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Economia solidária com foco em cooperativa de reciclagem de resíduos sólidos

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Academic year: 2021

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LUIZ AUGUSTO PEREIRA INEZ DE ALMEIDA

Economia Solidária com foco em cooperativa de reciclagem de

resíduos sólidos

CUIABÁ 2018

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Economia Solidária com foco em cooperativa de reciclagem de

resíduos sólidos

Monografia apresentada à Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas, sob a orientação do Prof. Dr. Jailson Coelho.

CUIABÁ 2018

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Economia Solidária com foco em cooperativa de reciclagem de

resíduos sólidos

Monografia apresentada à Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas.

BANCA EXAMINADORA:

__________________________________________________ Orientador: Prof. Dr. Jailson Coelho

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

CUIABÁ 2018

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Agradeço, primeiramente, a Deus que me concedeu a vida.

Aos meus familiares que tanto têm me auxiliado e apoiado durante todas as fases de minha vida.

A todos os professores que se dedicam, incondicionalmente, à causa do ensino e se apaixonam a cada dia mais pelo conhecimento.

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O presente estudo analisa a economia solidária, que tem galgado uma visibilidade econômica, social e política nos últimos anos. Hoje em dia verifica-se o desenvolvimento de iniciativas de produção e prestamento de serviços sociais e pessoais, organizados tendo como fundamento a livre associação e nos preceitos de colaboração e autogestão. Um dos desafios é o pequeno grau de habilidade e aptidão profissional dos trabalhadores solidários e a incoerência das tecnologias convencionais para a produção em limitada escala. O objetivo deste estudo é o de compreender a respeito da economia solidária e sua relação com a coleta de resíduos recicláveis. Por meio de estudo prospectivo, de revisão literária, utilizou-se para a consecução de dados e informações investigadas na rede pública de Internet, leitura, apreciação e interpretação de obras literárias, periódicos e documentações a respeito do assunto. O principal resultado deste estudo foi a comprovação de que a economia solidária submetida à coleta de resíduos sólidos favorece de maneira considerável na concepção de postos de trabalho, aprimoramento ou aperfeiçoamento no bem-estar e na proteção do meio ambiente. De tal modo, espera-se que este estudo sirva como reflexão a respeito de assuntos significativos à economia solidária, cooperativismo e reciclagem de resíduos sólidos urbanos. O presente trabalho teve por objetivo analisar a Economia Solidária com foco em Cooperativas de Reciclagem de Resíduos Sólidos de uma forma ampla e geral, além de analisar seus avanços e limitações à luz dos princípios de Economia Solidária. Onde as questões-problemas e as limitações dessas cooperativas transcendem algumas conquistas e se encontram numa fase crítica de seu processo de desenvolvimento administrativo e econômico, mesmo que estas busquem a autogestão da Economia Solidária.

Palavras-chave: Cooperativismo; Economia Solidária; Catadores; Resíduos Sólidos, Autogestão.

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The present study analyzes the solidarity economy, which has gained economic, social and political visibility in recent years. Nowadays we see the development of initiatives for the production and delivery of social and personal services, organized on the basis of free association and in the precepts of collaboration and self-management. One of the challenges is the small degree of skill and professional aptitude of solidary workers and the incoherence of conventional technologies for production on a limited scale. The objective of this study is to understand the solidarity economy and its relationship with the collection of recyclable waste. Through a prospective study, a literary review, was used to obtain data and information investigated in the public Internet network, reading, appreciation and interpretation of literary works, periodicals and documentation on the subject. The main result of this study was the proof that the solidarity economy submitted to solid waste collection favors considerably the design of jobs, improvement or improvement in the welfare and protection of the environment. Thus, it is expected that this study will serve as a reflection on significant issues to the solidarity economy, cooperativism and recycling of urban solid waste. The present work had the objective of analyzing Solidarity Economy with a focus on solid waste recycling cooperatives in a broad and general way, besides analyzing its advances and limitations in light of the principles of Solidary Economy. Where the issues-problems and limitations of these cooperatives transcend some achievements and are at a critical stage of their administrative and economic development process, even if they seek the self-management of the Solidarity Economy.

Keywords: Cooperativism; Solidarity Economy; Collectors; Solid Waste, Self Management.

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1 INTRODUÇÃO...9 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA...13 1.2 OBJETIVO GERAL...14 1.2.1 Objetivos Específicos...15 1.3 JUSTIFICATIVA...16 1.4 METODOLOGIA...18 2 REVISÃO TEÓRICA...19 2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS...19 2.2 ECONOMIA SOLIDÁRIA...28 2.3 AUTOGESTÃO...34 2.4 COOPERATIVA...37 2.5 COOPERADOS/CATADORES...39 CONSIDERAÇÕES FINAIS...41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...43 6

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1 INTRODUÇÃO

De acordo com Singer (2002), as mudanças advindas pela lógica do mercado no mundo do trabalho e na organização econômica brasileira estão gerando um forte processo expansionista de novas formas de organização do trabalho e em consequencia da produção. As ocorrências resultantes de uma globalização da economia gerou as mais variadas mudanças no mundo do trabalho, entre tais mudanças, estão a flexibilização das relações entre empregado e empregador, a elevação dos níveis de desemprego, e por fim uma considerável exclusão de uma parcela dos trabalhadores.

Já após a década de 1970, o Brasil sofreu rápidas e profundas transformações, advindas principalmente por um avanço considaravel no desenvolvimento tecnológico, pelos setores industrial e agrícola. Em conseqüência dos avanços tecnológicos, a classe trabalhadora veio a ser atingida, gerando um maior número de desempregados, em consequencia causando modificações no modo de vida.

Já, conforme Carreteiro (2002) aponta, tal situação acaba por gerar exclusões, pois a desigualdade de bens e os padrões de consumo, influencia o bem-estar dos indivíduos, principalmente daqueles de baixa renda, onde há uma minoria que detém as amplas possibilidades na aquisição de bens. Tal desigualdade difculta o crescimento e a distribuição de renda, variáveis estas que se relacionam de maneira direta com a composição dos gastos públicos na educação e na saúde, que por fim ocasiona a desigualdade do chamado capital humano.

