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A INFORMÁTICA NO CURSO DE DIREITO DA UFSC - Importância e Significância para os profissionais de Direito

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIA JURÍDICAS - CCJ

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

DEPARTAMENTO DE DIREITO PÚBLICO E CIÊNCIA POLÍTICA

A INFORMÁTICA NO CURSO DE DIREITO DA UFSC - importância e

significância para os profissionais de Direito

FLAMARIOND FLORIANÓPOLIS (SC)

1996

Autor da Veiga j Orientador

i!

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FLAMARION DE BONA SARTOR

A INFORMÁTICA NO CURSO DE DIREITO DA UFSC - importância e significância para os profissionais de Direito

Monografia apresentada ao Curso de

Graduação em Direito do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Direito. Orientador Prof. Msc. Luiz Adolfo Olsen da Veiga

FLORIANÓPOLIS (SC)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIA JURÍDICAS - CCJ

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

DEPARTAMENTO DE DIREITO PÚBLICO E CIÊNCIA POLÍTICA

OS MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA ABAIXO ASSINADO, APROVAM A MONOGRAFIA

A INFORMÁTICA NO CURSO DE DIREITO DA UFSC - importância e significância para os profissionais de Direito

Elaborada por

FLAMARION DE BONA SARTOR

Como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito BANCA EXAMINADORA MEMBRO Pro~ Pro~ Florianópolis, dezembro de 1996 3

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sUMÁRIo

INTRODUÇÃO... 06

CAPÍTULO I 1. INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO... 13

1.1. Histórico... 13

1.2. Questionamentos sobre o Tema... ... ... ... ... 17

CAPÍTULO 11 2. CIBERNÉTICA... 21

2.1. Origem do Termo Cibernética... ... .... ... 21

2.2. Informática e Cibernética... ... ... 23

2.3. Variação do Termo - Cibernética/lnformática Jurídica... 25

2.4. Visão de Mário G. Losano... ... .... 28

2.5. Visão de Giancarlo T. Elmi... 29

2.6. Formas Propostas de Estudo sobre o Tema - Informática Jurídica.30 CAPÍTULO 111 3. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO COMPUTADOR. ... 32

CAPÍTULO IV 4. RELAÇÃO DO COMPUTADOR NA ÁREA JURÍDICA ... 37

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5

CAPÍTULO V

5. PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS DA INFORMÁTICA NA AREA

JURISDICIONAL... 42 5.1. Experiências Brasileiras... ... ... ... ... ... ... ... ... 42 5.2. Experiências Internacionais... 44 CAPÍTULO VI 6. A INTERNET... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 46 6.1. Abordagem do Tema... 46

6.2. Endereços Jurídicos na Intemet... 50

6.3. Demonstrativo ... ... ... ... 52 CAPÍTULO VII 7. METODOLOGIA DE ANÁLISE... 53 7.1. Questionário... 54 7.2. Formas de Estudo... 59 7.2.1. Aspecto Quantitativo... 59 7.2.2. Aspecto Qualitativo... 59 7.3. Reflexões... 63 7.4. Sugestões ... 63 CONSIDERAÇÕES FINAIS... ... ... .... ... ... ... ... ... .... 66 BIBLIOGRAFIA... ... ... ... ... ... ... 69 ANEXO ... 73

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INTRODUÇÃO

A maior parte das atividades humanas ocorre em organizações, sejam elas familiares, empresariais, universitárias, de serviços ou religiosas.

As organizações são necessárias por muitos motivos. Sua natureza, no entanto, vai enfatizar determinados objetivos e finalidades próprios. Para as organizações universitárias, talvez a missão básica esteja em torno da criação, sistematização e difusão do conhecimento socialmente relevante. Neste sentido, elas tornam esse conhecimento uma ponte contínua entre gerações presentes e futuras.

Elas, as universidades, são os agentes de mudanças na sociedade e, paradoxalmente, os principais agentes de resistência dela. Exemplo do exposto encontra-se nos cursos que, através da mudança de seus currículos, tentam se colocar atualizados com as mudanças ocorridas na sociedade, porém, demonstram certo conservadorismo ao manter disciplinas que não se adequam mais às exigências profissionais de seus alunos. Drucker1, ao divisar a função na sociedade das

1 DRUCKER, Peter. Post capitalist society. Resenhado por Carlos Osmar Bertero. Revista de Administração de

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7

universidades, afirma que é tornar os conhecimentos produtivos. Devido a esta função é que elas tornam-se fundamentais para a sociedade em todas os países desenvolvidos. Ao propor a "produtividade" do conhecimento, está-se colocando como eixo da mudança, o próprio conhecimento como agente de mudança.

As organizações tradicionais que conseguiram crescer nos últimos 40 anos, diz Peter Drucker2 , fizeram-no porque se reestruturaram em torno do conhecimento e da informação. Os maiores produtores de riqueza passaram a ser a informação e o conhecimento. Nesses 40 anos, ocorreram mudanças quando os computadores começaram a entrar em ação. Daí, em diante, a inovação tecnológica se pronunciou de forma cabal nas mudanças estruturais das organizações e na concepção administrativa delas.

Mais e mais empresas (organizações) são afetadas pela tecnologia da informação, principalmente na sua estrutura organizacional. Além da estrutura, a organização que adotar a inovação tecnológica da informação exigirá mais de seus profissionais e uma grande ênfase na forma de ensinamento destas novas tecnologias.

De forma geral, novas tecnologias, especialmente as relacionadas com a informática, tendem a criar novas situações no interior dos cursos, como o Direito, quer a nível comportamental, quer a nível da qualidade de seus serviços e produtos.

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A informática, neste contexto, possibilita informações mais ágeis e fidedignas, favorecendo tomadas de decisões jurídicas de maior alcance e com maior rapidez, exigindo, sobretudo, novas posturas por parte das pessoas relacionadas neste processo, mais especificamente aos profissionais e estudantes da área jurídica.

A implementação da informática no curso de Direito da UFSC vem sendo introduzida de forma ininterrupta e isto provoca impactos, os quais, provavelmente, implicam em mudanças de comportamento pelos profissionais e acadêmicos envolvidos no processo educacional.

A presença da informática no campo jurídico é uma obviedade indiscutível, gerada pela própria natureza da evolução do conhecimento científico. Raramente a literatura registra contestação acerca da introdução de hardware e software no

ambiente jurídico. Há uma aceitação generalizada pelas vantagens e comodidades ofertadas e as pessoas de maneira geral, aceitam-na e até mesmo desejam tal inovação

Desta forma, a informática deve ser encarada como uma variável importante, pois afeta as formas de aplicação e ensinamento de normas jurídicas e altera comportamentos, habilidades e valores na relação de desempenho e avaliação jurídica.

(9)

9

o

presente estudo visa, numa abordagem sucinta e despretensiosa, ressaltar a Informática Jurídica, enfocando aspectos de integração entre esta e o Direito, que possibilitem otimizar rotinas administrativas e judiciais, tornando o serviço jurídico mais dinâmico.

o

texto está estruturado em sete capítulos, apresenta conceitos básicos e noções preliminares, tendentes a situar melhor o tema, fixando seus limites nas dimensões delineadas.

Abordaremos a relação existente entre informação e conhecimento, as fases históricas e as possíveis conseqüências que poderão advir deste progressivo desenvolvimento; a origem do termo cibernética, suas diversas denominações, a separação epistemológica com a informática. Analisaremos o surgimento do termo informática jurídica, as propostas de utilização do computador na aplicação de sentenças, pareceres, despachos, etc. Com a colaboração dos acadêmicos da 10a fase do curso de Direito, através de pesquisa realizada, visualizaremos o atual estágio de interligação da Informática com os estudantes de Direito.

