerais aumentou seis vezes passando de 350.000 para 2.039.733 habitantes. (...) Porém, algumas das características da dinâmica da sua própria economia e sociedade, acabaram por lhe conferir, sérios problemas, a partir do momento em que a economia nacional se transforma com a forte hegemonia paulista, tanto na economia cafeeira capitalista, assim como na indústria emergente (Brito, 1990:4-6)

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AM PA MT PR RS SC GO MA PI CE RN PB PE AL SE BA MG ES RJ SP N E W S segundo Província de Origem

Província de São Paulo - 1872

Fonte: Recenseamento Geral do Império - 1872

> 28.000 6.000 - 8.000 3.000 - 6.000 900 - 2.000 400 - 700 < 300 Legenda: AM PA MT RS SC PR GO MA PI CE MG ES RJ BA RN PB PE AL SE SP N E W S

Mapa 2: População Imigrante Escrava Brasileira segundo Província de Origem Província de São Paulo - 1872

Fonte: R ecenseamen to Geral do Império - 1872 > 6.000 3.900 - 4.100 700 - 1.000 200 - 500 < 100 Legenda:

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Além do acelerado crescimento populacional que, ao que tudo indica, permitia já em meados da segunda metade do século XIX a exportação de mineiros para outras paragens, é preciso lembrar que uma história com interfaces e uma fronteira comum - que levou o Sul, Sudoeste, Oeste e o Triângulo Mineiro estarem economicamente e socialmente ligados a São Paulo – encontram-se também nas raízes que explicam a destacada presença de mineiros em território paulista por ocasião do censo de 1872.

No Nordeste, no século XIX, residia o maior contingente da população brasileira e era ele que mais contribuía para o crescimento demográfico do país (Brito, 1999)3. A recuperação da economia açucareira na segunda metade desse século e o incremento das exportações do algodão que acompanhou a Guerra de Secessão nos Estados Unidos da América - sucedidas pela intensificação das vendas para o mercado interno, principalmente para o Sudeste - parecem não ter sido suficientes para evitar que uma significativa parcela da população daquela região viesse para São Paulo, antes mesmo da devastadora seca de 1877-78 e do declínio daquelas lavouras que ocorreu no final daquele século.

Quanto à parcela de imigrantes oriundos do Rio de Janeiro, Goiás e Paraná, locais que, pelo que tudo indica, não se constituíram em grandes reservatórios de mão-de-obra, não dispomos, no momento, de muita informação. Sabemos que as oportunidades de trabalho abertas em São Paulo com a expansão do café eram extremamente atrativas e que a circulação de pessoas entre estas Províncias e a de São Paulo era intensa desde os tempos coloniais, em função das atividades mineratórias e do tropeirismo. No caso do Rio de Janeiro, é provável também que, à medida que os cafezais do Vale do Paraíba fluminense iam envelhecendo, fazendeiros e trabalhadores livres se transferiam para as novas áreas cafeeiras do Vale do Paraíba e Oeste Paulista. Em Goiás, ao contrário de Minas Gerais, a economia não adquiriu novo dinamismo com o declínio da atividade mineratória. A população passou a se dedicar à pecuária onde as necessidades de mão-de-obra eram menores. A população escrava, que já era pequena,

3

“No Nordeste, a agroindústria açucareira, cujo crescimento e alta produtividade se deveu aos grandes investimentos tecnológicos em equipamentos importados da Holanda e a uma maciça importação de escravos africanos, se associava com a agricultura de subsistência e, principalmente, a partir do século XVIII, com a pecuária extensiva, o que viabilizou a ocupação populacional do agreste e sertão nordestino e o início da integração territorial com o sudeste através do vale do São Francisco (...). Mas a ocupação demográfica da região do semi-árido nordestino, só foi plenamente efetivada no final do século XVIII e no século XIX com a cultura do algodão. Ela se expandiu em todo o nordeste (...). O algodão, operou uma verdadeira revolução agrária no Nordeste, com fortes conseqüências sobre a demografia da região (Brito,1999:8-10).

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diminuiu mais ainda no século XIX e a população livre se viu acrescida com a chegada de mineiros que romperam a fronteira entre as duas Províncias (Funes,1986). A Província do Paraná, até a primeira metade do século XIX fazia parte da Província de São Paulo, portanto, uma história e uma fronteira comum somam-se aos atrativos da economia paulista para explicar a presença paranaense em São Paulo.

Separando o contingente imigrante em livre e escravo, verificamos que quase metade dos imigrantes livres presentes na Província de São Paulo no início dos anos 70 do século XIX eram mineiros. Paranaenses, fluminenses, baianos e goianos livres eram encontrados em São Paulo em quantidades razoáveis (Tabela 2 e Mapas 1 e 2).

Apesar da sua supremacia como fornecedor de imigrantes, Minas Gerais, no entanto, ocupava o segundo lugar quanto ao fornecimento de escravos crioulos. O primeiro lugar pertencia à Bahia, o terceiro e quarto ao Rio de Janeiro e Pernambuco respectivamente. Estas quatro Províncias juntas, portanto, respondiam por 16.513 (74%) dos 22.325 escravos crioulos imigrantes recenseados em São Paulo e a região Nordeste como um todo por 56,1% desses escravos (Tabela 2 e Mapas 1 e 2).

Tabela 2. Origem da população brasileira imigrante por Província segundo condição social Província de São Paulo 1872

Província Pop.Livre Pop.Escrava Pop.Total

Alagoas 402 423 825 Amazonas 20 10 30 Bahia 5.849 6.240 12.089 Ceará 946 804 1.750 Esp. Santo 204 109 313 Goiás 3.733 365 4.098 Maranhão 456 780 1.236 M. Grosso 1.139 87 1.226 M. Gerais 28.209 4.009 32.218 Pará 258 77 335 Paraíba 514 379 893 Paraná 7.873 376 8.249 Pernambuco 1.995 2.357 4.352 Piauí 526 267 793 R. de Janeiro 6.321 3.907 10.228 R.G. Norte 639 528 1.167 R.G. Sul 992 481 1.473 S. Catarina 579 392 971 Sergipe 1.070 734 1.804 Total 61.725 22.325 84.050

Fonte: Recenseamento Geral do Império, 1872

Considerando apenas as seis Províncias que mais enviaram imigrantes a São Paulo, observamos que dos mineiros arrolados, 87,6% eram pessoas livres. Entre os chegados do Paraná e de Goiás, os livres constituíam-se em mais de 90% e no conjunto

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dos vindos do Rio de Janeiro, da Bahia e de Pernambuco os livres respondiam, respectivamente, por 61,8%, 48,4% e 45,8% dos imigrantes. As Províncias da Bahia, Alagoas, Maranhão e Pernambuco enviaram a São Paulo mais escravos que livres (Tabela 2 e Mapas 1 e 2).

