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Reutilização de produtos de apoio: serviços e segurança

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

REUTILIZAÇÃO DE PRODUTOS DE APOIO:

SERVIÇOS E SEGURANÇA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM

ENGENHARIA DE REABILITAÇÃO E ACESSIBILIDADE HUMANAS

ANA CLÁUDIA FERNANDES RIBEIRO

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REUTILIZAÇÃO DE PRODUTOS DE APOIO:

SERVIÇOS E SEGURANÇA

Dissertação apresentada por Ana Cláudia Fernandes Ribeiro à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para a obtenção de grau de Mestre em Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade Humanas, elaborada sob a orientação do Professor Doutor Francisco Alexandre Ferreira Biscaia Godinho, Professor Auxiliar da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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v

Ag

Agradecimentos

Ao Professor Francisco Godinho, o meu mais sincero agradecimento pela orientação e disponibilidade, por toda a confiança, conselhos, oportunidades, conhecimentos transmitidos, exigência e apoio permanente ao longo de toda a dissertação.

Aos meus pais, pela educação que me proporcionaram, pelos valores que me transmitiram, pelo amor e carinho incondicional, mas sobretudo pelo apoio, incentivo e por acreditarem e impulsionarem a dar sempre o melhor de mim e investir na minha formação.

Aos meus irmãos, que foram sempre um porto de abrigo, o meu irmão pela sua descontração e energia, e a minha irmã por ser minha confidente e sempre me encorajar e apoiar.

A toda a minha família, que sempre acompanhou e apoiou todo o percurso académico, com palavras de conforto, carinho e reconhecimento.

Aos meus grandiosos amigos, por todos os momentos de descontração, pelo companheirismo e compreensão, por todo o encorajamento, apoio, carinho e por acreditarem sempre em mim, foram muitas vezes o farol que me guiou.

A todos que de alguma forma contribuíram para quem sou, à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro pela formação e valorização, à cidade de Vila Real que me acolheu nos últimos anos e fez crescer como pessoa e profissional, e a todas as pessoas com quem me cruzei e levo um pouco.

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vii

Re

Resumo

Numa realidade, em que os orçamentos dos estados sofrem cortes, os apoios sociais são cada vez mais escassos para a obtenção de Produtos de Apoio (PA), os serviços e programas de reutilização de PA surgem como uma nova possibilidade de concessão ou aquisição dos mesmos, tornam-se uma prática mais facilitada e desburocratizada, centrada no âmbito de novas políticas sociais, procurando maior inclusão social dos agregados mais carenciados. Os serviços de reutilização de PA são também uma resposta social ao envelhecimento da população juntamente com as realidades orçamentais do país e o baixo poder económico da generalidade da população portuguesa.

A temática em estudo, “Reutilização de Produtos de Apoio: Serviços e Segurança”, impõe a necessidade de estudar e explorar duas áreas, serviços de reutilização dos PA e segurança na reutilização, que mesmo inseparáveis, devem ser bem clarificadas e conceptualizadas. Tendo como principais objetivos identificar indicadores de qualidade dos serviços de reutilização de PA e procedimentos que garantam a segurança e qualidade aos produtos. Com este trabalho de investigação pretende-se estudar as variáveis associadas à temática da reutilização de PA, aprofundar boas práticas de serviços de reutilização de PA, indicadores de qualidade, procedimentos e orientações para testes de inspeção e manutenção dos PA reutilizáveis, que garantam um serviço mais completo e profissional.

Propõe-se que os indicadores e diretrizes apresentadas sejam meios de maximizar e otimizar os serviços nacionais de empréstimo de PA, para maior qualidade e mais segurança dos PA ao utilizador.

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viii

PC

Palavras-chave

Reutilização de Produtos de Apoio, Serviços de Empréstimo, Indicadores de Qualidade, Segurança, Engenharia de Reabilitação, Pessoas com Deficiência ou Incapacidade.

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ix

Ab

Abstract

In reality, in which the budgets of states suffer cuts, social supports are increasingly scarce for obtaining Assistive Technology devices (AT), the services and AT reuse programs emerge as a new possibility to grant or acquisition of the become an easier and less bureaucratic practice, centered under new social policies , seeking greater social inclusion of the poorest households. The AT reuse services are also a social response to an aging population with the budgetary realities of the country and the low economic power of the general Portuguese population. The thematic study, "AT Reuse: Services and Safety ", imposes the need to study and explore two areas, AT reuse services and safety in reuse, that same inseparable, should be well clarified and conceptualized. Having as main objective to identify quality indicators for AT reuse services and procedures to ensure the safety and quality of AT.

With this research work is intended to study the variables associated with theme AT reuse, deepen good practice of AT reusing, quality indicators, procedures and guidelines for the inspection and maintenance tests of AT reusable, to ensure a more complete and professional service.

It is proposed that the indicators and guidelines presented are ways to maximize and optimize the national AT loan services for higher quality and safety of AT to the user.

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x

Kw

Keywords

Assistive Technology Devices Reuse, Loan Services, Quality Indicators, Safety, Rehabilitation Engineering, People with Impairment or Disability.

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xi

"É erro vulgar confundir o desejar com o querer. O desejo mede os obstáculos, a vontade vence-os." Alexandre Herculano

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ÍG

Índice Geral

Siglas e Acrónicos xxiii

1 Introdução 25 1.1 Apresentação do tema 26 1.2 Motivação 27 1.3 Objetivos da dissertação 28 1.4 Organização da dissertação 28 2 Enquadramento 31

2.1 Evolução do conceito de Produto de Apoio 31

2.1.1 Classificação dos Produto(s) de Apoio 33

2.2 Características da População-Alvo 35

2.2.1 Indicadores demográficos da Deficiência e Envelhecimento em Portugal 38

2.3 Serviços de Tecnologias de Apoio 40

2.4 SAPA (Sistema de Atribuição de Produtos de Apoio) 43

3 Serviços de Reutilização dos PA 47

3.1 Reutilização de Produtos de Apoio 47

3.1.1 Nomenclatura e Definições 48

3.1.2 Enquadramento histórico: Casos de Sucesso pelo Mundo 50

3.1.3 Banco de Empréstimos 52

3.1.4 Justificações para a Reutilização de PA 53

3.1.5 Orientações para o futuro e sucesso de programas de reutilização de PA 54

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xiv

3.2.1 Indicadores de Qualidade: Missão e Objetivos 59

3.2.2 Benefícios IQ 62

3.2.3 Modelos IQ: Reutilização/Demonstração/Empréstimo 63

3.2.3.1 Modelo IQ-ATR 66

3.2.3.2 Indicadores de qualidade para programas de demonstração: IQ-ATD 68 3.2.3.3 Indicadores de qualidade empréstimo: IQ-ATL 69

3.2.4 Considerações importantes relativas aos IQ 71

3.2.4.1 Considerações face à realidade dos programas de reutilização PA

portugueses 75

4 Segurança na Reutilização dos PA 79

4.1 Importância e Benefícios da Manutenção, Reparação e Limpeza 79

4.2 Identificação dos principais PA 80

4.3 Normalização 84

4.3.1 Projeto HEART: Linha A Certificação e Normalização 85

4.3.2 Normas ISO 89

4.3.3 Normas ISO: Revisão pelos testes aos PA para a mobilidade 93 4.3.3.1 ISO 11199 Walking aids manipulated by both arms - Requirements and test

methods 94

4.3.3.2 ISO 11334 Walking aids manipulated by one arm - Requirements and test

methods 98

4.3.3.3 ISO 7176: Wheelchairs 106

4.4 Processo de Decisão na Reutilização dos PA 117

4.4.1 Exemplos ilustrativos de espaços de armazém, manutenção/reparação, limpeza/higienização dos PA 118

4.5 Inspeção: passo-a-passo 120

4.5.1 Canadianas e bengalas 121

4.5.2 Andarilhos estáticos e Andarilhos com rodas 123

4.5.3 Cadeira de rodas 126

5 Metodologia e Procedimentos 137

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5.1.1 Etapas 139

5.2 Procedimentos: Trabalho Desenvolvido 141

5.2.1 BETA (Banco de Empréstimo de Tecnologias de Apoio de Vila Real) 142 5.2.1.1 Centro de Tecnologias de Apoio: “Pensar o Futuro” 147 5.2.1.2 Papel do Engenheiro de Reabilitação num serviço de reutilização de PA

