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Efeitos de uma intervenção com exercício físico e aconselhamento em saúde no comportamento sedentário de adolescentes

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Academic year: 2021

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RODOLFO CARLOS DOS SANTOS SILVA FILHO

EFEITOS DE UMA INTERVENÇÃO COM EXERCÍCIO FÍSICO E

ACONSELHAMENTO EM SAÚDE NO COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO DE ADOLESCENTES

UBERABA 2019

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EFEITOS DE UMA INTERVENÇÃO COM EXERCÍCIO FÍSICO E

ACONSELHAMENTO EM SAÚDE NO COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO DE ADOLESCENTES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Educação Física, área de concentração “Educação Física, Esportes e Saúde” (Linha de pesquisa: Epidemiologia da Atividade Física) da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, como requisito para obtenção do título de mestre.

Orientadora: Dra. Alynne Christian Ribeiro Andaki.

UBERABA 2019

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EFEITOS DE UMA INTERVENÇÃO COM EXERCÍCIO FÍSICO E

ACONSELHAMENTO EM SAÚDE NO COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO DE ADOLESCENTES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física, área de concentração “Educação Física, Esportes e Saúde” (Linha de pesquisa: Epidemiologia da Atividade Física) da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, como requisito para obtenção do título de mestre.

Aprovada em 18 de outubro de 2019

Banca examinadora:

_______________________________________________ Dra. Alynne Christian Ribeiro Andaki – orientadora

Universidade Federal do Triângulo Mineiro

_______________________________________________ Dr. Jeffer Eidi Sasaki

Universidade Federal do Triângulo Mineiro

_______________________________________________ Dr. Alex Pinheiro Gordia

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Dedico este trabalho aos meus pais, Rodolfo e Simone, pela educação e por serem meu exemplo de caráter, e aos meus avós Dorival, Maria Helena, Adolfo e Maria Victor, minha fonte de inspiração: amo vocês!

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A Deus, pela saúde, por ter ingressado no mestrado e por ter chegado até o final desta etapa.

À minha família, pela confiança, apoio e incentivo durante toda a trajetória no mestrado.

À minha orientadora, Alynne Andaki, por ter abraçado o projeto desde o início, pelo conhecimento, conselhos, paciência e puxões de orelha quando necessários. Serei eternamente grato.

À minha namorada, Larissa, por toda força que me deu durante esse período. À Escola Estadual Geraldino Rodrigues Cunha, a todos os alunos, funcionários e professores. Em especial à diretora Eliana, por ter aberto as portas para a realização do projeto e à Maria Eduarda, integrante da nossa equipe.

Aos participantes que compuseram a amostra do projeto, pela participação, confiança e amizade, a qual levarei para sempre. Sem eles nada disso seria possível. Gratidão eterna.

Ao Thiago Lemes, membro da nossa equipe, pela fundamental participação na realização do projeto, pelo companheirismo e a amizade que surgiu entre nós.

À Vitória, Marília, Nakita, Larissa, Maquiele e Gam pela ajuda nas coletas da pesquisa. Muito obrigado.

Aos membros da minha banca de qualificação e dissertação, professores Jeffer e Alex, pela atenção e fundamental contribuição ao nosso trabalho.

Aos amigos do Núcleo de Estudos em Atividade Física & Saúde (NEAFISA) da UFTM, dos demais grupos de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (PPGEF) da UFTM, ao Laboratório de Análise Clínicas Ensino e Assistência (LACEA) da UFTM e demais amigos pela amizade, apoio e todo tipo de ajuda que me deram durante esse período.

A todos os professores do PPGEF/UFTM, por todo o conhecimento transmitido.

A todos os servidores do PPGEF/UFTM, pela atenção e dedicação que sempre tiveram em me atender.

A todos que de alguma forma fizeram parte do nosso projeto. Obrigado!

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O tempo gasto pelos adolescentes em comportamento sedentário (CS) tem se elevado e causa sérios danos à saúde. O presente trabalho objetivou I) descrever aspectos metodológicos da pesquisa em CS e identificar intervenções para redução do CS em adolescentes, II) verificar a eficácia de um programa de exercício físico extracurricular e aconselhamento em saúde na redução do CS de adolescentes de Uberaba, Minas Gerais. Para alcançar o primeiro objetivo realizou-se revisão sistemática com busca de dados de 2014 a abril de 2019, nas bases LILACS,

Pubmed, SciELO e Scopus. Revisões sistemáticas e meta-análises foram excluídas.

Foram incluídos 38 artigos na síntese qualitativa. Somente cinco trabalhos apresentaram desenho experimental. O tempo de tela foi o indicador mais utilizado para mensuração do CS. Encontraram-se 23 pontos de corte diferentes, o que dificulta a comparação de resultados entre as pesquisas. Apenas 13,1% dos estudos utilizaram medidas objetivas para estimar o CS. Precisa-se estimular o uso de medidas objetivas para obtenção de informações mais fidedignas. É necessária a realização de mais experimentos para reduzir o CS em adolescentes. Para alcançar o segundo objetivo foram realizados um programa de exercício físico e aconselhamento em saúde com adolescentes estudantes de uma escola pública de Uberaba, Minas Gerais. A intervenção durou 12 semanas e contou com exercícios físicos e ações como envio de mensagens via WhatsApp e exposição de cartazes. Avaliou-se estatura, perímetro da cintura, massa corporal, dobras cutâneas, composição corporal, pressão arterial, aptidão cardiorrespiratória e marcadores bioquímicos. Mensurou-se o CS por autorrelato e acelerômetro. Aplicou-se análise de variância (ANOVA) de medidas repetidas e nível de significância α = 5%. Participaram n = 19 adolescentes, alocados em grupo intervenção (GI, n = 10) e grupo controle (GC, n = 9). A média de idade foi GI = 14,20 (dp = 1,03) e GC = 13,89 (dp = 1,26) anos. Pós-intervenção houve diferença significativa na dobra cutânea triciptal, efeito do tempo (F(1,0) = 9,950; p = 0,006) e interação tempo*grupo para as dobras triciptal (F(1,0) = 4,601; p = 0,047), subescapular (F(1,0) = 16,430; p = 0,001), suprailíaca (F(1,0) = 9,651; p = 0,006) e aptidão cardiorrespiratória (F(1,0) = 9,346; p = 0,008). Colesterol total (F(1,0) = 22,013; p = 0,000) e LDL-c (F(1,0) = 5,836; p = 0,029) mostraram diferença entre os tempos. O acelerômetro mostrou diferença significativa entre os grupos no somatório do tempo em CS semanal (F(1)

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0,037) no somatório de CS total. Na média de final de semana houve interação tempo*grupo (F(1,0) = 5,416; p = 0,034). Houve diferença no tempo sentado entre os grupos por dia de semana (F(1) = 6,764; p = 0,019) e na média total do tempo sentado (F(1) = 6,230; p = 0,023). A intervenção foi eficaz na redução do CS dos adolescentes e trouxe resultados que contribuem para a prevenção de doenças cardiovasculares.

Palavras-chave: Adolescente. Comportamento sedentário. Ensaio clínico. Exercício. Tempo de tela.

