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Uma comparação do perfil dos trabalhadores por conta própria com os trabalhadores sem carteira assinada no setor de serviços na RMS no período 2002-2003

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

PABLO DIZ PASSOS DA HORA

UMA COMPARAÇÃO DO PERFIL DOS TRABALHADORES POR CONTA PRÓPRIA COM OS TRABALHADORES SEM CARTEIRA ASSINADA NO SETOR DE SERVIÇOS

NA RMS NO PERÍODO 2002-2003

SALVADOR 2005

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PABLO DIZ PASSOS DA HORA

UMA COMPARAÇÃO DO PERFIL DOS TRABALHADORES POR CONTA PRÓPRIA COM OS TRABALHADORES SEM CARTEIRA ASSINADA NO SETOR DE SERVIÇOS

NA RMS NO PERÍODO 2002-2003

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Economia da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial a obtenção do grau de Bacharel em Economia. Orientador: Dr. Wilson F. Menezes

SALVADOR 2005

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RESUMO

Este trabalho é um estudo sobre economia de serviços e ocupação. Discute-se a questão conceitual de serviços e como esta tem sido apresentada na ciência econômica. Procura-se mostrar a relação entre as transformações que estão acontecendo na economia mundial, seus impactos nas economias locais e a expansão dos serviços, como bens finais. Empiricamente desenvolveu-se uma análise comparativa entre as categorias de trabalhadores por conta própria e os trabalhadores sem carteira assinada no setor de serviços na Região Metropolitana de Salvador, no período de 2002-2003, a partir de uma sistematização e tratamento dos dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego para esta região. Analisou-se o comportamento destas categorias face aos atributos pessoais- gênero, idade, escolaridade, posição no domicílio- setor de atividade, horas trabalhadas e contribuição previdenciária.

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1 INTRODUÇÃO

O nível de desenvolvimento atual das sociedades industriais guarda uma relação direta com o crescimento das atividades de serviços. Mais do que isto, há uma relação de interdependência direta entre os dois setores. A produção industrial demanda cada vez mais serviços externos e externaliza outra parte. Por outro lado o setor de serviços passou a requerer fatores que são ofertados pela indústria. Pode-se afirmar que esta relação setorial reflete uma integração sistêmica entre a indústria e os serviços, em face da dinâmica mais recente do mercado. Tal dinâmica exigiu assim uma nova forma de integração destes setores, capaz de viabilizar a existência do produto e sua realização. O setor de serviços é muito utilizado em etapas do processo produtivo industrial na produção, comercialização e consumo, e as novas formas de organização industrial tem influenciado as formas de mercado do setor de serviços.

As mudanças que ocorreram nas últimas décadas, tanto relacionadas com as novas formas de organização produtiva, como no cenário macroeconômico, impondo um novo padrão de competitividade e de exposição internacional, redesenharam também o mercado de trabalho na economia brasileira, seguindo a tendência mundial de expansão da ocupação no setor de serviços. Este fato induziu a uma maior concentração da oferta de trabalho nas regiões metropolitanas, em função de, entre outros fatos, uma maior disponibilidade e qualificação na oferta de serviços nestas regiões.

Sendo a Região Metropolitana de Salvador – RMS, a que concentra a industrialização no Estado, dado o modelo de desenvolvimento estabelecido para o estado da Bahia a partir dos anos 70, o fluxo migratório populacional também se elevou para este espaço, na busca de ocupação da força de trabalho. As mudanças estruturais ocorridas na economia, com elevação da base técnica para um novo patamar, determinaram inclusive o crescimento do desemprego e por conseqüência a criação de um exército de trabalhadores de reserva que, não absorvidos pelas indústrias locais e

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que buscaram refúgios nos serviços, nas mais variadas condições de ocupação, no mercado formal ou na informalidade, por conta própria ou terceirizado e com rendimentos bastante variados.

Estas mudanças ocorridas na economia real exigiram uma requalificação também no plano da ciência econômica, capaz de apreender tais modificações. Neste sentido aborda-se inicialmente o problema conceitual a partir de um debate ocorrido entre tendências desta ciência, para em seguida compreender-se a dinâmica e a reorganização econômica e sua relação com os serviços e a qualidade da ocupação do trabalho. Construído este escopo, procurou-se fazer uma análise empírica, através dos dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana Salvador PED/RMS, a partir de uma análise comparativa entre duas categorias de ocupação, a dos trabalhadores por conta própria e os sem carteira assinada no setor de serviços, as condições verdadeiras da ocupação nesta Região.

Do ponto de vista metodológico, os dados trabalhados na pesquisa foram selecionados em dois anos consecutivos da série, relativos aos períodos 2002-2003, com a finalidade de tornar a amostra mais significativa. Esta Pesquisa é um levantamento domiciliar contínuo, realizado mensalmente na área urbana dos 10 municípios que compõem a RMS: Camaçari, Candeias, Dias D’Ávila, Itaparica, Lauro de Freitas, Madre de Deus, Salvador, São Francisco do Conde, Simões Filho e Vera Cruz.1

As informações disponibilizadas pela PED são provenientes de uma amostra de cerca de 2500 domicílios localizados na área urbana, e resultam de médias móveis trimestrais dos dados coletados, sendo a média obtida assumida como resultado final do mês de encerramento do trimestre e divulgadas mensalmente.

A Pesquisa de Emprego e Desemprego visa mensurar e caracterizar a população economicamente ativa e suas relações com o mercado de trabalho. Assim, para a categoria de ocupados, a PED

1

Maiores detalhes desta pesquisa - conceitos, metodologia e séries históricas, ver site www.sei.ba.gov.br/pesquisa_sei/notas_ped.htm

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investiga os assalariados com vínculo formalizado, os trabalhadores familiares sem remuneração, os empregados domésticos e, também, os assalariados sem carteira de trabalho assinada e os trabalhadores por conta própria. São para estas últimas categorias que se volta o nosso objeto de estudo.

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2 TRANSFORMAÇÃO NA ECONOMIA E REQUALIFICAÇÃONOS SERVIÇOS

Para autores como Menezes (1999) existe uma relação direta entre o desenvolvimento das sociedades industriais e o crescimento dos serviços e que na atualidade este setor estaria inserido em um modelo que passou a ser denominado de Terceira Revolução Tecnológica. Neste trabalho aborda-se questões que diz respeito a relação entre produtos e serviços que nos interessa aqui mais diretamente, onde se define uma prioridade de produção pela percepção da demanda que muitas vezes nem mesmo existe ainda como um bem na sua forma tangível. Neste caso a publicidade, um instrumento adotado pelo setor serviços, se anteciparia ao produto em sua forma física. Dessa forma, a produção de bens, cuja particularidade seria a diferenciação entre eles, muitas vezes ocorre apenas por uma modificação do design, com avanço na qualidade e redução de custo. Na ciência econômica, Schumpeter (1982) já qualifica teoricamente estes processos para explicar a economia tipicamente capitalista, diferenciando o empresário inovador do tradicional e assim a economia que reproduz um fluxo circular de renda, da que acumula capital.

As transformações que aconteceram ultimamente nas formas de organização da produção e nas exigências do mercado conduziram também a modificações no ramo dos serviços e no modelo de sua aplicabilidade. Para ser mais claro, a importância destas mudanças e do papel do setor de serviços está relacionada com as mudanças ocorridas mais recentemente na economia mundial e no desenvolvimento de cada nação em particular. A demanda por serviços e as novas exigências para sua requalificação guardam desta forma uma relação direta também com o crescimento da renda, e este crescimento faz com que a procura por serviços se intensifique quando comparado com a procura por bens. Nesta direção uma explicação deste fato pode ser dada pela Lei de Engel2, ao qualificar os serviços como bens superiores quando relacionados à renda. Esta lei justifica que, para um dado momento, o aumento do consumo de serviços tem a ver com a

2 Lei de Engel: com o aumento da renda, diminui proporcionalmente a despesa com alimentação, ainda que esta cresça de modo absoluto. Esta lei foi adaptada por teóricos pós-industrialistas [ Clark (1940), Fisher (1945) e Fomastré (1949)] para explicar a expansão dos serviços.

