UNTvERSIDADE
DE
Évonq,
RS
rÍt
MESTRADo EM
s^lúor
EBEM-ESTAR DAs pESsoAs
IDosAs
Ánr,l
DE
EspECrALtzAÇÃo
nu
cnsrÃo
r*r slúnn
OUALIDADE
DE
VIDA
E,
APTIDÃO
TÍSTC^q,'
FUN
DOS
IDOSOS
DO CON
CE,LHO DE
RA
DIssERT.q,ÇÃo
DE
MESTRADo ArRESENTADA PoR:
r,ͻr,q, DA
BoAI\tovA
CASINHA
r,rrrÃo
ORIENTADORES: PROFESSOR DOUTOR JORGE FERNANDES
pRoFEssoR
DouroR
pABLorouÁs
c^lnús
EVORA
2010
UNIVERSIDADE
DE
EVORA
RS
§'vO
MESTRADo EM
saúun
EBEM-ESTAR
DAS
pESSoAs rDosAS
Ánrl
DE
ESpECtALtzAÇÃo
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OUALIDADE,
DE
VIDA
E,
APTIDÃO FÍSICA
FUNCI ONAL
DOS
IDOSOS
DO
CONCELHO
DE
EVORA
DISSERTAÇÃO
DE
MESTRADO
APRESE,NTADA
POR:rÍuA
DA
BoAI{ovA
CASII\HA
LEITÃo
ORIENTADORES: PROFESSOR DOUTOR JORGE FERNANDES
PROFESSOR DOUTOR PABLO TOMÁS CIRUS
EVORA
2010
It
\\
O Sonho não se
limita
nem se impossibilita...I{o
sonho se acredita e assim se realiza...AGRADECIMENTOS
Neste momento tão
gratificante
da minha vida nãopoderia
deixar de agradecer de umaforma
especiala
todos oqueles que tornaram possívela
concretizaçãode
um sonhotornado
realidade..-Assim, em primeiro lugar agradeço aos meus orientadores
...
Ao
professorDr.
Jorge Femandes,pela
sua orientação, atençãoe pelo
apoioconferido no decorrer desta etapa.
Ao
professorDr.
Pablo Tomás Carús pela sua orientação, dedicação e por toda adisponibilidade manifestada ao longo deste percurso.
Aos
directores dos lares da rede solidríria e das Associações de Idosos Refonnados do concelho de Évora pois foram eles que"abriram
o caminho" parachegar aos idosos.A
todos os
idosos
que
aceitaramparticipar neste
estudo,pela forma
amigável
e carinhosacom
queme
receberam,pela
sua disponibilidade para participarno
estudo, envolvendo-se deforma
aprazivel nas questões colocadas e principalmente nos testesfísicos, para alguns encarados como um momento delazer.
Às
colegas que participaramno
estudo nomeadamente àAna
e à
Crármen pelos bons momentos que partilhamos, pelo companheirismo e ari,.rjrzade estabelecida.Aos colegas da área da actividade Íisica, nomeadamente ao Licenciado Hugo Folgado e
ao Licenciado Jorge
Bravo
pela sua colaboração epelo
esclarecimento de dúvidas noâmbito da bateria de testes Senior Fitness Test.
À
professora Catarina Pereira da Universidade de Évorapelo
apoio disponibilizado e esclarecimento de dúvidas principalmente no âmbito da análise estatística dos dados.À
professora Daniela Figueiredo da Universidade deAveiro
pela
sua disponibilidadeem ceder o instrumento de avaliação da qualidade de vida e referências bibliográficas.
À
minha família, principalmente aos meus pais Inácio Leitão eMaria
Leitão, por todo o carinho, amor e apoio demonstrado neste longo percurso.À
comissão do Mestrado em Saúde e Bem-
Estar das Pessoas Idosas da Universidadede
Évora,
pois foram
eles
que "deram
asas"para
um
mestradonesta índole
que contempla a pessoa na Idade Adicta.À
fundagao Eugénio de Almeida pelo apoio conferido na atribuição de bolsa de estudo para Mestrado.QUALIDADE
DEVIDA
EAPTIDÃO FÍSICA FUNCIONAL
DOS IDOSOSDO
CONCELHO DE
EVORA
RESUMO
Introdução:
Já
na
antiguidade
o
Homem
se
debruçava
sobre
a
temática
do envelhecimento, todavia os anos passarame
este fenómeno constitui-se comoum
dos assuntos da ordem do dia que nos abrange a todos, porque todos queremos vivenciar o prazeÍ de envelhecer, à semelhança dos nossos antepassados. Porém estes procuravam oelixir
de uma vida eterna e nós ambicionamos oelixir
de uma longa vida com qualidade.Objectivo:
Avaliar
a qualidade devida
e aptidãofisica
funcional dos idosos residentes do Concelho de Évora em instituições da rede solidária e nos seus domicílios com idadeigual ou superior a 75 anos.
Métodos: Após a selecção aleatória e tendo por base os critérios de exclusão (sem défice
cognitivo
avaliadopelo
MMS
e sem problemasÍisicos
que impedissem de realizar ostestes funcionais) aceitaram participar no estudo 396 idosos do Concelho de Évora dos
quais 196 se encontram institucionalizados nos lares da rede solidríria e 200 residem nos seus
domicílios.
Os instrumentos de avaliação tttilizados foram o EASYcare e a bateria de testesRikly
Jones-
Senior Fitness Test.Conclusões: Os idosos não institucionalizados apresentam
melhor
qualidade devida
eaptidão
fisica funcional
face aos idosos institucionalizados. Os níveis de incapacidadedo
grupo
de
idosos são baixos,
o
que revela
que
estamosperante
um
grupomaioritariamente
independente.Por
sua
vez os
homens
apresentammelhor
auto-percepção da sua qualidade devida
e melhordesempeúo
nos testes fisicos realizados. Com o processo de envelhecimento é notório uma avaliaçãoinferior
nas diferentes áreasda qualidade de vida
por
parte dos idosos assim comoum
pior
desempenho nos testesfísicos.
Verificou-se
também que existem correlaçõessignificativas
entre as iíreas daqualidade de
vida
avaliadas e os parâmetros de aptidãofisica
funcional considerados, estando estes interrelacionados.PALAVRAS.CHAVE:
ENVELHECIMENTO,
QUALIDADE DE VIDA, APTIDÂO
nÍSTCa
FUNCIoNAL
QUALITY
OFLIFE
AND
FUNCTIONAL
FITNESS OFELDERLY IN THE
MUNICIPALITY
OFÉVORA
ABSTRACT
lntroduction: Already
in
theantiquity Man
was dealingwith
the agingtopic,
howeverthe
years passedand
this
issueis
as one
of
the topics on the
agendathat
covers everyone, becausewe
all
want
to
experience the pleasureof
growing
old, like of
ourancestors. Although they sought the
elixir
of
eternallife
and we are aiming theelixir
of
long
life with
quality.Aim:
To evaluate thequality of
life
and functional fitnessof
elderly aged over 75 years, residentsof
theMunicipatity
of
Évorain
thenetwork
institutionsin
their
households.Methods:
After
random
selectionand
basedon the
exclusion
criteria (no
cognitiveimpairment
assessedby MMS
andno
conditionsthat
hamperthem
from
performingfunctional
tests)
agreed
to
participate
in
the
study 396 elderly
from
Évora'sMunicipality
of which
196 are institutionalizedin
nursing homesnetwork
of
solidarityand 200 reside
in
their homes. The assessment instruments used were the EASYcare and battery of tests Rikly Jones-
Senior Fitness Test.Conclusions:
The
non-institutionalized
elderly have
a
better
quality
of
life
andfunctional
fitnessin
relation to
the institutionalizedelderly.
