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A percepção do paciente renal crônico acerca da fístula arteriovenosa e suas implicações no autocuidado

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Academic year: 2021

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The knowledge of the chronic renal patient about the

arteriovenosa fistula and its implications in self-care

A percepção do paciente renal crônico acerca da fístula arteriovenosa e suas implicações no

autocuidado

La percepción del paciente renal crónico acerca de la fiesta arteriovenosa y sus implicaciones en el

autocuidado

ABSTRACT

Objective: To evaluate the perception of the chronic renal patient in relation to self-care with the arteriovenous

fistula and also the complications triggered by the lack of care of these patients. Method: Exploratory descriptive research with quantitative-qualitative approach, developed in the city of Caxias-MA. The sample consisted of 09 patients out of 20 who were in good physical and mental health. Bardin-type content analysis was used to process the data. The research was approved by the Research Ethics Committee with the CAAE number: 44165115.9.0000.5685.

Results: Male predominance was observed (75%) followed by female (25%). Patients aged between 18 and 25 years

old (20%), 25-40 years (25%), 40-60 years old (45%) and over 60 years old (10%) were observed. Among the interviewees, incomplete primary education (35%), illiterate (25%), complete elementary education (20%), complete secondary education (10%) and complete higher education (10%) stood out. The main complications are infections, trauma, aneurysm, thrombosis and theft of fistula, in most cases having loss of arteriovenous fistula, subjecting the patient to another invasive procedure and the systemic consequences of these factors. Conclusion: Self-care is essential for AVF patency, but the findings of the study showed a significant deficiency in these care, mainly related to patient conformism and the absence of health orientations, often leading to complications and complications of the patient's clinical condition renal disease.

RESUMO

Objetivo: Avaliar a percepção do paciente renal crônico em relação ao autocuidado com a fístula arteriovenosa e

ainda as complicações desencadeadas pela falta de cuidados desses pacientes. Método: Pesquisa descritiva exploratória com abordagem quanti-qualitativa, desenvolvida no município de Caxias-MA. A amostra foi composta de 09 pacientes de um total de 20 que se encontravam em boas condições de saúde física e mental. Utilizou-se a análise de conteúdo do tipo Bardin para processamento dos dados. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com número do CAAE: 44165115.9.0000.5685. Resultados: Observou-se predominância do sexo masculino (75%) seguida do sexo feminino (25%). Em relação a idade, constatou-se pacientes entre 18 e 25 anos 4 (20%), de 25 à 40 anos (25%), entre 40 e 60 anos (45%) e com mais de 60 anos (10%). Referente ao nível de escolaridade dos entrevistados destacou-se ensino fundamental incompleto (35%), analfabetos (25%), ensino fundamental completo (20%), ensino médio completo (10%) e ensino superior completo (10%). As principais complicações as infecções, os traumas, aneurisma, trombose e roubo de fístula, tendo na maioria dos casos a perda da fístula arteriovenosa, submetendo o paciente a mais um procedimento invasivo e às consequências sistêmicas desses fatores. Conclusão: O autocuidado é essencial para a perviedade da FAV, porém os achados do estudo mostraram uma significativa deficiência desses cuidados, relacionados principalmente ao conformismo do paciente e a ausência das orientações em saúde, ocasionando assim muitas vezes complicações e agravos ao quadro clínico do paciente renal crônico.

RESUMEN

Objetivo: Evaluar la percepción del paciente renal crónico en relación al autocuidado con la fístula arteriovenosa y