Uma forma de diminuir tal desigualdade tratada aqui, em vista da inclusão dos trabalhadores ao mercado de trabalho se daria como uma excelente alternativa a economia solidária e da autogestão. Tal modelo econômico busca uma sociedade entre as partes de tal forma que haja certa igualdade entre os membros, por uma busca mais assertiva de cooperação ao invés da competição.

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A economia solidária como aponta Singer (2000) iniciou com ações pontuais na década de 1980, já a partir da segunda metade da década de 1990 houve um aumento considerável, resultado dos movimentos sociais, advindos da crise de desemprego em massa, vinda da década de 80, da qual se agravou com a abertura do mercado interno às importações, após a redemocratização do Brasil.

De acordo com Eid (2004), uma organização empresarial no formato de cooperativa e com a perspectiva solidária no que tange uma alternativa à empresa capitalista surgiu no início do século XIX na Europa com características ideológicas e filosóficas de uma autogestão, incluindo uma democracia interna e autonomia. Entretanto, boa parte dessas cooperativas perderam esses valores essenciais ao longo do tempo tornando-se mais proximas às empresas capitalistas da época onde a subordinação das relações de trabalho, é algo comum e enraizada numa relação de subalternidade. Já no Brasil a partir dos anos 80 ocorre um crescimento do cooperativismo, já com detalhes diferentes do cooperativismo comum, incluindo um Empreendimento Econômico Solidário e da Economia Solidária.

De acordo com as citações de Gaiger (2003), as cooperativas que surgem no contexto de economia solidária, descritas como empreendimentos econômicos solidários (EES), estão entre as diversas modalidades de organização econômica, advindas de uma livre associação de seus membros, lavendo em consideração uma autogestão, a cooperação, e a eficiência e viabilidade. Juntando-se os indivíduos excluídos do mercado de trabalho, ou ainda movidos por suas convicções pessoais, a procura de formas diferentes de sobrevivência, os empreendimentos econômicos solidários normalmente tem seu desenvolvimento em atividades nos setores da produção ou ainda da prestação de serviços, do comércio e do crédito. Apresentam-se no formato de associações, cooperativas e empresas de autogestão que vem a combinar suas atividades econômicas numa perspectiva educativa e cultural, valorizando o grupo de sócios de trabalho e o compromisso com o coletivo social no qual se inserem.

Já para Souza, (2000), os empreendimentos comunitários, se isolados, são fracos e insustentáveis. Tais grupos carecem em certo sentido de apoios institucionais sistemático de agências externas, na maioria das vezes advinda de

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verba pública e também do trabalho voluntário de simpatizantes, ou ainda de membros de grupos dos movimentos sociais.

Apesar disso, quaisquer entusiasmos e possíveis empenhos manifestados não ficam sem alguma recompensa, pois o caráter revolucionário da economia solidária geram perspectivas de superação da condição de mero paliativo contra o desemprego e a sua exclusão da sociedade conforme salienta Singer (1998):

Para pessoas humildes, que sempre foram estigmatizadas por serem pobres - sobretudo mulheres e negros, vítimas de discriminação por gênero e raça - a experiência cooperativa enseja verdadeiro resgate da cidadania. Ao integrar a cooperativa, muitos experimentam pela primeira vez em suas vidas o gozo de direitos iguais para todos, o prazer de poderem se exprimir livremente e de serem escutados e o orgulho de perceber que suas opiniões são respeitadas e pesam no coletivo.

Para Magalhães e Todeschini (2003), as novas interpretações são capazes de compreenderem com mais assertividade as possibilidades da economia solidária não simplismente como uma ação de caráter político, mas sim como embriões de formas inovadoras de produção, e da organização do trabalho, do mercado ou ainda de uma nova forma de economia em alternativa as formas tradicionais. De modo geral, as possibilidades da economia solidária ter capacidades de geração de potencial de ampliação das possibilidades de uma vasta geração de oportunidades de inovação de trabalho, juntamente com uma maior democratização da gestão do trabalho, valorizando assim tambem as relações humanas, juntando essas variáveis é possivel seguir um caminho viável para distribuição de renda.

Para Lisboa (2005), a inovação, a capacidade e o diferencial da economia solidária advem do ideal de “solidariedade”, incorporando em si a solidariedade fazendo dela a atividade central de econômia. De acordo com Souza (2000), os empreendimentos solidários, compõem os espaços de sociabilidade, e atingem também a terapia ocupacional.

Para Tiriba (1997), existe uma necessidade de haver reflexões acerca da possibilidade de constituição de uma nova cultura de trabalho, da qual as relações eram caracterizadas por perspectivas de valores de uso, e não simplesmente de

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troca, onde os trabalhadores recuperam um sentimento de produtor e aquele que é capaz de criar e mover seu próprio negócio e de sua história.

Se houver uma consideração da figura do patrão com uma cultura de negação, advinda dos ritmos e das intensidades impostas pelas máquinas, a possibilidade de satisfação de trabalhar “sem patrão”. De acordo com Souza (2003), uma característica marcante de experiências com economia solidária, é aquela onde pessoas engajadas distribuem a renda entre os membros, do qual vem do fruto do trabalho coletivo.

Para Singer (2002), a solidariedade da economia é capaz de ser realizada se a organização for feita de maneira igualitária, por aqueles que se associam para gerar valor, comercializar, consumir ou poupar. O ponto chave dessa proposta vem da associação entre aqueles iguais em vez do contrato entre desiguais. Em outras palavras, todos os sócios têm uma parcela igualitária de capital e, o mesmo direito de voto nas mais variadas decisões.

O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise sobre a economia solidária, tendo em vista as cooperativas de reciclagem de resíduos sólidos).

Conforme o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a economia solidária representa uma forma diferenciada de produzir, alienar, adquirir e trocar o que é preciso para viver.