The levelsof
disability
in
the elderly
goup
are 1ow, indicating that this is a groupmostly
independent. In turn themen
have better
self-perceptionof
their quality
of life
and beffer
performancein
physical
tests performed.With
the
aging processis
an
assessmentof
lessknown in
different
areasof
life
quality
for
elderly
people aswell
asa
poorer performancein
physical tests. There was also that there are significant correlations between the areasof
quality
of life
and evaluated the parametersof
functional
fitness considered and these interrelated.ÍN»rcr
cERAL
P.AGRADECIMENTOS
i
RESUMO. 111ABSTRACT...
INDICE GERAL.
1Vv
7 8 9 10ll
1l
t2
l5
L6l8
INDICE DE
FIGURAS...
viii
ÍNucB
DE
TABELAS...
ix
LISTAGEM DE
SIGLAS,ABREVIATURAS
ESÍMBOLOS...
Xil.rNTROpUÇÃO
I
2.REVISÃO DE
LITERATURA
62.1. O
ENVELHECIMENTO
62.l.I.ContextualizaçãodemoeráficadoEnvelhecimento ---
62.t.1.2.
Envelhecimento demográfico no Concelho de Évora2.1.2. Processo de Envelhecimento: Uma Abordagem
Multidimensional
2.1.2.1. Envelhecimento
Biológico
---2.1.2.2. Envelhecimento Social
2.1.2.3. Envelhecimento
Psicológico---2.2.
A QUALIDADE
DE VIDA---2.2.l.Oualidade de Vida e Envelhecimento2.2.3.Instrumentos de Avaliacão da Oualidade de Vida das Pessoas Idosas
---2.3.
ApTrDÃO
rÍStCe
FUNCTONAL---
202.3.l.Aptidão
Física Funcional eEnvelhecimento
2l
2.3.1.2.
Alterações
nos
Parâmetros
de
Aptidão Física
Funcional
eEnvelhecimento---
222.3.3.
Instrumentosde
Avaliacão
da Aptidão
Física Funcional
das Pessoas Idosas---
26 3. 4 294.I
_PARTICIPANTES
---
-
31 4.2-
TNSTRUMENTOS DEAVALTAÇÃO
324.2.l.Instrumento
de Avaliação da Qualidade deVida
324.2.2.Instrumento de Avaliação da Aptidão Física Funcional 34 38 4.2.3 - Materiais Utilizados na Aplicação do Senior Fitness Test
4.3.
ANÁLISE
ESTATÍSTTCE
395_ APRESENTACÃO DOS
RESULTADOS
-
405.1
-CARACTERZAÇÃO
SOCIO-
DEMOGnÁrrCA DA
AMOSTRA
---
405.2
-
Qualidade deVida
dos Idosos 4343 31 44 45 45 46 47 47 5.2. I - Incapacidades Físicas 5.2.3 - Á,rea Funcional -5.2.4
-
Mobilidade 5.2.5 - Cuidados Pessoais 5.2.6 - Controlo Esfincteriano5.2.8
-
Avaliagão da Oualidade de Vida dos Idosos-
48 5.3 -QUALTDADE DE
VrDA
DOS TDOSOSEM
FUNÇÃO DO
GENERO ELOCAL
DERESIDÊNCN
495.4 - QUALTDADE
DE
VrDA
DOS TDOSOSEM FUNÇÃO
DA
rDADE
---
53s.s- ApTrDÃo
FÍsrcA
FUNCToNAL DOS
TDOSOSEM
FUNÇÃO pO
s.6
-
AprrDÃo
FÍsrcA
FUNCToNAL
Dos rDosos
EM
Fr.JNÇÃo
pe
IDADE
56s.7
-
coRREreçÕes
ENTRE
e aprnÃo
rÍsrca
FUNCToNAL
E
A
QUALTDADE DE
VIDA
DOS TDOSOS---
59o-
orscussÃo oos
nrsurrepos
60z
-
rurntrRcôns
oo
nsruoo
-
-
65s
-
coNcrusÕBs
66nrnnnÊNcns
nreuocRÁnrces
69ANEXOS
Anexo
1 - Alterações Estruturais e Funcionais com o EnvelhecimentoAnexo 2
-
Carta asolicitar aantoização
doestudo---xlt
xlll
Anexo 3 - Declaração de Conssentimento In
xiv
xvi
xxl
xxix
xxxi
xxxlll
xxxv
Anexo 4 - Quadro resumo do EASYcare
---
xix
Anexo 4
A
- Apresentação do Questionádo EASYcare---Anexo 5 - Descrigão geral da bateriaSenior
Fitness Test---Anexo 5
A
- Ficha de Pontuação -Senior FitnessTest---Anexo 5
B
-
Parâmetrosnormativos
do
SeniorFitness
Testem função
do género e do grupo etárioAnexo 6
-
Classificação Nacional das ProfissõesÍx»rcp
DE FTGURAs
Figura l.Teste Levantar e Sentar na Cadeira.
Figura
2. Teste Flexão doAntebraço...
Figura 3. Teste Sentado e Alcançar os Pés.p.
35
35 36 Figura 4.Teste Alcançar atrás das Costas .. 37
Figura 5. Teste Sentar -
Camiúar
2,44m-
Sentar.
37 Figura 6. Distribuição dos Idosos por EstadoCivil
(%).Figura 7 -Distribuição dos Idosos por nível de escolaridadeYo
Figura 8 . Distribuição dos Idosos de acordo com a Classificação
Nacional de Profissões...
42
42
Íxorcn
DE
TABELAS
p.
Tabela
1.
Esquemade
capacidadefuncional com os
parâmetros fisiológicosassociados
às
funções exigidas
para
as
actividades
diiârias,
básicas
eavançadas. 23
Tabela
2.
Distribuição dos
idosos
por
escalõesetiírios
(anos)
e
local
deresidência.
Tabela
3.
Idade
em
anos
dos
idosos
em
função
do
género
e
do
local
deresidência.
Tabela 4. Distribuigão da amostra por género
Tabela 5. Distribuição da amostra por género e local de residência
....
Tabela 6. Avaliação das Incapacidades fisicas em função das opções de resposta do EASYCaTe
fabela
7.
Avaliação da Qualidade devida
Percepcionada em função das opçõesíe resposta do EASYCaTe
Tabela
8.