aún las complicaciones desencadenadas por la falta de cuidados de esos pacientes. Método: Investigación descriptiva exploratoria con abordaje cuantitativo, desarrollado en el municipio de Caxias-MA. La muestra fue compuesta de 09 pacientes de un total de 20 que se encontraban en buenas condiciones de salud física y mental. Se utilizó el análisis de contenido del tipo Bardin para procesamiento de los datos. La encuesta fue aprobada por el Comité de Ética en Investigación con número del CAAE: 44165115.9.0000.5685. Resultados: Se observó predominancia del sexo masculino (75%) seguida del sexo femenino (25%). En cuanto a la edad, se constató pacientes entre 18 y 25 años 4 (20%), de 25 a 40 años (25%), entre 40 y 60 años (45%) y con más de 60 años (10%). En el nivel de escolaridad de los entrevistados se destacó la enseñanza básica incompleta (35%), analfabetos (25%), enseñanza básica completa (20%), enseñanza media completa (10%) y enseñanza superior completa (10%). Las principales complicaciones a las infecciones, los traumas, aneurisma, trombosis y robo de fístula, teniendo en la mayoría de los casos la pérdida de la fístula arteriovenosa, sometiendo al paciente a otro procedimiento invasivo ya las consecuencias sistémicas de estos factores.

Conclusión: El autocuidado es esencial para la perviedad de la FAV, pero los hallazgos del estudio mostraron una

significativa deficiencia de esos cuidados, relacionados principalmente con el conformismo del paciente y la ausencia de las orientaciones en salud, ocasionando así muchas complicaciones y agravios al cuadro clínico del paciente renal crónico.

Yanna Karla Pereira Mota¹

Mayron Morais Almeida²

Márcia Sousa Santos³

¹Graduada em enfermagem pela Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão – FACEMA. Caxias-MA. Brasil. ²Enfermeiro Graduado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão-FACEMA. Especialista em saúde da família e gestão hospitalar. Caxias - MA. Brasil. E-mail: mayronmorais@outlook.com.

³Enfermeira Mestre em Saúde da Família. Docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão – FACEMA. E-Descriptors Perception, Self-care, Nephropathies. Descritores Percepção. Autocuidado. Nefropatias. Descriptores Percepción. Autocuidado. Nefropatías. Sources of funding: No Conflict of interest: No

Date of first submission: 2018-01-14 Accepted: 2018-09-09

Publishing: 2018-09-27

Corresponding Address Márcia Sousa Santos

Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão - FACEMA, Caxias-MA. Endereço: Rua Aarão Reis, 1000. Centro. Bairro Centro, CEP: 65600- 000.

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INTRODUÇÃO

A doença renal crônica é caracterizada pela lesão do parênquima renal e/ou pela diminuição da taxa de filtração glomerular presente por um período igual ou superior a três meses. Com a queda progressiva da taxa de filtração glomerular, há uma perda das funções de regulação, excreção e endócrinas, ocorrendo o comprometimento de todos os outros órgãos do organismo

(1).

O processo de destruição do parênquima renal, a doença renal crônica evolui gradativamente para a insuficiência renal crônica terminal, ocorrendo a necessidade de tratamento substitutivo da função renal para o paciente. Para tanto, existem duas modalidades substitutivas: a diálise, incluindo-se hemodiálise e diálise peritoneal; e o transplante renal, sendo este considerado o

tratamento ideal para a insuficiência renal crônica (2).

Com o comportamento epidemiológico, o número de indivíduos com doenças renais cresce progressivamente a cada ano, acarretando um aumento dos gastos dos serviços públicos e privados de saúde. Dependendo da gravidade do estado clínico do paciente com doença renal, muitas das nefropatias podem evoluir para um grave estado

de morbidade e, em muitos casos, a óbito (3).

A hemodiálise é o melhor tratamento substitutivo tolerado pelos pacientes. Entretanto, não é possível sem acesso vascular adequado e, uma confiável fonte de fluxo sanguíneo para dialisar. Assim, a criação da fístula arteriovenosa (FAV) é uma forma de estabilizar a terapia para pacientes com falência renal crônica, prolongando a vida destes pacientes (4).

As complicações ocorridas na FAV correspondem a um total de 27% de todos os problemas decorrentes de falhas, como: estreitamento das veias, baixo fluxo arterial, trombos e aparecimento de veias laterais. Contudo, a identificação rápida dessas complicações permite salvar o acesso e evitar futuros agravos. Nesse sentido, os cuidados com a FAV devem acontecer antes mesmo do ato cirúrgico, através de exercícios feitos com as próprias mãos para fortalecer a veia e estimular o fluxo sanguíneo na

preservação de um frêmito local (5).