A título de comparação, vejamos quantos e quem eram os imigrantes internacionais. Os estrangeiros recenseados e residentes em São Paulo totalizavam 29.622 e representavam pouco mais de ¼ da população não nascida na Província4. No conjunto dos estrangeiros, 55,9% eram pessoas livres. Na sua grande maioria eram portugueses; havia também um número razoável de alemães aos quais se seguiam em menor volume e em ordem decrescente os italianos, os suíços, franceses e ingleses. Entre os estrangeiros livres havia ainda uma porcentagem razoável de africanos, muito provavelmente, ex-escravos alforriados5 (Tabela 3).

Tabela 3. População estrangeira segundo nacionalidade Província de São Paulo 1872

Origem Número Portuguesa 6.867 Alemã 3.812 Italiana 1.185 Suíça 560 Francesa 544 Inglesa 411 Americana 460 Espanhola 220 Austríaca 75 Outra 233 Sub-total 14.357 Africana Livre 2.210 Africana Escrava 13.055 Sub-total 15.265 Total 29.622 Fonte: Recenseamento Geral do Império, 1872

Pessoas livres nascidas nas outras Províncias do Brasil estavam presentes em todos os municípios paulistas, o que é indicativo do dinamismo da economia paulista no período. Apenas o município de Cananéia não registrava a presença de escravos crioulos vindos de outras Províncias. Todos os escravos desse município eram nascidos em território paulista (Mapas 3 e 4).

Os municípios de Itapetininga e Taubaté eram os que mais concentravam pessoas livres vindas de outras Províncias (mais de 4.000), principalmente de Minas

4

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Gerais. Além do café, nestes municípios destacava-se a produção do algodão, segundo o Almanak da Província de São Paulo para 1873. Itapetininga possuía, na época, 21 máquinas de beneficiar algodão; além disso, parte de seu território era reservada à criação de gado e às invernadas que abrigavam as tropas vindas do sul que se dirigiam à feira de Sorocaba. Taubaté, por sua vez, estava também bastante próximo à fronteira de São Paulo com Minas Gerais. Santos (cidade portuária), Tatui (cujas principais atividades econômicas eram criação de gado e algodão), Mogi-Mirim (município cafeicultor e também produtor de algodão, fumo, cana e gado), Franca (onde se destacava a atividade pastorial e café), São João da Boa Vista (produtor de café, fumo, cana-de-açúcar e gado) e Piracicaba (município cafeicultor e que também produzia açúcar e algodão) abrigavam uma população imigrante livre que variava entre 1.500-3.000 pessoas (Mapa 3).

A população escrava oriunda de outras Províncias concentrava-se principalmente em municípios cafeeiros, sobretudo em Campinas. Bananal, Limeira, Piracicaba, Pindamonhangaba, São João da Boa Vista, Mogi-Mirim, Franca, Taubaté, Sorocaba, Batatais, Rio Claro e São Paulo receberam um volume razoável de escravos de outras regiões do país (Mapa 4).

Por ocasião do recenseamento, só não havia estrangeiros livres no município de Caraguatatuba. A cidade de São Paulo detinha a maior concentração de estrangeiros da Província; estes representavam, na época, 8% da população paulistana. Em seguida vinham: Campinas (1.972), Limeira (1.159), Bananal (755), Rio Claro (818), Piracicaba (755) Mogi-Mirim (593) e os municípios de Amparo, Araras, Guaratinguetá, Jundiaí, Paraibuna abrigavam cada um pouco mais de três centenas de estrangeiros.

5

Para os africanos, libertos e escravos, o censo só anota que eram africanos, não os desagrega segundo o

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N E W

S

Mapa 3: População Imigrante Livre Brasileira segundo Município de Destino Província de São Paulo - 1872

Fonte: RecenseamentoGeral do Império - 1872 Pop. Imigrante Livre:

> 4.000 1.500 - 3.000 800 - 1.500 500 - 800 200 - 500 100 - 200 < 100 Desconhecido

Pop. Imigrante Escrava: > 3.000 1.000 - 1.500 500 - 1.000 200 - 500 100 - 200 < 100 N W S

segundo Município de Destino Província de São Paulo - 1872

Font e: Recenseamento Ge ral do Impé rio - 1872

Desconhecido

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Os portugueses faziam-se presentes em todos os municípios paulistas (exceto Caraguatuba). Os imigrantes de outras nacionalidades, além da capital São Paulo, concentravam-se principalmente nos municípios cafeeiros do Velho Oeste Paulista (Limeira, Campinas, Rio Claro, Araras, Piracicaba e Pirassununga), que vivenciaram as primeiras experiências de substituição do trabalho escravo para o trabalho livre em regime de parceria. Nesses locais, havia um número considerável de alemães e suíços-alemães.

Os africanos livres eram encontrados em maior número na capital da Província, São Paulo, em Bananal, Campinas e Mogi-Mirim e os africanos escravos eram bastante numerosos em Bananal, Campinas, Mogi-Mirim, Piracicaba, Rio Claro e Guaratinguetá, todos municípios cafeeiros.

