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Análise estratégica do sistema de abastecimento de água: estudo de caso de Itaboraí

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Academic year: 2021

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LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA, GESTÃO DE NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE MESTRADO EM SISTEMAS DE GESTÃO

MARCOS ABI-RAMIA CHIMELLI

ANÁLISE ESTRATÉGICA DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA: ESTUDO DE CASO DE ITABORAÍ

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de Concentração: Organizações e Estratégia. Linha de Pesquisa: Sistema de Gestão do Meio Ambiente.

Orientador:

Prof. Sérgio Ricardo da Silveira Barros, D.Sc.

Niterói, RJ 2016

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Ficha Catalográfica

C 538 Chimelli, Marcos Abi-Ramia.

Análise estratégica do sistema de abastecimento de água: estudo de caso de Itaboraí / Marcos Abi-Ramia Chimelli. – Niterói, RJ: 2016.

146 f. : il. color.

Orientador: Sérgio Ricardo de Silveira Barros.

Dissertação (Mestrado em Sistema de Gestão) – Universidade Federal Fluminense. Escola de Engenharia, 2016.

Bibliografia: f. 130-146.

1. Abastecimento de água. 2. Recurso hídrico. 3. Automação. I. Título.

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Ao meu pai, Victor (in memorian), cuja perseverança, força de vontade, apoio e exemplo de vida estão enraizados e presentes em todas as minhas conquistas. A minha mãe Ivette por todo carinho, zelo e dedicação em todos os dias de minha vida.

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A minha esposa Sandra, companheira e cúmplice de todos os momentos, o meu obrigado por todos os sorrisos. Pelo incentivo e determinação em mais esta empreitada que foi o Mestrado. Muito importante em todos os momentos de minha vida.

As minhas filhas Bárbara e Victória, e a Leonardo, a quem aprendi a amar como filho, pelo incentivo, paciência, apoio e resignação. Sempre alegres e participativos, para quem procuro ser exemplo, e muitas vezes tenho como modelos. Por todos os momentos felizes que me fizeram e me fazem passar. Espero estar sempre à altura das expectativas de vocês. Amo vocês.

Ao Corpo Deliberativo do TCE-RJ, que, pelo conjunto de seus membros, criou mecanismos permanentes, por meio da ECG, para viabilizar o aprimoramento acadêmico e profissional dos servidores, entendendo que, mais do que uma oportunidade pessoal, isto é elemento de crescimento institucional do próprio TCE-RJ.

Ao meu “Mentor” José Maurício de Lima Nolasco pelo acolhimento como a um filho. Pela participação incondicional de todos os momentos. Responsável e incentivador na continuidade da minha formação, complementando todo o legado construído pelos meus pais.

Aos “Prodígios” da turma 2012 B, Sandra Chimelli, André Araújo, Robson Araujo, Gabriela Nicolino e Isabela Petra, por transformarem as sextas-feiras e os sábados nos melhores dias da semana. Pelo carinho, alegria e cumplicidade emanados no dia a dia de convívio, transformados numa união que supera muitos laços sanguíneos. Meu enorme respeito e consideração por vocês aonde vocês estiverem.

Ao meu orientador, doutor Sérgio Ricardo da Silveira Barros, pelo seu conhecimento, auxílio e paciência a mim dispensado, quando da realização deste trabalho.

À CEDAE, na pessoa do seu Presidente, Engenheiro Jorge Luiz Ferreira Briard, por autorizar o levantamento e a utilização das informações para formação desta Dissertação.

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À CEDAE, mais especificamente a Diretoria de Distribuição e Comercialização do Interior nas pessoas do seu Diretor, Engenheiro Heleno Silva de Souza, amigo de longa data, sempre solicito e prestativo, seu Assessor, Geólogo Paulo Roberto Cruz Soares, incansável, prestativo, paciente e amigo, da Assistência Técnica Regional, Gerência Leste, na pessoa de seu Assistente, meu amigo José Alexandre Silva dos Santos, e do Coordenador Técnico Regional, meu primo André Bianchini Antonio, sempre dispostos e prestativos na tarefa de ajudar nos levantamentos dos dados necessários para esta Dissertação.

Ao meu irmão Engenheiro Armando Costa Vieira Junior – Gerente, da Gerência Regional do Centro, da Diretoria de Distribuição Metropolitana, pelo apoio e disponibilidade para informações e dúvidas.

Aos meus “irmãos” Júlio Cesar Bastos Croce, Alex Ferreira Lameira e Márcio Guedes, que me apoiaram e se desdobraram no dia a dia do serviço no TCE-RJ, para que eu pudesse concluir esta jornada.

Aos amigos da Coordenadoria de Engenharia – CEN, do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, pelo apoio, ajuda e incentivo deste Mestrado.

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A água é um recurso imprescindível para a vida humana, para suas atividades econômicas, alimentação e sobrevivência. Como um dos recursos naturais de maior importância, é um dos que mais sofre com a degradação humana, tornando-se cada dia mais escasso, com redução preocupante em relação ao volume ainda potável para consumo humano. O presente trabalho tem como objetivo central, analisar o abastecimento de água na região de Itaboraí, município do Rio de Janeiro, apresentando ferramenta para redução de perdas e aumento da eficiência no sistema. Há uma demanda para que as companhias de abastecimento passem a otimizar seus sistemas, controlando os desperdícios e as perdas, podendo aumentar a eficiência do serviço, reduzir custos e otimizar receitas. Dentre as ferramentas mais utilizadas por diversas companhias de abastecimento, está a automatização do sistema, bem como o Método de Análise e Solução de Problemas de Perdas D’água e de Faturamento (MASPP), que é uma metodologia com base nos preceitos da melhoria contínua e da gestão de qualidade, que é aplicada em quase todos os grandes sistemas de abastecimento, como o da SABESP, em São Paulo e, ainda que apresentando resultados incipientes, demonstra potencial de eficiência e verdadeira redução das perdas e desperdícios. A justificativa para a escolha do tema se deu pela premência de tratar sobre a sustentabilidade dos recursos hídricos, da necessidade de se alcançar a eficiência e eficácia do atendimento à população, a melhoria de arrecadação que será revertida em melhorias na qualidade dos serviços pelas características de empresa pública, além da expectativa de contribuir para o âmbito acadêmico. O método de pesquisa empreendido segue natureza qualitativa, com pesquisa do tipo bibliográfica e exploratória.

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Water is a vital resource for human life, economic activities, food and survival. As one of the natural resources of greater importance, is the one who suffers most from human degradation, becoming scarcer day with worrying reduction in relation to the volume still safe for human consumption. This study was aimed to analyze the water supply in Itaboraí region, municipality of Rio de Janeiro, presenting tool to reduce losses and increase efficiency in the system. There is a demand for the supply companies start to optimize their systems, controlling waste and losses and may increase service efficiency, reduce costs and optimize revenues. Among the tools most used by different supply companies, is the system automation, as well as the Analysis Method and Solution of Water Loss Issues and Billing (MASPP), which is a methodology based on the principles of continuous improvement and quality management, which is applied in almost all the major supply systems, such as SABESP in São Paulo and, although presenting incipient results, demonstrates efficiency potential and actual reduction of losses and waste. The rationale for the choice of subject was due to the urgency to address the sustainability of water resources, the need to achieve efficiency and effectiveness of services to the population, improvement of storage that will be reversed in improvements in the quality of services by feature public company, beyond expectation to contribute to the academic environment. The research method undertaken following qualitative nature, with the bibliographical research and exploratory.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Relação entre níveis de planejamento, decisão e abrangência ... 27

Figura 2 – Abordagem de melhoria contínua PDCA ... 27

Figura 3 – Divisão das Regiões Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro ... 41

