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Walt Disney World e Beto Carrero World: um estudo sobre os indicadores socioeconômicos nas cidades de Orlando e Penha

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Academic year: 2021

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AGATHA PEIXOTO NEVES

WALT DISNEY WORLD E BETO CARRERO WORLD:

UM ESTUDO SOBRE OS INDICADORES SOCIOECONÔMICOS NAS CIDADES DE ORLANDO E PENHA.

Florianópolis 2018

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AGATHA PEIXOTO NEVES

WALT DISNEY WORLD E BETO CARRERO WORLD:

UM ESTUDO SOBRE OS INDICADORES SOCIOECONÔMICOS NAS CIDADES DE ORLANDO E PENHA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Relações Internacionais.

Orientador: Prof. Katia Regina de Macedo, Msc.

Florianópolis 2018

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AGATHA PEIXOTO NEVES

WALT DISNEY WORLD E BETO CARRERO WORLD:

UM ESTUDO SOBRE OS INDICADORES SOCIOECONÔMICOS NAS CIDADES DE ORLANDO E PENHA.

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de bacharel em Relações Internacionais e aprovado em sua forma final pelo Curso de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 3 de dezembro de 2018.

______________________________________________________ Professor e orientador Katia Regina de Macedo, Msc.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Jurema Pacheco Marques, Msc.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Rejane Roecker, Msc.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente aos meus pais, Cristina e Cesar, por toda a atenção dedicada durante esta jornada, por terem me dado a oportunidade de fazer a minha faculdade dos sonhos e também o incentivo para que eu trabalhasse no local dos meus sonhos: Walt Disney World, inspiração deste trabalho. A vocês o meu amor e eterna gratidão.

As minhas amigas, em especial a Amanda, Giulia, Marina e Vitória, pela constante demonstração de carinho e pela ajuda nos momentos difíceis. Eu não conseguiria ter concluído esta pesquisa sem vocês me apoiando dia após dia, muito obrigada!

Aos mestres e coordenação do curso, e, com carinho, a minha orientadora, Katia Regina de Macedo, pelo seu auxilio e ensinamentos fundamentais para a conclusão deste trabalho, que com certeza levarei comigo para o resto da minha vida.

Aos meus colegas de trabalho no Walt Disney World, que me receberam tão bem e foram minha família enquanto eu estava tão longe da minha.

Por fim, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para esta pesquisa, meu muito obrigado!

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“Você é eternamente responsável por aquilo que cativas.” (Beto Carrero) “You can design and create, and build the most wonderful place in the world. But it takes people to make the dream a reality.” (Walt Disney).

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RESUMO

A presente monografia aborda com fenômeno da globalização colabora para que haja a expansão de cultura e informação pelo mundo todo. Um tipo de negócio que registrou um grande crescimento foi o ramo do entretenimento, mais especificamente os parques temáticos. Nesse contexto o Walt Disney World é um complexo temático reconhecido no mundo todo e serviu de inspiração para a criação de muitos parques temáticos ao redor do mundo, como foi o caso do Beto Carrero World. O objetivo geral desta pesquisa é apresentar as mudanças econômicas e sociais que ocorreram nas cidades de Orlando, na Flórida, e de Penha, em Santa Catarina, após as inaugurações dos parques temáticos pesquisados. A partir daí, apresentou-se as conjunturas econômicas dos Estados Unidos e do Brasil, durante a criação dos parques, e a evolução dos indicadores socioeconômicos das cidades de Orlando e Penha. Para a estruturação do trabalho foi utilizada a pesquisa aplicada. Além disso, utilizou-se de objetivos descritivos e de natureza qualitativa. O delineamento do estudo tem caráter de pesquisa bibliográfica e documental. O trabalho em questão não pretende ser uma análise comparativa, dadas as respectivas proporções de cada parque, mas uma descrição da evolução econômica e social das cidades, após a implantação dos parques. Por fim, conclui-se que as cidades estudadas, Orlando e Penha, passaram por diversas mudanças nos seus aspectos socioeconômicos, desde a inauguração dos parques, alterando completamente o perfil econômico das mesmas.

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ABSTRACT

This monograph deals with globalization, and how this phenomenon contributes to the expansion of culture and information around the world. One type of business that has grown dramatically with globalization has been the entertainment business, specifically the theme parks. In this context, Walt Disney World is a thematic complex recognized all over the world, and served as inspiration for the creation of many theme parks around the world, as was the case of Beto Carrero World. The general objective of this research is to present the economic and social changes that occurred in the cities of Orlando, Florida, and Penha, in Santa Catarina, after the inaugurations of the theme parks surveyed. From there, the economic conjunctures of the United States and Brazil were presented during the creation of the parks, and the evolution of the socioeconomic indicators of the cities of Orlando and Penha. For the structuring of the work were used as far as its applicability to applied research, it uses descriptive objectives, and of qualitative nature. The study design has the character of bibliographical and documentary research. The work in question is not meant to be a comparative analysis, given the respective proportions of each park, but rather a description of the economic and social evolution of the cities after the parks' implementation. Finally, it is concluded that the cities studied, Orlando and Penha, underwent several changes in their socioeconomic aspects since the inauguration of the parks, completely altering their economic profile.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Magic Kingdom em Construção, 1970 ... 43

Figura 2 – Magic Kingdom no dia de sua inauguração ... 44

Figura 3 – Mapa do Walt Disney World Resort em 1971 ... 44

Figura 4 – Mapa do Walt Disney World Resort em 2017 ... 47

Figura 5 – Beto Carrero World em Construção ... 51

Figura 6 – Mapa do Beto Carrero World em 1992 ... 52

Figura 7 – Beto Carrero em frente ao Castelo das Nações ... 53

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Variação nos indicadores econômicos de Orlando e Penha. ... 60 Gráfico 2 - Variação nos indicadores sociais de Orlando e Penha. ... 63 Gráfico 3 - Variação nos indicadores dos parques Walt Disney World e Beto Carrero World. ... 67

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação dos 10 parques temáticos mundiais mais populares conforme a quantidade de visitantes anuais ... 36 Tabela 2 – Indicadores Econômicos da cidade de Orlando em 1971 e 2017 ... Erro!

Indicador não definido.

Tabela 3 – Indicadores Sociais da cidade de Orlando em 1971 e 2017 ... Erro!

Indicador não definido.

Tabela 4 – Indicadores do Walt Disney World Resort em 1971 e 2017 ... Erro!

Indicador não definido.

Tabela 5 – Indicadores Econômicos da cidade de Penha em 1991 e 2017 ... Erro!

Indicador não definido.

Tabela 6 – Indicadores Sociais da cidade de Penha em 1991 e 2017Erro! Indicador

não definido.