No Brasil, a situação não é das melhores. O aspecto mais perceptível da problemática instituída é a permanência de elevados índices de desemprego ou subemprego da força de trabalho, que não é integrada pelo mercado de trabalho convencional, mesmos nos momentos de bonança. Tal panorama reforça a necessidade de se instituir instrumentos modernos e revolucionários de geração de subsídios, que ultrapassem os métodos de empreendimentos costumeiros, certificando a incapacidade no serviço de adoção de uma sólida parcela da sociedade. Já existe em alguns municípios brasileiros, entidades ligadas ao poder estatal e ainda à sociedade civil, que vem implementando um difícil trabalho, tendo em vistas a geração de empregos e rendas para as pessoas, excluindo desse modo o processo de crescimento econômico dentro do perfil denominado economia

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solidária.1

Por fim, uma grande preocupação hoje em dia é para com a questão ambiental. Fala-se muito sobre o aquecimento global, e o risco da escassez de água doce e potável, a volta das enfermidades como a dengue, e as novas influenzas, despontaram inúmeras fronteiras para a exploração capitalista. Cresce assim a concepção de que é insustentável que o mundo todo venha a ter o mesmo padrão de consumo dos Estados Unidos (EUA) e dos outros países ricos. Percebeu-se a importância de reciclagem, do consumo de novos produtos orgânicos, da diminuição do uso de produtos químicos (MILANEZ, 2003).2 Ao mesmo tempo, quem ainda não entrou no padrão de alto consumo, mas existe a possibilidade de aderir.

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

No Brasil, as interações postas pelas mudanças da reestruturação econômica mundial, introduzindo novas tecnologias de produção e também os empregos das técnicas de gestão racionalizada, veio de encontro com a crise de um modelo econômico com base nos investimentos públicos e o protecionismo.

Juntando estas questões com a crescente internacionalização econômica e os compromissos advindo da integração regional, para gerar de forma assertiva as rápidas mudanças estruturais, que dão a categoria do trabalho de naturezas distintas. Neste sentido, o cooperativismo se coloca em questão acerca da capacidade de vir a crescer e diversificar, valendo-se observar certas premissas a promoção ao desenvolvimento econômico, levando em consideração a possibilidade de união das pessoas, e valendo também o questionamento: até onde de fato é possível considerar seu capital valoroso, como a participação democrática, a solidariedade e gestão autônoma, em prol da prosperidade coletiva e não a individual?

1 CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº. 275/2001). Estabelece código de

cores para diferentes tipos de resíduos na coleta seletiva. Brasília, 2011. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res01/res27501.html>. Acessado em 1º de março de 2018.

2 MILANEZ, F. Desenvolvimento Sustentável. In: CATTANI, A. D. (org) A Outra Economia. Porto

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1.2 OBJETIVO GERAL

Tal contexto apresentado acima leva a uma investigação do presente trabalho tem como objetivo analisar os avanços, desafios e limitações das cooperativas de reciclagem de resíduos sólidos de um modo geral à luz de princípios da Economia Solidária.

Além do objetivo de criar e gerar uma continuidade aos trabalhos com cooperativas populares, buscando, desenvolvendo e consolidando tecnologias sociais propriamente ditas, de tal maneira que tentam sempre observar o contexto sócio-econômico e cultural em vista de um desenvolvimento solidário e sustentável, observadas as reduções das desigualdades sociais, além do combate à fome.

Também é necessário analisar a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada em 2010, da qual específica que todos os lixões do Brasil deveriam ser fechados até 02 de agosto de 2014, infelizmente aproximadamente 50% das cidades não cumpriram esta lei.

Sendo que a lei especifica uma política retroativa entre aqueles que criaram um produto e aqueles que a utilizaram, todas as partes tem a obrigação de cuidarem do descarte correto dos resíduos sólidos, sendo o objetivo analisar como a lei vem a influenciar as cooperativas de reciclagem de resíduo sólido.

Sendo assim, de um modo geral o objetivo de analisar e estudar os programas Coleta Seletiva se dão na busca de identificação de quais são os conhecimentos necessários para a criação e assessorias técnicas aos catadores de cooperativas observados, a economia solidária e autogestão, uma razoável organização do trabalho e o seu layout, além da captação de novos cooperados e também grupos de estudo acadêmicos.

Por fim a compilação do presente trabalho como um estudo prospectivo, de revisão literária, por meio da obtenção de informações de pesquisa na rede pública de internet, leitura, análise e interpretação de livros, periódicos e documentos sobre o tema.

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Uma vez que a pesquisa bibliográfica consiste no exame geral da teoria, onda há o levantamento e análise daquilo que fora produzido sobre a economia solidária com o foco em cooperativa de reciclagem de resíduos sólidos do qual é o tema da presente pesquisa científica.

Sendo que o objetivo das revisões bibliográficas feitas aqui como Lakatos e Marconi (2002) apontam:

“a citação das principais conclusões a que outros chegaram a permitir salientar a contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições ou reafirmar comportamentos e atitudes”.

1.2.1 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos do presente trabalho se dão numa análise do perfil das cooperativas, e as suas iniciativas de caráter político ou não. Existe uma relevância, pois há seguimento a discussão profícua no tema, entre diferentes paradigmas, formas de pensar ou viver, suscitados pelas questões acadêmicas ou no dia a dia: os valores daqueles que são cooperados estão consistentes com os princípios de Economia Solidária? Em que ponto máximo os princípios de Economia Solidária podem ser adotados em cooperativa pelos catadores de resíduos sólidos?

Entre as variadas discussões e análises houve o detalhamento dos seguintes pontos:

 Compreensão a economia solidária;

 Identificação dos resíduos sólidos possíveis de reciclagem;

 Verificação da maneira de coleta dos resíduos sólidos recicláveis;  Compreensão da relação entre a economia solidária e da coleta de

resíduos recicláveis.

 Estudos da Autogestão, em vista da falta de escolaridade e a dificuldade no desenvolvimento do processo.

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 Sustentabilidade das cooperativas e os apoios das políticas do poder público em infraestrutura e encaminhamento dos materiais recicláveis.  Efeitos socioeconômicos, e suas influências na melhoria da renda,  Resgate da autoestima, autoconfiança e a integração social dos

membros;

 Desenvolvendo das capacidades de expressão de participação social dos catadores junto à economia solidária

 Influência das cooperativas na construção da cidadania, além de uma maior responsabilidade com o meio ambiente.

Além disso, a coleta seletiva de maneira geral procura minimizar os impactos dos resíduos sólidos no meio ambiente e na população da cidade que se ocorre a coleta. Com a geração de renda, sendo uma fonte de renda alternativa ou única para os catadores de recicláveis, em sua maioria na margem da sociedade, são temas que exigem uma melhor compreensão, e uma análise detalhada das melhores experiências e suas aplicações na sustentabilidade. Além também dos programas e políticas do poder público, haja vista a ausência ou presença de autonomia para a inclusão social.