150 5.2.2 Diretrizes para PA reutilizados e IQ para serviços de reutilização 151

5.2.3 Workshop na Feira Ajutec 153

5.2.4 Inquéritos aos Serviços de Reutilização de PA no território português

(Bancos de empréstimos) 155

5.2.4.1 Apresentação e análise de resultados dos inquéritos 156

5.3 Análise Critica 168

6 Considerações Finais 171

Referências Bibliográficas 175

Anexos 183

Anexo I Checklist IQ-ATD 185

Anexo II Checklist IQ-ATL 189

Anexo III Apresentação em Power Point utilizada no workshop na Feira Ajutec “Linhas Orientadoras de Qualidade de Serviços de Empréstimo de Produtos de Apoio” 195 Anexo IV Inquéritos aos Serviços de Reutilização de PA no território português

(Bancos de empréstimos) 199

Anexo V Lista dos Serviços de Reutilização de PA que responderam ao inquérito 205

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xvii

ÍF

Índice de Figuras

Figura 1- Representação dos conceitos (ICIDH-OMS, 1980) ... 35 Figura 2- Interações entre os componentes da CIF (OMS, 2005) ... 36 Figura 3- População com um ou mais problemas de saúde ou doenças prolongadas por género e grupo etário, 2011 (%) (INE, 2011)... 38 Figura 4- População com uma ou mais dificuldades na realização de atividades básicas por género e grupo etário, 2011 (%) (INE, 2011) ... 38 Figura 5- Distribuição das principais dificuldades na realização de atividades básicas por grupo etário (%) e Tipo de dificuldade a partir dos 65 anos, (INE, 2011) ... 39 Figura 6- População total e pessoas com 65 ou mais anos com pelo menos uma dificuldade por grupo etário, (INE, 2011) ... 39 Figura 7- Percentagem na realização das atividades a partir dos 65 anos, (INE, 2011) ... 40 Figura 8- Processo Simplificado da Reutilização de PA: Receber, Reformar e Distribuir ... 55 Figura 9- Esquema do PIOC sobre desenvolver indicadores de qualidade para reutilização de PA (PIOC, 2012) ... 61 Figura 10- Visão e objetivos dos IQ-ATR (Kampwerth, et al., 2009) ... 62 Figura 11- Identificar as principais prioridades do serviço (Phillips, et al., 2012) ... 64 Figura 12- Esquematização das Categorias e Indicadores do Modelo IQ-ATR (Kniskern, et al., 2011) ... 65 Figura 13- Exemplos de PA para a mobilidade: (a) bengala comum; (b) quadripé; (c) canadiana axilar; (d) canadiana; (e) Andarilho fixo; ... 82 Figura 14- Exemplos de PA para a mobilidade direcionada à higiene pessoal: (a) banco de banho com braços; (b) cadeira de rodas de banho; (c) e (d) cadeira de rodas sanitária. (Silveira, et al., 2005)... 82 Figura 15- Exemplos de Cadeiras de Rodas manuais (Rodrigues, et al., 2000) ... 83 Figura 16- Exemplos de Cadeira de Rodas Elétricas ... 83

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Figura 17- Exemplo de um andarilho (Part 1: walking frames) (ISO 11199-1, 1999) ... 95 Figura 18- Representação gráfica das cargas para a estabilidade à frente, trás e lateral ... 95 Figura 19- Representação gráfica das cargas para testes de fadiga e testes de carga estática (ISO 11199-1, 1999) ... 95 Figura 20- Exemplo de um andarilho com rodas (Part 2: Rollators) (ISO 11199-2, 2005) ... 96 Figura 21- Representação gráfica das cargas para a estabilidade à frente, trás e lateral (ISO 11199-2, 2005) ... 96 Figura 22- (a) Representação gráfica das cargas para testes de fadiga e carga estática; ... 96 Figura 23- Exemplo de Walking tables (Part 3) (ISO 11199-3, 2005)... 97 Figura 24- Representação gráfica das cargas para a estabilidade à frente (a), trás (b) e lateral (c) (ISO 11199-3, 2005)... 97 Figura 25- (a) Representação gráfica das cargas para testes de fadiga e carga estática; ... 98 Figura 26- Exemplo de mecanismo de ajuste... 99 Figura 27- Exemplo de uma canadiana (ISO 11334-1, 2007)... 100 Figura 28- (a) Detalhes de uma canadiana; (b) Dimensões Aro ou braçadeira (cuff) 101 Figura 29- Exemplo de uma máquina e teste de fadiga e carga estática a uma canadiana, segundo a norma ISO 11334-1 [http://www.biomechanika.cz/projects/69]... 101 Figura 30- Exemplo de tipos de bengalas: (a) bengala com três pernas; (b) bengala com quatro pernas; (c) bengala com cinco pernas. (ISO 11334-4, 1999) ... 102 Figura 31- Exemplos de testes efetuados aos diferentes tipos de bengalas:... 102 Figura 32- Exemplo de pontas de borracha (ponteiras) em diferentes tipos de PA para a mobilidade (ISO 24415-1, 2009) ... 103 Figura 33- Exemplo da pista de teste e princípio de funcionamento (ISO 24415-1, 2009) ... 104 Figura 34- Exemplo de aparelho e montagem para um mecanismo de teste de atrito (ISO 24415-1, 2009) ... 105 Figura 35- Exemplo de aparelho e montagem para um mecanismo de teste de atrito (ISO 24415-1, 2009) ... 105 Figura 36- Exemplo de um boneco de teste, segundo a norma ISO 7176-11... 108 Figura 37- (a) Estabilidade estática para a frente; (b) Estabilidade estática lateral ... 110 Figura 38- Teste de características de percurso (ISO 7176-8, 1998) ... 112 Figura 39- Exemplo do teste à resistência de fadiga: dois tambores, segundo a norma ISO 7176-8 (Rentschler, et al., 1998) ... 113

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xix

Figura 40- Exemplo da disposição dos ressaltos, detalhes dimensionais e indicações do

tambor de referência (ISO 7176-8, 1998) ... 114

Figura 41- Exemplo do teste à resistência de fadiga: queda de passeio, segundo a norma ISO 7176-8 ... 114

Figura 42- Exemplo da resistência do apoio de pés da cadeira de rodas a impactos laterais e longitudinais, segundo a norma ISO 7176-8... 116

Figura 43- Exemplo da resistência dos punhos ao impacto nos aros das cadeiras de rodas, segundo a norma ISO 7176-8 ... 116

Figura 44- Processo de Decisão na reutilização dos PA, baseado no Kansas Reuse Project (Sack, et al., 2008) ... 117

Figura 45- Exemplos de armazenamento, organização e disposição dos PA... 118

Figura 46- Exemplos de zonas e materiais para manutenção e reparação dos PA... 118

Figura 47- Exemplos de zonas e materiais para limpeza e higienização dos PA ... 119

Figura 48- Exemplos de PA embalados com plástico, após reparação, limpeza e higienização ... 119

Figura 49- Componentes dos diferentes tipos de canadianas e bengalas: 1) ponteiras; 2) punhos/manípulos; 3) hastes/tubos de metal regulável/duas hastes/tubos metálicas que se une a outra haste regulável (canadiana axilar); 4) Aro ou braçadeira (articulada em alguns casos); 5) apoio axilar... 121

Figura 50- Componentes dos diferentes tipos de andarilhos: 1) ponteiras; 2) punhos ou pegas; 3) hastes metálicas reguláveis; 4) hastes horizontais articuláveis ou fixas; 5) rodas/rodízios (dependendo do andarilho). ... 123

Figura 51- Legenda das componentes básicas de uma cadeira de rodas manual .... 126

Figura 52- Exemplo de uma cadeira de rodas elétrica e legenda básica ... 135

Figura 53- Esquematização simplificada das principais etapas e trabalho desenvolvido ... 141