O impacto do contingente imigrante sobre a população local, não foi igual em todos os municípios. Em alguns deles, a população imigrante no seu conjunto (livres e escravos, nacionais e estrangeiros) chegou a representar mais de 20% ou 30% na população total do município. Em Itapetininga, Itaporanga, Itatiba e Taubaté os imigrantes correspondiam entre 20% e 29%. São João da Boa Vista, Mococa e Santos chegaram a ter 30% ou mais imigrantes entre seus habitantes (Tabela 4). O peso dos imigrantes livres sobre a população livre e o dos escravos sobre a população escrava, nos locais de destino, também variou de intensidade conforme o município. Isso está relacionado não só com o desenvolvimento econômico, mas também ao volume e à característica do contingente populacional nativo. Em Campinas, um importante centro cafeeiro, por exemplo, os imigrantes escravos crioulos representavam 10% da população local e 23,7% da população escrava. Os estrangeiros livres constituíam 15,9% e os brasileiros livres 5,4% da população livre; os escravos africanos eram 32,4% da população escrava. Já em Ubatuba, município do litoral, os imigrantes brasileiros livres respondiam apenas por 1,8% da população livre e os imigrantes escravos crioulos por 2,8% da população escrava, enquanto os estrangeiros livres eram 2,3% entre os livres e os escravos africanos correspondiam a 7,0% do plantel escravo deste município (Tabela 4).

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Tabela 4. Porcentagem de imigrantes livres e escravos na população total dos municípios Província de São Paulo 1872

Município % Município % Município %

Amparo 3,5 Iguape 10,2 Queluz 14,6

Apiaí 4,5 Ilhabela 6,9 Ribeirão Preto 1,7

Araçoiaba Serra 1,5 Indaiatuba 6,2 Rio Claro 9,3

Araraquara 7,1 Itanhaem 12,0 Salesópolis 7,3

Araras 8,5 Itapetininga 23,2 S.Barb.D’Oeste 9,9

Areias 1,0 Itapeva 7,7 Santa Branca 8.9

Atibaia 2,3 Itapira 7,5 Santa Isabel 8,3

Bananal 15,0 Itaporanga 24,6 Santana Parnaíba 12,2

Batatais 10,1 Itatiba 26,9 Santo Amaro 2,0

Botucatu 9,3 Itu 3,7 Santos 31,2

Bragança Paul. 7,0 Jaboticabal 12,1 S.Bento Sapucaí 9,1

Brotas 12,5 Jacareí 0.7 São Carlos 9,1

Cabreuva 0,3 Jaú 10,2 S.João Boa Vista 29,3 Caçapava 2,6 Jundiaí 7,4 S. José Barreiro 9,7 Caconde 13,6 Lençois Paul 9,4 S.José Campos 4,8 Cajuru 9,8 Limeira 7,2 S. L. Paraitinga 3,6

Campinas 13,0 Lorena 16,7 São Paulo 5,3

Cananéia 1,7 Mocóca 33,9 São Roque 4,5

Capão Bonito 6,7 Mogi Cruzes 3,3 São Sebastião 2,4

Capivari 11,3 Mogi-Mirim 15,0 São Simão 12,7

Caraguatatuba 10,4 Monte Mór 9,7 São Vicente 12,0 Casa Branca 9,3 Natividade Ser. 12,4 Sarapuí 4,7 Cotia 12,1 Nazaré Paul. 11,0 Serra Negra 7,4

Cruzeiro 10,7 Paraibuna 17,0 Silveiras 6,1

Cunha 8,0 Piedade 8,0 Sorocaba 11,4

Descalvado 14,9 Pindamonhang. 14,4 Tatuí 17,1

Eldorado 0,5 Piracaia 11,1 Taubaté 24,7

Franca 11,6 Piracicaba 13,8 Tietê 3,4

Guaratinguetá 3,4 Pirassununga 4,5 Ubatuba 2,0

Ibiúna 0,9 Porto Feliz 7,4 PROVÍNCIA 10,0

Fonte: Recenseamento Geral do Império, 1872

Embora os homens predominassem entre os imigrantes (livres e escravos), não deixa de chamar a atenção o expressivo número de mulheres entre os imigrantes. Levando em consideração que, no período analisado, a mulher livre migrava atrelada ao homem, ou seja, na condição de esposa, filha ou mãe, podemos inferir que a migração em unidade familiar tinha um peso razoável no movimento migratório. Já para a população escrava, não seria prudente fazermos tal inferência, mas não podemos descartar de todo a possibilidade de muitos escravos terem chegado à Província de São Paulo juntamente com seus familiares, o que não significa, porém, que todo grupo familiar continuasse unido na nova terra. Uma análise detalhada sobre a participação da mulher livre e escrava no contingente migratório extrapola os limites deste trabalho, no

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entanto, julgamos útil reproduzirmos nas Tabelas 5 e 6 os dados referentes a esta participação, por condição social e segundo origem e destino dos migrantes.

Tabela 5. População Livre Brasileira e População Crioula Escrava por Província de origem segundo sexo

Província de São Paulo 1872

População Brasileira Livre População crioula escrava

Província Homem Mulher Total % de

mulher es

Homem Mulher Total % de

mulhere s Alagoas 302 100 402 24,9 291 132 423 31,2 Amazonas 13 7 20 35,0 9 1 10 10,0 Bahia 3.250 2.599 5.849 44,4 3.718 2.522 6.240 40,4 Ceará 599 347 946 36,7 467 337 804 46,9 Esp. Santo 120 84 204 41,2 90 19 109 17,4 Goiás 2.246 1.487 3.733 39,8 180 185 365 50,7 Maranhão 226 230 456 50,4 583 197 780 25,3 M. Grosso 726 413 1.139 36,3 48 39 87 44,8 M. Gerais 15.497 12.712 28.209 45,1 2.254 1.755 4.009 43,8 Pará 182 76 258 29,5 63 14 77 18,2 Paraíba 301 213 514 41,4 250 129 379 34,0 Paraná 4.690 3.183 7.873 40,4 245 131 376 34,8 Pernambuco 1.205 790 1.995 39,6 1.498 859 2.357 36,4 Piauí 318 208 526 39,6 174 93 267 34,8 R. de Janeiro 3.797 2.524 6.321 39,9 2.298 1.609 3.907 41,2 R.G. Norte 375 264 639 41,3 355 173 528 32,8 R.G. Sul 675 317 992 31,9 325 156 481 32,4 S. Catarina 280 299 579 51,6 112 280 392 71,4 Sergipe 615 455 1.070 42,5 479 255 734 34,7 Total 35.417 26.308 61.725 42,6 13.439 8.886 22.325 39,8

Fonte: Recenseamento Geral do Império, 1872

Lamentavelmente, o recenseamento de 1872 não distingue a população que nasceu fora da Província por grupo etário e também não informa o ano em que estas pessoas chegaram à Província. Entretanto, classifica-a segundo o que chama de “raça” e o estado civil.

