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Vulnerabilidade socioambiental na bacia hidrográfica do Rio Doce/RN: as doenças diarreicas agudas como fator de análise

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA

VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NA BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE/RN: AS DOENÇAS

DIARREICAS AGUDAS COMO FATOR DE ANÁLISE

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA

SANCLAIR SOLON DE MEDEIROS

2019 Natal – RN

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Sanclair Solon de Medeiros

VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NA BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE/RN: AS DOENÇAS

DIARREICAS AGUDAS COMO FATOR DE ANÁLISE

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA

Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre.

Orientador: Profa. Dra. Raquel Franco de Souza

2019 Natal – RN

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Medeiros, Sanclair Solon de.

Vulnerabilidade socioambiental na bacia hidrográfica do Rio Doce/RN: as doenças diarreicas agudas como fator de análise / Sanclair Solon de Medeiros. - 2019.

115 f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Biociências, Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Natal, RN, 2019.

Orientadora: Profa. Dra. Raquel Franco de Souza.

1. Vulnerabilidade socioambiental - Dissertação. 2. Diarréias - Dissertação. 3. Bacia hidrográfica(RN) - Dissertação. 4. Saúde - Dissertação. 5. População - Dissertação. I. Souza, Raquel Franco de. II. Título.

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SANCLAIR SOLON DE MEDEIROS

Dissertação submetida ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN), como requisito para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Aprovada em:

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________________ Prof.ª Dra. RAQUEL FRANCO DE SOUZA

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN)

______________________________________________ Prof.ª Dra. MARIA CRISTINA BASILIO CRISPIM DA SILVA

Membro Externo à UFRN (PRODEMA/UFPB)

_______________________________________________ Prof. Dr. LUTIANE QUEIROZ DE ALMEIDA Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGE/UFRN)

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A minha amada mãe! Dona Maria de Lourdes (in memoriam) por ter dedicado a vida e todo amor desse mundo a nossa família. Não posso mais lhe ver com os olhos físicos, mas meu coração sabe que sempre estás comigo. Te amarei para sempre!

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AGRADECIMENTOS

À Deus e aos irmãos espirituais pelo suporte, luz e inspirações.

A minha família pelo apoio, força e carinho. Vocês são minha fortaleza. Estaremos sempre juntos na caminhada.

Aos irmãos que a vida me deu, Vanessa e Wlademir pela companhia e pelas melhores risadas do mundo.

Meu respeito e admiração a professora Raquel Franco minha orientadora, pela paciência, sabedoria, maestria e amor que dedica aos seus orientandos. Obrigado professora!!! #VDC Aos professores do Programa de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA), pelas contribuições e disciplinas brilhantemente ministradas durante o curso. Aos servidores David e Érica, secretários do PRODEMA, pela paciência e orientações no trilhar dos atos administrativos.

Aos amigos e colegas de mestrado pelas discussões, contribuições, força e compartilhamento de nossas angústias e vitórias.

Ao Professor Franklin Roberto pelos shapes da Bacia Hidrográfica do rio Doce/RN.

A colega mestranda Jéssica Oliveira, pelas aulas de ArcGis e suporte na elaboração dos mapas utilizados nessa dissertação. Obrigado!

Ao Prefeito Luís Eduardo e amigos da Prefeitura Municipal de Maxaranguape, agradeço pela oportunidade de poder contribuir com o desenvolvimento dessa linda cidade.

Agradeço ainda a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) pelo financiamento desta pesquisa - Código de Financiamento 001.

A todos vocês, meus mais sinceros agradecimentos!

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RESUMO

VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE/RN: AS DOENÇAS DIARREICAS AGUDAS COMO FATOR DE ANÁLISE

As cidades se desenvolvem cada vez mais rápido e desigualmente. Neste mesmo ritmo também são necessárias cada vez mais áreas para alocar, por exemplo, infraestrutura e agricultura. Este desigual desenvolvimento afeta diretamente as pessoas que se expõem assim a situações de vulnerabilidade, sejam estas relacionadas à falta de infraestrutura, acesso a saúde, políticas, informação, moradia digna e renda. Sem condições de vida adequada ocorre a ocupação, legal ou não, de áreas periféricas aos centros urbanos, que tradicionalmente não possuem adequação para este tipo de ocupação e normalmente localizam-se próximas a cursos d’água. A proximidade com os corpos hídricos, a problemática do saneamento básico, a quantidade de pessoas dividindo o mesmo domicílio e a não alfabetização são fatores influenciadores do acometimento destas populações por doenças diarreicas agudas. Este trabalho objetiva realizar uma revisão de literatura dos trabalhos referentes a esta área de conhecimento como também caracterizar a vulnerabilidade socioambiental, por meio da construção de indicadores socioambientais em escala desagregada (setores censitários), das populações residentes nos municípios da área da bacia hidrográfica do Rio Doce/RN – Brasil e sua relação com as doenças diarreicas agudas, apresentando estes resultados em Sistemas de Informações Geográficas. Os resultados da revisão de literatura mostram que, no tocante as escolhas metodológicas, trata-se de pesquisas descritivas, com abordagem quantitativa e qualiquantitativa; em seu delineamento, todos são estudos de caso com fontes bibliográficas e documentais; as técnicas de coletas de dados se iniciam com pesquisas documentais, bibliográficas e operacionalizam variáveis para as discussões; os questionários e entrevistas perfazem 30% do total; com relação às técnicas de análise de dados, a estatística descritiva, as medidas de tendência centrais, correlação e análises multivariadas, representam cerca de 93% dos estudos, utilizando-se de uma ou mais técnicas. Quanto aos produtos, a construção de Sistemas de Informações Geográficas é o resultado mais significativo, em 20 dos 27 trabalhos. A construção de índices e indicadores são verificados em 60% dos mesmos. Quanto a vulnerabilidade socioambiental na área da bacia hidrográfica do rio Doce, tem-se que das 316.206 pessoas, cerca de 190 mil estão localizadas em faixas de média-alta e alta vulnerabilidade social no tocante as moradias com elevado número de habitantes, renda per capita reduzida e crianças sem alfabetização que somam mais de 27 mil. Os idosos, além de responsáveis pela renda do domicílio particular permanente são, em sua maioria, não alfabetizados. A ausência de infraestrutura, relacionada ao abastecimento de água por rede geral, coleta de lixo e presença de banheiro na residência é uma realidade quase que em sua totalidade das zonas rurais. A falta de pavimentação, iluminação pública, presença de esgoto a céu aberto e lixo acumulado afeta cerca de 66.349 pessoas. Os residentes em áreas sem serviços públicos de pavimentação de via, serviço de iluminação, coleta de esgoto e lixo totalizam 7.560 pessoas dividindo 2.023 domicílios. Quanto ao adoecimento por diarreias agudas, verificou-se deterioração dos índices entre os de 2013 a 2017. Os resultados alcançados demonstram a necessidade de efetiva aplicação de políticas públicas de acesso à educação, à renda, ao emprego e à saúde na área da bacia hidrográfica do rio Doce/RN – Brasil.