Esta monografia visa estudar, mais do que a simples quantificação de aparelhos e equipamentos nas diversas áreas de aplicação do Direito, os efeitos desta implantação quanto à adequação dos recursos de informática e o volume de trabalho dos profissionais nas áreas de atuação jurídica. Verificar, por exemplo, se os recursos dos equipamentos estão sendo plenamente utilizados, se há interesse a respeito dos

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software existentes no mercado, como também, colher dados quanto à preparação de especialistas de informática para maior aproveitamento dos recursos existentes.

Através de pesquisa realizada com alunos da IOa fase, será possível extrair alguns indicadores que servirão de instrumento de trabalho para a verificação do nível em que se encontram os estudantes de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina a respeito do aproveitamento da informática no transcorrer de sua carreira acadêmica. Acredita-se, ainda, que o presente estudo seja relevante quanto à

possibilidade de se estabelecer prioridades para melhor atender aos interesses dos futuros profissionais do Direito que, num futuro próximo, estarão formados e atuando no mercado de trabalho.

Quanto ao procedimento metodológico utilizado, o trabalho desenvolveu-se a partir de pesquisa bibliográfica, amplamente utilizada ( e esperamos que de forma coerente), e de fichamento por assuntos, além de levantamento em jornais e revistas, e de consultas feitas na "INTERNET", tendo como referencial o tema proposto diante da realidade atual.

Acreditamos na validade do trabalho, pois nos conforta saber que ele dá margem a reflexões e suscita a discussão sobre o tema, mesmo admitindo que não exaure a matéria, o que, aliás, não foi nossa intenção.

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11

Dentre as dificuldades sentidas, destacamos a exigüidade da bibliografia específica que explorasse a interdisciplinaridade da matéria proposta a carência de recursos financeiros que possibilitassem uma dedicação mais efetiva à pesquisa.

Registra-se, por oportuno, que dentro da produção acadêmica verificada no curso de Pós-Graduação de Direito da UFSC, outros trabalhos enfocaram a questão da informática jurídica, fornecendo subsídios genéricos para consecução da presente pesquisa.

Luiz Adolfo Olsen da Veiga3, através do seu trabalho "O Direito e a Tecnologia", inaugurou a temática, em 1981, fazendo um alerta geral sobre a necessidade da utilização de todo avanço tecnológico pelos profissionais do Direito. Em 1985, Humberto de Ávila Rufino4 apresentou uma investigação sobre o aproveitamento de computadores na função judicial decisória, sob o título " A informática Jurídica e a Prestação Jurisdicional Trabalhista - Uma Proposta Concreta", onde desenvolveu várias considerações filosóficas a respeito da aplicação de métodos cibernéticos ao Direito. Já em 1987, com a dissertação "Informática: da Tutela Jurídica da Privacidade ao Segredo da Industria Bélica", Rogério Silva Portanova5 avança no

tema demostrando a preocupação com o impacto da informática e a falta de um disciplinamento maior que vise proteger a privacidade do cidadão. Em 1991, Alberto

3 OLSEN DA VEIGA, Luiz Adolfo. Dissertação - O direito e a Tecnologia. Florianópolis, 1981.

4RUFINO, Humberto de Ávila. Dissertação - A Informática Jurídica e a Prestação Jurisdicional Trabalhista. Florianópolis, 1985.

sPORT ANOV A, Rogério Silva. Dissertação - Informática: da Tutela da Privacidade ao Segredo da Indústria Bélica. Florianópolis, 1987.

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6

Nunes Lopes, com a pesquisa "A informática no cotidiano do Direito (Estudo da Contraprestação entre interesse público e a privacidade na perspectiva operacional do controle dos processos jurisdicionais)" abordou a problematização da informática jurídica assumida no Brasil, principalmente junto à gestão pública, revelando a necessidade da retomada das discussões concernentes à "informação" e ao "segredo". Em 1992, Elene Nicolaos Antonakopoul u 7, com a pesquisa "A dupla face ideológica da Informática Jurídica: uma técnica a serviço de estados totalitários e democráticos" e, Rita de Cássia Pacheco8 , com a dissertação "Segurança Pública e a Informática: Experiência em Santa Catarina" abordaram o assunto. E, neste ano, Álvaro Augusto Portella Trento Colle Casagrande9, com a obra "A INTERNET e o Direito" abordaram brilhantemente o tema - Informática Jurídica.

6 LOPES, Alberto Nunes. Dissertação - A informática no Cotidiano do Direito. Florianópolis, 1991.

7ANTONAKOPOULU, Elene Nicolaos. Dissertação - A dupla face ideológica da Informática Jurídica. Florianópolis, 1992.

8 PACHECO, Rita de Cássia. Dissertação - Segurança Pública a Informática: Experiência de Santa

Catarina. Florianópolis, 1992.

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13

CAPÍTULO I

INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

1.1. Histórico

A informática é uma disciplina contemporânea cujos alicerces são os meios úteis para a elaboração da informação, sendo considerada como suporte do conhecimento e da comunicação. No pensar de Lair Ribeiro "Comunicação é a mais básica e vital de todas as necessidades, depois da sobrevivência física. Mesmo para se alimentar, desde os tempos pré-históricos, os homens precisaram se entender e cooperar uns com os outros, através da comunicação interpessoal".lO Vamos analisar, neste capítulo, sucintamente, o impacto que a informática produz na acepção do termo "informação", e o que se pode produzir a respeito de acepções futuras. Informação, diz

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Acrescenta Bielsa: " informação não é conhecimento: conhecimento é informação transformada mediante seleção e interpretação. A mudança da elaboração da informação e da elaboração do conhecimento está se realizando neste momento, com grande intensidade".12

A respeito dos conceitos supracitados, devemos visualizar certos aspectos:

1. a civilização ocidental é uma civilização baseada na escrita. A civilização ocidental é uma civilização baseada no 'papel'. Idéias, crenças, ciência, arte e costumes se encontram basicamente escritas em papel, tudo está confiado à custódia de milhões de páginas. "O papel é a pele de Deus, diziam por volta do século XVI os índios chiriganos".13 O papel é a memória do ocidente. Mas nem sempre as informações estiveram em livros, e é possível que não continuem assim por muito tempo.

a) Na época de Platão, o diálogo era a forma textual por excelência, aquela que gozava de maior respeitabilidade. A escritura - analisada em termos

11 PEROLO, Arturo Yglesias. Derecho a la Informacion. P ed. Montevideo: Fundación de Cultura

Universitária, 1987, p. 40.

"Ia información es el mensaje de todo hecho que despierta o provoca el interés público, el acto de llevar un hecho a conocimiento de los demás".

12 BIELSA, Rafael. Recuperacion de Documentos Juridicos por Medios Automatizados. sa ed. Milão: Dott. A. Giuffre Editore, 1986, p. 9.

"Pero información no es conocimiento: conocimiento es información transformada mediante selección c interpretación. El tránsito de la elaboración de la información a la elaboración dei conocimiento se está realizando en estos momentos, y es lo que a grandes rasgos."

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15

platônicos - era vista como uma materialidade agressora da idéia. A memória humana não era algo tangível, algo que se pudesse determinar de maneira precisa.;

b) A memória dos computadores e sua administração supõem uma transformação. As modificações na compilação, arquivamento e consulta de dados são virtualmente capazes de alterar as condições de trabalho e os moldes de autoridade e mudar as hierarquias estabelecidas.

2.) há muito conhecimento na mão de poucos. Para Arturo Iglesias: "a informação é poder. Quem tem acesso à informação possui acesso a uma fonte de poder. Sempre foi assim, só que, no mundo contemporâneo, têm-se alcançado maior transcendência. A imprensa faz do conhecimento sua mercadoria, tendo o amparo estável da liberdade de expressão" .14

Em certo sentido trata de uma formulação de aspirações igualitárias, cujo cerne reside na distribuição democrática do conhecimento. A informática ao tomar possível um acesso generalizado do conhecimento, colocando-o alcance das mãos dos indivíduos, desmistifica o conceito de exclusividade e de restrição que existe até hoje, abalando as bases ideológicas da sociedade.