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The time spent by adolescents in sedentary behavior (SB) has increased due to the use of screen devices and causes serious health damage. The present work aimed to I) describe methodological aspects of SB research and identify interventions to reduce SB in adolescents, II) to verify the effectiveness of an extracurricular physical exercise program and health counseling in reducing SB of adolescents from Uberaba, Minas Gerais. To achieve the first objective, a systematic review was performed with data search from 2014 to April 2019, in LILACS, Pubmed, SciELO and Scopus. Systematic reviews and meta-analyzes were excluded. We included 38 articles in the qualitative synthesis. Only five papers presented experimental design. Screen time was the most commonly used indicator for SB measurement. 23 different cutoff points were found, which makes it difficult to compare results between surveys. Only 13.1% of the studies used objective measures to estimate the SB. The use of objective measures to obtain more reliable information needs to be encouraged. More experiments are needed to reduce SB in adolescents. To reach the second objective, a physical exercise program and health counseling were conducted with adolescent students from a public school in Uberaba, Minas Gerais. The intervention lasted 12 weeks and included physical exercises and actions such as sending messages via WhatsApp and displaying posters. Height, waist circumference, body mass, skinfold thickness, body composition, blood pressure, cardiorespiratory fitness and biochemical markers were evaluated. The SB was measured by self-report and accelerometer. Repeated measures analysis of variance (ANOVA) and significance level α = 5% were applied. Participated n = 19 adolescents, allocated in intervention group (IG, n = 10) and control group (CG, n = 9). The mean age was IG = 14.20 (sd = 1.03) and CG = 13.89 (sd = 1.26) years. Post-intervention there was significant difference in the triceps skinfold thickness, time effect (F(1.0) = 9.950; p = 0.006) and time*group interaction for triceps skinfolds (F(1.0) = 4.601; p = 0.047), subscapular (F(1.0) = 16.430; p = 0.001), suprailiac (F (1.0) = 9.651 ; p = 0.006) and cardiorespiratory fitness (F(1.0) = 9.346; p = 0.008). Total cholesterol (F(1.0) = 22.013; p = 0.000) and LDL -c (F(1.0) = 5.836; p = 0.029) showed difference between the times. The accelerometer showed significant difference between the groups in the sum of time in weekly SB (F(1) = 6.326; p = 0.024), in the weekly SB average (F(1) = 5.549; p = 0.033) and total mean (F(1) =

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interaction (F(1.0) = 5.416; p = 0.034). There was difference in sitting time between groups per weekday (F(1) = 6.764; p = 0.019) and in the total mean sitting time (F(1) = 6.230; p = 0.023). The intervention was effective in reducing the SB of the adolescents and brought results that contribute to the prevention of cardiovascular diseases.

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CS – Comportamento sedentário

DCNT – Doenças crônicas não transmissíveis HDL – High density lipoprotein

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MET – Equivalente metabólico

TV – Televisão

LISTA DE SÍMBOLOS

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1 INTRODUÇÃO... 12 1.1 JUSTIFICATIVA... 16 1.2 OBJETIVOS... 18 2 ARTIGOS PRODUZIDOS... 19 2.1 ARTIGO 1... 19 2.2 ARTIGO 2... 47 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 77 REFERÊNCIAS... APÊNDICES... 78 84 ANEXOS... 93

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1 INTRODUÇÃO

O ser humano foi programado para manter seu corpo em movimento, locomover-se e realizar diversos tipos de trabalhos manuais no decorrer do dia (OWEN et al., 2010). Porém, com o passar dos tempos, várias mudanças têm conflitado com nosso processo de evolução. Os diferentes lugares que frequentamos, como nossa casa e nosso trabalho, têm sido cada vez mais projetados para que nos locomovamos menos e gastemos menos energia (OWEN et al., 2010). A popularização de meios de transporte motorizados também favorece esse cenário (FORD; CASPERSEN, 2012). Tudo isso deve-se muito ao avanço da tecnologia.

A transição tecnológica que estamos vivendo têm refletido bastante em nosso estilo de vida (FORD; CASPERSEN, 2012). Isto deve-se principalmente pela disseminação e uso cada vez mais frequente de equipamentos eletrônicos e outras tecnologias, como aparelhos de tela por exemplo (SILVA et al., 2016; WADOLOWSKA et al., 2019). No Brasil, o crescimento de 7,1% no acesso à internet (aumento de 6,7 milhões de pessoas) e a elevada frequência de posse de telefone móvel celular para uso pessoal - 139,1 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 10 anos (IBGE, 2016) – comprovam a universalização das novas tecnologias. Assim, acabam por favorecer a exposição ao comportamento sedentário (CS) (FORD; CASPERSEN, 2012; WADOLOWSKA et al., 2019).

Oriundo de “sedere”, palavra em latim que significa “sentar” (THORP et al., 2011), o termo “comportamento sedentário” foi citado na literatura com várias definições. Diferentes comportamentos resultantes em um gasto energético baixo (BIDDLE et al., 2004) e atividades realizadas em posições que não sejam em pé (CHASTIN; GRANAT, 2010). Tempo em que se ficar deitado ou sentado (CHASTIN et al., 2012) e atividades realizadas em casa, no trabalho ou no lazer, em posição sentada e que exigem um gasto de energia entre 1 e 1,5 equivalente metabólico (MET) (THORP et al., 2011). Essas são algumas das diversas definições que podemos encontrar na literatura.

As várias terminologias aplicadas ao CS, aliadas às divergências entre pesquisadores da área em relação a definição do termo (PLOEG; HILLSDON, 2017), fizeram os estudiosos do tema buscarem um consenso. Em esforço para que finalmente se estabelecesse uma padronização sobre a terminologia do CS e de

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outros termos envolvidos na temática, chegou-se a uma definição do CS. Este então passou a ser definido como qualquer tipo de comportamento realizado por um indivíduo, enquanto acordado e na posição sentada, deitada ou reclinada, o qual promova um gasto energético ≤1,5 MET (TREMBLAY et al., 2017). Esta é a definição mais aceita entre pesquisadores da área.

Devido às constantes mudanças de comportamento as quais a sociedade vem experimentando em virtude do avanço da tecnologia, a oportunidade para se adotar um estilo de vida sedentário eleva-se cada vez mais, de acordo com Byun, Dowda e Pate (2012). Assim sendo, a medida do CS tem sido feita através do “tempo de tela”. É descrito como o tempo despendido em atividades sedentárias que se utilizam de equipamentos baseados em tela, como por exemplo smartphone,

tablet, televisão (TV), computador e videogame (TREMBLAY et al. 2011; 2017).

A exposição excessiva ao CS, contudo, provoca vários efeitos deletérios à saúde (CHOMISTEK et al., 2013; FORD; CASPERSEN, 2012; STAMATAKIS; HAMER; DUNSTAN, 2011). Estudos apontam que o elevado tempo de imobilização dos músculos esqueléticos pode desencadear respostas estressoras, como resistência à insulina, hiperinsulinemia, hiperglicemia, produção de lipídeos no fígado e acumulação de adipócitos na região abdominal. Atrofia muscular, baixo gasto energético e diminuição da aptidão cardiorrespiratória também são reportados (CHARANSONNEY, 2011; CHARANSONNEY; DESPRÉS, 2010).

Em decorrência dos malefícios oriundos do CS, várias iniciativas foram tomadas. Surgiram recomendações para as diversas faixas etárias quanto ao tempo gasto em CS, assim como esforços de órgãos mundiais e governamentais em alertar a sociedade quanto aos prejuízos à saúde causados pelo CS (AUSTRALIAN GOVERNMENT, 2014). Além disso, há também a tentativa de diminuir, ou pelo menos limitar, o tempo que as pessoas despendem em atividades sedentárias (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2018). Tais iniciativas fazem-se necessárias, principalmente, entre os adolescentes.

Considerada como a “passagem” da infância para a fase adulta, o período da adolescência é marcado por constantes transformações fisiológicas, psicológicas e sociais. Envolvem mudanças no relacionamento com a família, além da prática e vivência de novos comportamentos e experiências. Estes, porém, podem aumentar a exposição a vícios e fatores de risco à saúde. Isto pode ser prejudicial à saúde do adolescente a longo prazo, uma vez que os hábitos adquiridos nessa etapa da vida

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tendem a se manter na vida adulta, conforme indicam Campos, Schall e Nogueira (2013), World Health Organization ([2014?]) e World Health Organization ([2018?]).

Um dos comportamentos de risco à saúde que o adolescente está propenso a adotar é o CS. A oferta cada vez maior de comodidade e conforto provenientes de equipamentos eletrônicos baseados em tela (BIDDLE; PETROLINI; PEARSON, 2014) aumenta a posse destes aparelhos entre os adolescentes (PEW RESEARCH CENTER, 2012). Aliado à isso tem-se a atratividade e difusão da tecnologia (FORD; CASPERSEN, 2012; SILVA et al., 2016). Como consequência, o CS reflete no estilo de vida dessa população (SILVA et al., 2016) e traz sérios danos à sua saúde.

Estudo realizado em uma cidade do Rio Grande do Sul, Brasil, revelou que adolescentes que reportaram assistir à televisão por duas ou mais horas diárias mostraram maior probabilidade de apresentar altos valores de colesterol total e dobras cutâneas (BERGMANN et al., 2018). O risco de se apresentar elevada adiposidade abdominal, sobrepeso e baixos níveis de colesterol HDL (high density

lipropotein) apresenta aumento significativo a cada 1 hora em frente à TV, conforme

pesquisa feita com jovens da Coréia do Sul (BYUN; DOWDA; PATE, 2012). Associação positiva foi encontrada entre o tempo de tela e a presença de síndrome metabólica em adolescentes do Mato Grosso do Sul, Brasil (SANTOS et al., 2018).

