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Qualidade da paisagem e fitodiversidade. Contributo para o ordenamento e gestão de áreas costeiras de elevado valor natural

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA. QUALIDADE DA PAISAGEM E FITODIVERSIDADE CONTRIBUTO PARA O ORDENAMENTO E GESTÃO DE ÁREAS COSTEIRAS DE ELEVADO VALOR NATURAL. TESE APRESENTADA PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM ARQUITECTURA PAISAGISTA. Orientador: Doutor Javier Loidi Arregui Co-orientador: Doutor Luís Paulo Ribeiro Co-orientador: Doutor José Carlos Costa. JÚRI Presidente: Reitor da Universidade Técnica de Lisboa Vogais: Doutor Javier José Loidi Arregui, professor catedrático da Universidade do País Basco, Espanha; Doutor Carlos Silva Neto, professor associado do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa; Doutora Maria Cristina da Fonseca Ataíde Castel-Branco, professora associada do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa; Doutor José Carlos Augusta da Costa, professor associado do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa; Doutora Teresa Dulce Portela Marques, professora auxiliar da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto; Doutor Luís Paulo Almeida Faria Ribeiro, professor auxiliar do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa.. PEDRO MIGUEL RAMOS ARSÉNIO. Lisboa 2011.

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(5) UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA. QUALIDADE DA PAISAGEM E FITODIVERSIDADE CONTRIBUTO PARA O ORDENAMENTO E GESTÃO DE ÁREAS COSTEIRAS DE ELEVADO VALOR NATURAL. TESE APRESENTADA PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM ARQUITECTURA PAISAGISTA. Orientador: Doutor Javier Loidi Arregui Co-orientador: Doutor Luís Paulo Ribeiro Co-orientador: Doutor José Carlos Costa. JÚRI Presidente: Reitor da Universidade Técnica de Lisboa Vogais: Doutor Javier José Loidi Arregui, professor catedrático da Universidade do País Basco, Espanha; Doutor Carlos Silva Neto, professor associado do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa; Doutora Maria Cristina da Fonseca Ataíde Castel-Branco, professora associada do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa; Doutor José Carlos Augusta da Costa, professor associado do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa; Doutora Teresa Dulce Portela Marques, professora auxiliar da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto; Doutor Luís Paulo Almeida Faria Ribeiro, professor auxiliar do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa.. PEDRO MIGUEL RAMOS ARSÉNIO Lisboa 2011.

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(7) RESUMO A presente tese pretende discutir metodologias de ordenamento e gestão da paisagem, em particular no contexto das áreas costeiras de elevado valor natural e paisagístico. Nela se discutem conceitos, aplicam metodologias de avaliação da paisagem e se propõem novas formas de delinear estratégias de planeamento e gestão visando conciliar as actividades humanas com a conservação e gestão sustentável dos recursos naturais e de ordenamento e gestão da paisagem. Em concreto: a) é discutido o conceito de paisagem com recurso à abordagem ontológica; b) são estudados métodos de avaliação de qualidade visual da paisagem; c) é discutida a utilidade da Fitossociologia como ferramenta útil ao estudo e avaliação da qualidade ecológica da paisagem; d) são aplicadas ao litoral do Sudoeste Alentejano metodologias de avaliação da qualidade visual, bem como de qualidade ecológica da paisagem. Como principais resultados obtiveram-se: d.1) o modelo espacial de qualidade visual da paisagem do Sudoeste Alentejano; d.2) o modelo espacial da qualidade ecológica (ou natural) baseado na caracterização detalhada da flora e vegetação do Sudoeste Alentejano; e) são discutidas estratégias de ordenamento e gestão da paisagem que garantam a salvaguarda dos valores naturais em presença, num quadro de desenvolvimento económico consentâneo com a preservação da identidade cultural da região e da qualidade visual da paisagem. Palavras-chave:. Paisagem,. Ontologia,. Percepção,. Q-Sort,. Qualidade. Ecológica, Qualidade Visual, Fitossociologia, Cartografia de Vegetação, Gestão da paisagem, Ordenamento do Território.. i.

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(9) ABSTRACT This thesis aims to discuss the planning and landscape management methodologies, particularly in the context of high natural value coastal areas. It discusses concepts, applies landscape assessment methodologies and proposes innovative ways to formalize planning and management strategies aimed at reconciling human activities with the conservation and sustainable management of natural resources. Specifically, this thesis: a) discusses the concept of landscape using an ontological approach; b) studies how to assess landscape visual quality; c) investigates the usefulness of Phytosociology as a tool for studying and assessing landscape’s ecological quality; d) applies the studied assessment methodologies, both in visual and in ecological landscape quality, to the Southwest Alentejo coastal area. The main results of these applications are: d.1) a spatially explicit model of Southwest Alentejo’s landscapes visual quality; d.2) a spatially explicit model of the study area’s ecological value, based on a thorough description of its flora and vegetation; e) some planning and management strategies are discussed, as means of insuring the preservation of the study area’s landscape qualities and cultural identity within a context of economic development. Keywords: Landscape, Ontology, Perception, Q-Sort, Ecological Quality, Visual Quality, Phytosociology, Vegetation Mapping, Landscape Change, Landscape Planning and Management.. iii.

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(11) ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 1 1.1. JUSTIFICAÇÃO E OBJECTIVOS ..................................................... 2. 1.2 ESTRUTURA DO DOCUMENTO ................................................... 3 2. SISTEMATIZAÇÃO DE CONCEITOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................... 5 2.1 O CONCEITO DE PAISAGEM – DISCUSSÃO COM RECURSO À ABORDAGEM ONTOLÓGICA .................................................... 5 2.1.1 As ontologias como ferramentas de organização de conhecimento............................................................................ 9 2.1.2 Mapas conceptuais ................................................................... 12 2.1.3 Componentes da Paisagem ..................................................... 16 2.1.4 Síntese .......................................................................................24 2.2 A QUALIDADE VISUAL DA PAISAGEM ......................................27 2.2.1 Preferência versus percepção da paisagem ..............................27 2.2.1.1 Preferência como fenómeno interno ao observador ........... 28 2.2.1.2 A percepção como fenómeno externo ao observador .......... 32 2.2.2 A qualidade visual da paisagem e o seu estudo ......................33 2.2.3 Síntese .......................................................................................43 2.3 A FITOSSOCIOLOGIA E A SUA UTILIDADE COMO FERRAMENTA DE ESTUDO E GESTÃO DA PAISAGEM ..........44 2.3.1 Sobre a utilidade da Fitossociologia no estudo da Fitodiversidade .........................................................................47 2.3.2 Sobre a utilidade da Fitossociologia no estudo da dinâmica das fitocenoses .......................................................................... 51 2.3.3 Sobre a utilidade da Fitossociologia no estudo da distribuição espacial das fitocenoses ............................................................55 2.3.4 Síntese .......................................................................................57. 3. QUALIDADE VISUAL DA PAISAGEM DO SUDOESTE ALENTEJANO .......................................................................................... 61 3.1 INTRODUÇÃO ................................................................................. 61 3.2 ESTUDO DA QUALIDADE VISUAL DA PAISAGEM COM RECURSO À METODOLOGIA Q-SORT ....................................... 61 3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS ..........................................69 3.3.1 Relação entre qualidade visual da paisagem e procura para recreio .......................................................................................70 3.3.2 Análise inferencial (Regressão linear)..................................... 71 3.3.3 Análise TWINSPAN ................................................................74 3.4 PREPARAÇÃO DA CARTOGRAFIA RELATIVA AOS FACTORES CONSIDERADOS ....................................................... 81. v.