14 PEROLO, Arturo Yglesias. ob. cit., p.73.

"Ia información es poder. Quien tiene acceso a la información tiene, con ella, acceso a una fuente de poder. Siempre fue así, solo que, en el Mundo Moderno fue aIcanzado cada vez mayor transcendencia. La Prensa hace de ella su mercancía y donde tiene el amparo estable de la Iibertad de expressión."

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3.) Qualquer possibilidade de troca na estrutura perturba os alicerces da organização social, ao exigir dos modelos de comportamento sua adaptação a condições mutáveis; condições estas que não interessam aos possuidores do conhecimento. Para Arturo Y glesias:

"A expressão -informação- é tão antiga como a humanidade, e sendo que os homens são seres sociais e não existe sociedade sem comunicação, ou seja, sem o intercâmbio de mensagens, de informações. Durante incontáveis anos os meios que transmitem a informação permaneceram inalteráveis: sons.

1 . . ,,15

pa avras, smalS .

Apesar desta retórica, entretanto, devemos afirmar que nem a elaboração de dados por meios eletrônicos, nem a produção em massa de máquinas inteligentes são o bastante para terminar com a perniciosa separação entre os detentores do conhecimento e os "desmembrados" desse saber. Não há nenhuma razão objetiva pela qual a informática vá desencadear necessariamente um processo de independência participativa de critérios, e um melhoramento nos princípios distributivos. Deverá ser a sociedade mesma que discernirá quem armazenará, quem irá projetar-se para ocupar uma posição de domínio. Sem esta visão, a comunidade não terá a capacidade necessária para enfrentar o futuro.

Existem determinados momentos transformativos na evolução das nações, que tanto podem fortificá-las, como destruí-las. Creio que a iniciada Revolução

15 Idem" p.4l.

"El hecho de la información es tan antiguo como la Humanidad y a que los hombres son seres sociales y no existe sociedad sin comunicación, es decir, sin el intercambio de mensajes, de informaciones. Durante incontables anos los medios por los que se transmitía la información permacieron inalterables: sonidos, palabras. signos".

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17

Informática configura um desses momentos; em geral, as próprias companhias fabricantes de computadores servem como exemplo do que foi exposto: o principal requisito que lhes impõem para continuar com vida é seguir crescendo.

A respeito da informação e suas prováveis conseqüências na sociedade, aborda Arturo Y glesias:

"Depois da invenção da escrita se produziu uma mudança na história. E antes que tivéssemos assimilado este impacto, a informação produz uma nova mudança de tanta envergadura como as anteriores, pelo que a primeira

vista não pareça de tanta importância. O tratamento eletrônico dos dados

informativos, sua acumulação e arquivo em mecanismos especiais de resposta automática constituem uma revolução tão importante quanto a imprensa, como o rádio, como o cinema, como a televisão. Pode ser uma benção ou Rode representar o mais terrível pesadelo que a humanidade pode

imaginar". 6

1.2. Questionamentos sobre o Tema

Das idéias apresentadas, surgem alguns questionamentos. A Informática não será um hábil instrumento a fortalecer qualquer forma de poder? Propiciará a radicalização das doutrinas atualmente existentes, ou a formação de outras tão danosas

)6 Idem, p.42.

"Después vi no la invención de la escritura y a partir de ese momento se produjo un cambio en la historia. Y antes de que hayamos asimilado este impacto, la información sufre un nuevo cambio de tanta transcendencia como los anteriores, aunque a primera vista no parezca tan espectacular. Porque el tratamiento electrónico de los datos informativos, su acumulación y archivo en aparatos especiales de repu esta instantánea, constituyen una revolución tan grande como la imprenta, como la radio, como el cine y la televisión. Puede ser una bendición o puede representar el más terrible carcelero de la personalidad que cabe imaginar".

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quanto estas? Ou será um hábil instrumento à criação de doutrinas mais avançadas, mais democráticas? A Informática permitirá ou não a mesma participação de todos?

Mesma indagação faz Maria L. Salgueiro " ... os impressos, inclusive os livros, tenderão a desaparecer, as bibliotecas se dissolverão diante dos bancos de dados. A telemática fará uma reviravolta no ensino, na Medicina e, de um modo geral, na cultura. Resultará disso uma democratização desta ou, ao contrário, uma

hierarquização ainda mais acentuada, embora diferente da atual?" .17 Podemos

responder a tais indagações com um exemplo: a mesma gasolina (= informação)

colocada num "Volkswagem" e num "Mustang", provoca desempenhos diversos devido ao fato de serem os motores diferentes; ou ainda, a mesma comida ingerida por um sábio e um trabalhador braçal, reflete-se em desempenhos diferentes quanto à capacidade intelectual. Verificamos, então, que a direção tomada por este uso crescente de informações dependerá exclusivamente da visão e vontade do homem, já que o computador não reintegra ao mundo senão os dados que lhe foram introduzidos pelo homem.

A mesma linha de indagação foi feita com muita qualidade por Elene N. Antonokopoulu: "Os Estados que dominarem tal técnica, especificamente as grandes potências mundiais, não imporão seus axiomas?"I8 . Responde a autora:

" A informática jurídica não é um mero veículo, neutro destituído de ideologia. Ao revés, pretende-se visualizá-Ia como suporte ideológico capaz de emoldurar tanto estados totalitários quanto democráticos. No primeiro

17 SANTOS, Maria Lúcia Salgueiro dos. Informática no Brasil: A Opção Política é Nossa. Florianópolis: Ed.

da UFSC, 1986, p. 23-24.

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19

caso, expressará o poder unilateral, a dominação axiológica, o saber unívoco condicionado com a vontade dos dirigentes políticos. No segundo, poderá ser uma utopia "real", a concretização de um sonho imaginado e reimaginado em momentos díspares da história, sintonizando o saber polifônico da sociedade, a sua verdadeira "vontade geral". Nesta, a informática jurídica surgirá como elo capaz de projetar o poder da sociedade, permitindo o controle do Estado e a restituição de sua condição de mero interlocutor da sociedade".19

Só O futuro responderá a estas indagações. Por ora devemos concordar que

o homem contemporâneo é testemunha de uma revolução tão importante quanto a provocada pela máquina a vapor. Esta conquista multiplicou o trabalho físico da humanidade, trazendo transformações radicais em seu comportamento. A Era do computador surge como a segunda revolução industrial e está destinada a propiciar modificações ainda mais profundas pois ela multiplica o trabalho mental, numa força de alcance muito mais ampla.

Bertalanffy, a respeito, posiciona-se de mesma forma ao relatar: "Tanto os equipamentos ('hardware') dos computadores, da automação e da cibernética quanto os 'programas'('software') da ciência dos sistemas representam uma nova tecnologia. Tem sido chamada a Segunda Revolução Industrial, que se vêm desenvolvendo há

d ~. " 20

poucos ecemos .

A mesma opinião tem Bielsa:

19 Idem, Ibidem.

"desde a invenção da imprensa, nenhuma iniciativa do homem tem sido potencialmente tão capaz de modificar uma concepção exclusivista de conhecimento como a informática. E é necessário ter em mente que a

20 BERTAlANFFY, Ludwig von. Teoria Geral dos Sistemas. 2a ed. Trad. Francisco M. Guimarães. São Paulo:

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transição dos computadores que calculam e memorizam aos computadores que raciocinam e elaboraram o conhecimento, a chamada - segunda era do computador-, levará o pensamento humano a dados que nenhum outro instrumento intelectual havia tido alcançado".21

E qual o melhor instrumento disponível para perseguir este objetivo senão o que atualmente é oferecido pelo avanço da tecnologia? O Direito, portanto, não pode dispensar a ajuda que a informática pode lhe proporcionar, sob pena de continuar perdido na configuração de uma burocracia, por assim dizer, ainda da época da descoberta da imprensa, ou seja, presa às limitações do lápis e do papel, com todas as conseqüências daí decorrentes.