O CS é também um fator de risco para os hábitos alimentares. Guedes, Desiderá e Gonçalves (2018) indicaram que a exposição à tela se associa inversamente ao consumo de frutas e vegetais e diretamente à ingestão de refrigerantes e produtos com alto teor de açúcar. Fumar, consumir álcool, apresentar baixos níveis de atividade física, praticar bullying, sofrer bullying, faltar à escola e apresentar desordens psicológicas (BUSCH; MANDERS; LEEUW, 2013) são práticas e comportamentos que se mostram positivamente associados ao tempo de tela. Dormir menos horas de sono (HALE; GUAN, 2015) também demonstra uma associação significativa com a elevada exposição ao tempo de tela.

Diante dos malefícios que o CS acarreta à vida do adolescente, fez-se necessária a criação de recomendações que visassem minimizar o tempo e os prejuízos oriundos desse comportamento. O Australian Government (2014) recomenda que essa população não ultrapasse duas horas diárias no uso de equipamentos eletrônicos para entretenimento e que valores menores podem atenuar os riscos à saúde. Instrui também para que, sempre que puder, o adolescente “quebre” o período em que fica sentado, levantando-se o maior número

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de vezes possível. A American Academy of Pediatrics (2013) e Tremblay et al. (2011a) orientam os pais a não permitirem que crianças e adolescentes permaneçam por mais de duas horas por dia em entretenimento baseado em tela.

Considerando as evidências supracitadas, nota-se que a exposição ao CS é algo bastante presente em nossa vida, proveniente de várias transformações que ocorreram na sociedade ao longo do tempo. O principal motivo é o avanço e universalização da tecnologia. Entretanto, tal comportamento faz-se muito vigente na vida do adolescente, provocando uma série de danos à sua saúde que podem ser determinantes para o acometimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (CHARANSONNEY; DESPRÉS, 2010; FORD; CASPERSEN, 2012). Assim sendo, torna-se necessário estudar o CS na adolescência, suas aplicações, seus aspectos metodológicos e propor intervenções que busquem reduzir a prática de atividades sedentárias nessa população.

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1.1 JUSTIFICATIVA

A necessidade de estudos que busquem a redução do CS fica evidente com o atual cenário mundial. As DCNT, compostas principalmente pelas doenças cardiovasculares, doenças crônicas respiratórias, cânceres e diabetes (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2018a) têm o CS como um de seus principais fatores de risco. Tais enfermidades foram responsáveis por 68% das mortes no mundo no ano de 2012, tornando-se a principal causa de óbito mundial, segundo a World Health

Organization (2014). Com isso, os elevados gastos em seu tratamento acabam por

sobrecarregar os sistemas de saúde, o que torna essas doenças um dos maiores problemas da humanidade neste século (WORLD HEALTH ORGANIZATION, [2013?]; 2018b).

No Brasil as doenças mais prevalentes são as DCNT (SCHMIDT et al., 2011), que respondem por 72% da mortalidade em nosso país (BRASIL, 2015). Estes dados são ainda mais preocupantes quando se analisa a prevalência de exposição ao CS dos adolescentes brasileiros. Dos estudantes do 9o ano do Ensino Fundamental, 60% relataram assistir a mais de duas horas de televisão por dia e 56,1% realizavam atividades sentados por mais de três horas diárias, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2016a). Elevada exposição ao CS também foi reportada por Costa et al. (2018) e Santos et al. (2018). A vulnerabilidade dos adolescentes à exposição excessiva ao CS e seus consequentes prejuízos à saúde exige a tomada de providências. Faz-se necessária a realização de intervenções que visem reduzir o CS desse público nos mais variados ambientes frequentados por essa população (casa e escola, por exemplo) (SALMON et al., 2011). Entretanto, reduzir o tempo que os adolescentes despendem em atividades sedentárias não se tem mostrado uma tarefa simples de se obter êxito (SALMON et al., 2011; YOUNG et al., 2016).

Um dos motivos que podem ser responsáveis pela dificuldade de se reduzir o CS é o fato deste, como a própria nomenclatura diz, tratar-se de um “comportamento”. Ou seja, é uma temática que envolve hábitos e que, portanto, refere-se a práticas diárias realizadas de forma inconsciente devido à sua constante repetição no dia a dia (BIDDLE; O’ CONNELL; BRAITHWAITE, 2011). Além do mais, pesquisas de intervenção têm tratado o CS como um desfecho secundário, o que também dificulta a obtenção de resultados positivos.

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Grande parte das intervenções que buscam reduzir o CS têm a finalidade de intervirem ao mesmo tempo em outras variáveis, como atividade física, nutrição e massa corporal (BIDDLE; O’ CONNELL; BRAITHWAITE, 2011). Assim, são minoria os estudos voltados apenas para a diminuição do CS, de acordo com e Buchanan et al. (2016). Estes, por sua vez, parecem ser mais eficazes na redução do CS em comparação àqueles que combinam outros desfechos, mas apresentam pequeno efeito (BUCHANAN et al., 2016; YOUNG et al., 2016; BIDDLE; PETROLINI; PEARSON, 2014).

Outro problema referente à investigação do CS na adolescência diz respeito a questões metodológicas, principalmente ao desenho de pesquisa e modo de se mensurar e classificar sua exposição. Podem ser encontrados uma grande variedade de instrumentos, pontos de corte e indicadores utilizados para sua medida. Isso mostra uma falta de consenso entre pesquisadores da área. Além do mais, seu estudo fundamenta-se, especialmente, em pesquisas observacionais e que não se utilizam de métodos diretos para sua mensuração (BARBOSA FILHO; CAMPOS; LOPES, 2014; GUERRA; FARIAS JÚNIOR; FLORINDO, 2016; SILVA et al., 2016; TREMBLAY et al., 2011).

Os diferentes instrumentos para estimar o CS apresentam vantagens e desvantagens (LUBANS et al., 2011). Porém, a utilização de métodos objetivos (como o acelerômetro por exemplo) tende a diminuir possíveis vieses oriundos das medidas subjetivas e consequentemente fornecer informações mais fidedignas (GUERRA; FARIAS JÚNIOR; FLORINDO, 2016). Há ainda uma importante lacuna a ser preenchida. Verifica-se a necessidade de se avaliar a exposição ao CS por meio do tempo despendido com tecnologias portáteis (SILVA et al., 2016), uma vez que a posse de tais equipamentos tem apresentado elevada frequência entre os adolescentes (PEW RESEARCH CENTER, 2012).

Sendo assim, como tem sido estudado o CS na adolescência quanto a instrumentos, pontos de corte, indicadores e demais aspectos metodológicos? Um programa de intervenção seria eficaz em reduzir a exposição ao CS em adolescentes? Para responder a essas perguntas, foram produzidos dois artigos, que seguem na sequência deste manuscrito.

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1.2 OBJETIVOS

O objetivo geral desta dissertação foi descrever aspectos metodológicos da pesquisa em CS e verificar a eficácia de um programa de exercício físico extracurricular e aconselhamento em saúde na redução do CS de adolescentes.

Os objetivos específicos foram identificar intervenções para redução do CS em adolescentes e verificar a eficácia de uma intervenção em medidas antropométricas, composição corporal, aptidão cardiorrespiratória, pressão arterial e marcadores bioquímicos de adolescentes.

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2 ARTIGOS PRODUZIDOS

2.1 ARTIGO 1

COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO EM ADOLESCENTES BRASILEIROS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

RESUMO

Objetivou-se descrever aspectos metodológicos da pesquisa em comportamento sedentário e identificar intervenções para redução do comportamento sedentário, baseados em estudos com adolescentes brasileiros. A busca de dados foi limitada ao período de 2014 a abril de 2019 e as bases de dados utilizadas foram LILACS,

Pubmed, SciELO e Scopus. Foram critérios de inclusão: artigos originais publicados

em revistas nacionais e internacionais, teses e dissertações completos disponíveis para download, com amostras que incluíssem adolescentes brasileiros. Como resultados, foram encontrados 491 estudos e 38 foram incluídos na síntese qualitativa. Somente cinco trabalhos (13,1%) apresentaram desenho experimental; os demais foram observacionais. O tempo de tela foi o indicador mais utilizado para caracterizar o comportamento sedentário e teve como ponto de corte mais frequente o de 2 horas/dia, entretanto, foram identificados 23 pontos de corte diferentes. A prevalência de comportamento sedentário apresentou elevada variação, possivelmente devido à falta de padronização de pontos de corte e de instrumentos para mensurá-lo. Apenas 13,1% das pesquisas utilizaram medidas objetivas para mensurar o comportamento sedentário. Conclui-se que a falta de padronização nos indicadores e pontos de corte do comportamento sedentário dificultam a comparação entre os resultados das pesquisas, bem como é necessária a utilização de medidas objetivas para informações mais fidedignas. Ainda, constatou-se carência de estudos de intervenção na redução do comportamento sedentário em adolescentes brasileiros.