Numa interpretação diacrônica desta lei pode se dizer que, ao longo do tempo, com o crescimento econômico e a elevação do padrão de vida, a demanda final se orienta para o consumo superior e, particularmente, para os serviços.Numa interpretação sincrônica, é possível dizer que, num momento dado, os indivíduos e as famílias, cujos rendimentos são maiores consomem relativamente mais serviços.

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elevação da renda para um grupo de indivíduos e em um segundo momento a ocorrência do crescimento econômico leva a uma expansão do consumo de serviços por parte de toda a sociedade. O crescimento das sociedades industriais e conseqüentemente a sua urbanização conduzem para uma expansão e diversificação do ramo dos serviços e sua maior disponibilidade dependeria do desenvolvimento econômico.

Reflexões nesta direção sobre a lei de Engel também pode ser vista em Brandão, e Ferreira apud Menezes (1999) onde afirma que a proporção de dinheiro gasto com alimentação no domicílio começa a se reduzir e os incrementos marginais são gastos, de início, com bens duráveis e, posteriormente, com itens de luxo, como recreação e assemelhados.

Um outro fato que é particular da atividade do setor serviços diz respeito a sua característica de não ser, na sua maioria, produtos comercializados fazendo com que os seus preços tendam a ser superiores em relação aos produtos industriais de maior competição internacional, porém os salários pagos tendem a se equiparar. Isto tem a ver com a inelasticidade dos produtos do setor de serviços em face da demanda, assim, mesmo na condição de elevação de preços, se ocorrer uma elevação da renda, eleva-se a demanda por serviços, resultando também na elevação do emprego nesse setor.

Nos dias atuais não é isto o que se observa, ampliou-se o consumo dos serviços com a incorporação de segmentos maiores da população, isto é, uma massificação, fazendo com que se reduza substancialmente a condição que lhe era dada, a de produto superior. Mesmo quando se considera que a elevação da renda aumenta o consumo de bens superiores, isto não quer dizer que necessariamente estes bens sejam especificamente serviços, pois quando se admite que os bens superiores são somente os serviços rotula-se o poder de escolha dos membros de uma sociedade que possui um alto grau de individualidade.

A ocorrência de transformações culturais, hábitos, costumes e mesmo modificações demográficas, ou a possibilidade do desenvolvimento socioeconômico para um espaço nacional, exigem a externalização de serviços, em substituição ao que antes era feito pelos próprios indivíduos. Alguns exemplos destas mudanças são o aumento das distâncias entre os locais de

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moradia e de trabalho, maior acesso ao mercado de trabalho pelas mulheres e conseqüentemente a redução de suas atividades domésticas, que passam a ser executadas por diaristas, isto faz com que as pessoas passem a consumir mais serviços como os de restaurantes, lanchonetes, transportes, mão-de-obra para serviços residenciais etc. Um outro fator que também contribui para a expansão deste setor é o crescimento da área de saúde, pela maior demanda da população, cujas taxas de crescimento são bastante elevadas nos países em desenvolvimento. Dado estas mudanças, os serviços podem assim vir a se constituir em uma força motriz para o desenvolvimento, pela geração de emprego e renda.

Ademais, observa-se atualmente que os produtos industriais e os serviços se apresentam como substitutos ou complementares. Esta substitutibilidade se dá quando a indústria, com seus bens sofisticados e de alta tecnologia, tende a ocupar espaços antes reservados aos serviços. Já a complementaridade aparece quando se percebe uma grande interdependência entre as atividades desenvolvidas num e noutro setor. Muitos serviços requerem, cada vez mais, suportes materiais desenvolvidos pela indústria; a complementaridade ainda pode ser vista acompanhando o desenvolvimento da produção de bens materiais que acaba por exigir a prestação de inúmeros serviços.

Deve-se observar que a distinção entre indústria e serviços é pouco pertinente, considerando que estes dois setores estão sempre em interação, ou seja, os serviços não podem prosperar na ausência de um forte setor industrial e logicamente a indústria também depende dos serviços para o seu crescimento. É uma necessidade sistêmica. À medida que aumenta a complexidade e competitividade dos processos de produção, a indústria deve utilizar uma maior quantidade de serviços.

Os novos processos tecnológicos e organizacionais estão redefinindo a integração das atividades econômicas, eliminando cada vez mais a necessidade de segmentação dos setores. Com isto o conceito de serviços está sendo redefinido em função de uma maior demanda por serviços intermediários em relação aos serviços finais, característica mais recente nos grandes centros econômicos. Atualmente uma maior integração destas atividades está criando um novo papel para os serviços, enquanto suporte para as atividades produtivas. Assim, as mudanças organizacionais,

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pré-requisitos para uma maior competitividade da economia, vem reduzindo a ocupação nos ramos produtivos e ampliando a oferta de trabalho no setor de serviços (apesar de não ser suficiente para absorver toda a parcela da força de trabalho em busca de ocupação), uma tendência na economia mundial.

Tradicionalmente o ramo dos serviços foi admitido como sendo um setor vinculado exclusivamente à oferta de atividades infraestruturais da economia, a de armazenamento, transporte e comunicação, cujo objetivo seria o da oferta de serviço final para viabilizar produções agrícola e industrial, tornando possível então o consumo dos bens e a verticalização das empresas. Como já citado na introdução deste trabalho, o consumo por serviços ultrapassa esta dimensão setorial em função de necessidades outras e tem a ver com fatores bastante diferenciados. A forma anterior de entendimento do que seja serviços está relacionada com a própria natureza do desenvolvimento econômico e de sua relação com a produção de bens materiais, como também do próprio desenrolar da ciência econômica, que entendia tais fatos a partir de uma visão segmentada do que seria a produção de bens, distribuição, circulação e realização no mercado.

Compreender o que seja serviços e seu papel na economia passa pelo entendimento de seu conceito e sua heterogeneidade e diversidade de manifestação em relação à unidade espaço-tempo. Este entendimento esteve durante um longo tempo vinculado a uma percepção de economia dividida em setores, categorizados como primário, secundário e terciário, estando neste último as atividades relativas ao que se concebia como serviço, bem como o papel que este desempenhava nas etapas do desenvolvimento, logo em uma dinâmica econômica assim concebida. Desta forma, admitia-se que o desenvolvimento econômico e social para qualquer unidade espacial e qualquer tempo se iniciaria com a agricultura como centro dinâmico, para em seguida ceder lugar a industria, como unidade de transformação, perseguindo assim uma visão bastante linear.

Para o entendimento do desenvolvimento {nos países com expansão de forças produtivas pela introdução da industrialização) dos países centrais, a participação dos serviços, mais especificamente pelo que se denominava por atividades terciárias, e sua participação na criação

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do produto e do emprego, estava vinculada a uma concepção de sociedade de elevada capacidade de consumo.

Observa-se assim que além de uma concepção positiva de economia, de corte setorial, que não trata das inter-relações que existem entre os setores, uma outra visão também estática de desenvolvimento é encontrada na ciência econômica, tanto por admiti-lo como progressivo e por etapas, como por ser considerado uma via natural para todos os espaços do mundo.