Assim, o Direito precisa se valer da velocidade promovida pelos campos magnéticos, cujo aproveitamento de energia de economia, é inquestionável do ponto de uma melhor racionalidade instrumental.

É bem verdade que muitas questões de organização - e com isso também estamos cotejando a injunção política - devem ser profundamente revistas para que não incorramos na dimensão da ditadura tecnológica, que, aliás, não é da máquina em si, mas necessariamente de responsabilidade do próprio homem que assim a destina.

21 BIELSA, Rafael. ob. cit., p. 8.

"Desde la invención de la imprenta, ningún adelanto deI hombre ha sido potencialmente tan capaz de modificar una concepción exclusivista deI conocimiento como la informática. Y es necessario tener presente que la transición de los computers que calculan y memorizan a los computers que razonan y elaboran el conocimiento la llamada - segunda era deI computer - llevará el pensamiento humano hasta registros que con ningún otro instrumento intelectual habían sido antes alcanzados".

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CAPÍTULO 11

CIBERNÉTICA

2.1. Origem do Termo Cibernética

Quanto à origem da cibernética, há duas linhas de interpretação: na primeira, salientada historicamente pelos antigos gregos, o termo é visto como "a técnica de pilotagem dos barcos". Tal concepção é enriquecida por Platão, designando seu uso não só aos barcos, mas às pessoas, revelando esta ser "a arte de governar gentes". Tal raiz histórica levou Marcelo D' Azevedo a interpretar a cibernética como: "ciência do comando, controle e organização das idéias,,?2 Afirma o autor, na obra

Cibernética e Vida: " .... a cibernética se configura como a ciência ou a parte do

comando e do controle de um processo organizado, com capacidade de autocorreção e realimentação próprias, que lhe imprimem o máximo de eficiência,,?3

22 D'AZEVEDO, Marcelo Caetano. Cibernética e Vida. Petrópolis: Vozes, 1972, p. 9. 23 Idem, p. 10.

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A segunda, no âmbito geral, trata de viés da própria tecnologia, representada pela sua fase de automação. Analisando, logo se visualiza grandes fábricas, com imensas chaminés barulhentas, mas, a raiz da cibernética remonta a um passado mais remoto do que se imagina. Os artefatos de pedra, osso, madeira, ferro, utilizados na agricultura, caça e pesca, representaram os primeiros "avanços tecnológicos" que auxiliaram o homem em seu trabalho, sendo imprescindíveis à fixação dos primitivos nômades à terra. Os métodos foram aprimorados o que levou Tofler a dizer: "A invenção da cangalha para as bestas de carga da Idade Média levou a mudanças importantes nos métodos agrícolas e foi um avanço tecnológico, tanto quanto o invento da fornalha de Bessemer séculos mais tarde,,?4

Nesse sentido, Rabah Benakouche define a cibernética como "a ciência do tratamento e difusão de informações com utilização dos componentes da

. I A ' ,,25 d . I A ' d . A

mlcroe etromca ,acrescentan o que, "por mlcroe etromca enten e-se a clencia da fabricação dos componentes,,?6

Essa comunicação entre ciências e máquinas, a interação que se processa entre elas, é domínio que se chama cibernética. "Cibernética é o estudo dos auto

]A TOFLER, Alvim.

o

Choque do Futuro. Trad. Eduardo Francisco Alves. 3a ed. Rio de Janeiro: Record, 1970,

p.34.

25 BENAKOUCHE, Rabah. A questão da Informática no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1985, p. 44. 26 Idem, Ibidem. p. 44

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23

controles encontrados em sistemas estáveis, sejam eles mecânicos, elétricos, ou biológicos,,?7 Jocelyn Bennaton entende que:

"a cibernética é uma ciência eclética, exatamente por ter na existência de unidade na natureza ela não possui um particular tema de interesse. Entre seus objetos de investigação estão arrolados tanto os organismos como as máquinas. Qualquer que seja a natureza e a circunstância desses objetivos, cujo estudo cabe a outras especialidades, ela os trata sempre de modo indistintos, é antes de mais nada um modo de olhar o mundo, uma linguagem. Em decorrência, também uma possibilidade de síntese,,?8

2.2. Informática e Cibernética

A cibernética está relacionada à informática e muitos confundem os dois conceitos. Entendemos, porém, que se tratam de categorias distintas. A cibernética é mais ampla, genérica, seu objeto de investigação é o mundo, as máquinas, o homem. Já a informática possui como objeto um bem de ordem puramente imaterial, a informação. Apesar de haver no passado certa similitude entre 'cibernética' e 'informática', hoje em dia, as duas possuem conotações diversas. Enquanto a cibernética está mais voltada à automação nas indústrias, às pesquisas na área da robótica, tratando do relacionamento e freqüência da máquina nos afazeres do homem, a informática, devido especialmente à utilização do computador, visualiza um horizonte voltado à busca e ao aperfeiçoamento dos meios de informação.

27 Micro-computador, Curso Básico. p.300.

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Observamos, no que respeita à configuração da Informática Jurídica, sendo esta uma decorrência da Cibernética, que, se a Cibernética se iniciou num plano de convergência de várias ciências, atualmente encontra-se num processo contrário, ganhando a cada dia suas especialidades. A Informática é uma especialidade da Cibernética, a qual por sua vez, acabou por reservar um lugar mais específico, que é o da Informática Jurídica.

No que respeita especificamente à Informática Jurídica, embora o computador seja exemplo de tecnologia avançada, à qual nos reportamos com mais freqüência, a máquina centralizadora das atenções, não significa que seja o único equipamento relacionado aos estudos da Informática Jurídica. Para tanto, convém ter em mente, com relação à expressão "utilização de tecnologia avançada", outros equipamentos, como o fax, copiadoras, filmadoras, leitoras óticas, e outros instrumentos sensitivos a serem utilizados na modernização do Direito.

Revelada brevemente as linhas de interpretação da nomenclatura 'cibernética', analisaremos seu subproduto, ou seja, a informática. O termo informática, por si só, é muito vasto, podendo ser tratado de diversas formas. Particularmente, acredita-se ser a informática a ciência que estuda o conteúdo do computador, ou seja, o depósito das informações, sua racionalização e organização.

A interdisciplinariedade e a multidisciplinariedade são características muito peculiares da informática, uma vez que ela possui aplicação e se ramifica por todas as

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áreas do conhecimento humano, da saúde à economia, da educação às artes, enfim, já não existe caminho inédito para a utilização da tecnologia avançada.

2.3. Variações do Termo - Cibernética Jurídica/Informática Jurídica

Existe certa dúvida, em conseqüência do que foi colocado, quanto à correta denominação do termo cibernética jurídica. Entre as mais conhecidas, inscreve-se a Juscibernética, a Informática Jurídica, e, para outros, ainda, mesmo que remotamente, a denominação Jurimetria.

Não se trata de uma escolha aleatória. Cada uma dessas denominações enfatiza determinado contexto, ou seja, certo grau de prevalência, ora com postulados de uma Cibernética mais positivista, ora mais crítica. De um lado ou do outro, no que se refere ao Direito, os posicionamentos privilegiam a forma de direito jurisprudencial ou de direito legislativo. Como exemplo de direito jurisprudencial, tem-se a linha adotada pelo direito anglo-saxão; e como exemplo de direito legislativo, o direito pátrio.