Palavras-chave: Adolescente. Estilo de vida sedentário. Tempo de tela. Tempo sedentário. Tempo sentado.

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ABSTRACT

The aim of this study was to describe methodological aspects of the research on sedentary behavior and to identify interventions to reduce sedentary behavior, based on studies with Brazilian adolescents. Data search was limited from 2014 to April 2019 and the databases used were LILACS, Pubmed, SciELO and Scopus. Inclusion criteria were original articles published in national and international journals, complete thesis and master thesis available for download, with samples that included Brazilian adolescents. As results, 491 studies were found and 38 were included in the qualitative synthesis. Only five studies (13,1%) presented experimental design, the others were observational studies. Screen time was the most used indicator to characterize the sedentary behavior and it had the most frequent cutoff point of 2 hours/day, however, 23 different cutoff points were identified. Sedentary behavior prevalence presented a high variation, possibly due to the lack of standardization of cutoff points and instruments to measure it. Only 13,1% of the surveys used objective measures to identify sedentary behavior. It is concluded that the lack of standardization in the indicators and cutoff points of sedentary behavior make it difficult to compare the results of the research. It is necessary to use objective measures for more reliable information. There is a lack of intervention studies in the reduction of sedentary behavior in Brazilian adolescents.

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INTRODUÇÃO

O comportamento sedentário (CS) pode ser definido como qualquer tipo de comportamento caracterizado por um gasto energético ≤ 1,5 equivalente metabólico (MET) (TREMBLAY et al., 2017). O CS tem sido mensurado em pesquisas com adolescentes por meio da exposição ao tempo de tela – que engloba as medidas agrupadas ou individuais do tempo em frente à televisão, computador, videogame, aparelhos celulares e tablets (PEARSON; BIDDLE, 2011) – sendo uma temática que necessita ser abordada e investigada nesta população.

A adolescência é marcada por expressivas alterações de ordem social, fisiológica e comportamental, o que torna importante o estudo do CS nessa fase da vida (ALBERGA et al., 2012), ainda mais que já se sabe que a elevada exposição ao comportamento sedentário provoca efeitos deletérios à saúde (independentemente do nível de atividade física), como alterações nos hábitos alimentares, obesidade, diabetes e síndrome metabólica (OWEN et al., 2010; SARDINHA; MAGALHÃES, 2012).

O número de estudos acerca do CS vem aumentando com o passar do tempo, porém ainda existem divergências em relação a sua terminologia. Como exemplo podemos citar o uso inequívoco da palavra “sedentário” como sinônimo de “fisicamente inativo”, o que provoca confusão no público em geral e debates até mesmo entre especialistas (GUERRA; MIELKE; GARCIA, 2014; PLOEG; HILLSDON, 2017). Vale citar também a utilização de variados métodos e instrumentos de avaliação na mensuração do comportamento sedentário, demonstrando que não há uma “regra” a ser seguida quando se objetiva estimar o CS.

Alterar o estilo de vida sedentário de crianças e adolescentes por meio da redução do tempo despendido com TV, computador, videogame e demais equipamentos eletrônicos pode ser um meio de promoção de saúde e prevenção da obesidade e doenças crônicas futuras (FRIEDRICH et al., 2014). A identificação de estudos que busquem proporcionar a mudança desse hábito é de grande valia, tendo em vista a baixíssima prevalência de intervenções focadas especificamente no CS e o pequeno efeito oriundo das mesmas (BIDDLE; PETROLINI; PEARSON, 2014; BUCHANAN et al., 2016). Neste sentido, o presente estudo teve como objetivos descrever aspectos metodológicos da pesquisa em comportamento

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sedentário, bem como identificar intervenções para redução do comportamento sedentário, baseados em estudos com adolescentes brasileiros.

MÉTODOS

A revisão sistemática foi realizada seguindo a recomendação da metodologia

Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (MOHER et

al., 2015). O protocolo do estudo foi registrado na base de dados do International

Prospective Register of Systematic Reviews (PROSPERO). A busca de dados foi

limitada ao período de outubro de 2014 a abril de 2019.

As bases de dados utilizadas nas buscas foram LILACS, Pubmed, SciELO e

Scopus. Utilizou-se os seguintes descritores: estilo de vida sedentário; tempo sedentário; adolescente; criança; exercício; projetos de pesquisa; ensaio clínico controlado aleatório; ensaio clínico; tempo de tela; tempo de tv; tempo sentado; postura reclinada; postura deitada; postura em pé, e seus respectivos em inglês.

As estratégias de busca utilizadas variaram pela especificidade de cada uma das bases selecionadas. No PubMed, por exemplo, os termos de pesquisa foram (“sedentary lifestyle”[Title/Abstract] AND child[Title/Abstract] OR

adolescent[Title/Abstract]; “sedentary lifestyle”[Title/Abstract] AND exercise[Title/Abstract] AND child[Title/Abstract] OR adolescent[Title/Abstract];

”research design”[Title/Abstract] AND “sedentary lifestyle”[Title/Abstract] AND

child[Title/Abstract] OR adolescent[Title/Abstract]; “randomized controlled trial”[Title/Abstract] AND “sedentary lifestyle”[Title/Abstract] AND child[Title/Abstract]

OR adolescent[Title/Abstract]; “screen time”[Title/Abstract] OR “TV time”[Title/Abstract] OR “sitting time”[Title/Abstract] OR “reclining posture”[Title/Abstract] OR “lying posture”[Title/Abstract] OR “standing posture”[Title/Abstract] OR “sedentary time”[Ttitle/Abstract] AND child[Title/Abstract]

OR adolescent[Title/Abstract]; “clinical trial”[Title/Abstract] AND “sedentary lifestyle”[Title/Abstract] OR exercise[Title/Abstract] AND child[Title/Abstract] OR adolescent[Title/Abstract]. Nas bases de dados LILACS e SciELO o operador

booleano OR foi utilizado para combinar os descritores com seus respectivos em inglês, e fez-se uso de truncagem com as palavras brasil$ e brasileiro$. Para as bases Pubmed e Scopus foram utilizados apenas os termos em inglês e truncagem com brazil$ e brazilian$. Todos os descritores foram extraídos dos “Descritores em

(24)

Ciências da Saúde” (DeCS). Os filtros utilizados para as bases de dados foram: texto completo disponível; idioma inglês e/ou português; e anos de publicação 2014, 2015, 2016, 2017, 2018 e 2019. Foram utilizados nas bases os seguintes índices:

LILACS (título, resumo, assunto); Pubmed (title/abstract); SciELO (todos os índices); Scopus (article title, abstract, keywords).

Foram critérios de inclusão: artigos originais publicados em revistas nacionais e internacionais, teses e dissertações completos disponíveis para download, com amostras que incluíssem adolescentes brasileiros, seguindo a faixa etária definida como “adolescência” (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1986). Os critérios de exclusão foram: revisões sistemáticas e meta-análises. Após a realização da busca de dados, o processo de exclusão deu-se primeiramente com os trabalhos que estavam em duplicata. Posteriormente, a exclusão foi realizada pelos títulos, depois pelos resumos, e finalmente foi feita a leitura na íntegra dos trabalhos restantes. Dos estudos incluídos em síntese qualitativa foram extraídos os dados referentes à autoria de cada publicação, data de publicação, ano e local de coleta, número amostral, faixa etária, instrumento utilizado na avaliação do comportamento sedentário, modo de seleção da amostra, classificação do CS quanto ao tipo de variável (desfecho ou exposição), desenho de pesquisa, domínios ou variáveis analisadas, pontos de corte, indicadores do comportamento sedentário (medidas utilizadas para caracterizar o CS) e prevalência do comportamento sedentário. A seleção dos trabalhos foi realizada por pares de pesquisadores, individualmente e de forma cega. Não houve divergência na seleção de trabalhos entre os pesquisadores.

