• Nenhum resultado encontrado

CAFEÍNA COMO RECURSO ERGOGÊNICO NO EXERCÍCIO ANAERÓBIO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "CAFEÍNA COMO RECURSO ERGOGÊNICO NO EXERCÍCIO ANAERÓBIO"

Copied!
16
0
0

Texto

(1)

CAFEÍNA COMO RECURSO ERGOGÊNICO NO EXERCÍCIO ANAERÓBIO1 CAFFEINE AS AN ERGOGENIC RESOURCE IN ANAEROBIC EXERCISE

Pedro Henrique Porto Rosa2

Marcos Paulo Huber3

Resumo: A cafeína, um alcaloide de xantina, proveniente de 60 tipos de plantas, é

considerada a droga mais utilizada por adultos no mundo, estudos indicam uma alta prevalência de seu uso em atletas antes de praticar seu esporte, e apontam seu benefício em esportes aeróbios de longa duração, porém em esportes de predominância anaeróbia seus efeitos causam controvérsias. O presente estudo tem como objetivo analisar os efeitos ergogênicos da cafeína em exercícios de predominância anaeróbia, através de uma revisão narrativa. Para critérios de inclusão foi utilizado a base de dados: Scielo e PubMed, e para critério de exclusão artigos com falta de coerência sobre o assunto e artigos de revisão. Os instrumentos empregados foram a compilação de 10 artigos, que atendiam os critérios da pesquisa, entre 2012 e 2019. Os resultados apontam incongruência entre os autores, que em sua maioria utilizaram-se da mesma metodologia de pesquisa e obtiveram resultados divergentes.

Palavras-chave: Cafeína, anaeróbio, ergogênico.

Abstract:. Caffeine, an xanthine alkaloid, from 60 types of plants, is considered the most used drug by adults in the world, studies indicate a high prevalence of its use in athletes before practicing their sport, and point out its benefit in aerobic sports of long duration, but in sports of anaerobic predominance its effects cause controversy. The present study aims to analyze the ergogenic effects of caffeine in exercises of anaerobic predominance, through a narrative review. For inclusion criteria, the database Scielo and PubMed were used, and for the exclusion criteria of articles with lack of coherence on the subject and review articles. The instruments used were the compilation of 10 articles, which met the research criteria, between 2012 and 2019. The results pointed out incongruence among the authors, who mostly used the same research methodology and obtained divergent results.

Keywords: Caffeine, anaerobic, ergogenic.

1 Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Graduação em Educação Física da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL – Ano 2020.

2 Acadêmico do curso Educação Física da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL – E-mail: pedrohh81@gmail.com.

3 Especialista/Mestre em Educação Física – Instituição. Professor (a) Marcos Paulo Huber Titular na Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.

(2)

1 INTRODUÇÃO

A busca pelo máximo desempenho esportivo é algo que sempre esteve presente em esportes competitivos, a cada ano que passa novos recordes são batidos e o nível dos atletas está cada vez maior. Para obter uma máxima performance os atletas muitas vezes utilizam-se de recursos ergogênicos para otimizar seus resultados.

Uma substância ou artifício só é considerada ergogênica se demonstrar melhora no rendimento esportivo, e essa melhora pode estar relacionada prioritariamente ao aumento da eficiência e da produção de energia.

A cafeína, um alcalóide de xantina, foi identificada pela primeira vez no café. A descoberta dos seus efeitos para reduzir a fadiga e aumentar o estado de alerta é atribuída a um monge etíope. Este monge ouviu de um pastor sobre o efeito produzido pelas sementes do café nas suas cabras, decidindo preparar uma bebida com elas, para poder passar a noite acordado em oração. (GUERRA, ET AL, 2000). A cafeína é a droga mais utilizada por adultos no mundo, proveniente de 60 tipos de plantas, e podemos encontrar em diversos alimentos, como por exemplo o chocolate, o guaraná, o café, e atualmente seu uso se popularizou através de suplementos alimentares.

Sendo um estimulante do sistema nervoso central, da função cardíaca, da circulação sanguínea e da liberação de adrenalina. Em conjunto com a cafeína, a adrenalina estimula uma grande variedade de tecidos, potencializam a contração muscular, elevam o índice de quebra de glicogênio muscular e hepático (MELLO; KUNZLER; FARAH, 2007)

Após sua ingestão, a absorção da cafeína no trato intestinal acontece de forma rápida e completa, atingindo geralmente o pico médio de concentração plasmática entre 30 a 45 minutos (DURLAC ET AL, 2002), com uma meia vida plasmática de aproximadamente 3 a 7 horas (GRAHAM, 2001).