A limitação deste tipo de compreensão, relativa à noção de desenvolvimento e de sua dinâmica para espaços e tempo diversos, pode ser percebida quando se observa o modelo de industrialização tardia da América Latina. O resultado desta foi a implantação de uma estrutura bastante limitada em relação à incorporação de novas tecnologias, novos ramos produtivos, escassa integração setorial e sem a inclusão da maioria de sua população aos mercados de trabalho e de consumo. O desenvolvimentismo brasileiro foi uma marca singular deste tipo de exclusão social, comprobatório da incapacidade da industrialização resolver o problema inerente à pobreza e a miséria da maioria de sua população.

2.1 O PROBLEMA NO CONCEITO DE SERVIÇOS

Considerando as questões desenvolvidas anteriormente, um problema deve ser colocado agora: qual seria então um conceito de serviço mais apropriado para entender a diversidade de suas formas em uma economia cada vez mais complexa? Autores como Ecalle François, citado por Menezes (1999), tenta conceituá-lo a partir de um método da eliminação, isto é a exclusão das atividades que não pertenceriam ao ramo dos serviços, como a agricultura, industria, construção e extração. Esta concepção admite que as atividades que compõem os serviços são tão diversas que seria impossível encontrar um ponto comum entre elas. Este conceito que parte da negação de tudo que não é serviços para se chegar ao que é. É um método empirista bastante elementar, senso comum organizado, pouco abstrato e impossível de generalização.

Para tentar resolver problemas conceituais, Gradey, em seu trabalho, a Economia dos Serviços, levanta a hipótese de “impropriedades conceituais que em muito dificultam uma caracterização

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desse setor”. (GRADEY apud MENEZES 1999). Tais limitações conceituais são discutidas por esse autor levando em conta os seguintes fundamentos:

... os serviços não são estocáveis, por isso mesmo não podem ser transportados. Hoje, esta condição pode ser contestada. Com os avanços técnicos muitos serviços podem, sem maiores dificuldades, ser estocados e transportados, a exemplo da produção eletrônica, realizada na área de informática (softs), a produção cinematográfica, discos CD, videos-cassetes, etc., cujos resultados são deslocados especialmente e estocados sem nenhum problema. (MENEZES, 1999, p.144-145).

... o produto dos serviços é imaterial, logo ele desaparece no mesmo momento da produção. Esta é uma condição bastante restritiva, pois a imaterialidade dos serviços pode ser perfeitamente questionada. Basta citar alguns exemplos, tais como restaurantes, hotéis, serviços de reparação etc., que exigem um aporte material significativo e funcionam como verdadeiras fábricas. (MENEZES, 1999, p.145)

... os processos de produção e consumo do serviço são inseparáveis, exigindo grande proximidade e forte interação entre o produtor e o consumidor. Esta característica pode ser encontrada de forma apenas parcial entre as atividades dos serviços cujas prestações exigem uma proximidade física tão estreita entre fornecedor e cliente que sua produção torna-se imediatamente consumo. É o caso dos transportes de pessoas e/ou mercadorias, um espetáculo musical etc., cujas atividades de produção dificilmente podem ser separadas temporalmente de seus respectivos consumos. Assim, para essas atividades, produção e consumo se confundem temporalmente, o que não significa dizer que isso possa ser generalizado para todos os serviços. Os exemplos mencionados no item 1 acima são as referencias. (MENEZES, 1999, p.145).

A partir desses pontos discutidos por Gadrey, pode-se observar as dificuldades para uma melhor qualificação na construção de um conceito para as atividades de serviços. E tentando uma melhor classificação, capaz de viabilizar uma operacionalização empírica do que seja serviços, Gadrey formula um conceito incorporando novas circunstâncias a fim de buscar representar o serviço em toda sua diversidade. Desta forma, ele dividiu os serviços em categorias:

um serviço é, portanto, uma operação realizada por um indivíduo ou organização (a), mas respondendo a uma demanda de outro indivíduo ou organização (b), que visa transformar o estado de uma realidade (c) possuída ou utilizada pra consumo de (b). Normalmente essa relação se verifica com forte interação entre (a) e (b), no entanto o seu resultado não é suscetível de circular economicamente de forma

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independente da realidade (c). A realidade (c) aparece assim como o suporte do serviço realizado por (a) e destinado a (b). O serviço é realizado por um prestatário público ou privado e destinado a um cliente ou usuário na forma de indivíduos, família, empresa e/ou coletividade. (GADREY apud MENEZES, 1999, p.145).

Este exercício também de empiricidade que adota um processo classificatório desenvolvido por Gadrey, na tentativa de uma operacionalidade dos serviços, pouco se diferencia em termos do método adotado por Ecalle François em seu trabalho a “Economia dos serviços” e citado por Meneses (1999), sendo também questionado por alguns estudiosos deste setor dado a fragilidade da construção conceitual que não consegue apreender a diversidade existente nas atividades setoriais. Estes admitem que superar tais limitações requer a construção sólida de uma concepção de economia constituída pela noção de setores, de maneira que seja possível delimitar o espaço onde os serviços podem ser executados. Observa-se aqui também a limitação destes críticos de Gradey, cuja proposta não avança em nada para a construção do conceito, não deixando de ser também classificatório pela introdução da noção de setores, sendo os serviços àquelas ações que se desenvolvem em determinado ramo de atividade. Pelo que se observa continua um circulo vicioso, onde se retorna ao mesmo ponto de partida.

Por mais complexa que seja uma conceituação do setor de serviços, dadas as muitas ambigüidades como pode se verificar, as questões acima ajudam a caracterizar os serviços como uma atividade econômica e que estes cada vez mais são exigências requeridas para as necessidades do modo de viver do homem moderno, dentro de um padrão de sociabilidade como a do mundo atual.

Uma alternativa apontada em Menezes (2001), para superar as limitações de método que são impeditivas para o alcance deste objetivo, é a necessidade de firmar conceitualmente o que seja setor econômico, para então ser possível delimitar o lócus onde os serviços são operacionalizados. Admite este autor que definido assim este conceito se pode perceber a extensão de atividades que se enquadram neste setor. Neste sentido, mesmo mantendo o recorte setorial, o fundamental estaria em não percebê-lo como um ramo econômico particular e separado dos demais. Além disso, não se deve esquecer que por trás de tudo que diz respeito à

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forma de se produzir valores econômicos na sociedade moderna, regida pela lógica do mercado e dos valores de troca, está uma condição sine qua non, a da ação humana que resulta de relações sociais sob a determinação do capital.

As transformações mais recentes na economia como um todo e particularmente no setor de serviços, notadamente no que se refere à afirmação de novas relações de trabalho, tornam possíveis que serviços anteriormente enquadrados como pertencentes ao ramo da informalidade ajustem-se perfeitamente as novas relações de mercado. Analisando estas novas formas, qualificadas por alguns como formas avançadas de relações sociais, pode-se admitir que tais avanços são possíveis, por exemplo, de estabelecer formas contratuais que sejam capazes de externalizar relações anteriormente subordinadas ao direito do trabalho, para o campo comercial. Esta forma microeconômica de flexibilização das relações capital-trabalho, buscando atender a novas exigências da unidade empresa, significa que mudanças no mundo do trabalho estão impondo transformações também no campo jurídico-legal.

A relação entre a dinâmica do mercado e as novas formas de organização da produção e por conseqüência das mudanças nas relações de trabalho, redefine, inclusive pela externalização, os custos da atividade econômica no interior da empresa, pela transferência de riscos e incertezas a terceiros, o que muitas vezes dá a impressão de serviços autônomos em função do aumento cada vez maior da informalidade.