RESULTADOS

Foi encontrado um total de 491 estudos nas bases de dados. Destes, 352 estavam em duplicata, resultando assim em 139 trabalhos rastreados. Após a leitura dos títulos e dos resumos, 58 trabalhos foram elegíveis e lidos de forma integral. Houve exclusão de 20 estudos (pesquisas que não analisaram o CS n = 9; amostra fora da faixa etária do estudo n = 3; definição de “sedentarismo” como ausência de atividade física n = 1; definição de “estilo de vida sedentário” como prática moderada e/ou vigorosa de atividade física < 300 minutos/semana n = 2; “estilo de vida sedentário” como prática de atividade física leve n = 1; publicações anteriores a

(25)

outubro de 2014 n = 4), deste modo 38 trabalhos foram incluídos em síntese qualitativa, os quais todos foram artigos (Figura 1).

Figura 1 - Processo de seleção dos estudos avaliados

Dos 38 artigos incluídos em síntese qualitativa, a maior parte foi publicada entre 2015 (n = 10) e 2016 (n = 9) (Figura 2.a). Sete estudos são de representatividade nacional, dos quais seis utilizaram dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE, 2012 e 2015). A Figura 2.b mostra que a região que teve o maior número de coletas foi a região Sul (n = 13), seguida pelo Nordeste com nove artigos, e Sudeste com oito trabalhos. A região Centro-oeste teve um estudo e o Norte não foi local de coletas no período avaliado.

Lilacs (n = 232); PubMed (n = 7) Scopus (n = 148); SciELO (n = 104) Total (n = 491) Nº de relatos duplicados (n = 352) Nº de relatos rastreados (n = 139) avaliadas avaliad Exclusão Tít. (n = 65) Res. (n = 16)

Nº de artigos em texto completo avaliados para elegibilidade (n = 58)

Nº de estudos incluídos em síntese qualitativa (n = 38)

Nº de artigos em texto completo excluídos, com

justificativa (n = 20) Inclu o E legib il idad e Iden tif ica ç ão S ele çã o

(26)

Figura 2.a – Distribuição do número de estudos por ano de publicação

Figura 2.b – Distribuição do número de estudos por regiões brasileiras

0 2 4 6 8 10 12 2015 2016 2017 2018 2019 P u b lic a ç õ e s Anos

(27)

O biênio 2011/2012 foi o período mais frequente em relação ao ano das coletas. As amostras variaram entre n = 117 e n = 109.104 participantes, e quanto ao método de seleção, 26 estudos (68,4%) definiram sua amostra de forma aleatória; os demais trabalhos o fizeram de forma não probabilística (Tabela 1).

Tabela 1 - Características das amostras dos estudos avaliados

Autor Data de

publicação Ano de coleta Local de coleta Amostra Faixa etária Seleção

Barbosa Filho et al. 2015 2014 Fortaleza, CE 1085 7

o ao 9o ano

EF Ale

Christofaro et al. 2015 2011 Londrina, PR 1.231 14 a 17 Conv

Farah et al. 2015 2011 Estado de Pernambuco 4.619 14 a 19 Ale

Ferrari et al. 2015 2012 a 2013 São Caetano do Sul, SP 485 9 a 11 Ale Ferrari et al. 2015a 2012 a 2013 São Caetano do Sul, SP 485 9 a 11 Ale

Fronza et al. 2015 2010 São Bonifácio, SC 283 10 a 19 Conv

Gordia et al. 2015 2011 a 2012 Amargosa, BA 1.044 6 a 18 Ale

Leme; Philippi 2015 2014 São Paulo, SP 253 2° e 3° ano

EM Conv

Menezes; Duarte 2015 2011 Escolas da rede estadual

de Sergipe 3.992 14 a 19 Ale

Romero; Borges;

Slater 2015 2009 Piracicaba, SP 454 10 a 14 Ale

Azeredo et al. 2016 2012 Todas as capitais do Brasil, DF e outras cidades

109.10

4 9° ano EF Ale

Barbosa et al. 2016 ─ Florianópolis, SC 135 10 a 17 Conv

Felden et al. 2016 ─ Maravilha, SC 516 10 a 19 Ale

Ferreira et al. 2016 2013 Pelotas, RS 8.661

5° ano EF ao 3o ano

EM

Ale

Leme et al. 2016 2014 São Paulo, SP 253 2° e 3° ano

EM Ale

Matsudo et al. 2016 2012 a 2013 São Caetano do Sul, SP 485 9 a 11 Ale Moraes et al. 2016 HELENA: 2006 a 2007/BRACA H: 2007 Multicêntrico* 1.934 HELENA: 12.5-17.5/BRAC AH: 14-17.5 Ale

Regis et al. 2016 2011 Escolas da rede pública

estadual EM estado de PE 6..234 14 a 19 Ale

Silva; Silva 2016 2011 Aracajú, SE 739 14 a 18 Conv

Costa et al. 2017 2012 Florianópolis, SC 571 7 a 12 Conv

Ferreira et al. 2017 2012 Todas as capitais do Brasil, DF e outras cidades

109.10

4 9

o ano EF Ale

Greca; Silva 2017 2011 Londrina, PR 455 8 a 17 Conv

Ribeiro et al. 2017 2014 Frei Paulo, SE 975 4 a 17 Conv

Silva et al. 2017 2004, 2008,

2011 Pelotas, RS 3.382 11, 15 e 18 Conv

Tebar et al. 2017 ─ Londrina, PR 1231 14 a 17 Conv

Bacil et al. 2018 2015 Curitiba, PR 117 9 a 15 Ale

Coledam et al. 2018 2012 Londrina, PR 681 10 a 17 Ale

Costa et al. 2018 2015 Todas as capitais do Brasil, DF e outras cidades

102.07

2 9

o ano EF Ale

Leme et al. 2018 2015 São Paulo, SP 253 2° e 3° ano

EM Ale

Matias et al. 2018 2015 Todas as capitais do Brasil, DF e outras cidades

102.07

2 9

o ano EF Ale

Oliveira et al. 2018 2011 Escolas da rede pública

estadual EM estado de PE 6.264 14 a 19 Ale Oliveira et al. 2018a 2011 a 2012 Todas as capitais do Brasil

e DF 14.653 9

o ano EF Ale

(28)

(conclusão) Tabela 1 - Características das amostras dos estudos avaliados

Legenda: HELENA = Healthy Lifestyle in Europe by Nutrition in Adolescence; BRACAH = Brazilian

Cardiovascular Adolescent Health; Multicêntrico*: HELENA, realizado em Atenas e Heraklion (Grécia),

Dortmund (Alemanha), Ghent (Bélgica), Lille (França), Pécs (Hungria), Roma (Itália), Estocolmo (Suécia), Viena (Áustria), Zaragoza (Espanha) e BRACAH, realizado em Maringá, PR, Brasil; EF = Ensino Fundamental; EM = Ensino Médio; Ale = Aleatória; Conv = Conveniência.

Em relação às características metodológicas, cinco pesquisas (13,1%) utilizaram medidas objetivas como meio de mensurar o CS. Os demais estudos utilizaram questionários ou derivaram seus dados de pesquisas nacionais ou internacionais. O tempo de tela foi o indicador mais utilizado para se caracterizar o comportamento sedentário (seja isolado, por meio de TV ou associado ao tempo sentado), totalizando 84,2% dos artigos (n = 32). Mínimo de duas horas por dia foi o ponto de corte mais adotado para determinar a exposição ao tempo de tela (n = 14; 43,7%). Ao todo foram identificados 23 pontos de corte diferentes (Tabela 2).