Entendemos que, tanto a Cibernética quanto o Direito não podem ser vistos de maneira mecanicista e dogmática. Por conseguinte, optamos pelo uso do termo Informática Jurídica, considerando sem demasiado entusiasmo, que os postulados da

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Informática e do Direito, pelo viés do exercício crítico, podem trazer resultados práticos.

o

compromisso teórico da Informática Jurídica, ao que nos parece, não poderá ficar resumido, nem neutralizado, por uma possível supremacia das injunções eletrônicas, sem que se discutam as devidas repercussões na vida cotidiana das tarefas da aplicação da justiça. O Direito, nessas circunstâncias, intensifica sua função regulamentadora, dosando o uso de determinadas tecnologias.

Quanto ao entrelaçamento da Informática e do Direito, o termo Informática Jurídica parece ter surgido na Universidade de Pittsburg, sendo seu criador John Horty. Ele teria criado um sistema de banco de dados jurídicos, classificando e processando informações jurídicas de relevância como: leis, jurisprudência e doutrina. Losano atribui a sua aparição a um working paper preparado pelo Serviço Jurídico dos

Executivos das Comunidades Européias em 1968, para uma reunião de técnicos, onde enfocava a recuperação de informações (sem se comprometer, porém, com os meios e métodos usados para tal pesquisa).

Neste trabalho, a informática jurídica será vista como a ciência que, ao tratar da organização, racionalização e produção das informações dentro de condições pré-estabelecidas, preocupa-se especificamente com o estudo do conteúdo jurídico e seu relacionamento interdisciplinar, utilizando-se, para tanto, o computador.

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Elmi entende por computador: " ... uma máquina capaz de efetuar cálculos, registrar informações, recuperar dados, copiar e movimentar informações de acordo com instruções previamente estabelecidas" .29

Os computadores, defende Pedro A. Prado, "não são mais que máquinas capazes de armazenar dados e utilizá-los para produzir informação, claro que a uma velocidade superior à do cérebro humano. É justamente a enorme velocidade operativa, uma das razões da alta eficiência dessas máquinas"?O

Recuperando ao que já dissemos sobre informação, temos que a informática torna possível a concentração, o cruzamento e a comparação de dados, de forma muito rápida e eficiente.

O computador não restitui ao mundo senão a imagem que lhe foi fornecida pelo homem. Conforme Jean Ullmo, " o termo 'memória' , no sentido restrito bem definido, aplica-se legitimamente aos computadores: trata-se de uma acumulação de estímulos passados que são colocados em reserva e permanecem à disposição de uma

_ " 31

operaçao presente .

O computador assume a possibilidade de melhorar a comunicação das argumentações jurídicas, de controlar seus procedimentos, de viabilizar pela objetividade o fluxo de suas rotinas. Não nos parece que, mesmo com a injunção dos

29 ELMI, Giancarlo Tadei. A informática Jurídica. Trad. João Ferreira. v. 1. Brasília: Fundação Petrônio

Portela-MJ, 1985, p. 13.

30 PRADO, Pedro Antonio. La informatica y el Abogado. Buenos Aires: Abeledo-Perrot, 1988, p. 57. 31 ULLMO, Jean. A Revolução da Informática. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970, p. 76.

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postulados da Informática, as questões do Direito pudessem se dar por resolvidas. Assim, mesmo que o Direito seja compreendido e aplicado com exatidão pelos seus agentes, é uma tarefa que não diz respeito exclusivamente aos juízes, advogados, promotores, ou professores do direito, porque transcende o saber jurídico e se instala num todo muito maior, onde pontificam outros tipos de agentes e de idéias: a sociedade.

2.4. Visão de Mário G. Losano

A respeito das diversas denominações referidas ao assunto, podemos citar a do professor Mário Losano. Ele prefere propor o nome juriscibemética para toda a disciplina (tomado por modelo jusnaturalismo, juspositivismo, jusfilosófico, juspublicíticos, etc .. ). Ele a delimita em duas abordagens específicas: I - abordagens teóricas (modelística juscibemética) e, 11 - abordagens empíricas (informática

. 'd· ) 32

Jun lca.

I - A primeira, teórica, geral e abstrata, desdobra-se em duas subabordagens: a.) analisando o Direito como subsistema do sistema social - seria uma pesquisa de sociologia jurídica; b.) percebendo o Direito como sistema normativo - trataria de uma pesquisa filosófica e jurídica.

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II - A segunda abordagem surgiu inicialmente com os juristas anglo-saxões e trata dos problemas jurídicos práticos e concretos.

2.5. Visão de Giancarlo T. Elmi

Elmi diz que, quanto à aplicação da Informática no Direito, há a manifestação em dois distintos grupos, quais sejam: "as documentais, que visam recolher, selecionar e orgamzar os dados jurídicos (textos normativos, decisões jurisprudenciais, bibliografia, etc.) e fornecer informações como resposta aos usuários", e "as metadocumentais ou processuais ou decisionais, que visam superar o aspecto meramente informativo, ou seja, reproduzir automaticamente as atividades do jurista, fornecer pareceres, consultas e decisões, dando soluções de problemas e não documentação sobre problemas" .33

Para ele ainda:

"O conjunto de tais aplicações é chamado hoje, de maneira bastante conhecida, de informática jurídica. Não sei se podemos falar, a propósito, de uma disciplina autônoma ou pelo menos de ciência. Mas certamente que poderemos dizer que a informática é sem dúvida nenhuma, o ponto de encontro ou de sutura entre várias ciências, como são a ciência da documentação ou da informação, a matemática, a lógica, a lingüística e obviamente o direito, quer como objeto de documentação, quer como ciência e teoria Aurídica, e a informática como ciência de elaboração eletrônica dos dados".

33 ELMI, Giancarlo Tadei. ob. cit., p. 7. 34 Idem, p. 8.

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2.6. Formas Propostas de Estudo Sobre o Tema - Informática Jurídica

A relação Direito e Informática, portanto, na maneira em que se vai traduzindo em especificidade, demostra a possibilidade de estudos sob viés de diferentes modalidades de enfoque. Vejamos os seguintes exemplos:

1) O ilustre professor Martino, do Instituto da Documentação Jurídica do Conselho Nacional de Pesquisa de Florença - Itália (1985), fez o seguinte balanço da evolução da Informática Jurídica no plano internacional, estabelecendo que "agora" era possível conceber uma Informática Jurídica Documentária; uma Informática Jurídica de Administração; uma Informática Jurídica de Decisões e uma Informática

J 'd' un lca An a ltlca. 1" 35

2) Tomemos, por outro exemplo, a perspectiva político-constitucional, no que se refere à organização dos poderes constituídos. Poderíamos visualizar um recorte de estudos da Informática Jurídica direcionada, específica e particularmente, para a contextualização do Poder Legislativo, do Poder Executivo e do Poder Judiciário, como exemplo de grandes núcleos de potencial interesse.

3) Uma outra maneira de conceber o recorte é, por exemplo, estudar a Informática Jurídica, tendo como potencial um determinado ramo do Direito, por exemplo o Direito Criminal. Neste caso, a contribuição da informatização seria no

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31

sentido de procurar soluções para as causas e conseqüências do alto índice de criminalidade, esta que, hoje, se expressa numa trajetória evolutiva: cnme avulso, crime organizado e crime informatizado. Sem dúvida, o mesmo interesse estará despertado para os outros ramos, tais como: o Direito Administrativo, o Ecológico, o Tributário, dentre os fortemente promissores. Mas cada um desses núcleos são verdadeiros universos, cujo tratamento não poderia ser idêntico na rotina de suas preocupações, ou, maIS especificamente, quanto aos programas a serem informatizados.

4) Outro exemplo seria o estudo da informatização das fases processuais, dos procedimentos, das ações judiciais.

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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO COMPUTADOR

MinaI, de onde e como originou-se o computador, astro maior da informática, esta representação aparentemente mágica, que encanta os leigos e até mesmo os mais aficionados pelo aspecto enigmático que possui.