1.3 JUSTIFICATIVA

Calbino e Paes de Paula (2013) apontam que desde 1990 tem havido um avanço do tema de Economia Solidária no Brasil nos mais variados setores da sociedade, já na academia isso começa a ocorrer a partir de 1999.

Neste sentido, o cooperativismo advém de uma consequência direta de seu crescimento e diversificação, já que ele gera a capacidade de apresentar premissas, e promoções ao desenvolvimento econômico, pois unifica esforços de pessoal, considerando este, seu capital de maior valor agregado.

A escolha do tema se justifica em função do crescimento expressivo do número de cooperativas de reciclagem brasileiras. A pesquisa Ciclosoft/CEMPRE

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(2012) apontou que em 1994, somente 81 cidades tinham operacionalizadas a coleta seletiva, porem em 2012, o número de cidades era de 766 municípios com o programa, e políticas como alternativa de geração de trabalho e de renda para os catadores e catadoras. Na maioria dos casos, tal crescimento adveio juntamente de iniciativas de subsídio do setor público. Sendo que das principais estratégias destes projetos com a coisa pública e os catadores vem a ser a inclusão social e ambientalmente saudável a cidade, seja por meio do suporte à criação e organização em cooperativas, ou subsídios monetários, sendo estas questões pontos chaves para o estudo do presente trabalho.

Além disso, observada a importância do trabalho dos catadores nas coletas seletivas de resíduos urbanos e além do seu papel na cadeia produtiva da reciclagem, passa a ser óbvia a necessidade de obterem habilidades específicas para além de apenas coletar e separar os variados tipos de resíduos recicláveis. Sendo assim verifica-se uma falta nas cooperativas de catadores de um modo geral, quanto à organização fabril, e uma busca pela eficiência dos processos, a comercialização, e a autogestão e a economia solidária.

Diante de tal realidade, as questões que aparecem são as seguintes: Como quantificar as demandas de conhecimentos relevantes aos cooperados em busca da autogestão eficiente e eficaz? Justificando-se assim o estudo acerca do fato de que as cooperativas de material reciclado venham a ser uma entre aquelas dos setores de geração de renda que estão inseridas nos Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos dos municípios do Brasil

Além disso, existe um importante ponto a ser discutido e estudado, que é a identificação das funcionalidades, e atividades, além de habilidades em especial dos cooperados, são o objeto de estudo realizado em busca da elevação de seu nível de organização, e também a requalificação de atividades operacionais de reciclagem, o melhoramento da qualidade dos resíduos em vista de uma melhor comercialização, por fim a qualificação para a gestão de negócios e o reconhecimento como profissão na valorização da categoria.

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1.4 METODOLOGIA

Os dados foram buscados em fontes online em artigos científicos, em dissertações. A seleção do material foi realizada levando em conta uma busca de autores mais renomados acerca da economia solidária com o foco em cooperativas de Reciclagem de Resíduos sólidos e sites mais específicos de modo a coletar os autores que venham desenvolvendo estudos atuais sobre o assunto.

A metodologia da pesquisa bibliográfica é limitada no sentido de coletar apenas obras publicadas em bases online, já que isso possibilita uma pesquisa ampla em autores com distintas visões sobre o tema. (JUNG, 2003)

Após a escolha do tema, elaboração dos norteamentos do problema, dos objetivos, das possibilidades das cooperativas, foi realizado um levantamento bibliográfico, utilizando fontes bibliográficas diversas, tais como livros, revistas especializadas nacionais e internacionais, sites institucionais; foi realizado um estudo e uma leitura questionadora e a seleção das referências bibliográficas e elaboradas as resenhas para confeccionar o presente trabalho. (GALVÃO, 2009)

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2 REVISÃO TEÓRICA

2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS

No atual contexto brasileiro, são os mais variados os impactos socioambientais causados por meio do consumismo e também pela consequente geração de resíduos. A gestão dos resíduos, principalmente os resíduos sólidos são um dos grandes desafios da atual sociedade contemporânea, assim como os demais problemas ambientais que aparentam caminhar para soluções complexas e de interrelação: uma diminuição da biodiversidade, aumento da poluição da água, o desmatamento, as mudanças climáticas, além da agressão ao buraco da camada de ozônio, e a crise energética ambiental, entre outras questões.

Segundo De Marco, Battistele e Castro (2010):

Os locais para a disposição de todo este material têm se tornado cada vez mais escassos, exigindo iniciativas urgentes para a redução da quantidade de rejeitos enviadas aos aterros sanitários ou clandestinos. Como agravante, verifica-se um aumento dos catadores nestes locais, não apenas colocando em risco a sua integridade física, mas também, submetendo-se a condições de marginalidade social e econômica, que, muitas vezes, se confunde com o próprio conceito de lixo.

De acordo com Logarezzi e Cinquetti (2006), os resíduos de modo geral são caracterizados como sobras de uma atividade humana qualquer, sendo esta natural ou ainda cultural.

Possuindo categorias distintas e são gerados nos mais variados contextos, seja na área urbana ou ainda na rural. Os resíduos sólidos, por não apresentarem mais utilidade a alguns grupos sociais de maior poder monetário, normalmente pela obsolescência planejada ou ainda obsolescência perceptiva, são descartados como “lixo”.

Entretanto, alguns destes resíduos possibilitam na maioria das vezes como a única fonte de renda para muitas pessoas excluídas do mercado de trabalho formal, que venham realizar a coleta e a venda desses, gerando assim o seu

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sustento de vida e às vezes também o de seus familiares. Estas pessoas são capazes de gerar renda por meio dessas atividades, além de contribuírem com a gestão integrada de resíduos sólidos urbanos, conhecidos popularmente por “catadores/catadoras” que trabalham seja informalmente ou ainda como de forma institucional majoritariamente em cooperativas.

Os resíduos sólidos de modo geral são os materiais do resultado das atividades humanas, normalmente aqueles com possibilidade de aproveitamento, seja para reciclagem ou para sua reutilização. Os materiais que fazem parte de forma ampla da produção de embalagens, tem um papel principal como fonte de participação de materiais em resíduos sólidos, entre eles o aço, alumínio, papel/papelão, plástico e tambem o vidro.

