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"A paisagem da minha infância". valorizando a história da Serra do Rio do Rastro

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA - UNISUL CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

MONIQUE ACORDI

“A PAISAGEM DA MINHA INFÂNCIA”

Valorizando a história da Serra do Rio do Rastro/SC.

(2)

MONIQUE ACORDI

“A PAISAGEM DA MINHA INFÂNCIA”

Valorizando a história da Serra do Rio do Rastro/SC.

Trabalho de conclusão de curso I apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo de Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob orientação da Prof. Msc. Arq. Michelle Souza Benedet.

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DADOS CADASTRAIS ACADÊMICA

Nome: Monique Acordi

Curso: Arquitetura e Urbanismo Código de Matrícula:59373

Endereço: Travessa Carlos Moura, 42, Bairro Arizona,Lauro Müller/SC

Telefone: (48) 98482-2992

E-mail: Monique.acordi@hotmail.com ORIENTADOR

Nome: Arq. Michelle Souza Benedet Telefone: (48) 99616-3106

E-mail: mi_arq@hotmail.com TÍTULO DO TRABALHO

“A PAISAGEM DA MINHA INFÂNCIA” TEMA DO TRABALHO

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MONIQUE ACORDI

“A PAISAGEM DA MINHA INFÂNCIA” Valorizando a história da Serra do Rio do Rastro/SC.

Trabalho Final de Graduação I elaborado pela acadêmica Monique Acordi, apresentado Em_______________________ de ____________ à banca avaliadora que segue:

Banca examinadora: Orientador:

________________________________________________ Me. Michelle Souza Benedet

Universidade do Sul de Santa Catarina Membro:

_________________________________________________ Avaliador 01

Universidade do Sul de Santa Catarina Membro:

_________________________________________________ Avaliador 02

(5)

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, meu guia e protetor, que me iluminou nesta caminha me concedendo força e coragem para continuar.

Aos meus pais, pela compreensão das minhas escolhas, e por sempre acreditar que eu chegaria até aqui. Mas principalmente, por permitir que a Serra do Rio do Rastro seja parte da minha história e tema do meu trabalho de conclusão de Curso.

Ao meu irmão, que apesar da ausência diária, sempre se fez presente, por mensagens de apoio e solicito a me ajudar.

Ao meu namorado, que mesmo com seus compromissos, esteve comigo na conclusão de cada capítulo, em cada entrega e nas inúmeras visitas feitas às cidades, me amparando nos momentos de angustia, me enchendo de carinho e palavras reconfortantes.

A toda a minha família que esteve presente, me apoiando ao longo da minha trajetória e na decisão do meu tema.

A minha amiga de infância, Caroline T. pelo apoio e suporte que tem me dado em todos os momentos.

A minha amiga Julia, colega, amiga e confidente, por me socorrer nas horas de insegurança oferecendo seu ombro amigo, sempre estado ao meu lado emprestando a sua família.

Ao grupo Sobreviventes, por me ensinarem o verdadeiro significado da amizade, parceria e lealdade.

A meus amigos, Amanda, Mateus C., João, Matheus D., Carol G., Julia que compartilharam comigo a angustia desses

últimos dias me socorrendo e fazendo companhia nessa maratona e não permitiram a minha desistência.

Agradecimento especial à minha orientadora, pela compreensão, pelos concelhos e puxões de orelhas necessários, sempre me auxiliado e incentivando. Por sua dedicação nas orientações e fora delas, que demostraram suporte, atenção e cuidados comigo e com meu tema.

Um eterno agradecimento a todos aqueles que participaram e contribuíram para a conclusão de mais uma etapa, fruto de intensa dedicação e esforço, que jamais seria conquistado sem o apoio de todos que de algum modo estiveram em minha volta.

Não somos meros observadores desse espetáculo, mas parte dele; compartilhamos o mesmo palco com outros participantes.”

(6)

RESUMO

O crescente número de visitantes nas cidades de Lauro Muller e Bom Jardim da Serra fez surgir a necessidade de ampliar e qualificar a infraestrutura destas duas cidades turisticamente, abrindo ainda mercado para o turismo rural destacando-se á cultura local como forma de impulsionar esse tipo de atividade. Dessa forma, o presente trabalho busca desenvolver diretrizes para um planejamento turístico da região, elaborado através da análise da turismo rural, do ecoturismo como forma de intervenção sustentável, da importância da valorização da paisagem e do espaço, do lazer e da cultura.

Além disso, realizou-se a análise das cidades, bem como da área de intervenção para compreender as potencialidades e deficiencias a fim de eleborar um partido arquitetônico condizente com a realidade.

Palavras-chave: Turismo rural; Bom Jardim da Serra; Lauro Muller; Ecoturismo; Serra do Rio do Rastro.

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ... 9 1.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA. ... 10 1.2. PROBLEMÁTICA / JUSTIFICATIVA. ... 10 1.3. JUSTIFICATIVA PESSOAL. ... 11 1.4. OBJETIVOS. ... 11 1.4.1. Objetivo Geral. ... 11 1.4.2. Objetivos Específicos. ... 12 1.5. METODOLOGIA DE TRABALHO. ... 12 2. INTRODUÇÃO DA FUNDAMENTAÇÃO. ... 14 2.1. ECOTURISMO. ... 14 2.2. TURISMO RURAL... 17 2.3. A PAISAGEM ... 19

2.4. ESPAÇO, CULTURA E LAZER. ... 21

3. REFERENCIAIS PROJETUAIS. ... 24

3.1. PARQUE NACIONAL JASPER CANADÁ. ... 24

3.1.1. Plano Comunitário de Uso da Terra da Comunidade Jasper. ... 24

3.1.2. A comunidade. ... 26

3.2. ARQUITETURA DE MACHU PICCHU - CENTRO DE VISITANTES. ... 29

3.2.1. Contexto de inserção. ... 30

3.2.2. Definição de espaços / Projetos. ... 30

3.2.3. Centro de visitantes de Machu Picchu. ... 31

3.2.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS. ... 38

3.3. PARQUE UNIPRAIAS - BAL. CAMBORIÚ - SC. ... 39

3.3.1. Dimensões e dados históricos... 39

3.3.2. Composição geral e definição dos espaços. 40 3.3.3 Acessos e circulações. ... 43

3.3.4. Inserção urbana. ... 43

3.3.5. Considerações finais. ... 44

4. DIAGNÓSTICO. ... 46

4.1. ANÁLISE DAS CIDADES. ... 47

4.1.1. Bom Jardim da Serra. ... 47

4.1.2. Lauro Muller. ... 51

4.2. ANÁLISE DA ÁREA DA PROPOSTA. ... 56

4.2.1. Sistema Viário do Entorno. ... 57

4.2.2. Consolidação do Espaço Físico. ... 57

4.2.3. Análise Ambiental. ... 57

(8)

4.2.5. Aspectos relevantes para implantação do projeto. 57

4.3. LIGAÇÃO ENTRE AS DUAS CIDADES. ... 58

5. PROPOSTA. ... 60

5.1. CONCEPÇÃO DA PROPOSTA. ... 60

5.2. IMPLANTAÇÃO. ... 61

5.3. AMPLIAÇÃO DA ÁREA DA PROPOSTA. ... 62

5.4. CENTRO DE VISITANTES, MIRANTE E RESTAURANTE. ... 63

6.CONSIDERAÇÕES FINAIS. ... 64

REFERENCIAS. ... 65

7. ANEXOS ... 67

REFERENCIAL PONTUAL ... 68

WOMAN AT WAR | Inglaterra ... 68

PASSARELA GLACIER | Canadá ... 69

Cabo Aéreo ... 71

Cascata Capivara ... 71

Monumento aos tropeiros ... 72

Mina Modelo Santa Barbara ... 73

Castelo Henrique Lage ... 73

(9)

INTRODUÇÃO

1

O referente capítulo traz uma contextualização sobre o tema, junto com a problemática da área, tendo como objetivo principal apresentar a proposta de um Planejamento Urbano e Turístico envolvendo as cidades de Lauro Muller e Bom Jardim da Serra.

1.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA.