Tabela 7 – Indicadores do Beto Carrero World em 1991 e 2017Erro! Indicador não

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 12

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E PROBLEMA ... 12

1.2 OBJETIVOS ... 14 1.2.1 Objetivo Geral ... 14 1.2.2 Objetivos Especificos ... 14 1.3 JUSTIFICATIVA... .14 1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 16 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 17 2.1 CAPITALISMO... 17 2.2 GLOBALIZAÇÃO ... 20 2.2.1 Globalização Cultural ... 23 2.2.2 Globalização Econômica ... 25 2.3 DESENVOLVIMENTO ECONÒMICO ... 27 2.4 ATORES INTERNACIONAIS ... 30

2.5 TURISMO DE ENTRETENIMENTO NO ÂMBITO DA GLOBALIZAÇÃO ... 32

2.5.1 Entretenimento ... 33

2.5.2 Parques Temáticos... 34

3 AS IMPLANTAÇÕES DOS PARQUES E SUAS INFUENCIAS SOBRE AS ECONOMIAS LOCAIS ... 316

3.1 CONTEXTO ECONÔMICO LOCAL DURANTE A IMPLANTAÇÃO DO WALT DISNEY WORLD ... 38

3.1.1 Biografia de Walter Elias Disney ... 40

3.1.2 História da Cidade de Orlando ... 42

3.1.3 Implantação de Extrutura do Walt Disney World ... 43

3.2 CONTEXTO ECONÔMICO LOCAL DURANTE A IMPLANTAÇÃO DO BETO CARRERO WORLD ... 47

3.2.1 Biografia de João Batista Sérgio Murad “Beto Carrero” ... 49

3.2.2 História da Cidade de Penha ... 51

3.2.3 Implantação de Extrutura do Beto Carrero World ... 51

3.3 EVOLUÇÃO DOS INDICADORES ... 54

3.3.1 Globalização Cultural ... 55

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3.4 DIAGNÓSTICO ... 60

4 CONCLUSÃO ... 69

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1 INTRODUÇÃO

Este capítulo apresentará o tema desta monografia, assim como a pergunta de pesquisa, a qual possui a função de definir qual direção o trabalho irá tomar. Em seguida, serão expostos os objetivos a serem alcançados por este trabalho. Por fim, apresenta-se a justificativa para a escolha do tema, assim como os procedimentos metodológicos utilizados para a construção desta monografia.

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E PROBLEMA

Nas últimas décadas, um fenômeno socioeconômico e político vêm causando importantes mudanças no mundo como conhecemos: a globalização. Segundo Stiglitz (2004) a globalização é a integração mais profunda entre países e sociedades, o que acarreta na diminuição de barreiras; na diminuição de custos de comunicação; aumento da circulação de mercadorias, conhecimento, capitais, e até mesmo pessoas. As transformações causadas por tal processo constroem novas realidades, e podem trazer imprevistos, que acabam causando desafios aos trabalhadores mundiais, de acordo com Gonçalves et al. (1998). Dessa forma, observa-se que as ideias de globalização são diversas, muitos autores afirmam que ela beneficia a economia, outros afirmam que ela traz prejuízos em determinadas áreas, mas algo em comum entre quase todos eles é o fato de que ela afeta o mundo contemporâneo no âmbito econômico, cultural e político, e traz as noções de realidade que conhecemos atualmente.

Segundo Joshi (2009) a globalização econômica diz respeito ao aumento da integração e da interdependência econômica das nações, principalmente por meio do comércio. Já a parte política da globalização condiz com a multiplicação do sistema político internacional, podendo ser observada por meio da democratização do mundo (RITZER, 2007).

No âmbito cultural, a globalização é a forma mais perceptível para a sociedade. Isso porque tal fenômeno ao trazer uma maior facilidade de comunicação e diminuição de barreiras, fez com que culturas e costumes pudessem ser transmitidos entre fronteiras para povos diferentes, segundo Crane (2011). Tal área da globalização é uma das mais importantes a ser estudada, pois „cultura‟ possui um conceito muito amplo, e cada estudioso a define de uma forma diferente.

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Dentro disso, o autor em questão exemplifica que a globalização cultural pode ser percebida por meio do americanismo e no modo como os Estados Unidos influenciam outros países no âmbito cultural (CONVERSI, 2010).

Uma das maneiras mais conhecidas da influência estadunidense no mundo é por meio do entretenimento. A indústria do entretenimento é uma das que mais cresce atualmente, seja com o cinema, televisão, teatro, música ou experiências. Segundo projeções da PwC (2017), espera-se que essa indústria movimente cerca de US$ 2,23 trilhões em 2021, gerando um crescimento de 4,8% ao ano. Nesse contexto, pode-se afirmar que uma das principais formas de entretenimento são os parques temáticos. Tais parques estão espalhados pelo mundo, e representam uma das atividades econômicas que mais cresce, aumentando seu número de visitantes e faturamento a cada ano.

Ao falar de parques temáticos, pode-se citar uma empresa pioneira na área: a The Walt Disney Company. Tal empresa conseguiu crescer de maneira gradual e obter sucesso absoluto na área em que atua, o que a consolidou como uma das maiores empresas do mundo. A The Walt Disney Company possui parques temáticos em cinco cidades em diferentes continentes, mas o maior complexo de parques encontra-se na cidade de Orlando, na Flórida. O Walt Disney World Resort é formado por quatro parques temáticos, dois parques aquáticos, um complexo de compras e vinte e sete resorts temáticos. Os parques do Disney World são referência em atendimento ao cliente, e isso é apenas um dos motivos que faz com que seus índices econômicos cheguem a até 90% na taxa de retorno (WALT DISNEY WORLD, 2018).

Um complexo temático muito importante para a economia brasileira é o parque Beto Carrero World. Localizado na cidade de Pena, no estado de Santa Catarina, ele foi desenvolvido com inspiração no primeiro parque do Walt Disney World, o Magic Kingdom. De acordo com os relatórios anuais divulgados pela empresa, o Beto Carrero atualmente é o maior parque multitemático da América Latina e conta com diversas atrações: áreas temáticas, shows, brinquedos, um amplo zoológico e personagens. O parque contou com aproximadamente dois milhões de visitantes no ano de 2016, e continua se consolidando como referência em entretenimento no cenário nacional (BETO CARRERO WORLD, 2018).

Com a popularidade dos parques aumentando a cada ano, cresce também o movimento de capitais nas regiões em questão, gerando o que pode ser chamado

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de desenvolvimento econômico. O desenvolvimento econômico para Schumpeter (1980) é o que acontece toda vez que existe uma perturbação da inércia em uma economia que se encontra estática. Nesse contexto, percebe-se por meio de relatórios anuais, que tanto o Walt Disney World quanto o Beto Carrero World contribuíram para que houvesse uma perturbação na inércia da economia local, gerando um crescimento nas áreas de Orlando e Penha após a inauguração desses parques.

A partir do exposto, tem-se a seguinte pergunta de pesquisa: “De que

maneira os complexos de parques temáticos do Walt Disney World e do Beto Carrero World acarretaram mudanças econômicas nas regiões em que estão localizados?”.

1.2 OBJETIVOS

Para a execução desta monografia foi necessário a utilização de alguns objetivos, que dividem-se em objetivo geral, o propósito do trabalho; e objetivos específicos, que auxiliam na concretização do objetivo geral.

1.2.1 Objetivo Geral

Reconhecer as mudanças acarretadas pelo Walt Disney World Resort na cidade de Orlando e também as mudanças que o Beto Carrero World fizeram na região de Penha, baseado numa análise socioeconômica.

1.2.2 Objetivos Específicos

Para alcançar o objetivo geral, utiliza-se de alguns objetivos específicos, dentre eles:

• apresentar a conjuntura econômica local na época em que os parques foram criados;

• descrever o processo de implantação do Walt Disney World Resort e do Complexo Beto Carrero World;

• apresentar a evolução dos indicadores socioeconômicos locais no período estudado, nas cidades de Orlando e Penha;

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1.3 JUSTIFICATIVA

O Walt Disney World Resort, desde o seu primeiro dia de abertura, em 1971, além de vender o seu produto, vendeu sonhos. Lá, as pessoas encontram uma felicidade imensurável, esquecem-se dos seus problemas e constroem memórias que serão relembradas pelo resto de suas vidas. Isso é apenas um dos motivos que acabou consolidando o Walt Disney World como o complexo de entretenimento mais visitado do mundo de acordo com a CNN. Ao construir experiências incríveis para seus visitantes, o complexo cresceu como empresa e virou exemplo para parques temáticos ao redor do mundo, incluindo o Beto Carrero World.

O Beto Carrero World, inaugurado em 1991, respeitadas as devidas proporções, foi pioneiro no Brasil, trazendo algo que as pessoas da região de Penha nunca tinham visto antes. Com inspiração no primeiro parque do Walt Disney World, o Magic Kingdom, o parque catarinense é dividido em sete áreas distintas, cada uma com um tema diferente. O complexo traz alegria para seus visitantes, que se deslocam de diversas áreas do país.