Figura 4 – Ilustração simplificada de um sistema de abastecimento hídrico ... 43

Figura 5 - Parcelas das perdas de água (reais e aparentes) em relação ao ... 54

volume que entra no sistema Figura 6 – Tipos de vazamentos em rede de distribuição ... 55

Figura 7 – Perda aparente: derivação de ramal ... 57

Figura 8 – Perda aparente: by-pass ... 57

Figura 9 - Perda aparente: ligação clandestina ... 58

Figura 10 – Formas de perda de água evidenciadas ... 60

Figura 11 – Crescimento natural das perdas e desafio de solução ... 62

Figura 12 – Fluxo metodológico ... 76

Figura 13 – Organograma da CEDAE ... 81

Figura 14 – Divisão Administrativa do Município ... 83

Figura 15 – Mananciais de Serra que atendem ao Sistema de Abastecimento ... 85

de Itaboraí Foto 1 – Captação Jacutinga ... 87

Foto 2 – Captação Apolinário ... 87

Foto 3 – Captação Córrego Grande ... 87

Foto 4 – Captação Souza ... 88

Foto 5 – Captação Paraíso... 88

Figura 16 – Configuração do Sistema existente ... 89

Figura 17 – Sistema Integrado Imunana-Laranjal/Itaboraí ... 91

Figura 18 – Região de Captação de Água da CEDAE ... 92

Figura 19 – Detalhes da Captação de Água da CEDAE no rio Macacu ... 93

Foto 6 – Captação e estação elevatória de água bruta Imunana - Laranjal ... 94

Figura 20 - Estação Elevatória de Água Bruta Imunana – Laranjal ... 94

Corte Transversal Foto 7 – Complexo das estações elevatórias de água bruta do Imunana ... 95

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Figura 22 – Sistema Integrado Imunana – Laranjal/Itaboraí – Ampliado...103 Figura 23 - Arranjo do Sistema de Água da CEDAE que atende Itaboraí...111 (área de cobertura em vermelho)

Figura 24 – Representação espacial dos índices médios de atendimento...112 Urbano

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Quadro 1 – Índices de perdas de faturamento (%) dos prestadores de serviços .. 52

de abrangência regional – ano base 2010 Quadro 2 – Índices de perdas de faturamento (%) dos prestadores de serviços ... 53

de abrangência regional Quadro 3 – Características das perdas reais e perdas aparentes ... 58

Quadro 4 – Evolução da métrica das perdas ... 59

Quadro 5 – População Abastecida ... 86

Quadro 6 – População atendida 1986-2010 ... 100

Quadro 7 – População atendida 2011-2015 ... 105

Quadro 8 – Reservatórios de distribuição que atendem a Itaboraí ... 107

Quadro 9 – Estações Elevatórias de Água Tratada – EEAT ... 108

Quadro 10 – Estações de Tratamento de Água - ETAs ... 109

Quadro 11 – Diâmetro das tubulações existentes e extensões ... 109

Quadro 12 – População urbana e crescimento populacional anual do ... 113

município de Itaboraí Quadro 13 – População Total estimada do município de Itaboraí ... 114

Quadro 14 – Projeção populacional com o modelo polinomial de segunda ... 115

ordem Quadro 15 – Demanda necessária de abastecimento ao final do período ... 116

Quadro 16 – Comparativo da população existente com a vazão de produção ... 117

e o déficit existente Quadro 17 – Relação Metas e Níveis de Planos ... 125

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Gráfico 1 – Distribuição dos Recursos Hídricos no Brasil ... 36

Gráfico 2 – Crescimento Populacional – Série Histórica população urbana e ... 83

rural de Itaboraí Gráfico 3 – Índice de crescimento ... 84

Gráfico 4 – População Total x População Atendida 1986-2010 ... 101

Gráfico 5 – Índice de atendimento 1986-2010... 101

Gráfico 6 – Índice de perdas na distribuição 2000-2010 ... 102

Gráfico 7 – População Total x População Atendida 2011-2015 ... 106

Gráfico 8 – Percentual atendida 2011-2015 ... 106

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A Área da ruptura na tubulação AAB Adutora de Água Bruta AAT Adutora de Água Tratada

ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental ADA Área Diretamente Afetada

AID Área de Influência Direta AMT Altura manométrica total ANA Agência Nacional de Águas ANF Água Não Faturada

APA Área de Proteção Ambiental

ATR-GLE Assistência Técnica Regional-Gerência Leste BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento

BNH Banco Nacional da Habitação

BR Brasil

BCS Balanced Scorecard CAD Software de Projetos

CAGEPA Companhia de Água e Esgotos da Paraíba CBH Comitê de Bacia Hidrográfica

CCO Centro de Controle Operacional

CEDAE Companhia Estadual de Águas e Esgotos CEDAG Companhia de Águas do Estado da Guanabara

CERHI-RJ Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Rio de Janeiro CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

CLP’s Controladores lógicos programáveis COMPERJ Complexo petroquímico do Rio de Janeiro CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CONLESTE Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento do Leste Fluminense COPPETEC Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos

CPP Comunidade de Pequeno Porte

DGRH Diretora de Gestão dos Recursos Hídricos DMC Distrito de Medição e Controle

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EEAB Estação Elevatória de Água Bruta EEAT Estação Elevatória de Água Tratada EIA Estudo de Impacto Ambiental

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EPANET Aplicativo Computacional (Modelo de Simulação) ESAG Empresa de Saneamento do Estado da Guanabara ETA Estação de Tratamento de Água

FEC-UFF Fundação Euclides da Cunha – Universidade Federal Fluminense FEEMA Fundação Estadual de Engenharia de Meio Ambiente

FGV Fundação Getúlio Vargas FUNASA Fundação Nacional de Saúde

FUNDRHI Fundo Estadual de Recursos Hídricos

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IEF Instituto Estadual de Florestas

IHM Interfaces homem/máquina ILI Infrastructure Leakage Index INEA Instituto Estadual do Ambiente IP Índice de Perdas na Distribuição IPL Índice de Perdas por Ligação IWA International Water Association K1 Coeficiente de máxima vazão diária K2 Coeficiente de máxima vazão horária

kg Quilograma

km Quilometro

kPa Quilo Pascal (unidade métrica)

kwh Quilowatt-hora (medida de energia elétrica)

l/s Litros por Segundo (unidade de medida de vazão) LEED Leadership in Energy and Environmental Design

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mca metros de coluna d’água NBR Norma Brasileira

ONU Organização das Nações Unidas

P População de alcance da área de projeto (habitantes) PDCA Planejar, Desenvolver, Checar, Atuar

PDRH Plano Diretor de Recursos Hídricos PERHI Plano Estadual de Recursos Hídricos

PH Unidade de Medição de Alcalinidade e Neutralidade PIMS Sistema de Gerenciamento de Informações de Processos PLANASA Plano Nacional de Saneamento

PMI Prefeitura Municipal de Itaboraí

PMSB Plano Municipal de Saneamento Básico PNRH Política Nacional de Recursos Hídricos

PNCDA Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água PURA Programa de Uso Racional da Água

Q Demanda

q consumo per capita per diem

RFFSA Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima RH Região Hidrográfica

RIMA Relatório de Impacto Ambiental

RMRJ Região Metropolitana do Rio de Janeiro SAA Sistema de Abastecimento de Água

SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo SAI Sistema de Abastecimento de Itaboraí

SANEPAR Companhia de Saneamento do Paraná

SANERJ Companhia de Saneamento do Estado do Rio de Janeiro SCADA Supervisory Control and Data Acquisition

SCOA Sistema de Controle Operacional de Adução

SEGRHI Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos SERLA Superintendência Estadual de Rios e Lagoas