1.2. PROBLEMÁTICA / JUSTIFICATIVA. 1.3. JUSTIFICATIVA PESSOAL.

1.4. OBJETIVOS.

(10)

9

1. INTRODUÇÃO

A cidade de Lauro Müller teve seu desenvolvimento em função do descobrimento do carvão, pelos tropeiros, quando ao tentar fazer uma fogueira no caminho para a Serra encontraram uma pedra faiscante. Esses mesmos tropeiros foram os responsáveis por fazer a fama da região de Bom Jardim, que atraiu os gaúchos para colonizarem as terras que até então serviam como local para a pernoite no transporte de mercadorias para o escambo.

Essa atividade pode ser considerada o marco final do tipo de turismo inicial do Brasil, onde os viajantes construíam ranchos rústicos à beira das estradas, que mais tarde veio a dar lugar à hospedagem na casa de pessoas influentes.

Através da exploração deste minério em Lauro Muller foram surgindo infraestruturas como residências, comércios vicinais e hospitais que deram apoio aos funcionários das carboníferas e propulsionaram o desenvolvimento desordenado do município.

Todas as apostas eram feitas em cima deste minério como impulsionador da economia local. Até que, com a exploração desenfreada e o surgimento de novos pólos comerciais, o carvão deixou de ser o principal responsável pelo

crescimento econômico e populacional. Fato que levou a cidade à estagnação e obrigou os trabalhadores a buscarem novas oportunidades de trabalho em outras localidades. No entanto não é apenas a falta de emprego que afasta os habitantes e os visitantes, há também a necessidade de empreendimento com atividades de lazer, cultura e turismo que ajudariam a fixar a população e estimular a movimentação de pessoas dentro município.

Desde a emancipação em 1957, Lauro Müller chama atenção por sua localização e pelas belezas naturais contidas em seu território. Entre elas, destaca-se a Serra do Rio do Rastro que une o planalto serrano à planície colonizada por imigrantes italianos e alemães, sendo reconhecida por muito visitantes como “a estrada mais espetacular do mundo”.

Mesmo a cidade sendo rota de passagem por muitos turistas que possuem a curiosidade de conhecer a estrada de curvas espetaculares, não possui empreendimentos que comportem as necessidades desses viajantes, sendo o setor turístico um dos mais deficientes.

Paralelo a isso, Bom Jardim desenvolve-se economicamente pois é o ponto de chegada para quem sobe a Serra, tendo uma estrutura turística pouco maior se comparada a Lauro Muller, com hotéis e restaurantes.

(11)

10 O turismo viria a desenvolver essa última cidade, pois

ele interfere em aspectos econômicos que permitem ampliar outros setores, como a infraestrutura urbana, emprego e renda, aumentando também o consumo de alimentos, bens e serviços locais.

1.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA.

A proposta de diretrizes para o turismo nas cidades, juntamente com um teleférico e outras áreas de apoio turístico, faz-se necessária a fim de resgatar as origens históricas, bem como a valorização do patrimônio, da natureza e a história de vida do povo, o que possibilitará a revitalização da identidade cultural e auxiliará no crescimento da cidade.

1.2. PROBLEMÁTICA / JUSTIFICATIVA.

Como rota obrigatória para o início da subida íngreme da Serra do Rio do rastro, atualmente, Lauro Müller serve apenas como passagem para os interessados pela beleza contida nos cânions e faz-se pensar que a Serra Geral é pertencente ao município vizinho, Bom Jardim da Serra, quando na verdade faz parte do território lauromülense. Essa confusão deve-se à diferença de investimentos turísticos entre as cidades. Atualmente Bom Jardim da Serra possui muito mais

investimentos no turismo que Lauro Muller, porém essa atividade ainda está longe de ser consolidada.

A carência de equipamentos de qualidade, de investimentos e planejamento relacionados ao turismo, encontrada nas duas cidades, afeta não só os turistas como também moradores locais. Atualmente, em Lauro Müller, há um grande déficit no que diz respeito à hospedagem e principalmente a inexistência ou a falta de conhecimento sobre roteiros turísticos, que também são causas da não participação da comunidade. Já em Bom Jardim da Serra, pode-se observar um número razoável no que diz respeito à hospedagem e lazer, no entanto, há carência de infraestrutura urbana, preservação cultural e natural.

O principal ponto a ser resolvido é o uso efetivo do espaço que a Serra oferece de maneira consciente, além de valorizar a cultura local e promover o envolvimento da população com a atividade.

A área da proposta aborda a história de ligação das cidades que dividem a mesma paisagem, que possui um rico potencial histórico, cultural e principalmente natural, sendo estes, diretrizes norteadoras para o projeto.

Observando o panorama de evolução das cidades, agregando a experiência de quem convive em uma das cidades

(12)

11 envolvidas, e um desejo de infância, surgiu a ideia de elaborar

diretrizes para o desenvolvimento turístico para as cidades de Lauro Müller e Bom Jardim da Serra, além de implantar um empreendimento que atraia tanto os moradores, quanto turistas. 1.3. JUSTIFICATIVA PESSOAL.

Sinto muito orgulho ao falar sobre Serra do Rio do Rastro, principalmente pela história da minha família fazer parte dela.

Minha mãe e meus avôs eram moradores da cidade de Lauro Müller, mais precisamente na comunidade do Rio do Rastro, pé da Serra, viviam da caça e da agricultura familiar, até que uma trágica enchente atingiu a cidade em 1974, levando tudo com ela. Após o desastre, calculando os estragos deixados pela enchente, e gratos por estarem todos salvos e juntos, meus avôs decidiram mudar-se para o planalto, para Bom Jardim da Serra, onde estariam mais seguros desse tipo de intempérie.

Foi fazendo o inverso do cabo aéreo que tudo começou, passaram um tempo na casa de parentes até conseguirem um local para morar, escolhendo a cidade vizinha, São Joaquim, para enfim criar raízes. Anos mais tarde, a filha mais velha, minha mãe, retornou a Lauro Muller para ajudar uma tia doente por algum tempo. Logo ao chegar, recebeu a visita inesperada de um jovem marceneiro, que ia de porta em porta oferecer seus serviços, e foi com quem manteve um namoro - mal sabia ela que seria com o jovem marceneiro que iria se

casar e ter dois filhos. Com a melhora de sua tia, a filha mais velha voltou para São Joaquim.

O namoro foi mantido à distância, e encontravam-se em alguns finais de semana, quando o jovem podia, subia a Serra de moto e, quando ele não podia, ela descia de ônibus, e assim seguiram entre idas e vindas, subidas e decidas pela Serra, até o dia do casamento, que a moça retornou a Lauro Muller acompanhada de seu marido e aqui vivem até a atualidade.

Hoje posso dizer que a Serra faz parte da minha história. Desde criança, é de costume, em datas comemorativas ir visitar os avôs e a família que moram em São Joaquim, e para isso é necessário enfrentar as temidas curvas da Serra, que enchem os meus olhos (com a paisagem magnífica) ao mesmo tempo que embrulham meu estômago. Entre curvas e mais curvas, à caminho da casa da minha avó, surgiu o meu desejo de observar as montanhas lá do alto. E hoje tenho a oportunidade de compartilhar com vocês o meu sonho de infância. Garanto que vocês, assim como eu, irão se apaixonar por essa paisagem fascinante, que eu denomino de “paisagem da minha infância”.

1.4. OBJETIVOS. 1.4.1. Objetivo Geral.

Elaborar o projeto arquitetônico de um centro de visitantes, com uma estrutura urbana, ambiental e paisagística

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12 na área do antigo Cabo Aéreo na Serra do Rio do Rastro,

garantindo espaços públicos mais humanizados e que sirvam como ponto turístico, cultural e de lazer para a cidade e região. 1.4.2. Objetivos Específicos.

 Elaborar diretrizes para um planejamento turístico nos municípios de Lauro Müller e Bom Jardim da Serra acerca de seus valores históricos, simbólicos e rico potencial turístico e paisagístico;

 Utilizar a natureza existente como fonte atrativa para o turismo ecológico;

 Incentivar a valorização do patrimônio histórico cultural existente e o envolvimento da comunidade;  Elaborar diretrizes projetuais e programa de necessidades compatível com a proposta e com o munícipio;

 Buscar soluções para o projeto com o mínimo de impacto ambiental e visual;

 Proporcionar aos visitantes e a população local atrativos que possam impulsionar a economia da cidade.