Neste mesmo trabalho e ainda na mesma direção, Menezes argumenta questionando principalmente os trabalhos que adotam a Lei de Engel como um pressuposto positivo e exclusivo para tratar desta questão:

Esse movimento de produção de informalidade vinculada ao próprio desenvolvimento econômico se opõe a muitas especulações acerca do futuro das atividades de serviços. Assim, os estudos baseados na lei de Engel, imaginando os serviços como bens superiores quanto à renda, e na “doença dos custos”, aceitando forte diferença entre a produtividade da indústria e dos serviços, acabam por acreditar numa maior empregabilidade dessas atividades. Isso talvez não se verifique, exatamente porque os novos processos de automação e organização, antes próprios da indústria, invadem quotidianamente o setor de serviços. Nesse momento, pode-se falar muito mais de um efeito afastamento para a questão do emprego, estigmatizando por completo soluções milagrosas para o

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desemprego que avança por quase todos os países. Apesar disso, muitos ainda esperam a sociedade dos “white collars”, dos qualificados, dos superdiplomados, do conhecimento, etc. (MENEZES, 1999,p.146)

Como há um crescimento intensivo na demanda por serviços e cada vez mais externalização, esta torna-se rotineira nas empresas. A mudança no comportamento da economia mundial com a abertura dos mercados e o crescimento cada vez maior da competitividade entre as empresas, particularmente aqui no ramo da indústria, ocorre uma maior produção com diminuição de custos. O setor de serviços vem disponibilizando vagas de trabalho oriundas da produção intermediária ou da produção final, fazendo com isto uma interação entres os dois setores, industria e serviços.

Tomando-se uma tipologia para classificação das atividades de serviços, considerando-as como terciárias inicialmente estas se desenvolveriam atendendo as funções intermediárias complementares dos outros setores e, em épocas posteriores do desenvolvimento, se ampliariam, pois, é no setor de serviços que estão alocados o capital e a mão de obra excedente que não consegue ocupação nem no chamado setor primário, nem no secundário (agricultura e indústria). Nesse caso, tais atividades partiriam em busca de seu próprio mercado, indo atrás dos serviços oferecidos que se estende desde o processo de produção mais moderno, até os mais tradicionais, os chamados trabalhos sem qualificação.

Desenvolvendo uma reflexão a partir de trabalhos dos teóricos denominados de “pós-industrialistas”, que fazem uma desconexão entre o crescimento do setor terciário e as mudanças na indústria pela incorporação de novas tecnologias, Dedecca e Montagner (1992), fazendo uma leitura crítica desta corrente, apontam para as limitações deste pensamento, garantindo que tais dificuldades teóricas refletem dificuldades metodológicas:

Entre as principais hipóteses desta corrente, é possível encontrar um denominador comum que entende que o ritmo e a própria criação de novas atividades terciárias estão determinados pela capacidade de modernização dos setores produtores de bens, em particular na indústria de transformação, através da incorporação e difusão de novas tecnologias. Neste sentido, perde importância a hipótese de que os serviços cresceriam atrelados ao consumo final. No que se refere ao mercado de trabalho, a expansão no nível de emprego nas atividades terciárias, que foi associada ao baixo crescimento da produtividade e aos efeitos do crescimento da urbanização, passa a ser entendida como decorrente, principalmente, do processo

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de reestruturação da indústria suas necessidades de elevação da produtividade. .(DEDECCA ; MONTAGNER, 1992, p.4).

Ainda negando os argumentos dos pós-industrialistas, garantem estes dois autores que, entre outras dificuldades esta corrente também sustentava explicações baseadas em informações por demais agregadas, impossibilitando a compreensão do caráter heterogêneo das atividades terciárias e da percepção da dinâmica intra-setorial e sua ligação com os outros segmentos produtivos.

Autor como Teboul3 (1999), admite que quando se analisa o que seja serviços, percebe-se a má definição que existe em relação a este conceito, dado que tal conceituação apresenta um grau de dificuldade para conseguir explicar objetivamente a formação deste setor. Assim, uma exigência para esta definição estaria em excluir, a princípio, “o conjunto de atividades que, sabidamente, não constitui serviços e, a seguir, examinar a série de atividades restantes para procurar o ponto comum” (TEBOUL, 1999,p.7). Considerando a economia como constituída por setores, os serviços englobariam, por exclusão, as atividades que não estivessem relacionadas com à agricultura, indústria, construção ou até mesmo a extração. Desta forma este setor seria estruturado pelas atividades cuja produção não fosse um bem físico.

Aprofundando um pouco mais a discussão com o modelo analítico de três setores, Dedecca e Montagner (1992) colocam que o desenvolvimento econômico está relacionado com a seqüência natural dos mesmos: o primário, agricultura, inicialmente área de maior ocupação da sociedade. Em sua evolução viria o secundário, através do setor industrial, que se desenvolverá muito rapidamente. E, por fim, o setor terciário ou os serviços, que utilizaria mão de obra externa. Este setor estaria crescendo tanto que hoje, se tornou o mais importante dos três. Dados importantes mostram este grande crescimento dos serviços no mundo, por exemplo, nos Estados Unidos até o final do século XX os serviços já ocupavam mais de 77% da população ativa, enquanto que na agricultura apenas 2,5% se encontram nesta atividade. Outro país em que houve migração entre os setores é o Japão que no inicio do século XX tinha 70% de sua população localizada no setor

3 Teboul (1999) procura descartar a divisão da economia em 03 setores, uma vez que todas as atividades comportam uma dimensão de serviços. Assim, ele busca enquadrar todas as empresas em uma nova distribuição.

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primário e em 1997 o número reduziu para 5,3%. Já na comunidade européia, 47,6% dos trabalhadores estavam no setor de serviços no inicio da década de 70.

Muitos admitem que os principais indicadores utilizados para avaliar a importância das atividades dos serviços são: a posição que estas atividades ocupam na economia, medida pela participação no PIB e/ou pela geração de empregos; e a análise das tendências e transformações que vem ocorrendo na economia mundial.

O argumento, dos defensores da expansão dos serviços e sua maior importância na economia, em grande parte está vinculado a questões como: o aumento da demanda por serviços acontece devido a alguns fatores como o desejo de melhor qualidade de vida, mais tempo de lazer; aumento da sofisticação dos consumidores, levando a necessidades mais amplas de serviços. Para comprovar esta última hipótese, Keynes é um dos autores que especula sobre a mudança de hábitos dos consumidores e a tendência de aumento da demanda pelos serviços em uma sociedade de economia desenvolvida e sofisticada.

“O habitante de Londres poderia pedir por telefone, enquanto tomava o chá da manhã na cama, os diversos produtos de todo o mundo, na quantidade que considerasse adequada, e esperar, com certeza, a pronta entrega dos mesmos à sua porta.” (KEYNES, 1978, p.44).

2.2 DINÂMICA ECONÔMICA, SERVIÇOS E VALORES SOCIAIS

Como visto anteriormente, para entender a questão do desenvolvimento, muitas vezes a dinâmica econômica tem sido relacionada com as transformações nos serviços, constituindo-se assim em um debate entre os economistas a respeito do conceito de serviços sem, contudo, encontrar-se uma unidade teórica e metodológica capaz de explicar tal questão. Para alguns autores, a concepção de setor econômico seria o rumo mais acertado, já para outros a análise de corte setorial por si só não responde ao problema, desde que segmenta a economia e não percebe a articulação entre os setores. Outros concebem a economia como constituída por três setores, sendo o dos serviços aquele cujas atividades se desenvolveriam em um segmento específico da economia de mercado, denominado por terciário e a evolução do sistema teria uma relação com a

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dinâmica natural dos mesmos. A crítica feita a esta corrente é que não haveria nenhuma naturalidade na dinâmica econômica, muito menos o desenvolvimento seria uma condição natural para todos os espaços.