Área
Funcional
expressapelas
questões efectuadase
opções de resposta do EASYCare... ...Tabela 9. Mobilidade dos Idosos. Questões efectuadas e opções de resposta do EASYCaTe
Tabela 10. Avaliação da Actividade de Cuidados pessoais em função das opções de resposta do EASYCare...
Tabela
11. Avaliação
do
Controlo
Esfincteriano
em
função das
opções deresposta do EASYCare... ... ... .
Tabela 12. Avaliação da Depressão
no
Idoso em função das opções de resposta do EÁSYCareTabela 13. Avaliação
da
Qualidadede Vida
dos idosos
com
o
questionário EASYCaTeTabela
14.
Avaliação
da
Incapacidade
Física
e
da
Qualidade
de
vida
Percepcionada em função do género e local de residência
Tabela 15. Avaliação da iírea Funcional,
Mobilidade
e Actividades Pessoais em 40 404t
4l
44 44 45 46 46 47 47 48 49 50 txTabela 16. Avaliação do Controle Esfincteriano em função do género e
local
deresidência
50Tabela
17.
Avaliação dasActividades de
Vida (AVD),
IncapacidadeTotal
e Depressão em função do género e local deresidência...
5l
Tabela
18. Apresentaçãodo
somatórioobtido
nas diferentes áreas daQV
dosidosos em função do
género.
52Tabela 19. Avaliação
da
Qualidade
de Vida
dos
idosos
segundoo
$upo
etário...
53Tabela 20. Apresentação dos valores de
p
obtidos na comparação entre gruposetários (anos) dois a dois
...
54Tabela
21.
Avaliação da aptidão físicafuncional
através do Senior Fitness Test em função do género e local de residência dosidosos
55Tabela
22.
Avaliação da aptidãofisica funcional
dos idosos atravésdo
SeniorFitness Test em função do género... 56
Tabela
23.
Avaliação da aptidãofisica funcional
dosidosos
através do SeniorFitness TesÍ segundo o género e o grupo
etário
57Tabela 24. Apresentação dos valores de
p
obridos na comparaçáo entre grupos etários (anos) dois a dois nos testes fisicos 58Tabela
25.
Conelação entre os testes de aptidãofisica funcional
e as áreas daLISTAGEM DE
SIGLAS,
ABREVIATURAS
E
SIMBOLOS
AFF
-
Aptidão Física FuncionalDGS
-
Direcção Geral de Saúdecm - centímetros DP
-
Desvio PadrãoEUA
-
Estados Unidos da AméricaIMC
-
Índice de massa corporal INE-
Instituto Nacional de EstatísticaKg
-
Kilograma m - metroM.I.-
MembroInferior
min- minutosMMS
-
Mini
Mental Statesn
-
número de elementos da amostra no - númeroOMS
-
OrganizaçãoMundial
de Saúdep
-
nível de significânciap.
-
páginaQV
-
qualidade de vidas
-
SegundoSFT
-
Senior Fitness TestWHOQOL
-
GROUPWorld
Health Organization Quality ofLife
GroupWHOQOL-IOO -
World
Health Organization Quality ofLife
Questionnaire%o -Percentagem
l.INTRODUCÃO
O
envelhecimento constitui-se comoum
dos grandes enigmas davida.
Desde sempre oHomem se debruçou sobre esta ampla temática que nos envolve a todos, na certeza porém
que todos envelhecemos
a
cadahora,
a
cadaminuto, num
processo contínuo, que teminicio
ainda antes da concepção e que nos abarca até aofim
dos nossos diasl.Desde a antiguidade que a visão de velhice e envelhecimento tem sido perspectivadas de
formas distintas.
Surgemna
literatura uma pluralidade
de
imagens associadasa
estefenómeno. Por
um
lado a velhice é símbolo de doenças e incapacidade, términos de uma vida, por outro é revestida de sabedoria e maturidade.Na
acfualidade verifica-seum
aumentodo
número de pessoas idosasà
escala mundial,sendo
o
envelhecimento demográfico evidenciado
como
um
dos
fenómenos
mais relevantes do século XXI.2'3Em Portugal também somos confrontados com esta realidade verificando-se
um
aumentosignificativo
do número das pessoas idosas. Constituem-se como factores decisivos paraeste fenómeno
os
avançossentidos
ao nível dos vários
domínios
nomeadamente amelhoria
das condições sociais, económicas,de
saúdepública e mais
recentemente osavanços da medicina preventiva, curativa e reabilitadora.
A
conquista da longevidade representa sem dúvida um marco na história da humanidade,contudo não nos podemos esquecer que
o
processo de envelhecimento ocorre de formadiferencial entre
os
indivíduos.
Envelhece-se assimde
formas
diferentese
em
ritmosdiferentesa.
O
envelhecimentoé
entãodefinido como
um
processo natural,universal, gradativo
e irreversível5'6.É
revestido
de uma
série
de
mudançase
transformaçõesque
ocorrempaulatinamente
no
organismoa nível
biológico, psicológico
e
social,
circunscritas no processo de desenvolvimento humanoT.As
alterações associadas ao processo de envelhecimento são acompanhadas de uma perda progressiva de atributos fisicos relacionados com a mobilidade funcional quepor
sua vezcondicionam a funcionalidade, a autonomia e consequentemente a qualidade de vida
(QV)
A
associaçãoentre
o
envelhecimentoe
qualidade
de vida
é
algo que
adquire
uma importância
cadavez maior nas sociedades contemporânease. Neste sentido, o aumento dalongevidade coloca
um novo
desafio às sociedades em gerale
à própria população queenvelhece
em todo
o
mundo
tornando
necessárioa
compreensãodos
processos deenvelhecimento
que conferem
ao indivíduo
uma
maior ou
menor
qualidadede
vida.Assumimos
como
premissaque
viver
mais
é
importante, contudo
há
que
conciliar
qualidade e significado aos anos adicionais de vida.
Na
actualidade, assiste-se a uma mudançano
paradigma associadoà
terceira idadepor
parte das ciências sociais e da saúde, no qual o foco de pesquisa se baseava na doença e no
declínio funcional
e
avança-seperante
uma atitude mais positiva
relativamente
aoenvelhecimento, como sendo um componente nafural dentro do lapso temporal da vidalo.
Este deve ser perspectivado como
um
períodoa
celebrar,pois
o
indivíduo
liberta-se depapéis sociais estruturados
e
fica liwe
para explorar áreas e actividades que lhe possamproporcionar satisfagão. Todavia as limitações sentidas ao nível da saúde, funcionalidade e recuÍsos
limitados
podemrestringir tudo isto
e afectara
sua qualidade devida.
Sabe-seque bons níveis
de
aptidão fisica funcional podem contribuir para
a
prevenção e retardamento da fragilidadefisica
e consequentemente paÍa a manutenção da autonomia, da mobilidade funcional e daQV".