1.5. METODOLOGIA DE TRABALHO.

Para a realização do presente trabalho de conclusão de curso, serão utilizadas as seguintes etapas:

 Referencial conceitual e teórico: pesquisa através de documentos, sites, teses, livros, artigos, órgãos públicos e privados, referenciais históricos e levantamentos fotográficos, a fim de compreender o conceito do ecoturismo, turismo rural, paisagem, cultura e tradição, obtendo, assim, conhecimentos significativos para aperfeiçoar a pesquisa.

 Referenciais Projetuais: serão analisados referencias projetuais relacionados com o tema da proposta. A pesquisa terá como objetivo, identificar ideias e soluções para auxiliar na organização e pré-dimensionamento dos espaços.

 Análise da área: levantamento e análise de dados das áreas em estudo, como história, acessos, características do local, aspectos físicos e aspectos legislativos que nortearão a elaboração do projeto.  Partido geral: consiste na elaboração de um conceito baseado em todas as análises e dados adquiridos, partindo para as diretrizes projetuais, esquemas, zoneamento, implantação, croquis e etc.

(14)

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2

O referente capítulo traz como referência o estudo do turismo rural, do ecoturismo, do espaço, cultura e lazer e paisagem, bem como a importância de cada um deles, e a contextualização sobre os mesmos.

2.1. ECOTURISMO. 2.2. TURISMO RURAL. 2.3. A PAISAGEM.

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14

2. INTRODUÇÃO DA FUNDAMENTAÇÃO.

2.1. ECOTURISMO.

Na busca de uma maior compreensão acerca dos objetivos dessa pesquisa, cabe direcionar um olhar atento aos estudos acerca da proposta nesse trabalho de conclusão de curso. Observando definições e conceitos para a concepção trabalhada nas alíneas seguintes e nos planos de intervenção. Para tanto, a exposição clara do termo ecoturismo faz-se necessária. Em artigo apresentado pela Revista Ecoturismo (Origem e desenvolvimento do ecoturismo no Brasil - Fev/04), Vininha.Carvalho apresenta um breve olhar sobre o surgimento do ecoturismo:

Um grande impulsionador do turismo ecológico no mundo, foi sem dúvida os documentários em vídeo sobre viagens, que apresentavam a natureza como cenário principal, populares nos finais da década de 70.O Ecoturismo teve o crescimento da atividade acentuado, no final dos anos 80 e início 90. O ecoturismo foi introduzido no Brasil no final dos anos 80, seguindo a tendência internacional. Já em 1989 foram autorizados pela Embratur os primeiros cursos de guia desse tipo de turismo. Em 1992, com a Rio 92, o termo ecoturismo ganhou maior visibilidade, agradou de vez o brasileiro e impulsionou um

mercado promissor, que desde então não pára[sic] de crescer. Aos poucos, órgãos e instituições ligados ao setor também foram sendo criados. (CARVALHO,2004)

Surge, assim, em 1995 o IEB – Instituto Ecoturístico Brasileiro. São exemplos de atividades relacionadas ao ecoturismo: cavalgadas, bóiacross, canoagem, rapel, canyoning, Trekking, mergulho marítimos ou em águas doces, entre outros tantos. De acordo com a revista digital Ecoturismo, pode-se definir ecoturismo, de uma forma bastante geral e ampla da seguinte forma:

Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas. (REVISTA ECOTURISMO, 2010.)

Considerando a amplidão de recursos naturais no Brasil e a necessidade urgente de conservação dos espaços naturais e suas reservas limitadas, surge a óbvia relação de aproveitamento do amplo recurso nacional aliado aos fatores econômicos. O Brasil, em uma visão geral, pode ser apontado como um espaço nato para aplicação desse tipo de turismo, pois tem ampla diversidade de paisagens urbanas e naturais com

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15 uma economia crescente que precisa direcionar o olhar para as

necessidades não só locais, mas, e principalmente, para o alerta mundial de cuidado com o ambiente e a exploração do mesmo. Já há muito tempo que líderes do mundo todo e diversos segmentos – sociais, políticos, religiosos e de ativismo – insistem na emergencial necessidade de cuidar dos recursos naturais existentes em todo globo. Afinal, findada a locomotiva da revolução industrial, percebeu-se que a economia e o bem estar social podem e precisam caminhar em harmonia com os recursos naturais.

No Brasil, não são raros os programas de incentivo à valorização sustentável das paisagens naturais e culturais no meio do turismo. Os números mostram milhares de empresas dedicadas a esse ramo e aumentando consideravelmente, não só pelo público local, mas pelo público internacional - consciente e culturalmente de íntima relação com a preservação do ecossistema.

Para que uma atividade se classifique como ecoturismo, são necessárias quatro condições básicas: respeito às comunidades locais; envolvimento econômico efetivo das comunidades locais; respeito às condições naturais e conservação do meio ambiente e interação educacional – garantia de que o turista incorpore para a sua vida o que aprende em sua visita, gerando consciência para a preservação da natureza e dos patrimônios histórico, cultural

e étnico. (REVISTA ECOTURISMO, versão online, s/p.)

Dessa forma, é valido ressaltar que o ecoturismo amplia seus passos largamente no território nacional não só pela gigantesca diversidade natural, mas ainda pela multiplicidade cultural, ainda que induzido em uma história recente se comparando ao continente do velho mundo. Em sua plena juventude, o Brasil tem, em sua identidade, enormes vertentes para o ecoturismo.

De Norte a Sul, as opções para a exploração do ecoturismo são incontáveis, embora haja, ainda, muitas opções não percebidas. Após pesquisas online em diversos sites, pode-se citar, como exemplos de pontos de ecoturismo já efetivamente bem sucedidos: Estação Ecológica do Taim, Parque Nacional de Superagui, Estação Ecológica de Itaimbezinho, Estação Ecológica de Paleorrota, Estação Ecológica de Bombinhas, Estação Ecológica de Juquitiba, Estação Ecológica de Socorro, Estação Ecológica de Brotas. Os hotéis fazenda são, também, um segmento turístico bastante crescente em todo território nacional. Tranqüilidade ou aventura: há para todo gosto, incluindo ecoturismo de horizontes atentos à inclusão social.

Possibilitar o entendimento, por parte das comunidades, do que é o ecoturismo e os

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16 impactos dele advindo, bem como as formas de

inserção destas na atividade, possibilita que a comunidade decida em relação ao turismo que deseja, traçando cenários futuros, condizentes com seus anseios e necessidades. (FARIA, 2004, p. 64)

O ecoturismo é, sem dúvida, um advento que veio para acrescentar à sociedade que, em outros tempos, dilapidou muitos recursos naturais, alguns quase até sua extinção. Assim como a Revolução Industrial, o ecoturismo e seu cuidado e zelo com o ambiente e culturas veio para inaugurar uma nova fase social na qual a produtividade e o sistema industrial dilapidador não têm lugar, bem como a exclusão de indivíduos com limitações específicas. O ecoturismo abre um leque de opções muito mais amplo e consistente que valoriza as riquezas nacionais ainda jovens passíveis de intervenção preventiva quanto a sua destruição. No entanto, para que esse tipo de turismo funcione de modo adequado, é relevante observar os seguintes critérios:

 Singularidade do espaço a ser explorado;

 A capacidade da área de atrair o interesse do público alvo;

 A capacidade de resistência e preservação da área e/ou espaço mediante as visitações;

 Acesso à diversidade de público;

 Projeção de fluxo anual de público visitante;

 Observação e pontuação das possibilidades didáticas/educativas da área;

 A integração do ambiente e outros temas, tal qual a mescla de espaços geográficos e a cultura que o permeia;

 Facilidade para a infraestrutura da melhor forma possível respeitando as características de conservação da área e/ou espaço em questão. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010, p. 51).

A ecologia sendo definida como uma ciência que estuda as relações do ambiente e os elementos que agem sobre ela, incluindo o homem, unida ao turismo resulta no ecoturismo, isto é, as relações do ambiente usufruídas com consciência especialmente pelo elemento homem, agente modificador do ambiente.

A Lei Geral do Turismo nº 11.771, de 17 de setembro de 2008, dispõe sobre a Política Nacional de Turismo que discute a inclusão do turismo como fator de desenvolvimento local a partir de um planejamento ambiental, no qual visualiza as unidades de conservação como áreas promissoras para tal atividade (BRASIL, 2008).

(18)

17 Assim compreende-se que as áreas de promissores

recursos naturais e culturais para exploração turística estão, ainda que pautadas em leis extras, não previstas na desatualizada Constituição Nacional.