Os que fazem esta crítica admitem que a produção material é o resultado de um processo contraditório que envolve as etapas de produção, distribuição, circulação e consumo e estas não existiriam por si só, isoladamente. Consideram ainda que o objetivo final do sistema econômico é a acumulação de riqueza. Desta forma o entendimento da economia pela sua divisão setorial, por ramos, ou qualificada por segmentos, dificultaria a compreensão do que seja a organização de uma sociedade voltada para a produção e reprodução de valores de troca e conseqüentemente a acumulação de capital.

Uma outra corrente, entretanto, a dos admiradores das transformações do que está ocorrendo no setor serviços, procura afirmar as mudanças comportamentais dos indivíduos, que seria induzida por uma necessidade do sistema, como se estivesse ocorrendo uma revolução nas relações sociais, isto é o que acontece com Rifkins (1999,p.67):

A tendência para alugar automóveis e caminhões está chegando na Europa e em outras partes do mundo. Percebe-se então que, as classes mais abastadas estão abrindo mão de terem posse de um bem material, o que foi até a pouco, ou melhor, ainda é um símbolo de poder e status, pelo simples contrato de uso de um meio de transporte pago mensalmente.

Do ponto de vista das relações humanas, o capitalismo procura reconstruir os seus sistemas de valores no imaginário da sociedade, um jogo ideológico, ao camuflar a origem da propriedade privada da riqueza material, logo as relações sociais estabelecidas entre os homens. Deve-se observar que anteriormente a sociedade distinguia apenas aqueles que demonstravam a posse de bens tangíveis, mas a dinâmica do sistema econômico e a requalificação do que sejam valores sociais, tornam possíveis destacar aqueles que também mesmo não detendo a propriedade espelham a posse desses bens. Isso não significa, porém, que as pessoas estão espontaneamente deixando o seu interesse pela materialidade, tampouco que a propriedade privada dos bens desapareceu, é apenas um imbróglio entre o que seja essência e aparência.

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O leasing é uma destas muitas formas, de venda de serviços, onde as industrias estão implantando novas maneiras de consumo, em substituição à venda de produtos. Conseqüentemente, a relação de posse do bem material, como sempre foi caracterizada, no sentido de domínio da apropriação exclusivamente legal que o indivíduo garante ter sobre as coisas materiais do mundo, capaz de satisfazer inclusive os seus desejos, ganha uma nova configuração, mantendo-se, porém, a lógica do sistema, a da propriedade privada do lucro.

A expansão desta forma de acesso aos bens materiais, o que é uma nova tendência de individualização na sociedade, tende a criar um novo sistema de valoração que sustenta algumas das relações humanas, destacando também o status quo daqueles que detém não apenas a propriedade, mas aqueles que tem acesso a determinados tipos de bens ou serviços.

O fato é que as mudanças que periodicamente estão ocorrendo cada vez mais no interior do sistema capitalista, como resultados de transformações nas forças produtivas e nas formas de organização da produção, dão uma maior complexidade nas operações de negócios em escala ampliada e voltada para um mercado mundial. Antes da revolução industrial a produção de bens estava restrita a unidades familiares como o artesanato e a indústria doméstica, ou até mesmo a manufatura. A cultura, o entretenimento, o lazer e outras formas de atividades consideradas não produtivas também se limitavam ao espaço local.

Alguns autores como Marx (s/d), analisam as formas de produção de bens materiais como eram consideradas nos primórdios do capitalismo, ou seja, a capacidade de se produzir coisas e de reconhecimento social, pelo artesanato, corporações de ofício e manufatura. As exigências de um mercado mundial que cada vez mais se ampliava e a conseqüente redefinição da divisão do trabalho na sociedade vai eliminando estas formas de organização social da produção, assim a demanda por bens e serviços que antes era um requerimento restrito ao espaço de vivência da população, vai sendo paulatinamente atendida por uma oferta que ultrapassa os limites territoriais.

Comunidades diferentes encontram diferentes meios de produção e diferentes meios de subsistência em seu ambiente natural. Seu modo de produção, modo de vida e produtos são por isso diversos... A troca não cria diferença entre os ramos de produção, mas estabelece relações entre os ramos diferentes e transforma-os em atividades mais ou menos interdependentes dentro do conjunto da produção social. A divisão social do trabalho surge aí através da

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troca entre ramos de produção que são originalmente diversos e interdependentes entre si. (MARX, [s/d], p.403).

Neste mesmo sentido, Braverman (1992,p.32) resume o impacto dessa mudança na estrutura de produção e, portanto, o status quo social, as relações humanas nas primeiras décadas do século XX:

Neste mesmo sentido, Braverman (1992,p.32) resume o impacto dessa mudança na estrutura de produção e, portanto, o status quo social, as relações humanas nas primeiras décadas do século XX:

Assim, a população não depende mais de organizações sociais na forma de família, amigos, vizinhos, comunidade, idosos, crianças, mas com poucas exceções deve ir ao mercado, e apenas ao mercado, e não para comprar alimentos, roupas e abrigo, mas também para recreação, divertimento, seguranças, para o cuidado das crianças, dos idosos, dos doentes, dos deficientes. No momento, não só as necessidades materiais e de serviços, mas

também os padrões emocionais de vida, são canalizados por meio do mercado.

No entanto, é importante assinalar que estas mudanças trazem importantes conseqüências, e estas são assimiladas gradativamente pela sociedade, inicialmente de uma maneira ainda muito lenta e isto tem a ver com o padrão de desenvolvimento de cada sociedade. Inclui-se nestas mudanças aquela que se passa no ramo dos serviços, em função destes não se apresentarem como a forma clássica de propriedade, porque são imateriais e intangíveis; são executados e não produzidos.

Apesar desta realidade estar cada vez mais presente no cotidiano dos indivíduos, é fato que para a sociedade do ponto de vista comportamental, a importância da relação social ainda se mantém dentro dos valores onde a propriedade “visível” dos bens materiais é o que importa, assim o pensar e agir ainda continua preso a este ideário. As mudanças econômicas estão tornando relativo este sentimento de propriedade física, no sentido de sua exclusividade. Ao que parece, inicia-se uma nova forma de contrato social, mantendo a essência da forma anterior, com relação ao domínio real da propriedade privada por segmentos sociais específicos, mas tornando possível usufruir as vantagens de acesso a bens e serviços antes restritos apenas a elite social.

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Esmaece o sentido primário de propriedade dos bens pela vulgarização do consumo:

Á medida que os bens baseiam-se mais em informação intensiva, tornam-se interativos e são melhorados continuamente, eles mudam de caráter. Perdem seu status de produto e se transformam em serviços em evolução. O seu valor reside menos no contêiner dentro do qual eles vêm e mais no acesso aos serviços que eles oferecem.(RIFKINS, 1999, p.68).

Muitos exemplos podem ser dados aqui com relação à manutenção dos costumes. Vejamos, os jornais impressos que até pouco tempo atrás eram somente adquiridos em bancas de revistas, agora já podem ser lidos pela internet. Os jornais, por exemplo, estão disponíveis na rede, para acessá-lo requer tempo e mobilização menor do que na forma mais tradicional.

As novas tecnologias, de um lado, tornaram possíveis mudanças de hábitos e costumes dos indivíduos consagrados pela tradição, de outro, possibilitaram o reordenamento na organização da produção e, por conseqüência, em novas formas de apropriação do valor criado. Um exemplo destas mudanças é o que se conceitua como “economias compartilhadas”, abordagem de negócio que ganhou popularidade no início da década de 80, em função do progresso técnico, como foi o caso do New York Times. Por traz das tecnologias, onde os anúncios aparecem e se modificam a partir de animações gráficas que tornam os reclames virtuais acoplados às páginas do jornal on-line, impossíveis de não serem vistos, existe uma empresa que deve tomar total responsabilidade pela manutenção e disponibilização do jornal on-line, dispensando o jornal do custo de adquirir a tecnologia e de contratar pessoal para levar suas páginas ao mundo, juntamente com os anúncios de seus clientes. Portanto numa página do jornal pode-se encontrar um numero imenso de empresas envolvidas no produto final, compartilhando na construção de modernas formas de gestão do negócio, bem como de lucros e gastos. Tais mudanças proporcionadas pelas novas tecnologias significam também, um aumento do desemprego e uma maior concentração de capital, pela eliminação dos grupos empresariais familiar.