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ABSTRACT

SOCIO-ENVIRONMENTAL VULNERABILITY IN THE HYDROGRAPHIC BASIN OF THE RIO DOCE / RN: ACUTE DIARRHEA DISEASES AS A FACTOR OF

ANALYSIS

Cities develop more and more rapidly and unequally. At the same pace, more and more areas are needed to allocate, for example, infrastructure and agriculture. This unequal development directly affects people who are exposed to situations of vulnerability, be they related to lack of infrastructure, access to health, policies, information, decent housing and income. Without proper living conditions, legal or illegal occupation of peripheral areas to urban centers, which traditionally do not have adequacy for this type of occupation, is usually located near water courses. The proximity to the hidrous body, the problem of basic sanitation, the number of people dividing the same household and the non-literacy are factors influencing the involvement of these populations due to acute diarrheal diseases. This work aims to carry out a literature review of the works related to this area of knowledge as well as to characterize the socioenvironmental vulnerability, through the construction of socioenvironmental indicators on a disaggregated scale (census tracts), of the populations living in the municipalities of the area of the river basin of Rio Doce / RN - Brazil and its relationship with acute diarrheal diseases, presenting these results in Geographic Information Systems. The results of the literature review show that, in terms of methodological choices, these are descriptive research, with a quantitative and qualitaiquantitative approach; in their design, all are case studies with bibliographical and documentary sources; the techniques of data collection begin with documentary, bibliographic research and operationalize variables for the discussions; the questionnaires and interviews represent 30% of the total; data analysis techniques, descriptive statistics, central trend measures, correlation and multivariate analyzes, represent about 93% of the studies, using one or more techniques. As for the products, the construction of Geographic Information Systems is the most significant result, in 20 of the 27 works. The construction of indices and indicators are verified in 60% of them. Regarding the social and environmental vulnerability in the area of the rio Doce basin, it is estimated that of the 316.206 people, about 190.000 are located in medium-high and high social vulnerability ranges for houses with a high number of inhabitants, per capita income children with no literacy totaling more than 27.000. The elderly, in addition to being responsible for the income of the permanent private household, are, for the most part, not literate. The absence of infrastructure, related to the water supply through general network, garbage collection and the presence of bathroom in the residence is a reality almost in its totality of the rural areas. The lack of paving, public lighting, the presence of open sewage and accumulated waste affects about 66.349 people. Residents in areas without public paving, lighting, sewage and garbage collection services total 7.560 people, dividing 2.023 households. As for acute diarrheal illnesses, there was a deterioration in the indices between 2013 and 2017. The results show the need for effective implementation of public policies for access to education, income, employment and health in the area of the river basin of the Rio Doce / RN - Brazil.

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LISTA DE FIGURAS

CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO

Figura 01: Mapa de localização da bacia hidrográfica do Rio Doce – RN ... METODOLOGIA GERAL

METODOLOGIA DO 1º CAPÍTULO

Figura 2: Quantidade de publicações encontradas no Portal de Periódicos da CAPES, entre

1999 e 2018, para busca dos termos “Vulnerabilidade Socioambiental” (obrigatório) combinado com “censo”, “saúde”, “doença”, “risco” e “bacia hidrográfica” ...

Figura 3: Distribuição mundial dos estudos publicados sobre vulnerabilidade socioambiental

em periódicos revisados por pares ...

Figura 4: Fluxograma de contagem de resultados por descritor ... Figura 5: Modelo de Diagrama de Venn com interseções entre 5 categorias ... Figura 6: Diagrama de Venn com interseções entre as 5 categorias de descritores pesquisados METODOLOGIA DO 3º CAPÍTULO

Figura 7: Fluxograma metodológico do trabalho ... CAPÍTULO 1

Figura 1: Quantidade de publicações encontradas no Portal de Periódicos da CAPES, entre

1999 e 2018, para busca dos termos “VSA” (obrigatório) combinado com “censo”, “saúde”, “doença”, “risco” e “bacia hidrográfica” e distribuição mundial dos estudos publicados sobre VSA em periódicos revisados por pares ...

Figura 2: Fluxograma de contagem de resultados por descritor ... Figura 3: Quadro de tipologias metodológicas, procedimentos técnicos e produtos resultantes

dos estudos de VSA de acordo com a classificação de Gil (2008) ...

CAPÍTULO 2

Figura 1: Mapa do IVS referente ao Grupo 1: Moradias com elevado número de habitantes,

renda per capita reduzida e crianças sem alfabetização ...

Figura 2: Mapa do IVS referente ao Grupo 2 - Idosas responsáveis pelo domicílio e idosos sem

alfabetização ...

Figura 3: Mapa do IVS referente ao Grupo 3 - Domicílios sem infraestrutura e adultos

responsáveis não alfabetizados ...

Figura 4: Mapa do IVS referente ao Grupo 4 - Jovens sem renda mensal e responsáveis pelo

domicílio ...

Figura 5: Mapa do IVS referente ao Grupo 5 – Residentes em áreas sem pavimentação, sem

iluminação pública, com esgoto a céu aberto e lixo acumulado nos logradouros ...

CAPÍTULO 3

Figura 1: Mapa do IVS referente aos Grupos 1 - Domicílios com mais de 4 moradores com

pessoas de 0 a 14 anos de idade, cujos responsáveis pelo DPP não são alfabetizados e não tem rendimento nominal mensal; Grupo 2 - Residentes em áreas sem serviços públicos de pavimentação de via, serviço de iluminação, coleta de esgoto e lixo e Grupo 3 - Domicílios sem banheiro e sem abastecimento de água da rede geral (Infraestrutura do domicílio precária) da Vulnerabilidade Socioambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Doce / RN ...

Figura 2: Índice de Vulnerabilidade Ambiental ao Adoecimento dos anos de 2013 a 2017 –

IVAA ... 17 20 22 24 25 26 35 41 42 44 75 76 78 79 81 98 100

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LISTA DE TABELAS E QUADROS METODOLOGIA GERAL

METODOLOGIA DO 1º CAPÍTULO

Tabela 1: Repetição dos artigos entre categorias pesquisadas ... METODOLOGIA DO 2º CAPÍTULO

Quadro 1: Variáveis consideradas para criação índice de vulnerabilidade social ... METODOLOGIA DO 3º CAPÍTULO

Quadro 2: Variáveis consideradas para criação índice de vulnerabilidade social ... CAPÍTULO 1

Tabela 1: Produtos gerados nos estudos de VSA analisados ... CAPÍTULO 2

Quadro 1: Variáveis consideradas para criação índice de vulnerabilidade social ... Quadro 2: Apresentação do resultado das comunalidades entre as variáveis elencadas para a

criação do Índice de Vulnerabilidade socioeconômica ...

Quadro 3: Total da variância explicada ... Quadro 4: Matriz de componentes rotacionados ... Quadro 5: Grupos de explicação criados ... CAPÍTULO 3

Quadro 1: Variáveis consideradas para criação índice de vulnerabilidade social ... Quadro 2: Matriz de componentes rotacionados ... Quadro 3: Resultados do teste de correlação de Pearson (r) entre os Grupos 1 - Domicílios com

mais de 4 moradores com pessoas de 0 a 14 anos de idade, cujos responsáveis pelo DPP não são alfabetizados e não tem rendimento nominal mensal; Grupo 2 - Residentes em áreas sem serviços públicos de pavimentação de via, serviço de iluminação, coleta de esgoto e lixo e Grupo 3 - Domicílios sem banheiro e sem abastecimento de água da rede geral (Infraestrutura do domicílio precária) e o Índice de Vulnerabilidade Ambiental ao Adoecimento – IVAA ...

24 29 32 55 70 71 71 72 72 89 93 102

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL ...

CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO ...

METODOLOGIA GERAL ...

CAPÍTULO 1 – METODOLOGIAS E RESULTADOS EM ESTUDOS DE

VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL: UMA REVISÃO

INTEGRATIVA COM DESCRITORES ... 11 17 19 36 Resumo ... 36 Abstract ... 36 Introdução ... 37 Metodologia ... 39 Resultados e Discussão ... 43 Conclusão ... 58 Referências Bibliográficas ... 59

CAPÍTULO 2 – VULNERABILIDADE SOCIOECONÔMICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE/RN... 65

Resumo ... 65 Abstract ... 66 Introdução ... 66 Metodologia ... 68 Resultados e Discussões ... 70 Conclusão ... 82 Referências Bibliográficas ... 83

CAPÍTULO 3 – VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E ADOECIMENTO POR DOENÇAS DIARREICAS AGUDAS NA ÁREA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE/RN... 85 Resumo ... 85 Abstract ... 86 Introdução ... 86 Metodologia ... 88 Resultados e Discussões ... 92 Conclusão ... 103 Referências Bibliográficas ... 104 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 108

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INTRODUÇÃO GERAL

Os estudos da vulnerabilidade originam-se nas pesquisas sobre desastres naturais (natural hazards) e avaliações de riscos (risk assessment). Neste contexto inicial desenvolvido, a vulnerabilidade é tida como o intercâmbio entre o risco existente em determinado espaço ou lugar (hazard of place), as características desse espaço e o grau de exposição da população residente (CUTTER; BORUFF; SHIRLEY, 2003).