Figura 54- Descarregamento do camião com material... 145

Figura 55- Oficina do BETA e Exemplos de algumas reparações a PA ... 145

Figura 56 - Organização e Disposição do material... 146

Figura 57- Folheto e mapa do Centro de Tecnologias de Apoio... 147

Figura 58- Quarto e casa de banho adaptada ... 148

Figura 59- Cozinha Adaptada ... 148

Figura 60- Produtos para a Mobilidade ... 149

Figura 61- Sala com os PA para a comunicação e informação ... 149

Figura 62- Sala com os PA para Recreação e Lazer ... 149

Figura 63- Folheto do Workshop “Boas Práticas de Serviços de Empréstimo de Produtos de Apoio”... 153

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xx

Figura 64- Gráfico da área geográfica atendida pelo serviço... 157

Figura 65- Gráfico da forma de aquisição dos PA ... 157

Figura 66- Gráfico da diversidade de PA disponíveis no banco ... 158

Figura 67- Gráfico relativo ao número de beneficiários do banco... 158

Figura 68- Serviços prestados pelos bancos ... 160

Figura 69- Gráfico dos meios utilizados na divulgação: Marketing ... 160

Figura 70- Formas de Sustentabilidade do banco ... 161

Figura 71- Regulamento interno... 162

Figura 72- Profissionais, Técnicos e Voluntários pertencentes ao banco ... 162

Figura 73- Duração do empréstimo dos PA... 163

Figura 74- Gráfico relativo ao armazenamento dos PA ... 164

Figura 75- Gráfico Relativo ao Controlo de stock ... 165

Figura 76- Gráfico relativo à existência do controlo/testes de qualidade do PA... 165

Figura 77- Gráfico relativo à existência de capacidade de reparação/manutenção nas instalações e quais os métodos que verifica ... 166

Figura 78- Problemáticas mais presentes nos bancos... 167

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ÍT

Índice de Tabelas

Tabela 1- Configurando um Programa de Demonstração de PA (Baker, et al., 2006) 68

Tabela 2- Configurando um Programa de Empréstimo de PA (Baker, et al., 2006) ... 70

Tabela 3- Normas ISO/TC 173: Assistive products for persons with disability ... 89

Tabela 4- Normas ISO/TC 173: Assistive products for persons with disability, direcionadas para produtos de apoio para pessoas com incapacidade (ISO/TC173) . 90 Tabela 5- Normas ISO/TC 173/SC 1- Wheelchairs ... 91

Tabela 6- Resumo da Sequência de testes, segundo a norma ISO 11199- 1/2/3 ... 94

Tabela 7- Resumo da Sequência de testes, segundo a norma ISO 11334 ... 100

Tabela 8- Usos para cadeiras de rodas e os requisitos de durabilidade e resistência exigidos (Armstrong, et al., 2008) ... 107

Tabela 9- Exemplo do registo da estabilidade estática segundo a norma ISO 7176-1 ... 110

Tabela 10- Exemplo do registo dos testes à eficiência dos travões, segundo a norma ISO 7176-3 (ISO 7176-3, 2012) ... 111

Tabela 11- Resumo da Inspeção detalhada às canadianas ou bengalas ... 122

Tabela 12- Resumo da Inspeção detalhada aos Andarilhos ... 125

Tabela 13- Exemplo de testes simples para testar a durabilidade da cadeira de rodas manual, segundo a norma ISO 7176-8. Uma descrição de cada teste segue o seu valor mínimo de teste. ... 127

Tabela 14- Resumo da Inspeção detalhada a Cadeira de Rodas ... 131

Tabela 15- Resumo do trabalho desenvolvido, suas etapas e calendarização ... 140

Tabela 16- Pontos Fortes e Pontos fracos do BETA ... 144

Tabela 17- Localização das diretrizes ao longo da dissertação... 151

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SA

Siglas e Acrónicos

Nesta dissertação são utilizadas abreviaturas de designações comuns apenas apresentadas aquando da sua primeira utilização:

CERTIC Centro de Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade UTAD Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro

OMS Organização Mundial de Saúde PA Produto (s) de Apoio

SPS Sistema de Prestação de Serviços PIOC Pass It On Center

SAPA Sistema de Atribuição de Produtos de Apoio NCF National Cristina Foundation

FODAC Friends of Disabled Adults & Children WWI Wheelchair Whirlwind International INR Instituto Nacional de Reabilitação IQ Indicadores de Qualidade

IQ-ATR Indicators Quality for Assistive Tecnology Reuse

IQ-ATD Indicators Quality for Assistive Tecnology Demonstration IQ- ATL Indicators Quality for Assistive Tecnology Loan

ISO International Organization for Standardization

HEART Horizontal European Activities in Rehabilitation Technology NATTAP National Assistive Technology Technical Assistance Partnership RESNA Rehabilitation Engineering and Assistive Technology Society of North

América

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(25)

25

CAP 1

1 Introdução

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2013), existem no mundo mais de um bilhão de pessoas com algum tipo de deficiência, cerca de 15% da população mundial vive com algum tipo de incapacidade. Estima-se que entre 2% e 4% das pessoas com 15 ou mais anos têm dificuldades funcionais, verificando-se um aumento das taxas de deficiência e de problemas de saúde crónica, em parte associado ao envelhecimento da população.

Em Portugal, estima-se que a taxa de população idosa represente cerca de 19,0 % da população residente em território português. De acordo com o censo de 2011, realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), cerca de 18% da população com 5 ou mais anos de idade afirmou ter muita dificuldade, ou não conseguir realizar pelo menos uma das seis atividades diárias (andar, ver, ouvir, compreender/fazer-se entender, tomar banho/vestir-se e memória/concentração). Sendo que na população com 65 ou mais anos, este indicador ultrapassava os 50%. (INE, 2011)

Perante estes números, atualmente o País e o Mundo lutam pela promoção da inclusão social, sendo um grande desafio a alcançar. A sociedade atual, Governos e outros setores, devem simultaneamente otimizar a relação entre o custo e eficácia, reduzir as barreiras económicas para os beneficiários e as empresas, e fundamentalmente ter capacidade de adaptar-se à evolução das necessidades individuais, ao mercado, às características demográficas, e acompanhar o desenvolvimento tecnológico. (Andrich, 1999)

Logicamente é fundamental que as diferentes sociedades consigam lidar com o respeito pelas diferenças entre os seres humanos, investir em princípios impulsionadores de solidariedade, promovendo assim atitudes que ajudem a edificar uma sociedade mais justa mais igualitária, permitido assim, favorecer ou proporcionar uma melhor qualidade de vida a grupos minoritários que fazem parte de todas as sociedades. (Brasil, 2007)

(26)

26

O reaproveitamento ou reutilização de produtos de apoio (PA) é uma prática que nasceu da necessidade. Na economia atual, em que os recursos financeiros e apoios sociais diminuem, o baixo poder económico das pessoas também se reflete na aquisição de produtos de apoio necessários e fundamentais para um quotidiano mais autónomo e independente. Para as pessoas com deficiência ou incapacidade, seus familiares e cuidadores, organizações e serviços, a aquisição de produtos de apoio reutilizados sob a forma de empréstimo gratuito ou a preço acessível, torna-se, para alguns, a única solução para superar as barreiras financeiras insuperáveis. (Kniskern, et al., 2008)

1.1

Apresentação do tema

A reutilização de produtos de apoio é sinónimo de uma boa prática que tem vindo a ser aplicada por diversas entidades e autarquias. Existem diversos bancos de produtos de apoio e serviços de empréstimos espalhados por todo o país que procuram atender as necessidades das pessoas com baixos rendimentos. No entanto, estas práticas apesar de garantirem um serviço mínimo de ajuda às pessoas mais carenciadas, sob o ponto de vista financeiro, poderão não garantir níveis de segurança indispensáveis. Ou seja, é necessário avaliar as condições dos produtos de apoio disponíveis para empréstimo, quer seja por questões de higiene, mas essencialmente por questões de segurança do próprio produto. Estas questões são agravadas pelo tempo de uso e pela forma como o produto é utilizado.