(12) 3.4.1 3.4.2 3.4.3 3.4.4 3.4.5 3.4.6. Visibilidade para massas de água ............................................ 82 Formas de Relevo .................................................................... 86 Densidade da cobertura vegetal .............................................. 89 Estrutura da cobertura vegetal ................................................. 91 Visibilidade para elementos de património construído ........ 93 Carácter tradicional da paisagem ........................................... 96. 3.5 CARTA DE QUALIDADE VISUAL DA PAISAGEM DO SUDOESTE ALENTEJANO ............................................................. 97 4. A PAISAGEM VEGETAL DO SUDOESTE ALENTEJANO ..............103 4.1 INTRODUÇÃO ............................................................................... 103 4.2 GEOLOGIA E MORFOLOGIA ...................................................... 104 4.2.1 Considerações gerais .............................................................. 104 4.2.2 A Peneplanície Alentejana e o maciço marginal (serras de Grândola e Cercal) ................................................................. 104 4.2.3 A plataforma litoral ................................................................ 106 4.2.4 Coberturas arenosas, (praias, dunas recentes e antigas) ....... 107 4.2.5 As arribas litorais .................................................................... 109 4.2.6 A circulação hidrológica e as escorrências permanentes de água nas arribas xistosas .......................................................... 111 4.3 CLIMATOLOGIA E BIOCLIMATOLOGIA .................................. 114 4.3.1 Clima regional ........................................................................ 114 4.3.2 Bioclima .................................................................................. 115 4.4 BIOGEOGRAFIA ............................................................................. 119 4.4.1 Província Lusitano-Andaluza Litoral .................................... 120 4.4.2 Província Mediterrânica Ibérica Ocidental ........................... 122 4.5 CARACTERIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO NATURAL E SEMINATURAL DA ÁREA EM ESTUDO .................................... 123 4.5.1 Flora ........................................................................................ 123 4.5.2 Vegetação ................................................................................ 131 4.5.2.1 Localidades estudadas ..................................................... 132 4.5.2.2 Correspondência entre sintáxones e os habitat NATURA 2000. .............................................................................. 150 4.6 SÍNTESE DA PAISAGEM VEGETAL DO SUDOESTE ALENTEJANO – SÉRIES, GEOSSÉRIES E GEOPERMASSÉRIES DE VEGETAÇÃO ............................................................................ 156 4.6.1 Séries de vegetação climatófilas ............................................. 157 4.6.1.1 Viburno tini-Oleo sylvestris sigmetum ............................. 157 4.6.1.2 Asparago aphylli-Querco suberis sigmetum ...................... 158 4.6.1.3 Oleo sylvestris-Querco suberis sigmetum .......................... 159 4.6.1.4 Lavandulo viridis-Querco suberis sigmetum .................... 161 4.6.1.5 Ulici welwitschiani-Querco broteroi sigmetum................. 162. vi.

(13) 4.6.2 Complexos de vegetação ripícola e outros tipos de vegetação aquática (geosséries higrófilas e aquáticas) ........................... 164 4.6.2.1 Cabeceiras de linhas de água ........................................... 165 4.6.2.2 Bosques paludosos ............................................................ 165 4.6.2.3 Ribeiras não torrenciais, de águas lóticas e tendencialmente oligotróficas ..................................................................... 166 4.6.2.4 Outra vegetação aquatica ou helofítica ............................ 169 4.6.3 Vegetação costeira (complexos de vegetação e geopermasséries costeiras, ou halogeopermasséries) ........... 173 4.6.3.1 Complexo de vegetação dunar .......................................... 173 4.6.3.2 Geopermassérie das arribas (Querco cocciferae-Junipero turbinatae geopermasigmetum) ....................................... 174 4.6.3.3 Geopermassérie halófila de sapal ..................................... 176 4.7 QUALIDADE ECOLÓGICA DA PAISAGEM DO SUDOESTE ALENTEJANO ................................................................................. 180 4.7.1 Aspectos metodológicos da abordagem cartográfica ........... 180 4.7.1.1 Sistema de Referência ...................................................... 181 4.7.1.2 Âmbito geográfico ............................................................ 182 4.7.1.3 Legenda das unidades cartografadas ................................ 184 4.7.2 Avaliação da qualidade ecológica pelo método de Loidi (2008) ...................................................................................... 184 4.7.2.1 Critérios fundamentais: ................................................... 185 4.7.2.2 Critérios complementares: ................................................ 188 4.7.2.3 Índices de qualidade ecológica: Valor Biológico (B) e Interesse para Conservação (CI) ..................................................... 189 4.7.3 Evolução histórica recente da paisagem do Sudoeste Alentejano .............................................................................. 194 4.7.3.1 Relatos históricos da paisagem – o exemplo do Dicionário Geográfico (1758) ............................................................ 195 4.7.3.2 Situação pré-revolução industrial: Carta de Pery (1893)... 198 4.7.3.3 O período do modelo Químico-Mecânico: Cobertura aerofotográfica USAF (1958) ............................................ 202 4.7.3.4 A paisagem actual: cobertura aerofotográfica digital IGP (2005) ............................................................................. 206 4.8 VARIAÇÃO ESPACIOTEMPORAL DO VALOR ECOLÓGICO NO PERÍODO 1958-2005 ................................................................ 216 5. RELAÇÕES ENTRE QUALIDADE VISUAL, QUALIDADE ECOLÓGICA E FITODIVERSIDADE DO SUDOESTE ALENTEJANO – CONTRIBUTO PARA O ORDENAMENTO E GESTÃO DE ÁREAS COSTEIRAS DE ELEVADO VALOR NATURAL E PAISAGÍSTICO ..............................................................227 5.1 QUESTÕES RELEVANTES IDENTIFICADAS PELO ESTUDO DE CASO ................................................................................................227 5.2 IMPORTANCIA DA DEFINIÇÃO DE PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO ............................................................................. 231 vii.

(14) 6. CONCLUSÕES E PROPOSTA DE TRABALHOS FUTUROS ........ 239. BIBLIOGRAFIA............................................................................................. 245 ANEXOS ......................................................................................................... 273 ANEXO I .................................................................................................. 275 ANEXO II................................................................................................. 283 ANEXO III ............................................................................................... 335. viii.

(15) ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 – Estrutura da tese. ................................................................................4 Figura 2 – Representação hipotética de uma paisagem do período Devónico Inferior (408-390 M.a.) elaborada por M. Parrish (Department of Paleobiology, Smithsonian Institute), apud Hueber (2001). ................. 8 Figura 3 – Representação (teórica) gráfica da ontologia de paisagem proposta por Lepczyk, Lortie & Anderson (2008) .......................................... 12 Figura 4 – Mapa conceptual da componente física da paisagem. ................... 18 Figura 5 – Mapa conceptual da componente biológica da paisagem .............20 Figura 6 – Mapa conceptual da componente cultural da paisagem. .............. 21 Figura 7 – Mapa conceptual do conceito de paisagem. ...................................23 Figura 8 – Representação do conceito gráfico de paisagem apresentada por Steiner (2000), frequentemente designado por “the layer cake model”. ................................................................................................24 Figura 9 – Modelo de interpretação da resposta afectiva/emocional a um ambiente natural (Ulrich 1983). .......................................................28 Figura 10 – Representação da proporção relativa da informação sensorial que aflui instantaneamente ao cérebro humano e da fracção desta que é processada de forma consciente, de acordo com Nørretranders (1999). Fonte da imagem: Introworks (2010) ...................................30 Figura 11 – Representação gráfica do conceito de percepção directa de paisagem. ...........................................................................................32 Figura 12 – Representação gráfica do conceito de percepção indirecta de paisagem. ...........................................................................................33 Figura 13 – Serviços prestados pelos ecossistemas, segundo o quadro de referência estabelecido no Millennium Ecosystem Assessment (Pereira et al. 2010)...........................................................................................42 Figura 14 – Modelo teórico do processo de sucessão ecológica, com base numa tipologia ecofisionómica de comunidades vegetais (Aguiar, inéd.) ..................................................................................................52 Figura 15 – Correlação espacial entre formas simples de relevo, unidades fundamentais da carta de morfologia da paisagem (Magalhães et al. 2007; Magalhães 2001) e unidades fundamentais da Fitossociologia Dinâmico-Catenal. ............................................................................59 Figura 16 – Modelo de alteração da paisagem para a criação de futuros alternativos (Steinitz 2003). Extraído de (Dangermond 2010)........60 Figura 17 – O farol do cabo Sardão, um elemento do património construído com grande valor enquanto ‘landmark’ da região. Foto do autor. .66 Figura 18 – Disposição das fotografias segundo uma matriz rectangular de 10 colunas por cinco linhas, considerando a distribuição forçada das fotografias pelas diferentes classes de qualidade visual (Extraída de Mendes (2010))...................................................................................68. ix.