Os parâmetros de aptidão
fisica funcional
especialmente importantes paraa
mobilidadefuncional
na
idade avançada são constituídospela força
muscular, resistência aeróbia,flexibilidade,
agilidade, equilíbrio dinâmico e composição corporals'rr. O enfraquecimento aonível
dos parâmetros fisicos, provocados pelo processo de envelhecimento tem efeitos negativos ao nível da mobilidade funcional,limitando
a capacidade do idoso pararealizar as actividades quotidianas. Estedeclínio
está associadoa
factoresbiológicos,
doenças, hábitos e estilos de vida einactividadell.
Contudo está comprovado que pelo menos 50Yodestas perdas fisicas são evitáveis, caso a debilidade fisica seja detectada atempadamente e
haja lugar a uma
intervenção aonível
da
actividade fisica8'I2. Esta apresentaum
papelfulcral na prevenção do declínio associado ao processo de envelhecimento e na redução da incapacidade que pode surgir com o decorrer da velhicel2. Os estudos demonstram que o aumento da actividade física, mesmo quando iniciada
na
fasetardia
davida,
resulta namelhoria da aptidão fisica e no aumento da capacidade funcional8.
Ao reflectir
sobre a temática e considerando que os níveis de aptidão fisica funcional estãorelacionados com a saúde e com a qualidade de vida das populações, surge a necessidade
de um estudo no âmbito desta temática.
Existem
viárias formasde
conceptualizara QV,
segundoa
OMS
refere-seà
percepçãosubjectiva
do indivíduo
sobre a sua posição navida
dentrodo
contexto da cultura e dos sistemas de valores em quevive
e com relação aos seus objectivos, expectativas, padrões epreocupações'3.
No
idoso,
a
manutençãoda
autonomia
e
da
independência estãointimamente relacionados
com a
QV.
Efectivamente umaforma
dequalificar a
QV
dosidosos
é
avaliaro
grau de autonomiae
dependênciacom
queo
mesmodesempeúa
as funções do quotidiano. De ummodo
geral aperda de autonomia é um dos fenómenos que sobretudo a nível psicológico exerce maior preponderância na sua qualidade de vidala. Por sua vez a aptidão fisica funcional é definida como a capacidadefisiológica
e/ou fisicapara
realizar
as
actividadesde
vida
diária
normalmente,
com
segurança,de
formaindependente
e
sem apresentarfadiga que
incapacitede
finalizar
a
tarefal5'16'". Estesconceitos
estão
interrelacionadospois as
alterações sentidas
ao nível
dos
vários parâmetros da aptidão física funcional condicionam a qualidade de vida dos indivíduos.Nesta perspectiva, a obtenção de dados que permitam a caÍacteizaçdo da
QV
e da aptidãofisica
funcional é um dado que pode ser fundamental para criar medidas adequadas a estapopulagão que lhes permita alcançar um envelhecimento bem
-
sucedidols.Ao
nível
da população idosa portuguesajá
foram
realizados alguns estudosno
âmbitodesta temática,
onde se verificou que
a
maioria dos
sujeitos
esfudados revelaram percepções positivas relativamente à suaQV
e bem-estar 18.O
Alentejo
de
acordo
com
os
dados
demográficosconstitui uma das
zonas
mais envelhecidas do país e no concelho de Évora deparamo-nos também com este cenário. Na actualidade não existem estudos que permitam caracteizar aQV
e aptidão fisica funcionaldeste grupo de pessoas idosas residentes no concelho de Évora.
Assim, reflectindo sobre esta problemática pode-se
verificar
que o idoso, se encontrapor
vezes bastante"debilitado",
deparando-secom a falta
de
recursos humanos,fisicos
e económicos que consigam dar resposta à sua situação de saúde/ doença,limitando
a suaQV.
São inúmerosos
casosde
idososque se
deparam nesta faseda
suavida
com
a solidão, vivendo em sofrimento e amargura constante, longe de recursos e infra-estrufuras, não tendo qualquertipo
de apoio da esferafamiliar
o que condiciona ao seu isolamento esurge
como
um último
recurso relacionadacom
questõesde
dependência, abandono e solidão.Contudo
o
idoso
apresentatoda uma
experiênciade
vida
que
deveser
aproveitada, édotado de
um
corpo de coúecimentos que
se devevalorizar, de forma
a
ser inserido activamente numa sociedade em constate evolução, mas cuja história, valores e costumesnão
se poderão perder. Estes fazem partedo
nosso passado, fazemde nós aquilo
que realmente somos e ambicionamos ser, por isso há que potenciar o idoso tomando-o activoe aludindo à sua integração em programas delazet e actividade fisica.
Assim, olhando para esta realidade e para a qual não podemos ficar indiferentes, tornou-se
pertinente
arcalizaçío
de um estudo deste carácter, no âmbitodo
1o Mestrado em Saúde e Bem-estar das Pessoas Idosas, de forma a conhecer e avaliar a aptidão fisica funcional e aQV
de vida da população idosa residente no concelho de Évora, para que futuramente se possam cria medidas visando um envelhecimento saudável e com QV.Nesta ordem de ideias,
o
objectivo geral da presente tese é avaliar a qualidade devida
eaptidão
fisica
funcional
dos idosos institucionalizadosem
lares da rede solidríriae
nãoinstitucionalizados
do
Concelho de Évora.A
eteição destes dois grupos estií relacionadacom o pressuposto de que
viver
na comunidade ou em instituições são duas condições devida bastante distintas geralmente associadas a diferenças nos níveis de actividade fisica, e
sobretudo
nos
níveis
de
incapacidade.
Apesar,
de
muitas
vezes
os
idososinstitucionalizados
ainda
apresentaremum
nível
de
autonomia elevado,
a
habitualdesobrigação da realizaçio de várias das tarefas do dia
a
dia, contribui para o aumento dainactividade e para a redução da aptidão física funcionalre.
Para colmatar
os
objectivos
delineadosforam
seleccionadoscomo
instrumentos
deavaliação
a
bateria
de
testesSenior Fitness
Teste
o
EASYCaTa estandoos
mesmos validados na populagão portuguesa.Para
dar
respostaà
problemática
do
estudo
a
estrutura organizacional
do
trabalho encontra-sedividida
em 8 capítulos. Inicialmente será efectuada a revisão de literatura que pretendeclarificar
os conceitosprincipais
do
estudo designadamente a problemática doenvelhecimento humano relacionada
com os
aspectos demográficos,as
categorias doenvelhecimento assim
como
as questões de autonomiae
dependência associadasa
estefenómeno.
Seguidamenteserá
efectuadauma
abordagemsobre
os
aspectosgerais
eespecíficos da
QV
associadas ao envelhecimento, assim como uma descrição de algunsinstrumentos
de
avaliaçãoda
QV
dos
idosose
estudos realizados nestedomínio.