SIG Sistema de Informações Geográficas

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SNRH Sistema Nacional de Recursos Hídricos SSD Sistema de Suporte à Decisão

UNESCO Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura UNICEF United Nations Children's Fund

VD Volume Disponibilizado VU Volume Utilizado

UTR Unidade Terminal Remota VRP Válvula Redutora de Pressão

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1 INTRODUÇÃO ... 18

1.1 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA ... 20

1,2 QUESTÃO DE PESQUISA ... 20

1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA ... 21

1.3.1 Objetivo geral ... 21

1.3.2 Objetivos específicos ... 21

1.4 DELIMITAÇÃO DE PESQUISA ... 21

1.5 IMPORTÂNCIA E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO ... 22

1.6 ESTRUTURA DO ESTUDO ... 22

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 24

2.1 ATENDIMENTO SUSTENTÁVEL ... 24

2.2 PLANEJAMENTO NOS SERVIÇOS PÚBLICOS ... 26

2.2.1 Planejamento estratégico ... 28

2.2.2 Planejamento tático... 28

2.2.3 Planejamento operacional ... 28

2.3 RECURSOS HÍDRICOS... 29

2.3.1 Escassez dos recursos hídricos ... 32

2.3.2 Gestão dos recursos hídricos no Brasil ... 34

2.3.3 Gestão dos recursos hídricos no Estado do Rio de Janeiro ... 39

2.4 GESTÃO DE UM SISTEMA DE ABASTECIMENTO ... 42

2.4.1 Operação de um sistema de abastecimento de água ... 44

2.4.2 Operação de sistemas de reservação ... 46

2.5 CONTROLE DE PERDAS ... 47

2.5.1 Perdas hídricas ... 51

2.5.2 Automação e modelagem ... 63

2.5.3 Previsão de demanda ... 72

3 METODOLOGIA ... 74

3.1 LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES CADASTRAIS DO SISTEMA ... 76

3.2 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA ... 77

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4 ESTUDO DE CASO ... 80

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO DE CASO ... 80

4.2 LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES CADASTRAIS DO SISTEMA ... 84

4.2.1 Sistema de abastecimento até 1997 ... 84

4.2.2 Concepção do sistema de abastecimento a partir de 1998 ... 90

4.2.3 Ampliação do sistema de abastecimento em 2011 ... 102

4.3 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA EXISTENTE ... 111

4.4 PROJEÇÃO DA POPULAÇÃO E DA DEMANDA NECESSÁRIA ... 113

4.5 PROPOSTA DO PLANO ESTRATÉGICO PARA AUTOMAÇÃO ... 116

DO SISTEMA 4.5.1 Proposta de melhoria do sistema ... 117

4.5.2 Automação do sistema de abastecimento de água ... 119

5 CONCLUSÃO ... 126

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1 INTRODUÇÃO

Nos dias atuais a sociedade sente na pele as consequências da degradação que o meio ambiente vem sofrendo por conta das ações do ser humano há séculos. Um dos recursos naturais que mais enfrentam maior escassez no momento é a água, elemento vital para a sobrevivência do ser humano, animais, vegetais e plantas, que também são utilizados para alimentar e contribuir para a sobrevivência e qualidade de vida do homem.

É possível considerar a água como um dos recursos naturais mais indispensáveis à vida humana, animal e vegetal do planeta. Seja na função de componente bioquímico de seres vivos, ou então como meio de vida para diversas espécies tanto vegetais quanto animais, a água também é essencial para fomentar o desenvolvimento de basicamente todas as atividades realizadas pelo homem no planeta, sejam de natureza urbana, industrial ou mesmo agropecuária.

Para além, também é da água a responsabilidade pela oferta de equilíbrio térmico da Terra. Ainda que 75% da superfície terrestre sejam coberta por água, somente, aproximadamente 1% da água existente em todo o planeta – percentual formado por rios e lagos – se encontra disponível para uso humano, com potabilidade suficiente para atender às suas necessidades.

O Brasil conta com recursos hídricos em abundância, o que levou à disseminação de uma cultura de despreocupação e desperdício de água. No entanto, o País enfrenta problemas gravíssimos: muitos cursos d’água sofrem com poluição por esgotos domésticos e dejetos industriais e agrícolas, e falta proteção para os principais mananciais (FERRAZ et al., 2011).

O uso sustentável dos recursos hídricos depende do conhecimento da comunidade sobre as águas de sua região e de sua participação efetiva em seu gerenciamento (FERRAZ et al., 2011).

A progressiva deterioração dos rios e mananciais de abastecimento e o agravamento de conflitos entre os diversos setores usuários das águas forçaram o início das discussões sobre a situação e o futuro das águas em todo o mundo. Elaborado pelo Banco Mundial, o relatório Water Resources Management Policy Paper - Organização das Nações Unidas (ONU) (1993), apresenta diversas propostas relacionadas ao uso dos recursos hídricos dentre os quais se destaca o gerenciamento adequado dos sistemas de abastecimento urbanos e a necessidade

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premente de implementação de políticas e programas voltados à conservação e uso racional da água.

O crescimento acelerado e desordenado dos núcleos urbanos, principalmente nas décadas de 70 e 80, a implantação de indústrias sem acompanhamento e controle, ocupação do solo de forma intensiva são os causadores do desmatamento e retirada da mata ciliar e das zonas ripárias, provocando os principais vetores para desencadear o processo de desbarrancamento e o consequente assoreamento da bacia hidráulica, consequentemente causando a diminuição do lençol freático, sem falar na piora da qualidade da água (TUCCI, 2002).

Indicadores de perdas de água em sistemas de abastecimento urbanos de diversos países apontam para índices médios de 17% de perda de toda a água captada e tratada - Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água (PNCDA) (1998). No Brasil esses índices variam bastante entre as companhias de saneamento, entretanto todos os índices apontam para a necessidade de redução destes valores, alguns muito altos, conforme apresentado pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).

Segundo Walski, Chase e Savic (2001), os três fatores primordiais para termos um volume de água tratada suficiente para atender o desenvolvimento e equilíbrio da operação do sistema são: o consumo da população atendida, as perdas existentes no sistema, e o consumo previsto para combate a incêndios (COULBECK; ORR, 1990; LERTPALANGSUNTI et al. – 1999).

Estudos (OSHIMA; KOSUDA, 1998; PROTOPAPAS; KATCHAMART; PLATONOVA, 2000; ZHOU et al., 2000) mostram que fatores como condições climáticas, hora do dia, dia de semana, estação do ano, tipo de consumidores e o sócio econômicos, atuam como causadores de variações no consumo de água

As operadoras dos sistemas de abastecimentos devem estar atentas à operação e à manutenção mantendo ações de combates as perdas. A redução e o controle das mesmas com eficiência e qualidade produzem o bom funcionamento do sistema e a excelência no atendimento à população. As Perdas podem ser reais (vazamentos no sistema), e aparentes (ligações clandestinas ou não cadastradas). Conforme Marcka (2004 apud MOTTA 2010), as maiores perdas ocorrem na distribuição de água.

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1.1 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA

O recente investimento em automação nos sistemas de abastecimento de água (SAA) pelas companhias de saneamento tem proporcionado uma gama de informações em tempo real de vazão e de pressão das cidades, além da possibilidade de atuação automática sobre os elementos do SAA, tais como bombas, inversores de frequência, válvulas de bloqueio, válvulas controladoras de pressão e vazão, dosadoras de produtos químicos, agitadores, etc. Alcançada a flexibilidade operacional, é possível otimizar a operação dos SAA para um melhoramento dos serviços de captação, tratamento e distribuição de água e redução de custos relacionados, tais como energia, produtos químicos e perdas físicas de água.