Assim, torna-se importante que a pessoa com fístula arteriovenosa em hemodiálise tenha conhecimento

da importância do desenvolvimento de comportamentos de autocuidado, a partir das ações de enfermagem, que são essenciais para que haja um fluxo positivo entre paciente, profissional e processo saúde-doença, objetivando harmonizar o seu estilo de vida à atual condição de saúde.

O presente estudo objetiva avaliar a percepção do paciente renal crônico em relação ao autocuidado com a

fístula arteriovenosa e ainda as complicações

desencadeadas pela falta de cuidados desses pacientes.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, exploratório com abordagem quanti-qualitativa acerca da percepção do paciente renal crônico em relação ao autocuidado sobre a fístula arteriovenosa.

Os dados foram obtidos por meio de pesquisa desenvolvida no município de Caxias, localizado na mesorregião do leste Maranhense, Brasil. Tendo como campo de análise uma Centro privada de Diálise conveniado com o SUS, sendo o mesmo, referência para 15 municípios do perímetro regional e 47 no perímetro da macrorregião do leste Maranhense.

A população estudada foi composta por pacientes diagnosticados com DRC, com mais de seis meses de tratamento hemodialítico, que disponha de FAV, assim foi composta de 20 pacientes que se encontravam em boas condições de saúde física e mental e que aceitaram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme recomendações da resolução n° 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e que foram designados a partir dos codinomes: EA, EB, EC, ED, EE, EI, EJ, EM, EM.

Foram adotados como critério de exclusão, os pacientes menores de 18 anos e idosos acima de 80 anos, com menos de seis meses de tratamento hemodialítico e que não tinham capacidade de expressar suas emoções, sentimentos e experiência a respeito do estudo da pesquisa.

Para a pesquisa utilizou-se uma entrevista estruturada com questões abertas que abordou a percepção da pessoa renal crônica em relação ao autocuidado sobre a fistula arteriovenosa, tendo em vista uma melhor abrangência na análise dos depoimentos,

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Portuguese

pretendendo ainda garantir a integridade do paciente, facilitando o levantamento dos diagnósticos.

A coleta de dados aconteceu a partir da aprovação do comitê de ética em pesquisa com Nº de CAEE: 44165115.9.0000.5685 e parecer nº 1.080.273, bem como por meio da autorização dos responsáveis pelo Centro de Diálise. Ocorrendo a aplicação de uma entrevista estruturada em ambiente calmo, livre de interferências com horários previamente marcados de acordo com a disponibilidade do paciente. Após o encerramento das entrevistas, as fals dos pacintes foram transcritas com a máxima fidelidade, dando início ao processo de organização e análise dos dados, através da análise de

conteúdo na perspectiva de Bardin (6).

RESULTADOS

CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA

Em relação ao nível de escolaridade dos entrevistados, verificou-se que 5 (25%) são analfabetos; 4 (20%) possuem ensino fundamental completo e 7 (35%) incompleto; 2 (10%) possuem ensino médio completo e 2

(10%) ensino superior completo. Acrescentando à esses

dados, Cabral et al.(7) constataram em um estudo com pacientes em tratamento hemodiálico que o grau de escolaridade variou de analfabetos à sujeitos com ensino

fundamental completo, estabelecendo-se, assim,

pacientes com baixa escolaridade.

A respeito da idade, constatou-se que 4 (20%) pacientes estão entre 18 e 25 anos; 5 (25%) se encontram na média de 25 à 40 anos; 9 (45%) entre 40 e 60 anos e 2 (10) possuem mais de 60 anos. Dados parecidos foram encontrados por Reinas, Nunes e Mattos (8) em uma pesquisa realizada em uma clínica de diálise, de natureza pública, onde 50% dos entrevistados estavam na faixa etária de 40 a 59 anos.