(16) Figura 19 – Registo fotográfico de alguns dos inquéritos efectuados............. 69 Figura 20 – Representação da função de regressão exponencial encontrada entre o valor da qualidade visual média de cada fotografia e a frequência com que esta foi seleccionada para utilização no âmbito de actividades de recreio................................................................... 70 Figura 21 – Gráfico P-P dos resíduos relativamente à regressão obtida. ........ 72 Figura 22 – Análise de componentes principais dos factores considerados na apreciação da qualidade visual da paisagem. .................................. 73 Figura 23 – Tabela simplificada dos resultados da classificação executada pelo TWINSPAN. ............................................................................. 75 Figura 24 – Grupo de fotografias A: fotografias 14, 20 e 21 dispostas da esquerda para a direita, respectivamente (ordem de acordo com a tabela ordenada TWINSPAN). ........................................................ 76 Figura 25 – Grupo de fotografias C: fotografias 30, 44, 45, 46, 48, 50 e 49 ordenadas da esquerda para a direita e de cima para baixo, respectivamente (ordem de acordo com a tabela ordenada TWINSPAN). .................................................................................... 77 Figura 26 – Caracterização dos grupos gerados pela classificação TWINSPAN, por género. ................................................................. 77 Figura 27 – Caracterização dos grupos gerados pela classificação TWINSPAN, por nacionalidade. ..................................................... 78 Figura 28 – Caracterização dos grupos gerados pela classificação TWINSPAN, por estatuto de residência.......................................... 78 Figura 29 – Caracterização dos grupos gerados pela classificação TWINSPAN, por nível de instrução. ............................................... 79 Figura 30 – Caracterização dos grupos gerados pela classificação TWINSPAN, por escalão etário. ...................................................... 80 Figura 31 – Caracterização dos grupos gerados pela classificação TWINSPAN, por proveniência. ........................................................ 81 Figura 32 – Tipos de visibilidade considerados na análise de visibilidade para massas de água. ................................................................................. 83 Figura 33 – Modelo teórico de análise de visibilidade. ................................... 83 Figura 34 – Carta de visibilidade (potencial) para massas de água (escala 1 / 400 000)......................................................................................... 85 Figura 35 – Carta de formas de relevo (escala 1 / 400 000). ............................ 88 Figura 36 – Carta de densidade da cobertura vegetal (escala 1 / 400 000)....... 91 Figura 37 – Carta de estrutura da cobertura vegetal (escala 1 / 400 000). ...... 93 Figura 38 – Carta de visibilidade para elementos de património construído (escala 1 / 400 000)............................................................................. 95 Figura 39 – Carta do carácter tradicional da paisagem (escala 1 / 400 000). .. 97. x.

(17) Figura 40 – Troço de costa a norte de Milfontes, constituído por uma faixa de terreno suavemente inclinado para ocidente, favorecendo a visibilidade para o mar. Foto do autor.............................................99 Figura 41 – Laranjais de produção intensiva na localidade de Malavado. Foto do autor. ........................................................................................... 100 Figura 42 – Carta de qualidade visual da paisagem do Sudoeste Alentejano (escala 1 / 400 000). ........................................................................... 101 Figura 43 – As regiões estruturais do sul de Portugal segundo Ribeiro et al. (1979). ............................................................................................... 105 Figura 44 – Carta Geológica do sul de Portugal segundo Feio (1983). ......... 107 Figura 45 – Esquema teórico do processo de transporte das partículas arenosas da faixa litoral para o interior, ocorrido durante os períodos frios e secos do Quaternário. ........................................... 108 Figura 46 – Geopermasigmetum psamófilo e permasigmetum rupícola das arribas areníticas. .............................................................................. 110 Figura 47 – Comunidades vegetais associadas respectivamente às dunas holocénicas recentes, arribas xistosas com escorrência permanente de água, dunas e coberturas arenosas antigas, dunas consolidadas e depósitos mio-plio-quaternários, segundo a designação utilizada por Ramos (1990). ............................................................................. 112 Figura 48 – Esquema de circulação hidrológica que permite a formação das “microcascatas” permanentemente alimentadas nas arribas xistosas do Alentejo litoral. ........................................................................... 113 Figura 49 – Gráficos termopluviométricos das estações mais representativas da área em estudo. ............................................................................ 115 Figura 50 – Termotipos dominantes no sul de Portugal segundo a classificação de Rivas-Martínez (2005). Extraído de: Mesquita (2009). ............................................................................................... 117 Figura 51 – Ombrotipos dominantes no sul de Portugal segundo a classificação de RIVAS-MARTÍNEZ (2005). Extraído de: Mesquita (2009). ............................................................................................... 118 Figura 52 – Carta biogeográfica da área estudada. Adaptado de Costa et al. (1998). ............................................................................................... 120 Figura 53 – Espectro fisionómico da flora do Sudoeste Alentejano. ............ 125 Figura 54 – Plantago almogravensis, endemismo lusitano de distribuição muito localizada. Foto do autor ..................................................... 127 Figura 55 – Chaenorhinum serpyllifolium subsp. lusitanicum, endemismo lusitano. ........................................................................................... 128 Figura 56 – Drosophyllum lusitanicum, um endemismo ibero-mauritânico de singular valor científico (planta carnívora) e beleza. Fotos do autor. .......................................................................................................... 129 Figura 57 – Localidades em estudo................................................................. 132. xi.