A realização deste trabalho se justifica pelo fato de que o grande crescimento e a manutenção do sucesso desses empreendimentos trouxeram, mesmo que em diferentes escalas, grandes benefícios para as cidades em que estão localizados. Eles geraram novos empregos, maiores fluxos de capital, maior número de turistas, mais oportunidades para empresas terceirizadas; tudo colaborando para que ocorra um maior movimento da economia local e mundial.

Além disso, esse estudo se justifica também pelo interesse da pesquisadora, que após ter trabalhado no Walt Disney World, se surpreendeu pela maneira com que a empresa trata seus clientes e se impressionou com a relevância do complexo para toda a cidade de Orlando. Daí surgiu à vontade de aprofundar seus conhecimentos sobre os reflexos econômicos locais da Disney e, posteriormente, pela proximidade, escolheu estudar também o parque Beto Carrero, por ser de grande relevância para a cidade de Penha e o estado de Santa Catarina.

Para a sociedade, o estudo busca mostrar a importância desse tipo de empreendimento para as cidades que os abrigam, a partir da apresentação de dados sobre os impactos causados por eles. Já para a universidade, a presente pesquisa é de grande importância para utilização como fonte de pesquisa, uma vez que existem poucos trabalhos sobre o assunto.

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1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para a realização dessa pesquisa, alguns procedimentos metodológicos foram utilizados com objetivo de desenvolvê-la de forma satisfatória. De acordo com a literatura estudada, a pesquisa caracteriza-se como aplicada, pois ela gera conhecimentos para a solução de problemas práticos. O conteúdo do trabalho abrange verdades e interesses universais para futuras pesquisas (FONSECA, 2002). A abordagem da pesquisa é de cunho qualitativo, pois se utiliza do levantamento de dados e fontes, com objetivo de obter uma análise subjetiva, a fim da realização do trabalho (GIL, 2008).

Quanto aos objetivos, o presente trabalho trata-se de um estudo do tipo descritivo, onde o pesquisador procura descrever dados e acontecimentos de um objeto de pesquisa já conhecido, estabelecendo relação entre as variáveis, mas sem que haja manipulação dos mesmos (GIL, 2008).

Por último, os métodos utilizados para coleta de dados foram o bibliográfico e o documental. Segundo, Marconi e Lakatos (2003) o primeiro é feito através de publicações, podendo ser encontradas em livros, artigos científicos ou base de dados. Já o método documental, utiliza de fontes mais diversificadas, podendo ser websites de empresas, relatórios, documentos oficiais e cartas. No trabalho em questão, foram utilizados de relatórios anuais e documentos divulgados pelas empresas The Walt Disney Company e pelo Beto Carrero, além de trabalhos acadêmicos atuais sobre as determinadas empresas e voltados ao âmbito econômico.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo são apresentados os conceitos gerais sobre o trabalho em questão, para que seja possível situá-la no estudo das Relações Internacionais e, assim, gerar uma melhor compreensão sobre o tema da pesquisa. Dentro dos temas expostos aborda-se o Capitalismo, fenômeno econômico que deu início a liberalização do comércio e que, consequentemente, desencadeou processos como a Globalização, a qual, neste trabalho divide-se em Globalização Cultural e Econômica. Em seguida, apresenta-se o conceito de Desenvolvimento Econômico para compreender o processo em que as cidades onde estes parques estão localizados passaram após a sua inauguração. Além disso, definem-se Atores Internacionais, com ênfase nas Empresas Multinacionais, como a Walt Disney Company. Por fim, estudar-se-á o Turismo de Entretenimento no Âmbito da Globalização, tópico que se divide em Entretenimento e Parques Temáticos, conceitos mais relevantes aos objetos de estudo do trabalho.

2.1 CAPITALISMO

O capitalismo atual passou por diversas mudanças ao longo dos anos. A primeira fase, o capitalismo mercantil, perdurou entre os séculos XVI e XVIII por meio de um conjunto de práticas que ficou conhecido como Mercantilismo. Nele, por mais que as commodities fossem produzidas de forma não capitalista, as metrópoles exploravam as colônias em busca do lucro de acordo com uma balança comercial favorável, o que traz características do capitalismo. (SCOTT, 2005)

A segunda parte do capitalismo ficou conhecida como Capitalismo Industrial, e surgiu com a Revolução Industrial, que ocorreu a partir da segunda metade do século XVIII. “A Revolução Industrial transformou o homem de um agricultor em um manipulador de maquinas movido por energia inanimada” (CIPOLLA, 1973, p.7).

Durante essa época, iniciou-se uma rápida transformação da indústria inglesa, houve a introdução da máquina a vapor e da energia hidráulica, o que iria substituir a utilização da força humana e animal. Tais mudanças geraram uma grande urbanização, as cidades passaram a receber um grande número de trabalhadores, as fábricas cresceram, e com isso, houve um maior fluxo de capital.

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Em poucas décadas a sociedade britânica se transformou completamente, criando as bases para o mundo modernizado. (SAES, 2013)

O capitalismo financeiro começou a surgir após a Segunda Guerra Mundial. Nessa época houve um receio das potências de que haveria uma nova recessão, porém não foi o que ocorreu, ao contrário, o mundo viveu uma época que ficou conhecida como Era de Ouro, na qual se observou um grande crescimento econômico.

[…] apesar da redução dos gastos bélicos do governo, outros componentes da demanda permitiram sustentar o crescimento da economia. Houve aumento das exportações para os países europeus em reconstrução; aumento do consumo pessoal, em parte com a poupança acumulada durante os anos do conflito, com pagamentos do governo aos veteranos de guerra e ainda com o resgate dos bônus emitidos para financiar os gastos do governo; os investimentos das empresas foram retomados com os lucros retidos durante a guerra. (SAES, 2013, p.435)

Para Flávio e Alexandre Saes (2013), apesar da era de estabilidade do capitalismo, na segunda metade do século XX houve a ascensão do socialismo, aumento nas taxas de inflação e desemprego, tudo contribuindo para gerar uma ameaça ao modelo financeiro da época. Porém, anos mais tarde com a queda da União Soviética pós Guerra Fria, e por consequência, do socialismo, o capitalismo viveu o seu triunfo, dando lugar a uma „Nova Economia‟, onde houve o rápido crescimento da produtividade, renda, baixo desemprego e inflação moderada (BRENNER, 2003).

Foi nessa última etapa que o capitalismo e a cultura se entrelaçam, pois os trabalhadores buscavam intensamente algo para fazer após as exaustivas horas de trabalho, gerando a relação entre capitalismo e lazer que temos nos dias de hoje:

Os efeitos morais da sociedade eram realmente muito grandes. Induzia os homens a lerem livros, ao invés de gastarem seu tempo nas tabernas. Ensinava-os a pensar, a se respeitarem e a desejar educar seus filhos. Elevava-os em suas próprias opiniões. (WALLAS apud THOMPSON, 1987, p. 170).

Exemplos dessa ligação entre capitalismo e cultura, o Walt Disney World e o Beto Carrero World são parques temáticos renomados na sociedade contemporânea, servindo de inspiração para diversos parques menores ao redor do mundo. Por serem formados por grandes empresas, eles geram grandes lucros para os locais em que estão instalados, movimentando a economia de forma grandiosa.

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O capitalismo na maioria das vezes é definido como um sistema econômico no qual os atores privados são habilitados a monitorar o uso de uma propriedade privada para a obtenção de lucro, onde a mão invisível (Smith, 2008) trabalha para que se alcance uma demanda desejada para a sociedade (SCOTT, 2006).