Autor Data de

publicação Ano de coleta Local de coleta Amostra Faixa etária Seleção Silva et al. Santos et al. 2018 2018 2012 2016

Todas as capitais do Brasil, DF e outras cidades Dourados, MS 109.10 4 274 9o ano EF 12 a 18 Ale Ale Ulbricht et al. 2018 2014 a 2016 Região metropolitana de

Curitiba, PR 675 11 a 18 Conv

Barbosa Filho et al. 2019 2014 Fortaleza, CE 1.085 11 a 18 Ale

Silva; Chaput;

Tremblay 2019 2015 Todas as capitais do Brasil 12.220 11 a 19 Ale

Straatmann et al. 2019 2010 a 2012 Região metropolitana do

(29)

Tabela 2 - Características metodológicas dos estudos avaliados Autor Pontos de corte e

indicadores

Instrumento de avaliação Exposição ao Comportamento Sedentário Barbosa Filho et

al. Tela 2 h/d

QDE** ─

Christofaro et al. Tela (< 2 h/d, 2-3 h/d, 3-4 h/d, > 4 h/d)

QDE ≥ 2 h/d: M = 93,8% / F = 87,2%

Farah et al. Tela + Sentado ≥ 3 h/d Questionário GSHS (versão adaptada)

Total = 50,9% / M = 38,4% / F = 61,6% Ferrari et al. TV > 2 h/d + ≤ 25

contagens de atividade/15 s

ISCOLE Diet and Lifestyle Questionnaire e Acelerometria

Total semana = 34,2% / fds = 54,4% M (semana) = 15,6% / fds = 28,1% F (semana) = 18,6% / fds = 26,4% Ferrari et al. ≤ 25 contagens de

atividade/15s

Acelerometria Média total = 500 min/d

M = 492,5 min/d / F = 507,3 min/d

Fronza et al. TV ≥ 2 h/d QDE Total semana = 76,7% / fds = 78,4%

Gordia et al. TV 3 h/d Questionário PAQ-C Média total = 3,7 h/d

crianças = 3,8 h/d / adolescentes = 3,6 h/d

Leme; Philippi Tela > 2 h/d ─ GE = 75,4% / GC = 79,3%

Menezes; Duarte Sentado > 2 h/d Questionário baseado no GSHS

Total = 46,7%

M = 42,5% / F = 49,4% Romero; Borges;

Slater

Tela h/sem Questionário QACV Média total = 1.692,1 min/sem M = 1.801,5 min/sem / F = 1.597,1 min/sem

Azeredo et al. Tela + Sentado (< 1 h/d até > 8 h/d)

PeNSE 2012 ─

Barbosa et al. Tela (TV ≥ 4 h/d; PC-VG ≥ 3 h/d)

QDE TV: Total = 42,1% / M = 41,4% / F =

43,2% / PC-VG: Total = 38,6% / M = 50% / F = 20,5%

Felden et al. Tercis de tempo sentado (pouco sentado = 0 a 300

min/d; tempo sentado moderado = 301 a 479

min/d;

muito tempo sentado = acima 480 min/d)

Questionário IPAQ (versão longa)

Média total = 382,2 min/d / M = 352,1 min/d / F = 413,6 min/d

Ferreira et al. Tela + Sentado ≥ 2 h/d Versão adaptada do questionário HELENA

Total semana = 69,2% / fds = 79,6% Leme et al. Tela (0 h/d até > 5 h/d) QDE*** Média:

GE: semana = 4,24 h/d / fds = 3,82 h/d / GC: semana = 3,43 h/d / fds = 4,62 h/d Matsudo et al. ≤ 25 contagens de

atividade/15s

Acelerometria Média total = 499, 7 min/d

Moraes et al. Tela h/sem QDE* ─

Regis et al. Tela + Sentado ≥ 4 h/d Questionário GSHS TV: Total = 13,2% / PC-VG: Total = 9,5% / Sentado: Total = 14,6% Silva; Silva TV > 2 h/d Versão brasileira do

YRBSS

Total = 66% Costa et al. ≤ 25 contagens de

atividade/15 s

Acelerometria Média:

Dia escolar: Total = 132,6 min / M = 126,9 min / F = 137,5 min / 7 a 9 anos de idade = 126,3 min / 10 a 12 anos de idade = 144,2 min

(30)

(continuação) Tabela 2 - Características metodológicas dos estudos avaliados

Autor Pontos de corte e indicadores

Instrumento de avaliação Exposição ao Comportamento Sedentário

Ferreira et al. Tela + Sentado ≥ 3 h/d PeNSE 2012 Total = 62% / M = 59,1% / F = 64,6% Greca; Silva Tela ≥ 2 h/d Questionário PAQ-C Total = 66,8%

Ribeiro et al. Tela > 2 h/d QDE Escolares sem excesso de peso:

51,67% / Escolares com excesso de peso: 47,06%

Silva et al. Tela (h/dia de semana) QDE***** Média:

Grupo 1: Idade 11 = 5,51 h / Idade 15 = 6,88 h / Idade 18 = 6,38 h

Grupo 2: Idade 11 = 3,33 h / Idade 15 = 3,64 h / Idade 18 = 3,46 h

Grupo 3: Idade 11 = 1,37 h / Idade 15 = 1,27 h / Idade 18 = 1,16 h

Tebar et al. Tela ≥ 22 h/sem ─ Baixo CS: 29,3% / Alto CS: 70,7%

Bacil et al. Atividades sedentárias h/d + 100 contagens de

atividade/min

QASA e Acelerometria Elevado CS: Total = 33,3%

Coledam et al. Tela (< 1 h/d, 1 h/d, 2 h/d, 3 h/d, 4 h/d, ≥ 5 h/d)

QDE ─

Costa et al. Tela + Sentado > 2 h/d PeNSE 2015 Total = 68,1% Leme et al. Tela (0 h/d até ≥ 5 h/d) Versão traduzida para o

português do New Moves Questionnaire

Média:

GE: Dias de semana = 3,28 h/d / fds = 4,59 h/d

GC: Dias de semana = 2,97 h/d / fds = 3,96 h/d

Matias et al. Tela + Sentado (1 h/d até 9 h/d)

PeNSE 2015 Média:

Cluster 1 = 2,59 h/d / Cluster 2 = 3,85 h/d / Cluster 3 = 7,78 h/d

Oliveira et al. Tela + Sentado (< 2 h/d, 2-4 h/d, > 4 h/d) Questionário GSHS < 2 h/d: Total = 9,9% / M = 8,8% / F = 10,7% 2-4 h/d: Total = 21,5% / M = 20,5% / F = 22,1% > 4 h/d: Total = 68,6% / M = 70,6% / F = 67,2%

Oliveira et al. Tela (< 2 h/d, 2-4 h/d, > 4 h/d)

QDE**** TV: < 2 h/d = 30,7% / 2-4 h/d = 37,8% / > 4 h/d = 31,5%

PC-Internet: < 2 h/d = 42,2% / 2-4 h/d = 28,8% / > 4 h/d = 29%

Silva et al. Lazer sedentário > 4 h/d + TV > 2 h/d

PeNSE 2012 Lazer sedentário = 37,7% TV = 62,2%

Santos et al. Tela > 2 h/d QDE Total = 75,9%

Ulbricht et al. Tela > 2 h/d Questionário IPAQ (versão curta)

Total = 80,8% / M = 75,2% / F = 79,3% Barbosa Filho et

al.

Tela < 2 h/d Questionário baseado no YRBS GE (pré): TV = 28,7% / PC-VG = 43,7% GE (pós): TV = aumento de 6,4% / PC-VG = aumento de 8,6% GC (pré): TV = 31,1% / PC-VG = 46,6% GC (pós): TV = aumento de 4,7% / PC-VG = aumento de 3,7% Silva; Chaput; Tremblay TV + Tela/Sentado (TV > 2 h/d; Tela/Sentado ≤ 2 h/d, > 2 h/d até ≤ 4 h/d, > 4 h/d) PeNSE 2015 Total:

0 aulas EF/sem: TV = 51,7% / Sentado > 4 h/d = 40,8%

1 a 2 aulas EF/sem: TV = 51,4% / Sentado > 4 h/d = 38,3%

≥ 3 aulas EF/sem: TV = 56,7% / Sentado > 4 h/d = 38,5%

(31)

(conclusão) Tabela 2 - Características metodológicas dos estudos avaliados

Legenda: s = segundos; min = minutos; h = horas; h/d = horas por dia; h/dia de semana = horas por dia de semana; h/sem = horas por semana; min/d = minutos por dia; min/sem = minutos por semana; contagens de atividade/min = contagens de atividade por minuto; fds = final de semana; EF/sem = educação física por semana; PC = computador; VG = vídeo game; TV = televisão; M = masculino; F = feminino; QACV = Questionnaire for Adolescents Computerized Version; PeNSE = Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar; QDE = Questionário desenvolvido pelo estudo; GSHS = Global School-based

Student Health Survey; ISCOLE = International Study of Childhood Obesity, Lifestyle and the Environment; PAQ-C = Physical Activity Questionnaire for Older Children; YRBSS = Youth Risk Behavior Surveillance System; YRBS = Youth Risk Behavior Survey; IPAQ = International Physical Activity Questionnaire; HELENA = Healthy Lifestyle in Europe by Nutrition in Adolescence; HBSC = Health Behaviour in School-Aged Children; QASA = Questionário de Atividades Sedentárias para

Adolescentes; QDE* = Questionário traduzido e “harmonizado” entre países, já utilizado por de Moraes et al. 2012; Rey-Lopez et al., 2011, 2012; QDE** = Instrumento validado/adaptado para jovens brasileiros; QDE*** = Medida modificada previamente utilizada com adolescentes (meninas) por Neumark-Sztainer et al., 2010; QDE**** = Questionário testado em 2011 com 1049 adolescentes do 9o ano de escolas públicas de Brasília, Distrito Federal; QDE***** = Utilizou-se mais de um questionário; GE = Grupo experimental; GC = Grupo controle; CS = comportamento sedentário.