Em se tratando do gênero, observou-se que 15 (75%) pacientes são do sexo masculino e apenas 5 (25%) do sexo feminino. Este dado demonstra que a maioria dos usuários são do sexo masculino, fato este que corrobora com o estudo de Pessoa e Linhares (9) onde afirmam que dentre os participantes da pesquisa, as características sociodemográficas apontaram que a maioria dos pacientes é do sexo masculino (56,7%), com média de idade de 55,4 anos.

Na quarta e última variável se apresenta o tempo de hemodiálise, que se teve 6 (30%) pacientes com média de tratamento entre 1 à 5 anos; 5 (25%) entre 5 à 10 anos; 5 (25%) 10 à 15 anos e 4 (20%) usuários com mais de 15 anos

de hemodiálise. Machado e Pinhati (10) apontam que a

maioria dos pacientes hemodiálicos possuem mais de cinco anos de tratamento renal substitutivo e pelo menos um ano em hemodiálise em uso de FAV, conforme quadro 1 abaixo:

Quadro 1 - Caracterização dos sujeitos da pesquisa em relação a escolaridade, idade, sexo e tempo de hemodiálise, 2018.

VARIÁVEIS N %

Escolaridade

Analfabetos 05 25

Ensino Fund. Completo 04 20

Ensino Fund. Incompleto 07 35

Ensino Médio Completo 02 10

Ensino Superior Completo 02 10

Total 20 100 Idade 18 à 25 anos 04 20 25 à 40 anos 05 24 40 à 60 anos 09 45 Mais de 60 anos 02 10 Total 20 100 Sexo

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Masculino 15 75 Feminino 05 25 Total 20 100 Tempo de Hemodiálise 01 à 05 anos 06 30 06 à 10 anos 05 25 11 à 15 anos 05 25 Mais de 15 anos 04 20 Total 20 100

Fonte: Pesquisa direta.

Quanto à quantidade de confecção das fístulas arteriovenosas em relação ao tempo de tratamento pôde-se constatar uma vasta discrepância entre espôde-ses dois fatores.

Quadro 2 - Sobrevida da fístula arteriovenosa em relação ao tempo de tratamento do paciente, 2018.

Fístula Arteriovenosa (nº) Tempo de Tratamento (anos) 2 1 4 9 1 18 5 18 2 2 5 14 3 7 3 12 1 7 6 12 1 11 1 17 3 6 4 13 2 10 1 3 1 1 2 8 4 15 3 12

Fonte: Pesquisa direta.

de tratamento e com duas FAVs, assim como pacientes com 18 anos de hemodiálise e apenas uma fístula arteriovenosa, essa divergência de sobrevida do acesso está

relacionada principalmente com os cuidados deficientes com a FAV tanto do paciente quanto do profissional, como mostra o Quadro 2.

Lovera et al. (11) afirmam que para aumentar a

sobrevida da fístula são necessários cuidados pré e pós-operatórios, sendo que a vida útil na mesma, em média, é de 5 anos, fato este que confronta os resultados obtidos nessa pesquisa, levando em consideração a diferença dessas variáveis em relação cada paciente.

DISCUSSÃO

Após a leitura detalhada dos dados provenientes das entrevistas, procedeu- se a organização do conteúdo e interpretação dos achados, que, estão organizados em três categorias, nas quais discutem-se; 1) Principais complicações com a FAV; 2) Orientações prestadas por parte dos profissionais para evitar essas complicações com a FAV; 3) Percepção de autocuidado dos pacientes em relação à fístula arteriovenosa.

Categoria 1: Principais complicações decorrentes da insuficiência dos cuidados com a fístula arteriovenosa.

Por meio das falas pôde-se observar que as principais complicações relatadas pelos entrevistados dizem respeito à traumas, trombos, infecção, aneurismas e roubo de fístula, complicações estas já relatadas na literatura.