As pessoas livres de cor branca predominavam entre os imigrantes (52,2%), as de cor parda atingiam pouco mais de ¼ do total e as de cor preta e os classificados como caboclos chegavam, cada um, a representar aproximadamente 10% do conjunto. Em outros termos, quase metade da população migrante (47,8%) era constituída por não brancos. Se levarmos em conta que no conjunto da população nativa os não brancos chegavam a 35,8% do total, poderíamos inferir que os não brancos estariam um pouco mais propensos a migrar que os brancos? Ou, o que pode ser mais provável, os números relativos encontrados entre os migrantes seriam representativos da população das regiões expulsoras?

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Tabela 6. Porcentagem de mulheres livres e escravas imigrantes no conjunto da população brasileira livre e escrava imigrante por município

Província de São Paulo 1872

Muncípio Livre Escr. Município Livre Escr. Município Livre Escr.

Amparo 19,5 47,3 Iguape 40,5 49,4 Queluz 43,9 45,0

Apiaí 34,8 41,7 Ilhabela 39,3 48,8 Ribeirão Preto 74,7 35,3 Araçoiaba Serra 47,2 33,3 Indaiatuba 40,6 44,1 Rio Claro 30,4 38,1 Araraquara 32,8 34,5 Itanhaem 33,1 68,8 Salesópolis 11,6 37,5 Araras 38,4 29,5 Itapetininga 48,1 47,4 S.Barb.D’Oeste 52,4 51,2 Areias 44,7 42,8 Itapeva 44,3 48,9 Santa Branca 56,3 46,8 Atibaia 29,1 41,5 Itapira 44,5 49,4 Santa Isabel 39,3 40,3 Bananal 39,7 44,4 Itaporanga 43,2 54,3 Santana Parnaíba 22,1 59,8 Batatais 42,1 45,6 Itatiba 46,1 52,8 Santo Amaro 26,0 61,7 Botucatu 33,9 51,3 Itu 41,1 20,9 Santos 44,3 44,3 Bragança Paul. 44,6 44,6 Jaboticabal 37,5 35,6 S.Bento Sapucaí 41,3 45,1 Brotas 52,6 44,7 Jacareí 35,8 40,0 São Carlos 45,7 46,9 Cabreuva - 14,3 Jaú 56,5 44,0 S.João Boa Vista 44,6 35,3 Caçapava 55,6 24,8 Jundiaí 38,1 26,2 S. José Barreiro 44,2 49,4 Caconde 38,3 41,5 Lençois Paul 37,8 52,0 S.José Campos 33,2 54,4 Cajuru 32,4 48,7 Limeira 33,3 34,0 S. L. Paraitinga 51,9 44,8 Campinas 21,2 21,7 Lorena 47,0 39,4 São Paulo 41,7 67,0 Cananéia 42,4 - Mocóca 47,9 46,2 São Roque 48,4 36,8 Capão Bonito 45,0 46,7 Mogi Cruzes 50,7 54,4 São Sebastião 82,3 37,8 Capivari 46,0 50,3 Mogi-Mirim 35,3 23,3 São Simão 41,7 41,7 Caraguatatuba 47,8 47,5 Monte Mór 47,5 27,9 São Vicente 42,9 48,1 Casa Branca 24,5 43,1 Natividade Ser. 41,8 57,1 Sarapuí 40,7 41,3 Cotia 50,0 46,8 Nazaré Paul. 46,6 39,4 Serra Negra 27,6 45,2 Cruzeiro 35,3 52,3 Paraibuna 43,7 28,8 Silveiras 51,7 42,1 Cunha 31,6 55,4 Piedade 47,8 56,3 Sorocaba 57,5 60,9 Descalvado 45,0 40,5 Pindamonhang. 52,4 41,0 Tatuí 43,7 36,0 Eldorado 16,7 60,0 Piracaia 49,7 41,5 Taubaté 45,8 38,0 Franca 39,2 45,2 Piracicaba 39,7 47,3 Tietê 43,7 17,6 Guaratinguetá 49,9 52,3 Pirassununga 43,1 38,0 Ubatuba 44,0 31,3 Ibiúna 42,4 42,9 Porto Feliz 43,8 27,1 PROVÍNCIA 42,6 38,2

Fonte: Recenseamento Geral do Império, 1872

Tabela 7. População imigrante brasileira livre e escrava segundo cor e estado civil Província de São Paulo 1872

Livre Escrava

Estado civil Branca Parda Preta Cabocla Total Parda Preta Total

Solteira 19.667 10.091 4.645 3.783 38.186 5.189 12.490 17.679

Casada 10.274 4.691 1.941 1.833 18.739 1.085 2.751 3.836

Viúva 2.249 1.403 584 564 4.800 273 537 810

Total 32.190 16.185 7.170 6.180 61.725 6.547 15.778 22.325

Fonte: Recenseamento Geral do Império, 1872

Quando analisamos a proporção dos casados pelo menos uma vez (isto é casados mais viúvos) entre a população livre migrante, observamos uma pequena diferença entre a população nativa e a migrante com relação a variável “raça”. Enquanto, na população livre nativa, os casados pelo menos uma vez independente da “raça” eram cerca de 1/3 (31,5% a 32,9%) da população, no grupo que migrou para São Paulo eram 38% no conjunto. Com relação à “raça” temos que os imigrantes casados pelo menos uma vez

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entre os brancos representavam 49% e entre os demais 35% a 39%. No caso da população escrava migrante, os pardos e pretos apresentam, em números relativos, os mesmos resultados quanto ao estado civil, ou seja, ser pardo ou preto não importa para impedir ou permitir casamentos. Quando comparados com a população escrava nascida em São Paulo verificamos que os escravos nativos casados pelo menos uma vez são proporcionalmente em menor número (13% e 15% para pardos e pretos) que o encontrado para o escravo crioulo imigrante (21,% em ambos pretos e pardos). Sabendo que de um modo geral as populações migrantes costumam ter uma estrutura etária mais velha que a não migrante e que entre os brancos havia maiores chances de se registrarem casamentos legalizados, tais resultados não surpreendem (Tabela 7).