Por se tratar de um tema emergente em matéria de população, meio ambiente e desenvolvimento, a noção de vulnerabilidade socioambiental não está consolidada e possui múltiplos sentidos de interpretação, fazendo com que uma das questões atuais na ciência da vulnerabildade seja a diversidade de abordagens disciplinares e metodológicas e a falta de definição científica de seus termos que proporcionam sua ampla utilização, ganhando definições específicas, dependendo da área em que é empregada. A perda de seu significado é um risco devido ao seu uso em amplas abordagens sem delimitação teórica, metodológica e conceitual (CUTTER, 2011; GALLOPÍN, 2006; SCHUMANN; MOURA, 2015).

Frente a essas questões sobre as diferentes formulações e implicações da pesquisa em vulnerabilidade, derivam-se usos e objetivos que são elaborados para cada caso de pesquisa. Existem apontamentos de que não há um único modelo universalmente aceito para formular as ligações entre os sistemas humano e natural, assim como na vulnerabilidade socioambiental. Em outras áreas de pesquisa na interação homem x ambiente os elos sócio-ecológicos são conceituados também de diferentes maneiras (ADGER, 2006).

O uso de modelos concretos nas pesquisas científicas, sobre a dinâmica socioambiental, que relacionam e discutem às características dos lugares, condicionantes dos componentes sociais e ambientais, tendo por base os procedimentos teórico-metodológicos, na busca de uma melhor medição e identificação dos elementos, frente a populações expostas a riscos e perigos ambientais, faz-se necessário e merece o desenvolvimento de suas discussões (MARANDOLA JR.; HOGAN, 2004).

Um extenso debate se configura sobre as definições da vulnerabilidade, a partir do qual emergem três grandes abordagens epistemológicas, sendo: (a) estudos que tratam fortemente de risco, desastres ou abordagens biofísicas; (b) a aplicação de quadros político-ecológicos e/ou político-econômicos; e (c) pesquisas recentes sobre vulnerabilidade inspiradas no conceito de resiliência em ecologia (EAKIN; LUERS, 2006).

Neste sentido, quando se consideram a insegurança e exposição a riscos e perturbações provocadas por eventos ou mudanças econômicas, a noção de vulnerabilidade daria uma visão mais ampla sobre as condições de vida dos grupos sociais e, ao mesmo tempo, levaria em conta

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a disponibilidade de recursos e estratégias das próprias famílias para enfrentar os impactos que as afetam (KAZTMAN, 1999).

A vulnerabilidade apresenta-se assim, para grupos específicos, identificados em situações adversas, tendo como base os fatores domésticos e comunitários do seu “ambiente” propensos aos acontecimentos adversos na sua exposição a fatores ambientais como o risco (DESCHAMPS, 2009).

Podendo ser assim definida como o produto de desigualdades sociais que influenciam ou moldam a suscetibilidade de prejuízo a vários grupos (CUTTER; BORUFF; SHIRLEY, 2003) ou ainda, como a conjunção de fatores sociais e ambientais, como a ocupação de espaços insalubres (margens de rios e lagos, vertentes íngremes, áreas industriais sob efeito de forte poluição ambiental, entre outros), a pobreza representada pelo desemprego, pelo forte déficit habitacional e de infraestrutura, corrobora para a criação de espaços de elevada vulnerabilidade socioespacial (conjunção das vulnerabilidades sociais e das vulnerabilidades físico-espaciais ou ambientais) (CONFALONIERI, 2003).

Uma outra visão, considera a possibilidade de um indivíduo/grupo sofrer danos e sua capacidade de reação no enfrentamento a esta situação conforme exposto acima. Porém, nessa abordagem, defende-se a necessidade de se identificar “quem”, “por que” e “em que nível” os grupos são vulneráveis (DILLEY; BOUDREAU, 2001).

Há assim em suas definições uma relação direta entre exposição a questões ambientais e precariedade de acesso a serviços públicos. A própria ausência de infraestrutura urbana (água, esgoto, coleta de lixo, canalização de córregos, etc.) expõe as populações residentes nestas áreas a riscos ambientais, como as doenças de veiculação hídrica ou diarreias, caracterizando também uma relação de vulnerabilidade (JACOBI, 1995).

Embora haja um conhecimento crescente das conexões entre as doenças associadas à água, a expansão das infecções emergentes demonstra lacunas na compreensão da complexidade desses sistemas e sua relação com as cidades, a saúde humana e as desigualdades sociais (DICKIN; SCHUSTER-WALLACE; ELLIOTT, 2013).

A vulnerabilidade socioambiental nas cidades, está amplamente associada ao desenvolvimento das mesmas, e este desenvolvimento é uma consequência inevitável do progresso (GAMBA; RIBEIRO, 2012; UNICEF/WHO, 2009). Se tem claro que a configuração de uma sociedade de risco, relaciona-se largamente a expansão e modernização capitalista que, com o objetivo de se gerar riquezas, tem gerado, paulatinamente riscos e vulnerabilidade com proporções alarmantes e fora do arcabouço das previsões dos especialistas (BECK, 2000).

Nas pequenas cidades, o acesso desigual à aquisição do solo urbano, devido as condições impostas pelos processos sociais de produção, acabam também destinando as

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populações mais pobres a se instalarem em áreas impróprias à ocupação, como os sopés das dunas, baixios alagadiços, ou em porções territoriais sem a presença de infraestrutura urbana adequada, refletindo espacialmente em um padrão de ocupação urbana com áreas socialmente segregadas (MEDEIROS; ALMEIDA, 2015).

No contexto extremamente desigual em que se transformaram as cidades, as margens dos rios se tornaram a alternativa de acesso à terra urbana e a possibilidade da posse de uma moradia de um contingente crescente e numeroso de pobres urbanos (ALMEIDA, 2012).

A grande maioria dos ocupantes destas áreas de risco acaba produzindo, num claro exemplo da lógica da urbanização, ambientes marginais de vulnerabilidade, portanto sujeitos a eventos críticos como inundações, falta d´água ou acometimento por doenças (MENDONÇA; LEITÃO, 2008).

A avaliação da vulnerabilidade socioambiental oferece uma nova maneira de conceituar a rede complexa de fatores e interações que interagem com as doenças associada à água, enfocando menos a probabilidade do risco ocorrer e, em vez disso, analisando uma ampla gama de fatores que afetam a exposição, a suscetibilidade e capacidade de enfrentamento a uma doença (DICKIN; SCHUSTER-WALLACE; ELLIOTT, 2013).

Mesmo admitindo-se que os serviços púbicos precários, por omissão do poder público, impactem negativamente a sociedade, o conjunto de problemas ambientais decorrem também do descuido e da omissão dos cidadãos, inclusive daqueles moradores dos bairros mais carentes de infraestrutura. Essa observação, levanta a questão do significado dos problemas ambientais e do conflito entre os interesses particularizados e a qualidade de vida da cidade como um todo (JACOBI, 1995).

As condições ambientais, como o clima, o uso da terra e a presença de fontes de poluição, compõem grupos de variáveis que afetam a saúde geral da população. Portanto, a análise da vulnerabilidade junto à saúde pressupõe a integração de dados de diferentes origens e sua conexão em diferentes escalas em que se manifesta o fenômeno socioambiental (BARCELLOS; SABROZA, 2000).

Os resultados dos trabalhos de vulnerabilidade, possibilitam a constituição de uma análise atualizada sobre sua área de estudo e podem fornecer melhores condições para o planejamento de políticas públicas de mitigação e adaptação a situações de vulnerabilidade social e ambiental (ALVES, 2013).

Pode-se ainda contribuir para o desenvolvimento de metodologias de integração de dados sociodemográficos e ambientais para análise de situações de vulnerabilidade socioambiental em escala intraurbana, por meio do uso de métodos de geoprocessamento, análises estatísticas e espaciais (ALVES, 2013).

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Em suma, pode se afirmar que a vulnerabilidade é fundamentalmente um conceito relativo e preocupado com questões de justiça social, equidade e oportunidade (EAKIN; LUERS, 2006). E o estilo de vida das grandes cidades, se constitui como um dos fatores que mais causam impactos atualmente, gerando problemas socioambientais em diversas ordens e dimensões, entre elas, a saúde (COSTANZA et al., 1997; JÚNIOR; HOGAN, 2006; MARANDOLA JR.; HOGAN, 2005; UNICEF/WHO, 2009).