Por outro lado, com o crescente aumento deste tipo de serviços, é essencial estudar e apresentar os indicadores de qualidade para serviços de empréstimo de produtos de apoio. Inicialmente estudar os indicadores adotados por outros países que já se encontram num patamar superior relativamente a esta prática, e analisar os já praticados pelos serviços nacionais, mesmo que indiretamente. Posteriormente pretende-se, que os indicadores sejam um meio de maximizar e otimizar os serviços nacionais de empréstimo de produtos de apoio, sendo um auxiliar de linhas orientadores de qualidade dos mesmos.

Nesta sequência, torna-se fundamental garantir que os produtos reutilizados apresentam condições que não comprometam a segurança e bem-estar do utilizador. De forma a estudar os tipos de testes, normas de segurança e critérios a ponderar na manutenção dos produtos de apoio, torna-se fundamental analisar a natureza dos testes em laboratório e as normas ISO1 (International Organization for Standardization), assim

1

ISO (International Organization for Standardization) -Organização Internacional para a Normalização é a instituição, a nível mundial, que regulamenta a produção de normas sobre os mais variados assuntos , inclusivamente, em cadeira de

(27)

27

como a prática por parte de algumas entidades, de forma a caracterizar os principais problemas e soluções a aplicar.

Esta temática torna-se importante por questões sociais, de segurança e económicas. Analisando as condições dos produtos de apoio e os indicadores de qualidade, procuram-se garantir um serviço de empréstimo/reutilização com maior qualidade e mais segurança, proporcionando ao utilizador maior confiança no seu uso e manuseio.

1.2

Motivação

A reutilização de um produto procura dar continuidade à sua função e atender outros utilizadores com as mesmas ou necessidades idênticas. A importância de reutilizar produtos de apoio, quer num ponto de vista social, com famílias e pessoas cada vez mais carenciadas, quer por questões financeiras, com a situação económica dos país, cortes no financiamento dos produtos de apoio, assim como a diminuição do poder de compra, é fundamental a existência de alternativas que respondam da melhor forma á necessidade das pessoas. A existência de sistemas de empréstimo de produtos de apoio, contribuindo para a sua reutilização, auxiliando as pessoas mais carenciadas, é de extrema importância para a faixa com menores posses económicas, pois garante o acesso gratuito a produtos que necessitam.

Desta forma, estudar boas práticas de serviços de empréstimo e retoma de produtos de apoio usados, analisar a natureza de testes em laboratórios especializados bem como normas ISO, identificando os principais componentes a considerar na manutenção/testes dos produtos de apoio, bem como analisar os tipos de testes, normas de segurança e critérios, convergindo para uma melhor caracterização dos problemas e soluções possíveis.

A implementação de um serviço desta natureza na Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro (UTAD), atendendo à problemática da revisão, manutenção e teste dos produtos, procuraria observar em questões práticas, esta temática e reunir diretrizes sobre o tipo de testes a efetuar aos produtos de apoio, de forma a garantir algum nível de segurança e qualidade dos mesmos.

A importância da “Reutilização de Produtos de Apoio: Serviços e Segurança”, fundamentalmente encontra-se na garantia de segurança e bem-estar do utilizador, procurando manter as características e funcionalidades do produto de apoio em questão.

rodas e todo o tipo de material relacionado com reabilitação (produtos de apoio-PA). Tem origem nesta instituição as normas ISO que servem de base as avaliações e qualidade dos PA. [http://w w w .iso.ch]

(28)

28

1.3

Objetivos da dissertação

No domínio da temática, reutilização de produtos de apoio em questões de segurança e serviços, os principais objetivos do trabalho da dissertação serão os seguintes: • Estudar boas práticas de serviços de empréstimo e retoma de produtos de apoio

usados;

• Estudar os indicadores de qualidade de sistema de empréstimo de produtos de apoio; • Identificar as diretrizes e linhas orientadoras de qualidade para os serviços de

reutilização de Produtos de apoio;

• Identificar os produtos de apoio mais utilizados na reutilização;

• Estudar a natureza de testes em laboratórios especializados assim como normas ISO, direcionadas para produtos de apoio para pessoas com incapacidade;

• Identificar as componentes dos produtos de apoio usados que necessitam de maiores cuidados de manutenção, reparação e limpeza;

• Criar guias com tabelas/diretrizes explicativas sobre o tipo de testes a efetuar aos produtos de apoio, de forma a garantir algum nível de segurança e qualidade dos mesmos;

• Apoio à implementação de um serviço de empréstimo e reutilização na UTAD: BETA.

1.4

Organização da dissertação

Com base nos pressupostos acima referidos, esta dissertação encontra-se organizada em seis capítulos.

No presente capítulo procedeu-se à apresentação do tema, enquadramento e motivação da investigação, e apresentou-se e os objetivos definidos para a mesma. No segundo capítulo, procede-se ao enquadramento conceptual e situa-se a fundamentação teórica que serviu de base de sustentação à presente investigação. Inicialmente são referidos conceitos básicos e essenciais, como, produto de apoio, caracterização da população e indicadores demográficos portugueses ou sistemas de prestação de serviços. Sendo fulcrais para compreender, informações mais relevantes, pertinentes e inerentes à reutilização de produtos de apoio.

O terceiro e quarto capítulo agrupam as duas grandes temáticas ao tema central da investigação, respetivamente, Serviços de Reutilização dos PA e Segurança na Reutilização dos PA. No terceiro capítulo, são examinados os conceitos à reutilização dos PA, estudados e apresentados os indicadores de qualidade aos serviços de

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reutilização, que já são já aplicados por alguns países e de certa forma podem ser considerados como linhas orientadoras de qualidade para os programas/serviços de reutilização de PA nacionais. Ao longo do capítulo são decompostos os diferentes indicadores dependendo do tipo de programa de reutilização, resultando em linhas orientadoras de qualidade para os serviços.

No quarto capítulo, é estudado a importância da reparação, manutenção e limpeza dos PA, assim como, apresentadas e descritas diretrizes básicas, para os serviços, familiares e os próprios utilizadores dos produtos, adotarem e aplicarem na melhor condição do produto. Este capítulo reúne e descreve os testes e normas ISO direcionadas para a inspeção aos produtos de apoio. Resultando num subcapítulo de “Inspeção: passo-a-passo”, que identifica os produtos e suas partes, assim como ilustra e indica, dependo do produto de apoio, quais os passos a tomar na sua manutenção e verificação de qualidade e condições.

No quinto capítulo descreve-se a metodologia e procedimentos adotados para e alcançar e concretizar os objetivos propostos à presente investigação. Procede-se a uma descrição da do tipo de pesquisa e metodologia, seguindo-se do trabalho desenvolvido (teórico e prático) e respetivas etapas, métodos e resultados. A análise crítica colige a recolha, resultados e discussão dos dados, para melhor síntese à temática da reutilização de PA.

Num sexto e último capítulo, apresentam-se as considerações finais, conclusões, e algumas linhas para orientação para trabalhos futuros.

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CAP 2

2 Enquadramento

Neste capítulo procede-se ao enquadramento conceptual e situa-se a fundamentação teórica que serviu de base de sustentação à presente investigação. Inicialmente são referidos conceitos básicos e essenciais, como, produto de apoio, caracterização da população e indicadores demográficos portugueses ou sistemas de prestação de serviços. Sendo fulcrais para compreender, informações mais relevantes, pertinentes e inerentes à reutilização de produtos de apoio.

2.1

Evolução do conceito de Produto de Apoio

Segundo Cook e Hussey (Cook, et al., 1995), o termo “tecnologias de apoio” deve ser referenciado como uma ampla gama de equipamentos, serviços, estratégias e práticas concebidas e aplicadas para minorar os problemas funcionais encontrados pelas pessoas com deficiência.

Os conceitos dominados por “tecnologias de apoio” e “ajudas técnicas” são termos largamente difundidos no mundo da reabilitação para indicar os recursos, equipamentos/instrumentos e serviços que visam facilitar o desenvolvimento de atividades de vida diária por pessoas com algum tipo de incapacidade ou deficiência (Teles, 2009).