(...) o desenvolvimento do turismo sustentável pode satisfazer as necessidades econômicas, sociais e estéticas mantendo, simultaneamente as integridades cultural e ecológica. Pode ser benéfico para os anfitriões e para os visitantes enquanto protege e melhora a mesma oportunidade para o futuro. Essas são as boas notícias. Contudo, o desenvolvimento do turismo sustentável envolve a tomada de medidas políticas vigorosas baseadas em trocas complexas aos níveis social, econômico e ambiental. (OMS,1993, p.51)

Dessa forma, percebe-se que o local escolhido para a elaboração da proposta preenche todos os pré-requisitos necessários para a implantação do ecoturismo da cidade, visto que a área escolhida possui atributos físicos possíveis de valorização que podem vir a interferir muito além do entorno imediato do terreno, contribuindo até mesmo no desenvolvimento regional, através do turismo rural executado sobre as premissas do ecoturismo.

2.2. TURISMO RURAL.

O grande caos urbano de algumas cidades do mundo tem levado seus habitantes a procurarem um lugar de paz, além de suas residências, fazendo com que os mesmos apreciem mais a paisagem ambiental e seus meios de manutenção aumentando a relevância do papel do meio ambiente no modo de vida da população.

Essa busca pela simplicidade proporcionou o desenvolvimento de novas atividades econômicas, sociais e ambientais ao homem do campo, onde o mesmo traz o modo de vida do espaço rural para a vivência do homem urbano.

Segundo o Ministério do Turismo (2010), o Turismo Rural começou a aparecer em meados do século XX como atividade econômica na Europa e nos Estados Unidos, enquanto no Brasil teve seu início na década de 1980.

Por ser uma atividade que apresenta diferentes características em cada país, não há uma definição universal do termo. Especificamente no Brasil, pode-se citar a definição do Ministério do Turismo:

Todas as atividades praticadas no meio não urbano, que consiste de atividades de lazer no meio rural em várias modalidades definidas com base na oferta: Turismo Rural, Turismo Ecológico ou Ecoturismo, Turismo de Aventura, Turismo de Negócios e Eventos,

(19)

18

Turismo de Saúde, Turismo Cultural, Turismo Esportivo, atividades estas que se complementam ou não. (2010, p.17)

Apesar de ser um segmento novo dentro do ramo de turismo no país, ele pode ser classificado com base na origem de seu surgimento e na atividade à que se destina.

1. turismo rural tradicional - Sob este rótulo, agrupamos diferentes modalidades que passamos a elencar: a) de origem agrícola - Propriedades que historicamente se constituíram como unidades de exploração agrária durante o ciclo do café (...). Comportam serviços especializados implantados para o entretenimento dos visitantes: aluguéis de cavalos, de charretes, de pedalinhos, atividades de pesque-pague, algumas atividades lúdicas, colheita de frutas em pomares, sem fins lucrativos. (...) 2. turismo rural contemporâneo - (...). É bem verdade que a primeira categoria que expusemos também se intensifica pelos mesmos fatores condicionantes, com uma diferença: suas instalações estão ligadas à história do país, como bem frisamos, explorando atrativos culturais históricos. Como variantes dessa modalidade destacamos: a) hotéis-fazenda; b) pousadas rurais; c) segunda residência campestre; d) camping rurais. (ALMEIDA E RIEDL,2000, p. 61-67). Essas ramificações dentro do turismo rural, surgem como aliadas para vencer a crise em áreas com carência de

agricultura convencional, que interfere na paisagem e no modo de vida campestre, que passa a ser cada vez mais importante no espaço rural, porém de difícil execução.

O turismo rural tem sido encarado nos últimos decênios como uma atividade promissora de desenvolvimento local em meios rurais. O alojamento convencional, como pensões, estalagens e pousadas, as unidades de TER (turismo em espaço rural: turismo de habitação, turismo rural, agroturismo, turismo de aldeia, casas de lavoura e hotel rural), os equipamentos de lazer e cultura (desporto, visitas, participação) e repouso e cura (termas) geram um movimento renovado de pessoas. A procura é por serviços diversos, de restauração e similares, valorizando produtos com qualidade, originais e genuínos, de produção local e artesanal. (ALMEIDA E RIELD, 2000, p. 77).

Deve-se levar em conta que apesar do seu benefício direto à população rural, a comercialização de bens e serviços (Fig.01) é influenciada pelo consumo dos próprios munícipes, uma vez que são eles, os responsáveis pela concretização da atividade, já que essas diferentes modalidades e motivações pressupõe a existência de população permanente para sustentar ao longo do ano.

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19 Figura 01 - Feira livre com produtos dos agricultores em Lauro Muller.

Fonte: Portal DestaqueSul.

Na área da proposta (Fig. 02), a produção e comercialização de bens de consumo já é bastante tradicional. Sendo assim o turismo rural, viria à somar na renda dos agricultores da comunidade, além de aumentar a infraestrutura nessas regiões, agregando também valor econômico às terras. Referente à preservação ambiental, os agricultores usam a paisagem de forma consciente pois com as legislações vigentes, tornou-se mais difícil a aquisição de novas terras, de forma que os mesmos passam a valorizar mais as áreas que possuem.

Figura 02 - Vista da área da proposta para ecoturismo.

Fonte: Estancia Pé da Serra. 2.3. A PAISAGEM.

Segundo o dicionário UNESP de Português Contemporâneo (2011, pg.10/11), o termo paisagem é um substantivo feminino: representa a extensão de território que abrange com um lance de vista; pintura, desenho ou gravura; ambiente campestre ou urbano. No entanto, a definição de um termo ultrapassa além do tecnismo de um dicionário e seu conceito literal, pois a conotação do que existe na realidade se sobrepõe. Diferentes áreas do conhecimento humano têm categorizado o termo paisagem, segundo sua própria realidade, isto é, histórica e socialmente, há uma variação do conceito de paisagem.

[...] paisagem pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. A dimensão da paisagem é a dimensão da

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20

percepção, que é sempre um processo seletivo de apreensão. A tarefa de um geógrafo é a de ultrapassar a paisagem como aspecto, para chegar ao seu significado. (SANTOS,1996, p.62)

Uma bela paisagem, seja urbana ou campestre/natural, é algo singular e revestido de importância para os indivíduos que dela fazem parte. Como exemplo, segundo Linchy (1997), podemos citar Londres da década de 1990: chuvosa, fria e cinzenta por natureza e condições geoclimáticas, contava com um índice de depressão e suicídio bastante elevado. Buscando resolver esse problema, o prefeito de então, junto a seus consultores, resolveu pintar pontes e alguns outros muros com cores vívidas e alegres. O resultado é que os londrinos começaram, também, a se vestir de cores, sorrisos apareceram e os índices depressivo/suicidas regrediram drasticamente. Esse simples exemplo demonstra o quanto a paisagem é capaz de influenciar os indivíduos que fazem parte dela devemos levar em consideração não apenas a cidade como uma coisa em si, mas a cidade do modo como a percebem seus habitantes.

O mesmo autor destaca, ainda, alguns itens que devem ser observados como indicadores em um ambiente, tais quais as sensações visuais de cor, forma, movimento ou polarização da luz, além de outros sentidos. A paisagem, por

assim dizer, é um produto resultante da ocupação social e do processo de gestão dos ocupantes.

Macedo (1999, p.11) entende paisagem como a expressão morfológica das diferentes formas de ocupação e, portanto, de transformação do ambiente em um determinado tempo.

Para Lima e Queiroz Neto (1997), a paisagem possui uma estrutura e uma dinâmica resultantes de uma relação imbricada de elementos que interagem entre si e de processos que os põem em movimento.

Dessa forma, não só a história de cada elemento que participa da paisagem, é parte dela, como também toda intervenção arquitetônica ou turística sobre a que ela é submetida. As origens do homem tendiam a somente modificar sua realidade de paisagem através das necessidade como a iluminação no período de escuridão.

Sabe-se dos inúmeros benefícios alcançados pelo desenvolvimento adequado do ecoturismo sobre as paisagens, todavia, sabe-se, também, da enorme distância entre o que a lei deveria estar apta a proteger e a realidade muitas vezes discrepante da idealizada em um turismo consciente e sustentável.