Apresentando o quadro da população imigrante na Província de São Paulo extraído da análise do Recenseamento Geral do Império de 1872, passamos agora a observar o que nos dizem os Livros das Companhias de Vapores sobre os Emigrantes da seca que deixaram o Ceará no final dos anos 80 do século XIX para outras regiões do Brasil.

III – Emigrantes cearenses: os refugiados da seca de 1888-1889

A pecuária e a cotonicultura foram no período analisado os esteios da economia cearense em fases sucessivas, sem que uma atividade excluísse a outra. Embora a pecuária tenha ocupado, primeiramente, o interior do Ceará, foi a produção do algodão - à qual se associavam a cultura do milho, feijão e outros produtos de subsistência - que intensificou, posteriormente, o povoamento e o crescimento populacional nesse território (Souza e Medeiros,1984 e Nobre, 1987)

Ao paralisar a economia rural e, consequentemente, dificultar o abastecimento das populações rurais e também urbanas, as secas ocorridas no Ceará elevavam a condições insuportáveis a fome, o desemprego e os riscos de epidemias, forçando uma parcela da população a deixar a Província para não morrer. Calcula-se que, entre 1869 e 1900, 300.902 pessoas deixaram o Ceará por causa das secas. Destes, 255.526 (85%) foram para a Amazônia e 45.376 para o “Sul”; do total de emigrados 113.633 regressaram ao Ceará, ou seja, 62,2% permaneceram fora da Província (Girão, 1947:393).

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A seca de 1888-89, embora tenha sido menos intensa e arrasadora do que a de 1877-78 fez com que a Província do Ceará perdesse cerca de 60.000, via óbito ou emigração.

As 5.795 autorizações para emissão de passagem marítimas emitidas pelas autoridades cearenses, entre 1888-1889, permitiram que 31.835 pessoas, vitimas da seca que durou dois anos, buscassem outras paragens para viver. Daquelas autorizações, 91,6% foram concedidas para grupos de duas ou mais pessoas, na sua grande maioria aparentadas entre si e as restantes (487) para indivíduos viajando sós, desacompanhados de parentes e/ou agregados.

A maior parte desses emigrantes (pouco mais de 2/3) provinham das atuais micro-regiões de Baturité – grande produtor de algodão, cultura de subsistência e café (29,6%), de Fortaleza (14,1%), do Litoral do Camocim e Acaraú (11,0%), de Itapipoca (8,6%) e Uruburetama (4,0%) (regiões mais densamente povoadas e agrícolas) (Mapa 5). Os procedentes de Províncias vizinhas a do Ceará totalizavam 5,7% dos embarcados. Aproximadamente 1/5 dos emigrantes comunicaram no momento do embarque que o seu local de nascimento não era o mesmo de sua procedência, ou seja, já haviam tentado obter melhores condições de vida em lugares mais próximos no interior da Província. As regiões que mais expulsaram população aparecem também como local de destino anterior de muitas pessoas. Entre os emigrantes arrolados nos Livros das Companhias de Vapores, observamos que 25,3 % dos emigrantes haviam nascido na atual micro-região de Baturité, enquanto 29,6% indicaram este local como o de procedência. Em Fortaleza e no Litoral de Camocim, constatamos o mesmo fenômeno, mas em menor escala. De uma outra perspectiva, verificamos que, em outras micro-regiões, a porcentagem de naturais era maior que a daqueles que declararam proceder do mesmo local.

Os dados relativos à naturalidade e à procedência dos emigrantes evidenciam a existência de um movimento de população não desprezível no interior da Província e também entre províncias vizinhas, precedendo a emigração de mais longa distância, ou seja, em direção ao norte e ao sudeste brasileiro. A literatura sobre o Ceará mostra que a emigração forçada pela seca ocorria em etapas. Em um primeiro momento, a população atingida emigrava para a sede dos municípios, ou para lugares mais amenos em busca de ajuda dos parentes e amigos. O descolamento seguinte era em direção ao litoral, de

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preferência a capital “porque é onde mora o governo” e daí para outras províncias. A invasão das cidades e os riscos socais e de saúde levaram, por várias ocasiões, o próprio governo a usar o aparelho policial para obrigar as pessoas a deixarem o Ceará (Souza e Medeiros, 1984:56-59). 5 18 7 19 20 21 23 2 8 6 12 26 29 24 3 32 27 16 11 9 13 31 15 22 33 25 28 30 14 10 4 17 1 Volume de Emigrantes: 0 - 100 101 - 500 501 - 1000 1001 - 5000 9424 N E W S AM PA MT BA MG PI MS GO RS MA TO SP RO PR RR AC AP CE SC PEPB RJ RN ES AL DF SE

Mapa 5: Procedência dos Emigrantes Província do Ceará - 1888-1889

Fonte: Arquivo Estadual do Ceará - Livros das Companhias de Vapores, 1888-1889. 1. Litoral do Camocim e Acaraú

2. Ibiapaba 3. Coreau 4. Meruóca 5. Sobral 6. Ipú 7. Santa Quitéria 8. Itapipoca 9. Baixo Curú 10. Uruburetama 11. Médio Curú 12. Canindé 13. Baturité 14. Chorinho 15. Cascavel 16. Fortaleza 17. Pacajús 18. Sertão do Crateús 19. Sertão do Quixeramobim 20. Sertão de Inhamuns 21. Sertão de Senador Pompeu 22. Litoral de Acarati 23. Baixo Jaguaribe 24. Médio Jaguaribe 25. Serra do Pereiro 26. Iguatu 27. Várzea Alegre 28. Lavras da Mangabeira 29. Chapada do Araripe 30. Caririaçu 31. Barro 32. Cariri 33. Brejo Santo

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Os emigrantes da seca, conforme a conjuntura local e nacional, tomavam rumos diferentes. Os oriundos da seca de 1888-1889 tiveram como direção um outro porto da própria Província do Ceará, ao norte ou ao sul de Fortaleza (4,6%); portos de outras Províncias ao Norte do Ceará (63,4%) - principalmente Belém e Manaus - e portos ao Sul que se localizavam nas Províncias do Nordeste ao sul do Ceará (1,0%) e nas Províncias da Região Sudeste: Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo especialmente (22,4%) (Tabelas 8 e 9).