Segundo o The Macmillan Dictionary of Modern Economics, capitalismo é:

Sistema político, social e econômico no qual a propriedade, incluindo os bens de capital, é de propriedade e controlada em grande parte por pessoas privadas. O capitalismo contrasta com um sistema econômico anterior, o feudalismo, na medida em que é caracterizado pela compra de trabalho por salários monetários, em oposição ao trabalho direto obtido através de costume, dever ou comando no feudalismo […]. Sob o capitalismo, o mecanismo de preço é usado como um sistema de sinalização que aloca recursos entre usos. À medida que o mecanismo de preços é usado, o grau de competitividade nos mercados e o nível de intervenção do governo distinguem as formas exatas do capitalismo (Macmillan Dictionary of Modern Economics, 1986, p.54).

No capitalismo, de um lado os mercados conduzem a oferta e a procura com a ajuda da mão invisível, de outro, o governo coordena a atualização de certas estruturas de mercado de acordo a necessidade. Em outras palavras, para o capitalismo funcionar, é preciso que exista dois tipos de intervenção: uma indireta, como a mão invisível de acordo com a teoria de Adam Smith, que define a oferta e a demanda; e uma direta, visível, coordenada pelo governo através de uma legislatura e burocracia (HESSEN, 1979).

O sistema econômico capitalista começou a surgir de forma lenta, durante vários anos, primeiramente na Europa para depois se espalhar para todos os cantos do mundo. Segundo Hunt (2001), tal sistema demonstrou ser bem diferente dos demais, pois possui um conjunto de características específicas diferente de todos os sistemas anteriores, dentre elas: produção de mercadorias, propriedade privada dos meios de produção, inexistência de parte da população com relação aos meios produtivos, e o pensamento individualista.

Para a produção de mercadorias, a atividade produtiva de uma pessoa não tem ligação com as pessoas que produzem tal mercadoria, ou com o seu consumo, tendo apenas relação com o mercado, gerando uma relação de interdependência complexa e indireta.

A segunda característica importante é a propriedade privada dos meios, ou seja, a sociedade dá o direito de certas pessoas determinarem como as matérias-primas podem ser utilizadas no mercado, gerando uma propriedade privada. Além

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disso, a grande classe trabalhadora apesar de participar ativamente da produção de bens, não tem controle dos meios e matérias-primas necessárias para a produção dos mesmos, fazendo com que as mercadorias por eles produzidas pertençam aos capitalistas proprietários.

Por último, o pensamento individualista traz uma característica do capitalismo indispensável para o funcionamento do mesmo, para que seja possível que exista uma oferta adequada ao trabalho, facilitando o controle dos trabalhadores. (HUNT, 2001).

Para Thurow (1997), o capitalismo surgiu de forma diferente, através de um processo de transformação da avareza, que era um pecado, em uma virtude, e assim, o homem passou a acreditar que não possuía apenas o direito, mas também o dever de gastar o máximo de dinheiro possível, para maximizar o seu consumo e movimentar a economia.

Por último, muitos autores afirmam que o capitalismo é um fenômeno econômico que derivou outro processo importantíssimo para a formação do mundo atual, a globalização, a qual será estudada de forma aprofundada no tópico seguinte deste trabalho.

2.2 GLOBALIZAÇÃO

A globalização é um fenômeno que afeta a população mundial em grande escala. Um exemplo disso é o crescimento na indústria de parques temáticos, que se espalham por vários cantos do mundo, como o Beto Carrero World e o Walt Disney World, objetos de pesquisa deste trabalho.

O termo globalização possui diversas definições de acordo com diversos autores, porém a ideia mais utilizada é a de que a globalização é um conjunto de transformações socioeconômicas que vêm movimentando as sociedades contemporâneas em todos os cantos do mundo. Para Alvarez (1999), a globalização é utilizada para:

Caracterizar um conjunto aparentemente bastante heterogêneo de fenômenos que ocorreram ou ganharam impulso a partir do final dos anos 80 - como a expansão das empresas transnacionais, a internacionalização do capital financeiro, a descentralização dos processos produtivos, a revolução da informática e das telecomunicações, o fim do socialismo de Estado na ex-URSS e no Leste Europeu, o enfraquecimento dos Estados nacionais, o crescimento da influência cultural norte- americana etc. -, mas que estariam desenhando toda uma efetiva „sociedade

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mundial‟, ou seja, uma sociedade na qual os principais processos e acontecimentos históricos ocorrem e se desdobram em escala global. (ALVAREZ, 1999, p. 97).

Já para Gonçalves, Baumann, Prado e Canuto (1998), a globalização tem uma definição mais complexa, porque possui uma diversidade de características muito grande, o que dificulta que ele tenha apenas uma definição. Nesse sentido, para Held, a globalização é:

É uma força condutora central por trás das rápidas mudanças sociais, políticas e económicas que estão a remodelar as sociedades modernas e a ordem mundial. […] O conceito de Globalização implica primeiro e acima de tudo um alongamento das atividades sociais, políticas e económicas através fronteiras, de tal modo que acontecimentos, decisões e atividades numa região do mundo podem ter significado para indivíduos e atividades em regiões distintas do globo. (HELD, 1999, p.15)

Pra Brum (2002), tal termo para caracterizar o processo de aproximação das relações entre as nações, foi primeiramente utilizado durante a grande crise de 1929, mas só entrou no repertório popular na década de 1980. Para o mesmo autor, observa-se também que a o mundo mudou profundamente nos últimos anos, fazendo com que a globalização atinja um novo estágio, mais veloz, abrangente e complexo. Sobre o assunto, o sociólogo e professor brasileiro Octávio Ianni também afirma que “Com a aceleração da globalização, está se implementando no mundo todo outro projeto de desenvolvimento capitalista - transnacionalizado, globalizado, definido em termos de mercados mais amplos” (IANNI, 1996, P.8).

Um importante estudioso da globalização é Joseph Stiglitz, um economista estadunidense formado pelo MIT, e que deu aula em universidades renomadas como Harvard, Yale e Stanford. Stiglitz (2007) afirma que a globalização é a divisão do mundo entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento, e o que os separa não é apenas a quantidade de recursos, mas também o nível de conhecimento dessas nações. Novas tecnologias, formas de comercializar e investimentos contribuem para que exista uma maior interdependência mundial nas relações econômicas, e é essa relação de integração entre as nações que cria o que conhecemos hoje como mundo globalizado.

Tal processo possui algumas características específicas, uma delas diz respeito ao alcance que o fenômeno obtém, ou seja, não é um acontecimento isolado e possui dimensões globais. A desterritorialização também é importante, onde mostra que a globalização tem capacidade de desenraizar negócios, movimentos e dilemas sociais. Outra característica é à força do capital, pois a busca

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pelo lucro é o que define a maioria das transações atuais. Por último, o desenvolvimento da informática, que facilita a interligação entre o mundo todo (STELZER, 1999).

Entretanto, a globalização atualmente não possui a mesma capacidade que possuiu, e o mundo vive um processo de transição da „globalização profunda‟ para a „desglobalização‟. Segundo um dos projetos desenvolvidos pelo BRICLab da Universidade de Columbia, o professor Marcos Troyjo afirma que desde as crises de 2008 e 2011, a globalização profunda tem se dissipado, dando lugar ao processo por ele chamado de desaceleração da globalização, no qual se observa o fortalecimento do individualismo nacional, da transferência do epicentro dos fluxos econômicos para o continente asiático e da reconfiguração do papel do Estado na economia.·.