(18) Figura 58 – Esquema de uma catena de vegetação na Serra do Cercal (Monte do Sodo), na encosta exposta a Noroeste. ...................................... 134 Figura 59 – Mosaico de comunidades vegetais no Vale da Ribeira da Azenha (Corgo dos Aivados). ....................................................................... 138 Figura 60 – Geopermasigmetum do sapal de Vila Nova de Milfontes próximo da Praia das Furnas. ......................................................................... 139 Figura 61 – Mosaico de comunidades vegetais típico das arribas do Sudoeste Alentejano, com escorrência permanente de água. ....................... 143 Figura 62 – Clissérie topográfica de vegetação no vale da “Ribeira da Cascata”, próximo da Praia das Furnas (Vila Nova de Milfontes). .......................................................................................................... 147 Figura 63 – Sucessão das comunidades vegetais do litoral para o interior até ao contacto com a arriba xistosa na Praia das Furnas (Vila Nova de Milfontes). ........................................................................................ 150 Figura 64 – Cobertura vegetal actual de Monte Chãos, no qual se observa a total destruição da vegetação natural e sua substituição por culturas agrícolas e comunidades nitrófilas associadas. Foto do autor. ................................................................................................ 158 Figura 65 – Contactos catenais da série tempori-higrófila Ulici welwitschianiQuerco broteroi sigmetum. ................................................................. 163 Figura 66 – Bosque de Salix atrocinerea (borrazeira-negra) do sítio da cascata, Milfontes. Foto do autor. ................................................................ 166 Figura 67 – Geossérie ripícola com amial e freixial, na ribeira do Torgal (junto à ponte do Sol Posto). Foto do autor. ................................. 168 Figura 68 – Furnas, a sul de Milfontes, é um dos locais em que a vegetação dunar se encontra em melhor estado de conservação em toda a costa do Sudoeste Alentejano. Foto do autor................................. 174 Figura 69 – Comunidades de Adiantum capillus-veneris, nas áreas de exsurgência de água doce. Foto do autor. ...................................... 175 Figura 70 – Comunidades de Cistus palhinhae no topo das arribas do Sudoeste Alentejano. Foto do autor ............................................... 176 Figura 71 – Perspectiva de uma zona de sapal baixo, nas margens do rio Mira. Foto do autor. .................................................................................. 177 Figura 72 – Limonietum lanceolati, comunidade de sapal alto recentemente descrita a partir de inventários efectuados na foz do rio Mira. ..... 178 Figura 73 – Esboço da carta de séries e geopermasséries de vegetação do Sudoeste Alentejano (escala 1 / 400 000). ....................................... 179 Figura 74 – Sectores em estudo na análise da qualidade ecológica das comunidades vegetais e sua variação espaciotemporal.................. 182 Figura 75 – Tipos de raridade das comunidades vegetais de acordo com Izco (1998). ............................................................................................... 187 Figura 76 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 1 (Sines), à data de 1893. ................................................................................................. 200. xii.

(19) Figura 77 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 2 (Milfontes), à data de 1893. .............................................................................................200 Figura 78 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 3 (Cavaleiro), à data de 1893. .............................................................................................200 Figura 79 – Mosaico de fotografias aéreas de 1958 correspondentes ao sector 3 (Cavaleiro), com indicação das áreas úteis consideradas na fotointerpretação. ............................................................................204 Figura 80 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 1 (Sines), à data de 1958. ..................................................................................................205 Figura 81 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 2 (Milfontes), à data de 1958. .............................................................................................205 Figura 82 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 3 (Cavaleiro), à data de 1958. .............................................................................................205 Figura 83 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 1 (Sines), à data de 2005. .................................................................................................209 Figura 84 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 2 (Milfontes), à data de 2005. ............................................................................................209 Figura 85 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 3 (Cavaleiro), à data de 2005. ............................................................................................209 Figura 86 – Evolução da distribuição relativa das classes de cobertura de solo no Sector 1. ....................................................................................... 212 Figura 87 – Evolução da distribuição relativa das classes de cobertura de solo no Sector 2. ...................................................................................... 213 Figura 88 – Evolução da distribuição relativa das classes de cobertura de solo no Sector 3. ...................................................................................... 214 Figura 89 – A prática da agricultura extensiva de sequeiro pode gerar elevado impacte na cobertura vegetal natural. ............................................ 215 Figura 90 – Zonamento adoptado no estudo da variação espaciotemporal do valor ecológico, para os sectores 1 (em cima), 2 (ao meio) e 3 (em baixo). .............................................................................................. 217 Figura 91 – Evolução do valor biológico médio entre 1958 e 2005 no Sector 1, de acordo com o zonamento proposto. ......................................... 219 Figura 92 – Evolução do valor de interesse para conservação médio entre 1958 e 2005 no Sector 1, de acordo com o zonamento proposto. . 219 Figura 93 – Evolução do valor biológico médio entre 1958 e 2005 no Sector 2, de acordo com o zonamento proposto. .....................................220 Figura 94 – Evolução do valor de interesse para conservação médio entre 1958 e 2005 no Sector 2, de acordo com o zonamento proposto. 220 Figura 95 – Evolução do valor biológico médio entre 1958 e 2005 no Sector 3, de acordo com o zonamento proposto. ..................................... 221 Figura 96 – Evolução do valor de interesse para conservação médio entre 1958 e 2005 no Sector 3, de acordo com o zonamento proposto. 221. xiii.

(20) Figura 97 – Instalação de eucaliptais na serra de São Luís, com recurso a maquinaria pesada. ......................................................................... 222 Figura 98 – Sebe de pinheiros-bravos em declínio provocado pela doença da murchidão dos pinheiros, resultante da infecção do lenho pelo nemátodo Bursaphelenchus xylophilus. Foto do Autor. .................. 223 Figura 99 – Actividade agrícola intensiva da plataforma litoral alentejana. Foto do Autor. ................................................................................ 224 Figura 100 – Tarefas fundamentais a desenvolver no âmbito do planeamento sustentável da paisagem.................................................................. 232 Figura 101 – Estratégias de gestão propostas com vista à gestão simultânea da qualidade ecológica e da qualidade da paisagem do Sudoeste Alentejano. ...................................................................................... 234. xiv.

(21) ÍNDICE DE QUADROS Quadro 1 – Caracterização dos inquiridos amostrados, por proveniência e género. ...............................................................................................67 Quadro 2 – Sumário do valor explicativo da regressão efectuada. ................. 71 Quadro 3 – Resultados das análises de correlação (factores considerados isoladamente) e regressão linear efectuada. .....................................72 Quadro 4 – Resultados da análise de variância efectuada, considerando as inter-relações entre factores e fotografias. ........................................74 Quadro 5 – Classificação atribuída no âmbito da análise de visibilidade para massas de água. ..................................................................................84 Quadro 6 – Correspondência entre a classificação das formas de relevo de Hammond (1954; 1964a; 1964b) e a classificação utilizada no âmbito do presente estudo de qualidade visual da paisagem. ........87 Quadro 7 – Tabela de conversão do valor de NDVI no sistema de classificação utilizado na carta de densidade de coberto vegetal do Sudoeste Alentejano. .........................................................................90 Quadro 8 – Conversão das classes de cobertura do solo COS 2007 em classes de estrutura fisionómica da vegetação. ............................................92 Quadro 9 – Classificação atribuída no âmbito da análise de visibilidade para elementos de património construído. ..............................................94 Quadro 10 – Conversão das classes de cobertura do solo COS 2007 quanto ao carácter tradicional da paisagem. .....................................................96 Quadro 11 – Valores dos Índices bioclimáticos calculados para algumas das estações inseridas na área de estudo (Mesquita, 2005). .................. 118 Quadro 12 – Correspondência entre unidades fitossociológicas (sintáxones) presentes na área de estudo e os habitat da Rede NATURA 2000. 151 Quadro 13 – Caracterização das séries de vegetação higrófilas que integram as galerias ripícolas do Sudoeste Alentejano. ..................................... 170 Quadro 14 – Caracterização das permasséries aquáticas associadas ao leito menor e margens das linhas de água do Sudoeste Alentejano. ..... 171 Quadro 15 – Caracterização da permassérie das lagoas oligotróficas higroturfosas (Habitat 3110 da Rede Natura 2000). ....................... 172 Quadro 16 – Caracterização da permassérie dos charcos temporários mediterrânicos (Habitat 3170* da Rede Natura 2000). ................. 172 Quadro 17 – Valores atribuídos aos diversos critérios e índices, para cada tipo de cobertura de solo utilizado. ........................................................ 191 Quadro 18 – Síntese das alterações das percentagens de ocupação das diversas classes de cobertura de solo verificadas ao longo das três épocas de observação e em relação aos três sectores em estudo. .................... 211 Quadro 19 – Análise quantitativa da variação da qualidade ecológica entre os períodos de 1958 e 2005................................................................... 218. xv.