A correta tomada de decisões operacionais depende do conhecimento prévio do perfil de demanda ao longo do dia das regiões de consumo de água. Este tipo de previsão é classificado como previsão a curto prazo.

Diversas são as vantagens de se obter um modelo de previsão de consumo de água para otimização da distribuição de água, tais como a identificação imediata de vazamentos, ganho na qualidade da água distribuída, redução de custos de energia e planejamento otimizado da operação da estação de tratamento de água de modo a obter os melhores pontos de operação dos sistemas que compõem esta planta, principalmente daqueles relacionados a aplicações de produtos químicos.

1.2 QUESTÕES DE PESQUISA

Quais as ações necessárias a fim de promover o abastecimento com quantidade e qualidade suficiente para atender a população do município de Itaboraí?

Quais ferramentas podem ser utilizadas para redução das perdas?

A água é essencial à vida humana, para tanto, o seu fornecimento deve ser em quantidade que atenda de modo ininterrupto todas as necessidades de consumo e em qualidade adequada às finalidades que se destina.

Mantendo o controle e prevenção de doenças; melhores condições sanitárias. De acordo com dados levantados junto à Companhia Estadual de Águas e Esgoto –

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CEDAE, levando-se em conta uma população na ordem de 215.000, o atendimento é de 36% dos domicílios.

1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA

1.3.1 Objetivo geral

Levantar e analisar o sistema de abastecimento de água hoje existente, considerando a melhoria e otimização do mesmo, buscando propiciar a garantia de oferta de água potável, com qualidade e quantidade.

1.3.2 Objetivos específicos

1 descrever o sistema de abastecimento visando identificar suas limitações;

2 elaborar diagnóstico do sistema;

3 propor um plano para melhoria do atendimento e controle através de automação do sistema.

1.4 DELIMITAÇÃO DE PESQUISA

Este estudo está focado no município de Itaboraí, região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro, estado do Rio de Janeiro, a uma distância aproximada de 46 Km da capital do estado, e interligada a outras regiões do estado através das rodovias RJ 104 e 116, BR 101 e 493. Tem área total de 430,374 km² e população de 222.618 habitantes. Em divisão territorial o município é constituído de 8 distritos: Itaboraí, Porto das Caixas, Itambi, Sambaetiba, Cabuçu, Manilha, Pacheco e Visconde de Itaboraí. Sua inserção no espaço se dá entre a Estrada de Ferro da RFFSA, o antigo leito da rodovia RJ-116 (norte), os rios Ipitangas (sul), Duques e Poço Fundo (leste) e Aldeia (oeste). Localizado na região da bacia hidrográfica do rio Guapi-Macacu (IBGE, 2012)

Este estudo de caso pretende verificar o abastecimento de água para atendimento da população de Itaboraí, de que forma está ocorrendo, através de pesquisa bibliográfica e descritiva.

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1.5 IMPORTÂNCIA E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO

O presente trabalho está voltado para as perdas hídricas e energéticas dos sistemas de abastecimentos de água onde existe necessidade de estudos e de investimentos para controle das mesmas, uma vez que segundo o SNIS (2014), no Brasil, esta perda está em torno de 36,7%.

Buscou-se através de estudos científicos encontrar soluções capazes de reduzir e controlar as perdas existentes no sistema de abastecimento desde sua captação até a ligação predial. Segundo Bezerra e Silva (2009), mecanismos como a automação tornam possível monitorar, controlar e intervir nas unidades do sistema em tempo real trazendo confiabilidade ao processo como um todo, reduzindo custos operacionais e perdas, proporcionando qualidade no tratamento e acima de tudo, o uso racional dos recursos hídricos.

O fato motivador para realização deste trabalho é buscar ferramentas visando controlar as perdas do sistema de abastecimento do município de Itaboraí, que apesar dos investimentos para aumento de produção ao longo dos anos, em função do crescimento populacional, em torno de 2% a.a., e da implantação do Pólo Petroquímico – COMPERJ permanece com os índices de perdas elevados, e de atendimento baixo.

Além de contribuir para o âmbito acadêmico oferecendo através da pesquisa em tela uma visão diferenciada acerca do tema, ampliando o material teórico, que poderá ser utilizado a fim de desenvolver estudos e pesquisas posteriores, estimular o aprofundamento sobre o tema, assuntos relacionados e demais vertentes científicas que possam originar-se a partir do interesse por este.

1.6 ESTRUTURA DO ESTUDO

O presente trabalho é composto por seis capítulos e está estruturado da seguinte forma:

O primeiro capítulo intitulado com Introdução aborda a contextualização do tema; da situaçao problema estudada nesta dissertação; as questões da pesquisa; os objetivos; a justificativa e relevância do tema a ser estudado; e por fim a delimitação da pesquisa.

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O segundo capítulo apresenta a Revisão da Literatura, onde se busca responder algumas questões da pesquisa. São abordados nesta seção conceitos teóricos relacionados regulação dos serviços públicos, marcos regulatórios do setor de saneamento, o planejamento nos serviços públicos de saneamento, sistemas de avaliação de desempenho e processo de tomada de decisão.

O capítulo tres é a Metodologia da pesquisa, onde vamos descrever o tipo de pesquisa, a estratégia adotada, o delineamento e os recursos necessários para realização da investigação.

O quarto capítulo é o Estudo de Caso, em que são identificados os indicadores do sistema atual e dados operacionais.

O quinto capítulo é a Análise dos Resultados e Conclusão, onde teremos a caracterização do sistema de abastecimento, os indicadores de desempenho voltados para a regulação dos serviços.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ATENDIMENTO SUSTENTÁVEL

Rodrigues et. al. (2002) explicam que o conceito que permeia o desenvolvimento sustentável é algo que atualmente está em emergência, em constante difusão, baseando-se na ideia de suprir as necessidades presentes sem que as gerações e os recursos naturais sejam comprometidos para as atividades futuras. Deste modo a sociedade por si já vem tomando uma consciência maior acerca da importância de diversos aspectos relacionados com o meio ambiente e sua preservação.

Neste contexto, vale fazer referência à Política Nacional do Meio Ambiente, que é a mais importante norma acerca de questões ambientais depois da Constituição Federal de 1988. Cunhada através da Lei nº 6.938/81 vem para definir conceitos de meio ambiente, degradação e poluição e firmar objetivos para que tal ambiente seja preservado. De acordo com Lustosa et. al., (2003, p. 135):

O conjunto de metas e mecanismos que visam reduzir os impactos negativos da ação antrópica - aqueles resultantes da ação humana – sobre o meio ambiente. Como toda política, possui justificativa para sua existência, fundamentação teórica, metas e instrumentos, e prevê penalidades para aqueles que não cumprem as normas estabelecidas, Interfere nas atividades dos agentes econômicos e, portanto, a maneira pela qual é estabelecida influencia as demais políticas públicas, inclusive as políticas industriais e de comércio exterior.

Sirvinskas (2005, p. 91) aponta que o principal objetivo da Política Nacional do Meio Ambiente é o de “tornar efetivo o direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado”. E por ‘ecologicamente equilibrado’ o autor se refere a um meio ambiente que propicie a existência saudável das próximas gerações.

Milaré (2004) aponta que os princípios que doutrinam a Política Nacional do Meio Ambiente, embora mantenha coerência com os princípios do Direito Ambiental e ambos atuem com a mesma finalidade, diferem em alguns pontos entre si. Na Lei nº 6.938/81, art. 2º, é estabelecido o objetivo geral da Política, definindo também seus princípios norteadores, que são responsáveis por reger suas ações:

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I – ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; II – racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

III – planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV – proteção dos ecossistemas, com a preservação das áreas representativas;

V – controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

VI – incentivo ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais;

VII – acompanhamento do estado de qualidade ambiental; VIII – recuperação de áreas degradadas;

IX – proteção de áreas ameaçadas de degradação;

X – educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacita-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.