Com o teste anti-doping e seu alto rigor fica cada vez mais difícil os atletas utilizarem-se de substâncias químicas ilegais. A cafeína já esteve preutilizarem-sente como uma substância proibida pela agência mundial anti-doping (World Anti-Doping Agency - WADA), e após sua exclusão do doping estudos mostram uma prevalência de três em cada quatro atletas utilizarem essa substância antes de praticar seu esporte. (DEL COSO, ET Al, 2011)

Apesar de anos de seu descobrimento, a cafeína como recurso ergogênico em variados esportes ainda causa controvérsia, diversos estudos apontam seu desempenho benéfico em

(3)

esportes de predominância aeróbica, porém pouco foco foi dado aos efeitos em esportes anaeróbios.

Os exercícios de predominância anaeróbia, como por exemplo os exercícios resistidos, estão em alta no Brasil, segundo o relatório da IHRSA Global Report (2019), em nível mundial apenas os EUA tem mais academias de musculação que o Brasil.

Com o visível crescimento do mercado fitness, cabe aos profissionais da saúde em específico o profissional de educação física, ter conhecimento sobre os recursos ergogênicos nos exercícios, com o propósito de tomar atitudes corretas na orientação do treinamento e com a finalidade de levar seu aluno ou atleta ao êxito.

O presente estudo tem como objetivo analisar os benefícios da cafeína como recurso ergogênico em esportes de predominância anaeróbia, através da literatura.

2 METODOLOGIA

Quanto ao tipo de estudo, foi feita uma pesquisa narrativa, pois este estudo busca respostas ao problema em fontes exclusivamente narrativas. O produto final foi um artigo de revisão.

Critérios de inclusão dos artigos: Foi utilizado a base de dados PubMed e Scielo, a qualificação dos artigos foi feito pelo Qualis/Capes de no mínimo periódicos com classificação B5; ano de publicação entre 2012 a 2019.

Critérios de exclusão dos artigos: revisões sistemáticas, artigos sem coêrencia com o assunto da pesquisa.

Após a leitura dos artigos selecionados de acordo com os critérios de inclusão foram anotados os resultados e conclusões mais importantes encontrados nos estudos, para que se possa promover a discussão acerca do problema da pesquisa.

Dessa forma a pesquisa bibliográfica demonstra ser uma das melhores abordagens e formas de iniciar um estudo, procurando as semelhanças e diferenças entre os artigos utilizados como documentos de referencial (SOUZA, SILVA E CARVALHO, 2010)

(4)

Quadro 1 – Resultados e Conclusão de autores sobre os efeitos da cafeína

Autor Ano Exercíci

o Resultados Conclusão San Juan, Alejandro F, et al 201 9 Boxe

Potência de pico aumentada

com cafeína (6,27%, p <0,01; Tamanho do efeito (ES) = 1,26), potência média (5,21%; p <0,01; ES = 1,29) e reduzido o tempo necessário para atingir a potência de pico (-9,91% , p <0,01; ES = 0,58) no teste de Wingate, melhorou a altura do salto no CMJ (+2,4 cm, p <0,01) e melhorou a eficiência neuromuscular no pico de potência no vasto lateral (ES = 1,01) e glúteo máximo ( ES = 0,89), e potência média no vasto lateral (ES = 0,95) e tibial anterior (ES = 0,83).

Nesses boxeadores de nível olímpico, a suplementação de cafeína melhorou o desempenho anaeróbio sem afetar a atividade EMG e os níveis de fadiga nos membros inferiores. Outros benefícios observados foram o aumento da eficiência neuromuscular em alguns músculos e a melhora da velocidade de reação. Souissi, Makram et al 201 2 Judô

A análise estatística revelou um efeito significativo da cafeína na potência média( P <0,05) e valores de pico ( P <0,01) com valores mais altos após a sessão de teste de cafeína. No entanto, o índice de fadiga não foi afetado pela ingestão de cafeína.