Parafinalizar será
clarificado
o
conceito de aptidãofisica
funcional, bem como as alterações decorrentes nesteâmbito
associadas ao processo de envelhecimento, serão apresentados alguns estudos e instrumentos utilizados que visam a sua avaliação.O terceiro capítulo visa o estabelecimento dos objectivos gerais e específicos do estudo e a apresentação das hipóteses. O quarto capítulo intitulado de material e métodos apresenta o
fio
condutordo
estudo, designadamente os participantes, a metodologia,os critérios
deinclusão,
os
instrumentosde
avaliaçãoutilizados
e uma descrição geral dos mesmos, omaterial
e
os
métodos estatísticos.O
quinto
capítulo
é
referenteà
apresentação dos resultados tendopor
base os métodos estatísticos seleccionados. Inicialmente efecfua-seuma
caracteizaçãosócio
-
demográficada
amostrae uma
caracteizaçãoda
QV
dosidosos
de
acordo
com
o
questionrírioutilizado.
Seguidamente efectua-seuma
análise comparativa daQV
e aptidãofisica
funcional em função do local de residência, género eidade e por
último
surge a análise correlacional entre os vários itens de avaliação daQV
ea
aptidãofísica funcional.
Posteriormente segue-seo
capítulo referenteà
discussão dos resultadosque objectiva
a
interpretação dos mesmosà luz do coúecimento
científico actual. Parafinalizar
serão apresentadas as limitaçõesdo
estudoe
as conclusões onde serão evidenciadas as hipótesesdo
estudo assimcomo
serão apontadas sugestões para futuras investigações.2 -
REvIsÃo
»n
LITERATURA
2.I.O
ENVELHECIMENTO
O envelhecimento
foi
desde sempremotivo
de reflexão dos Homens. Desde a antiguidadea
visãode velhice
e
envelhecimentotem sido
alvo
de
sinónimos distintos. Figuram nahistória conotações positivas e negativas associadas à velhice.
Assiste-se na acfualidade a
um
aumento progressivo das pessoas idosas, face aos avançossentidos
nos
vários domínios,
que
fazem
com
que
pela
primeia
vez na história
da humanidade o homem alcance uma longevidade máxima. Portugal enfrenta presentementeesta realidade
e o
Alentejo constitui uma
das regiões
mais
envelhecidasdo
país20.Ressaltam
na
literatura
viárias concepçõesde
envelhecimentotodavia, este
deve
ser encarado comoo
processo de desenvolvimentodo
ser humano que integra as dimensõesbiológica psicoló gica
e
sociala'2r'22'23 .2.1.1. Contextualizacão
DemoeráÍica
do EnvelhecimentoO envelhecimento demográfico é evidenciado como um dos fenómenos mais relevantes do
século
XXI.
O
aumentodo
número das pessoas idosas, resultaem
primeiro
lugar
dos consideráveis progressos económicos, sociais e médicos que fazem com que os europeusvivam
mais
tempo,com
um
conforto
e
segurança sem precedentesna
história2. Nestesentido,
algumas análises demográficas realizadas
pela
Divisão
de
População
da Organização das Nações Unidas apontama
tendênciade
envelhecimento da populaçãomundial. As previsões indicam, para o ano de 2050, uma população com sessenta anos ou mais, bem próxima dos dois biliões de pessoas, valores correspondente a 22%o no total da população mundial3.
Desta
forma
os dados prospectivos apresentados peladivisão
de população das NaçõesUnidas mostram que nessa data a percentagem das pessoas idosas
irá
aumentarde
l0oÁ para2lo/o,face ao grupo das crianças que descerâde28oÂpara2}Yo3.Pelaprimenavezna
história
da
humanidade
o
modelo
de
pirâmide utilizado para reflectir
a
evoluçãodemográfica será em
forma
de «ânfora», com uma base mais estreita,um
corpo centralcadavezmais largo e a parte superior com uma amplifude superior à da base2a.
Estudos prévios indicam que em Portugal à semelhança do que se passa a
nível
mundial,não se
verifica
excepção a este panorama. De acordo com os dados mais recentes doINE
em
3l
de
Dezembro
de
2006
a
população residenteem
Portugal
foi
estimada em 10.599.095 indivíduos, dos quais 5.129.g37 homens e 5.469.158 mulheres2s. Constata-seque
no total da
população porhrguesa, 1.828.617
são idososcom 65
anosou
mais,repartindo-se
em
763.752 homens(41,8%)
e
1.064.865 são mulheres(58,2
%).
Destemodo, em 2006 a população idosa representava 17,3
%
da populaçãototal,
facea
l5,5yo da populagãojovem
(0-14
anos)e
67,3 yo da população activa, sendo que a população com 80 anos ou mais representava4,lyo
dapopulação totalzs.Segundo as análises demográficas
em
1990 as proporçõesem
função das faixas etiáriasevidenciadas anteriormente eram exactamente
de
13,6 o/o,20yo, 66,4yoe
2,6%o, onde se pode verificar o aumento da população idosa e uma diminuição da população jovem25.As
evidências mostram queo
fenómenodo
envelhecimento populacional é transversal atodas
as regiões.Contudo,
o
Alentejo
constitui
a
região mais
envelhecidade todo
oterritório
nacional, registandoa maior
proporgãode
idosose
simultaneamentea
maisbaixa
de jovens2o.No
concelho de Évora deparamo-nos tambémcom
o
mesmo cenário como passaremos a referir.2.1.1.2-
EnvelhecimentodemográÍico
no Concelho deÉvora
Évora é um município urbano, localizado no
Alentejo
Central, que integra um conjunto de19 freguesias, das quais sete são urbanas e doze são rurais. É
um
dos concelhos maiores emais populosos
do Alentejo, com
um total
de
55.114 habitantes, dos quais26.542
sáohomens e28.572 são mulheres26.
Os estudos geo-demográficos mostram que no concelho de Évora a população tem
vindo
a envelhecer, observando-se progressivamente um aumento dos grupos etiírios mais idosos eum
decréscimodos
mais
jovens, por motivos que
se
prendemcom os
decréscimos simultâneos da natalidade e mortalidade. Nesta sequência, a população idosa do concelhode
Évora
foi
estimadadia 31
de Dezembrode
2007,em 10.576
indivíduoscom
idadeigual
ou
superiora
65
anos, sendo que4.465
sãodo
sexo masculinoe
6
1lI
do
sexodemográficos revelam ainda que existe uma maior percentagem de mulheres idosas face
aos homens27.
Perante este quadro,
o
concelho de Évora temvindo
aolongo
dos tempos ainvestir
emequipamentos
e
infra-estruturasde apoio
à
Terceira idade
designadamente,-
Lares,Centros
de Dia,
Centrosde Convívio,
Associações, Serviçosde Apoio
Domiciliiírio,
Centros de Bem-estar Social
-
os quais se revelam de grande necessidade e importÍinciaface ao actual crescimento de população idosa.
A
CartaSocial
revela queo
concelho deÉvora se encontra entre os melhores equipados do país em termos de infra-estruturas de
apoio aos idosos. Segundo o levantamento de dados
junto
do Serviço de Segurança Socialexistem ao todo,
na
ârea do concelho, 17 instituições da rede solidríria de apoio à terceiraidade.
Todavia
esta quantidadede
equipamentos estálonge
deir
ao
encontro das reais necessidades da população do concelho, que se encontramuito
envelhecida e com grandesdependências26.