Cada vez mais explorado pela literatura científica, o adoecimento humano vem se apresentando intrinsicamente ligado ao aumento da poluição e degradação do meio ambiente, associando-se a piora nos indicadores de doenças nas diversas esferas da sociedade (MIGUEL; PERES; REGINA, 2014).

O adoecimento da população com a incidência de diarreias agudas, a mais comum das manifestações infecciosas do intestino, é tido como um sério problema de saúde pública mundial. As Doenças Diarreicas Agudas (DDA) estão entre as principais causas da mortalidade infantil, principalmente nos países em desenvolvimento como o Brasil (UNICEF/WHO, 2009). A manutenção das taxas de adoecimento devido as DDA possui relação com uma série de aspectos socioambientais, como a baixa qualidade do saneamento básico, tipo da moradia, condições socioeconômicas, higiene, densidade populacional e acesso à educação formal caracterizando situações de vulnerabilidade socioambiental (CHIESA; WESTPHAL; AKERMAN, 2008; GONÇALVES et al., 2014; LONDE et al., 2015).

A vulnerabilidade socioambiental toma lugar neste contexto, e é um conceito importante para a pesquisa em saúde e ambiente, pois o conhecimento da vulnerabilidade das pessoas às doenças auxilia a identificação de suas necessidades, que normalmente são marcadas pela exclusão social (NICHIATA et al., 2011).

Em se tratando das doenças diarreicas agudas, o desafio latente está na realização de estudos das relações entre variáveis sociais, saúde e meio ambiente, estabelecendo ligações entre os fatores mais gerais de natureza social, econômica, política e as mediações através das quais esses incidem sobre a saúde de grupos, pessoas e cidades, já que a relação de determinação não é uma simples relação direta de causa-efeito; é nesta área que os estudos de vulnerabilidade socioambiental (VSA), também tem empreendido esforços (BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007).

Outro ponto de destaque se refere à diferenciação entre os determinantes de saúde individuais e os coletivos, pois alguns fatores julgados importantes para explicar as diferenças no estado de saúde dos indivíduos não apresentam as diferenças entre os grupos de uma pequena cidade, por exemplo. Esclarecendo, não é só somar os fatores que determinam a saúde de

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indivíduos de forma individual para se conhecer os fatores que determinam a saúde ou o adoecimento de uma sociedade (BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007).

A saúde das pessoas que vivem nas periferias, comunidades e áreas de adensamento, necessita de ações no tocante a prevenção de doenças, hábitos regulares de higiene alimentar e acessibilidade a serviços de saúde (LAWANSON; FADARE, 2015).

Corroborando com o mencionado, todas essas condições estão relacionadas as questões socioeconômicas e são preditores conhecidos de saúde precária. Por exemplo, unidades habitacionais, construídas com materiais de baixa qualidade, são propícias à umidade, mofo e alérgenos. E estes, por sua vez, estão associados a uma saúde respiratória precária de crianças e jovens (LARA-VALENCIA et al., 2012).

Com os pressupostos mencionados, tem-se que a noção de dignidade humana deve fundamentar decisões para políticas públicas e atos de inclusão social, que promovam o acesso, mesmo que precário, a estas áreas, com vistas a mitigar os efeitos sobre as pessoas e o meio ambiente (JULIANO; MALHEIROS; MARQUES, 2016).

Esta problematização, buscará responder a hipótese de que a combinação de morbidade por doenças diarreicas agudas e fatores socioambientais, fazem da Bacia Hidrográfica do Rio Doce/RN uma área de elevado índice de vulnerabilidade socioambiental.

Com base nas perspectivas supramencionadas este trabalho tem como objetivos: (1) identificar quais escolhas metodológicas e técnicas de pesquisa em VSA e sua relação com os produtos gerados, vem sendo desenvolvidos; (2) operacionalizar Índice de Vulnerabilidade Socioambiental (IVS) e (3) traçar uma relação com as Doenças Diarreicas Agudas (DDA) através produção de um Índice de Vulnerabilidade Ambiental ao Adoecimento – IVAA e apresentar estes resultados em um Sistema de Informações Geográfica (SIG), que fará a sobreposição da cartografia digital das cidades na área da bacia hidrográfica do Rio Doce no Rio Grande do Norte à malha digital dos setores censitários e os resultados obtidos nas operacionalizações.

Em atendimento aos objetivos e conforme padronização estabelecida pelo Programa, esta Dissertação se encontra composta por esta Introdução Geral; Caracterização Geral da Área de Estudo; Metodologia Geral empregada para o conjunto da obra (dissertação); e por três capítulos. O Capítulo 1, intitulado: “Metodologias e resultados em estudos de vulnerabilidade socioambiental: uma revisão integrativa com descritores” encontra-se submetido e em avaliação por pares na Revista Ciência e Saúde Coletiva e, portanto, está formatado conforme esse periódico (Normas no site http://www.scielo.br/revistas/csc/pinstruc.htm.). O Capítulo 2, intitulado: “Vulnerabilidade socioeconômica da bacia hidrográfica do rio Doce/RN”, será submetido a Revista Ibero-americana de Ciências Ambientais (Qualis B1 na área de Ciências

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Ambientais segundo avaliação da CAPES), a organização do referido artigo segue as normas de submissão do referido periódico, que podem ser consultadas no sítio http://www.sustenere.co/journals/normas.pdf. O capítulo 3, encerra este trabalho dissertativo e é intitulado “Vulnerabilidade socioambiental e adoecimento por doenças diarreicas agudas na área da bacia hidrográfica do rio Doce/RN” que também será submetido a Revista Ibero-americana de Ciências Ambientais.

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CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO

A Bacia Hidrográfica do Rio Doce está localizada na porção leste do Estado do Rio Grande do Norte, sendo limitada pelos paralelos 5º48’ e 5º36’ S e meridianos 35º42’ e 5º36’ W Gr. (205929 UTM E e 9371426 UTM N, SIRGAS 2000/25S), abrangendo uma área de 387,8km² (SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS – SEMARH/RN, 2000). Em sua área de abrangência estão os municípios de Extremoz, Ceará Mirim, Taipu, Poço Branco, Bento Fernandes, Ielmo Marinho, São Gonçalo do Amarante e Natal que abrigam uma população total de 1.027.186 pessoas (IBGE, 2010). A área de estudo deste trabalho encontra-se entre as 16 principais bacias hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte, possui um único reservatório, a lagoa de Extremoz, que é uma das principais fontes de abastecimento de água da cidade de Natal, ofertando água para cerca de 220.000 mil pessoas (JERÔNIMO; SOUZA, 2013).

O Rio Doce, que nomeia a bacia, origina-se na Lagoa de Extremoz, e esta, por sua vez, recebe contribuições hídricas dos rios Guajirú e Mudo, que são os principais tributários da bacia, localizados a montante da mesma. Intermitentes em suas nascentes, os rios Guajirú e Mudo desembocam na lagoa de Extremoz. A partir deste trecho eles se unificam e passam a correr em um rio principal, perene, denominado rio Doce. (COSTA; SOUZA; SILVA, 2016).

A partir daí nasce como exultório da lagoa e adentra no município do Natal, tendo sua desembocadura na Planície Fluvio-Marinha do estuário do Rio Potengi/Jundiaí (NATAL, 2009), ver figura 01.

Figura 01: Mapa de localização da bacia hidrográfica do Rio Doce – RN

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A Bacia Hidrográfica em questão vem nos últimos 45 anos, enfrentando modificações ambientais significativas, resultantes do desmatamento e da rápida ocupação humana. São registrados crescente demanda hídrica para abastecimento doméstico e industrial, problemas de erosão dos solos, de poluição da água. Salientando que este Rio, exerce função importante para os seus habitantes, tanto para o desenvolvimento de atividades econômicas, como para questões de sustentabilidade (FAUSTINO; RAMOS; SILVA, 2009).

Ainda sobre as modificações da área em tela, registra-se que nos últimos 30 anos ocorreram modificações significativas na densidade e padrões de cobertura vegetal da área. A cobertura vegetal mais densa deu lugar a campos agricultáveis, a áreas urbanizadas e aos solos expostos (FAUSTINO; RAMOS; SILVA, 2009).