(22) Quadro 20 – Conjunto de medidas de gestão que visam a protecção simultânea das qualidades ecológica e visual da paisagem do Sudoeste Alentejano. ...................................................................... 236. xvi.

(23) AGRADECIMENTOS Aos meus orientadores, Prof. Javier Loidi, Prof. José Carlos Costa e Prof. Luís Paulo Ribeiro agradeço a sábia orientação, disponibilidade e paciência sempre demonstradas. Aos professores, técnicos, funcionários e colaboradores do Herbário João de Carvalho e Vasconcellos um sentido agradecimento pelos já longos anos de convivência e pelo muito que com todos aprendi. Um agradecimento especial também para os professores Francisco Rego e Manuela Neves pela inestimável ajuda no tratamento estatístico dos dados. A todos os docentes do ISA, por todo o apoio e simpatia, em especial aos colegas da ex-SAAP (Secção Autónoma de Arquitectura Paisagista), pela franca colaboração e entreajuda. Agradeço ainda a todos os colegas docentes do programa doutoral em Arquitectura Paisagista e Ecologia Urbana (LINK), em particular à Prof.ª Cristina Castel-Branco e restantes membros da sua comissão coordenadora, Prof.ª Teresa Andresen, Prof.ª Helena Freitas e Prof. Carl Steinitz, a confiança que em mim depositaram bem como as experiências proporcionadas pela participação na docência de tão interessante programa doutoral. To Prof. Carl Steinitz, for all the inspirational talks, educational experiences and fruitful collaboration. It was a priviledge to work under your coordination, namely in the visual landscape quality studies carried out during the 2009 curricular year of the LINK Doctoral Programme in Landscape Architecture and Urban Ecology. To Prof. Jusock Koh, for allowing me the opportunity of experiencing three months stay within one most notorious landscape architecture faculty groups in Europe, from Wageningen University. My gratitude extends, naturally, to the head of faculty, Prof. Adri van den Brink, and the colleagues Rudi van Etteger, Sven Stremke, Ingrid Duchhart, Marlies Brinkhuijsen, Paul Roncken, Renee de Waal and Sandra Lenzholzer. Á Universidade Técnica de Lisboa, na pessoa do Magnífico Reitor, Prof. Ramôa Ribeiro, pela concessão da bolsa de curta duração que possibilitou a. xvii.

(24) minha estadia de três meses na Universidade de Wageningen, uma experiência enriquecedora tanto a nível pessoal como profissional. Ao Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB, I.P.), designadamente aos técnicos que responderam aos inquéritos sobre qualidade visual da paisagem, agradecendo também à Dr.ª Maria de Jesus Fernandes,. Directora-Adjunta. Departamento. de. Gestão. de. Áreas. Classificadas do Litoral de Lisboa e Oeste a permissão concedida para a sua realização. A todos os colegas e amigos que no campo na faculdade ou por qualquer outro lado, através de apaixonadas discussões e permuta de informação, contribuíram para a minha formação científica deixo também a minha gratidão. Ao Tiago Monteiro Henriques, Patrícia González, Jorge Capelo e Sandra Mesquita, Carlos Neto, bem como aos inabaláveis amigos Pedro Araújo e Nuno Guerra, um agradecimento especial. Agradeço também a todos os meus alunos, com quem tenho aprendido muito, em particular à Ana Mendes, à Maria João Maurício e ao Luís Monteiro. A meus sogros e cunhada um sentido agradecimento pelo apoio familiar (e logístico), em especial durante as minhas muitas e por vezes longas ausências. Aos meus pais e à minha irmã, cunhado e sobrinhas, muito obrigado pelo carinho, apoio e paciência. Á Teresa, meu esteio em dias bons e maus, e aos meus filhos Laura e António agradeço do fundo do coração o vosso amor incondicional, pedindo perdão pelas minhas muitas ausências e indisposições. Acima de tudo obrigado por encherem a minha vida de luz e cor.. xviii.

(25) LISTA DE SIGLAS, LATINISMOS E ABREVIATURAS UTILIZADAS apud – em [num autor], citado por (latim) cf. – conferir, comparar (do latim conferre) com. pess. – comunicação pessoal COS – Carta de Ocupação do Solo (série cartográfica elaborada pelo Instituto Geográfico Português) i.e. – isto é (do latim id est) ibidem – no mesmo lugar (latim) ICNB – Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, I. P. idem – o mesmo (latim) M.a. – Milhões de anos MDE – Modelo digital de elevação m.s.l. – acima no nível médio das águas do mar (da expressão anglo-saxónica [above] mean sea level) s.l. – em sentido amplo (do latim sensu lato) s.str. – em sentido estrito (do latim sensu stricto) SIC – Sítio de Interesse Comunitário (estatuto decorrente da aplicação da Directiva n.º 92/43/CEE do Conselho, de 21 de Maio de 1992, relativa à preservação dos habitat naturais e da fauna e da flora selvagens) spp. – espécies (plural; do latim species) subsp. – subespécie (do latim subspecies) t.a. – tradução do autor v.g. – vértice geodésico var. – variedade (do latim varietas) vd. – ver (do latim vide) ZPE – Zona de Protecção Especial (estatuto decorrente da aplicação das Directivas n.ºs 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de Abril, e 92/43/CEE do Conselho, de 21 de Maio de 1992, relativas à conservação das aves selvagens e à preservação dos habitat naturais e da fauna e da flora selvagens, respectivamente). xix.

(26) xx.

(27) 1. INTRODUÇÃO. A paisagem constitui o suporte de todas a actividades humanas. Deste modo, é imperativo para a sobrevivência e bem-estar da humanidade que entre esta e a paisagem se estabeleça uma relação de cumplicidade e respeito, fundamentada em valores éticos e no conhecimento dos mecanismos que regem o funcionamento dos ecossistemas naturais e as respostas destes às intervenções antrópicas. Por outro lado, o arquitecto paisagista intervém sobre um bem público – a paisagem – cuja leitura é complexa e nem sempre consensual. A presente tese pretende também contribuir para melhorar a comunicação entre os diversos grupos profissionais envolvidos no ordenamento e gestão da paisagem, discutindo conceitos, aplicando e aperfeiçoando. metodologias,. integrando. áreas. de. conhecimento. aparentemente desconexas na convicção que daí possam resultar formas mais eficientes e eticamente recomendáveis de planear a paisagem. Assim as questões científicas fundamentais abordadas neste estudo serão: 1.. Como se pode avaliar a qualidade visual da paisagem e quais os factores determinantes nessa avaliação?. 2. Pode uma análise fitossociológica detalhada da cobertura vegetal da paisagem constituir uma fonte de informação necessária e suficiente para a apreciação da qualidade ecológica dessa paisagem? 3. Em que medida existem relações entre a qualidade visual da paisagem e a sua qualidade ecológica? 4. Pode a adopção de estratégias adequadas de ordenamento e gestão da paisagem favorecer simultaneamente a qualidade visual e a conservação do valor ecológico e fitodiversidade das paisagens? Para poder dar resposta a estas questões haverá então que clarificar alguns conceitos e preparar um estudo de caso a partir do qual seja possível obter informação que permita investigar as questões acima apresentadas. Consequentemente os trabalhos desenvolvidos do âmbito desta tese incluem: ƒ. Reflexão sobre o conceito de paisagem;. ƒ. Revisão bibliográfica sobre as metodologias de avaliação da qualidade visual da paisagem; 1.