João C. do Carmo expressa que "a história do computador eletrônico se insere em um longo processo que a humanidade percorreu, no afã de coletar e armazenar dados, informações. ,,36

A humanidade sempre desejou coletar e armazenar informações de forma organizada. No intuito de acumular saber, de buscar soluções práticas, tem início a Era do Computador. "O seu estudo foi impulsionado pelo interesse humano pelo cálculo, com esta finalidade, há milhares de anos, surgiu o ábaco na China e os algarismos arábicos.A partir de então, muitos inventos foram criados para facilitar os cálculos.

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John Napier inventa uma 'tabela de multiplicações'. No séc. XVIII, Wiliam Oughtrid criou a "régua de calcular", o primeiro computador analógico. Em 1642 Blaise Pascal construiu o primeiro computador mecânico que efetuava cálculos por meio de engrenagens. Liebniz desenvolveu a concepção de uma máquina de calcular. No início do séc. XIX, Jooseph Marie Jacquard elaborou um "tear", uma calculadora de cartões perfurados. Em 1822, Charles Babbage projetou a calculadora diferencial, com cartões perfurados, considerados os primeiros programas de computador. Herman Hollerith, aproveitando tais princípios, desenvolveu um sistema que possibilitou ao governo Norte-Americano fazer o recenseamento,,?7

A relação existente entre calculadoras e computadores pode ser explicitada assim: "um registro, ou conjunto de informações, só chega aos arquivos de um computador através dos caracteres (alfabeto, sinais gráficos) e estes são expressos na linguagem do computador via numérica. Daí a importância das calculadoras. ,,38

Um breve histórico da Revolução dos computadores, como máquinas que imitam os sistemas orgânicos, permite concluir que a questão das operações de interferências, desenvolvimento de raciocínios, elementares ou elaborados, ainda não foi vencida.

o

primeiro computador surgiu em 1944, em Havard. Foi maior dos computadores media vinte metros de comprimento por três metros de altura. Era

37 ANTONAKOPOULU, Elene N. ob. cit., pp.26-27. 38 CARMO, João Clodomiro. ob. cit., p.25.

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considerado, naquela época, um "cérebro eletrônico", denominação imprópria, pela sua restrita capacidade de operar e pela incapacidade de raciocinar. Em 1946, surge o Eniac, na Universidade da Pensilvânia. Funcionava através de válvulas (12.000) e podia realizar 500 multiplicações por segundo, consumia 140 mil "watts" e ocupava 200 metros quadrados. Esses computadores da primeira geração (1946/1956) processavam informações para resolução de longas seqüências de operações matemáticas e decisões em função de resultados intermediários. Eram caracterizados pelo uso de válvulas a vácuo, memórias de linhas de atraso ou tubo de raios catódico-eletrostáticos. "No fim deste período, introduziu-se a memória de núcleo de ferrite, ainda pequena, com uma entrada/saída bastante simples, de pouca ocorrência com o processamento. Os aparelhos posteriores foram compactualizados com o surgimento do transistor,,?9

Os equipamentos de segunda geração (1956/1963) mantiveram o mesmo tipo de memória, mas desenvolveram o conceito de endereçamento e as operações de entrada/saída. O armazenamento fazia-se de modo secundário, com tambores e fitas magnéticas. O processamento era "em lotes", desempenhando-se os serviços seqüencialmente, com o uso de um programa de monitor para evitar tempo ocioso da unidade central. Os computadores desta geração dividiam-se entre "comercial" e "científicos". Aqueles eram mais lentos, operando em números decimais e nada possuíam para facilitar operações em ponto flutuante; estes, mais velozes, binários, com instruções que facilitavam o ponto flutuante. A sua maior característica residia na

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evolução tecnológica de operar com transistores, os quais diminuíam subsistencialmente o tempo de processamento.

Em 1964, nasceu a terceira geração de computadores, com transistores montados em circuitos integrados, denominados "chips", e com uma integração de um ou dois circuitos lógicos por pastilhas. Muitos fabricantes resolveram reunir aspectos do processamento comercial e científico numa só arquitetura. Além disso, essa mesma arquitetura (conjunto de instruções, endereçamento, formato de dados, esquema de interrupção de entrada/saída) foi implementada numa "família" de vários modelos com baixa "performance" e custo, até alta "performance" e custo. Dos sistemas de programação, evoluiu o sistema operacional, um complexo de rotinas que oferecia muitas opções e serviços aos usuários, além de cuidar do andamento dos seus programas. Com a terceira geração, introduziu-se a técnica de multiprogramação, onde pode haver mais de um programa na memória principal ao mesmo tempo.

Na realidade, a corrida dos pesquisadores nessa área tinha por objeto conseguir a diminuição do tempo de processamento, representado pela distância percorrida pelos elétrons. A redução desta distância é que determina a evolução desses equipamentos.

Os desenvolvimentos da quarta geração foram voltados mais à possibilidade de aumento do "hardware", para facilitar a programação do "software", bem como preocupam-se em avaliar o sistema com a idéia de informação e seu fluxo entre os

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arquivos de armazenamento, memória principal e registradores centrais, conforme a atividade.

A idéia de "geração" passou a sofrer restrições, tendo em vista que difícil se torna separar com exatidão até onde um equipamento utiliza-se de recursos de uma outra "geração". Isto porque, por exemplo, na época da primeira geração, os interesses concentravam-se mais na unidade central "hardware", que era bem mais cara do que a programação. A preocupação era em termos de custo das válvulas. Mais recentemente, o "software" e a programação constituem os elementos de maior custo.

Atualmente os computadores não são mais tratados por 'geração'. Existem, hoje, computadores que podem auxiliar nas sentenças, que podem analisar histórias e escrever resumos e sumários gramaticalmente corretos; que se utilizam de robôs, que nunca se aborrecem, para trabalhos em linhas de montagens, e podem até sugerir um diagnóstico em casos de avaliação de pessoas doentes.

Declaram os experts que, "entre 1975 até os dias de hoje, a tecnologia dos computadores mudou tão profundamente que esses poucos anos de nossa existência constituem um divisor de águas não somente na história desse instrumento, como também na da cultura moderna como um todo" .40

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CAPÍTULO IV

RElAÇÃO DO COMPUTADOR NA ÁREA JURÍDICA

4.1. Um Instrumento a Serviço do Homem

Este título indaga a idéia de que o microcomputador deva fazer parte da mesa do advogado, do promotor de justiça, do juiz, do professor, do aluno, do escrivão, servindo para consultas sobre datas de audiências, controle das demandas processuais e, quando muito, para redação de textos das petições, certidões, sentenças, pareceres, etc., ou na elaboração de quadros estatísticos daquilo que pode ser contabilizado no cotidiano da tarefa da justiça.

Assim, tem-se criticamente a primeira impressão de que, tão sofisticada proposta dos ciberneticistas, junto ao Direito, estaria estranhamente reduzida, transparecendo que a aplicação da justiça pudesse ser resumida, ou igualar-se a um mero instrumento mecânico. Os profissionais da área jurídica, e mais atentadamente os

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estudantes de Direito, de um modo geral, não alcançaram um estágio de utilização que correspondesse, de certa forma, ao alcance da expressão Informática Jurídica, amparada por uma teorização comunicacional ampla. Mesmo que programas e operações estejam num crescente, oferecendo, a cada dia, conteúdos dos mais diversos a serem pesquisados pelos agentes jurídicos, existe ainda uma estagnação, ou de certa forma uma 'preguiça' jurídico-disciplinar para com estas novas fontes de dados.

Creio que os recursos ofertados atualmente, em: discos, bancos de dados de órgãos públicos e especialmente pela INTERNET, recursos estes que contribuem para a consecução de pesquisas, que tornam a busca de informações jurídicas mais rápida e eficaz, devem ter um grau de divulgação mais acentuado, principalmente aos alunos de Direito, que em muitos casos desconhecem a potencialidade que tais recursos podem oferecer.