De acordo com os dados parametrizados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), aproximadamente 30% do alumínio consumido tem seu fim na fabricação de embalagens, dentre os 30% há 55% que advém de latas de alumínio, principalmente de refrigerantes. Já o consumo do aço brasileiro está em crescimento de maneira significativa, mesmo que venha a ser somente 4% no setor de embalagens. Uma vez que exista esta pequena participação do setor de embalagens, esses 4% equivalem a mais da metade dos recipientes de alumínio, devendo-se a sua grande densidade e a maior variedade de produtos, dos quais vem a utilizar latas de aço, entretanto, este vem sendo trocado por materiais como alumínio e plástico.

De acordo com Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o papel/papelão se apresenta com um alto valor agregado no setor de embalagens, uma vez que há 50% do seu consumo é voltado somente a esta produção. O papel/papelão tem sua diferenciação dos demais resíduos já que boa parcela dos seus produtos acabam por ter um ciclo de vida pequeno. Já os resíduos de embalagens plásticas tem uma magnitude próxima ao do aço, porém, considera-se sua baixa densidade, de tal maneira que o volume de resíduos de embalagens plásticas venha a ser maior que aqueles das embalagens de aço. Aproximadamente 40% do consumo de vidro se encontram na produção de embalagens, entretanto, sua participação em reciclagem acabam por haver algumas especificidades, uma

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vez que existem dificuldades técnicas, além das possibilidades de sua reutilização serem pequenas ou pouco lucrativas.

Os resíduos sólidos urbanos (RSU), são aqueles resíduos produzidos pelos domicilios e tambem aqueles feitos pela limpeza urbana. Compreendendo assim uma variedade de pontos integrados, entre eles ações de logística reversa, a busca de uma coleta seletiva integrada à cooperativa de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, e também de empreendimentos de compostagem, e também da recuperação energética.

A mobilização feita pelos catadores de materiais recicláveis foi instigada por meio do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), do qual resultou após 2001, avanços nas políticas públicas e no melhoramento das condições de trabalho dos cooperados. Tais avanços foram concretizados por meio de ações coletivas de mobilizações na reivindicação dos direitos no país.

A primeira conquista veio pelo reconhecimento da profissão do catador como categoria de ocupação no ano de 2002. Onde a luta por direitos veio por meio da articulação pela criação de programas e políticas para a economia solidária. Já em 2003 ocorreu o processo de construção das políticas públicas de economia solidária brasileira, envolvendo por meio de diálogos entre movimentos sociais e atores governamentais.

Béatrice Alain (2015) destaca os variados aspectos de significado de representação dos movimentos sociais, e a sua atuação na rede e na integração, acerca das relações com o governo, e o compromisso das colaborações intergovernamentais e o apoio de forma prolongada.

O Comitê Interministerial para Inclusão Socioeconômica de Catadores de Materiais Recicláveis (CIISC) se coloca como um local de colaboração intergovernamental em busca da construção de programas e políticas públicas, juntamente com variados ministérios e órgãos governamentais, em especial com o ministério de Ciência e Tecnologia, em especial com a criação e aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

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A Lei 12.305 de 2010 (Brasil, 2010) que institui a Política Nacional de Residuos Sólidos (PNRS) vem a estabelecer inovações sobre regulações para a gestão de resíduos sólidos, em especial aquelas que produzem a inclusão socioeconômica dos catadores de materiais recicláveis principalemtne por meio de cooperativas e associações autogestionárias na autogestão integrada de resíduos sólidos e sua reciclagem.

A nova legislação se deu como resultados nos variados arranjos institucionais de inovação, juntamente com o desafio aos estados e os municípios para colocar na prática tais dispositivos.

Ana Cecília Dinerstein (2014) aponta preocupações no que tange a tensão entre a dimensão de emancipação da economia solidária, que se dá como prática dos movimentos sociais, das quais o ministério de Ciência e Tecnologia, teve o mérito de buscar nos seu processos uma forma de tradução das possiveis práticas em políticas de estado.

Esta nova legislação é resultado de experiências locais de gestão integrada de resíduos sólidos e de coleta seletiva solidária. Entretanto em várias cidades os catadores continuam trabalhando de forma marginal no que tange uma autogestão de resíduos sólidos urbanos, além de condições precárias de trabalho, e uma extrema baixa renda, que se coloca insuficiente para a subsistência de si mesmo e de seus famíliares. Em vista de buscar mudar tal cenário e vislumbrar a construção de estratégias efetivas de direitos e também de melhorias nessas condições supracitadas de trabalho dos catadores, o ministério de Ciência e Tecnologia lançou em 2014 a campanha para a reciclagem popular.

O conceito de reciclagem popular foi descrito com maior detalhamento em 2013 a partir do 1º Seminário Nacional Rotas Tecnológicas para a Gestão e Tratamento de Resíduos Sólidos.

O conceito de reciclagem popular é realizada por meio de uma abordagem de modelos de gestão integrada aos resíduos sólidos, de tal forma que a reciclagem é feita por catadores organizados nas chamadas cooperativas autogestionárias, por meio da prestação de serviços de Coleta Seletiva Solidária (CSS), onde a triagem dos materiais, e tambem as modificações nas variações

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dentro da reciclagem busca auxiliar e comercializar os membros de forma coletiva, garantindo assim uma gestão compartilhada, e visando além disso a distribuição da renda, da riqueza, do poder e também do conhecimento gerado por meio do manejo e reciclagem dos resíduos sólidos.

O projeto governamental segue a linha onde visa à produção e distribuição da riqueza nos mais variados campos da cadeia produtiva da reciclagem, além é claro de retirar a centralidade do poder das deliberativas acerca dos preços de materiais, ou ainda aquilo que será produzido ou reciclado dentro desta cadeia, principalmente no que tange a distribuição, e também ao compartilhamento dos conhecimentos criados por meio da reciclagem destes resíduos.

A reciclagem popular tem a capacidade de representatividade num modelo inovador de reciclagem baseado em diferentes conceitos. De acordo com o Ministério de Ciência e Tecnologia (2014): “O principal objetivo é combater a desigualdade nesta cadeia, fazendo com que os/as trabalhadores (as) sejam valorizados (as) em todo o processo produtivo, garantindo a gestão compartilhada dos resíduos”.