No Norte, a exploração do cacau e, principalmente, da borracha apareciam como alternativas de trabalho abertas aos brasileiros das Regiões Norte e Nordeste, sobretudo aos cearenses refugiados das secas. No caso do Sudeste, o Rio de Janeiro foi a Província que mais recebeu esses emigrantes. Além de ser sede da capital do Império, esta Província era um centro cafeicultor, precisava de mão-de-obra para manter a produção da subsistência (uma vez que os escravos estavam sendo canalizados para os cafezais) e para as obras de infra-estrutura; portanto, em condições de absorver os cearenses. Na Província do Espírito Santo, havia áreas praticamente desabitadas e também a falta de braços oriunda não somente das leis restritivas à escravidão, mas também às constantes baixas populacionais provocadas por surtos epidêmicos de febre amarela, varíola e cólera. A força de trabalho existente estava alocada praticamente na produção do café, do açúcar, da aguardente e da farinha, prejudicando o abastecimento de gêneros de primeira necessidade, que exigia solução imediata. Isto levou as autoridades a investirem na imigração internacional e a absorverem sem restrições – ao que parece - os refugiados da seca, como demonstra um depoimento de uma autoridade da época:

O verdadeiro sistema de colonização é o misto, isto é, o nacional aprendendo do colono laborioso e inteligente tudo quanto lhe for aproveitável da cultura européia; o colono europeu aprendendo também por sua vez do nacional a não deixar-se tomar de surpresa e receio ante a majestade de nossas matas virgens e seculares, compreendendo o modo de proceder às derrubadas, queimas e plantio. Este auxílio mútuo, a par do cruzamento das raças, há de produzir grandes benefícios.( citado por Busatto, 1990)

Pouco mais da metade dos emigrantes cearenses eram homens (51,9%). A razão de sexo, no entanto, apresentou variações conforme o local de destino. Entre os que embarcaram para o Norte, a razão de sexo era um pouco maior que para os que se destinaram ao Sul (111 e 104 respectivamente). Para os que permaneceram no Ceará, a razão de sexo era ainda maior (121) e, entre os que tiveram como destino o Nordeste, predominaram mulheres (Tabela 9).

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Tabela 8 . Emigrantes por Província de destino Ceará – 1888-1889

Província ou região de destino No. de emigrantes

Amazonas 10.249 Pará 7.806 Maranhão 2.196 Piauí 26 Norte do Ceará 1.450 Sul do Ceará 3

Rio Grande do Norte 4

Paraíba 19 Pernambuco 196 Alagoas 33 Bahia 67 Espírito Santo 1.680 Rio de Janeiro 4.465 Minas Gerais 12 São Paulo 964 Sudeste 2.224 Nordeste e Sudeste 425 Sem informação 16 Total 31.835

Fonte: Arquivo Estadual do Ceará. Livros da Companhia de Vapores 1888-1889.

AM PA MT BA MG PI MS GO RS MA TO SP RO PR RR AC AP CE SC PE PB RJ RN ES AL SE DF N E W S Mapa 6: Destino dos Emigrantes Cearenses

Província do Ceará 188 8

8-1889

Fonte: Arquivo Estadual do Ceará - Livros das Companhias de Vapores, 1888-1889. menos de 70 196 1.000 a 3.000 5.000 a 8.000 10.249 Volume de Emigrantes:

Obs: Na fonte estão enumeradas 425 pessoas cujo destino aparece como "Nordeste e Sudeste" e mais 16 sem informações do destino. Portanto, estas cifras não estão delineadas neste mapa. Já as 2.224 que tiveram como destino "Sudeste" foram redistribuídas proporcionalmente entre as Províncias do Sudeste: SP, RJ, MG e ES.

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Tabela 9 . Emigrantes por região de destino segundo sexo Ceará – 1888-1889

Região Homem Mulher Sem

informação

Total

Norte 10.620 9.578 79 20.277

Sul (NE) 157 162 319

Sul (SE) 4.765 4.572 8 9.345

Sul (NE ou SE) 740 712 425

Ceará 233 192 1 1.453

Sem informação 11 5 16

Total 16.526 15.221 88 31.835

Fonte: Arquivo Estadual do Ceará. Livros da Companhia de Vapores 1888-1889.

Esses refugiados da seca compunham um segmento relativamente jovem – 38% eram crianças de 0-10 anos, 45,7% tinham entre 0-15 anos e 49,3% tinham entre 15-49 anos. Distinguindo os emigrantes por local de destino, observamos que entre os que seguiram para o Norte a proporção de crianças era menor (36,0%) que entre os que se encaminhavam para o sul (42,8%) e a de jovens adultos de 10 a 29 anos era maior entre os que foram para o Norte (Tabela 10).

Tabela 10 . Emigrantes por região de destino segundo grupo de idade Ceará 1888-1889

Grupo etário

Norte Sul (NE) Sul (SE) Sul (NE ou SE)

Ceará Sem infor Total

0-4 4.139 40 2.317 115 304 5 6.920 5-9 3.161 50 1.679 64 230 3 5.187 10-14 1.654 14 635 27 118 2 2.450 15-19 2.043 20 726 37 126 1 2.953 20-24 2.608 45 1.058 51 166 3 3.931 25-29 2.042 32 871 34 139 1 3.119 30-34 1.304 27 665 41 109 1 2.147 35-39 933 25 416 9 74 0 1.457 40-44 821 32 374 16 64 0 1.307 45-49 506 11 223 12 30 0 782 50-54 419 9 167 7 34 0 636 55-59 228 3 87 3 10 0 331 60 e + 357 10 119 9 47 0 542 s. infor 62 1 8 0 2 0 73 Total 20.277 319 9.345 425 1.453 16 31.835

Fonte: Arquivo Estadual do Ceará. Livros da Companhia de Vapores 1888-1889.