Na primeira fístula, o capacete bateu e parou de funcionar e a segunda teve muito trombo com fluxo insuficiente para o tratamento. (EM) [...]Durante o meu tratamento, minha fístula infeccionou e sangrou muito, mas o médico cuidou e graças a Deus ela não parou. (EA) [...]Todas as

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Portuguese

minhas fístulas criaram ‘calombos’ e o médico dizia que podia estourar (EN) [...] A minha primeira fístula parou e a segunda tava desenvolvendo para o lado errado, ao invés de ir pro braço, tava indo pra mão. (EE)

É consenso que o melhor acesso vascular para pacientes hemodiálicos é a fístula arteriovenosa (FAV) com veia autógena. Vários estudos apontam a importância na preservação e cuidados com as FAVs, de modo a aumentar seu tempo de vida útil (12).

Na ausência de certos cuidados com a FAV, o paciente se torna vulnerável para o desenvolvimento de várias complicações, dentre as principais têm-se a trombose, estenose, baixo fluxo, isquemia da mão, aneurisma, pseudoaneurisma, infecções, hematoma, sucção excessiva no influxo (arterial) e pressão venosa alta

(13).

De fato as FAV’s demonstraram ser a melhor escolha para pacientes que não possuem outras possibilidades de acesso vascular, permitindo tratamento hemodialítico eficaz, com boa taxa de perviedade e baixa incidência de complicações, com exceção das tromboses.

Na específica questão, Silva e Nunes (13),

constataram que a trombose é considerada umas das complicações mais comuns da FAV, sendo caracterizada por agregados plaquetários aderidos à parede vascular formando o trombo que pode crescer com a formação de várias camadas de agregação plaquetária, com risco de obstrução dos vasos.

Ainda se tem como grande prevalência de complicação a hipotensão, que é relatado no estudo de

Corrêa et al. (14) como fator determinante para

desencadear a trombose, acontecendo em geral após um certo tempo da confecção da fístula e sendo subsidiante para promover a insuficiência da mesma.

Ainda em relação às complicações, pode-se observar que o processo de roubo de fístula, ou seja, a inversão fisiológica do fluxo sanguíneo, segundo Polimanti

et al. (14) é muito comum entre os pacientes que utilizam a

FAV como acesso vascular, fato este que corrobora com os dados encontrados a partir da pesquisa em questão.

Assim, reitera-se que as fístulas arteriovenosas estão condicionadas a sófrer grandes complicações durante o seu uso, devido ao processo invasivo e principalmente as

condições clínicas do paciente hemodialítico, onde o mesmo na maioria das vezes encontra-se debilitado.

Categoria 2: Orientações prestadas por parte dos profissionais para evitar essas complicações com a fístula arteriovenosa

A partir das falas expostas pôde-se constatar que as principais orientações prestadas por parte dos profissionais aos pacientes usuários de FAV são, evitar carregar peso, sempre lavar com sabão de coco, evitar traumas, higienizar antes da sessão de hemodiálise, não dormir por cima do braço onde se localiza a FAV e realizar periodicamente exercício com “bolinhas”.

A enfermeira me disse que era pra eu não pegar peso no braço e lavar com sabão de coco. (EJ) [...] O enfermeiro me falou pra eu evitar pancadas e lavar antes de fazer a hemodiálise (EB) [...] A enfermeira daqui disse pra não dormir por cima do braço e fazer exercício com a bolinha. (EI) [...] Portanto, a assistência de enfermagem é um tanto quanto tecnicista, em decorrência de toda mecanização envolvida neste cuidado, sendo importante que a enfermeira especialista direcione-se também para todos os sentidos comunicantes de seu cliente, não atentando

somente para o que é visível e para o que é verbalizado (7).

Assim, o enfermeiro deve reconhecer o paciente não como um agente passivo, receptor de cuidados, mas como o agente de seu autocuidado, conhecendo seu tratamento e participando da elaboração do seu plano de cuidados favorecendo, assim, uma melhor adesão e seguimento ao tratamento proposto e à utilização eficaz da FAV (13).

A partir das informações prestadas nas entrevistas, pode-se afirmar que as orientações dadas aos pacientes reforçam o binômio profissional-paciente, fato este que está associado à centralidade da ação educativa na prática profissional do enfermeiro, estimulando assim o autocuidado.