Quanto à forma de estudo, atualmente, a mais visada é a documental, ou seja, a que possibilita ao usuário o acesso a banco de dados (textos jurídicos, jurisprudência, compilação de leis e doutrinas, Congressos, além do diálogo através do computador) para estudos profissionais ou acadêmicos.

Assim, as propostas baseadas no uso do computador para a atividade jurisdicional, que visam a substituição dos juristas, atuando nos seus lugares as 'máquinas eletrônicas', está ainda no campo da visualização dos estudiosos, não sendo, o que se deseja no futuro, já que cabe ao homem comandar as atividades jurisdicionais.

Como diz ELMI: "O problema da informática jurídica consiste em verificar quais as partes do direito que são informatizáveis', quer como construção do sistema,

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39

quer como aplicação do sistema, e quais os segmentos do raciocínio e do processo decisional do jurista que são redutíveis logicamente e, portanto, algoritmizáveis" .41

Sobre a proposta de ELMI podemos tecer algumas palavras. Os juízes operam a realidade de todos os fatores que intervêm simultaneamente no comportamento humano, e a sentença produz um juízo axiológico de ajustamento dessa realidade. É uma lógica destinada a realizar operações de valorização e estabelecimento de fins e meios para os propósitos, sempre com o objetivo de adequar as soluções aos casos reais, ainda que irracionais. O juiz não desconsidera as normas vigentes. Na verdade, ele completa a obra do legislador, pois avalia situações individuais em termos concretos, e a sua obra deve ter, como elemento prevalecente, não o apego incondicional ao texto legal, mas valores dos bens que o legislador tinha em mente ao elaborar a lei. Tanto o legislador quanto o juiz operam os mesmos princípios lógicos, os da lógica do razoável. Para os realistas americanos o Direito contido nos textos legislativos nunca está concluído, mas deve completar-se com o trabalho dos julgadores nos casos concretos, ou seja, para estes a sentença é considerar um direito efetivo, real.

E mais, na opinião de ELMI: "o juiz deve prever mentalmente os resultados da aplicação de norma. Se houver concordância entre estes e os visados pela norma, deve o juiz aplicá-la; em caso contrário, deve ser declarado, na sentença, que a norma é

inaplicável, por mais que se afigure como aplicável" .42

41 ELMI, Giancarlo Tadei. ob. cit., p. 25.

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o

pensamento jurídico possui ingredientes axiológicos e silogísticos.43 Vale citar Luis Fernando Coelho:

"a ordem jurídica não é somente a coerência formal que procura preservar a

hierarquia das normas de Direito; não se reduz também à coerência material,

que consiste em regular os dados da vida social de maneira não contraditória; ela é também a coerência axiológica, que se constitui pela harmonização das valorações normativas contrárias aos princípios gerais de

Direito, que são as valoraçães básicas da norma j urídica ".44

Em idêntica linha de pensamento encontra-se Siches:

"os critérios valorativos postos em questão para tomada de decisão em assuntos humanos, particularmente nas éticas e sobretudo nos jurídicos são índole muito variada; e todos estes critérios devem ser combinados entre si de modo harmônico, em virtude da especificidade do problema proposto. Os computadores podem emitir juízos de valor como conseqüência dedutiva de critérios estimativos que previamente tenham sido introduzidos na máquina; porém, não podem produzir a harmonia de um juiz prudente, de uma decisão tomada com bom sentido humano, considerando os componentes

particulares que intervêm em cada problema singular" .45

Contribuindo, ainda, para alicerçar esta linha de pensamento, podemos citar Losano, que em curso ministrado em 1974 na Universidade de São Paulo (USP), alicerçado na classificação do alemão Georg Klaus, anotava:

"a teoria dos algoritmos, que permite passar de formulações em linguagem comum (e portanto, necessariamente, imprecisa) para formulações em linguagem rigorosa, na qual, de um dado de entrada, que é o problema, chega-se ao de saída, que é a solução do problema, mediante um número finito de passos unívocos. A algoritmização é particularmente importante no âmbito do Direito, uma vez que nem todos os problemas jurídicos são traduzíveis em algoritmos e posto que as máquinas cibernéticas, uma das

43 COELHO, Luis Fernando. ob. cit., p.222. 44 Idem, p.227.

45 RUFINO, Humberto D' Avila. A informática Jurídica e sua Concepção Zetética. Curitiba: Revista do

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41

quais é o computador, somente podem trabalhar com algoritmos -determinados problemas jurídicos não poderão, pelo menos por ora, ser

d I d ,,46

processa os pe o computa or .

o

computador pode auxiliar os juristas na consecução de seus trabalhos profissionais, oferecendo informações que acentuem a velocidade de alcance destes dados e minimizem o esforço para alcançar tal objetivo.

Sua colocação no meio jurídico não deve ser a de protagonista de decisões, leis, pareceres, etc., mas sua função é auxiliar o homem, em especial os profissionais do Direito, na sedimentação e aplicação de recursos, numa área que carece muito ainda da sua utilização.

As propostas ligadas à utilização dos computadores na execução das tarefas judiciais devem ser analisadas com certo grau de relatividade, pois o que hoje é visualizado como uma utopia, algo de difícil concretização, pode ser, no futuro, através do aperfeiçoamento das máquinas e dos programas, uma tarefa do cotidiano dos profissionais e acadêmicos do Direito.

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PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS

DA INFORMÁTICA NA ÁREA JURISDICIONAL

5.1. Experiências Brasileiras

Vejamos as primeiras realizadas em alguns setores que, de alguma forma, mantêm estreita relação com a tarefa da justiça, demonstrando que a informação jurídica se localizou, embrionariamente, na parte estrutural-material da organização judiciária.

Essas experiências, conduzidas por órgãos públicos nacionais, como tribunais, ministérios públicos, secretarias de segurança, sistemas penitenciário e outros, visam, a grosso modo, controlar rotinas de documentação, fornecendo informações automáticas, no que respeita às diversas fases de sua tramitação.

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A configuração dos bancos de dados desses órgãos está direcionada, de um modo geral, para a vertente das grandes áreas de atuação, em cujas especialidades, como a criminal e a civil, ensejam uma sistematização específica das suas rotinas, quer dizer, de acordo com a real necessidade dos problemas que se apresentam.

"Um relacionamento da máquina com o processo decisório foi tentado, no ano de 1971, com o apoio do Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo e do Departamento de Processamento Eletrônico do Município de São Bernardo do Campo (hoje PRODASB), designado sistema PRA T, foi concebido pelo juiz Pedro L. Ricardo Gagliardi e consistia na elaboração de sentenças de rotina, em casos de acidentes de trabalho típicos ou de moléstias de profissionais mais comuns. Constava de um arquivo com mais de 400 textos, representado as situações mais freqüente, os quais eram combinados, mediante instruções lançada pelo juiz, em um formulário. Neste, constavam todos os dados identificadores do processo, a moléstica alegada, a tramitação do processo, a prova colhida, as razões finais. Definia também o formulário, o dispositivo da sentença aplicada, como a responsabilidade e pela indenização, taxa de redução a capacidade, montante de ressarcimento, condenação em custas, multas, despesas médicas, diárias e outras. Até a interposição de recursos" ex officio" era determinada, se fosse o caso,,:n

De resto, a aplicação dos computadores à função judicial tem sido marcada para as atividades destinadas a racionalizar os fluxos de procedimentos e de serviços jurídicos.