Complementando a idéia, Oliveira (2005, p. 307) acredita que a finalidade da Política Nacional do Meio Ambiente consiste em “viabilizar a compatibilização do desenvolvimento socioeconômico com a utilização racional dos recursos ambientais, fazendo com que a exploração do meio ambiente ocorra em condições propícias à vida e à qualidade de vida”.

Hogan (1997) por sua vez, explica que umoutro fator agravante que desequilibra de maneira significante o meio ambiente é o acumulo de pessoas em áreas urbanas, concentrando uma população exagerada em centros de cidades que, ainda que sejam grandes metrópoles não possuem capacidade para tal. O autor complementa dizendo que, no século XX, somente cinco para cada cem habitantes do mundo residiam em espaços urbanos. De acordo com o último censo demográfico (IBGE, 2010) a população brasileira saltou, em dez anos, de 170 milhões e habitantes, para 190 milhões de habitantes no geral.

Destes, mais de 150 milhões de pessoas encontram-se residentes em áreas urbanas do país – situação que demonstra completa inversão se comparada com o censo de 1980, onde a maior faixa populacional se encontrava em regiões rurais. O que traz à questão sobre a urbanização acelerada, mal planejada e desregular, imputando sobre o meio ambiente e a sociedade uma série de problemas, como as moradias irregulares, doenças por conta de falta de saneamento, aumento da violência, etc.

Por ser um recurso essencial à vida e ao funcionamento à sociedade de um modo geral, a água deve ser usada de modo eficiente evitando seu desperdício nos

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Sistemas de Abastecimento de Água e nas edificações urbanas, onde efetivamente ela é usada (FÁVERO, 2013)

Conforme o autor, as perdas de água acontecem entre o tratamento e as torneiras dos consumidores, sejam eles residenciais ou industriais. Entretanto não existe um nível de perda aceitável definido para o uso, de modo que torne mais eficiente o atendimento das cidades.

As perdas de água são definidas como físicas, vazamentos no sistema, e as não físicas ou aparentes, consignadas como fraudes e erros de medição.

Fávero (2013) considera ser razoável adotar um percentual de perdas no intervalo entre 3% a 15% percentuais estes referentes as médias atingidas pelo Japão e a Europa, respectivamente.

Considera o autor que se as empresas de saneamento conseguissem reduzir suas perdas em 10%, poderiam agregar à sua receita operacional valores acima de R$1 bilhão, equivalente a 42% do investimento realizado no setor em todo o Brasil no ano de 2010. O estado São Paulo que é o mais eficiente da união em controle de perdas, sua taxa é de 26%, precisaria melhora-la para se alinhar ao setor internacional. O Brasil tem perdas em torno de, em média, 40% da água tratada, que são perdidos no caminho do abastecimento.

Para essas metas serem alcançadas existe a necessidade de uma infraestrutura e controle de serviços forte com dados confiáveis capazes de embasar todas as projetos e de futuras expansões ou instalações de sistemas. (FÁVERO, 2013)

2.2 PLANEJAMENTO NOS SERVIÇOS PÚBLICOS

Segundo Alegre e Covas (2009), deve haver integração de todos os setores de uma empresa de modo a permitir uma administração técnica capaz de envolver todos os níveis de decisão, de forma a proporcionar melhorias nos serviços públicos.

Para Oliveira (1993), planejamento é alcançar o que se deseja de uma maneira mais efetiva e com eficiência. Para que o planejamento seja bem-sucedido decisões deverão existir ao longo de sua elaboração e implementação.

As empresas responsáveis pelos abastecimentos de água deverão, levando em conta a necessidade e a premissa de melhoria dos serviços e considerando os níveis de decisão, operar continuamente e de forma interligada os Planejamentos

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Estratégico, Tático e Operacional. Os mesmos são indispensáveis para garantir a qualidade do processo e o cumprimento dos objetivos para que a empresa consiga obter os resultados esperados (ALEGRE; COVAS, 2009)

A Figura 1 nos mostra os níveis de planejamento e suas correspondências nos prazos de tempo, níveis de decisão e área de atuação.

Planos Níveis de Decisão Âmbito

Figura 1. Relação entre níveis de planejamento, decisão e abrangência.

Fonte: Adaptado de Alegre e Covas, 2009.

São previstos, quando da implantação de cada uma das etapas do planejamento, a monitoração dos planos verificando o cumprimento das metas estabelecidas e revisando, seguindo a linha de melhoria constante PDCA, conforme Figura 2.

Figura 2. Abordagem de melhoria contínua PDCA.

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2.2.1 Planejamento estratégico

O Planejamento Estratégico é uma atividade de cunho administrativo, sendo sua confecção, responsabilidade dos níveis mais altos da empresa, chamada alta administração. Fundamental para traçar diretrizes, definindo as ações necessárias para que os objetivos possam ser alcançados. Em seu escopo deve conter as seguintes perguntas: Em que direção ir? Aonde queremos chegar? Como vamos chegar lá? (BRAGA; MONTEIRO, 2005).

No nível estratégico os objetivos e as metas são estabelecidos sem, contudo, serem definidos os caminhos a serem trilhados para atingir os resultados. Nível de longo prazo.

Abrange toda a empresa e toda a área por ela atendida no âmbito global e geográfico, respectivamente. No caso de empresas de saneamento, os prazos tendem a abranger períodos mais longos em função do ciclo de vida dos componentes das infraestruturas (ALEGRE; COVAS, 2009)

2.2.2 Planejamento tático

Materializa a estratégia estabelecida no planejamento estratégico, determinando como implementá-las setorialmente, com o objetivo de otimizar as áreas e departamentos da empresa e não a organização como um todo. Portanto o Planejamento Tático é a decomposição do Planejamento Estratégico para cada setor, para cada área da empresa. Detalhamento de objetivos, estratégias e políticas estabelecidas no planejamento estratégico.

Estes são planos com foco no médio prazo e com um pouco menos de detalhes que o Planejamento Estratégico. As projeções, horizonte temporal, são feitas para um período um pouco menor, geralmente de três a cinco anos. (ALEGRE; COVAS, 2009).

2.2.3 Planejamento operacional

Ações de curto prazo da unidade operacional, atuando em pontos específicos, com intervenções efetuadas para períodos de um a dois anos. São planos mais

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esmiuçados que os anteriores, procurando atingir as metas/objetivos pré-estabelecidos, em uma área mais localizada.

São especificados neste plano, pessoas, responsabilidades, bem como todos os recursos envolvidos na execução do plano, tais como financeiros, tempo de execução, local e equipamentos (ALEGRE; COVAS, 2009).

2.3 RECURSOS HÍDRICOS

Sendo a água um elemento fundamental à vida, ela também é essencial para o desenvolvimento econômico, para a qualidade de vida das populações humanas e para a sustentabilidade dos ciclos no planeta. Nutre as florestas, mantém a produção agrícola, a biodiversidade nos sistemas terrestres e aquáticos. Portanto, os recursos hídricos são recursos estratégicos para a sobrevivência do planeta. O ciclo hidrológico é o princípio unificador fundamental referente à água no planeta, sua disponibilidade e distribuição. (TUNDISI, 2003)

O Brasil é um país com uma parte importante da água doce do planeta, aproximadamente 16%, só que distribuídas desigualmente. Funciona como fator de desenvolvimento, sendo utilizada para inúmeros fins diretamente relacionados com a economia (regional, nacional e internacional). Os mais comuns são: água para uso doméstico, irrigação, uso industrial e hidroeletricidade. Estes usos múltiplos aumentam à medida que as atividades econômicas se diversificam e as necessidades de água aumentam para atingir níveis de sustentação compatíveis com as pressões da sociedade de consumo, a produção industrial e agrícola (TUNDISI, 2003).