O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da cafeína no estado psicológico (ou seja, estados de humor), no tempo de reação simples e no desempenho anaeróbico pela manhã. Os resultados revelaram um aumento na ansiedade e vigor, uma diminuição no tempo de reação simples e uma melhora na PP e PM medidos durante um teste de Wingate após a ingestão matinal de cafeína.

(5)

Arteaga-Sacro, Amy Andrea, et al. 2016 Força máxima

O teste de 1RM medido pela carga máxima (Kg) que o sujeito foi capaz de levantar no membro superior e inferior, foi utilizado para avaliar a força máxima; com o qual foi observado que para a avaliação inicial de 1RM do membro superior (31,7 ± 10,3) e do membro inferior (35,8 ± 15,9) foi maior no grupo experimental, em comparação com 1RM de membro superior (28,2 ± 5,1) e membro inferior (30,6 ± 4,0) do grupo controle. Os níveis de lactato foram medidos no sangue antes e depois da ingestão de cafeína; em que foi verificado que na avaliação inicial os valores de lactato do grupo experimental (1,48 ± 0,23) foram semelhantes aos do grupo controle (1,53 ± 0,24).

O consumo de cafeína em baixas doses, 80 mg em dose única (1,3 mg x Kg) aumenta a força isocinética máxima (teste de 1RM) de membros superiores e inferiores; sendo superior na parte superior do corpo. Enquanto o lactato aumentou nos dois grupos, mas em menor grau quando a cafeína foi consumida. Mais estudos são necessários para mostrar como a cafeína no consumo agudo pode afetar a força máxima, medida pelo teste de 1RM. A ingestão de cafeína pode ser uma ajuda eficaz para melhorar a força em jovens adultos saudáveis; É possível que possa ser utilizado como auxiliar em processos de reabilitação, que envolvem trabalho forçado; mas é preciso expandir os estudos para a população não saudável.

Miyagi, Willian

E, et al 2018 Ciclismo

O principal achado deste estudo foi que a suplementação aguda de cafeína melhorou o tempo até a exaustão durante o esforço supramáximo em 115% de V0² m a x, mas o AC [La -] +

EPOCfast permaneceu

inalterado.

Com base na comparação geral dos valores médios, a suplementação aguda de cafeína melhora o tempo de exaustão em um esforço supramáximo, embora o E PCr , E [La] e AC [La -] + EPOCfast permaneçam inalterados. No entanto, o efeito da cafeína no desempenho e na capacidade anaeróbia depende do indivíduo.

(6)

Ramos-Campo, Domingo Jesús et al 201 9 800mrasos

Não foram encontradas diferenças significativas na CAA e nas variáveis de desempenho entre as duas condições. No entanto, o CAF prejudicou a eficiência do sono ( p = 0,003), o tempo real de vigília ( p = 0,001) e o número de despertares ( p = 0,005), medido pela actigrafia. Além disso, o CAF prejudicou as variáveis do questionário SQ ( p = 0,005), sono calmo ( p = 0,005), facilidade para adormecer ( p = 0,003) e sensação de revigoramento após acordar ( p = 0,006)

A suplementação com cafeína (6 mg ∙ kg -1 ) não melhorou o desempenho na corrida de 800 m, mas prejudicou a QS de corredores treinados. Cardoso, Thiago Elpídio, et al. 201 3 200mrasos

A ingestão de cafeína resultou em um tempo final significantemente menor do que administração de placebo (p < 0,05). Entretanto, não houve diferença significante nas parciais 160 m e 40 m entre placebo e cafeína (p > 0,05)

Podemos concluir que a ingestão de cafeína (6 mg.kg-1) melhorou significantemente o desempenho na prova de 200 metros rasos em sujeitos fisicamente ativos porém não especificamente treinados. Além disso, como não foi encontrada diferença na concentração de [La] pico, pode-se sugerir que os efeitos observados com a ingestão da cafeína nos 200 m rasos foram causados por outros fatores, e não por efeito direto sobre o sistema glicolítico anaeróbio.