Ainda no mesmo pensamento, para o professor, esse fenômeno é transitório e será superado pela retomada da globalização. Esse processo é chamado por ele de reglobalização, e pode trazer diversas oportunidades e desafios para o Brasil:

Um desafio que Troyjo antecipa para o Brasil diz respeito à inserção do país na Quarta Revolução Industrial, tendo em vista as lacunas que o país apresenta nas áreas de educação e inovação. […]Como primeiro passo para a adaptação do Brasil a esses futuros contornos da reglobalização, Troyjo destaca a importância do ajuste macroeconômico e do avanço nas reformas domésticas; trabalhista e tributária. Ademais, o Professor vê grande espaço para avançar na negociação de acordos comerciais bilaterais, considerando a relativa inércia do Brasil neste quesito em anos recentes. (CEBRI, 2017, p.10)

Além disso, o jornalista econômico estadunidense Thomas Friedman apoia que é fácil afirmar que a globalização não é apenas um fenômeno da esfera econômica, mas sim, afetas diversas áreas.

Os que avaliam a globalização simplesmente com base em estatísticas comerciais – ou como um fenômeno puramente econômico, em vez de enxergá-lo como algo que afeta tudo, da aquisição de poder à cultura e ao funcionamento das instituições hierárquicas – não percebem o impacto dessa mudança. (FRIEDMAN, 2009, p.10)

A globalização pode ser dividida em diversas dimensões. Para Salvatore (2008), ela possui três áreas distintas: económica, cultural e política. Já Gonçalves, Baumann, Prado e Canuto (1998), dividem a globalização em duas, ambas com relação ao investimento internacional, sendo elas a globalização financeira e a globalização produtiva.

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No tópico a seguir, a Globalização Cultural e a Globalização Econômica serão estudadas com maior aprofundamento com objetivo da melhor compreensão do tema desta monografia.

2.2.1 Globalização Cultural

Cultura é uma palavra com diversos conceitos de acordo com diferentes áreas de pensamento. Porém, o conceito mais clássico da palavra que determinou as bases para os estudos do termo afirma que cultura é: “é aquele todo complexo, que inclui conhecimento, crença, artes, moral, leis, costumes e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos por um homem como membro de uma sociedade” (TYLOR, 1920, p. 18).

Tal definição é considerada muito genérica por alguns estudiosos, entre eles Franz Boas (1911), que acreditava que cultura era o conjunto das ações do homem de acordo com a natureza e aos outros indivíduos. O autor via a cultura como um traço distintivo da humanidade, ou seja, o que difere os seres humanos de outras espécies.

A globalização cultural é a forma mais visível da globalização, muitas vezes podendo ser considerada a mais importante. Conversi afirma que:

Considero a globalização cultural a principal área de preocupação, porque a „cultura‟ abrange uma área suficientemente grande para cobrir a maior parte dos aspectos da globalização. Para este propósito, a cultura é aqui pretendida como um processo feito de valores, habilidades, ofícios, normas, conhecimentos gerais e particulares, bem como itens materiais, que são transmitidos, mas também enriquecidos, de uma geração para outra. (CONVERSI, 2014, p. 43)

Para o mesmo autor, globalização cultural, apesar de visível, é difícil de ser estudada, pois possui caráter subjetivo. Ela afeta diretamente a expressão dos costumes da sociedade. Tal forma de globalização tornou-se mais importante durante o fim do século XX e início do XXI, principalmente com o fim da Guerra Fria e o advento da Internet, que chamou a atenção da comunidade global para os aspectos culturais que estão relacionados com as relações internacionais. Para Held (2001), a definição de globalização de forma geral já obtém aspectos culturais e por isso é tão importante: “Isso [globalização] é sobre o estiramento de conexões, relações e redes entre comunidades humanas, um aumento na intensidade destes, e uma aceleração geral de todos esses fenômenos” (HELD, 2001, p. 427).

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Essa forma de globalização utiliza da transmissão de ideias, valores e costumes entre as nações (JAMES, 2006) e para estudá-la, segundo Crane (2011) é necessário que haja um foco em certos elementos do ambiente social, tais como sistemas de valores, os papéis dos fatores econômicos, políticos e a natureza da produção cultural e da criatividade.

O estudo dessa forma de globalização deriva de algumas teorias. Uma dessas teorias é a do imperialismo da mídia, que segundo Salwen (1991). Existe uma imposição a outros países das crenças, valores, conhecimentos, normas comportamentais e estilo de vida de uma determinada nação. Outra teoria é a da hibridização, em que novas versões da cultura surgem quando diferentes culturas entram em contato umas com as outras (PIETERSE, 2004).

Para Conversi (2014) muitas vezes tal forma de globalização pode ser confundida com americanização, uma vez que os Estados Unidos acabam sendo ditadores de comportamentos para o mundo todo. A americanização surgiu principalmente após a Segunda Guerra Mundial, e por isso, anos após o final de tal conflito com a queda do Muro de Berlim e o fim da URSS, grande parte da população mundial acreditou que tais processos gerariam barreiras ao domínio cultural norte-americano, o que não aconteceu. Um exemplo disso são os estudos de Kuisel (2003), que estudou intensamente a França, e argumenta que a cultura da mídia estadunidense levou à americanização do país, mostrando que a cultura dos Estados Unidos influencia a população francesa grandiosamente. O autor também conclui que a americanização na forma de exportações culturais influencia o comportamento daqueles que as utilizam em outros países, os significados que atribuem aos produtos e o sentido de sua própria identidade.

Dois importantes estudiosos de globalização como um fenômeno cultural são Edward S Herman, professor de finanças da Universidade da Pensilvânia; e Noam Chomsky, linguista e ativista político considerado o „pai da linguística moderna‟. Para eles, cultura e entretenimento são dois temas que, apesar de possuírem conceitos distintos, caminham lado a lado, principalmente quando o assunto é globalização cultural. A indústria de entretenimento americana é a mais lucrativa do mundo, sua expansão sistemática faz parte de um projeto empresarial e jamais será interrompida (HERMAN & CHOMSKY, 2003). Cada vez mais tais mudanças são perceptíveis e mais presentes no dia a dia da população, por meio da internacionalização de marcas de consumo, celebridades, música, cinema, moda, etc.

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Segundo Hedges (2010), tais transformações estão sendo feitas por interesses corporativos, fazendo com que o Estado se submeta aos interesses das grandes corporações, como por exemplo, a Walt Disney Company, pioneira na área de internacionalização de parques temáticos, objeto de estudo deste trabalho.

Dessa maneira, é importante destacar que a globalização cultural caminha junto da globalização econômica, uma vez que empresas transnacionais ditam os costumes mundiais que devem ser seguidos, o que leva a um aumento do fluxo econômico.

2.2.2 Globalização Econômica

Talvez sua dimensão mais forte, a globalização econômica lida com o livre movimento de capitais, produtos, informações, tecnologias e pessoas. Esse tipo de globalização tem sido objeto de estudo permanente, por causa das perspectivas financeiras, comerciais, produtivas e devido à possibilidade de surgimento de novas políticas nacionais (BAUMANNM 1996). A globalização econômica:

Pode ser entendida como a interação de três processos distintos ao longo dos últimos 20 anos: a expansão extraordinária dos fluxos financeiros internacionais, o acirramento da concorrência nos mercados internacionais de capitais e a maior integração entre os sistemas financeiros nacionais. (GONÇALVES, BAUMANN, PRADO E CANUTO, 1998, p. 147).

O primeiro processo citado pelos autores, à expansão extraordinária dos fluxos financeiros internacionais, pode ser observada pelo aumento no fluxo total de empréstimos internacionais e do investimento de portfólio durante os últimos anos. Já o acirramento da concorrência internacional se manifesta pela maior disputa por transações financeiras internacionais, as quais envolvem bancos de um lado e instituições financeiras não bancárias do outro. O terceiro e último processo, a maior integração dos sistemas financeiros nacionais, é observado por meio da verificação que a maior parte dos ativos financeiros emitidos por residentes está na mão de não residentes, e vice versa. (GONÇALVES, BAUMANN, PRADO E CANUTO, 1998).