A crescente ampliação das áreas agriculturáveis, por exemplo, aumenta além dos limites da Resolução 357 do Conselho Nacional de Meio Ambiente, as concentrações de ferro, cádmio, cobre e níquel, tendo como responsáveis a proximidade de áreas agrícolas, uso indiscriminado de agrotóxicos, descarte de resíduos destes produtos realizadas inadequadamente, proximidade de vias de tráfego, além da destinação de esgotos domésticos para o corpo hídrico, como também o crescimento urbano desordenado, observados ao longo da bacia de drenagem (GOMES; SOUZA; CRISPIM, 2016).

A escolha da delimitação do estudo em uma área de Bacia Hidrográfica (BH) se dá devido a algumas características que a tornam uma unidade bem definida, permitindo a integração multidisciplinar entre diferentes sistemas de gerenciamento, estudo e atividade ambiental, além de permitir aplicação adequada de tecnologias avançadas, pois é considerada uma unidade de comportamento sistêmico (TUNDISI, 2006).

A bacia hidrográfica, como unidade de planejamento e gerenciamento de recursos hídricos, representa um avanço conceitual importante e integrado da ação na qual as variáveis naturais e humanas estão sempre em interação (ZANELLA et al., 2013).

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METODOLOGIA GERAL

Conforme apresentado nos objetivos, este trabalho dissertativo se encarregará de realizar numa primeira fase, um estudo revisional integrativo de literaturas que discutirá sobre as escolhas metodológicas e técnicas de pesquisa em VSA e sua relação com os produtos gerados, com base em estudos disponíveis no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Esta escolha deu-se pela necessidade de identificar as modelagens metodológicas que vem sendo aplicadas e desenvolvidas no Brasil e no Mundo sobre a VSA e assim, dentro desse arcabouço criado, desenvolver as segunda e terceira fase de discussões que se incumbirão de caracterizar, a vulnerabilidade socioambiental na Bacia Hidrográfica do Rio Doce e sua relação com as doenças diarreicas agudas, por meio da construção de indicadores socioambientais em escala desagregada (setores censitários).

METODOLOGIA DO 1º CAPÍTULO

A busca de bibliografias para a composição desta revisão integrativa de literatura, acerca da vulnerabilidade socioambiental com foco exclusivo em suas metodologias e seus produtos, foi conduzida no banco de artigos do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), disponível no endereço: http://www.periodicos.capes.gov.br/.

O Portal de Periódicos da CAPES, no ano de 2015 registrava 37.818 periódicos disponíveis, sendo 14.258 títulos de revistas científicas de acesso gratuito – acompanhando a tendência mundial do open access. Além dos periódicos, estavam disponíveis para os usuários 127 bases em texto completo, 126 bases de dados de referências e resumos, 66 bases de teses e dissertações, 42 obras de referências (dicionários, enciclopédias, compêndios etc.), 11 bases de patentes e 31 bases de dados com livros – resultando na disponibilidade de mais de 266.272 documentos eletrônicos, dentre capítulos de livros, relatórios, anais, manuais, guias e outros (CAPES/MEC, 2018). Diante deste cenário e com base nas diversas possibilidades de acesso atualmente disponíveis no Portal de Periódicos da CAPES é que se fez a opção de concentrar as buscas neste Portal como tem feito pesquisadores (MONTEIRO; MOITA NETO; DA SILVA, 2018).

A pesquisa no Portal, teve início no dia 22 de janeiro de 2018 e se encerrou no dia 23 do mesmo mês, utilizando-se dos termos em português e inglês na busca avançada: censo / census; bacia hidrográfica / watershed; doença / disease; saúde / health; e risco / risk como descritores gerais, portanto “sem aspas” na busca e do descritor obrigatório “vulnerabilidade

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socioambiental / socio-environmental vulnerability” aspado para que obrigatoriamente o artigo resultante da busca contivesse este termo em qualquer parte. A pesquisa na busca avançada, aplicando-se os filtros no campo assunto, recupera artigos que contêm os termos no título, palavras-chave e texto, permitindo o acesso a uma maior quantidade de trabalhos.

A definição das palavras-chave ou descritores baseou-se no escopo buscado para esta pesquisa: vulnerabilidade socioambiental. Estes termos são os mais comuns utilizados pelos pesquisadores nestas abordagens, a exemplo de (MEDEIROS; ALMEIDA, 2015; SCHUMANN; MOURA, 2015b; ZANELLA et al., 2013). Os descritores também funcionam como uma lupa sobre o tema e assim retornaram diversos estudos que passaram a ser analisados mais detalhadamente na segunda fase deste processo.

Procurou-se na elaboração deste trabalho, abranger o maior número possível de artigos, e assim optou-se por realizar a pesquisa nos últimos 20 anos de publicações (1999 - 2018), mas sem inserção de data de início e fim na busca. Os resultados mostram que as publicações se concentram nos últimos 6 anos, conforme a Figura 2.

Figura 2: Quantidade de publicações encontradas no Portal de Periódicos da CAPES, entre 1999 e 2018, para busca dos termos “Vulnerabilidade Socioambiental” (obrigatório) combinado com “censo”, “saúde”, “doença”, “risco” e “bacia hidrográfica”.

Fonte: Elaboração dos autores

Quanto a seleção dos idiomas para a busca, o Portal de Periódicos da CAPES permite a seleção de artigos com definição do idioma de escrita do mesmo; assim com a opção de busca dos termos em português, não se optou por idioma, entendendo-se que o resultado seria em português e o portal não disponibiliza esta seleção; quando da realização da pesquisa do termo em inglês foi selecionado o resultado somente para artigos em inglês.

3 35 25 29 67 16 63 13 3 11 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999

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Para a fase de organização e extração dos dados, foi preparada uma tabulação específica, onde foram registradas as informações concernentes a autor, título, periódico, ano da publicação, palavras-chaves e país de estudo.

Os trabalhos selecionados foram divididos em grupos por descritor de pesquisa, agrupados em cinco planilhas nas categorias: saúde, doença, censo, bacia hidrográfica e risco. Esta divisão fez-se necessária para a geração de um padrão de organização dos artigos listados e para facilitar a recuperação de informações quando necessário.

Realizada a definição e escopo dos termos a serem pesquisados, a busca retornou o seguinte detalhamento: 14 resultados para o termo “census”, 25 resultados para “censo”; 14 resultados para “disease”, 15 resultados para “doença”; 36 para “health” e 58 para “saúde”; 13 saídas para “watershed”, 14 resultados para “bacia hidrográfica”; 32 resultados para “risk” e 82 recuperações para “risco”. Somam-se ainda a estes resultados as repetências de trabalhos no mesmo idioma. O total de artigos repetidos foi de 39, que não foram computados no total de trabalhos recuperados; cada trabalho foi contabilizado somente uma vez no idioma em que foi encontrado.

O Portal de Periódicos da CAPES, quando da realização das pesquisas por termos, apresenta o resultado geral da recuperação como “total de artigos” e de artigos que são “revisados por pares” e que compõe a base de dados. A exemplo, quando da pesquisa do termo “risk” o portal retorna 35 resultados dos quais, segundo o mesmo, 34 são revisados por pares. Porém, quando se observa o trabalho que o mesmo indica como “não revisado por pares”, e que deveria ser excluído da seleção do estudo, trata-se de um artigo publicado na Revista Brasileira de Estudos da População que pela avaliação da CAPES (Qualis), possui nota A2 na área interdisciplinar. Identificada a falha na apresentação dos resultados, o que não prejudicou a consecução dos dados, optou-se por incluir todos os resultados do portal após conferência de que a revista exibida como não revisada possuía avaliação da CAPES.

Algumas considerações são importantes para a compreensão destes números. A busca por um dado termo em diferentes idiomas pode não retornar o mesmo resultado. A exemplo, as pesquisas pelos termos “bacia hidrográfica” ou “watershed”, apresentam somente uma coincidência nos seus resultados; na pesquisa por “watershed”, alguns resultados apresentaram artigos com a palavra “river basin”, razão pela qual este termo também entrou na busca; as pesquisas pelos termos “river basin” ou “watershed”, retornaram a mesma quantidade de resultados e eram os mesmos artigos.