Segundo Moraes e Jordão (2002), o Brasil apesar de possuir um vasto volume de recursos hídricos, consegue desperdiça-los na mesma proporção. Entretanto o aumento da população da forma como vem ocorrendo, em grande escala, faz com que em curto espaço de tempo a água, um bem renovável, venha a ser comprometido. As gerações futuras correm sério risco de não usufruírem deste direito de uso, caso não tenhamos hoje a consciência e a cultura de preservação. Para Mota (1995) muito da crise vivida hoje vem da utilização e degradação dos recursos naturais de forma deliberada pela ação humana, comprometendo o meio ambiente e a qualidade de vida da população pela falta e tratamento adequado de

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resíduos lançados pelas indústrias e o esgoto, causas centrais da degradação ambiental.

Pereira (2004) por sua vez explica que a poluição das águas se dá por conta do acréscimo de substancias ou meios de energia que, direta ou indiretamente possam imputar alterações nas características físicas e químicas da água, de modo que a utilização desta, como recurso potável pode ser comprometida. Não é incomum encontrar efluentes de água com uma grande quantidade que atenderia a população de maneira satisfatória, porém, são recursos altamente comprometidos por conta da agregação de materiais tóxicos à sua composição, tornando-os inutilizáveis.

Sobre este aspecto Sousa (2008) lembra que os esgotos domésticos são um dos meios de maior degradação dos recursos hídricos, isto porque a água que foi utilizada na origem teve finalidade higiênica, neste caso o autor aponta que as águas de lavagem são contaminadas com altos índices de matéria fecal. Este é um dos elementos mais comuns encontrados em águas contaminadas, até mesmo águas de rios e praias estão sujeitas a este tipo de resíduo, por conta de material fecal que é deixado nas areias e arredores e levado pela água.

O autor ressalta ainda que muito da degradação que se vê nos dias atuais sobre os recursos hídricos pode ser atribuída ao crescimento descontrolado da população em zonas urbanas, as ocupações irregulares ocorrem cada vez com mais frequência, onde pessoas se instalam em locais sem a mínima condição de saneamento básico ou esgoto, utilizando assim o recurso hídrico que possui de maneira arbitraria, sem o tratamento adequado e colocando em risco sua própria saúde por conta do risco de contaminação.

Alencar Filho e Abreu (2006) ressaltam que muitos países em desenvolvimento acrescentam o abastecimento e tratamento de água em programas de políticas públicas como um meio de alcance social, porém, é notado que em muitos países mais pobres somente a vontade de tomar medidas sobre abastecimento acaba carecendo de gerenciamento adequado para suprir determinadas áreas sem defasar outras, ao mesmo tempo implantando um programa de conscientização na sociedade e empresas para a preservação dos recursos hídricos, bem como seu uso consciente, fator que evitaria o desperdício e possivelmente tiraria o país da situação atual onde a qualquer momento uma das maiores cidades do Brasil pode simplesmente ficar sem este recurso.

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Deve-se manter em mente ainda que a infraestrutura sanitária se encontra intimamente relacionada com a questão da contaminação de recursos hídricos e do solo, é um sistema que se interconecta e interdepende um do outro para manter sua saúde, deste modo é possível atribuir uma importância vital à gestão dos recursos hídricos, bem como da elaboração de políticas públicas que de fato atendam com eficiência deste problema latente da sociedade atual.

Para Souza e Silva Junior (2008) de fato o crescimento desenfreado das grandes metrópoles e que atraíram uma quantidade excessiva de ocupações irregulares sem qualquer tipo de organização e/ou planejamento adequado, não demorou muito a trazer problemas de natureza socioambiental, sendo assim, a maior problemática destes locais e que acabam por afetar toda a região que os cerca, é a infraestrutura inexistente de esgotamento sanitário.

A ausência de uma rede coletora de esgotos e estações de tratamento, em alguns locais, implica o lançamento destas águas e deste material diretamente no solo das vizinhanças ou em sua canalização de forma irregular para os cursos d’água mais próximos (SOUZA; SILVA JUNIOR, 2008, p. 26).

Por saneamento básico quer dizer-se que as regiões necessitam de abastecimento de água, tratamento de esgoto, coleta adequada e destinação de resíduos sólidos, assim como sistema de drenagem pluvial, deste modo é possível atribuir que uma região possui saneamento básico. Neste caso já é de se observar que inúmeras regiões do Brasil não possuem tal recurso, um país com uma riqueza natural que se esvai a cada dia por conta de irresponsabilidade da sociedade e do governo, se encontra com diversos de seus habitantes vivendo em condições de precariedade, locais que são verdadeiros esgotos a céu aberto, despachando no solo e na atmosfera resíduos e gases altamente tóxicos que comprometem a saúde da população e o meio ambiente, afetando também outros recursos naturais que não somente os hídricos.

Benetti e Bidone (1995) concordam que os impactos ambientais sobre os recursos hídricos que são causados pelo despejo de resíduos em corpos hídricos são imensuráveis, hábito equivocado que a sociedade apresenta há muito e que os impactos em longo prazo começam a se apresentar de maneira mais visível dia após dia.

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Ao passo que os autores também acreditam que tal grandiosidade prejudicial é tão imensurável quanto os tipos e quantidades de materiais que são despejados. “Os esgotos domésticos são constituídos, primeiramente por matéria orgânica biodegradável, micro-organismos (bactérias, vírus, etc.) nutrientes (nitrogênio e fósforo), óleos e graxas, detergentes e metais”. (BENETTI; BIDONE, 1995, p. 669).

2.3.1 Escassez dos recursos hídricos

Segundo dados da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), quanto ao Decênio Hidrológico Internacional (1964/1974), conclui que atualmente a quantidade de águas doces compõe o preocupante índice de 2,7% da quantidade total do planeta. Sendo que desta pequena quantidade, 77,2% encontram-se nas calotas polares, icebergs e geleiras, sendo que o restante se distribui: em aquíferos e lençóis subterrâneos (22,4%); rios, lagos e pântanos (0,36%); e, na atmosfera (0,04%).

Ao acessar tais dados a situação da falta de água toma uma dimensão ainda maior e é possível notar que a crise mundial de escassez de água está mais próxima do que se imagina, ao se pensar no aquecimento global, é possível notar que a maior parcela da água doce também está se esvaindo, já que seus meios de origem estão se esgotando.

Ainda como fator agravante há o crescimento da população, desenfreado, que traz como consequência o aumento também da poluição e contaminação dos corpos hídricos ainda existentes. Corroborando com este pensamento Tundisi (2003) ressalta a preocupante escassez de água potável no planeta, já que as fontes dos recursos vêm diminuindo de maneira drástica e intensa.

De acordo com o Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU, apud PNUD, 2003) se não forem tomadas medidas urgentes para a consciência da sociedade mundial com relação à utilização dos recursos hídricos, 60 nações, o que corresponde a 75% da população mundial, deverá passar pela total falta de água por volta do ano de 2050.

Ao passo que populações crescem juntamente com suas atividades econômicas, é comum que muitos dos países alcancem de maneira veloz condições de escassez de recursos hídricos, ou ainda que se defrontem diretamente com barreiras sobre seu desempenho econômico. Ainda é uma carência da sociedade

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mundial, especialmente no caso do Brasil, que as atividades econômicas que desenvolvam o país, sejam consonantes e trabalhem de maneira alinhada à preocupação ambiental e a preservação dos recursos naturais. Isto se dá por conta de uma cultura que nunca foi imputada na sociedade desde seus primórdios, o brasileiro abusou de sua abundância de recursos desde o início, utilizando arbitraria e deliberadamente e sem a menor preocupação com a crise que o futuro poderia apresentar, o que finalmente chegou, de acordo com o cenário ambiental atual.