Em Portugal, os termos “Tecnologias de Apoio”, “Ajudas Técnicas”, e mais recentemente “Produtos de Apoio” (PA), são utilizados frequentemente como sinónimos. Porém, Tecnologias de Apoio revela-se um conceito mais abrangente, representa serviços e produtos de apoio, utilizado por uma pessoa com necessidades especiais, especialmente produzido ou geralmente disponível, que se destina a prevenir, compensar, monitorizar, atenuar ou neutralizar a deficiência, limitação da atividade e restrição na participação. (GODINHO, 2010)

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Em análise, por um lado, o termo “tecnologia” não indica apenas objetos físicos, como dispositivos ou equipamentos, mas refere-se mais genericamente a produtos, contextos organizacionais ou “modos de agir”, que envolvem uma série de princípios e componentes técnicos. Por sua vez, o termo “apoio” é aplicado a uma tecnologia quando a mesma é utilizada para compensar uma limitação funcional, facilitar um modo de vida mais independente e autónomo, e ajudar tanto as pessoas com alguma incapacidade, idosos ou com deficiência a manifestarem todas as suas potencialidades (EUSTAT, 1999).

As “tecnologias de apoio” e “ajudas técnicas” podem ser utilizadas em várias áreas de aplicação e com funcionalidades diferenciadas, desde as atividades da vida diária, educação, trabalho, lazer e participação social. Com um contributo fundamental no âmbito dessas áreas, permitindo assim, o desempenho de papéis, hábitos e/ou rotinas, além da participação do indivíduo no contexto em que está envolvido (American, 2008). A utilização e escolha de “tecnologias de apoio” e “ajudas técnicas” deverá ter sempre em atenção a necessidade de potenciar e aumentar as capacidades funcionais dos seus utilizadores, ajudando-os a enfrentar um meio físico e social eventualmente adverso as suas (in)capacidades e as solicitações do contexto, tal como foi descrito no estudo europeu HEART (HEART- Line E, 1994). De acordo com esse estudo, para que as tecnologias de apoio possam auxiliar a diminuir as barreiras existentes entre as (in)capacidades das pessoas portadoras de deficiência e o contexto (social, físico,…) onde se inserem, elas podem atuar: a nível do indivíduo (aumentar as suas capacidades funcionais- por exemplo, utilizar uma cadeira de rodas que ajuda a aumentar a mobilidade do utilizador) e a nível do contexto (diminuir solicitações ou as exigências desse contexto em relação as pessoas com alguma incapacidade ou deficiência- por exemplo, uma rampa ou elevador para facilitar a mobilidade).

Para criar situações de êxito na relação utilizador-tecnologias de apoio e garantir que a tecnologia é a escolha apropriada, é fundamental considerar três fatores: eficácia (em relação às tarefas previstas, realiza o que dela se espera), contexto (bem adaptada ao meio e contexto de utilização) e devem ser consonantes com o modo de vida e personalidade do utilizador.

Nos últimos anos, a nível internacional, observou-se a uma evolução do conceito de “ajudas técnicas” direcionado para uma perspetiva social. Segundo os programas de investigação da Comissão Europeia, considera-se indivisível o binómio Ajudas Técnicas/ Acessibilidade (Design Universal/Desenho para todos), dado que ambos os

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aspetos convergem complementarmente, para a melhoria da autonomia e da qualidade de vida das pessoas com deficiência, incapacidade ou idosas (Andrich, 1999). Associação de ambos os conceitos converge para a adaptação do meio à população, ou seja, serviços e produtos destinados a qualquer pessoa, independente das suas limitações. De forma complementar, ajudas técnicas permite o ajustamento individual entre a pessoa e o meio, permitindo ultrapassar obstáculos aos serviços normais ou compensar limitações funcionais específicas, de modo a facilitar ou possibilitar as atividades do quotidiano (EUSTAT, 1999).

De acordo com a ISO 9999:2007, o termo “produtos de apoio”, vem substituir o termo “ajudas técnicas” presentes nas versões anteriores desta norma. Segundo a norma ISO 9999:2007 p.2, os produtos de apoio podem ser definidos como: (ISO 9999, 2007)

“Qualquer produto (incluindo dispositivos, equipamentos, instrumentos, tecnologias e software), especialmente produzido ou geralmente disponível, para prevenir, compensar, monitorizar, aliviar ou neutralizar as incapacidades as incapacidades, limitações das atividades e restrições na participação.”

Os produtos de apoio apresentam-se como recursos primordiais com carácter de manutenção e/ou prevenção para atender as múltiplas respostas para o desenvolvimento dos programas de habitação, reabilitação e participação das pessoas com deficiência ou incapacidade, e assim inserindo-se no quadro de garantias de igualdade e oportunidades aos níveis social e profissional (SAPA, 2009).

A nível nacional, ainda presente no decreto-lei nº 93/2009, disposto no artigo 2º, do capítulo I, no que diz respeito ao âmbito relacionado com os produtos de apoio, refere que os mesmos se destinam às pessoas com deficiência, idosos e, ainda, às pessoas que por incapacidade temporária ou definitiva necessitam de tal ajuda para promover a funcionalidade e potencialidade (atividade, participação), visando a sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. (SAPA, 2009)

2.1.1 Classificação dos Produto(s) de Apoio

Os produtos de apoio (PA) são classificados e reunidos por áreas, de acordo com as funções a que se destinam. Dependendo do objetivo, podem utilizar-se vários sistemas para classificar os produtos de apoio. Do estudo sobre classificações, são relevantes

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duas importantes referências que apresentam diferentes focos de organização e aplicação:

• ISO 9999;

• Classificação das Tecnologias de Apoio nos EUA (National Classification System

for Assistive Technology Devices and Services).

A classificação ISO 9999:2011 é largamente usada em vários países, quer em bases de dados e catálogos, sendo focada para produtos e agrupa-os em 12 classes com base no seu objetivo principal (mobilidade, atividades domésticas, etc.). Os PA são classificadas e reunidos segundo três níveis hierárquicos: classes, subclasses e divisões; e os códigos de cada um correspondem a um par de dígitos (6 dígitos no total), de acordo com as relações entre si e com regras definidas, nomeadamente, o primeiro par de dígitos indica uma classe, o segundo par de dígitos subclasses e o terceiro par de dígitos uma divisão. Segundo a classificação ISO 9999:2011, os produtos de apoio dividem-se nas várias classes: (ISO 9999, 2011)

• Classe 04 Produto de Apoio para tratamento clínico individual • Classe 05 Produto de Apoio para treino de competências • Classe 06 Ortóteses e próteses

• Classe 09 Produto de Apoio para cuidados pessoais e proteção • Classe 12 Produto de Apoio para mobilidade pessoal

• Classe 15 Produto de Apoio para atividades domésticas

• Classe 18 Mobiliário e adaptações para habitação e outros edifícios • Classe 22 Produto de Apoio para a comunicação e informação

• Classe 24 Produto de Apoio para o manuseamento de objetos e dispositivos • Classe 27 Produto de Apoio para melhoria do ambiente, máquinas e ferramentas • Classe 28 Produtos de Apoio para emprego e formação profissional

• Classe 30 Produto de Apoio para atividades recreativas

Na classificação de produtos de apoio ISO 9999, ainda podemos distinguir 3 grupos principais de Produtos de Apoio (PA) neste contexto (Lorentsen, 2001):

• PA orientados para o corpo

• PA para desenvolvimento de competências • PA para superar dificuldades

A Classificação das Tecnologias de Apoio nos EUA (National Classification System for

Assistive Technology Devices and Services), revista em 2000, integra recursos e

serviços, promovendo o apoio à avaliação do utilizador, o desenvolvimento e conceção de recursos, a integração de PA com ação e objetivos educacionais e de reabilitação e

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os apoios legais de concessão. Cataloga 10 itens de componentes de recursos, por área de aplicação, nomeadamente: A- Elementos Arquitetónicos, B- Elementos Sensoriais, C- Computadores, D- Controlos; E- Vida Independente, F- Mobilidade, G- Ortóteses/Próteses, H- Recreação, Lazer e Desporto; I- Mobiliário Modificado e J- Serviços. (NCSATDS, 2000)

2.2

Características da População-Alvo

Os produtos de apoio são essencialmente uma resposta às necessidades sentidas pelas pessoas com algum tipo de deficiência, incapacidade ou idosas. Sendo um auxiliar para que estas pessoas possam superar as desvantagens e barreiras do seu meio e contexto, e consigam viver de forma mais autónoma, independente e contribuindo para uma melhoria da qualidade de vida.