Modifica-se, assim, não apenas na forma de organização da produção, mas, também, no plano do imaginário dos indivíduos, o sentimento de propriedade em sua forma mais convencional, a de posse do bem material, encobrindo-se com um véu as contradições sociais e esmaecendo-se as

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cores dos conflitos entre capital e trabalho e entre grupos de capital. Não há muitas vezes, como neste exemplo acima, uma centralização de capitais, permanecendo, porém, os seus fundamentos, que é o da apropriação privada dos meios de produção e a lógica da eterna busca por uma maior taxa de lucro. E as empresas que se antecipam a estas novas formas, conseguem dentro de seu respectivo ramo, durante um certo tempo, a obtenção do chamado lucro extraordinário. A concentração e centralização do capital, entretanto, não necessariamente assume a forma que lhe é mais particular.4

Desta forma, muitas empresas estão abrindo mão de seus produtos para lucrarem com serviços. Esta mudança de foco representa uma inversão, haja vista que até pouco tempo atrás muitos serviços eram acoplados ao bem mediante cobrança de taxa adicional ou gratuitamente, mas como forma de atrair novos compradores.

Neste capitulo observa-se um debate teórico com relação ao desenvolvimento econômico, o grande crescimento no mundo do setor serviços, tendo em vista as mudanças ocorridas em termos econômico, científico-tecnológico, demográfico, culturais, de hábitos e costumes. Bens que antes eram produzidos pelo próprio indivíduo, hoje exige a externalização, por exemplo de serviços e, muitas vezes, a transferência de trabalhadores de outros setores para este. Isto não significa absolutamente que melhorou as condições de vida destes trabalhadores, tampouco que desapareceu ou reduziu a exploração do trabalho. Tais mudanças de um lado ampliam a possibilidade no ramo dos serviços com o trabalho autônomo e de outro, o crescimento do desemprego, a super exploração do trabalhador pela perda de seus direitos legais e a redução de salário. Na periferia do sistema, estes fatos são mais intensivos e mais perversos.

4 Ver a este respeito, notadamente cap.4, Schumpeter,J.A. A teoria do desenvolvimento econômico. S. Paulo: Abril Cultural, 1982.

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3 REORGANIZAÇÃO ECONÔMICA, SERVIÇOS E OCUPAÇÃO

A chamada “nova ordem mundial” vem redefinindo os papéis dos países periféricos na divisão internacional do trabalho, que tende a aprofundar cada vez mais os seus problemas relacionados com o emprego e remuneração do trabalho. O rebatimento desta questão é maior ainda em um país, como o Brasil, que tem grandes disparidades regionais e com economias bastante diferenciadas, no que se refere a organização de seus setores econômicos, redistribuição de renda e ocupação da força de trabalho.

Até a década de 70 a informalidade nos paises periféricos era compreendida como o resultado do desequilíbrio entre a oferta e demanda de trabalho, distorção esta que tinha como causa principal, pelo lado da demanda, o crescimento demográfico e, conseqüentemente, os intensos processos migratórios, que condicionavam uma urbanização totalmente desorganizada nesses países. Mais especificamente no caso brasileiro, relacionou o crescimento do trabalho informal com o modelo de substituição de importações, em função da insuficiência de criação de postos de trabalho. Visto nesta perspectiva, a informalidade passou a ser explicada como uma limitação do desenvolvimento econômico.

Admitia-se assim que estes dois fatos eram os principais condicionantes do aparecimento cada vez maior de atividades e ocupações que apenas reproduziam a subsistência de grandes quantidades de trabalhadores neste período. O desdobramento deste tipo de reflexão condicionou a maneira de se conceber a informalidade como uma alternativa de trabalho exclusiva dos indivíduos pobres, dado que aqueles que tinham renda eram vistos, de uma maneira geral, como os empregados no mercado formal do trabalho. Assim a própria compreensão da economia, do ponto de vista da alocação de sua força de trabalho, era a de dois setores, o formal e o informal.

A grande maioria dos trabalhadores informais está localizada no setor de serviços, isto porque esse setor absorve mão-de-obra excluída das demais atividades econômicas a espera de melhores oportunidades. Esta não é uma condição exclusiva das economias latino- americanas, brasileira, ou da Bahia, mas um fato recorrente na economia mundial.

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A Economia Informal reconhecida na atualidade como parte importante do universo econômico brasileiro, vem se destacando pelo aumento seguido no número de pessoas que hoje dela participam, sendo principalmente um resultado das grandes transformações econômicas, onde ganha destaque o setor de serviços. A característica mais marcante no perfil deste segmento é o de ser constituída em sua maior parte por trabalhadores autônomos e assalariados sem carteira assinada, estando inseridos nas atividades econômicas mais precárias com baixos níveis de remuneração, qualificação, etc.

No Brasil o setor de serviços vem assumindo importância crescente como gerador de postos de trabalho e a Bahia é um dos estados da região Nordeste que se encontra no terrível dilema de busca de criação de empregos neste setor, desde que são cada vez mais restritas as possibilidades nos setores produtivos tradicionais, a agricultura e a indústria. Além disso, a particularidade da economia baiana, cuja industrialização voltou-se fundamentalmente para a produção de bens intermediários, limitou ainda mais a geração de empregos.

A estrutura de ocupação do trabalho no Brasil é bastante heterogênea conforme demonstra o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos – DIEESE, para o ano de 1999. Não obstante constituir-se de um mercado de trabalho com predominância do segmento assalariado (58,7% dos ocupados), ocorre uma significativa parcela de trabalhadores ocupados por conta própria(23,2%), como também de trabalhadores sem remuneração em negócios da família ou mesmo em atividades não remuneradas de subsistência. Um outro detalhe é que a grande maioria da força de trabalho deste país vem sendo absorvida pelo setor de serviços cuja a ocupação corresponde a 41,2%, enquanto o setor agrícola ocupa 24,2% e em menor parcela 12,7% os trabalhadores alocados na indústria. Para a região Nordeste esta distribuição setorial da ocupação da força de trabalho para este mesmo ano foi de 32,1% nos serviços, 40,7% na agricultura e 7,7% na indústria. Para a Região Metropolitana de Salvador a distribuição dos ocupados apresenta neste mesmo ano as seguintes porcentagens: Serviços 58,5%, Indústria 8,1% e o setor agrícola não obteve registro nas estatísticas do DIEESE - .

A transferência de postos de trabalho da agricultura para o setor secundário, e depois para o terciário, em todos os países do mundo, constituiu a mudança mais radical deste século.

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Entretanto, recentemente, tem havido uma mudança estrutural dos postos de trabalho gerada pelo deslocamento da mão de obra da agricultura e indústria para o setor de serviços.