De acordo com a Agenda 21 (1996) a demanda por água da população mundial cresce de maneira intensa, são aproximadamente 70-80% de recursos hídricos direcionados para a irrigação, 20% para a indústria e 6% para consumo doméstico. Sendo assim, raras regiões do planeta são aquelas que não enfrentam problemas com a potencial perda de fontes de água doce, queda na qualidade da água, ou ainda a poluição de fontes subterrâneas e superficiais.

Wrege (2000) explica que os casos mais graves de impactam a qualidade de rios e lagos ocorrem invariavelmente sob a ordem:

 Esgotos domésticos (não tratados, ou tratados de maneira inadequada);

 Controle inadequado de efluentes industriais;  Perda e/ou destruição de bacias de captação;  Localização inapropriada das unidades industriais;  Desmatamento; e,

 Práticas de agricultura migratória (sem que haja controle e que demonstra práticas deficientes).

Tais fatores são os maiores contribuintes para o déficit de recursos hídricos, que acabam se tornando um mero produto fruto de alterações ambientais cujos processos são altamente acelerados, impactando assim a população humana, não somente atingindo a falta de água para consumo na saciedade da sede, que é a principal consequência da falta de água, mas através também da disseminação de doenças e a baixa na produção de alimentos, já que sem água não há como fazer a manutenção de produção dos vegetais e tampouco como manter gado de corte, este

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fator, pensando em uma crise muito mais caótica, pode gerar tensões sociais e políticas e finalmente acarretar conflitos. (WREGE, 2000).

2.3.2 Gestão dos recursos hídricos no Brasil

A água é um recurso natural de extrema importância e vital para a sobrevivência do homem e do meio ambiente, uma vez que a alimentação tanto do ser humano, quanto dos animais e ainda a sobrevivência de plantas e vegetais depende dela. Perante as informações coletadas durante a pesquisa é possível verificar que algumas regiões do mundo já enfrentam crises graves de seca e que em um futuro próximo a maior parte do planeta sentirá os efeitos da falta de água.

Especialmente enfocando no Brasil, atualmente a maior cidade do país passa por uma estiagem nunca antes vista na história, São Paulo se encontra em um grave racionamento de água por conta da má gestão governamental para preservar este recurso, com o agravante do uso deliberado da sociedade e de empresas que sempre demonstraram irresponsabilidade na utilização deste e de outros recursos naturais.

A economia é urgente e a alternativa do reuso da água se torna cada vez mais importante e viável. Segundo informações da CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) a reutilização, reuso ou reciclagem da água não é uma prática recente, remontando aos tempos da Grécia Antiga, onde os esgotos eram de postos de modo a ser utilizados para irrigações. Ainda segundo órgão esta é uma alternativa crucial perante o cenário de extrema demanda e escassez do recurso.

Sendo assim, esta opção consiste em abranger atividades de racionamento e utilização eficiente do reuso, evitando desperdícios e minimizando produção de efluentes e do consumo de água.

Dentro dessa ótica, os esgotos tratados têm um papel fundamental no planejamento e na gestão sustentável dos recursos hídricos como um substituto para o uso de águas destinadas a fins agrícolas e de irrigação, entre outros. [...] Ao liberar as fontes de água de boa qualidade para abastecimento público e outros usos prioritários, o uso de esgotos contribui para a conservação dos recursos e acrescenta uma dimensão econômica ao planejamento de recursos hídricos.

Neste contexto, a CETESB ainda explica que a prática do reuso da água diminui a demanda pelos recursos de mananciais, uma vez que substitui a água

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considerada potável, por uma de qualidade inferior. Essa substituição é viável uma vez que a qualidade pode ser menor quando direcionada a determinados usos.

Dessa forma, grandes volumes de água potável podem ser poupados pelo reuso quando se utiliza água de qualidade inferior (geralmente efluentes pós-tratados) para atendimento das finalidades que podem prescindir desse recurso dentro dos padrões de potabilidade.

É possível notar que diante do grave racionamento pelo qual o estado de São Paulo passa, algumas pessoas e mesmo empresas estão encontrando alternativas para reciclar a água, seja através da coleta de água da chuva para lavar o quintal de casas, ou do reuso de águas da lavagem de carros, em lava-rápidos de postos, a fim de utilizar a mesma água para lavar uma série de veículos.

São atitudes simples que podem partir dos cidadãos e das empresas a fim de minimizar o desperdício e utilizar a água e demais recursos naturais com responsabilidade e consciência, mantendo um meio ambiente apto a oferecer mais recursos para que a humanidade continue sobrevivendo de maneira adequada e confortável. Contudo, é possível concluir ainda que a crise de água que se enfrenta neste momento nada mais é do que um reflexo da irresponsabilidade com que o ser humano vem tratando a natureza durante séculos.

Quando se fala da gestão de recursos hídricos é possível notar que o conceito possui definições de medidas que visam a tutela e prevenção dos danos causados especialmente por atividades industriais sobre os recursos hídricos, mediante os instrumentos legais pertinentes.

De acordo com Philippi Jr. e Martins (2005) a definição que melhor se encaixa para descrever a gestão de recursos hídricos:

É um processo que inclui monitoramento e controle das fontes de poluição e de qualidade da água dos mananciais, propondo soluções preventivas e corretivas para a conservação das prioridades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, tendo em vista a proteção da saúde do homem e do ecossistema. Além disso, a gestão de recursos hídricos procura proporcionar desenvolvimento de atividades sociais e econômicas em perfeito equilíbrio com a natureza, assumindo atitudes proativas e criativas em relação ao meio ambiente estão se restringindo somente ao atendimento à legislação.

Através do ponto de vista dos autores é possível verificar que deve haver uma preocupação com a preservação dos recursos hídricos que vai muito além de

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cumprir a lei, ao contrário, as medidas preventivas devem ocorrer como um meio da humanidade preservar recursos para sua própria sobrevivência e de sua espécie, suas gerações futuras.

Os recursos hídricos consistem em um elemento de extrema importância para a sobrevivência dos seres vivos, sejam seres humanos, animais ou vegetais, estes dois últimos que correspondem às maiores fontes de alimentos do primeiro grupo, dependendo deles então a sua sobrevivência neste ciclo. Perante este cenário, é fato que a utilização irresponsável, deliberada e não consciente destes recursos tende a inferir consequências graves em um futuro não muito distante.

Neste contexto é preciso notar que a preservação dos recursos hídricos, bem como dos naturais deve ocupar a mentalidade coletiva da sociedade alinhada ao poder público em busca desta preservação, deste modo será possível resgatar a importância e valor das águas para a sobrevivência.

De acordo com publicação da ANA (Agência Nacional de Águas) os recursos hídricos estão distribuídos no Brasil da seguinte maneira:

Gráfico 1. Distribuição dos Recursos Hídricos no Brasil

Fonte: ANA (2013)

Deste modo a gestão de recursos hídricos visa atuar de maneira preventiva e corretiva a fim de conservar o sistema como um todo. Nesta gestão consiste uma das bases do tripé da sustentabilidade, que deve ser executado de maneira equilibrada e harmônica, com a finalidade de preservar os recursos naturais para

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que as próximas gerações possam fazer uso deles, também de maneira consciente, deste modo é possível assegurar o desenvolvimento sustentável. A gestão dos recursos hídricos fomenta ainda ações de natureza social, econômica e, especialmente ambiental.