A falta de planejamento e ordenamento da atividade turística tem apresentado muitos

(22)

21

resultados negativos (...) (MAGALHÃES, 2002, pg.89).

Não nos trazem surpresa as palavras de Magalhães uma vez observado que o ecoturismo sobre as paisagens nacionais tem se desenvolvido menos por consciência de sustentabilidade e conservação e muito mais por simples interesse econômico à observação crescente dos visitantes. Isso faz com que muitas vezes espaços naturais ricos deixem de ser explorados por falta de investimento econômico, principalmente se o mesmo possuir relação com o poder público, como é o caso de Lauro Muller, onde a cidade não lucra com o domínio da Serra do Rio do Rastro, deixando de ofertar lazer e cultura aos munícipes pela falta de investimento na valorização de suas belezas naturais.

2.4. ESPAÇO, CULTURA E LAZER.

O espaço pode ser um termo tão amplo que, talvez, fuja ao objetivo por este estudo estabelecido, dessa maneira, cabe definir o espaço como área geográfica e cultural para diversos fins, desde moradia, convivência, percepção de conhecimento, cultura e lazer.

Um espaço público, ou mesmo privado, mas destinado ao público necessita de regras para um

funcionamento harmônico, seja como objetivo de gerar cultura ou lazer de qualquer origem.

Segundo o site do "Movimento Conviva", o espaço público é aquele que é de uso comum e posse coletiva (pertence ao poder público). Existem os que são totalmente livres e os que, mesmo públicos, possuem uma certa restrição ao acesso. A diferença está no que ele representa para cada indivíduo, independentemente de seu caráter público. O mesmo site anteriormente citado define categorias de espaços, que são:

 Espaços de circulação (como uma rua ou uma praça);

 Espaços de lazer e recreação (como um parque, playground, pista de skate);

 Espaços de contemplação (um jardim público, um monumento);

 Espaços de preservação e conservação (uma reserva ecológica, um prédio tombado).

Dentre os com restrição de acesso, estão os que demandam horários de entrada e saída, traje, regras de conduta, porém continuam sendo de acesso a todos. Por exemplo: igrejas, museus, hospitais, bibliotecas, edifícios públicos, etc.

(23)

22 Cada uma das categorias pode e deve estar em

paridade com as possibilidades do ecoturismo, especialmente as que objetivam o lazer e a cultura, metas de todo processo de Turismo. O fato é que o ecoturismo vem trazer um sopro novo, um olhar criativo sobre as possibilidades de lazer e cultura nos espaços, muitos dos quais desacreditados e inaproveitados.

A qualidade de vida de uma cidade é, e sempre será, medida pela dimensão da vida coletiva que é expressa nos seus espaços públicos dispostos democraticamente pela cidade, seja no parque, na praça, na praia ou mesmo na rua. (GATTI, 2013, p. 8)

O direito do ser humano está garantido por lei. Em um país de desigualdades, o lazer e cultura estão a largos passos de distância da massa populacional, todavia o turismo, especialmente o ecoturismo e sua intricada relação com espaços abertos e naturais, traz uma grande possibilidade de cumprir esse direito legal de todo cidadão.

O artigo 1º da Constituição Federal de 1988 traz os fundamentos desta República Federativa e dentre seus princípios fundamentais: a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. O direito ao lazer está intimamente ligado a eles. O direito ao lazer é um direito social garantido pela Constituição (art. 6º), compreendendo o tempo disponível para que o indivíduo, depois do trabalho exercido, descanse e atenda outras

necessidades pessoais, como lazer. (SALLES, 2017)

Dessa forma o ecoturismo aponta para um efetiva garantia dos direitos cidadãos ao obterem lazer e cultura em ambientes naturais utilizados com criatividade e consciência ecológica, de modo que a área para a proposta possui todos os condicionantes necessários para a implantação desse tipo de turismo (Fig. 03).

Figura 03 – Espaço, lazer e cultura..

(24)

REFERENCIAIS PROJETUAIS

3

O referente capítulo traz a análise de projetos de referência a fim de compreender o funcionamento dessas atividades e retirar informações que venham à auxiliar na elaboração da proposta.

3.1. PARQUE NACIONAL JASPER CANADÁ.

3.2. ARQUITETURA DE MACHU PICCHU - CENTRO DE VISITANTES.

(25)

24 3. REFERENCIAIS PROJETUAIS.

3.1. PARQUE NACIONAL JASPER CANADÁ.

O Parque Nacional de Jasper (Fig. 04) compreende uma área total de 10.878 km², rica em atrações turísticas formadas por suas paisagens montanhosas, geleiras, lagos, cachoeiras e pela riqueza da flora e animais selvagens.

Figura 04 – Mapa Parque Nacional Jasper.

Fonte: Elaborado pela autora.

Também é constituída por uma comunidade de cerca de 5.000 residentes, localizada na confluência de três vales ecologicamente importantes do Parque Nacional: Rio Athabasca, Miette e Maligne. Os vales circundam a cidade que possui paisagens espetaculares reconhecidas mundialmente.

Além da beleza natural que simboliza o parque, o plano comunitário também é responsável por atrair 2 milhões de visitantes por ano, sendo que a comunidade é incumbida de auxiliar como centro de serviços para os visitantes.

3.1.1. Plano Comunitário de Uso da Terra da Comunidade Jasper.

O Plano tem por objetivo estabelecer uma série de medidas distintas para orientar e garantir o desenvolvimento futuro do parque sem agredir os sistemas ecológicos da região e manter o caráter da comunidade, incorporando quatro princípios no processo de planejamento comunitário:

1. Impacto ambiental negativo;

2. Desenvolvimento e uso apropriado; 3. Gestão de crescimento responsável;

4. Liderança em gestão ambiental e conservação do patrimônio;

(26)

25 De modo geral, os princípios abordam a redução da

área da comunidade a partir do planejamento de um novo zoneamento que limitará as zonas comerciais e residenciais. O plano exige que a infraestrutura necessária esteja em vigor antes de ocorrer o crescimento da região e assegurará a recuperação do habitat ribeirinho e reabastecimento das espécies nativas, através de estratégias de paisagem. Elabora exigências para as que as empresas contribuam com o turismo do patrimônio, auxilie o parque com um centro de serviços para os visitantes, propõe diretrizes arquitetônicas para garantir a tipologia da comunidade estabelecendo estratégias sustentáveis e conta com a participação da comunidade que contribuem com experiência e sugestões para a revisão do plano.

Contudo, como o próprio nome já diz, o plano comunitário é de extrema importância, já que a ação da comunidade é responsável por receber os visitantes e instruí-los às exigências do parque promovendo a conscientização contínua para encorajá-los a adotar os padrões ambientais estabelecidos pelo plano.

A paisagem do Parque Nacional de Jasper é o lar da rica diversidade de plantas e vida selvagem, a presença humana no ambiente selvagem pode ameaçar a unidade ambiental.

Jasper se preocupou com algumas estratégias sustentáveis para se tornar uma comunidade ambiental modelo, dentre as estratégias pode-se citar:

 Tratamento de resíduos, coleta de lixo seletiva e ambiente para descarte apropriado;

 Programas comunitários de compostagem e reciclagem;

 Programas de conscientização energética e hídrica;

 Proteção dos corredores de vida selvagem;

 Proteção da vista direta do parque a partir dos gabaritos limitados;

 Estabelecimento de áreas de preservação permanente próximas a recursos hídricos;

 Vitalidade das ruas com mobiliários, vegetações e informações necessárias;

 Estabelecimento de leis para os materiais utilizados nas reformas e futuras construções;

 Programas de línguas estrangeiras para atender aos visitantes;

(27)

26 3.1.2. A comunidade.

A principal função da comunidade de Jasper (Fig. 05) é ser um centro de serviço para visitantes, o que inclui a disponibilização de casas para os moradores e funcionários sazonais do parque. Embora o turismo e as atividades relacionadas proporcionem a maioria dos empregos em Jasper, a ferrovia e os dois parceiros de planejamento, município de Jasper e Parques de Canadá, ainda são uma parte importante da comunidade.

Figura 05 – Mapa Parque Nacional Jasper.

Fonte: Elaborado pela autora.

Os parceiros de planejamento, residentes e visitantes devem trabalhar em conjunto para preservar e proteger a integridade ecológica do parque e os importantes elementos culturais da comunidade.