A reciclagem popular é compreendida pelas práticas que fazem parte da chamada cadeia produtiva da reciclagem, feitas pelos catadores do Brasil com as suas associações e cooperativas autogestionárias, que se divide de acordo com Fundação Luterana de Diaconia - FLD (2015):

 Coleta;  Triagem;

 Compostagem;  Enfardamento;

 Beneficiamento e industrialização dos materiais recicláveis.

Tal reciclagem popular se baseia em três pilares de distribuição descritos abaixo:

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 A distribuição da riqueza;  A distribuição do poder;

 A distribuição dos conhecimentos gerados a partir dos resíduos.

Atualmente há um alto aglutinamento dos resultados econômicos da reciclagem, nas mãos de atravessadores e de indústrias de reciclagem.

Entre as várias reivindicações do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), há uma que se trata da remuneração mais justa acerca dos serviços prestados na coleta e triagem de materiais recicláveis, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), um resíduo sólido deve ser tratado como um bem de valor econômico, além de um valor social, que gera trabalho e além de renda e promove a cidadania” de acordo com o MNCR (2013).

O equilíbrio ecológico é colocado em risco em virtude da produção insustentável e o consumo exagerado, seja pela exploração indiscriminada dos recursos naturais como pelo aumento da emissão de resíduos sólidos urbanos.

Os resíduos sólidos têm sido negligenciados tanto pelo público como pelos legisladores e administradores, devido provavelmente à ausência de divulgação de seus efeitos poluidores.

Como poluente o resíduo sólido tem sido menos irritante que os resíduos líquidos e gasosos, porque colocado na terra não se dispersa amplamente como os poluentes do ar e da água.

De acordo com Pereira Neto (1994, p. 5):

O resíduo sólido urbano doméstico, hoje é constituído por uma massa heterogênea de resíduos, dos quais fazem parte uma gama de produtos de risco, muitos deles tóxicos, além de materiais combustíveis, orgânicos, inertes, etc. são produtos introduzidos no mercado por hábitos que foram desenvolvidos na população, acarretando um ciclo vicioso de dependência, característico do modelo capitalista. Estes induzem ao consumo e à maior produção de artigos de vida útil muito curta, e ao conseqüente grande volume de embalagens descartáveis: sacos plásticos rígidos e filmes, isopores, tetra-pack, etc.

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Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) através da Norma nº. 10.004 de setembro de 1987, resíduos sólidos são os resíduos nos estados sólidos e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente viáveis em face à melhor tecnologia disponível.

Em termos jurídicos, o vocábulo abrange muito mais elementos, como o refugo e outras descargas de materiais sólidos e até líquidos ou gasosos, produzidos pela população em geral, inclusive as provenientes de operações industriais, comerciais e agrícolas, excluídos os decorrentes dos esgotos domésticos e os existentes nos recursos hídricos (MACHADO, 2005, p. 546).

Já a lei Japonesa 137, de 1970, sobre disposição de resíduos sólidos e limpeza pública, tem um conceito de resíduo sólido mais amplo, abrangendo “refugo de pequeno e grande porte, cinza, lama, excreções humanas, resíduos de óleo, resíduos alcalinos e ácidos, carcaças e outras asquerosas e desnecessárias matérias as quais estejam no estado sólido e líquido” (excluindo os resíduos radioativos ou aqueles que poluem pela radioatividade dos resíduos) (MACHADO, 1998, p.462).

2.1.1. Poluição por resíduos sólidos

Como bem afirma Fiorillo (2005, p. 179), “lixo e consumo são fenômenos indissociáveis, porquanto o aumento da sociedade de consumo, associado ao desordenado processo de urbanização, proporciona maior acesso aos produtos”.

Não podemos negar que, atualmente, quase a totalidade dos resíduos sólidos urbanos descartados provém dos bens consumidos. Os desejos do ser humano são infinitos, e assim também o são as quantidades de produtos ofertados às pessoas pelo comércio.

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Tudo isso para assegurar o bem-estar da população, aprimorando a qualidade de vida, afinal a compatibilização do desenvolvimento social e econômico também é um dos fins da política ambiental (MACHADO, 2005, p. 545).

A toxidade dos resíduos sólidos está aumentando com o maior uso de produtos químicos, pesticidas e com o advento da energia atômica. 3

Os resíduos sólidos são os principais agentes poluidores do solo e subsolo. O lixo disposto irregularmente, também pode contaminar o ar e as águas, além de causar a proliferação de inúmeras doenças.

O descaso por parte do Poder Público e também da população somado ao aumento do consumo e da toxidade dos novos produtos agravam ainda mais a situação. Sem contar o aumento da população urbana que como conseqüência, produz muito mais lixo.

A redução da produção de resíduos sólidos urbanos é uma das formas mais eficazes de se combater a poluição.

2.1.2. Reciclagem de resíduos sólidos

O termo reciclagem representa o conjunto de métodos que tem por finalidade, o aproveitamento dos resíduos e reutilizá-los no ciclo da produção de que saíram. É fruto de uma série de atividades, pela qual, materiais que se tornariam resíduos, ou estão no lixo, são desviados, coletados, separados e processados para serem utilizados como matéria-prima na produção de novos produtos.

Conforme a definição dada pela Agência Ambiental Norte-Americana (EPA), a reciclagem é a ação de coletar, reprocessar, comercializar e utilizar materiais antes considerados como lixo (VALLE, 2004, p.112).

Segundo Miller (2008, p.453), “a reciclagem é um modo relevante de coletar materiais residuais e transformá-los em produtos úteis que podem ser comercializados no mercado”.

A reciclagem pode ser dividida em dois sistemas distintos de reciclagem: o ciclo fechado e o aberto, ou seja, reciclagem primária e a reciclagem secundária. 3 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Meio Ambiente Urbano. Rio de Janeiro: Forense, Universitária,

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Estas duas modalidades vêm sendo cada vez mais utilizados pelas indústrias, inclusive no Brasil, onde se manifesta um impressionante crescimento em termos de reutilização de materiais e produtos. Desse modo, propostas alternativas concretas de tratamento e diminuição da geração de resíduos, desenvolvendo e utilizando recursos tecnológicos de reciclagem.

Existem duas formas de resíduos que podem ser objetos da reciclagem. O resíduo pré-consumo ou interno é produzido em um processo de fabricação e reciclado em vez de ser descartado. O resíduo pós-consumo ou externo é produzido pelo consumo dos produtos (MILLER, 2008, p.454).