Para as expressões apresentadas, 303 artigos foram recuperados, dos quais apenas dois não fazem parte do escopo deste estudo, nesta fase inicial de seleção: as palavras da Editora de um periódico (ZOUAIN, 2009) e um artigo de opinião (RAMIRO, 2009).

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A figura 3 apresenta a distribuição dos estudos sobre vulnerabilidade socioambiental por países. Observa-se que boa parte dos estudos se concentra nas Américas, principalmente as Central e Sul. Somente no Brasil e México, foram publicados 209 dos 303 artigos recuperados.

Figura 3: Distribuição mundial dos estudos publicados sobre vulnerabilidade socioambiental em periódicos revisados por pares.

Fonte: Elaboração dos Autores

FOCO TEMÁTICO DO ESTUDO

Realizada a organização dos estudos recuperados, passou-se a verificar a adequação individual dos estudos ao foco temático desta revisão de literatura. Esta revisão ocorreu inicialmente nas planilhas elaboradas por termos pesquisados junto as palavras-chave e na leitura do resumo de cada trabalho, visando excluir, dos trabalhos recuperados para cada descritor, aqueles que não se encaixassem no escopo da busca. A seguir são elencados para cada descritor os termos em português/inglês, mantendo apenas um dos trabalhos em caso de repetição. Acrescentam-se também informações sobre os trabalhos excluídos.

Nos 39 resultados recuperados no descritor “censo/census”, dos quais 4 eram repetidos na pesquisa, foram excluídos 57% dos trabalhos por não se tratarem de estudos de vulnerabilidade socioambiental diretamente. Os estudos excluídos em sua maioria tratavam sobre riscos de desastres; desenvolvimento sustentável; impactos ambientais; qualidade de

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água; criminalidade; ruralismo; doenças parasitárias e política ambiental (e.g. FARIA et al., 2017; FREITAS et al., 2014).

Nos artigos elencados na categoria “doença/disease”, 68% dos estudos recuperados foram retirados da amostra pela não adequação ao escopo temático. Eram artigos relacionados a outras áreas que não se concentravam na vulnerabilidade socioambiental, sendo: espaços de diagnóstico de doenças ; surtos e epidemias; doenças em geral; análises de impactos ambientais; avaliação econômica das doenças; e, desastres (e.g. CARDOSO; VIEIRA, 2016; RIGOTTO et al., 2012).

Em “saúde/health” a pesquisa retornou 87 resultados, dos quais 65% foram excluídos considerando-se os parâmetros focais deste estudo de revisão. Assim manteve-se 30 estudos para a continuidade deste trabalho, nesta categoria de análise de revisão. Dentre os temas excluídos estão trabalhos relacionados a medição de risco e desastres; doenças ocupacionais; artigos de revisão; políticas de mudanças climáticas, doenças em geral associadas a riscos; comunicação de desastres; análises temporais de doenças; gestão ambiental; avaliação de programas de saúde; acesso a direitos; modelagens psicossociais; distribuição geoespacial de doenças; e, resíduos de construções e doenças (e. g. PORTMAN, 2013; VIEIRA et al., 2012).

Os artigos organizados na planilha relacionados a ‘bacia hidrográfica/watershed” somam 26 artigos, dos quais 12 foram mantidos, apresenta um índice de exclusão de cerca de 57%. As exclusões relacionam-se a trabalhos com foco em mudanças de precipitação; monitoramento da qualidade de água; indicadores de qualidade; design ambiental; segregação ambiental; e, análise multicritério de suscetibilidade (e.g. SCHUMANN; MOURA, 2015b; SENA et al., 2017)

A última categoria de organização foi “risco/risk”, com um total de 98 artigos avaliados, 66% foram excluídos da análise, considerando os motivos já apresentados anteriormente. As temáticas diversas das análise e relações do risco e meio ambiente são os principais estudos excluídos pois não configuram estudos diretos de vulnerabilidade socioambiental (e.g. COHEN et al., 2011; REJANE et al., 2015).

Com a conclusão da análise de foco, tem-se o seguinte quadro de resultado para a realização das discussões da revisão aqui proposta, figura 4.

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Vulnerabilidade Socioambiental Censo 14 artigos (inglês) 25 artigos (português) 4 repetências nos dois idiomas da busca

20 exclusões 15 artigos mantidos

Doença

14 artigos (inglês) 15 artigos (português)

Sem repetências nos dois idiomas da

busca

20 exclusões 09 artigos mantidos

Saúde

36 artigos (inglês) 58 artigos (português)

7 repetências nos

dois idiomas 57 exclusões 30 artigos mantidos

Bacia Hidrográfica

13 artigos (inglês) 14 artigos (português)

1 repetição nos dois

idiomas 15 exclusões 11 artigos mantidos

Risco

32 artigos (inglês) 82 artigos (português)

9 repetições nos

dois idiomas 65 exclusões 31 artigos mantidos

TOTAIS 303 artigos

recuperados 21 repetições 177 exclusões

96 artigos para a revisão Figura 4: Fluxograma de contagem de resultados por descritor

Fonte: Elaboração dos autores

Feita a análise inicial dos descritores, verificou-se a repetição dos artigos entre as categorias o que levou à necessidade da exclusão dos artigos que aparecessem duas, três ou mais vezes. Com este levantamento observou-se que outros estudos resultantes de um descritor específico mais o descritor obrigatório “vulnerabilidade socioambiental” também se repetiam entre as categorias. A tabela 1 apresenta as repetições em números. Por exemplo, dos 30 artigos mantidos na busca no descritor “saúde”, 10 deles se repetiam no descritor “censo”. Isso representa uma duplicidade de 10 artigos, e aponta para a necessidade de se excluir os 10 arquivos duplicados.

Tabela 1: Repetição dos artigos entre categorias pesquisadas

Descritores (nº de

artigos mantidos) Censo (15)

Doença (09) Saúde (30) Bacia Hidrográfica (11) Risco (31) Censo (15) 5 10 5 12 Doença (09) 5 4 0 2 Saúde (30) 10 4 4 9 Bacia Hidrográfica (11) 5 0 4 1 Risco (31) 12 2 9 1

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Com a classificação em 5 grupos e para uma melhor visualização da questão de artigos que se repetiam dentro das categorias, optou-se ainda por representar as informações contidas na Tabela 1 em um diagrama de Venn (BARDOU et al., 2014), conforme figura 5; nesta figura podem ser visualizadas as combinações de grupos de interseção. Na parte externa do diagrama há 5 categorias representadas pelas letras A, B, C, D e E; para cada nível, em direção ao centro, são apresentadas as interseções possíveis entre os grupos também em forma de combinação de letras. Por fim, no núcleo da figura são exibidas as letras ABCDE que expressam o total de interseções da seleção.

Figura 5: Modelo de Diagrama de Venn com interseções entre 5 categorias

Fonte: Disponível em www.lucidachart.com

Na figura 6 visualiza-se os números encontrados de repetições entre as categorias de descritores estudadas; optou-se por seguir o mesmo padrão de letras da figura 4 para facilitar o entendimento das interseções entre categorias. A exemplo, observa-se a letra A representando o descritor “Censo” com 15 resultados. Avançando um nível para o centro da imagem, vê-se a combinação A e E, que apresenta a interseção entre as categorias Censo (A) e Risco (E) que possui 12 combinações/repetições. Os níveis seguintes no sentido do centro apresentam números cada vez menores, até o resultado 2. Assim, dos artigos recuperados, somente 02 se repetiram em todas as 05 categorias de organização (e. g. HOUGHTON et al., 2012; SANTOS; VITORINO; PIMENTEL, 2017).

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Figura 6: Diagrama de Venn com interseções entre as 5 categorias de descritores pesquisados

Fonte: Elaboração dos autores

Concluídas as verificações e definição do foco deste estudo, 54 trabalhos estavam duplicados na categorização. Com isto o número de artigos selecionados para a leitura integral foi de 42.

Os artigos mantidos no estudo foram baixados para o Mendeley Desktop versão 1.17.12 © 2008-2017 Mendeley Ltd., software gratuito de organização de referências e bibliografias, devido a uma série de funções de organização de estudos e ferramentas de citações que facilitam o desenvolvimento de estudos desta envergadura.