3.1.2.1.Composição geral, traçado urbano e inserção urbana. A definição dos limites da área da comunidade foi estabelecida inicialmente pela ocupação da própria comunidade a partir da linha férrea implantada em 1907, apesar disso, a ocupação não foi espontânea, já possuía a participação do poder público, resultando em um traçado com diferentes níveis de geometrização: regular e naturalista acompanhando a forma natural do terreno e seus limites físicos - os acessos e a ferrovia, ao mesmo tempo que possui formas reguladoras nas composição das quadras. Essa limitação é evidenciada pela massa de vegetação marcando o limite do desenho urbanístico da comunidade.

Com relação à composição geral, o Parque Jasper, apresenta sinais de fragmentação pela ferrovia, pela massa de arborização e pelo seu próprio relevo. A distância da comunidade com os atrativos do parque é um elemento fragmentador desta paisagem, que possui um objetivo de garantir a segurança entre a vida selvagem e a ocupação urbana.

(28)

27 O desenho do Parque Nacional de Jasper acontece

naturalmente através do seu relevo e paisagem exuberante, pois se trata de uma região montanhosa que é definida pelo encontro de três vales. Seu território é dividido entre o parque e a comunidade que, por sua vez, compreende setor residencial, comercial, institucional além de muitas áreas abertas que são utilizadas para eventos da comunidade.

Os elementos surpresas se dão através das exuberantes paisagens montanhosas que com suas diferentes formas e alturas reservam inúmeras belezas surpreendentes estabelecendo contato com a natureza, destacando sobre a escala humana possibilitando espaços abertos que transmitem diferentes sensações.

Figura 06 –Tipologia arquitetônica.

Fonte: Elaborado pela autora.

A tipologia arquitetônica (Fig. 06) faz parte dos valores protegidos pelo parque contribuindo para a preservação do caráter da comunidade e concentra-se em utilizar materiais locais como pedra e madeira, alcançando harmonia entre as construções e a natureza, além de garantir o direito à superfície da paisagem, restringindo a altura dos gabaritos em dois pavimentos ou 9 metros. A união desses elementos garante textura e ritmo à paisagem urbana.

3.1.2.2. Acessos e circulações.

Os acessos foram criados seguindo o traçado da via urbana. Podendo ser ingressado através de duas vias: Yellowhead e IcefieldsPkwy, não possuindo marcações de fácil percepção, no entanto as ruas abertas permitem a visualização da comunidade o que permite a localização instantânea.

Figura 07 –Ruas largas, característica da cidade.

(29)

28 Complementando a forma arquitetônica, as ruas

abertas (Fig. 07) chamam atenção pela sua amplitude - produto da baixa escala da construção - e estabelece conexão com as casas pela ausência de fechamento e /ou recuo acentuado dos lotes. O layout das ruas é uma grade modificada típica de comunidades ferroviárias, alteradas para seguir a linha férrea. Contudo, foram implantadas vias e passeios com arborização e mobiliários que visam o incentivo aos pedestres e ciclistas reduzindo assim o uso dos automóveis.

As circulações, em sua maioria, são bem definidas e diferenciadas por materiais que permitem diferentes tipos de usos - pedestres, ciclistas e automóveis - contendo dimensões maiores do que estamos habituados. Possuem rampas de acesso que facilitam a acessibilidade de portadores de limitações físicas. Lixeiras, postes de iluminação, bancos, árvores e bocas de loco compõem os ambientes transitórios servindo de apoio aos moradores, visitantes e a própria paisagem.

Alguns apresentam deficiência na acessibilidade, como a ausência de piso tátil, as vegetações estão dispostas sobre os lotes e afastadas do passeio, o que permite a incidência direta do sol, causando desconforto ao usuário.

3.1.2.3. Materiais, vegetações, equipamentos e mobiliários.

As inúmeras espécies de vegetações encontradas na mata nativa assumem a função de integração das pessoas com a natureza silvestre, valorizando e estimulando o convívio social ao ar livre, além de atuar como refúgio dos animais selvagens também auxilia como limite de segurança para os visitantes. Com diversificadas espécies e alturas atuam sobre a dinâmica de proteção, o símbolo do parque.

As diferenciações dos passeios públicos com os lotes são feitas entre a pavimentação e a vegetação, em sua maioria gramínea e outras constituídas por pedras e vegetações rasteiras, todas em constante manutenção.

Figura 08 – Mobiliários padrão da comunidade.

(30)

29 Os mobiliários (Fig. 08) atuam na composição dos

espaços públicos, e assumem o papel social de induzir as concentrações dos usuários. Percebe-se a ausência desses mobiliários mais simples na extensão de todo o parque e principalmente na comunidade, como lixeiras e bancos. As casas e os mobiliários são produzidos por materiais locais como: madeira e pedra, revelando a tipologia existente.

3.1.2.4.Considerações finais.

O plano comunitário de Jasper demonstra a preocupação da preservação do parque, além de fins lucrativos, dispõe de leis capazes de garantir a unidade ecológica e promover o equilíbrio entre a ocupação humana e a vida selvagem. Para isso a principal questão resolvida foi a conscientização da população residente e dos visitantes.

Ao analisar esse referencial percebe-se a semelhança com a proposta de TCC, apesar da diferença dimensional e cultural. Como em Jasper, Lauro Müller também teve o desenvolvimento da comunidade a partir da linha férrea. Além das belezas naturais contidas em seus territórios como pode-se citar os canyons, as cachoeiras, que despertam o interesse da população local e transitória, em Lauro Muller recentemente busca-se o investimento com o turismo, no

entanto não possui leis capazes de assegurar a integridade da natureza.

3.2. ARQUITETURA DE MACHU PICCHU - CENTRO DE VISITANTES.

O projeto arquitetônico desenvolvido pela Arquiteta Michelle Llona (que lidera o estúdio LLONAZAMORA) foi vencedor do concurso de Ideias para intervenções no Parque Arqueológico Nacional de Machu Picchu – um histórico parque arqueológico que em 1983 foi tombado como patrimônio da humanidade - e conta com três peças arquitetônicas chaves (Fig. 09) para o desenvolvimento da proposta, denominadas de: Centro de Visitantes, Alameda e Ponte. Conforme a escritora do site ARCHDAILY com base nas informações contidas pelo escritório LLONAZAMORA.

Figura 09 -Masterplan de Intervenções do projeto de Machu Picchu.

O que se quer?

1. Participação da Comunidade

2. Incentivo ao uso de sistemas sustentáveis 3. Promover o turismo consciente.

(31)

30 3 1 2 A B A B 1 2 3 Machu Picchu Pluebo

Machu Picchu Ciudadela

CENTRO DE VISITANTES PONTE

ALAMEDA

Fonte: Site - archdaily.com. Adaptado pela autora. 3.2.1. Contexto de inserção.

As frequentes visitações ao Parque Nacional de Machu Picchu despertou a preocupação do Ministério da Cultura do Peru (MINCUL) e a Dirección Desconcentrada de Cultura de Cusco (DDC-Cusco) que convocaram o "Concurso de Ideias de Arquitetura para as intervenções no Parque Arqueológico Nacional de Machu Picchu", para abordar a problemática dos desgastes do patrimônio através das visitações e visa propor um novo modelo de gestão integral e sustentável para a conservação do parque.

Proposto para a cidadela inca de Machu Picchu, em Cusco, o projeto foi pensado para ser implantado juntamente com o parque arqueológico como um sistema integrado - um masterplan urbano arquitetônico e paisagístico -ressaltando o território e o legado dos incas e atribuindo valor à experiência turística, desde a aldeia de Machu Picchu até a entrada da Cidadela.

3.2.2. Definição de espaços / Projetos.

Desenvolvido para o Concurso, o projeto conta com três edifícios, divididos por funcionalidades, que atendem os objetivos da competição, como a criação de um espaço de interpretação, laboratórios, auditório, galerias para exposições permanentes e temporárias e alojamento para trabalhadores e pesquisadores além de promover a melhor acessibilidade e requalificar a orla do patrimônio inca.

As três peças arquitetônicas chaves para o desenvolvimento da proposta, são: um centro de visitantes, uma ponte e uma alameda, conforme o esquema numerado abaixo, sendo que o primeiro, é o principal e repetitivo, foco do projeto, e os outros dois como espaços secundários e singulares. (Fig. 10). São estruturas que em suas diferentes escalas, propõem soluções específicas e cuidadosas, desde os traços gerais, aos

(32)

31 materiais locais e detalhes construtivos, priorizando os aspectos

de sustentabilidade e durabilidade.