Em uma discussão sobre a questão da dinâmica do emprego, Rifkin observa que pesquisadores desta temática, vinculados ao chamado Grupo de Lisboa, abordam o fato da ocupação de postos de trabalho de uma maneira setorial, mas fazendo restrições sobre a alternativa atual de ser os serviços a solução absoluta para o desemprego:

... até há bem pouco tempo, a criação de emprego nas atividades de serviços conseguia, em parte, compensar o declínio de emprego na indústria, de forma semelhante àquela com que a indústria conseguiu compensar a redução de trabalho na agricultura, nas primeiras décadas deste século. Contudo, a introdução e utilização, no setor dos serviços, de processos baseados na automação e na informática [...] irá limitar o papel desses serviços enquanto travam a onda de desemprego que continua a crescer. (RIFKIN, 1995, p.70)

As transformações na economia mundial intensificadas na década de 1980 proporcionaram alterações na dinâmica do mercado de trabalho, tanto em termos de redistribuição da força de trabalho nos setores econômicos, como na intensificação do desemprego, com deterioração das condições de trabalho, ampliação da informalidade, precarização e superexploração do trabalhador. Muitas vezes a maioria destas alterações são consideradas por algumas correntes teóricas como resultantes das oscilações do ciclo econômico e que, portanto, seriam reajustadas com o retorno do crescimento da economia. Para outros, como é o caso de Mattoso (1999), analisando a particularidade do caso brasileiro na década de 1990, a deterioração das condições e as relações de trabalho podem ser verificadas no crescimento da informalidade e precarização, paralelamente com a redução do mercado formal de trabalho, isto é aquele que garante a “proteção ao trabalhador, tais como a Previdência Social, o fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o Seguro-desemprego...” ainda segundo este autor isto “...pode ser observado pelo crescimento dos trabalhadores sem carteira de trabalho assinada e por conta própria.”(MATTOSO, 1999,p.16).

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Buscando uma comprovação empírica deste fato, Mattoso (1999,p.16) ainda neste mesmo trabalho apresenta alguns indicadores originários das pesquisas da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ou do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos – Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados:

... hoje mais de 50% dos ocupados brasileiros das grandes cidades se encontram em algum tipo de informalidade, grande parte sem registro e garantias mínimas de saúde, aposentadoria, seguro-desemprego, FGTS. Ou seja, três em cada cinco brasileiros ativos das grandes cidades estão ou desempregados(um em cinco) ou na informalidade(dois em cada cinco), sendo que destes últimos uma grande parcela apresenta evidente degradação das condições de trabalho e de seguridade social.

Para o objetivo deste estudo o enfoque de trabalho informal não se pauta na exclusividade da questão da relação legal do trabalho, mas de acordo com a ocupação da força de trabalho, em função da dinâmica econômica e das formas de organização das unidades empregadoras de forças produtivas, onde se inclui o ramo dos serviços. Desta forma não se adota aqui a noção de informalidade como um setor desorganizado, não-estruturado etc. O trabalho informal pode ser tanto aquele desempenhado por alguns segmentos de trabalhadores que preferem desenvolver o seu "próprio negócio", como trabalho autônomo, ou aqueles que se inserem neste setor como estratégia de sobrevivência face à perda de uma ocupação formal5, neste caso, muitas vezes a remuneração não é equivalente a um salário, logo não sendo a regra, mas antes a exceção. Nesta situação o “empregador” (autônomo) também trabalha, podendo fazer uso de ajudantes não-remunerados (geralmente familiares), ou de empregados recebendo valores inferiores ao salário mínimo, não tendo sua carteira assinada, caso típico das microempresas.

Neste sentido a capacidade de geração de renda do trabalho informal tem a ver com a expansão da economia nos setores tipicamente capitalistas, o qual gera demanda por bens e serviços. Ele está assim vinculado seja às cadeias produtivas das empresas capitalistas – é o exemplo de uma costureira que produz para uma empresa no ramo de confecção – ou à capacidade do poder de

5Pode-se defini-los como sendo os trabalhadores distribuídos no chamado sistema simples de produção

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compra dos trabalhadores formais – neste caso o exemplo é o de uma doceira que faz bolos e doces por encomenda.

Observa-se assim o papel subordinado do setor informal ao sistema econômico capitalista. No contorno deste sistema, não é possível tratar o setor informal como uma solução para a ocupação da força de trabalho se não ocorrer um crescimento na economia, tanto nos níveis de investimentos como de elevação dos salários no setor dinâmico.

Do ponto de vista da empregabilidade percebe-se as diferenças entre os trabalhadores vinculados ao segmento informal tipicamente capitalista e aqueles que se encontram no setor não capitalista em ocupações precárias em atividades diversas. Existe porém uma particularidade entre os dois setores (o capitalista e o não capitalista) a inclusão em ambos do grupo de trabalhadores sem carteira assinada, os quais no primeiro caso não seriam informais, mas trabalhadores cujos empregadores desrespeitam a legislação trabalhista vigente.

O fato mais marcante na economia brasileira, do ponto de vista da empregabilidade, diz respeito à permanência da heterogeneidade do trabalho informal mesmo ao se excluir do trabalho informal os trabalhadores sem carteira assinada nas médias e grandes empresas. São diversos os tipos de trabalhadores informais, quando se adota inclusive as definições dadas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

São dois os perfis de trabalhadores que são classificados como autônomos: os que se subordinam ao capital (não como assalariados) pela sua vinculação na esfera da produção – (costureiras) ou na distribuição (vendedores por comissão) – e os que são vendedores de produtos e serviços ao público em geral, como é o caso dos ambulantes, marceneiros, encanadores, pedreiros, pintores etc.

Um outro perfil é o dos que estão vinculados às pequenas empresas familiares, típicos serviços ofertados pelas padarias, confecções, mercearias, oficinas de manutenção, etc., e que em sua maioria existem pelas relações pessoais e demandas de consumidores locais. No entanto, a inserção no mercado deste tipo de unidade produtiva é definida pela lógica do grande capital,

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desde que se este decidir pela incorporação deste tipo de mercado, as pequenas unidades familiares não conseguem competir e são eliminadas pela concorrência.

Na área recentemente definida como economia solidária, onde estão as - cooperativas de trabalho, seja para a produção de bens, seja para a oferta de serviços – neste último inclui-se as famosas “gatas” na oferta de mão de obra para a construção civil, trabalhos agrícolas etc – também são categorizadas como pertencentes ao setor do trabalho informal, mas nada tendo, na maioria das vezes, com o que se poderia qualificar de solidariedade. No caso das falsas cooperativas, o que existe é a apropriação do sobre-trabalho pela figura do capitalista - que burla a legislação trabalhista, eliminando os direitos dos trabalhadores e impondo a precarização - e a introdução do mediador na relação entre o capital e o trabalho.

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4 METODOLOGIA

A Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Salvador (PED/RMS) produz informações sobre a estrutura e dinâmica do mercado de trabalho desta região, através de um levantamento mensal e sistemático sobre o emprego, o desemprego e os rendimentos do trabalho. Ao contrário de outras pesquisas, sua metodologia, ao privilegiar a condição de procura de trabalho, na caracterização da situação ocupacional dos indivíduos, permite captar formas de desemprego que são próprias de mercados de trabalho estruturalmente heterogêneos, como é o caso do brasileiro. Assim, através dela, pode-se evidenciar, além do desemprego aberto (o mais comum e conhecido), o desemprego oculto - por trabalho precário ou desalento.

A PED/RMS é uma iniciativa do Governo do Estado da Bahia, através da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia - SEI -, órgão da Secretaria de Planejamento Ciência e Tecnologia - SEPLANTEC - e da Secretaria do Trabalho e Ação Social - SETRAS, em parceria com o DIEESE, a Fundação SEADE e a Universidade Federal da Bahia (UFBA), através da Faculdade de Ciências Econômicas.

A PED coleta informações mensalmente através de entrevistas com os moradores de dez anos de idade ou mais, em 2.500 domicílios da Região Metropolitana de Salvador, resultando na aplicação de cerca de 9.000 questionários/mês.