Ao
longo
dos temposo
conceito de envelhecimento e as atifudes perante os idosos têmvindo
a mudare
reflectempor
um
lado,
o nível
de conhecimentos sobrea
fisiologia
eanatomia humana e
por
outro, a
culturae
as relações sociais dasviírias
épocas28. Nestesentido, em alguns momentos a pessoa idosa
é
sinónimo de doença e incapacidade. Em outros, transforma-seem
sábia, experientee
capaz, deparamo-nos assimcom
imagensantagónicas surgem conceitos diferenciados,
na
sua grandemaioria, legitimados
pelo conhecimento científi co.A
definição doinício
do processo de envelhecimento é em si mesma paradigmática, pois está longede
ser consensual entreos
diversos autores. Todavia, pode-seafirmar
que o envelhecimento emerge como um longo processo que teminício
ainda antes da concepção e que culmina aquando do momento da morte. Este não se constitui como um evento comdata marcada, mas
sim
comoum
processoque
sedá
durantetoda
a
trajectóriado
ser humanoa'2e'30. Assim, édificil
afirmar
em que momento uma pessoa é velha fisicamente,pois o envelhecimento ocorre de forma gradual e é partilhado em todas as idades3l.
Quando
se
aborda
a
problemática
do
envelhecimento considera-setambém
a
idade cronológicaque
correspondeà
idade
oficial
presenteno Bilhete de
Identidadeque
éo
idoso pela
idade,ou
sejanomeia como idoso,
qualquerindivíduo
com 65 ou
maisanos''32.
Embora
a
idade
cronológica
esteja relacionada
com
o
processo
de envelhecimento, esta não constitui um bom critério parao
estudar pois o número de anosque
o
indivíduo
viveu não dá
necessariamenteinformação sobre
a
sua
QV,
a
suaexperiência psicológica
e
sociale
sobrea
sua saúde6'28. Mesmono
modelobiológico,
oenvelhecimento
tem
de
ser
encaradonuma
perspectiva
fisiológica
relativamente
àsmudanças
que
ocoÍrem
no
corpo,
podendo
existir
diferentes idades
fisiológicas
emindivíduos com a mesma idade cronológica'
Neste sentido, o processo de envelhecimento assenta em alterações fisicas, psicológicas e sociais, naturais e gradativas que podem ocoÍrer em idade mais precoce ou mais avançada, em maior ou menor grau, de acordo com as características genéticas e principalmente com o modo de vida de cada indivíduo.
Constata-se
que existe, alguma dificuldade
em
apresentaruma definição geral
deenvelhecimento, pois trata-se de
um
conceito multidimensional,multifactorial
e bastantecomplexoT.
Assim,
são
evidenciados
na
literatura
três
principais
categorias
de envelhecimento designadamente o biológico, o psicológico e o social 4'2t'22'23'33.2.1.2.1
-Envelhecimento Biológico:
Na
actualidade embora existam inúmeras teorias que tentamexplicar
o
envelhecimentobiológico
esteainda
não
está completamente elucidadoe
compreendidoa.Contudo,
o processo de envelhecimentobiológico
refere-se às transformações fisicas que reduzem aeficiência
dos
sistemasorgânicos
e
funcionais
do
organismo, traduzindo-se
numadiminuição progressiva da capacidade de manutenção do equilíbrio homeostiítico que, em conduções normais não será suficiente para
produzir
disturbios funcionais. Quando estedeclínio é muito significativo, verifica-se uma redução da reserva funcional, colocando um
idoso mais vulnerável ao surgimento de doenças crónicas, que por sua vez podem
induzir
a alterações na capacidade funcional, ameaçando a sua autonomia e independência3a.
Neste
sentidoo
envelhecimentobiológico ou
senescência correspondeao
processo demudança
no
organismo,
que com
o
passardo
tempo, diminui
a
probabilidade
desobrevivência e reduz a capacidade biológica de auto-regulação, reparação e adaptação as exigências ambientaisT'3s.
A
nível fisiológico o
processo de senescência provocao
envelhecimento das estruturas edo aspecto geral do corpo humano, assim como o declínio das funções orgânicas.
A
nível estrutural ocorrem alterações nas célulase
tecidos, composiçãoglobal
do
corpo e pesocorporal, músculos
ossose
articulações,pele
e
tecido
subcutâneoe
tegumentos. Asalterações
funcionais
decorrem
nos
viírios
sistemas
do
organismo
nomeadamentecardiovascular,
respiratório,
renal e urinário,
gastrointestinal, sistema nervoso central,endócrino, reprodutor,
imunitiírio
também nosritmos
biológicosdo
sonoa.As
alteraçõesque
ocorrem
a
nível
estrufural
e
funcional
com
o
envelhecimento
poderão
ser complementadas pela análise do quadro (1)(Anexo
1).Estudos realizados mostram que as modificações sentidas ao
nível
dos viírios aparelhos esistemas
não
tem a
mesma velocidadede declínio,
e o
padrãode
declínio
é
bastante heterogéneo entreos
diversos órgãos6'36. Todas estas alteragõesvão levar a
uma perdaprogressiva
da
capacidadede
adaptaçãodo
organismo
e
a
uma diminuição da
suacapacidade funcional, associada ou não a doença.
Verifica-se na literatura a diferenciação entre o envelhecimento primrírio que corresponde ao envelhecimento
dito
normal ou senescência eo
envelhecimento secundário, sendo esteúltimo
induzido
por
mudanças decorrentesde
doenças,que
por
sua
vez
aceleram oprocesso
de
senescênciaa. Podemosverificar
que
é
dificil
distinguir
o
envelhecimentonormal
do
envelhecimento patológicono
entanto,vários
investigadoresafirmam
que oenvelhecimento não implica deterioração ou doença 5.
2.1.2.2
-Envelhecimento
SocialO
envelhecimento
social pode ser definido como
um
percurso
do
ciclo
de
vida
estabelecidopor
uma
sociedade.Desta
forma,
os
idosos
apresentam mudanças nos estatutos, papéis e redes sociais, pois sofrem a influência de vários factores psicossociais nomeadamentea
alteração da situação conjugal, principalmentea
virez,
diminuição
decontacto com os amigos e colegas devido à reforma e porque grande parte dos elementos da sua rede social enfrenta também a velhice e vivenciam as mesmas dificuldades4'28'36'37.
Também neste domínio,
o
idoso é confrontado com uma série de condicionantes sociais sendoa mais
importantea
reforma,na
medidaem
que se deparacom
sentimentos deinutilidade, esvaziamento, margin alizaçáo e morte social33.