(28) ƒ. Revisão bibliográfica sobre a ciência fitossociológica e a sua utilidade no estudo da paisagem, em particular no que se refere à avaliação da qualidade ecológica das paisagens e à conservação da diversidade biológica das plantas vasculares;. ƒ. Aplicação de metodologias de avaliação da qualidade da paisagem ao Sudoeste Alentejano, visando obter modelos espacialmente explícitos da sua qualidade visual e também da sua qualidade ecológica. Para tal será também necessário caracterizar a região em estudo quanto a alguns factores físicos, bióticos e culturais da paisagem que influenciam directamente a sua qualidade visual, bem como elaborar uma síntese da paisagem vegetal da região de acordo com o modelo fitossociológico.. ƒ. Por fim, são discutidas estratégias de ordenamento e gestão da paisagem que garantam a salvaguarda dos valores naturais e paisagísticos (ou da qualidade visual da paisagem) em presença, num quadro de desenvolvimento económico consentâneo com a preservação da identidade cultural da região.. 1.1 JUSTIFICAÇÃO E OBJECTIVOS O autor da presente tese pretendeu com este trabalho explorar áreas de conhecimento aparentemente desconexas, mas que apresentam como elemento comum o seu objecto de estudo primordial: a paisagem. Trata-se pois de um estudo em que o objectivo fundamental não é o de desenvolver novas metodologias de análise da qualidade da paisagem, mas o de utilizar os resultados das aplicações efectuadas para investigar questões científicas relevantes para o ordenamento e gestão da paisagem, tal como foi enunciado no subcapítulo anterior. Foi também intenção do autor aproximar as áreas em que trabalha, por um lado na docência, por outro na investigação científica, pois a experiência obtida no âmbito de ambas as actividades colocou em evidência a necessidade de tirar melhor partido dos modelos de interpretação da paisagem a partir do estudo da sua cobertura vegetal e também de melhorar a comunicação entre os diversos grupos de interessados no recurso paisagem, quer estes sejam a população local, os representantes da administração local e central ou ainda os turistas e população urbana da região. Adicionalmente, 2.

(29) é também fulcral para a correcta gestão da paisagem que os referidos grupos de interessados discutam com base nos mesmos conceitos, partilhem a mesma visão no que se refere ao funcionamento da paisagem e participem de modo informado e responsável no estabelecimento de directrizes de gestão eficientes, justas e adequadas à realidade. Finalmente, sobre a escolha da área de estudo, esta fundamenta-se em vários factores: Desde logo pelo facto do troço de litoral atlântico e meridional português constituir uma área de paisagens esteticamente apelativas, nas quais se reconhecem ainda valores naturais e culturais de excepcional qualidade, constituindo um precioso património nacional. Também porque nessa área se apresenta ainda como muito susceptíveis à existência de tensões entre os interesses do desenvolvimento socioeconómico e os da conservação do património natural, na convicção de que é possível concertar ambas as perspectivas numa estratégia integrada. Na perspectiva mais concreta da geobotânica, porque apesar da existência de numerosos estudos sobre a área, esta informação se apresentava ainda bastante fragmentada, sendo útil poder reunir, integrar e apresentar essa informação de forma sistematizada, acessível e actualizada. 1.2 ESTRUTURA DO DOCUMENTO A presente tese apresenta-se organizada em seis partes, materializadas nos seis grandes capítulos apresentados (Figura 1). No primeiro capítulo encontram-se as peças introdutórias do estudo, apresentando. as. questões. científicas. que. se. pretende. estudar. e. fundamentando as escolhas no que respeita às metodologias estudadas e à selecção da área de estudo. No segundo capítulo são apresentados os resultados da revisão bibliográfica efectuada, repartida pelas duas grandes áreas do conhecimento abordadas, nomeadamente o estudo da qualidade ecológica e o estudo da qualidade visual da paisagem. Estes capítulos permitirão ao leitor ter uma ideia concreta do estado da arte do conhecimento nas referidas áreas de conhecimento.. 3.

(30) Os capítulos terceiro e quarto correspondem à fase das aplicações metodológicas ao estudo da paisagem. Nestes capítulos apresentam-se estudos concretos recorrendo a metodologias robustas de avaliação da qualidade da paisagem, tanto na perspectiva da qualidade visual com na perspectiva da qualidade ecológica. No quinto capítulo é feito o encontro entre as duas abordagens, explorando os modos de integrar as análises anteriormente referidas nos procedimentos de planeamento e gestão da paisagem. Finalmente, no sexto capítulo são discutidas as principais conclusões obtidas e enunciadas algumas das possibilidades de desenvolvimento de trabalhos futuros de investigação, no seguimento da presente tese. 1 - INTRODUÇÃO 2 - SISTEMATIZAÇÃO DE CONCEITOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA •. •. O CONCEITO DE PAISAGEM – DISCUSSÃO COM RECURSO À ABORDAGEM ONTOLÓGICA. A QUALIDADE VISUAL DA PAISAGEM. 3 - QUALIDADE VISUAL DA PAISAGEM DO SUDOESTE ALENTEJANO •. ESTUDO DA QUALIDADE VISUAL DA PAISAGEM COM RECURSO À METODOLOGIA Q-SORT. •. CARTA DE QUALIDADE VISUAL DA PAISAGEM DO SUDOESTE ALENTEJANO. •. A FITOSSOCIOLOGIA E A SUA UTILIDADE COMO FERRAMENTA DE ESTUDO E GESTÃO DA PAISAGEM. 4 - A PAISAGEM VEGETAL DO SUDOESTE ALENTEJANO •. SÍNTESE DA PAISAGEM VEGETAL DO SUDOESTE ALENTEJANO. •. QUALIDADE ECOLÓGICA DA PAISAGEM DO SUDOESTE ALENTEJANO. 5 - RELAÇÕES ENTRE QUALIDADE VISUAL E FITODIVERSIDADE DO SUDOESTE ALENTEJANO – CONTRIBUTO PARA O ORDENAMENTO E GESTÃO DE ÁREAS COSTEIRAS DE ELEVADO VALOR NATURAL E PAISAGÍSTICO •. QUESTÕES RELEVANTES IDENTIFICADAS PELO ESTUDO DE CASO. •. IMPORTANCIA DA DEFINIÇÃO DE PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO. 6 - CONCLUSÕES E PROPOSTA DE TRABALHOS FUTUROS. Figura 1 – Estrutura da tese.. 4.

(31) 2. SISTEMATIZAÇÃO. DE. CONCEITOS. E. REVISÃO. BIBLIOGRÁFICA A actual definição da profissão de arquitecto paisagista estabelece que “o Arquitecto Paisagista investiga e intervém no planeamento, concepção e gestão do ambiente exterior, tanto dentro como fora de espaços construídos, visando a sua conservação e desenvolvimento sustentável.” (t.a.) (International Federation of Landscape Architects (IFLA) 2003, p. 1). A organização responsável pela definição acima transcrita estabelece ainda que ao arquitecto paisagista compete, entre outras actividades, realizar avaliações de qualidade da paisagem, quer na perspectiva ambiental (i.e., ecológica) quer na perspectiva visual, com vista ao desenvolvimento de políticas de gestão ou projectos de desenvolvimento1. Consequentemente, ao arquitecto paisagista é exigido o domínio de uma vasta gama de conceitos nos quais se incluem, antes de mais, o próprio conceito de ‘paisagem’, mas também conceitos relacionados com a ‘qualidade visual da paisagem’ e a ‘qualidade ecológica da paisagem’, cuja discussão se apresentará nos capítulos 2.1, 2.2 e 2.3, respectivamente. A discussão. apresentada. pretende. ainda. contribuir. para. o. estudo. interdisciplinar da paisagem, facilitando a comunicação entre diversas áreas de conhecimento (sem prejuízo da especificidade científica e metodológica de cada disciplina), na convicção de que daí resultará mais e melhor conhecimento, logo, mais e melhor ciência. 2.1 O CONCEITO DE PAISAGEM – DISCUSSÃO COM RECURSO À ABORDAGEM ONTOLÓGICA “Landscape is at once an old and pleasant word in common speech and a technical term in special professions. As (…) [people] become more conscious of and concerned about their visible surroundings – their environment – it is going to crop up more frequently in both realms of conversation and it may be useful occasionally to consider a difficulty that almost inevitably arises as soon as we attempt to communicate beyond very narrow professional circles.” (Meinig 1979, p. 33). 1. De acordo com o especificado na alínea f) da lista de competências profissionais do arquitecto paisagista,. enunciada no referido documento.. 5.