Deve-se ressaltar ainda que a vertente que diz respeito a não carregar peso com o braço que está localizado a FAV, é considerada a mais enfatizada pelos

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relacionada à orientação mais realizada pelos enfermeiros durante as sessões de hemodiálise.

As orientações de enfermagem aos pacientes hemodialíticos usuários de fístulas arteriovenosas são essenciais para o desenvolvimento eficaz do acesso vascular e principalmente para subsidiar a sistematização positiva do autocuidado para que assim possa ocorrer a diminuição da incidência de possíveis complicações eventuais.

Categoria 3: Percepção de autocuidado dos pacientes em relação à fístula arteriovenosa.

No que se refere às percepções dos clientes em relação às condições de autocuidado, se tem uma grande contradição, onde podemos associar a vários fatores como insuficiência das informações prestadas pelos profissionais de saúde, ausência da família durante o tratamento e grau de escolaridade dos mesmos.

Não realizo nenhum cuidado, por descuido mesmo. (EC) […] Faço todos os cuidados, porque minha vida é meu braço. (ED)

O autocuidado contribui especificamente para a integridade funcional, estrutural, do desenvolvimento e funcionamento humano, porém essas ações não nascem com os indivíduos, eles aprendem e dependem de costumes, crenças e práticas costumeiras específicas do

grupo ao qual pertencem (16).

Para complementar Silva e Nunes (17) afirmaram

que o planejamento das ações de assistência deve incluir três etapas, primeiro, as orientações ao paciente no período pré-operatório de confecção da FAV, depois, a equipe de enfermagem deve manter uma técnica adequada de punção da fístula e principalmente deve constar as orientações de autocuidado do paciente no manejo do seu novo acesso.

As informações colhidas no presente estudo explanam uma alta incidência da prática insuficiente do

autocuidado. Pessoa e Linhares (9) relacionaram o

conhecimento inadequado acerca do autocuidado, provavelmente, como um fator responsável pela prática ineficaz dos pacientes.

Reitera-se que a atitude dos pacientes acerca dos cuidados com a fístula pode influenciar na sua prática, mesmo que esses pacientes demostrem uma prática inadequada, pois o reconhecimento da importância desses cuidados está relacionado com o empenho empregado na sua manutenção pelos profissionais de saúde.

CONCLUSÃO

A Doença Renal Crônica constitui- se um grave problema de saúde pública, devido aos onerosos gastos ao Estado, agravos à saúde do paciente e a deficiência de profissionais de saúde para promoção de cuidados eficientes. O tratamento desses pacientes é realizado principalmente através das sessões de hemodiálise que utiliza com mais periodicidade a fístula arteriovenosa como acesso vascular.

Para tanto, o autocuidado é essencial para a perviedade da FAV, porém os achados do estudo mostraram uma significativa deficiência desses cuidados, relacionados principalmente ao conformismo do paciente e a ausência das orientações em saúde, ocasionando assim muitas vezes complicações e agravos ao quadro clínico do paciente renal crônico.

No presente estudo teve-se como principais complicações as infecções, os traumas, aneurisma, trombose e roubo de fístula, tendo na maioria dos casos a perda da fístula arteriovenosa, submetendo o paciente a mais um procedimento invasivo e às consequências sistêmicas desses fatores. Neste contexto, se faz necessário uma assistência sistematizada holística prestada pelos profissionais de saúde ao paciente renal crônico, no que diz respeito aos cuidados técnicos devidamente regulamentados e orientações acerca do autocuidado, sendo que esse último se caracteriza como essencial para a prevenção e promoção da saúde do cliente assistido.

Espera-se, que os dados do presente estudo possam ajudar na conscientização dos profissionais em relação aos cuidados com o renal crônico, verificando o desenvolvimento efetivo do autocuidado, porém precisa-se promover capacitação e educação em saúde dentro das instituições com centros de hemodiálise. No entanto, o tema em questão necessita de mais estudos de diversas natureza para ampliar o leque de informações acerca de

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Portuguese

algo tão relevante para os pacientes, profissionais de saúde e gestores.

REFERÊNCIAS

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