No momento de seu deslocamento, cerca de 1/3 dos emigrantes apresentaram-se como casados e 3% como viúvos. Quando desagregamos por região de destino observamos alguma diferença, no que diz respeito ao estado civil. Entre os que se destinavam ao Sudeste, a proporção de casados era ligeiramente maior do que entre os que se destinavam ao Norte. Já os solteiros e viúvos apresentavam maior proporção entre os que foram para o Norte que entre os que se destinaram ao Sul (Tabela 11).

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Tabela 11. Emigrantes por região de destino segundo o estado conjugal Ceará 1888-1889

Região Solteiro Casado Viúvo S. infor. Total

Norte 11.841 6.134 690 1.612 20.277

Sul (NE) 172 118 14 15 319

Sul (SE) 5.587 3.169 256 333 9.345

Sul (NE ou SE) 227 132 16 50 425

Ceará 916 477 29 31 1.453

Sem infor 13 3 16

Total 18.756 10.033 1.005 2.041 31.835

Fonte: Arquivo Estadual do Ceará. Livros da Companhia de Vapores 1888-1889.

Se considerarmos, no entanto, somente as pessoas com 15 anos ou mais que totalizavam 17.205 (ou seja, 54,2% dos emigrantes) e supusermos que todos os casados e viúvos se encontrassem nesse grupo etário, teríamos que 3/5 dos adultos de 15 anos ou mais quando emigraram já eram casados ou viúvos (58,3% casados e 5,8% viúvos). E, neste caso, as diferenças entre o Norte e Sudeste apresentam-se mais acentuadas, ou seja, no conjunto da população de 15 anos ou mais que emigrou para o Norte os casados totalizavam 54,5% e os viúvos 6,1%; já para o Sudeste a proporção de casados atingia 67,3% e de viúvos 5,3%.

Entre as autorizações para a viagem a vapor, como já observamos, 5.308 eram autorizações coletivas, isto é, dadas a um grupo de pessoas com um chefe e 487 a uma única pessoa. Fixando-nos nas autorizações dadas a grupos, podemos dizer que as características das pessoas que os compunham não diferiam muito do que foi observado para a população emigrante total, uma vez que representavam 98,5% dos emigrantes. Entre os que compunham os grupos 16.130 eram homens e 15.130 mulheres (razão de sexo 106). Dos emigraram sós, 396 eram homens e apenas 91 eram mulheres. Desses últimos 49,3% foram para o Norte, 35,1% para o Sudeste e o restante escolheu outras paragens.

Os grupos, no entanto, não eram todos iguais. Diferenciavam-se quanto ao tamanho e à composição. Mais da metade desses grupos (53,2%) era composta por 2 a 5 pessoas; os que tinham entre 6 e 10 elementos constituíam 39% do conjunto e uma pequena minoria tinha mais de 10 componentes (Tabela 12)

Os grupos podiam combinar apenas parentes consangüíneos de diferentes gerações e graus ou ainda estes com parentes por afinidade e agregados. O parentesco anotado na documentação era sempre em relação ao chefe que encabeçava a autorização para a viagem.

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Tabela 12. Tamanho dos grupos emigrantes Ceará 1888-1889

No. de pessoas Freqüência %

2 589 11,1 3 749 14,1 4 774 14,6 5 713 13,4 6 695 13,1 7 526 9,9 8 368 6,9 9 288 5,4 10 195 3,7 11 126 2,4 12 87 1,6 13 49 0,9 14 33 0,6 15 e mais 85 2,2 Total 5.308 100,0

Fonte: Arquivo Estadual do Ceará. Livros da Companhia de Vapores 1888-1889.

Apesar da diversidade de combinações encontradas, os grupos formados pelo casal com filhos abrangiam mais da metade do conjunto (52,1%). Se somarmos a estes os grupos formados só pelo casal e pelo pai ou mãe com filhos temos que mais de 2/3 dos grupos (68,4%) eram constituídos por famílias nucleares (Tabela 13).

Tabela 13. Composição do grupo emigrante Ceará 1888-1889

Tipo (*) Freqüência Tipo (*) Freqüência Tipo (*) Freqüência

C 459 H+F 139 M+F 269 C+F 2.763 H+PC 149 M+PC 20 C+PC 90 H+PA 4 M+PA 1 C+PA 58 H+A 10 M+F+PC 60 C+A 5 H+F+PC 49 M+F+A 14 C+F+PC 456 H+F+A 5 M+F+PA 7

C+F+A 70 H+F+PA 8 M+PC+A 1

C+F+PA 278 H+F+PC+A 4 M +PC+PA 1

C+F+PC+A 22 H+PC+A 8 M+F+PC+PA 8

C+PC+A 5 H+PC+PA 6 M+F+PC+A+PA 1

C+PC+PA 33 H+F+PC+PA 12

C+A+PA 2 H+F+PC+A+PA 1

C+F+PC+PA 172 H+PC+A+PA 2

C+F+A+PA 16

C+F+PC+A+PA 11 sem inform. 86

C+PC+A+PA 3 TOTAL 5.308

Fonte: Arquivo Estadual do Ceará. Livros da Companhia de Vapores 1888-1889.

(*) C = casal; F = filho; PC = parente consangüíneo (menos filho); PA = parente por afinidade; A = agregado; H = homem; M = mulher.

A composição do grupo apresentou também diferentes proporções quanto ao seu destino. Dos grupos que foram para o Norte 47,3% eram constituídos por casais com filhos enquanto dos que iam para o Sul -SE estes chegavam a 60,6%. Famílias nucleares

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– casal, pai ou mãe e filhos e casal com filhos eram 64,7% dos que iam para o Norte e 76,3% dos que se encaminhavam para o Sul-SE .