Finalizadas as análises iniciais e secundárias que se incumbiam de verificar as repetições entre idiomas, descritores e categorias dos artigos selecionados, fez-se a leitura integral dos trabalhos. Nesta etapa se verificou ainda que alguns artigos se enquadravam como pesquisas exploratórias, desenvolvimento de produtos ou ainda encontravam-se fora do foco temático do estudo e decidiu-se não incluí-los nas análises (e. g. ASSIS et al., 2013; BORELLI, 2012) devido ao presente estudo integrativo de literaturas se propor a analisar as metodologias aplicadas nos estudos de vulnerabilidade socioambiental. Foram excluídos ainda dois artigos, um de revisão no formato estudo de caso (FREIRE et al., 2014) e outro um relato de experiência de atividade extensionistas (CARNEIRO et al., 2012).

Após a leitura na íntegra dos trabalhos, este estudo revisional de metodologias empregadas e produtos gerados nos estudos de vulnerabilidade socioambiental passa a discutir exatamente 27 destes, advindos das mais diversas bases de dados nacionais e internacionais vinculadas ao Portal de Periódicos da CAPES.

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METODOLOGIA DO 2º CAPÍTULO

Conforme relatado, na construção deste trabalho se tem como objetivo operacionalizar índices de vulnerabilidade socioambiental e por fim realizar a construção de um sistema de informação geográfica, que fará a sobreposição da cartografia digital das cidades na área da bacia hidrográfica do Rio Doce à malha digital dos setores censitários e aos resultados obtidos nas operacionalizações. Após realização de análises fatoriais serão construídos indicadores que representem as dimensões dessa vulnerabilidade. A análise fatorial é uma técnica de análise multivariada que permite reduzir o número de variáveis em fatores de representação. A metodologia proposta nesta fase de análises da vulnerabilidade socioambiental é uma adaptação de Alves (2006), que objetivou identificar e caracterizar populações em situação de vulnerabilidade socioambiental em São Paulo, através da construção de indicadores, em escala desagregada (setores censitários do IBGE).

Frente ao exposto, os resultados serão apresentados em áreas, considerando que os dados do Censo são tratados em escala desagregada, ou seja, por setores censitários. Neste caso, tem-se 338 setores que foram trabalhados dos municípios de Extremoz (Código no 2403608 – 16 setores), Ceará Mirim (Código no IBGE 2402600 – 31 setores), Taipu (Código no IBGE 2413904 – 5 setores), Poço Branco (Código no IBGE 2410108 – 1 setor), Bento Fernandes (Código no IBGE 2401602 – 1 setor), Ielmo Marinho (Código no IBGE 2404606 – 11 setores), São Gonçalo do Amarante (Código no IBGE 2412005 – 17 setores) e Natal (Código no IBGE 2408102 – 256 setores). Os procedimentos que abarquem o objeto de análise – situações de vulnerabilidade socioambiental são descritos a seguir.

Aquisição dos Dados do Censo do IBGE 2010

Para o início das análises dos dados censitários foi realizada a aquisição dos arquivos com os resultados do universo a ser estudado do Censo Demográfico 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), disponível no endereço: http://downloads.ibge.gov.br/, item Estatísticas, Pasta Censo, Subpasta Censo Demográfico 2010, Resultados do Universo, Agregados por Setores Censitários; por fim foi baixado o arquivo compactado identificado por “RN_20150527”. Este arquivo contém a base de informações dos setores censitários do Censo Demográfico de 2010 disposto em 26 planilhas (em formato xls), correspondentes às variáveis sobre renda do responsável (1 planilha), responsável (2 planilhas), renda da pessoa (1 planilha), pessoa (13 planilhas), domicílio (2 planilhas), renda do domicílio (1 planilhas), entorno (5 planilhas) e básico (1 planilha).

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Considerando que estas planilhas compreendem todos os municípios do Estado, foi realizado filtro dos municípios no próprio gerenciador de planilhas, para a exibição somente daqueles que serão alvo das análises.

Optou-se pela seleção de variáveis provenientes de bases de dados secundários, que disponibilizassem informações para outros municípios brasileiros, a fim de permitir a reprodução deste indicador em diferentes localidades.

Malha Digital dos Setores Censitários

Realizada a aquisição das planilhas correspondentes ao Censo 2010, fez-se necessário armazenar os arquivos da malha digital dos setores censitários, também disponibilizada pelo IBGE, para apresentação cartográfica através do Sistema de Informações Geográficas (SIG), que será posteriormente apresentado.

Para isto, foi acessado: http://mapas.ibge.gov.br/bases-e-referenciais, item Bases Cartográficas, subitem mapas para fins de levantamentos estatísticos, censo demográfico 2010, mapas e descritivos de setores censitários, pasta RN. Nesta fase, são apresentados diversos arquivos numerados e também compactados. Os números apresentados correspondem aos códigos de cada município no IBGE. Identificados os números de cada município, fez-se o download de cada malha de setor censitário por município estudado.

Índice de Vulnerabilidade Socioeconômico - IVS

A compreensão da vulnerabilidade socioeconômica pressupõe o entendimento de forma individual dos elementos, processos e interações que preconizam as dinâmicas socioespaciais. Dessa forma, a apresentação da vulnerabilidade far-se-á com a criação de indicadores adquiridos junto ao Censo Demográfico do IBGE do ano de 2010, tomando como ponto de partida os dados relativos à esgotamento, habitação, rendimento, saneamento, educação, demografia, estruturas etárias e outros.

Considerando que existe elevado número de variáveis a serem elencadas ou não nesta pesquisa, utilizaram-se análises fatoriais como ferramenta estatística. Este procedimento consiste em uma técnica estatística multivariada que, de acordo com a estrutura de interdependência existente entre as variáveis de interesse (matriz de correlações ou covariâncias), permite a redução da quantidade de variáveis para fatores que explicam um percentual representativo da variabilidade total das variáveis. Foram realizados diversos testes

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entre as variáveis com vistas a observação de comunalidades entre as mesmas para apresentação dos melhores resultados no tocante as correlações entre as variáveis.

A escolha das variáveis e a da forma de análise segue os estudos já realizados com sucesso e que apresentam consistência e aproximação com a realidade das localidades estudadas, citando (ALMEIDA, 2012; BORUFF; CUTTER, 2010; BUFFON, 2016; CUTTER, 2011; CUTTER et al., 2008; CUTTER; BORUFF; SHIRLEY, 2003; DICKIN; SCHUSTER-WALLACE; ELLIOTT, 2013; FREITAS; CUNHA, 2013; LONDE et al., 2015).

As variáveis elencadas para a realização das análises fatoriais são mostradas no quadro 1.

Quadro 1: Variáveis consideradas para criação índice de vulnerabilidade social ID. DESCRIÇÃO DA VARIÁVEL

V1 Pessoas alfabetizadas com 5 ou mais anos de idade V2 Domicílios Particulares precários

V3 Domicílios particulares sem abastecimento de água da rede geral

V4 Domicílios particulares permanentes com banheiro ou sanitário sem esgotamento sanitário via rede geral de esgoto, pluvial ou fossa séptica

V5 Domicílio sem banheiro

V6 Domicílios particulares permanentes com lixo não coletado V7 Domicílios particulares permanentes de mais de 4 moradores

V8 Responsáveis por domicílios particulares permanentes com 10 a 19 anos de idade V9 Responsáveis por domicílios particulares permanentes de mais de 64 anos de idade V10 Responsáveis por domicílios particulares permanentes não alfabetizados

V11 Responsáveis por domicílios particulares permanentes não alfabetizados com 10 a 19 anos de idade V12 Responsáveis por domicílios particulares permanentes não alfabetizados com mais de 64 anos de idade V13 Responsáveis por domicílios particulares permanentes com rendimento mensal de até 3 salários mínimos V14 Responsáveis por domicílios particulares permanentes sem rendimento nominal mensal

V15 Mulheres responsáveis por domicílios particulares permanentes com 10 a 19 anos de idade V16 Mulheres responsáveis por domicílios particulares permanentes com mais de 64 anos de idade V17 Mulheres não alfabetizadas responsáveis por domicílios particulares permanentes

V18 Pessoas de 0 a 14 anos de idade V19 Pessoas com mais de 64 anos

V20 Pessoas não alfabetizadas de 5 a 14 anos V21 Pessoas não alfabetizadas com mais de 64 anos

V22 Domicílio inadequado sem pavimentação de via, serviço de iluminação, coleta de esgoto e lixo

V23 Residente em moradia inadequada sem pavimentação, sem iluminação pública, sem coleta de esgoto e lixo

Construindo o Sistema de Informações Geográficas

Representar espacialmente os valores encontrados nas análises anteriormente apresentadas, torna-se essencial neste trabalho, pois acresce ao conjunto de informações uma nova dimensão para a análise. Tem-se assim, a oportunidade de saber não apenas quem e quantas são as pessoas em situação de vulnerabilidade, como também onde estão (sua localização geográfica).