A globalização econômica pode ser observada por meio da integração da produção, finanças, mercados, tecnologia, regimes organizacionais, empresas, instituições e do trabalho das nações (JAMES, 2007). Segundo Ianni (2006), essa integração econômica pode ocorrer entre países com condições distintas, sempre

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fazendo com que nenhuma relação econômica seja superior à outra. Esse tipo de relação entre os países traz desafios para empresas, pois é necessário que exista um maior fluxo de capital para que seja possível assegurar seu lugar no mercado mundial, uma vez que a concorrência é maior.

Esse tipo de globalização trouxe uma inquietude financeira para as nações e tende-se a aprofundar, principalmente com o capital volátil, que busca as melhores taxas de juros, uma vez que está diretamente ligada a internacionalização do processo produtivo (BRUM, 2002).

Outro aspecto importante sobre os efeitos da globalização é de que:

A globalização pode fornecer, sob certas condições, novas oportunidades para a economia dos países anfitriões. Pode levar a novos investimentos, introduzir tecnologias modernas, aumentar as exportações ou envolver a redistribuição internacional da produção para localidades de baixo custo. (SUPPER, 1998, p.52)

Além disso, a globalização econômica trouxe algumas consequências para a economia mundial, sendo elas o surgimento de novos países industrializados, como os tigres asiáticos; a multipolarização econômica, com a formação de blocos econômicos; fracasso de alguns países que não conseguem participar desse crescimento da economia mundial; o crescimento da influência dos organismos internacionais sobre as decisões dos governantes nacionais, o que limita seus poderes; agravamento da exclusão social, o que acaba atingindo países inteiros por não conseguirem seguir os padrões de competitividade (CARDOSO, 1995).

A Organização Mundial do Comércio considera que:

[…] a relação entre os investimentos diretos e o comércio internacional é o motor do processo de globalização da economia. […]Observa-se que há estreita relação entre os investimentos estrangeiros diretos e a participação de um país no comércio internacional. Quanto maiores os investimentos externos, maior tende a ser a participação do país nesse comércio. Pois grande parte das transações que ocorrem no mundo e realizam entre as corporações transnacionais, e não propriamente entre países. (ORTIZ, 1996, p.8)

A globalização econômica pode ser dividida em quatro formas diferentes: comercial, com o comércio internacional de bens e serviços; produtiva, as operações de transnacionais que controlam subsidiárias em outros países; tecnológica, onde existe a transferência de know how; e a financeira, que diz respeito aos fluxos internacionais de capital. (GONÇALVES, 2002, p. 5,6)

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Cada vez mais a globalização econômica se mostra mais presente na realidade mundial, seja através da abertura de mercados, eliminação de entraves alfandegários e burocráticos ou intensificação do comércio.

2.3 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

O desenvolvimento econômico é um aspecto importante a ser estudado na seguinte pesquisa, pois tais parques em questão, o Walt Disney World e o Beto Carrero World, ao se instalarem nas áreas que se encontram atualmente, geraram desenvolvimento da economia, como será exemplificado nos capítulos futuros.

Desenvolvimento econômico é um processo no qual um país melhora o padrão de vida econômico de sua sociedade, normalmente através dos estoques de capital físico e humano, além de melhorando a sua tecnologia. (DEARDOFF, 2016).

O desenvolvimento socioeconômico é um processo de mudança social pelo qual um número crescente de necessidades humanas – preexistentes ou criadas pela própria mudança – são satisfeitas através de uma diferenciação no sistema produtivo decorrente da introdução de inovações tecnológicas. (FURTADO, 1964 p. 27)

Ainda segundo o mesmo autor, em outra obra ele afirma que o desenvolvimento econômico passou a ser percebido após a Segunda Guerra Mundial, principalmente por meio do grande atraso econômico sofrido por diversos países e o desejo em melhorar suas situações financeiras. Para ele, as ideias iniciais sobre desenvolvimento econômico que o definiam apenas como um aumento do fluxo de bens e serviços foram gradativamente substituídos por ideias relacionadas à satisfação das necessidades humanas (FURTADO, 2000).

Um ator que é considerado referência no estudo de desenvolvimento econômico é Joseph A. Schumpeter, um economista e cientista político da Áustria que foi o primeiro a considerar que o advento do capitalismo se dava devido às inovações tecnológicas da época. Em uma de suas obras, o economista declara que o desenvolvimento econômico ocorre por meio da transformação dos meios de produção, ou seja, do rompimento do estado de equilíbrio, por intermédio da retirada dos meios de produção dos locais onde estão empregados e colocação dos mesmos em atividades novas, promovendo abertura para novos mercados e introduzindo

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inovações em produtos. Para ele ainda, a primeira teoria do desenvolvimento econômico foi desenvolvida por meio da análise de Marx (SCHUMPETER, 1978).

O desenvolvimento era encarado como num conjunto de processos interdependentes e, mediante ele, a sociedade tradicional seria transformada numa sociedade moderna. [...] A meta adequada do desenvolvimento era uma sociedade urbana, e o moderno era medido de acordo com o grau de industrialização e urbanização que determinada sociedade houvesse atingido. Desenvolvimento era, sobretudo, desenvolvimento econômico. [...] expresso em termos monetários. (CAIDEN; CARAVANTES, 1988, p. 22).

É importante diferenciar crescimento econômico de desenvolvimento econômico. O primeiro leva em consideração apenas as variáveis econômicas, como produto interno bruto e produto nacional bruto. Já o último, além das variáveis econômicas, aborda também questões de caráter social, como bem-estar, taxa de analfabetismo, taxa de pobreza, IDH. Essa diferenciação foi primeiramente criada por Schumpeter, segundo ele:

Nem o mero crescimento da economia, representado pelo aumento da população e da riqueza, será designado aqui como um processo do desenvolvimento. […]

Entenderemos por „desenvolvimento‟, portanto, apenas as mudanças da vida econômica que não lhe forem impostas de fora, mas que surjam de dentro, por sua própria iniciativa. Se se concluir que não há tais mudanças emergindo na própria esfera econômica, e que o fenômeno que chamamos de desenvolvimento econômico é na prática baseado no fato de que os dados mudam e que a economia se adapta continuamente a eles, então diríamos que não há nenhum desenvolvimento econômico. (SCHUMPETER, 1978, p. 63)

Como mencionado, tais variáveis chamadas de indicadores econômicos de desenvolvimento existem para que seja possível um melhor estudo da economia global e do seu desenvolvimento. O presente trabalho irá lidar com algumas específicas, entre elas o Produto Interno Bruto e o Índice de Desenvolvimento Humano.

O Produto Interno Bruto (PIB) de acordo com Lourenço e Romero (2002) corresponde à soma do valor monetário de todos os bens e serviços de uma determinada região durante um determinado tempo, para que seja possível medir a atividade econômica e o nível de riqueza ou pobreza da área estudada. Tal cálculo é feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

É importante salientar que no cálculo do PIB apenas considera-se os bens e serviços finais da cadeia de produção, excluindo todos os insumos intermediários (matérias- primas, mão-de-obra, impostos e energia). A exclusão dos bens e serviços

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intermediários é feita para evitar a dupla contagem dos valores gerados na cadeia de produção, o que provocaria erro na soma do PIB. (IBGE, 2014)

Já o Índice de Desenvolvimento Humano foi criado em 1990 para avaliar e medir o bem estar de uma população. O IDH, apesar de ampliar perspectivas, não contém todos os pontos importantes de desenvolvimento, e não pode ser considerado como uma representação da felicidade das pessoas, muito menos indicar o melhor lugar no mundo para se viver. Atualmente o IDH é mensurado através de três pilares principais: saúde, educação e renda. (PNUD, 2014).

O conceito de desenvolvimento econômico amplia o conceito de crescimento econômico, ao incluir na analise dos índices ou indicadores que contemplam a melhoria das condições de vida da população, que nem sempre crescem com a melhoria das condições econômicas (pobreza, desemprego, desigualdade, saúde, nutrição, educação e moradia). (LOURENÇO; ROMERO 2002 p. 37)

Para muitos, desenvolvimento econômico e capitalismo caminham juntos, pois o primeiro só surgiu a partir da Revolução Capitalista e dos pensamentos keynesianos.