Considerando as pessoas com deficiência e idosos, como a maior representação no grupo de pessoas com incapacidade ou com necessidades especiais, é fundamental perceber alguns conceitos básicos, analisar os dados estatísticos e estudos nacionais para a caracterização demográfica desta população, para melhor compreender dinâmicas e variáveis que lhe estão associadas.

De acordo com o documento Internacional Classification of Impairment, Disability and

Handicap- ICIDH da Organização Mundial de Saúde (ICIDH-OMS, 1980):

 Incapacidade: Corresponde a qualquer redução ou falta para realizar uma atividade dentro dos moldes e limites considerados normais para o ser humano. Caracteriza-se por excessos ou insuficiências no comportamento ou no desempenho de uma atividade que se tem por comum ou normal, provindo geralmente de uma deficiência.- Conceito relacionado com o corpo e a mente;  Deficiência: Representa qualquer perda ou anormalidade da estrutura ou de uma

função psicológica, fisiológica ou anatómica. Estas perdas ou alterações podem ser temporárias ou permanentes.- Sendo um conceito relacionado com a pessoa (reflete a interação entre as características do corpo da pessoa e as características da sociedade na qual ela vive);

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 Desvantagem: representa um impedimento sofrido por determinado indivíduo, resultante de uma deficiência ou incapacidade, que o limita ou o impede no desempenho de uma atividade considerada normal para esse indivíduo, tendo em atenção a idade, o género e os fatores socioculturais- Conceito social (reflete as consequências culturais, sociais, económicas e ambientais).

Segundo as definições e o esquema (Figura 1), uma desvantagem não é característica de uma pessoa, trata-se de uma descrição da relação entre essa pessoa e o meio. Na classificação ICIDH, é transferida a desvantagem do indivíduo para o meio, apresentando assim uma perspetiva importante da função dos PA, na redução dos efeitos da deficiência. Ao descrever assim, os indivíduos com deficiências, salienta os resultados funcionais, reforçando o contributo dos PA para um funcionamento satisfatório, autónomo e independente das pessoas com deficiências. (EUSTAT, 1999) Uma versão mais atualizada do uso da ICIDH, foi aprovada em 2001 designada por “International Classification of Functioning, Disabilities and Health”, abreviada por ICF, sendo que em português, é conhecida por Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Esta versão, como ilustrada na Figura 2, estrutura-se em três vertentes: estruturas e funções do corpo, atividades e participação. Fundamentalmente tenta estabelecer uma abordagem multidimensional e interativa de incapacidade e funcionalidade (funções e estruturas do corpo, atividades e participação, fatores ambientais e pessoais), como resultante da interação entre a condição de saúde e os fatores contextuais (ambientais e pessoais), daí as setas de ligação entre os diferentes componentes da CIF serem bidirecionais.

Figura 2- Interações entre os componentes da CIF (OMS, 2005)

Por sua vez, há ainda a reflexão dos fatores contextuais, que incluem ambientais e pessoais. Considerando que os fatores ambientais são extrínsecos (exteriores) ao indivíduo, podendo incluir as atitudes da sociedade, as características arquitetónicas do ambiente ou o sistema legal. Por sua vez, os fatores pessoais, incluem aspetos como

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género, idade, aptidão, estilo de vida, educação, profissão, experiência passada e presente. (OMS, 2005)

Estes novos conceitos vêm reforçar e intensificar o papel dos PA, ao reconhecer que os PA podem permitir uma participação mais adequada das pessoas com deficiência nas atividades sociais, educativas e profissionais.

A CIF define que a funcionalidade e a incapacidade de uma pessoa podem ser expressas de duas maneiras: por um lado, ser utilizados para indicar problemas (incapacidade, limitação de atividade ou restrição de participação designadas pelo termo genérico deficiência); por outro lado, podem indicar aspetos não problemáticos da saúde e dos estados relacionados com a saúde resum idos sob o termo funcionalidade. A CIF define, ainda, a incapacidade como um termo genérico para deficiências, limitação de atividade e restrição de participação. A incapacidade é a interação entre os indivíduos com uma condição de saúde (por exemplo, paralisia cerebral, síndrome de Down e depressão) e fatores pessoais e ambientais (por exemplo, atitudes negativas, transporte inacessível e edifícios públicos, e apoios sociais limitados). (WHO, 2001)

De acordo com a legislação Nacional (SAPA, 2009), entende-se por:

• Pessoa com Deficiência, aquela que por motivos de por motivos de perda ou anomalia, congénita ou adquirida, de funções ou de estruturas do corpo, incluindo as funções psicológicas, apresente dificuldades específicas suscetíveis de, em conjugação com os fatores do meio, lhe limitar ou dificultar a atividade e participação em condições de igualdade com as demais pessoas;

• Pessoa com incapacidade temporária, aquela que por motivo de doença ou acidente encontre, por período limitado e específico no tempo, dificuldades específicas suscetíveis, em conjugação com os fatores do meio, lhe limitar ou dificultar a sua atividade e participação diária em condições de igualdade e com as demais pessoas.

Em Portugal, considera-se pessoas idosas, sendo os homens e mulheres com idade igual ou superior a 65 anos. Também a Organização Mundial de Saúde classifica cronologicamente como idosos as pessoas com mais de 65 anos de idade em países desenvolvidos e com mais de 60 anos de idade em países em desenvolvimento (OMS, 2001).

Segundo os últimos dados da OMS, estima-se que mais de um bilião de pessoas vivem com algum tipo de incapacidade, significando cerca de 15% da população mundial.

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Sendo que entre 110 milhões (2 %) e 190 milhões (4%) das pessoas com 15 anos ou mais velhas têm dificuldades significativas funcionais, verificando-se um aumento das taxas, devido ao envelhecimento da população e o aumento das doenças crónicas. (OMS, 2013)

2.2.1 Indicadores demográficos da Deficiência e Envelhecimento em Portugal

A nível nacional, conforme o último censo de 2011, realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE, 2011), cerca de 18% da população com 5 ou mais anos de idade declarou ter muita dificuldade, ou não conseguir realizar pelo menos uma das 6 atividades diárias (andar, ver, ouvir, compreender/fazer-se entender, tomar banho/vestir-se e memória/concentração). Sendo que, na população com 65 ou mais anos, este indicador ultrapassava 50%, representando 995 213 pessoas idosas. Aproximadamente estima-se que 2 875 mil das pessoas entre os 15 e os 64 anos, cerca de 40,5% (Figura 3), tinham pelo menos um problema de saúde ou doença prolongados e, 17,4% (Figura 4) tinham pelo menos uma dificuldade na realização de atividades básicas. A existência deste tipo de problemas de saúde afeta mais as mulheres (44,5%) do que os homens (36,5%) e aumenta com a idade (INE, 2011).