No caso do Brasil, tem-se a pioneira experiência da Justiça Federal na administração judiciária: o projeto da DAT AJUS, cuja implantação se iniciou no ano de 1976. Foram desenvolvidos sistemas e subsistemas voltados para a distribuição, cadastramento e emissão automática de relatórios e feitos; para cálculos de custas

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judiciais e atualização de valores em execução; para dados estatísticos necessários à divulgação interna e pública, para o controle de atendimento de processos; para outras atividades correlatas e de apoio de tarefas de tribunais. Isso sem falar nos sistemas de armanezamento de legislação e jurisprudência, implantados pelo Senado Federal, através do PRODASEN, envolvendo os Tribunais Superiores do país, em projeto que foi desenvolvimento gradativamente.

5.2. Experiências Internacionais

As experiências de outros países, salvo a sentença eletrônica de alimentos referida por Igor Tenório, também estão nessa linha de auxílio e administração judiciária. Temos o CREDOC, sistema notarial desenvolvido na Bélgica, além de pesquisas semelhantes na França. Na Suécia, foram criados aplicativos para o registro de crimes e criminosos, tendo sido adotado um formulário padronizado para as sentenças na sua parte dispositiva.

48 Idem, pp. 136-137

"c. A. Dunshee Abranches, quando apresentou sua tese na IV Conferência Nacional da OAB, em 1970, noticiou que a "Superior Corte" do município de Los Angeles desenvolvia projetos para facilitar a administração judiciária criminal. Nesse mesmo trabalho destacou a organização dos serviços de unificação jurisprudencial realizado na "Common Plascurt" e "Municipal Court " , na Filadélfia, em setembro de 1968; e, ainda, apontou o sistema aplicado na circunscrição judiciária de "Cook County",em Chicago, para o

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Há de se fazer referência às atividades desenvolvidas na França, através do CEDIJ, um banco de dados com a jurisprudência do Conselho de Estado e da Corte de Cassação, além de outros tribunais regionais e do Cridion, relativos aos notários. No mesmo sentido, a instituição de um banco de dados do direito social, junto ao Tribunal Federal Social, de Kassel, na Alemanha, implntado a partir de 1975, e, também, os trabalhos da Corte de Cassação, na Itália, na área da jurisprudência.49

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CAPÍTULO VI

INTERNET

6.1. Abordagem do Tema

A informática jurídica nesses últimos anos desenvolveu-se em ritmos e medidas diversas, em várias direções mas reciprocamente relacionadas:

1) Sistemas de busca automática de dados jurídicos;

2) Sistemas decisórios ou de apoio de decisões.

A primeira linha de atividade tem exigido notáveis recursos econômicos em muitos países, sendo protagonizadas por instituições públicas e certas empresas privadas (preponderantemente editoriais), com dados muitos úteis aos profissionais do Direito.

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A segunda linha tem sido objeto de especial interesse do mundo da educação, administração e negócios, iniciando a uma certa aplicação prática na área jurídica. As duas formas de pesquisa jurídica podem ser encontradas na INTERNET -a rede mundi-al de comput-adores.

Neste capítulo introduziremos, em breves palavras, o mundo da INTERNET e colocaremos à disposição alguns endereços jurídicos que possam vir a ajudar em pesquisas, consultas, etc.

A rede mundial de computadores reúne hoje milhões de pessoas. É uma rede aberta, pois não existe uma instituição que a controle, e heterogênea, visto que vários são os grupos que dela se utilizam.

Quando a INTERNET surgiu, no final da década de 60, trocar informações dentro dela era muito difícil, cheio de complicados códigos de acesso, além de textos e gráficos rudimentares. A "mãe de todas as redes" era sinônimo de conversa entre órgãos do governo americano, cientistas e maníacos por computador. Atualmente, no entanto, a comunicação tornou-se bem mais fácil e qualquer pessoa que tenha um microcomputador, um modem e uma linha telefônica pode fazer parte desta grandiosa rede de informações.

A abertura definitiva da INTERNET é responsabilidade, em parte, dos grandes serviços "on-line" dos Estados Unidos, como o American On Line,

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CompuServe e Prodigy, e, em parte, dos diversos programas que também facilitam a navegação pela rede.

Muitos programas foram criados nos últimos quatro anos para tornar mais fácil a navegação pela INTERNET, o Gopher, o W AIS, o WWW, o Mosaic, o Netscape.

o

primeiro é um serviço que localiza rapidamente um "endereço" dentro da INTERNET, ou seja, localiza o endereço com a qual o usuário se identifica dentro da rede, uma série de códigos como, por exemplo: minski@media.mit.edu, endereço de Marvin Minski, um dos pioneiros da inteligência artificial. O Gopher simplificou a troca de informações dentro da INTERNET. Essa comunicação que se dá pelo E-mail, ou correio eletrônico, é hoje um dos recursos mais utilizados na rede. Atualmente existem programas mais sofisticados que atuam como correio eletrônico: o Eudora e o Pine, são exemplos. Este último é um sistema interativo de correio eletrônico de domínio público. O sistema tem um mini-menu que facilita o envio, o recebimento e o arquivamento de mensagens eletrônicas, mesmo para novos usuários. O Pine funciona também como leitor das conferências "Usenet News". Apesar de ter sido originalmente orientado para novos usuários, o Pine desenvolveu vários recursos avançados.

O segundo programa, W AIS (Wide Area lnformation Service, "serviço de informações em área ampla"), assim como sistemas parecidos (Archie, Veronica e Jughead), é um programa criado para procurar informações dentro dos vários bancos

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de dados (conhecidos como "bibliotecas") contidos na INTERNEro. Através dele, o usuário pode, por exemplo, estando na UFSC, acessar um texto sobre Max Weber em uma "biblioteca virtual" na Alemanha ou nos Estados Unidos.

o

terceiro deles, a World Wide Web (ampla teia mundial) permite a utilização do hipertexto: ou seja, línks, que são palavras chaves que permitem chamar outros textos. Este programa foi desenvolvido a partir do Mosaic e trabalha dentro do Windows possuindo modo de apresentação gráfico. Um acesso em modo WWW, ou simplesmente Web, permite a visualização de imagens e gráficos. Se popularizou em 1995, revolucionando o mundo da informação em multimídia (imagem, texto, som e animação).

o

Mosaic, faz na INTERNET o que o Windows faz no PC: facilita a operação. O usuário do Mosaic vê algo como uma página de revista, com textos bem arrumados na tela, além de ícones e imagens. E dentro das palavras ou imagens há conexões para outras localizações da INTERNET. Com isso, fica muito mais fácil trocar informações científicas, programas de computador, e todo o tipo de informação.

O último destes programas é o Netscape, o mais famoso atualmente, sendo um melhoramento do Mosaic. A diferença para este último está na velocidade de funcionamento, na forma com que transmite e exibe os dados. "Em vez de transferir todos os dados e depois apresentá-los na tela, ela tranfere uma ou duas das primeiras

50 KENT, Peter. Guia Incrível da World Wide Web. Tradução João Eduardo Nóbrega Tortello. P ed., São Paulo:

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páginas e o exibe. Enquanto está lendo, ele começa a preencher as figuras e a transferir mais texto. Ela mostra o quanto tranferiu e o quanto ainda falta: existe uma pequena

51

mensagem na barra de status."

Em termos de informática jurídica, a INTERNET pode ser utilizada tanto por estudantes de Direito, como por pesquisadores, advogados, juízes e demais operadores jurídicos. A INTERNET possibilita o acesso a "bibliotecas virtuais" do mundo inteiro, o que facilita pesquisas e até mesmo o desenvolvimento do estudo comparado do Direito. Além disso, através desta rede, é possível aos profissionais da área, obterem informações sobre decisões judiciais e jurisprudências fora de suas comarcas ou sessões judiciais, bem como ter acesso a novas leis que entram em vigor no país.

6.2. Endereços Jurídicos na Internet

=> DO SIMETRIA DA PENA - http://www.iaccess.com.brrnferraz

Sistema de Cálculo de Penas elaborada pelo professor Nélson Ferraz

=> DIREITO DO TRABALHO - http://w3.openlink.com.br/direitotrabalho

Referências

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