No Brasil, a estrutura de regulação dos serviços púbicos setor de saneamento básico e energia elétrica tem seus fundamentos a partir das propostas para elaboração do Código das Águas nos anos 1930. Com as políticas desenvolvimentistas dos anos 50 a 70, provenientes do Estado Novo, a infraestrutura era provisionada pelo Estado, e a expedição dos regulamentos e normas definidas pelo Poder Executivo, limitando assim a regulação (GALVÃO JR.; PAGANINI, 2009).

Nas décadas de 60 e 70, é criado o Plano Nacional de Saneamento – PLANASA, a partir de então a regulação do setor de saneamento se aprofunda, e o Banco Nacional da Habitação (BNH), também recém-criado, passa a exercer o papel de regulador, abrangendo alguns municípios e as empresas estaduais de saneamento, incluindo-se o Distrito Federal (PIZA; PAGANINI, 2006).

O Poder Executivo, diante do Decreto-Lei 200/67, passa tem autonomia para criação de entidades e de empresas estatais e mistas. A partir do PLANASA então foram criadas as companhias estaduais, empresas de economia mista onde o estado era o acionista majoritário, geridas pelo direito privado. As Companhias, considerando a precariedade das infraestruturas por parte dos municípios, obtiveram a concessão destes serviços através de contrato.

No estado do Rio de Janeiro foi criada a CEDAE, com a qual os municípios fluminenses firmaram à época, contrato de concessão pelo prazo de 20 a 25 anos.

Segundo Madeira (2010) o atendimento à população de forma abrangente de modo a suprir as necessidades de todos, com qualidade capaz de distribuir saúde de forma constante e ininterrupta e com eficiência econômica com o mínimo de custo em energia, produtos químicos e no controle das perdas de água, existirão a partir da regulação no setor. São passíveis na regulação dos serviços de água parâmetros de qualidade como:

• a pressão dinâmica da rede de distribuição, capaz de atender os reservatórios domiciliares;

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• a pressão estática máxima da rede de distribuição, suficiente para controlar as perdas com vazamentos;

• parâmetros físico-químicos e bacteriológicos da água distribuída, dentro dos padrões de potabilidade definido pela Portaria nº 518/04 do Ministério da Saúde; e

• descontinuidade do serviço, que se mantenha o abastecimento com quantidade adequada e pressão suficiente.

Conforme a Lei Federal 9.433/97, instituída então a Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH, a gestão do uso da água parte do princípio de que a colaboração da sociedade de um modo geral - Poder Público, usuários e sociedade civil, é fundamental para traçar diretrizes futuras para sua utilização.

Segundo Cardoso (2003), a Lei 9.433/97 busca a descentralização da gestão da água através da criação dos Comitês de Bacias Hidrográficas, formados por representantes do poder público, sociedade civil e usuários da água.

Deste modo a gestão de recursos hídricos visa atuar de maneira preventiva e corretiva a fim de conservar o sistema como um todo. Nesta gestão consiste uma das bases do tripé da sustentabilidade, que deve ser executado de maneira equilibrada e harmônica, com a finalidade de preservar os recursos naturais para que as próximas gerações possam fazer uso deles, também de maneira consciente, deste modo é possível assegurar o desenvolvimento sustentável. A gestão dos recursos hídricos fomenta ainda ações de natureza social, econômica e, especialmente ambiental.

Sendo assim, por meio da lei federal nº 9.433/97, institui-se a Política Nacional de Recursos Hídricos, que tem como principais fundamentos:

I - a água é um bem de domínio público;

II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais;

IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas;

V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;

VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

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E como instrumentos utilizados na gestão da Lei Federal nº 9.433/97:

I - os Planos de Recursos Hídricos;

II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água;

III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;

V - a compensação a municípios;

VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.

Para Lorenzi (2003), o Plano Diretor de Recursos Hídricos de Bacia Hidrográfica - PDRH se destaca entre os instrumentos descritos, uma vez que é ele quem participa de todas as ações que possam interferir na gestão dos recursos hídricos e orienta quanto as ações que devem ser tomadas com relação às bacias hidrográficas. Dão suporte aos planos diretores municipais e definem metas a serem atingidas para recuperar, proteger e conservar os recursos hídricos.

Prestigiar os Comitês de Bacias é garantir que o desenvolvimento econômico de qualquer região deve seguir em parceria com a proteção das águas, para que não cause danos à população hoje e no futuro (THAME, 2003).

Pereira (2003) acrescenta que a participação dos Comitês deve estar sempre embasada no saber técnico sobre tema, apresentando seus propósitos com objetividade e clareza. O Comitê deve atuar como mediador entre as partes interessadas no uso do recurso natural sempre que for necessário, considerando que por vezes estes interesses podem ser individuais ou corporativos.

2.3.3 Gestão dos recursos hídricos no Estado do Rio de Janeiro

Compete ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Rio de Janeiro – CERHI-RJ, instituído pela Lei Estadual nº 3.239/99 estabelecer as diretrizes para a formação, a organização e o funcionamento dos Comitês de Bacia Hidrográfica (CBHs) e Agências de Água, exercer a arbitragem, em última instância administrativa, dos conflitos entre os Comitês, estabelecer os critérios gerais sobre a outorga de direito de uso de recursos hídricos e a sua cobrança, deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos dentro do Estado, além de analisar as propostas de alteração da legislação pertinente a recursos hídricos e à Política Estadual de Recursos Hídricos (INEA, 2007).

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Em outubro de 2007 o Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da Lei nº 5.101/07, criou o Instituto Estadual do Ambiente – INEA, para executar as políticas estaduais do meio ambiente, de recursos hídricos e de recursos florestais adotadas pelos Poderes Executivo e Legislativo do Estado.

O INEA foi estruturado para atuar de forma descentralizada no território, respeitando a divisão hidrográfica estadual. Dessa forma, as Superintendências Regionais do INEA, com atuação nas nove regiões hidrográficas, estão mais próximas dos Comitês de Bacia, uma vez que ambos possuem como área de abrangência a Região Hidrográfica correspondente.

O Estado possui uma extensa linha de costa, com vocação turística, aliada à pressão da indústria do petróleo, que altera as dinâmicas de uso e ocupação do território. As demandas por água para abastecimento humano e para atendimento da indústria em expansão são uma preocupação constante, uma vez que o maior manancial do Estado, o rio Paraíba do Sul, é compartilhado com outros dois estados da federação: São Paulo e Minas Gerais (INEA, 2011).

Para garantir água em quantidade e qualidade adequadas à população e ao desenvolvimento econômico previsto nos planos de governo, o Estado vem demonstrando empenho em fortalecer o seu Sistema Estadual de Gestão de Recursos Hídricos. Desde a edição da Lei que instituiu a Política de Águas no Estado, em 1999, até a presente data, muito se aperfeiçoou em termos de legislação e de aplicação dos instrumentos previstos (INEA, 2011).

A regulamentação da cobrança pelo uso da água de domínio estadual em 2004 (Lei 4.247/03 e regulamentos posteriores) impulsionou o avanço da implantação da Politica de Recursos Hídricos no Estado, com a estruturação e funcionamento do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FUNDRHI) (INEA, 2011).

A criação e instalação dos Comitês de Bacia nas nove Regiões Hidrográficas do Estado promoveu a mobilização dos segmentos que militavam na defesa e preservação do meio ambiente e dos sistemas aquáticos característicos das diversas regiões do Rio de Janeiro, constando de sua pauta inicial de trabalhos à aprovação de seus planos de investimentos e a deliberação sobre a aplicação dos recursos da cobrança pelo uso da água em sua área de abrangência.

A parceria com o órgão gestor federal – Agência Nacional de Águas – e com os estados vizinhos é estratégica para a gestão em bacias compartilhadas, particularmente a bacia do rio Paraíba do Sul, rio de domínio da União que banha os

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