Figura 3- População com um ou mais problemas de saúde ou doenças prolongadas por género e grupo etário, 2011 (%) (INE, 2011)

Figura 4- População com uma ou mais dificuldades na realização de atividades básicas por género e grupo etário, 2011 (%) (INE, 2011)

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Relativamente as atividades básicas, os problemas músculo-esqueléticos e as dificuldades na mobilidade, especialmente andar e subir degraus, foram apontados, respetivamente, como o principal problema de saúde e a principal dificuldade para a população inquirida. Sendo as dificuldades relacionadas com memória, concentração e comunicação mais mencionadas como as de maior gravidade pelas/os jovens (15-24 anos). Facilmente se conclui, que as dificuldades na realização das atividades básicas são mais expressivas nas idades mais avançadas, sobretudo nos problemas relacionados com mobilidade. (INE, 2011)

Figura 5- Distribuição das principais dificuldades na realização de atividades básicas por grupo etário (%) e Tipo de dificuldade a partir dos 65 anos, (INE, 2011)

Atendendo ao perfil demográfico da população residente em Portugal, a caracterização da incapacidade funcional da população idosa assume particular importância. Em Portugal, de acordo com os Censos 2011, havia 2 010 064 pessoas idosas, cerca de 19% da população residente. (INE, 2011)

Figura 6- População total e pessoas com 65 ou mais anos com pelo menos uma dificuldade por grupo etário, (INE, 2011)

A proporção da população com pelo menos uma dificuldade na execução das atividades do dia-a-dia aumenta com a idade (Figura 5 e Figura 6). Na população, com idades entre os 65-69 anos, a taxa de incidência de pelo menos uma incapacidade funcional afeta 30% dessas pessoas. Para o grupo etário 75-79 anos a proporção de

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pessoas que não consegue/tem muita dificuldade em realizar pelo menos uma atividade é superior a 50%.

Embora as limitações em andar sejam a principal dificuldade manifestada em todos os grupos etários da população com 65 ou mais anos, verifica-se que nas idades mais avançadas aumenta a incidência das dificuldades relacionadas com o banho ou vestir-se sozinho, e com o compreender e fazer-vestir-se entender (Figura 5 e Figura 7). Cerca de 365 mil idosos com pelo menos uma dificuldade não conseguem ou têm muita dificuldade em vestir-se ou tomar banho sozinhos e 256 mil manifestaram limitações ao nível da compreensão - compreender os outros ou fazer-se entender.

Figura 7- Percentagem na realização das atividades a partir dos 65 anos, (INE, 2011)

As dificuldades questionadas incidem diferentemente nos homens e nas mulheres, enquanto, os problemas associados a ouvir e compreender incide mais sobre os homens. Já as mulheres, apontam como maior dificuldade as relacionadas com andar, ver, memória/concentração, tomar banho e vestir-se sozinho.

2.3

Serviços de Tecnologias de Apoio

Devido à natureza técnica e frequentemente clínica dos PA, a mediação entre o utente/beneficiário e o fabricante do equipamento em geral é efetuada por um Sistema de Prestação de Serviços (SPS), que pode ser definido como qualquer serviço que auxilia diretamente um indivíduo com deficiência ou incapacidade na seleção, aquisição ou uso de um equipamento de PA.

O processo de assistência pode ser caracterizado pelas seguintes etapas (EUSTAT, 1999):

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2. Avaliação e identificação de necessidades, incluindo uma avaliação funcional do indivíduo no seu ambiente habitual;

3. Identificação da tipologia da solução, ou seja, o tipo de PA que satisfaz a necessidade;

4. Experimentação, personalização, treino do uso de equipamento;

5. Seleção do conjunto específico de produtos e serviços, com respeito a marcas, modelos e configurações de montagem entre equipamentos, se for o caso;

6. Aquisição do equipamento pelo próprio utilizador ou familiares, concessão por entidade financiadora, ou uma combinação de ambos;

7. Implementação do uso do equipamento no contexto de vida do utilizador; 8. Seguimento e avaliação, incluindo adaptação, manutenção, reparação e

substituição do equipamento.

Segundo o Center on Disabilities da Califórnia (CSUN, 2006), existem dois modelos distintos que permitem classificar os sistemas de prestação de serviços de produtos de apoio:

1ºModelo: “Paradigma do déficit individual”, o foco é a pessoa com deficiência ou incapacidade. A natureza do problema é a falha no desempenho das atividades e as consequências para o indivíduo são a internalização do papel do diferente e a aceitação de um estatuto menor. Os resultados pretendidos são a promoção da capacidade funcional, o retorno ao trabalho, a promoção de ajustes personalizados, o menor suporte de serviços.

2ºModelo:“Paradigma tecnológico/ecológico”, o foco está nos sistemas de recursos de PA: informações, financiamento, avaliação e desenvolvimento. A natureza do problema é a falta de acesso aos recursos apropriados: ferramentas, informação e treino. As consequências para o indivíduo são a internalização de um estatuto de consumidor/cliente. Sendo os resultados pretendidos, a promoção de oportunidades iguais e de escolhas livres, bem como a realização de objetivos pessoais.

A reflexão sobre os diferentes modelos de SPS auxilia a projetar ações para garantir que os investimentos nesta área atendam aos seus objetivos de promover a funcionalidade e a participação social da pessoa com deficiência ou incapacidade, em igualdade de condições, sem riscos de subutilização ou abandono dos recursos, consequência de uma dissociação entre o que é realmente necessário ao beneficiário e o que lhe é concedido. Os SPS evoluíram de forma natural, são cada vez mais centrados

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no beneficiário, no desenvolvimento tecnológico, nas políticas para a remoção de barreiras sociais e estruturais e na equiparação de oportunidades. (Brasil, 2009) O estudo europeu HEART considera os Sistemas de Prestação de Serviços (SPS) como um meio de facilitar o acesso das pessoas com deficiência ou incapacidade aos PA ou recursos, quer seja através de ajuda financeira, competência profissional, informação, formação, entre outros (HEART- Line C, 1994). Este estudo reforça que o SPS deve simultaneamente otimizar a relação entre o custo e eficácia, reduzir barreiras económicas para os beneficiários e empresas, e minimizar os custos administrativos. Considerando que um bom sistema deve ser capaz de adaptar-se à evolução das necessidades individuais, ao mercado, às características demográficas e permitir usufruir dos desenvolvimentos tecnológicos.

Considerando as enormes diferenças existentes nos vários países da Europa e dado que cada país tem um SPS diferente, o modo de ministrar formação sobre os SPS deveria ser ajustado ao grupo alvo e contexto específicos. É particularmente importante, compreender o funcionamento do SPS e eventuais alterações, quer seja por questões política, legislativas ou disponibilidade. A qualidade de um SPS de produtos de apoio pode ser melhor analisada considerando seis parâmetros fundamentais (HEART, 1995):

1. Acessibilidade (em que medida o SPS é acessível para os que dele necessitam);

2. Competência (em que medida apresenta soluções competentes, as diferentes necessidades individuais);

3. Coordenação (uma estrutura única em vez de um conjunto de decisores isolados);

4. Eficiência (em termos de economia, qualidade e oportunidade); 5. Flexibilidade (capacidade de resposta a diferenças individuais);

6. Influência do utilizador (em que medida respeita a opinião dos utilizadores). Em relevância e alusivo ao estudo desta dissertação, a componente “Serviços” presente na Classificação das Tecnologias de Apoio nos EUA (National Classification System for

Assistive Technology Devices and Services), é definida como qualquer serviço que

auxilia diretamente um indivíduo com uma deficiência na seleção, aquisição ou utilização de um PA. E apresenta como subclasses: (NCSATDS, 2000)

• Avaliar as necessidades de uma pessoa com deficiência (avaliação individual); • Apoio para adquirir PA/serviços (aquisição, apoio financeiro ou de outra forma que prevê a aquisição de PA);

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• Seleção de recursos e serviços e utilização dos serviços (Seleção, conceção, montagem, personalização, adaptação, aplicação, manutenção, reparação ou substituição de PA);

• Coordenação/articulação com outras terapias, intervenções e serviços;

• Treino e assistência técnica para um indivíduo com deficiência ou a família de uma pessoa com deficiência;

• E outros serviços de apoio, dos quais se destaca os serviços de reutilização dos PA. Inclui serviços aluguer, empréstimo e doação, e constante realce à manutenção, reparação e substituição em caso de PA danificados ou quebrados. No caso português, os serviços mais comuns são os atos de prescrição e financiamento, sendo atribuição de PA definida pelo Instituto Nacional de Reabilitação (INR), entidade que aprova e publica as normas que regulam a atribuição, definindo os procedimentos das entidades prescritoras e financiadoras dos PA. Cuja filosofia principal assenta na dotação financeira de entidades prestadoras de serviços de saúde, reabilitação, formação profissional e emprego, e de solidariedade social.(INR, 2013) Por necessidade em cumprir o papel do Estado, na adoção de medidas que assegurem o fornecimento, adaptação, manutenção ou renovação dos PA, garantindo a igualdade equitativa de oportunidades e justiça social. Obrigou a uma reformulação do sistema, de forma, assegurar a igualdade de oportunidades de todos os cidadãos , promovendo a integração e participação das pessoas com deficiência e em situação de dependência, e desta forma alcançar o desiderato de justiça social. Neste sentido foi criado o sistema de atribuição de produtos de apoio (SAPA), com o intuito de garantir a eficácia do sistema, a eficiência de aplicação criteriosa, e consequentemente a desburocratização do sistema sobretudo ao nível das exigências às entidades prescritoras, culminando com a criação de uma base de dados centralizada dos pedidos efetuados, permitindo um melhor controlo dos mesmos.

