DIREITO PROCESSUAL PENAL
DIREITO
PROCESSUAL PENAL
PONTO 1: Prisão (continuação) e Liberdade Provisória
1. PRISÃO (CONTINUAÇÃO)
Prisão Preventiva- arts. 311 a 316 do CPP:
Tem natureza cautelar.
Pode ser decretada pelo juiz de ofício, a requerimento do Ministério Público ou a requerimento do querelante.
Os requisitos são: “fumus boni iuris” x “fumus comissi delicti” Os fundamentos: “periculum in mora” x “periculum libertatis”.
Os requisitos legais estão presentes do art. 311 – 313 do CPP, sendo necessária a demonstração de indícios suficientes de autoria e prova da materialidade do fato, e vale lembrar que os indícios suficientes não se confundem com os razoáveis que significam mera possibilidade de ser autor do crime.
-Quando se fala em garantia da ordem Pública, o STF se manifesta no sentido de que a mera afirmação de gravidade do crime e clamor social, de per si, não são suficientes para fundamentar a constrição cautelar, sob pena de transformar o acusado em instrumento para a satisfação do anseio coletivo pela resposta penal.
-A garantia da ordem econômica, por sua vez, se refere a delitos perpetrados em detrimento de patrimônio de instituições financeiras ou de órgãos públicos, mormente aquelas hipóteses de desvios de vultosas quantias.
-Por conveniência da instrução criminal, é decretada a preventiva para que o agente em liberdade não venha a aliciar testemunhas, forjar provas, destruir ou esconder
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elementos que possam servir de base à futura condenação, visando furtar-se à responsabilização criminal pelo fato objeto da investigação ou do processo.
-Para assegurar a aplicação da lei penal, com fundamento no receio justificado de que venha o investigado ou acusado a evadir-se do distrito da culpa, impedindo, destarte, no caso de condenação, a imposição da pena que lhe vier a ser fixada.
Admissibilidade- art. 313, CPP: -Crime doloso punido com reclusão;
-Punido com detenção, desde que: vadio; ou de identidade duvidosa. -Reincidente doloso (art. 64, I do CP).
-Violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei Maria da Penha – Lei 11.340, art. 20).
Não se admite prisão preventiva em contravenções penais; em infrações que permitem ao réu livrar-se solto, como tal consideradas aquelas cuja pena máxima cominada é de 3 (três) anos ou então não prevêem pena privativa de liberdade (321 CPP); crimes culposos, ; quando houver evidências de ter o agente praticado o fato sob a égide de excludentes de ilicitude (legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito).
Medidas Cabíveis: da decisão que decreta a prisão preventiva cabe hábeas corpus, já da decisão que denega ou revoga, cabe RSE (Recurso em Sentido Estrito).
Prisão Temporária:
A prisão temporária está disciplinada na lei 7.960/89. Tem natureza de medida cautelar.
Tem por finalidade assegurar uma eficiente investigação criminal; satisfazer o interesse da autoridade policial e será sempre decretada durante o curso do inquérito policial.
DIREITO PROCESSUAL PENAL Para decretar a prisão temporária:
Art. 1º da Lei 7.969/89: cumulativos ou alternativos;
Requisitos gerais das cautelares – fumus comissi delicti (inciso III) e periculum libertatis (inciso I e II).
O Inciso III é um rol taxativo.
Obs. Vale referir que o rol de crimes do inciso III, não tem mais o crime de atentado violento ao pudor.
Não é cabível nos crimes contra ordem tributária.
Quanto ao prazo de duração, o mesmo é de 5 dias podendo ser prorrogado por até mais 5 dias. No caso de crimes hediondos, o prazo será de 30 por até mais 30 dias.
Não se admitem sucessivas prorrogações, somente uma. Estando o prazo em curso e não havendo mais necessidade de prisão, o delegado deve informar ao juiz para que decida sobre a soltura. Se findo o prazo, o próprio delegado deve liberar o preso, sob pena de não o fazendo incidir no art. 4º, i, da lei 4898/65.