A reciclagem de metais tem a sua grande importância, pois dependendo da eficiência do processo utilizado, gera economia de até 40% (quarenta por cento) da energia utilizada na produção primária do metal.

As matérias-primas utilizadas pelas empresas de reciclagem são sucatas de latas advindas de resíduos domiciliares e aparadas metálicas de indústrias. Os metais na forma de sucata têm grande importância na indústria metalúrgica no Brasil. Os ferros velhos e sucatas devem ser separados conforme o tipo de metal que se quer aproveitar como o aço e o alumínio, para então, serem encaminhadas às indústrias interessadas nestes metais.

A reciclagem de latas e alumínio usados no Brasil é uma relevante atividade econômica, que foi iniciada em 1990 e cresceu de tal maneira, que, hoje atinge os maiores índices do planeta.

Os plásticos são elencados dentro de uma classe de materiais chamados polímeros, os quais podem ter uma infinidade de formas e funções, por esta razão, muitos desses polímeros são reciclados. As principais vantagens do uso de plásticos são:

- menor consumo de energia na sua proteção; - diminuição do peso do lixo;

- menor custo de coleta e destino final; - poucos riscos no manuseio;

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- além de plásticos, são totalmente recicláveis.

Já o vidro, resulta da mistura da areia, barrilha, calcário, feldspato, e aditivos que, derretidos a cerca de 1.550ºC. o vidro tem como principal componente a sílica, sendo possível fazer vidro só com a fusão da sílica. Boa parte dessas matérias-primas é importada de outros países ou surgem de jazidas em franco esgotamento.

Os vidros não pode ser considerados lixo, pois são matéria-prima pura. Além de não degradarem naturalmente o meio ambiente, revelam outra peculiaridade que lhes são única, são 100% recicláveis.

Entre os papéis que podem ser reaproveitados, o de jornal talvez seja o de mais fácil e simples reciclagem. No Brasil a disponibilidade de resíduos de papel industrial ou doméstico é muito grande.

Pelos dados do CEMPRE (Compromisso Empresarial Para a Reciclagem), 90% do lixo produzido nos escritórios brasileiros compõem-se de papel reciclável. Estima-se que 35% do papel produzido no país na década de 1990 tenha sido de matéria-prima reciclada. Nos Estados Unidos esse número é de 27,6%, e cai para 10,8% no Canadá.

A reciclagem do papel é uma medida que resulta um retorno econômico e ecológico. Estatísticas do CEMPRE mostram que cada tonelada de papel reciclado pode substituir uma área de 350 m² de monocultura de eucalipto, além de economizar 20 mil litros de água, e 1,2 mil litro de óleo combustível.

2.2 ECONOMIA SOLIDÁRIA

Desde as últimas décadas do século XX vem ocorrendo transformações relativas ao processo de trabalho, marcadamente a substituição dos trabalhadores pelas novas tecnologias, contexto no qual, os menos qualificados são sacrificados.

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“Assim, a atualidade vem exigindo a criação de alternativas de geração de trabalho e renda como fonte de subsistência aos sujeitos que comumente estão à margem do mercado formal de trabalho. Diante desta realidade, a Economia Popular Solidária vem configurando-se no Brasil – diante do processo de reestruturação do capital –, como uma das alternativas existentes para os sujeitos que se encontram à margem do mercado formal de trabalho, visando à geração de trabalho e renda”. (GOERCK apud CALDAS et al., 2011, p. 293)

A globalização possibilita uma disseminação intensa de informações a grande velocidade, e nesse contexto, amplia-se a discussão em torno da prática da economia solidária.

“Tendo por base a “Carta de Princípios” elaborada no Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES) a “Economia Solidária constitui o fundamento de uma globalização humanizadora, de um desenvolvimento sustentável, socialmente justo e voltado para a satisfação racional das necessidades de cada um e de todos os cidadãos da Terra seguindo um caminho intergeracional de desenvolvimento sustentável na qualidade de vida. Os princípios gerais da economia solidária são:

- A valorização social do trabalho humano e em equipe,

- O reconhecimento do lugar fundamental da mulher e do feminino numa economia fundada na solidariedade;

- A busca de uma relação de intercâmbio respeitoso com a natureza, e os valores da cooperação e da solidariedade, um caminho que valoriza os seres humanos, independente da sua cor de pele, sexo, idade, orientação sexual, condição econômica ou cultural”. (OLIVEIRA, 2010, p. 1)

Singer (apud CALDAS et al., 2011) afirma que “a economia solidária lança os alicerces de novas formas de organização da produção à base de uma lógica oposta aquela que rege o mercado capitalista”.

A Economia Solidária é um novo conceito de organização de trabalho, onde as relações de trabalho dão-se entre pares e não mais ao Estado como no regime socialista ou ao proprietário dos meios de produção como no capitalismo. Trata-se de um modo de produção, onde as trabalhadoras e trabalhadores são sujeitos críticos e conscientes com capacidade para compreender, influenciar o seu meio.

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Do processo dialético entre socialismo e capitalismo, temos o surgimento de uma terceira via denominada Economia Solidária, cuja concepção vai além da geração de trabalho e renda, pois a sua evolução compreende o desenvolvimento da dimensão social, econômica, política, ecológica e cultural construindo um ambiente socialmente justo e sustentável.

Há uma discussão que toma espaço entre os especialistas que procuram explicar a reestruturação do capital com a responsabilidade do Estado, passando para o Terceiro Setor, chegando à Economia Solidária, há estudiosos que afirmam que ambos são coincidentes.

“O ‘terceiro setor’ é resultado do processo de reestruturação do capital na medida em que se apresenta como uma opção teórico-metodológica capaz de responder às demandas das questões sociais. Assim, faz parte das medidas para a contra-reforma do Estado amparada pela suposta escassez de recursos do Estado e pela existência de uma nova questão social da qual o terceiro setor seria mais apto e competente para solucioná-la. (MONTAÑO apud AMORIM, 2010, p. 75)

A retirada do Estado como responsável das políticas sociais, deixando para o Terceiro Setor (ONGs, Instituições Sociais) é trágica para a questão social, pois limita as ações da política social e as deteriora.