Desagregando os componentes dos grupos por sexo, idade e estado conjugal verificamos que entre os homens 53,0% tinham 15 anos ou mais e entre as mulheres esta proporção era ligeiramente inferior. No entanto, as mulheres emigrantes de 15 anos e mais apresentavam uma porcentagem maior de casadas e viúvas (67,7% e 9,6% respectivamente) que entre os homens (66,2% casados e 3,3% viúvos) (Tabela 14).

Tabela 14. Homens e mulheres que compunham os grupos por idade e estado civil Ceará 1888-1889

Homem Mulher Grupo de

idade

Solteiro Casado Viúvo S. inf. Total Solteira Casada Viúva S. inf. Total

0-4 3.557 3.557 3.345 3.345 5-9 2.788 2.788 2.379 2.379 10-14 1.218 23 1.241 1.159 9 30 1.198 15-19 921 28 453 1.402 773 324 3 391 1.491 20-24 842 662 6 314 1.824 475 1.255 24 210 1.964 25-29 346 989 13 112 1.460 223 1.205 34 96 1.558 30-34 96 882 24 40 1.042 92 836 68 54 1.050 35-39 39 715 24 24 802 43 494 63 19 619 40-44 26 609 31 15 681 20 391 140 42 593 45-49 5 402 35 6 448 11 199 82 14 306 50-54 9 297 33 6 345 8 131 114 25 278 55-59 6 176 20 4 206 3 47 57 9 116 60 e + 3 223 61 22 309 7 57 118 25 207 sem infor. 2 4 1 18 25 1 6 3 16 26 Total 9.858 4.987 248 1.037 16.130 8.539 4.954 706 931 15.130

Fonte: Arquivo Estadual do Ceará. Livros da Companhia de Vapores 1888-1889.

nota: não constam informação sobre sexo de 88 pessoas

Os chefes desses grupos, na sua imensa maioria, eram homens (92,3%). Destes, 59,7% chefiavam famílias que se destinavam ao Norte. A maior parte dos chefes homens eram casados (93,3%) e os viúvos chegavam a 3,4% do total; 84,6% tinham idades entre 15-49anos de idade (Tabela 15).

As mulheres chefes eram em número bem menor que os homens; as que se dirigiram ao Norte correspondiam a 65,9% do total. A maioria era viúva (65,9%) e as casadas representavam cerca de 1/5 das chefes; 63,4% tinham entre 15-49 anos de idade, portanto, as mulheres chefes apresentavam uma estrutura etária mais velha que a dos chefes homens.

Os chefes homens e chefes mulheres, na sua maioria, declararam ser agricultores ou lavradores (62,3%). Não declararam sua ocupação, 37,3%.

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Tabela 15. Chefes dos grupos por sexo, idade e estado conjugal Ceará 1888-1889

Homem Mulher Grupo de

idade

Solteiro Casado Viúvo S. inf. Total Solteira Casada Viúva S. inf. Total

15-19 18 14 1 33 1 1 2 20-24 50 561 6 1 618 15 12 8 1 36 25-29 45 875 4 4 928 12 15 16 2 45 30-34 21 815 14 2 852 9 16 34 59 35-39 5 661 18 684 4 8 29 1 42 40-44 2 583 23 608 2 14 57 3 76 45-49 1 392 26 419 7 33 2 42 50-54 2 283 25 1 311 5 40 45 55-59 3 169 17 189 1 3 18 22 60 e + 211 33 1 245 4 32 36 Sem infor. 1 4 1 2 8 1 1 2 1 5 Total 148 4.568 167 12 4.895 49 81 270 10 410

Fonte: Arquivo Estadual do Ceará. Livros da Companhia de Vapores 1888-1889.

Os indivíduos que viajaram sós, sem fazer parte de nenhum grupo familiar, na sua maioria eram solteiros (69,4%) e concentravam-se nas faixas etárias entre 15-34 anos. Pouco mais da metade dos homens e quase metade das mulheres desse segmento foram para o Norte.

Considerações finais

Ao traçarmos o perfil dos imigrantes que viviam na Província de São Paulo por ocasião do Recenseamento Geral do Império de 1872 e dos emigrantes que deixaram Fortaleza, capital da Província do Ceará, após a grande seca de 1888-89, pudemos demonstrar as possibilidades e dificuldades oferecidas por tais fontes históricas para a compreensão do fenômeno migratório na história brasileira. Demonstramos também que a mobilidade espacial de brasileiros no interior do país como um todo continuava dinâmica na segunda metade do século XIX, quando as atenções das autoridades e das elites se voltavam para a introdução da mão-de-obra livre estrangeira nas áreas do sul e sudeste do Brasil. Reforçamos, a partir dessa pesquisa, o fato de que o movimento de pessoas no território brasileiro se dava não só a curta mas também a longa distância - as dimensões continentais do país não eram tidas como obstáculos intransponíveis. Esta mobilidade respondia, da perspectiva dos locais de origem dos migrantes, às dificuldades advindas de um mercado de trabalho em retração e/ou de reservas de população - que no caso do Ceará e de outras áreas do Nordeste estava atrelado ao fenômeno da seca. Minas Gerais e o Nordeste brasileiro já ensaiavam bem antes do final do século XIX seus papéis de reservatórios populacionais. Da perspectiva dos locais

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recebedores, a imigração respondia às oportunidades abertas por um mercado de trabalho em expansão e as possibilidades de acesso ou posse da terra nesses locais.

Observamos ainda que não só volume, mas também a estrutura demográfica e composição familiar, dos emigrantes cearenses apresentavam diferenças conforme o local de destino. Os condicionantes dessas diferenças devem, certamente, estar ligados às condições do mercado de trabalho desse local e, provavelmente, aos interesses e ao poder de decisão dos agentes envolvidos nesse processo.

As informações trabalhadas permitiram-nos ver que não eram apenas os homens que partiam e chegavam. As mulheres e famílias formavam um componente importante nos grupos migrantes. As mulheres, ao que tudo indica, migravam na condição de esposa, mãe ou filha. Com raras exceções, encabeçavam os grupos, como era o caso de viúvas principalmente, de mulheres casadas que conduziam a família ao encontro do marido migrado anteriormente e de um menor número de jovens adultas solteiras à frente do grupo aparentado.

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