(7)

Trexler, Eric , et al

2016 Sprint/Forç a

(Sprint) A análise dos intervalos de confiança de 95% revelou um aumento significativo no Sprint 1 TW para CAF [CI: 81,4, 623,9 joules (J)], mas não para COF ou PLA, Sprint 4 PP foi significativamente reduzido em PLA [CI: −64,9, −2,5 watts (W)], mas não em COF [−34,4, 36,6 W] ou CAF [−42,8, 22,2 W]. O trabalho total foi significativamente reduzido no Sprint 2 [CI: −321,2, −66,1 J] e Sprint 4 [−403,1, −57,6 J] para PLA, mas não para COF [−19,5, 439,3 J e −291,2, 118,3 J] ou CAF [−415,8, 103,3 J e −300,9, 129,5 J]. Além disso, o TW médio foi reduzido em PLA [CI: -219,0, -40,2 J], mas não em COF ou CAF.

(Força) Não houve efeitos de interação significativos para BP 1RM (p = 0,78;) ou BP RTF (p = 0,47;), indicando que não há diferença nas pontuações de mudança entre os tratamentos. Apenas LP RTF foi significativamente diferente entre os grupos no início do estudo (p = 0,04)

O estudo atual demonstrou um efeito ergogênico de doses combinadas de cafeína de CAF e COF em exercícios de sprint repetidos, sem diferença

clara entre os

tratamentos. Nem CAF nem COF melhoraram os resultados de força em comparação com o

placebo. Em homens

treinados, a cafeína dosada de 3 a 5 mg / kg pode melhorar o desempenho em sprints de alta intensidade quando ingerida 30 minutos antes do exercício Wilk, Michal et al 2019 A ANOVA de medidas repetidas entre os grupos G CAF e

G CON revelou diferenças

O principal achado do estudo é que a ingestão de CAF aumenta a velocidade de movimento da barra na

(8)

Supino reto

estatisticamente

significativas em 2 variáveis. Os testes

post-hoc demonstraram diferenças estatisticamente significativas no TUT ao comparar o grupo suplementado com cafeína (13,689 s G CAF ) ao que ingeriu um placebo (15,332 s G CON ) com p  = 0,002. Diferenças significativas também foram observadas na velocidade média durante a fase excêntrica do movimento (0,690 m / s no G CAF a 0,609 no G CON com p = 0,002). Não houve diferenças significativas na potência gerada e na velocidade na fase CON do movimento entre o G CAF e o G CON.

fase excêntrica do movimento, o que resulta no encurtamento do tempo sob tensão (TUT) necessário para realizar um determinado número de repetições, sem diminuir a potência e a velocidade na fase CON do movimento.

Martinez, Nic, et al 2016 Potencia/Força O RM ANOVA revelou um efeito significativo dentro dos indivíduos para a potência de pico anaeróbio ( p  = 0,001) e potência média anaeróbia ( p  = 0,007) em relação ao WAnT. As análises post-hoc revelaram que o SUP proporcionou um aumento significativo na potência de pico anaeróbio (782 ± 191 W) e na potência média (569 ± 133 W) em comparação com o PL (Potência de pico = 722 ± 208 W; p  = 0,003; efeito tamanho =

Os resultados deste estudo indicam que a ingestão aguda do suplemento dietético pré-treino disponível comercialmente pode melhorar significativamente a potência de pico anaeróbica e a potência média em homens treinados recreacionalmente.

(9)

0,30), (Potência média = 535 ± 149 W; p  = 0,006; tamanho do efeito = 0,24) e ensaios de linha de base (Potência de pico = 723 ± 205 W; p  = 0,01; tamanho do efeito = 0,28), (Potência média = 535 ± 148 W; p  = 0,02; tamanho do efeito = 0,22) Silva, Cíntia Grande da, et al 2014 Ciclism o Os resultados em valores absolutos demonstraram maior PP favorecendo a suplementação com cafeína, porém de forma não significativa, entre o T1c e T1p (1014,2±178,6 vs 982,6±128,0) e o T2c com o T2p (970,4±182,5 vs 949,6±154,1), respectivamente. Em valores relativos, a vantagem no desempenho da PP entre as sessões (T1c+T2c/T1p+T2p) foi de 1,6% superior nos testes com cafeína do que nos testes com placebo. Esse comportamento se manteve para a PM no primeiro teste (T1c: 673,6±59,5 vs T1p: 672,0±73,3) e se inverteu no segundo (T2c: 589,0±58,8 vs T1p: 597,9±67,6) favorecendo o teste com placebo. Levando em consideração as duas sessões de testes, a PM foi 0,4% maior com o uso do placebo