O desenvolvimento econômico é um fenômeno histórico que passa a ocorrer nos países ou estados-nação que realizam sua revolução capitalista […]. Uma vez iniciado, o desenvolvimento econômico tende a ser relativamente automático ou autossustentado na medida em que no sistema capitalista os mecanismos de mercado envolvem incentivos para o continuado aumento do estoque de capital e de conhecimentos técnicos. (BRESSER, 2006, p.1)

Na mesma obra, o economista brasileiro Luiz Carlos Bresser-Pereira afirma que existem quatro tipos de desenvolvimento econômico: o original, aquele realizado pelos países pioneiros da Revolução Industrial; atrasado, desenvolvimento de países ricos que se atrasaram em relação aos outros; autônomo, aquele das ex-colônias que se tornaram países em desenvolvimento independentes; e o nacional-dependente, dos países elites europeus (BRESSER, 2006).

Ao falar de desenvolvimento econômico, é fundamental citar o termo externalidades. Esse termo diz respeito aos efeitos colaterais que uma decisão pode ter economicamente sobre terceiros. Quando positivas, as externalidades são fundamentais para o desenvolvimento econômico, pois é por meio delas que se tem um crescimento da economia (LONGO 1982).

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2.4 ATORES INTERNACIONAIS

Atores internacionais são os agentes dos atos externos, os quais participam das relações e sociedade internacionais. Além disso, os atores internacionais cumprem determinadas funções ditadas pelo sistema internacional, podendo essas ser econômicas, comerciais, financeiras, militares, culturais, ecológicas, entre outras. (OLIVEIRA, 2001)

[…] o ator internacional é aquela unidade do sistema internacional (entidade, grupo, indivíduo) que tem habilidade para mobilizar recursos que lhe permitem alcançar seus objetivos e capacidade para exercer influência sobre outros atores do sistema e que goza de certa autonomia. (BARBÉ, 1995, p 117)

Para entender melhor como funciona a autoridade dos atores internacionais, Bruce Russett e Harvey Starr (1989) o sistema internacional é como uma mesa de xadrez, e os atores internacionais seriam as peças que se movem sobre elas. Outro aspecto importante é levantado por Dias:

Podemos definir ator internacional como a autoridade, a organização, o grupo e, inclusive, no limite, toda pessoa capaz de desempenhar uma função no campo internacional. Ter uma função pode consistir em tomar uma decisão, iniciar uma ação e inclusive, simplesmente, exercer influência sobre os detentores do poder de decisão e da força material. (DIAS, 2010, p. 60)

Podem-se identificar dois tipos de atores no sistema internacional segundo Peccequilo (2004), eles são os atores estatais e os não estatais. Os atores estatais são os Estados enquanto os não estatais podem ser divididos em dois grupos de acordo com Oliveira (2001), os que não possuem fins lucrativos, como as Organizações Não-Governamentais (ONG), e os que se desenvolvem com fins lucrativos, como as empresas multinacionais, tema de estudo desta pesquisa.

As empresas multinacionais têm uma grande influência na sociedade internacional, seja ela nos campos econômico, social, político, cultural, ambiental entre outros. Para Dias (2010), as empresas multinacionais começaram a surgir a partir do século XIX, e até hoje afetam drasticamente os países onde atuam, reforçando a ideia de interdependência entre as nações. Muitas vezes essa interdependência se dá entre países pobres e países ricos, pois as multinacionais geralmente se originam nos países ricos e se instalam nos países pobres devido à mão de obra barata.

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As empresas multinacionais, fenômeno mundializado, têm incrível poder econômico, grande poder político e estrutural. Respaldadas por Estados e pelas organizações internacionais multilaterais na busca pela maximização dos lucros e minimização dos prejuízos, atuam por meio de coerção física e moral, cooptação e indução. Elas podem ser apontadas, ao lado dos Estados nacionais, seguramente, como os principais entes violadores de Direitos Humanos no mundo, verdadeiros obstáculos na luta social. (PRIOSTE, 2009, p. 11).

O termo „empresa multinacional‟ surgiu com o objetivo de englobar uma série de situações diferentes, podendo gerar um conceito mais específico, segundo Oliveira (2001). Tais situações incluem a extensão de sua atuação além das fronteiras nacionais; uma organização fora do controle internacional; unidades de produção em vários países.

O conceito de grande empresa, além da associação à eficiência econômica, incorpora aspectos relativos à expansão das fronteiras de acumulação do grande capital, considerando três dimensões: a primeira refere-se ao poder econômico que a caracteriza, capacitando-a como empresa líder em vários aspectos; a segunda diz respeito ao tipo de organização administrativa e funcional, dada por um „governo central‟ que articula as políticas e as atribuições das unidades produtivas; e a terceira dimensão se relaciona à progressiva internacionalização produtiva da grande empresa ao longo da evolução capitalista. (MARTINELLI, 1999, p. 9-10).

Outro importante aspecto a ser considerado é de que muitos autores, como Ianni (1998), diferenciam empresa multinacional de empresa transnacional. A primeira tendo bases operacionais em outros países, seguindo à risca os interesses e modos de produção da matriz, sem haver mudança em nenhum produto ou serviço. Já a transnacional possui uma maior autonomia em relação à matriz, podendo produzir produtos diferentes, tudo de acordo com a demanda da população do país onde se encontra instalado.

Uma importante empresa multinacional é a The Walt Disney World Company, que atua em diversos países focando no turismo e entretenimento por meio de algumas subsidiárias, como a Walt Disney Parks & Resorts, sempre produzindo os mesmos produtos e mesmos serviços onde quer que esteja localizada. Atualmente, ela é considerada uma das maiores multinacionais do mundo, influenciando inúmeras empresas menores, como o Beto Carrero.

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2.5 TURISMO DE ENTRETENIMENTO NO ÂMBITO DA GLOBALIZAÇÃO

Turismo é uma prática cosmopolita utilizada no mundo todo, podendo ser a lazer, trabalho, ou qualquer outra forma. Um exemplo de turismo é a ida aos parques temáticos tema desta pesquisa, o Beto Carrero World e o Walt Disney World, que diariamente recebem turistas de vários lugares do mundo que querem conhecer suas atrações.

Por mais que a prática do turismo seja conhecida mundialmente, a origem do termo é complexa, por isso existem diversas discussões sobre o assunto. Para Andrade (1995), o termo se originou da palavra francesa tourisme, já para Oliveira (2001), o termo surgiu a partir da palavra hebraica tur, que significa “viagem de descoberta, de exploração e de reconhecimento”.

A Organização Mundial do Turismo (OMT) traz um dos principais conceitos da palavra, para ela turismo é o conjunto das atividades que as pessoas realizam enquanto em uma viagem ou estadia em locais diferentes do habitual, por um período inferior a um ano, podendo ter finalidade de lazer, negócios, entre outros. Para Rodrigues (2003), é necessário que haja uma maior seriedade e profundidade durante os estudos do turismo, pois ele é um fenômeno complexo.

O fenômeno do turismo, por sua natureza complexa […], é um importante tema que deve ser tratado no âmbito de um quadro interativo de disciplinas de domínio conexo, em que o enfoque geográfico é de fundamental importância, uma vez que, por tradição, lida com a dualidade sociedade x natureza. (RODRIGUES, 2003 p.22)

Quanto ao surgimento histórico do turismo, Trigo (2007) afirma que após o boom da Revolução Industrial, a sociedade passou por uma redução em sua jornada de trabalho, o que, junto com a evolução e modernização dos meios de transportes e estradas, contribuiu para o crescimento do turismo.