A tabela 3 apresentou que a maioria dos estudos possui desenho de pesquisa transversal (78,9%), e que dos domínios ou variáveis analisadas, as mais prevalentes foram aquelas relacionadas ao excesso de peso corporal (n = 10; 26,3%).

Tabela 3 - Características descritivas dos estudos avaliados Autor Variável (desfecho X

exposição)

Desenho Domínios ou variáveis

Barbosa Filho et al. D ERC Comportamentos em saúde

Christofaro et al.

D TR Sobrepeso, nutrição e

atividade física

Farah et al. E TR FC em repouso

Ferrari et al. D TR Atividade física

Ferrari et al. D TR Composição corporal

Fronza et al.

D TR

Características

sociodemográficas e fatores de risco à saúde

Gordia et al. E TR Hiperglicemia

Leme; Philippi

E ERC Nutrição, obesidade e

atividade física Menezes; Duarte

D TR Características

sociodemográficas

Romero; Borges; Slater D TR Excesso de peso corporal

(continua) Autor Pontos de corte e

indicadores

Instrumento de avaliação Exposição ao Comportamento Sedentário Straatmann et al. Tela min/d Questionário HBSC

(relatório internacional de 2005/2006) 2010: Média M: TV = 195 min/d / VG-PC = 142,1 min/d F: TV = 200,4 min/d / VG-PC = 104,4 min/d 2011: Média M: TV = 192,7 min/d / VG-PC = 166,6 min/d F: TV = 193,5 min/d / VG-PC = 181,6 min/d 2012: Média M: TV = 179,2 min/d / VG-PC = 168,8 min/d F: TV = 177,5 min/d / VG-PC = 161,2 min/d

(32)

(conclusão) Tabela 3 – Características descritivas dos estudos avaliados

Tabela 3 - Características descritivas dos estudos avaliados

Legenda: E = Exposição; D = Desfecho; TR = Transversal; ERC = Ensaio randomizado controlado; CO = Coorte; FC = Frequência cardíaca; E.F. = Educação Física.

DISCUSSÃO

Os resultados de nossa revisão mostram a carência de intervenções dirigidas à redução da exposição ao comportamento sedentário. Somado a isso podemos notar a falta de consenso ainda existente na literatura no que se refere ao modo de classificar e mensurar o CS, tendo sido identificada uma grande variedade de pontos de corte e instrumentos entre os estudos. Estes achados também foram observados em outras revisões (BARBOSA FILHO; CAMPOS; LOPES, 2014; GUERRA; FARIAS Autor Variável (desfecho X

exposição) Desenho Domínios ou variáveis Azeredo et al. E TR Comportamentos em saúde e características sociodemográficas

Barbosa et al. E TR Sintomas depressivos

Felden et al. D TR Sono

Ferreira et al.

D TR

Características

sociodemográficas e nível de atividade física

Leme et al. E ERC Obesidade

Matsudo et al.

E TR

Indicadores de nível socioeconômico, atividade física e sobrepeso/obesidade

Moraes et al. E TR Pressão arterial

Regis et al.

D TR Características

sociodemográficas

Silva; Silva E TR Prática de futebol

Costa et al.

D TR

Características

sociodemográficas, medidas antropométricas, aulas de E.F., desempenho acadêmico

Ferreira et al. D TR Excesso de peso corporal

Greca; Silva D TR Recesso escolar

Ribeiro et al. E CO Excesso de peso corporal

Silva et al. D CO Função pulmonar

Tebar et al. E TR Obesidade abdominal

Bacil et al. D TR Validação de questionário

Coledam et al. E TR Aulas de E.F.

Costa et al. E TR Nutrição

Leme et al. E ERC Obesidade

Matias et al.

D TR Características

sociodemográficas

Oliveira et al. E TR Pressão arterial

Oliveira et al. E TR Nutrição e atividade física

Silva et al. E TR Asma

Santos et al. E TR Síndrome metabólica

Ulbricht et al. E TR Sobrepeso/obesidade

Barbosa Filho et al. D ERC Comportamentos em saúde

Silva; Chaput; Tremblay E TR Aulas de E.F.

(33)

JÚNIOR; FLORINDO, 2016). Esta ausência de padronização traz como consequência resultados diferentes de prevalência do comportamento sedentário para uma mesma população. Estudo com adolescentes catarinenses identificou prevalência de CS maior que 70%, com um ponto de corte ≥ 2 horas diárias (SILVA et al., 2008); uma outra análise com a mesma amostra mostrou prevalência igual a 38,4%, com o ponto de corte ≥ 4 horas por dia (SILVA et al., 2009). A prevalência de exposição ao CS também apresentou grande variação entre as pesquisas desta revisão, o que pode ser reflexo, justamente, da adoção de diferentes pontos de corte e instrumentos por parte dos pesquisadores da área. Ainda assim, conhecer o tempo que é despendido em atividades sedentárias é de grande valia para a elaboração de políticas públicas focadas na redução deste comportamento de risco (SILVA et al., 2016).

Uma questão que ainda carece de consenso entre pesquisadores diz respeito a semântica do termo “comportamento sedentário”. Quatro estudos deixaram de ser incluídos em nossa síntese qualitativa devido a se referirem ao CS como ausência ou prática insuficiente de atividade física, ou ainda como prática de atividade física leve. Seria o comportamento sedentário apenas “inatividade física” com outro nome? Para buscar essa resposta já foram discutidos entre pesquisadores, argumentos favoráveis e contrários ao questionamento (PLOEG; HILLSDON, 2017). Há quem defenda que o CS e o nível de atividade física não são variáveis opostas, mas sim independentes (TAVERAS et al., 2007). Porém, ainda é recorrente ambos os desfechos em saúde serem tratados de forma dependente e equívoca, como apresentado nos resultados do presente estudo. Por entendermos tratar-se de conceitos diferentes, ou seja, variáveis que possuem características e determinantes próprios e que assim se diferem quanto aos desfechos em saúde, sugerimos maior discussão a respeito da relação entre essas duas temáticas.

Independentemente de qualquer tipo de debate, as pesquisas analisadas que investigaram a associação do CS aos desfechos negativos à saúde corroboram as evidências encontradas na literatura, ou seja, mostram que a elevada exposição ao comportamento sedentário se apresenta como importante fator de risco à vida dos adolescentes (BERGMANN et al., 2018; BUSCH; MANDERS; LEEUW, 2013; HALE; GUAN, 2015). Aqueles que gastam mais tempo com televisão e computador, por exemplo, possuem maiores chances de apresentar excesso de peso (ROMERO; BORGES; SLATER, 2015). Adolescentes com maior exposição ao tempo de tela

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têm maior probabilidade de serem inativos fisicamente, consumirem menores quantidades de hortaliças e maiores quantidades de doces, em comparação àqueles menos expostos (CHRISTOFARO et al., 2015). Além desses malefícios, a alta exposição ao CS também pode resultar no acometimento da síndrome metabólica, a qual se refere a um conjunto de fatores de risco que favorecem o aumento de risco de eventos cardiovasculares, doenças das artérias coronárias, diabetes, mortalidade por todas as causas e por doenças cardiovasculares (SARDINHA; MAGALHÃES, 2012). Indivíduos que despendem maior tempo em comportamento sedentário aumentam em 73% o risco de desenvolver essa síndrome (EDWARDSON et al., 2012).