A ingestão oral aguda de cafeína não contribuiu para o aumento no desempenho anaeróbio intermitente em ciclistas treinados. Contudo, a redução na potência média com o uso da cafeína, pode sugerir uma

preferência do

metabolismo para os ácidos graxos, o que seria desvantajoso durante

esforços máximos

intermitentes

(10)

4 DISCUSSÃO

Segundo San Juan, Alejandro F et al (2019), no boxe em nível olímpico a cafeína mostrou melhora no desempenho dos atletas em diversos aspectos, sendo eles, um melhor desempenho anaeróbio, melhora da eficiência neuromuscular, e aumento da velocidade de reação. San Juan, Alejandro F et al também mostra que, o consumo de cafeína melhorou o desempenho neuromuscular e diminuiu a fadiga neuromuscular, medida com o teste de salto com contramovimento, aumentando significativamente a altura do salto vertical (+2,3 cm) e atenuando a diminuição na altura do salto vertical após o teste de Wingate (-2,5%) respectivamente, e em comparação com o placebo

Em relação a potência de pico, Martinez, Nic et al (2016), San Juan, Alejandro F et al (2019) e Souissi, Makram et al (2012), apontam uma melhora significativa (p <0,01) através do teste Wingate. A diferença principal entre os estudos é que Martinez Nic et al conduzem sua metodologia com um pré-treino contendo cafeína disponível comercialmente como Assault ™, enquanto San Juan, Alejandro F, et al, e Souissi, Makram et al utilizaram apenas uma cápsula de cafeína (6 mg.kg) e (5 mg.kg) respectivamente.

No ciclismo, 10 atletas federados e competidores de modalidades em pista, participaram do estudo de Silva, Cíntia Grande da, et al (2014), que através do teste de Wingate verificaram o desempenho anaeróbio dos atletas. Contrapondo estudos anteriores o resultado não apontou melhoras na potência de pico, na potência média e índice de fadiga. Para a realização do experimento 10 ciclistas foram submetidos a quatro testes de Wingate, dois em cada visita ao laboratório com intervalo de quatro minutos entre os mesmos. Nas visitas para a realização dos testes, consumiram, após sorteio, uma cápsula de cafeína ou placebo uma hora antes. As limitações para este estudo foram um teste de familiarização para os participantes, a falta de informação sobre as concentrações sanguíneas de glicose, lipídios e cafeína também podem ser apontadas como limitação, uma vez que não é possível determinar a presença da cafeína e do substrato energético utilizado durante o teste.

Nos 200 metros rasos, Cardoso, Thiago Elpídio, et al (2013), mostra que o uso de cafeína resultou em um tempo final significantemente menor do que a administração de placebo (p < 0,05), sendo que do grupo experimental de 17 sujeitos, 13 realizaram os 200

(11)

finais não houve uma diferença significatica comparada com o placebo. Essa melhora pode estar relacionada a dose administrada. Estudos tem mostrado efeito ergogênico da ingestão de cafeína em doses entre (3-9 mg.kg) em exercícios com predominância anaeróbia (DOHERTY et al., 2004; WILES et al., 2006; HOFFMAN et al., 2007). Contudo, o mesmo efeito não foi verificado com dosagens menores (< 3 mg.kg) (BECK et al., 2006; FORBES et al., 2007).

Em contraposição, nos 800 metros rasos, Ramos-Campo, Domingo Jesús et al (2019), revelaram não haver diferenças significativas quando a ingestão de cafeína e placebo foram comparadas. Tanto nos 200 metros como nos 800 metros a dose administrada foi congruente, sendo (6 mg.kg). Do ponto de vista da aplicação, os treinadores esportivos de corredores de meia distância devem ter em mente que se o campeonato tiver corridas em dias consecutivos, a administração de 6 mg ∙ kg −1 de cafeína não melhora o desempenho de corrida de 800 m,

mas pode prejudicar quantidade de sono e a qualidade de corredores treinados que são consumidores habituais de cafeína.