De acordo com a lei 7.960, a prisão será decretada pelo juiz diante de representação da Autoridade Policial ou de requerimento do Ministério Público, e não de ofício. Outrossim, a prisão somente será executada após a expedição de mandado judicial, estando a autoridade policial sujeita a prestar esclarecimentos.
2. LIBERDADE PROVISÓRIA
A liberdade provisória é instituto por meio do qual, em determinadas situações, concede-se ao indivíduo o direito de aguardar em liberdade o final do processo.
A liberdade provisória pode ou não estar vinculada ao cumprimento de condições. Uma vez deferida, nada impede que venha a ser revogada, por exemplo, pelo não cumprimento das condições estabelecidas. Hoje, no Brasil, a liberdade provisória tem
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pertinência apenas nas hipóteses de flagrância. Antes da lei 11719/08, cabia também nos casos de pronuncia e para apelar em liberdade.
É diferente de relaxamento de prisão em flagrante, a qual se relaciona com ilegalidade do flagrante. A liberdade provisória é legal e devidamente homologada, possibilita-se porém ao flagrado, aguardar em liberdade em face da constatação das hipóteses previstas no art. 310 do CPP.
Existem casos em que a liberdade provisória é obrigatória, imposta por lei, independentemente de fiança: em casos de infrações de menor potencial ofensivo, em que o agente assume o compromisso de comparecer ao JECrim (art. 69, lei 9.099/95); infrações que permitam ao réu livrar-se solto (máximo de 3 anos de PPL ou não punidos com prisão).
Por outro lado existem casos em que a liberdade provisória é vedada, em casos em que a própria lei proíbe de modo expresso. Ex: art. 7º da lei 9034/95 (agentes com intensa e efetiva participação na organização criminosa).
Existem ainda casos, em que a liberdade provisória é permitida, em alguns casos mediante fiança e em outros sem a necessidade de fiança. É permitida mesmo sem a necessidade de fiança (310, caput e parágrafo único). Ex: magistrado verifica a hipótese de o crime ter sido cometido ao abrigo de excludente de ilicitude.
Depende de fiança em hipóteses nas quais a lei possibilta a prestação de fiança como garantia de que haverá o cumprimento, pelo investigado ou pelo réu, de suas obrigações processuais.
Fiança:
A fiança, é só para casos de prisão em flagrante, não se falando em seu cabimento em casos de prisão preventiva e temporária. A fiança pode ser arbitrada a qualquer temo, desde a lavratura do APF até o trânsito em julgado da sentença condenatória.
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Descabe fiança: nas contravenções de vadiagem e mendicância; nos crimes dolosos punidos com reclusão, independente da pena mínima, se o réu já tiver sido condenado por outro crime doloso em sentença transitada em julgado (323, II, CPPP); hipóteses em que o flagrado é comprovadamente vadio; crimes punidos com reclusão que provoquem clamor público ou tenham sido cometidos com violência ou grave ameaça contra a pessoa (323, V); hipótese de anterior quebramento de fiança (324, I, CPP)
O valor deve ser fixado em salários mínimos, atendendo ao binômio gravidade do delito e possibilidade econômica do agente (325 e 326 do CPP), o réu pode ser dispensado de pagamento em sendo pobre (350 do CPP).
Em regra quem concede é o juiz. Mas nos casos de detenção e prisão simples pode ser determinada pela autoridade policial (art. 322 do CPP).
Quando for incabível a fiança, devem os valores serem devolvidos ao réu (art. 338 e 339 do CPP).
O descumprimento injustificado das obrigações, bem como a prática de nova infração penal na vigência da fiança acarreta quebramento, vale dizer, recolhimento á prisão do afiançado e perda definitiva de metade do valor pago em favor da União (art. 341, CPP).
Devemos lembrar que a fiança é garantia e não pagamento pela liberdade. Assim, como regra, deve ser devolvida após o trânsito em julgado da sentença condenatória (descontadas as custas) ou absolutória (restituição integral).
Recursos: para impugnar fiança (concessão, negativa, cassação, perdimento, etc) cabe RSE arts. 581, V e VII do CPP. No entanto, se ocorrer dentro da sentença condenatória, o recurso será de apelação (593, §4º, CPP).