Apresentação dos projetos:

Figura 10 – 1 ponte, 2 Alameda e 3 Centro de Visitantes. Projeto de Machu Picchu,

O CENTRO DE VISITANTES é a porta de entrada ao Parque Arqueológico Nacional de Machupicchu (PANM). O projeto localiza-se cruzando o rio Vilcanota, na base da montanha, conectado a uma série de caminhos (rodovia, ciclovia e rotas de pedestres) levando à cidadela de Machu Picchu.

1

2

3

A PONTE é um projeto que cria um conjunto de pequenos espaços públicos, que consolida uma área de descanso para os visitantes, após a visita à Llaqta de Machupicchu. Além disso, propõe uma série de instâncias para a contemplação da paisagem, evidenciando o novo e complementando o trajeto de saída.

A ALAMEDA é um trajeto de aproximadamente 2 km ao longo do rio Vilcanota. Esta via é o espaço público de maiores dimensões da área, localizado sobre um complexo trabalho de defesas costeiras que buscam proteger esta essencial infraestrutura. O projeto define sete praças, que são lugares de descanso e encontro para os turistas.

Fonte: Site - archdaily.com. Adaptado pela autora.

Para essa análise, o foco foi direcionado ao centro de visitantes, marcando o início do parque, onde ocorrem as concentrações momentâneas de pessoas.

3.2.3. Centro de visitantes de Machu Picchu.

O centro de visitantes (Fig. 11) é a porta de entrada ao Parque Arqueológico Nacional de Machupicchu (PANM). O projeto localiza-se cruzando o rio Vilcanota, na base da montanha, conectado a uma série de caminhos (rodovia, ciclovia e rotas de pedestres) levando à cidadela.

Figura 11 - Centro de Visitantes.

(33)

32 3.2.3.1. Acessos, circulações e zoneamento.

Para melhor entendimento da proposta, enumeram-se as edificações em módulos, Módulo 01 (Café e Lojas), Módulo 02 (Área de Exposição), Módulo 03 (Serviços e Alojamento) e Módulo 04 (Sanitários), e nomeiam-se as entradas em A, B, C, D, E ou F (Fig. 12).

Figura 12 - Esquema dividindo o Centro de Visitantes em módulos. Plantas Baixa Térreo e 1ºPavimento.

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 12 - Esquema dividindo o Centro de Visitantes em módulos. Plantas Baixa Térreo e 1ºPavimento.

3

2

1

C E F 1 2

PLANTA BAIXA 1PAV. ÁREA DE EXPOSIÇÃO/ SERVIÇOS E ALOJAMENTO/

3

3 4 SANITÁRIOS

A B C D E F Acessos entre os edifícios:

CAFÉ E LOJAS /

Fonte: Elaborado pela autora.

Pela característica íngreme e irregular do terreno (Fig. 13 e 14) e por conter praças na composição da sua implantação geral os edifícios possuem vários acessos, sendo eles no mesmo nível do terreno ou por rampas, escadas e elevadores.

(34)

33 Figura 13 - Croqui esquemático de pontes e passarelas como solução

adotada para vencer a topografia do terreno.

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 14 - Croqui esquemático do Centro de Visitantes demonstrando os acessos e circulações adotadas.

Fonte: Elaborado pela autora.

O módulo 01 possui acesso pelas três laterais, no mesmo nível do terreno, a entrada principal A contínua ao acesso principal da praça -, a entrada B - que liga o centro da praça e dá acesso ao módulo 04 e, a entrada C – que conecta diretamente o módulo 01 ao módulo 02, o acesso ao segundo

pavimento só é possível através da circulação vertical, neste caso, elevadores e escadas.

No Módulo 02 os acessos são definidos pelo desnível do terreno e pelo uso adotado. A entrada A – conecta o Módulo 02 no primeiro e segundo pavimento ao Módulo 01 e à praça -, a entrada B - liga o edifício, no segundo pavimento, à praça – a entrada C – dá acesso, pelo primeiro pavimento, aos espaços de contemplação – e, a entrada D e F - dão acesso ao terceiro pavimento do edifício por rampas/pontes, que ligam o pavimento à praça central.

No Módulo 03 os acessos também são definidos pelo uso: a entrada A permite acesso da praça ao primeiro pavimento da edificação, onde concentra-se o setor de serviços; a entrada B dá acesso aos alojamentos através da praça residencial: o acesso ao segundo pavimento dos alojamentos é realizado por circulação vertical, neste caso, elevadores e escadas.

Já o Módulo 04 onde concentram-se os sanitários e vestiários possui um único acesso, sendo a entrada A que permite o acesso, no nível do terreno, pela praça que por sua vez conecta aos outros módulos do centro de visitantes.

A circulação externa possui suas variações tipológicas definidas pela topografia do terreno, no entanto não atrapalham o funcionamento do parque oferecendo opções aos

(35)

34 usuários. Já a circulação interna é bem distribuída e as áreas

sociais são bem amplas. O zoneamento do centro de visitantes são setorizados como: Setor Social Externo (contendo maior parte) Setor Social Interno, Setor Comercial, Setor Íntimo e Setor de Serviços.

3.2.3.2. Definição dos espaços.

O projeto arquitetônico divide-se e organiza-se em três edifícios principais e um auxiliar (Fig. 15), conectados por diferentes praças ou terraços. Este conjunto de quatro estruturas possui um amplo programa de necessidades dividido por sua funcionalidade.

O setor social externo é definido através das praças que estendem-se sobre a topografia e marcam os muros incas existentes para valorizá-los e incluí-los no turismo. Estas praças relacionam edifícios uns aos outros, articulando e integrando o centro de visitantes com a paisagem e uma série de trajetos exteriores que ascendem a Llaqta.

Figura 15 - Centro de Visitantes – Planta Baixa Térreo e 1º Pavimento. Acessos, circulações e programa de necessidades.

(36)

35 Os setores, de serviço, íntimo e comercial, são

definidos por sanitários, vestiários, alojamentos, lojas e cafés, -cumprem o papel de dar apoio aos visitantes e pesquisadores - e o setor social interno é definido por auditórios, museus, salas de interpretação, entre outros, -dá suporte aos visitantes criando áreas de recreação (Fig. 16 e 17).

Figura 16 - Centro de Visitantes – Planta Baixa Térreo. Zoneamento Funcional.

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 17 - Centro de Visitantes – Planta Baixa 1º Pavimento. Zoneamento Funcional.

Fonte: Elaborado pela autora.

3.2.3.3. Volume e Massa.

Apresenta predomínio de formas geométricas retangulares nas plantas e fachadas, e triangulares nas coberturas, este último mantém a proporção observada nos frontões incas de Llaqta (Fig. 18). Analisado como um todo, são volumes que apresentam assimetria, no entanto, propõem equilíbrio nas disposições dos edifícios e nas suas próprias plantas. Em vista lateral, analisando-as isoladamente, possuem

(37)

36 eixos de simetria ao mesmo tempo que suas formas

acompanham a topografia do terreno. Figura 18 - Centro de Visitantes, análise de volumes.

Fonte: Elaborado pela autora.

3.2.3.4. Sistema Construtivo.

Cada espaço do projeto foi pensado de maneira a preservar a história e a paisagem do local, desta forma, no que diz respeito ao sistema construtivo, a resposta para essa questão foi a implantação da arquitetura vernacular da região, neste caso, pedra e madeira. Através da utilização dessa arquitetura, pode-se observar o desejo de manter referências da

arquitetura peruana garantida pela conservação dos muros incas e por frontões incas de Llaqta, tetos que são inseridos na paisagem, abraçados pela geografia e vegetação. Além da pedra e madeira, o centro de visitantes conta com o vidro, elemento muito utilizado nas fachadas, que permitem a visualização total da paisagem e a iluminação natural direta interna dos edifícios (Fig. 19 e 20).

Figura 19 - Centro de Visitantes, sistemas construtivos.

(38)

37 Figura 20 - Centro de Visitantes, sistemas construtivos.

Fonte: Elaborado pela autora.

3.2.3.5. Conforto Ambiental.

O centro de visitantes está localizado nas ruínas de Machu Picchu, que estão em uma zona de transição entre o altiplano e a selva, por isto é mais úmida e geralmente mais quente.