Na velhice verificam-se ainda alteragões na estrutura familiar, pois o idoso sente-se muitas
vezes destituído
de
um
papel que
outrora
representavae
que era
concebido
comoimportante
no
núcleofamiliar,
com
o
qual
seidentificava
e
estabeleciao
seulugar
nafamília. Assim,
o
idoso
vive
a
velhice em
função
do
contexto
em que se
encontra inserido33.2.1.2.3 - Envelhecimento psicológico
E
definido
pela auto-regulaçãodo indivíduo no
campo de forças,pelo
tomar decisões e opções, adaptando-se ao processo de senescência e envelhecimento. Há pois que salientar queo
crescimento e envelhecimento não são produto exclusivo deum
único conjunto dedeterminantes,
mas
sim
a
consequência
da
nossa
base
filogenética,
da
nossahereditariedade,
do
meio
fisico
e
social,
no
qual
estas predisposições genéticas seexprimem e também do proprio pensamento e da capacidade de escolha do homem23.
Constata-se que os factores que mais
dificultam
o processo de adaptação do idoso, são as perdas dos papéis sociais, as situações desÍresü a
doença,o
desenraizamentoe
ouüos traumatismos que podem causar problemas psicológicos e não a diminuição das funçõescognitivas. Podem também
surgir
sentimentos
negativos
associadosàs
alteraçõesfisionómicas provocadas
pelo
envelhecimento,tais
comoa
sensagão de que se perdeu abelezado passado33.
Na
liúa
de
pensamento apresentada pode-seafirmar que
o
envelhecimentoé
um fenómeno bastantecomplexo
no qual
interferem
factores intrínsecose
extrínsecos aoindivíduo, constituindo-se como um processo diferencial. Cada indivíduo envelhece de um
modo particular diferente do outro, conforme os modos de vidaa'38.
Em última
análise pode-seafirmar
que não existeum
só envelhecimento mas processosde envelhecimento, de acordo com a cultura,
o
sexo a classe social a que se pertence, a situação económica do país e a geografia.A
capacidade que o idoso tem de se manter independente é condicionada por uma série defactores nomeadamente
a
constituição genética, os hábitose
estilos devida,
o
contextopossibilidade
de uma
vida
independente são constituídospela
capacidade revelada em manter funções de cuidados pessoais tais como vestir-se, lavar-se, cuidar da sua aparênciae
actividades instrumentaisque
possamservir
paraa
manutençãoda
suavida
diríria designadamentea
possibilidadede
fazer
compras,de
telefonar, administrar
o
propriodiúeiro,
entre outrosT.A
QV
na
velhice
tem
sido muitas
vezes
associadaa
questõesde
dependência e autonomiaT'I8. Neste sentido, as dependências observadas nos idosos resultamtanto
dasalterações
biológicas, como de
mudançasnas
exigências sociaise
frequentemente, asúltimas parecem determinar as primeiras I 8'3e.
São evidenciados
três
tipos
de
dependência nomeadamentea fisica,
a
estruturadae
acomportamentall8'3e.
A
dependência
física
corresponde
à
incapacidade
funcionalindividual
parurealizar as actividades de vida diária. Na dependência estruturadaconstata-se que
o
significado
do valor do
ser
humanoé
determinadoem
primeiro
lugar
pelaparticipação
no
processoprodutivo
e
na velhice
salienta-sea
dependência gerada pelaperda
de
emprego.A
dependência comportamentalé
frequentemente antecedida pela dependência fisica, é socialmente induzida independentemente do nível de competência noidoso3ee sobressai a ideia de que o meio espera incompetência.
Torna-se evidente que a dependência dos idosos se deve a
um
declíniofisico,
contudo osfactores psicológicos
e
sócio
ambientais
são
responsáveisem
alguns idosos
pela decadência da sua capacidade funcional.Verifica-se
queé
frequentea
associação entrea velhice e
as questõesde
dependência/ autonomia. Contudo há que salientar que algumas pessoas evidenciam declínio no estadode
saúde precocemente, enquantooutras
vivem
saudáveisaté aos 80/90
anos.
Narealidade, aceita-se
o
facto
de que qualquer declínio precoce, possareflectir
patologia enão
os
efeitosda
idade,pelo
quea
dependêncianão
é
sinónimo
apenas desta fase da vidaao'3e.2.2 -
A
QUALTDADE DE
VrDA
O aumento do número das pessoas idosas, as elevadas expectativas de uma boa qualidade de vida e a crescente preocupação a nível
político
em reduzir os gastos públicos, incitarama um interesse internacional em compreender, conhecer e melhorar a qualidade de vida na terceira idade.
Na realidade, o termo qualidade de vida e as questões a ele associadas surgem na literatura
desde a antiguidade. Já os filósofos antes de Aristóteles associavam o conceito a palawas
como felicidade e virtude,
as quais quando alcançadas proporcionariam aos indivíduosuma boa vida.
Este
vinculava-setambém
a
expressõescomo
bem-estar, aspiração esatisfação7'41'42. Até aos dias de hoje este constructo é considerado bastante complexo e de
dificil
conceptualização, sendo utilizado em duas vertentes o da linguagem quotidiana e no campo da pesquisa científica em diferentes campos do saber.Assiste-se
de
facto
a
uma
crescentertilização
destetermo na
linguagemcomum
poistodos
nós somos
capazesde emitir
opiniões
ou
expressões sobrea
definição
da
QV,
contudo conceituá-la é
difícil.
Na perspectiva da OMS refere-se à percepção subjectiva do indivíduo sobre a sua posição na vida dentro do contexto da cultura e dos sistemas de valores em que
vive
e com relação aos seus objectivos, expectativas, padrões e preocupaçõesa3.O
conceito
de
QV
surge intimamente
ligado
à
saúde,mas
continua
a
não
ter
um significado único. De acordo com aOMS,
os termos condições de saúde, funcionamentosocial e qualidade de vida têm sido usados como sinónimos. Contudo a
QV
é um conceito bastante ambíguo e complexo quevai
para além da mera condiçãofisica
einclui
outros aspectosda
vida
humana4.
À
semelhançada propria
saúdeé
dificil
definir QV,
pois significados diferentes podem ser atribuídos por pessoas diferentes em função do contexto, do sistema de valores, da cultura, dos meios económicos e do proprio individuoas.A
análise daQV
deve ter em conta os seguintes pressupostos subjacentes ao contexto: não é a ausência de doença; manifesta-se aonível
do bem-estar e da funcionalidade; define-sepor uma configuração de bem-estar que é uma dimensão auto-percebida; abrange aspectos
fisicos, mentais, sociais e ambientais, é um processo dinâmico e só tem sentido concebida em termos ecológicosa6.
A
principal
característica daQV
é a sua multidimensionalidade,isto
é"à
semelhança dapropria
vida
a
QV
temmuitos
ingredienteg;7'28'47. Nestaliúa
de pensamentotem
sidodefinida em termos macro (sociais e objectivos) e
micro (individuais
e subjectivos) 10. Oprimeiro
inclui
regalias, emprego, habitagão, ambiente, educagão e outras circunstâncias devida.
O
segundoinclui
percepgões gerais daQV,
experiências e valoresdo
indivíduoassim como bem-estar felicidade e satisfação com a vidalo. Estudos prévios sugerem que a
subjectivas supracitadas. Desta
forma uma
alteração aonível
deuma
das ráreasda QV
influencia mufuamente as outras iíreaslo.