No estudo realizado por Trexler, Eric, et al (2016), a ingestão aguda de café e a ingestão de cafeína anidra não mostraram efeitos significativos no aumento de força em comparação com o placebo, essa limitação pode ser explicada pelo fornecimento de uma dose fixa de cafeína (300 mg), em vez de dimensionar a dosagem com o peso corporal. Isto vem de encontro aos resultados obtidos no estudo de Martinez, Nic et al (2016), que utiliza um suplemento pré treino a base de cafeína e também não são observados melhorias no aumento de força. Em contraste, no sprint, tanto a cafeína anidra como a ingestão aguda de café são similares no que tange ao efeito ergogênico no teste de sprint repetido, sem diferença clara entre os dois grupos. Esses resultados corroboram com pesquisas anteriores que apontam melhorias para o desempenho de sprint repetido (Schneiker, Bishop, Dawson, & Hackett, 2006). Uma limitação do estudo atual é o fornecimento de uma dose fixa de cafeína (300 mg) em vez de dimensionar a dosagem de acordo com o peso corporal. Estudos anteriores demonstraram que doses de 3 ou 6 mg / kg de cafeína melhoram o desempenho de resistência em um grau semelhante.

No judô, Souissi, Makram et al (2012), também utiliza o teste de Wingate, onde resultados apontam uma melhora significativa tanto na potência média como na potência de pico, entretanto o índice de fadiga não é afetado pelo uso da cafeína. Outro indicador como diminuição no tempo de reação simples também foi salientado. Consistente com Graham et al (2000), os resultados mostraram um efeito ergogênico da cafeína. Vários fatores podem explicar o efeito ergogênico da cafeína. Foi demonstrado que a ingestão de cafeína reduz a sensação de dor induzida pelo exercício, aumenta o acoplamento excitação-contração e

(12)

estimula o SNC, alterando o recrutamento da unidade motora e as percepções de fadiga via antagonismo do receptor de adenosina. Esses mecanismos parecem oferecer uma visão esparsa da influência da cafeína no desempenho anaeróbio.

Miyagi, Willian E, et al (2018), em um estudo com 15 ciclistas de montanha do sexo masculino, apontam que a cafeína melhorou o tempo até a exaustão durante o esforço supramáximo em 115% de VO2 max. Uma possível limitação do estudo foi a ausência da análise cinética do VO2, que poderia explicar em parte a melhora do desempenho no esforço supramáximo e os valores de AC [La -] + EPOCfast inalterados. Além disso, nenhuma análise foi realizada relacionada aos efeitos da cafeína no acúmulo de metabólitos, ou concentrações intracelulares de K + , ou qualquer análise para explicar os mecanismos relacionados aos

efeitos da cafeína na estimulação do sistema nervoso central, o que poderia contribuir para esclarecer as questões levantadas. Finalmente, é importante relatar que o estudo atual não investigou a variação genética e seus efeitos potenciais na relação entre a cafeína e os resultados e, portanto, destacou as respostas individuais com a ingestão de cafeína.

Arteaga-Sacro, Amy Andrea, et al (2016), tem como diferença principal em seu estudo a dose de cafeína administrada, dose menor que a relatada em outros estudos onde a média é de (6mg.kg) de peso, para este estudo, a dose média foi de (1,3 mg.kg) de peso, representando um terço do que se encontra na teoria para apresentar um efeito ergogênico. Os resultados deste estudo apontam uma melhora significativa na força isocinética máxima (teste de 1RM), contraditando os estudos anteriores, onde em doses maiores não foi observada maior nível de força. O aumento da força após a ingestão de cafeína pode estar relacionado à síntese muscular endógena de óxido nítrico (NO); como demonstrado por Corsetti Giovanni, et al (2007), que avaliou a expressão de NOS e Bcl2 nos músculos esqueléticos de ratos após administração aguda de cafeína. Concluindo que a melhora no desempenho físico pode estar relacionada à capacidade da cafeína em interferir na síntese muscular endógena de NO, causando melhora no desempenho muscular e evitando danos ao mesmo

Em relação a potência e a velocidade do movimento concêntrico, Wilk, Michal et al (2019) mostra que a cafeína não tem um efeito significativo no movimento de supino reto, contudo, a ingestão de cafeína aumenta a velocidade de movimento da barra na fase excêntrica do movimento, o que resulta em encurtamento do tempo necessário para a realização de um determinado número de repetições. Uma limitação do presente estudo diz respeito à falta de avaliações relacionadas à intolerância ao CAF nos atletas testados. No entanto, deve-se notar que antes e durante o experimento, nenhum participante do estudo

(13)

Os efeitos extra treino como o sono, a ansiedade e o vigor também foram salientados. Souissi, Makram et al (2012) aponta em seu estudo mudanças no estado de humor dos judocas, causado pelo aumento da ansiedade e do vigor. E os resultados de Ramos-Campo, Domingo Jesús et al, parecem apontar que a cafeína prejudicou a quantidade e qualidade subjetiva e actigráfica do sono.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A cafeína é uma das substâncias que vêm sendo utilizadas por atletas de diferentes modalidades esportivas, na tentativa de otimizar o desempenho físico, e estudada por vários pesquisadores, pelo seu aparente potencial ergogênico.