(32) A questão levantada por Meinig no texto acima reproduzido afecta não apenas o diálogo entre leigos e grupos de profissionais especializados, mas também entre distintos círculos profissionais: tradicionalmente, o conceito de paisagem tem sido apropriado pelas diferentes áreas do conhecimento (Arte, Filosofia, Geografia, Ecologia e Arquitectura Paisagista) tomando distintos significados e sem nunca existir uma preocupação de procurar um significado consensual sobre o termo2. Meinig defende que esta questão sempre existirá e que se deve ao facto de que a paisagem existe “não apenas à nossa frente, mas também nas nossas mentes”, querendo com essa afirmação evidenciar que o conceito de paisagem é um conceito marcado pela cultura e experiência de cada um de nós. Para ilustrar a diversidade de versões de um mesmo cenário que podem resultar dessa ‘observação enviesada pela cultura’3, o autor apresenta de forma sistematizada dez formas diferentes de interpretar uma paisagem: 1.. A paisagem como Natureza: assim entendida por aqueles para quem a obra humana não é comparável ao meio natural, primário, fundamental, dominante, persistente;. 2. A paisagem como Habitat: para quem vê no planeta a sua casa e o seu sustento, que há que explorar, ‘domesticando’; 3. A paisagem como Artefacto: para quem vê em cada lugar a marca da mão humana, mesmo nos lugares mais remotos, afectados pelos processos de ‘alteração global’ em curso; 4. A paisagem como um Sistema: para os que vêm o ambiente como um imenso e intrincado ‘sistema de sistemas’; 5. A paisagem como [um] Problema: para quem olha para o planeta e vê, sobretudo, os danos ambientais produzidos e a forma como esses danos nos afectam, ou virão a afectar; 6. A paisagem como [fonte de] Riqueza: para quem vê em todas as coisas um valor monetário, um recurso a explorar com o objectivo de obter lucro;. 2. 3. A mesma discussão foi suscitada por Farina & Hong (2004), no caso da Ecologia da Paisagem. Entenda-se por ‘cultura’ a complexa trama de experiências pessoais e profissionais inerente a cada. indivíduo.. 6.

(33) 7. A paisagem como Ideologia: [ou Produto Ideológico]: para os que, observando a paisagem, reconhecem os símbolos, a filosofia e a expressão das relações sociais e da governança dos Povos; 8. A paisagem como História: para quem vê na paisagem a expressão cumulativa da passagem do tempo, dos processos naturais e das intervenções antrópicas; 9. A paisagem como Lugar: para quem vê em cada paisagem uma peça individual de um grande e infinitamente variado mosaico global; 10. A paisagem como [Entidade] Estética: para quem busca em cada cenário ou experiência de um lugar a sua ‘qualidade artística’, prestando atenção à composição, cor, harmonia, textura, tensão ou simetria dos seus elementos. A Arquitectura Paisagista é uma profissão de charneira, trabalhando na intersecção das diversas áreas do conhecimento científico (Caldeira Cabral 1993), mediando a comunicação entre os técnicos e o público, intervindo na paisagem com objectivos estéticos, técnicos e de conservação dos recursos naturais. Daí que seja imperativo obter uma definição operativa de paisagem, que facilite o diálogo entre os grupos de profissionais envolvidos no ordenamento e gestão do território, que possa também servir para melhorar a comunicação entre estes e o público em geral. O presente capítulo procurará atingir esse objectivo, baseando-se numa abordagem ontológica ao conceito. A abordagem etimológica do conceito e da forma como o seu significado evoluiu no tempo pode ser encontrada no corpus nacional e internacional das escolas de Arquitectura Paisagista, pela mão de várias gerações de Arquitectos Paisagistas (Andresen 1992; Caldeira Cabral 1993; Telles 1994; Magalhães 2001; Barreiros 2005; Magalhães 2007; Magalhães et al. 2007; Batista 2009; Nunes 2010; Mendes 2010). Consequentemente, mais do que fazer uma abordagem clássica ao estudo do conceito, importa restringir o seu âmbito, buscando maior objectividade através da redução à sua realidade material, isto é, excluindo do âmbito desta discussão o fenómeno da percepção da paisagem. Esta questão será tratada no Capítulo 2.2.1.2. Tomar-se-á como ponto de partida a seguinte premissa: a Paisagem é uma entidade autónoma, com existência própria e independente da 7.

(34) existência de um observador. Existem argumentos de natureza lógica e filosófica para suportar esta afirmação: 1.. de um ponto de vista lógico, admitindo que da paisagem fazem parte os elementos que se materializam na superfície física do lugar, ou seja, no caso da Terra, a geosfera, hidrosfera e atmosfera e que o aspecto actual da referida superfície física resulta da interacção (ao longo de várias centenas de milhões de anos) desses constituintes, então teremos de admitir que antes da existência de qualquer forma de vida inteligente (um observador, portanto) já existiria ‘uma paisagem’ (Figura 2), independentemente das diferenças que possam existir entre essa paisagem e a actual. O mesmo raciocínio é também aplicável à biosfera;. Figura 2 – Representação hipotética de uma paisagem do período Devónico Inferior (408-390 M.a.) elaborada por M. Parrish (Department of Paleobiology, Smithsonian Institute), apud Hueber (2001). As estruturas colunares representam indivíduos de megafungos lenhosos atribuídos ao género Prototaxites (família Prototaxaceae, classe Basidiomycota, reino Fungi), os maiores e mais altos elementos da flora (s.l.) terrestre do período Devoniano (Hueber 2001), entretanto extintos.. 2. por outro lado, de um ponto de vista filosófico4, há uma clara separação entre o objecto e a sua apreciação estética. Esta premissa é claramente exposta por Lothian (1999):. 4. Mais precisamente no âmbito da corrente filosófica que tem por objeto o estudo da natureza do belo e. que se designa por «Estética».. 8.