Para Krippendorf (2000), as viagens são importantes para sociedade, pois ao se afastar da rotina e conhecer novos lugares, novas pessoas, novas culturas, gera-se uma satisfação, relaxamento e diversão no gera-ser humano. Segundo o autor, as pessoas viajam por não se sentirem à vontade no local onde se encontram o que acaba gerando uma receita grande aos locais visitados, se mostrando ser uma atividade lucrativa.

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Turismo é o segundo setor em investimentos mundiais, movimentando cerca de 800 milhões de pessoas no mundo. O turismo é hoje uma das maiores fontes de emprego e renda do mundo em que vivemos: um mundo globalizado, onde a tecnologia e o desejo de consumo encurtam as distâncias. As pessoas têm muitos motivos para viajar: negócios, lazer, saúde, cultura, esportes e aventura, religião entre outros. (OMT, 2014)

Ainda de acordo com a Organização Mundial do Turismo, existem três formas de turismo: o turismo receptivo, de chegada de não residentes a algum país; turismo emissivo, de saída de residentes de um país em direção a outro; e turismo doméstico, quando residentes de um país viajam dentro do mesmo.

Um relatório divulgado pela OMT em 2010 divulgou que o segundo país mais visitado por turistas no mundo é os Estados Unidos, recebendo 59 milhões de visitantes durante o ano, os quais geraram uma receita de mais de 100 milhões de dólares.

Segundo o Ministério do Turismo do Brasil, o estado de Santa Catarina é o segundo mais procurado do país quando o assunto é turismo, recebendo cerca de 20% dos turistas estrangeiros totais que entraram no Brasil em 2012.

Finalizando, para Taveira e Gonçalves (2012), entende-se que o turismo se conecta com o entretenimento, pois o turismo pode ser uma forma de lazer e de compartilhar novas culturas.

2.5.1 Entretenimento

Os parques do Walt Disney World e do Beto Carrero World, mesmo sendo muito diferentes e estarem localizados em locais distantes, possuem uma coisa em comum: gerar diversão para seus visitantes na forma de entretenimento.

A palavra entretenimento surgiu do latim inter (entre) e tenere (ter) e evoluiu para o inglês entertainment (GABLER, 1999). De acordo com o Novo Dicionário da Língua Portuguesa (1986), entretenimento é a ação, acontecimento ou atividade com finalidade de entreter e despertar o interesse das pessoas, diferindo-se da palavra „lazer‟ por possuir uma audiência.

A função do entretenimento é a obtenção de gratificação pessoal ou coletiva. Normalmente, não se espera mais nenhum resultado ou benefício quantificável. [...] O entretenimento tem mecanismos opostos à educação, a qual é concebida com a função de desenvolver as capacidades de compreensão ou de ajudar as pessoas na aprendizagem, e do marketing, cuja função é aliciar as pessoas a comprar produtos. No entanto, a fronteira tem-se tornado tênue à medida que a educação procura

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incorporar elementos recreativos e o entretenimento e o marketing procuram incorporar elementos educativos (SAYRE, 2010 p. 11).

O surgimento histórico do entretenimento gera diversas discussões entre autores. Para alguns ele sempre existiu, uma vez que os homens sempre trabalharam, portanto quando não estavam trabalhando, estavam se entretendo de alguma forma. Já para outros escritores, o entretenimento e o lazer surgiram a partir da sociedade-moderna-industrial (MARCELLINO, 1996).

Para Gabler (2013), o entretenimento tem como objetivo principal o espetáculo por si só, mas atualmente com o grande crescimento da tecnologia e da maior conexão entre culturas, o entretenimento obtém formas inovadoras de agir, podendo ter como tema a economia, política, sociedade e vida cotidiana.

Além disso, o entretenimento está diretamente ligado ao capitalismo, criando o que é conhecido hoje em dia como a Indústria do Entretenimento.

O consumo de bens de entretenimento alivia, em aspectos determinados, os indivíduos do processo de trabalho e possibilita um tipo de satisfação substitutiva. A central nisso é a necessidade dos que trabalham de fugir do trabalho alienado, e não a necessidade por entretenimento (BUSELMEIER, 1985, 39).

A indústria do entretenimento tem crescido cada vez mais, tornando-se uma das que mais lucram no mundo, possuindo um faturamento anual maior que um trilhão de dólares, ficando atrás apenas da indústria do petróleo e da indústria da saúde. Nos Estados Unidos, país que mais investe nessa indústria, os gastos com entretenimento consomem 5,4% do orçamento doméstico, de acordo com Debord (1997).

2.5.2 Parques temáticos

Para a National Amusement Park Historical Association (NAPHA), parque de diversões é um espaço de entretenimento com diversas atrações, jogos e comidas; já os parques temáticos são parques de diversão com algum tema ou conjunto de temas específicos, para que o visitante vivencie uma realidade nova. Para a autora Mary Sandra Guerra Ashton, especialista em produção e gestão de turismo, o conceito de parque temático é mais amplo:

O conceito de parque temático se baseia num tema específico, ilustrado por personagem(s), localizado(s) geralmente em áreas extensas que permitam uma

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ampla abordagem do tema escolhido, instalação de brinquedos de alta tecnologia e de uma boa infraestrutura para atividades complementares. Trata-se de um local cercado, o que contribui para a segurança de seus frequentadores, para cujo acesso cobra-se uma tarifa de entrada. Destina-se ao divertimento, entretenimento, contemplação, educação, alimentação (já que passamos muitas horas no local) e compras, utilizado em tempo de lazer, de descanso e de ócio. Trata-se de um espaço lúdico onde jogos, brinquedos e descontração convidam ao divertimento. É planejado de modo que o público permaneça por longo período desfrutando das várias opções e com a certeza e o desejo de repetir a visita (ASHTON, 1999, p. 66).

Sobre o contexto histórico dos parques temáticos, a NAPHA (2018) afirma que os parques de diversão surgiram antes, durante a Europa Medieval, e eram chamados de „jardins de prazer‟, porém, no início do século XVIII com as mudanças políticas ocorridas na época, diversos desses parques fecharam suas portas. Acredita-se que apenas um sobreviveu, o parque Bakken na cidade de Copenhague, na Dinamarca, o qual abriu suas portas em 1983, e atualmente é considerado o parque temático em funcionamento mais antigo do mundo.

Mesmo tendo seu início nos primórdios da Europa Medieval, foi a partir do final do século XIX nos Estados Unidos que esses parques de diversão começaram a se instalar efetivamente, fazendo com que ocorresse o surgimento da grande indústria dos parques temáticos que conhecemos atualmente. Na época, esses espaços foram surgindo devido à necessidade de movimentar as estações de trem que ficavam vazias aos finais de semana, dessa forma, nas estações finais foram construídos diferentes parques para entreter a população da época, um exemplo disso foi Coney Island no estado de Nova York, que hoje é um dos complexos de diversão mais clássicos do mundo (ZUCHI, BARLETO, 2002).

Diversos parques de diversão foram surgindo, até que em 1955, em Anaheim na Califórnia, abriu o que foi considerado o primeiro parque temático do mundo: a Disneyland. Com custo de 17 milhões de dólares, na época foi o maior investimento feito na construção de um parque de diversões da história, e apesar de sua ideia inovadora, o parque foi um sucesso, trazendo 3.8 milhões de visitantes em sua primeira temporada. Foi a partir desse momento que os parques temáticos tomaram conta do cenário mundial, substituindo os parques de diversão, tornando-se um dos produtos turísticos melhores caracterizados da pós-modernidade (ASHTON, 2009).

Após a abertura da Disneyland na Califórnia, devido ao seu sucesso, um novo parque da The Walt Disney Parks Company foi inaugurado na cidade de Orlando em 1971, o Walt Disney World Resort, que no inicio era composto por dois hotéis e apenas um parque temático: o Magic Kingdom. Atualmente tal complexo temático se

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