Os
domínios
da
QV
apresentadosna
literatura,
variam
em
número, assim
como
a designagãoque lhes
é
dada, emboramanteúam
algumas similaridades.O
WHOQOLGROUP
identifica
seis domínios
nomeadamenteo
físico,
o
psicológico,
o
nível
deindependência, as relações sociais, o meio ambiente e a religião e crenças pessoaisl3.
O
conceito deQV
é
construído através de experiênciase
afectos negativos e positivos, valorese
auto-avaliaçõesvida,
que pode contudovariar com
o
passardo
tempo, como respostaa
essas experiênciase
alteraçõesao
nível
da
saúdelo. Quando seavalia
uma alteragãona
QV
dos indivíduos,
devemser
tidas em
consideração algumas variantesdesignadamente, mudanças
actuais
de
circunstâncias(ex.
saúde),
características doindivíduo (personalidade); processos comportamentais, cognitivos ou afectivos que podem
induzir a mudança. lo
Alguns
investigadores
questionam-sesobre
o
facto
de
existirem
muitas
pessoas,nomeadamente idosas,
com
incapacidades sériase
persistentesque avaliam
a
suaQV
comoboa
e
excelente, quando as suas vidas poderiam ser encaradaspor
observadoresexternos
como
completamente indesejáveis.As
entrevistasreflexivas
realizadasa
estegrupo de
pessoas revelaramque
o
seuconceito
de
QV
dependiade
encontrarem umequilíbrio
entre corpo, mente e espírito e em estabelecer e manter relações harmoniosas,baseadas na teoria da hemostasel0'28.
Os
modelosde
qualidadede vida
apresentadosna
literatura
não
são
suÍicientemente consistentes, variando desde a abordagem baseada noModelo
das necessidades humanasde Maslow's até
modelos
clássicos baseados unicamenteno
bem-estar psicológico, felicidade, moral, satisfação de vida, expectativas sociais ou as percepções do indivíduolo.Ao
ser
consideradoum
conceito
dinâmico coloca
sobretudoalguns desafios
à
suaavaliação.
A
maioria
das disciplinas baseou os seus conceitose
avaliações nas opiniões dos peritos em vez deo
fazerem nas percepções das próprias pessoas'o. Esta abordagemtem como
consequênciaa
existênciade
poucos
dadosempíricos
cujos itens
usadosincluíam muitas
escalasde
avaliação quenão
apresentam qualquer relevânciapara
aspessoas e para as suas vidas dirírias. Prevalece na literatura uma abordagem pragmártica e a
clarificação
do
conceito é tipicamente ultrapassada ejustificada
através da suanattreza
abstractalo.
Em última
análise, verifica-se quea
QV
como medida apresenta algumas propriedades que culminam por ser os principais pontos de consenso nas várias definições encontradas:a
sua multidimensionalidade, basear-se principalmente nas percepçõese
expectativas dopróprio individuo,
a sua variabilidade ao longo do tempo eo
facto de ser uma medida denattreza subjectiva.
A
associação entreQV
e
envelhecimento éalgo
que adquire umaimportância
cada vezmaior
nas sociedades contemporânease. Neste sentido,o
conceito deQV
é
consideradopara muitos
autores
como
um
conceito nuclear
no
campo
de
atenção
aos
idosos,constituindo um dos principais indicadores a que se deve ter em atenção na hora de avaliar
a
condição devida
dos idosos28.O
grande desafio que se coloca aos anos vindouros éaproximar
a
curva de esperança devida
da correspondente curvada
QV,
aliando destâforma
QV
aos anos adicionais de vida.Na realidade não existe consenso para uma definição de
QV
quer na terceira idade, entreos mais novos, na população adulta ou entre a população mais velha e fragilizada.
Assim, são
mencionadas
várias formas
de
conceptualizaçdoda
QV
na
velhicedesignadamente como qualidade em termos de condições de vida (componente objectiva), como satisfação pessoal com as condições de
vida
(componente subjectiva), combinando as condições de vida e satisfação, combinando as condições de vida e a satisfação pessoal segundo os critérios dopróprio
sujeito em função da sua escala de valores e aspiraçõessociaise.
A
QV na velhice tem sido, muitas vezes associada a questões de dependência e autonomia, sendo que as dependências observadas nos idosos resultam tanto de alterações biológicascomo de
mudançasnas
exigências sociais.A
autonomiaé
perspectivadacomo
uma componente fundamental daQV
e do bem estar do idoso e para esta concorrem todos osfactores que promovem
a
saúde.Assim,
verifica-se que não éo
problema de saúde quecondiciona a
QV
ouo futuro
do idoso, mas sim a sua independência e autonomia.É
estaperda que
por
sua vezinduz
a situações patológicas, principalmentedo foro
mental, que pode levar a uma dependência da qual o idosodificilmente
sairá7'18.Desta
forma
a
avaliação
da
QV
entre
as
pessoasidosas
e
frágeis
deve incluir
funcionalidadefisica
e sintomas, funcionalidade emocional, comportamental,cognitiva
eintelectual,
funcionalidade
social
e
existência
de
apoio social,
satisfaçãode
vida, percepçõesde
saúde, estatuto económico,
lazeÍ,
funcionalidade
sexual, energia
e vitalidade4s.A
QV
eo
bem-estar das pessoas idosas pode ser representado através das competências comportamentais (ex. medidas através de indicadores de saúde; de cognição, uso do tempoe
comportamento),qualidade
de vida
perceptível
(ex.
medida através
da
avaliaçãosubjectiva
do
indivíduo
em
cada
domínio
da vida)
bem-estarpsicológico
(afectosnegativos e
positivos)
(ex. medidos através de indicadores de saúde mental, julgamentoscognitivos
da vida,
satisfação, emoçõespositivo
e
negativas)e
o
exterior,
ambienteobjectivo
(fisico)
(ex. alojamento, indicadores económicos) ae.De
um
modo geral,
enquanto
a
qualidade
de vida
é
inevitavelmente subjectiva
e dependente das percepgõesdo indivíduo,
as associações empíricasmais
frequentementereferidas, quer
no
bem estar quer na qualidade devida
dos idosos, são uma boa saúde e capacidade funcional, um sentido de adequação ou utilidade pessoal, participação social, aexistência
de
amigose
apoio social e
um nível
de
rendimentosou
outro indicador
do estado económico (ex. possuir casa própria) 50.Na
globalidade as autoavaliações subjectivasdo
bem-estarpsicológico
e
da
saúde têm mais peso do que os indicadores económicos e sócio demográficos objectivos,no
que serefere à explicagão da variação
da
taxa da qualidade de vidast. De facto embora existammuitos acontecimentos de
vida
relacionados com a idade e que provocam problemas, osque mais afectam a
QV
na terceira idade são a degeneragão fisica e doenças na velhice, areforma
e
as
perdasos.A
ausênciade
actividadeslúdicas,
actividades ocupacionais e recursos económicos são factores que contribuem para uma diminuição daQÚ5.
Portanto assegurara
QV
das pessoas idosasconstitui
sem dúvidaum
dos grandes desafios deste século.2.2.2