A metodologia de integração entre SIG e os índices de vulnerabilidade criados, representa um avanço considerável nas análises espaciais envolvendo planejamento urbano,

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comparado às abordagens convencionais de sobreposição de mapas (MALTA; COSTA; MAGRINI, 2017).

Para a composição do acervo digital de mapas, como a malha da BH, optou-se por utilizar a delimitação da BH proposta por (COSTA; SOUZA; SILVA, 2016).

Assim, em continuação aos objetivos propostos, foi construído um Sistema de Informação Geográfica (SIG), por meio de software de geoprocessamento (ArcGis), o qual permite fazer a sobreposição da cartografia digital da BH à malha digital dos setores censitários dos municípios estudados (Censo Demográfico 2010) apresentando, com a criação das faixas/índices de vulnerabilidade (alta vulnerabilidade, média vulnerabilidade, baixa vulnerabilidade, não vulnerável), os resultados do processamento estatístico das variáveis.

METODOLOGIA DO 3º CAPÍTULO

A metodologia proposta nesta análise da vulnerabilidade é uma adaptação de Alves (2006). O referido trabalho objetivou identificar e caracterizar populações em situação de vulnerabilidade socioambiental na cidade de São Paulo/SP, através da construção de indicadores, em escala desagregada (setores censitários do IBGE) e relacioná-los com base em duas frentes de trabalho, a primeira vinculada ao risco ambiental (proximidade dos cursos d’água) e a segunda tratando degradação ambiental (baixa cobertura de esgoto). Neste trabalho adotaremos também esta metodologia, criando um índice de vulnerabilidade socioambiental e relacionando-os também em duas métricas, a primeira ao risco ambiental (proximidade dos cursos d’água) e a segunda tratando da problemática do adoecimento (taxas de incidência de DDA).

Frente ao exposto, os resultados serão apresentados em áreas, considerando que os dados do Censo são tratados em escala desagregada, ou seja, por setores censitários. Neste caso, tem-se 338 setores que foram trabalhados dos municípios de Extremoz (Código no 2403608 – 16 setores), Ceará Mirim (Código no IBGE 2402600 – 31 setores), Taipu (Código no IBGE 2413904 – 5 setores), Poço Branco (Código no IBGE 2410108 – 1 setor), Bento Fernandes (Código no IBGE 2401602 – 1 setor), Ielmo Marinho (Código no IBGE 2404606 – 11 setores), São Gonçalo do Amarante (Código no IBGE 2412005 – 17 setores) e Natal (Código no IBGE 2408102 – 256 setores).

Dessa forma, para se construir uma metodologia que abarque o objeto de análise – situações de vulnerabilidade socioambiental, são realizados alguns procedimentos, que são descritos a seguir.

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Aquisição dos Dados do Censo do IBGE 2010

Para o início das análises dos dados censitários foi realizada a aquisição dos arquivos com os resultados do universo a ser estudado do Censo Demográfico 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), disponível no endereço: http://downloads.ibge.gov.br/, item Estatísticas, Pasta Censo, Subpasta Censo Demográfico 2010, Resultados do Universo, Agregados por Setores Censitários; por fim foi baixado o arquivo compactado identificado por “RN_20150527”.

Considerando que estas planilhas compreendem todos os municípios do Estado, foi realizado filtro dos municípios no próprio gerenciador de planilhas, para que se tenha exibidos somente os que serão alvo das análises.

Optou-se pela seleção de variáveis provenientes de bases de dados secundários, que disponibilizassem informações para outros municípios brasileiros, a fim de permitir a reprodução deste indicador em diferentes localidades.

Malha Digital dos Setores Censitários

Realizada a aquisição das planilhas correspondentes ao Censo 2010, fez-se necessário armazenar os arquivos da malha digital dos setores censitários, também disponibilizada pelo IBGE, para apresentação cartográfica através do Sistema de Informações Geográficas (SIG), que será posteriormente apresentado.

Para isto, foi acessado: http://mapas.ibge.gov.br/bases-e-referenciais, item Bases Cartográficas, subitem mapas para fins de levantamentos estatísticos, censo demográfico 2010, mapas e descritivos de setores censitários, pasta RN. Nesta fase, são apresentados diversos arquivos numerados e também compactados. Os números apresentados correspondem aos códigos de cada município no IBGE. Identificados os números de cada município, fez-se o download de cada malha de setor censitário por município estudado.

Delimitação da Bacia Hidrográfica do rio Doce/RN

Para a composição do acervo digital de mapas, como a malha da Bacia Hidrográfica (BH), optou-se por utilizar a delimitação da BH proposta por (COSTA; SOUZA; SILVA, 2016).

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Índice de Vulnerabilidade Socioeconômico - IVS

Para que haja o entendimento da vulnerabilidade socioeconômica é necessário primeiramente o entendimento de forma individual dos elementos, processos e interações que preconizam as dinâmicas sociais.

Dessa forma, a apresentação da vulnerabilidade far-se-á com a criação de indicadores adquiridos junto ao Censo Demográfico do IBGE do ano de 2010, tomando como ponto de partida os dados relativos à abastecimento de água no domicílio, presença de banheiro, contingente populacional na residência, pessoas não alfabetizadas, renda, presença de crianças e infraestrutura do domicílio no tocante a pavimentação da rua, iluminação e coleta de resíduos sólidos e líquidos.

Considerando que existe elevado número de variáveis disponíveis no Censo do IBGE para compor este estudo, serão realizadas análises fatoriais como ferramenta estatística. Este procedimento consiste em uma técnica estatística multivariada que, de acordo com a estrutura de interdependência existente entre as variáveis de interesse (matriz de correlações ou covariâncias), permite a redução da quantidade de variáveis para fatores que explicam um percentual representativo da variabilidade total das variáveis.

A escolha das variáveis e a da forma de análise, seguem os estudos já realizados com sucesso e que apresentam consistência e aproximação com a realidade das localidades estudas, citando (ALMEIDA, 2012; BORUFF; CUTTER, 2010; BUFFON, 2016; CUTTER, 2011; CUTTER et al., 2008; CUTTER; BORUFF; SHIRLEY, 2003; DICKIN; SCHUSTER-WALLACE; ELLIOTT, 2013; FREITAS; CUNHA, 2013; LONDE et al., 2015).

As variáveis elencadas para a realização das análises fatoriais são mostradas no quadro 2.

Quadro 2: Variáveis consideradas para criação índice de vulnerabilidade social

ID. DESCRIÇÃO DA VARIÁVEL

V2 Domicílios Particulares precários

V3 Domicílios particulares sem abastecimento de água da rede geral

V4 Domicílios particulares permanentes com banheiro ou sanitário sem esgotamento sanitário via rede geral de esgoto, pluvial ou fossa séptica

V5 Domicílio sem banheiro

V7 Domicílios particulares permanentes de mais de 4 moradores

V10 Responsáveis por domicílios particulares permanentes não alfabetizados

V14 Responsáveis por domicílios particulares permanentes sem rendimento nominal mensal V18 Pessoas de 0 a 14 anos de idade

V19 Pessoas com mais de 64 anos

V22 Domicílio inadequado sem pavimentação de via, serviço de iluminação, coleta de esgoto e lixo V23 Residente em moradia inadequada sem pavimentação, sem iluminação pública, sem coleta de

esgoto e lixo

Referências

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