Quanto às estratégias adotadas para a redução do comportamento sedentário, intervenções que envolveram a participação da família, intervenção em hábitos e costumes do cotidiano, e que se utilizaram de tecnologia (como equipamentos que regulam o tempo despendido com televisão, por exemplo) demonstraram resultados satisfatórios na redução do CS (BIDDLE; PETROLINI; PEARSON, 2014). Porém, é importante destacar que grande parte dos estudos de intervenção têm focado em outros desfechos, como atividade física e dieta, tratando o CS apenas como uma variável independente, sendo minoria os experimentos que o investigaram como principal desfecho (BIDDLE; O’CONNELL; BRAITHWAITE, 2011; BUCHANAN et al., 2016). Em revisão sistemática e meta análise com intervenções em comportamento sedentário e atividade física baseadas em sala de aula, não foram encontrados estudos que investigassem somente o CS (MCMICHAN; GIBSON; ROWE, 2018). Ainda assim, este tipo de experimento apresenta resultados mais satisfatórios que aqueles que intervêm no CS combinado à outras variáveis (apesar do pequeno efeito) (BIDDLE; PETROLINI; PEARSON, 2014; BUCHANAN et al., 2016), sugerindo que para se reduzir a exposição ao comportamento sedentário seja necessário um foco maior nesse desfecho e não somente a busca pela sua redução por meio do aumento do nível de atividade física (YOUNG et al., 2016).

Em nossa revisão foi encontrado que 78,9% dos estudos apresentaram desenho de pesquisa de corte transversal. Isto pode ser justificado pela vantagem produtivista desse tipo de pesquisa, uma vez que estudos experimentais e de coorte, por exemplo, exigem maior tempo de coleta e custo mais elevado (RAMIRES et al., 2014). Por outro lado, por se tratar de uma tarefa complexa (haja vista que se trata

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de uma mudança comportamental) na qual estão envolvidos hábitos e práticas diárias realizados de forma automática e a atratividade de equipamentos eletrônicos baseados em tela (BIDDLE; PETROLINI; PEARSON, 2014; BIDDLE; O’CONNELL; BRAITHWAITE, 2011), verifica-se a necessidade da realização de pesquisas que desenvolvam práticas voltadas para a redução do comportamento sedentário, as quais possam promover uma melhor compreensão de como alterações políticas e ambientais contribuem para a redução do CS (YOUNG et al., 2016).

Revisão sistemática sobre Epidemiologia da Atividade Física no Brasil mostrou que 11% das pesquisas na área foram produzidas no Nordeste (HALLAL et al., 2007), no período de 1990 a 2005. Todavia, em nossa revisão o número de estudos advindos dessa região foi superior a 23%. Esse crescimento da contribuição da região Nordeste para a área de Atividade Física e Saúde tem sido significante nos últimos anos e se deve a fatores como, por exemplo, a realização de simpósios e congressos nacionais e internacionais com discussão da temática, e criação e consolidação do primeiro Programa de Pós-Graduação em Educação Física no Nordeste juntamente à elevação da quantidade de doutores nessa região (FARIAS JÚNIOR, 2014). Por outro lado, nossos resultados mostram que o Sul ainda é a região de maior produção da temática no Brasil.

É possível avaliar o comportamento sedentário de diversas formas, como pelo tempo gasto com TV, computador, com leitura e ouvindo música deitado ou sentado, por exemplo (GUERRA; MIELKE; GARCIA, 2014). Para essa mensuração existe também uma grande variedade de instrumentos, tanto objetivos (acelerômetros, inclinômetros, observação direta, entre outros) quanto subjetivos (questionários de autorrelato, diários e recordatórios) (HARDY et al., 2013). Na presente revisão foi baixo o número de trabalhos que fizeram uso de medidas diretas para mensurar o CS (13,1%), sendo escolhida a acelerometria. O acelerômetro é o meio mais utilizado em pesquisas que se utilizam de métodos objetivos (GUERRA; MIELKE; GARCIA, 2014), porém o mesmo deve ser usado com precaução devido à inexistência de protocolos padronizados para identificação do CS (HARDY et al., 2013), e por sua limitação de não identificar o tipo de atividade que é realizada no tempo sedentário (ATKIN et al., 2012), fatores que podem favorecer a utilização do autorrelato (GUERRA; MIELKE; GARCIA, 2014). Ainda assim, a inserção de medidas objetivas por estudos futuros consistirá em grande contribuição para a pesquisa em CS, haja vista que tais instrumentos tendem a complementar os dados

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obtidos por meio do autorrelato e a diminuir o viés de memória (GUERRA; FARIAS JÚNIOR; FLORINDO, 2016). Torna-se importante, portanto, a realização de estudos a fim de elucidar os questionamentos sobre o uso de tais instrumentos (HEALY et al., 2011), considerando também que ainda não há como afirmar se os métodos diretos são melhores que os indiretos e vice-versa, uma vez que ambos apresentam vantagens e desvantagens (LUBANS et al., 2011). Assim,deve-se atentar aométodo mais adequado para alcançar os objetivos propostos.

Tempo de tela foi o indicador mais utilizado para caracterizar o CS nos estudos analisados. O ponto de corte de maior prevalência foi o de duas horas por dia, assim como encontrado em outras revisões sobre comportamento sedentário em adolescentes brasileiros (GUERRA; FARIAS JÚNIOR; FLORINDO, 2016; SILVA et al., 2016). Nota-se, entretanto, certa heterogeneidade entre as pesquisas exploradas (tempo de tela > 2 horas/dia; tela ≥ 22 horas/semana; tela + tempo sentado ≥ 4 horas/dia; tercis de tempo sentado) e uma ampla variedade de pontos de corte (n = 23). Ainda que a maioria dos trabalhos tenha considerado o ponto de corte prescrito e recomendado por importantes órgãos e pesquisadores (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS, 2013; AUSTRALIAN GOVERNMENT, 2014; TREMBLAY et al., 2011) - 2 horas diárias - essa falta de padronização pode ocasionar na publicação de diferentes recomendações acerca do tempo de exposição ao CS (SILVA et al., 2016), que, inclusive, pode gerar dúvida entre os pesquisadores da área, e principalmente entre a população em geral.

Diferentemente de outras revisões que incluíram apenas pesquisas observacionais (GUERRA; FARIAS JÚNIOR; FLORINDO, 2016; SILVA et al., 2016) e não reportaram o ponto de corte utilizado para se estimar o CS (TREMBLAY et al., 2011a), o presente estudo apresenta os pontos de corte dos trabalhos selecionados e não excluiu aqueles que não o fizeram, além de ter selecionado estudos de desenho experimental. Tais fatores colocam-se como pontos fortes da presente revisão, haja vista a necessidade de se discutir qual o ponto de corte a ser utilizado e contribuir na sumarização de dados para futuras discussões. Soma-se a isso o mapeamento realizado, que mostra o decréscimo que se deu no Brasil referente à produção de pesquisas em comportamento sedentário entre os anos de 2015 e 2017 (como observado em nossos resultados), o que torna fundamental o entendimento de como tem sido estudado o comportamento sedentário em adolescentes brasileiros, reforçando a importância do presente estudo.

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Algumas das limitações de nosso estudo seriam a não apresentação das associações do CS como fator de risco e fator de proteção, já que tal análise se faz importante para a melhor compreensão do efeito das atividades sedentárias na vida dos adolescentes; a limitação temporal e de base de dados necessárias para a viabilidade do estudo bem como a ausência de avaliação da qualidade dos manuscritos.

Nossos achados demonstraram não haver uma padronização referente aos indicadores e pontos de corte utilizados para se estimar o comportamento sedentário em crianças e adolescentes brasileiros, o que dificulta a comparação de resultados entre as próprias pesquisas e mostra a necessidade de um consenso sobre a questão. Houve carência de trabalhos que se valem de medidas objetivas e que devem ser estimulados a fazer uso das mesmas, já que complementam os dados do autorrelato e fornecem informações mais fidedignas quanto a exposição do adolescente ao CS, podendo auxiliar na elaboração de recomendações mais precisas. Notou-se também uma baixíssima prevalência de estudos experimentais, sendo necessária maior investigação quanto a eficácia de intervenções voltadas para a redução do comportamento sedentário, haja vista que seus malefícios já estão bem documentados na literatura.

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REFERÊNCIAS

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