A melhoria no desempenho esportivo em esportes aeróbios e de longa duração com a ingestão entre 3 a 6 mg por peso corporal é a mais utilizada entre pesquisadores, e aparentemente a forma mais segura de se utilizar, mostrando melhoras no rendimento.

Entretanto, após a realização desta revisão, fica evidente que os dados obtidos não são congruentes sobre o real efeito ergogênico da cafeína em esportes de predominância anaeróbia. Três estudos mostraram que a cafeína aumentou de forma significativa a potência de pico e apenas um mostrou resultados contrários. O VO2 máximo também foi melhorado em ciclistas de montanha. No atletismo a cafeína melhorou o tempo final nas provas de velocidade, porém em provas de meio fundo não houve melhoras. Esportes de luta como o judô e o boxe a cafeína mostrou bons resultados, como a melhora da velocidade de reação, potência média e de pico. Em relação a força (teste de 1RM), um estudo mostra melhora, enquanto outro os resultados não apresentam melhoras significativas.

Por fim, estudos com mais detalhes precisos faz se necessário na literatura, para que haja uma concordância sobre o real efeito da cafeína em exercícios de predominância anaeróbia.

REFERÊNCIAS

ARTEAGA-SACRO, AMY ANDREA, & VILLOTA-BEDOYA, DIEGO FERNANDO. (2016). Efecto del consumo agudo de cafeína sobre la fuerza máxima y los niveles de lactato

(14)

en sangre en jóvenes sedentarios: Ensayo clínico aleatorizado. Universidad y Salud, 18(2), 266-275.

Disponível em: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0124-71072016000200008&lang=en

CARDOSO, THIAGO ELPÍDIO, AGUIAR, RAFAEL ALVES DE, TURNES, TIAGO, CRUZ, ROGÉRIO SANTOS DE OLIVEIRA, SILVEIRA, BRUNO HONORATO DA, LISBÔA, FELIPE DOMINGOS, CAPUTO, FABRIZIO, & OLIVEIRA, MARIANA FERNANDES DE. (2013). Efeito da ingestão de cafeína no desempenho em corrida de 200 metros rasos. Motriz: Revista de Educação Física, 19(2), 298-305.

Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1980-65742013000200007&lang=en

DEL COSO J, MUÑOZ G, MUÑOZ-GUERRA J. Prevalence of caffeine use in elite athletes following its removal from the World Anti-Doping Agency list of banned substances. Appl

Physiol Nutr Metab. 2011;36(4):555-561.

Disponível em: https://cdnsciencepub.com/doi/10.1139/h11-052?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori%3Arid%3Acrossref.org&rfr_dat=cr_pub++0pubmed&

DURLAC, P. J., EDMUNDS, R., HOWARD, L., & TIPPER, S. P. (2002). A rapid effect of caffeinated beverages on two choice reaction time tasks. Nutritional neuroscience, 5(6), 433–442.

Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/1028415021000039211

GRAHAM TE. Caffeine and exercise: metabolism, endurance and performance. Sports Med. 2001;31(11):785-807.

Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/11583104/

GUERRA, RICARDO OLIVEIRA; BERNARDO, GERLANE COELHO; GUTIERREZ, CARMEN VILLAVERDE. Cafeína e esporte. Rev Bras Med Esporte, Niterói , v. 6, n. 2, p. 60-62, abr. 2000

Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922000000200006&lng=pt&nrm=iso

MARTINEZ, N., CAMPBELL, B., FRANEK, M., BUCHANAN, L., & COLQUHOUN, R. (2016). O efeito da suplementação aguda pré-treino no desempenho de potência e força. Journal of the International Society of Sports Nutrition , 13 , 29.

Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4947244/

MELLO, D.; KUNZLER, D. K.; FARAH, M. A cafeína e seu efeito ergogênico. RBNE

-Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, v. 1, n. 2, 5 jan. 2012.

(15)

MIYAGI, W. E., BERTUZZI, R. C., NAKAMURA, F. Y., DE POLI, R., & ZAGATTO, A. M. (2018). Effects of Caffeine Ingestion on Anaerobic Capacity in a Single Supramaximal Cycling Test. Frontiers in nutrition, 5, 86.

Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6158373/

RAMOS-CAMPO, D. J., PÉREZ, A., ÁVILA-GANDÍA, V., PÉREZ-PIÑERO, S., & RUBIO-ARIAS, J. Á. (2019). Impact of Caffeine Intake on 800-m Running Performance and Sleep Quality in Trained Runners. Nutrients, 11(9), 2040.

Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31480553/

SAN JUAN, A. F., LÓPEZ-SAMANES, Á., JODRA, P., VALENZUELA, P. L., RUEDA, J., VEIGA-HERREROS, P., PÉREZ-LÓPEZ, A., & DOMÍNGUEZ, R. (2019). Caffeine Supplementation Improves Anaerobic Performance and Neuromuscular Efficiency and Fatigue in Olympic-Level Boxers. Nutrients, 11(9), 2120.

Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6769736/

SILVA, CÍNTIA GRANDE DA, CAVAZZOTTO, TIMOTHY GUSTAVO, & QUEIROGA, MARCOS ROBERTO. (2014). Suplementação de cafeína e indicadores de potência anaeróbia. Revista da Educação Física / UEM , 25 (1), 109-116.

Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-30832014000100109&lang=en

SOUISSI, M., ABEDELMALEK, S., CHTOUROU, H., ATHEYMEN, R., HAKIM, A., & SAHNOUN, Z. (2012). Efeitos da ingestão matinal de cafeína nos estados de humor, tempo de reação simples e desempenho máximo de curto prazo em judocas de elite. Jornal asiático

de medicina esportiva , 3 (3), 161-168.

Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3445643/

SOUZA, MARCELA TAVARES DE; SILVA, MICHELLY DIAS DA; CARVALHO, RACHEL DE. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein (São Paulo), São Paulo , v. 8, n. 1, p. 102-106, Mar. 2010.

Disponível em:

https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S167945082010000100102&script=sci_arttext&tlng=pt TREXLER, ET, SMITH-RYAN, AE, ROELOFS, EJ, HIRSCH, KR, & MOCK, MG (2016). Efeitos do café e da cafeína anidra na força e no desempenho de sprint. European Journal of

Sport Science , 16 (6), 702–710.

Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4803635/

WILK, M., KRZYSZTOFIK, M., MASZCZYK, A., CHYCKI, J., & ZAJAC, A. (2019). Os efeitos agudos da ingestão de cafeína no tempo sob tensão e na energia gerada durante o movimento do supino. Journal of the International Society of Sports Nutrition , 16 (1), 8. Disponível em : https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6379960/

(16)

Referências

Documentos relacionados

“Quem não devolve um filho adotado porque não quer ir preso ou ser punido não necessariamente vai cuidar bem.” Apesar de também achar que não é do interesse da criança

Cabe ressaltar também que há locais onde a produção de carvão vegetal ocorre em total acordo com a legislação e respeitando a saúde dos trabalhadores, estes

Seu efeito excitatório é utilizado em vários campos da área da saúde, desde tratamentos dermatológicos até  fisioterápicos.  A  cafeína  esta  associada  a 

Diante do exposto, a questão para esta pesquisa é: quais são as estratégias adotadas pela gestão escolar, de uma instituição de ensino técnico, para incentivo à

Desse modo, a base para a elaboração do zoneamento para o município de Itanhaém foram as Cartas de Uso da Terra e Vegetação do ano de 2000 (preambulada em campo), de

Assim a proposta deste estudo é sistematizar e analisar o conhecimento sobre o Tônus Muscular nas perspectivas de Charles Scott Sherrington cujo foco se apóia

Resolução de Problemas NOTA: Se o original se rasgar, verifique se não fica nenhum pedaço dentro do Processador de Documentos.. Apêndice-3 • Processador de Documentos

Similarmente aos resultados encontrados, achados de estudo sobre a avaliação de massa óssea de ratas jovens, não foi encontrada diferença estatística no efeito da