A resposta para essa questão climática, está contida nos próprios materiais escolhidos, como a pedra e a madeira, ambos os materiais garantem o conforto interno das edificações. A pedra não permite que o calor entre ou saia, sendo assim, no verão, o material mantêm a temperatura interna, bloqueando o

calor externo, e no inverno a pedra não permite a saída do calor interno, produzidos por aquecedores e lareiras, já a madeira, garante conforto visual e é reconhecida por ser um isolante térmico natural, pois mantêm a estabilidade da temperatura interna. O vidro e a vegetação fazem um contraponto com os demais materiais, a vegetação auxilia o papel da pedra no verão e os vidros utilizados na fachada permitem a utilização da iluminação natural interna, o que diminui o uso da iluminação artificial (Fig. 21).

Figura 21 - Croquis esquemáticos do Centro de Visitantes das soluções adotadas para o conforto ambiental.

Fonte: Elaborado pela autora.

3.2.3.6. Relação com Entorno.

O projeto estabelece uma relação direta com o entorno e sua história através de suas formas simples e

(39)

38 estratégicas e a escolha correta dos materiais que se fundem

com a paisagem e as antiguidades, sem alterar suas qualidades naturais. O projeto conseguiu obter sucesso na sua forma e função, tendo como prioridade a beleza magnifica do local (Fig. 22). A arquitetura em si enaltece a natureza, reforçando uma experiência de interioridade em oposição à grandiosidade da paisagem exterior.

Figura 22 - Relação da Edificação com a natureza.

Fonte: Elaborada pela autora.

3.2.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

O projeto é um importante referencial formador de ideia, que surpreendeu pela ampla quantidade de diretrizes que traduzem as intenções do projeto e que serão lançadas para este TCC. Primeiramente, observando na escala macro, o referencial se destaca pela proximidade do contexto de

inserção, sendo implantado em meio à topografia íngreme com vista para a paisagem singular, e a maneira como o espaços adequam-se a estas características valorizando o patrimônio inca. Em seguida, observando na escala micro, a utilização de estratégias formais e estruturais que deixam em evidência a paisagem em questão, ou seja, além de se fundir com a paisagem sem comprometer e alterar sua qualidade, o projeto foi pensado de forma estratégica para que o entorno abrace a construção e seja observado de forma ininterrupta, dando ao usuário visão e sensação únicas. Além disso, pôde-se absorver, a preocupação da arquitetura em possuir valores históricos refletidos na sua linguagem arquitetônica e resgatar a memória do local. Como por exemplo, a utilização dos materiais locais e do estilo dos antigos frontões incas, estabelecendo assim uma relação com a história e o espaço inserido.

O que se quer?

1. Estabelecer relação do projeto com a paisagem; 2. Promover o resgate da memória local.

(40)

39 3.3. PARQUE UNIPRAIAS - BAL. CAMBORIÚ - SC.

Localizado na cidade de Balneário Camboriú, Santa Catarina, o Parque Unipraias é considerado um dos principais complexos turísticos da região sul do país, uma vez que conecta três dos mais belos pontos naturais da cidade (Barra Sul, Morro da Aguada e Praia de Laranjeiras) e reúne várias modalidades de lazer em um só local, seguindo a tendência do turismo mundial. Além disso é responsável por atrair anualmente meio milhão de turistas brasileiros e estrangeiros que, mesmo se tratando do litoral catarinense (frio no inverno e calor no verão), assegura movimento além do verão.

3.3.1. Dimensões e dados históricos.

A história do Parque começou com um pouso forçado na década de 1950, quando o empreendedor Normando Tedesco sobrevoava Camboriú e o avião em que ele se encontrava apresentou falha técnica e obrigou o piloto a fazer um pouso de emergência no ponto sul da praia, conhecida hoje como Barra Sul. A beleza natural da área despertou grande interesse no empreendedor, que mais tarde adquiriu grande parte das terras como: o Ponto Sul e o Morro da Aguada. Esta última tinha o objetivo de assegurar um ponto estratégico de captação de água potável, onde hoje existe a Estação Mata Atlântica.

Após uma de suas viagens para os EUA e Europa, Sr. Tedesco voltou encantado com os sistemas de bondinhos que cruzavam os céus nestes países e foi nesse período que surgiram as primeiras ideias para o projeto que visava ligar o pontal sul (Barra Sul) com o topo do Morro da Aguada, utilizando um sistema parecido com os observados em suas viagens. No entanto, esse projeto não chegou a sair do papel pelas mãos do empreendedor.

Com o falecimento do empresário, seus dois filhos mantiveram, além de suas terras na cidade, o sonho do pai em construir o teleférico unindo as duas propriedades. Foi então que, em 1977, nasceu a sociedade entre o grupo Tedesco e o Grupo Fidúcia, fundadora da empresa BONTUR/SA e deu-se início ao processo de implantação do Parque Unipraias sendo inaugurado oficialmente em 26 de agosto de 1999.

Atualmente, o complexo compreende uma área total de 202.000m², preserva 132.000m² da Floresta Mata Atlântica abrigando uma grande quantidade de fauna e flora. O parque conta também com 47 bondinhos aéreos que interligam três estações, sendo o único no mundo a ligar duas praias, além de dispor de equipamentos que o tornam um ótimo local de entretenimento, lazer e educação ambiental. Em 2011, o Parque criou o programa “Parque Escola - diversão que educa”.

(41)

40 Direcionado aos estudantes, o programa de educação ambiental

transformou a natureza em fonte de conhecimento e desde sua criação, já atendeu milhares de estudantes e professores de escolas das redes pública e privada, consolidando-se como um dos mais bem sucedidos trabalhos de educação ambiental de Santa Catarina.

3.3.2. Composição geral e definição dos espaços. Figura 23 – Croqui geral Parque Unipraias.

Fonte: Elaborado pela autora.

O complexo turístico, (Fig. 23) considerado marco referencial de Balneário Camboriú, está localizado no litoral da

cidade e é cortado pelo Rio Camboriú que desagua no Oceano Atlântico, entre a Barra Sul e o Morro da Aguada. A espontaneidade da natureza, torna o terreno do parque fragmentado em três estações interligadas via bondinho aéreo.

Tratando-se de uma intervenção urbana, as massas de vegetação existentes são remanescentes da preservação da mata atlântica. A água é responsável pela separação do complexo ao mesmo tempo que é o elemento responsável por uni-los e faz do morro uma referência física e cultural da cidade.

O traçado do parque evidencia a forma da natureza, de que modo que os caminhos molda-se a ela.

3.3.2.1. Estação Barra Sul. Figura 24 – Croqui estação Barra Sul.

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41 Marcando o início do parque, a Estação Barra Sul

(Fig. 24) é o ponto de embarque dos bondinhos para o passeio que combina natureza e diversão, assegurando uma vista panorâmica do complexo e das paisagens. A edificação contém uma arquitetura inspirada em embarcações navais, possuindo três pavimentos: o térreo que conta com estacionamento de 3,4 mil m², escritórios da administração, atendimento ao turista e restaurante/bar, todos com acesso externo direto; o primeiro piso oferece praça de alimentação, lojas, bilheteria do parque, caixas eletrônicos e telefones públicos e o segundo piso é destinado ao embarque dos bondinhos. O espaço desta estação é interativo e multiuso, comportando exposições artísticas, artesanato e manifestações populares.

Nesta estação pode-se observar as concentrações momentânea de pessoas impulsionadas pelo estacionamento contido na edificação.

3.3.2.2. Estação Mata Atlântica. Figura 25 – Croqui estação Mata Atlântica.

Fonte: Elaborado pela autora.

A Estação Mata Atlântica (Fig.25) é o espaço de maior destaque com os principais atrativos do Parque e também onde os usuários permanecem por mais tempo. O morro compreende uma massa de vegetação nativa que esconde o conjunto de passeio ecológico, mirantes e aventura, implantados cuidadosamente para preservar as espécies, sem interferir na fauna e flora servindo como elemento surpresa para aqueles que buscam uma fuga dos centros urbanos.

Na estação do Morro da Aguada, a 240 metros de altura, estão localizados os quiosques, loja de souvenirs, auditório, casa do chocolate, oratório, que guarda a estátua de bronze de Santo Antônio da Aguada abençoada em 1999, e o

Referências

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