A PED/RMS permite o acompanhamento e de aspectos quantitativos e qualitativos da evolução do mercado de trabalho local; seus resultados fornecem preciosas informações para a atuação de gestores do setor público, trabalhadores, empresários, estudiosos do mercado de trabalho, permitindo-lhes elementos essenciais para a tomada de decisões, não apenas no que se refere à área do trabalho, mas também as concernentes ao campo econômico, à política de emprego de um modo geral.

Os principais conceitos metodológicos definidos na Pesquisa de Emprego e Desemprego na RMS utilizados neste trabalho foram os seguintes:

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Plano Amostral - A pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana

Salvador (PED/RMS) tem como unidade amostral o domicílio da área urbana dos 10 municípios que compõem esta região: Camaçari, Candeias, Dias D’Ávila, Itaparica, Lauro de Freitas, Madre de Deus, Salvador, São Francisco do Conde, Simões Filho e Vera Cruz. Estes municípios estão subdivididos em 17 distritos, 22 subdistritos, 165 Zonas de Informação (ZI) e 2.243 setores censitários (SC). A metodologia de sorteio produz uma amostra equiproporcional em dois estágios, sendo os setores censitários sorteados dentro de cada ZI e os domicílios dentro de cada SC. As informações de interesse da pesquisa são coletadas mensalmente através de entrevistas realizadas com os moradores de dez anos de idade ou mais, em aproximadamente 2.500 domicílios, que representam uma fração amostral de 0,35% do total de domicílios da RMS. Em alguns casos, a significância pode chegar a nível municipal.

Médias Trimestrais - Os resultados são divulgados mensalmente e expressam médias

trimestrais móveis dos indicadores produzidos. Isto significa que as informações referentes a determinado mês representam a média dos dados coletados no último mês e nos dois meses que o antecederam.

Revisão de Índice - A partir de fevereiro de 2001, as séries de índices foram revisadas

com base nas novas estimativas demográficas, obtidas através do Censo realizado pelo IBGE em 2000.

PRINCIPAIS CONCEITOS

PIA - População em Idade Ativa: corresponde à população com dez anos

ou mais.

PEA - População Economicamente Ativa: parcela da PIA ocupada ou

desempregada

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a. possuem trabalho remunerado exercido regularmente;

b. possuem trabalho remunerado exercido de forma irregular, desde que não estejam procurando trabalho diferente do atual. Excluem-se as pessoas que, não tendo procurado trabalho, exerceram de forma excepcional algum trabalho nos últimos 30 dias;

c. possuem trabalho não remunerado de ajuda em negócios de parentes, ou remunerado em espécie ou benefício, sem procura de trabalho.

b. irregular, ou seja, em caráter ocasional e eventual, algum trabalho remunerado (ou pessoas que realizam trabalho não remunerado em ajuda a negócios de parentes) e que procuraram mudar de trabalho nos 30 dias anteriores ao da entrevista, ou que, não tendo procurado neste período, o fizeram até 12 meses atrás; (ii) por desalento: pessoas que não possuem trabalho e nem procuraram nos últimos 30 dias, por desestímulos do mercado de trabalho ou por circunstâncias fortuitas, mas procuraram efetivamente trabalho nos últimos 12 meses.

Inativos (maiores de 10 anos) - Correspondem à parcela da PIA que não

está ocupada ou desempregada.

PRINCIPAIS INDICADORES

Taxa Global de Participação - é a relação entre a População

Economicamente Ativa e a População em Idade Ativa (PEA/PIA). Indica a proporção de pessoas com dez anos ou mais incorporadas ao mercado de trabalho, como ocupados ou desempregados.

Taxa de Desemprego Total - eqüivale à relação Desempregados/PEA, e

indica a proporção da PEA que se encontra na situação de desemprego aberto ou oculto. Todas as taxas de desemprego divulgadas, referentes a

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tipos específicos de desemprego (aberto ou oculto) ou a atributos pessoais selecionados, são calculadas como uma proporção da PEA.

Rendimentos - rendimento médio: refere-se à média trimestral do

rendimento mensal real no trabalho principal. A média trimestral é calculada a partir de valores nominais mensais, inflacionados pelo IPC/SSA (SEI/SEPLANTEC), até o último mês do trimestre. Os dados de rendimento, investigados em cada mês, referem-se ao mês imediatamente anterior e, portanto, têm sempre esta defasagem em relação às demais informações da pesquisa. Assim, os dados apurados no trimestre maio/julho, agora divulgados, correspondem à média do período abril/junho, a preços de junho;

Rendimentos do Trabalho - Rendimento monetário bruto (sem

descontos de imposto de renda e previdência social) efetivamente recebido pelo ocupado, referente ao trabalho realizado no mês imediatamente anterior ao da entrevista. Esta remuneração pode ser resultante do trabalho principal, de trabalhos adicionais ou de pensão/aposentadoria, paga por uma só fonte, por várias delas ou de todas ao mesmo tempo. Para os assalariados são considerados descontos por falta, etc., ou acréscimos devido a horas extras, gratificações, etc. O décimo-terceiro salário e os benefícios indiretos não são computados nesta situação. Para os empregadores, contas-próprias e demais é considerada a retirada mensal, não incluindo os lucros do trabalho, da empresa ou do negócio. Quando o empregado assalariado começou a trabalhar recentemente e, por isso, ainda não recebeu a remuneração correspondente ao mês de referência é registrada sua remuneração contratual. Se o trabalhador iniciou seu trabalho atual no mês da pesquisa sua remuneração é igual a "zero";

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pelos ocupados na semana anterior à da entrevista no trabalho principal. Incluem-se, além da jornada normal de trabalho, as horas extras trabalhadas e também o tempo gasto para a realização de trabalhos, tais como preparo de aulas e correção de provas, no caso de professores, horas despendidas na compra de suas mercadorias, no caso de feirantes. São excluídas as horas que o indivíduo deixou de trabalhar devido a circunstâncias várias, como feriado, greve, motivo de doenças, etc.

Para esta mesma pesquisa as definições metodológicas referentes à posição na ocupação usadas nesta PED-RMS são as seguintes:

Empregado: é o trabalhador que tem vinculo empregatício

caracterizado pela legislação vigente, com ou sem carteira de trabalho assinada, como aquele cujo vinculo com o empregador não é formalizado, seja porque recebe remuneração em espécie/benefício, seja porque o vinculo se traduz em contrato de autônomo que implica compromisso de entrega do trabalho, em prazo determinado (produção de serviços, peças, tarefas);

Conta-própria ou autônomo: pessoa que explora seu próprio negócio

ou ofício e que presta seus serviços diretamente ao consumidor ou para determinada(s) empresa(s) ou pessoa(s). O individuo nesta situação tem autonomia para organizar seu próprio trabalho (horário, forma de trabalhar, ter sócio(s) ou ajudante em períodos de maior volume de trabalho, etc.);

Empregador: é identificado como a pessoa que é proprietária de um

negócio e/ou empresa, ou que exerce uma profissão ou ofício e tem, normalmente, pelo menos um empregado remunerado permanente. O profissional universitário que tem três ou mais empregados remunerados

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permanentes é também considerado como empregador. Não é incluído nessa categoria individuo que só tem empregado doméstico, empregado não-remunerado ou eventualmente empregado remunerado contratado em períodos de maior trabalho.

Para a PED – RMS no Setor de Serviços :estão incluídos as atividades de Transporte e Armazenagem; Utilidade Pública; Especializados; Administração Pública, Forças Armadas e Polícia; Creditícios e Financeiros; Comunicação; Diversão, Radiodifusão e Teledifusão; Comércio, Administração de Valores Imobiliários e de Imóveis; Serviços Auxiliares; Outros serviços de Reparação e Limpeza; Alimentação, Educação, Saúde, Serviços Comunitários, Oficinas de Reparação Mecânica e Outros Serviços.

Referências

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