(35) “Aesthetics has been a subject of philosophy since at least the time of Socrates (469-399 B.C.). Up to the 18th century the focus of inquiry was beauty but following the invention of the term aesthetics by the German philosopher, Alexander Baumgarten in about 1750, philosophy broadened its inquiry to encompass this more inclusive term. Philosophers distinguish between the aesthetic object, the aesthetic recipient and the aesthetic experience. The aesthetic object is that which stimulates an experience in the recipient. Landscape is but one of many aesthetic objects which philosophy has considered. Regarding human interaction with aesthetic objects, whether music, art, sculpture, human faces, architecture, poetry, or landscapes, philosophers have sought to identify the common principles which operate and which determine the nature of the aesthetic experience.” (Lothian 1999, p. 181) Analisada esta perspectiva, reforça-se também a convicção de que o fenómeno da percepção é um processo externo ao conceito de paisagem, pelo que o conceito de paisagem deve omitir referências à forma como a paisagem é percepcionada, bem como evitar considerar a paisagem de uma perspectiva meramente cénica, ou visual (e.g. “landscape is (...) the appearance of the land” (Brabyn 2009, p. 301); “Extensão de terreno abarcada pelo campo de visão constituindo um quadro panorâmico” (Casteleiro 2001, p. 2717)). Circunscrito o âmbito do conceito, buscou-se uma metodologia que permitisse discutir de forma objectiva o seu significado. Optou-se pelo uso da abordagem ontológica, opção que não sendo inédita (vd. Lepczyk, Lortie & Anderson (2008)) se afigura como promissora pela forma como organiza e apresenta o conhecimento, relaciona conceitos afins e permite inferir características não explícitas no conceito visado mas transmitidas a partir de entidades com que este se relaciona de forma hierárquica. Para melhor se compreender a referida abordagem, apresenta-se no próximo capítulo uma reflexão sobre os aspectos mais relevantes da abordagem ontológica. 2.1.1. As. ontologias. como. ferramentas. de. organização. de. conhecimento “Ontology is a formal way of representing knowledge in which concepts are described both by their meaning and their relationship to each other.” (Bard & Rhee 2004, p. 213) 9.

(36) O conceito de «ontologia» tem sido frequentemente investigado nas últimas décadas, nomeadamente no âmbito da investigação científica em Sistemas Periciais5, no entanto o termo não é exclusivo desta área de conhecimento pelo que se apresenta um conjunto de outros significados para o termo publicados por R. Mizoguchi (2003). 1.. Do ponto de vista da filosofia, ontologia é “o estudo da existência”. Através dela busca-se explicação para a natureza do ‘ser’, da realidade, da existência dos entes e das questões metafísicas em volta destes.. 2. Do ponto de vista da Inteligência Artificial, uma ontologia é definida como "a especificação explícita de uma conceptualização". 3. Do ponto de vista do Raciocínio Baseado em Casos, uma ontologia é definida como "um sistema de conceitos (vocabulário) usado como blocos de construção de um sistema de processamento de informação". Consequentemente, as ontologias são “acordos sobre conceptualizações consensuais”. Estas constituem quadros de referência que permitem modelar conceitos em domínios de conhecimento (áreas científicas) específicos. De um modo geral, as ontologias consistem de conceitos (‘Entidades’ [ou ‘Indivíduos’], que se podem organizar em ‘Classes’), relações hierárquicas entre conceitos (do tipo: ‘é-um’ e ‘parte-de’) e outras relações ou axiomas para formalizar as definições e relações. Para ilustrar o exposto apresenta-se um pequeno exemplo de uma definição ontológica, com base em entidades taxonómicas e relações entre estas (entidades apresentadas em letra maiúscula e relações entre parêntesis): ÁRVORE > (é-uma) > PLANTA > (é-um) > SER VIVO SER VIVO > (parte-de) >POPULAÇÃO > (parte-de) >COMUNIDADE Torna-se evidente que se pode deduzir um conjunto de características a partir desta forma de organizar conhecimento, por exemplo: ‘uma árvore é um ser vivo’, ou ‘uma comunidade contém seres vivos’. Por outro lado, é. 5. A área de investigação em Sistemas Periciais procura utilizar sistemas informáticos na representação e. resolução de problemas normalmente resolvidos por humanos, utilizando conhecimento expresso por peritos no assunto (Jackson 1998).. 10.

(37) igualmente útil a informação obtida pela não verificação das relações estabelecidas entre conceitos: ‘um ser vivo não é uma população’. É de referir que cada um dos conceitos que integra uma ontologia deve também ser devidamente descrito num glossário expressamente construído para o efeito. Pelo acima exposto o recurso a ontologias para organizar conhecimento e aumentar a objectividade dos conceitos tem vindo a observar-se em muitas áreas de conhecimento. Relativamente à Biologia, Bard & Rhee (2004) identificaram 32 websites contendo ontologias ou recursos para a criação de ontologias naquela área de conhecimento. Como exemplos célebres destas, referem-se. os. casos. do. ‘Gene. Ontology. (GO). Consortium’. [www.geneontology.org] (Ashburner et al. 2000) e do ‘Plant Ontology (PO) Consortium’ [www.plantontology.org] (Jaiswal et al. 2005), os quais se propõem elaborar vocabulários controlados que uniformizem conceitos no âmbito das temáticas sobre as quais incidem. Finalmente, a opção pela abordagem ontológica foi reforçada após a consulta dos trabalhos de Madin et al. (2008), que defendem o uso da abordagem ontológica como forma de vencer a ambiguidade gerada pelo uso transdisciplinar de conceitos ecológicos. Lepczyk, Lortie & Anderson (2008), que propuseram uma ontologia para o conceito de ‘Paisagem’ (Figura 3), como forma de: a) promover a interacção entre diversas perspectivas ‘ecológicas’ de estudo da paisagem; b) fornecer um esquema inicial para a discussão ontológica do conceito, visando a sua melhoria; c) constituir um quadro de referência para estudos ecológicos à escala da paisagem. Analisada a ontologia proposta, tornou-se evidente que haveria a possibilidade de propor alterações de modo a torná-la mais próxima da perspectiva da arquitectura paisagista, nomeadamente nos seguintes aspectos: ƒ. Atenuar a predominância da ‘visão biológica’ da paisagem, colocando a par dos conceitos relativos à sua componente biótica outros conceitos, nomeadamente os que dizem respeito à sua componente abiótica e também às alterações antrópicas da paisagem. Embora alguns termos relevantes para a presente questão estejam presentes na ontologia em causa (e.g. ‘climate’, ‘abiotic properties’, ou ‘land use’), eles encontram-se descritos 11.

(38) como ‘propriedades inerentes’ aos conceitos apresentados. Entende-se que estes também devem ser formalizados como conceitos; ƒ. Por outro lado, discorda-se da inclusão do conceito de ‘sampling protocol’ nesta ontologia pois considera-se que este deve ser identificado como um procedimento (de estudo da paisagem) e não como um conceito relativo a uma entidade relevante e necessária para a representação ontológica da paisagem.. Figura 3 – Representação (teórica) gráfica da ontologia de paisagem proposta por Lepczyk, Lortie & Anderson (2008). 2.1.2. Mapas conceptuais. No seguimento da opção pela abordagem ontológica, foi iniciada a pesquisa de ferramentas de suporte à construção de ontologias, aplicáveis às ciências ecológicas e da vida. Apesar da diversidade de oferta de aplicativos (vide Bard & Rhee (2004)), foi feita a opção de formalização do conceito de paisagem utilizando um software de criação de ‘Mapas Conceptuais’. Um «mapa conceptual» pode ser considerado como um precursor de uma ontologia dado que opera num nível superior de abstracção e que, trabalhando com o mesmo tipo de entidades fundamentais [i.e., conceitos e relações], gera representações gráficas que explicitam conhecimento. Para tal, foi utilizado o aplicativo CMap Tools 5.04, do Institute for Human & Machine Cognition 12.

Imagem

Figura 2 – Representação hipotética de uma paisagem do período Devónico  Inferior (408-390 M.a.) elaborada por M
Figura 8 – Representação do conceito gráfico de paisagem apresentada por  Steiner (2000), frequentemente designado por “the layer cake model”
Figura 9 – Modelo de interpretação da resposta afectiva/emocional a um  ambiente natural (Ulrich 1983)
Figura 12 – Representação gráfica do conceito de percepção indirecta de  paisagem.
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Referências

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