2.4

SAPA (Sistema de Atribuição de Produtos de Apoio)

Em Portugal, surge na década de 90, criado por despacho conjunto dos ministros que tutelavam as áreas da saúde e do trabalho e da solidariedade social, o sistema supletivo de ajudas técnicas e tecnologias de apoio para pessoas com deficiência. Porém, face a alguns obstáculos identificados no sistema supletivo, à necessidade de dar cumprimento à Lei n.º 38/2004, de 18 de Agosto, na parte em que dispõe que «compete ao Estado adotar medidas específicas necessárias para assegurar o fornecimento,

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adaptação, manutenção ou renovação dos meios de compensação que forem adequados» (República, 2004), e ao I Plano de Ação para a Integração das Pessoas com Deficiência ou Incapacidade, na parte em que se refere o objetivo de proceder à «revisão do sistema supletivo de financiamento, prescrição e atribuição de ajudas técnicas e conceção de um novo sistema integrado» (República, 2004), considerou-se necessário proceder a uma reformulação do sistema com vista a identificar as dificuldades existentes e adotar as medidas necessárias para garantir a igualdade de oportunidades de todos os cidadãos, um sistema facilitador de autonomia, promover a integração e participação das pessoas com deficiência e em situação de dependência na sociedade e promover uma maior justiça social e inclusão. (SAPA, 2009)

Surge assim, o decreto-Lei n.º 93/2009, de 16 de Abril, que cria de forma pioneira e inovadora o enquadramento legal para o sistema de atribuição de produtos de apoio (SAPA), que vem substituir o então sistema supletivo de ajudas técnicas e tecnologias de apoio, de modo a garantir, por um lado, a eficácia do sistema, a operacionalidade e eficiência dos seus mecanismos e a sua aplicação criteriosa e, por outro lado, a desburocratização do sistema atual ao simplificar as formalidades exigidas pelos serviços prescritores e ao criar uma base de dados de registo de pedidos com vista ao controlo dos mesmos por forma a evitar, nomeadamente, a duplicação no financiamento de PA ao utente. Sendo que o SAPA, tem como objetivo principal atribuir, de forma gratuita, a pessoas com deficiência ou com uma incapacidade temporária, produtos, equipamentos ou sistemas técnicos especialmente adaptados que previnam, compensem, atenuem ou neutralizem a sua limitação funcional. (SAPA, 2009)

Expõem-se abaixo os excertos desta legislação mais pertinentes e relevantes à temática em estudo. Em realce:

 Artigo 4º, ponto f - “Equipa técnica multidisciplinar a equipa de técnicos com saberes transversais das várias áreas de intervenção em reabilitação” integrando, designadamente, médico, enfermeiro, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, terapeuta da fala, psicólogo, docente, recorrendo quando necessário a outros técnicos em função de cada uma das situações, nomeadamente técnicos de serviço social, protésicos, engenheiros e ergonomistas, de forma a que a identificação dos produtos de apoio seja a mais adequada à situação concreta, no contexto de vida da pessoa.”

 Artigo 10.º, ponto 4 - “O despacho referido no n.º 1 identifica os produtos suscetíveis de serem reutilizados.”

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Dos excertos acima expostos, é possível entender que está prevista a reutilização de alguns produtos de apoio, porém ainda não se encontra regulamentado o mecanismo de reparação ou de habilitação das entidades que os recuperam. Também ainda não existe quaisquer referências aos PA suscetíveis de serem reutilizados, como aponta o ponto 4 do artigo 10º.

Sendo que, apesar da omissão de referência da reutilização de PA, os despachos do INR que regulam atribuição dos PA, como por exemplo o despacho n.º 5128/2013, 2ª série, de 16 de abril, o SAPA contemplam a adaptação e reparação dos PA.2 (INR, 2013)

Tendo como objetivo a reutilização de alguns PA, a sua reparação, manutenção e certificação, torna-se necessária a identificação, ao longo da lista homologada presente no SAPA, dos que são ou não passiveis de reutilização. Em princípio, deverão ser considerandos os produtos não reutilizáveis aqueles que são descartáveis, como as fraldas, ou adequados e personalizados ao utilizador, apresentam características “feitas à medida”, como por exemplo as dentaduras, próteses ou meias elásticas. Maioritariamente, os PA não reutilizáveis estarão nas classes 04 (Produto de Apoio para tratamento clínico individual), 06 (Ortóteses e próteses) e 09 (Produto de Apoio para cuidados pessoais e proteção).

Por sua vez, poderão ser identificados como PA reutilizáveis, aqueles concebidos para grupos de utilizadores, sendo que podem ser adequadas às diferentes situações e utilizadores (por exemplo, ajuste em altura), e pelas suas características de construção, podem ser reparados e recuperados. Agrupam-se com estas características, maioritariamente, os PA para a mobilidade pessoal; mobiliário e adaptações para habitação e outros edifícios; e PA para o manuseamento de objetos e dispositivos, correspondendo, respetivamente, às classes 12, 18 e 24 da lista homologada do SAPA. Medidas associadas aos PA reutilizáveis, quando cedidos pelo SAPA, devem fazer-se acompanhar de um termo de responsabilidade onde mencione a obrigatoriedade de devolução, quando já não são úteis e eficazes, bem como as condições de utilização. E consequentemente, quando se trata de PA reutilizáveis, o recurso ao mecanismo que envolve o Banco de PA é obrigatório, sendo uma boa-prática considerar os serviços e bancos já existentes, só assim se pode aumentar a quantidade, diversidade e qualidade dos PA disponíveis a nível nacional.

2 “Os custos com a adaptação e reparação dos Produtos de Apoio, prescritos por ato médico, são financiadas reportando-se aos respetivos códigos ISO da lista homologada dos Produtos de Apoio”, indicada no ponto 13 do mesmo despacho. (INR, 2013)

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Sendo que para o desenvolvimento de programas de reutilização de PA, é importante a articulação e cooperação do SAPA com os serviços já existentes e/ou posteriormente criados, de natureza pública e/ou privada, para uma rede nacional, de maior escala, de mais oferta e com maior qualidade.

Como conclusão e da apreciação do SAPA, podemos dizer que carece não apenas da regulamentação relativa à reutilização dos PA, mas também de uma reflexão e estudo sobre a implementação de serviços com qualidade e que simultaneamente garantam a segurança dos utilizadores.

O papel da “equipa multidisciplinar” na avaliação das necessidades e escolha de PA mais adequado e acompanhamento da sua utilização, destaque para a intervenção e presença de um Engenheiro de Reabilitação na equipa como uma mais -valia para a melhor reutilização dos PA.

De acordo com Reswick, as atividades de Engenharia de Reabilitação incluem (mas não estão limitadas a): Invenção, Investigação e Desenvolvimento, Avaliação, Produção e Marketing, Seleção de Tecnologia, Prestação de Serviços, Instruções de Uso, Manutenção e Reparação. (RESWICK, 2000)

Neste trabalho de investigação pretende-se estudar as variáveis associadas à temática da reutilização de PA, aprofundar boas práticas de serviços de reutilização de PA, indicadores de qualidade, procedimentos e orientações para testes dos PA reutilizáveis, que garantam um serviço mais completo e profissional, na relação tripartida serviço-PA-beneficiários.

Referências

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