“[...] as limitações que existiam no padrão anterior de resposta à “questão social” não apenas não são resolvidas pela reestruturação liberal, mas em muitos casos são agravadas; assim: a má distribuição e baixa cobertura dos programas sociais; o caráter predominantemente contratualista (excluindo os não contribuintes); a estratificação de benefícios, reproduzindo as desigualdades; a inexistência de um enfoque redistributivista da política social; ausência de proteção econômica para o desempregado; um padrão financeiro perverso, insuficiente e regressivo [...] é caracterizado pela primazia de “programas assistencialistas de caráter apenas suplementar e emergencial, dirigidos apenas para os pobres (MONTAÑO apud AMORIM, 2010, p. 76-77)

Conforme Santos (2010), a economia solidária aparece de maneira de produção e distribuição alternativa ao capitalismo, instituído e recriado de maneira

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periodicamente pelos que se encontram (ou temem) ficar excluídos no mercado de trabalho.4

Nas palavras de Singer (2003): 5

[...] o movimento surgiu no Brasil inicialmente para combater a miséria e o desemprego gerados pela crise do petróleo na década de 1970, e se transformou em um modelo de desenvolvimento, que promove não só a inclusão social, como pode se tornar uma alternativa ao individualismo competitivo das sociedades capitalistas.

A economia solidária consiste num retorno às linhagens do socialismo, sendo perpetrada em pelo menos em duzentos países, o Brasil é um exemplo de que a economia solidária é aplicação do cooperativismo. 6

Para buscar uma compreensão mais aprofundada da economia solidária, é necessário descartar os conceitos de dizer que economia só pode ser compreendida, de forma exclusiva como mercado, e buscar observar que em todas as sociedades existem as mais váriadas formas de empresas e associações, do qual existem outras motivações do homem, além daquilo que seja material e da busca de lucratividade.

A solidariedade, por exemplo, segundo Flem (2013) vem sendo um vetor de organização da produção. A economia solidária é compreendida atualmente como o “conjunto de atividades econômicas, seja elas de produção, distribuição, consumo, poupança e crédito, das quais estejam organizadas e realizadas de forma solidária por trabalhadores e trabalhadoras na forma coletiva e autogestionária”, de acordo com Associação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Autogestão -ANTEAG (2009).

A economia solidária está no ponto onde a eficiência não deve limitar-se aos benefícios materiais de um empreendimento, e incluir também como uma eficiência social, levando em conta a qualidade de vida e do bem-estar de seus membros e, além do meio ambiente. Sendo assim, é comum que várias 4 SANTOS, L. M. L.; BORINELLI, B. Economia Solidária: propostas e perspectivas. In: Economia

Solidária em Londrina: aspectos conceituais e a experiência institucional. Londrina: UEL, 2010.

5 SINGER, Paul. Uma outra economia é possível: Paul Singer e a Economia Solidária/André Ricardo

de Souza, Gabriela Cavalcanti Cunha, regina Y. Dakuzaku (orgs.). São Paulo: Contexto, 2003, p.38.

6 ECONOMIA SOLIDÁRIA ESPERA FORTALECIMENTO POR MEIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS.

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cooperativas de catadores procuram tal modelo de empreendimento cooperativo e solidário. Uma vez que, a economia solidária tem posto em seu conceito uma autogestão aonde cada agente deve participar das ações de tomada de decisões, na mesma medida que ele venha a ser afetado pelas consequências.

Conforme aponta Santos e Borinelli (2010), a economia solidária nesceu da mesma maneira que uma forma de produção e também de distribuição alternativa ao capitalismo, transformando de maneira periódica por aqueles que se encontram marginalizados no mercado de trabalho.

Alguns estudos demonstram que as bases da economia solidária começaram com Robert Owen, um administrador de uma grande tecelagem, também considerado o pai do socialismo e um dos criadores do cooperativismo. No século XVIII Robert Owen reduziu as jornadas de trabalho, e retirou as crianças das fábricas, além de criar toda uma organização, na defesa do ideal do socialismo, sendo também o primeiro grande líder da Central Única de Trabalhadores da Grã-Bretanha, a primeira grande central sindical do mundo.

Os trabalhadores partidários de Owen, criaram a chamada autogestão e o princípios fundamentais das ações democráticas. Valendo-se para as cooperativas até hoje, de acordo com os dados da Aliança Cooperativa Internacional (2014), milhões de pessoas participam de cooperativas, dos mais variados tipos.

Para Paul Singer (2003, p. 38):

[...] o movimento surgiu no Brasil inicialmente para combater a miséria e o desemprego gerados pela crise do petróleo na década de 1970, e se transformou em um modelo de desenvolvimento, que promove não só a inclusão social, como pode se tornar uma alternativa ao individualismo competitivo das sociedades capitalistas.

Existe a hipótese de que a economia solidária é um retorno às linhagens socialistas, no formato que vem ocorrendo em termos praticos em ao menos 200 países, o Brasil por exemplo, tem-se a economia solidária como uma aplicação direta do cooperativismo.

Já para Morais (2013), no Brasil as políticas públicas acerca da economia social e solidária tem um espaço maior apos a criação da Secretária Nacional de

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Economia Solidária (SENAES), do qual ocorreu em 2003, sendo esta ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego no Governo Federal.

Porém, a SENAES se originou na história através da mobilização e articulação do movimento da economia solidária que existia no Brasil desde a década de 80, período da redemocratização do país, do qual foi fonte da construção a partir do espaço das discussões e articulações de âmbito nacional, que iniciaram durante as atividades do primeiro Fórum Social Mundial, realizado em 2001, em Porto Alegre.

Ainda de acordo com Morais (2013), a economia solidária tem ganhado uma razoável visibilidade econômica, social e política nos últimos anos. Atualmente observa-se o crescimento de iniciativas da produção e prestação de serviços sociais e também pessoais, criados de acordo com a livre associação além dos princípios de cooperação e autogestão como aponta o Ministério do Trabalho.

A economia solidária tem certos conceitos do qual buscam garantir uma identidade, mesmo que haja dentro delas múltiplas e variadas experiências, no que tange o modelo econômico clássico, elas são postas em evidência por Singer e Souza (2000, p 13):

 Posse coletiva dos meios de produção pelas pessoas que os usam para produzir;

 Gestão democrática da empresa ou por participação direta ou por representação dependendo do número de cooperados;

 Repartição da receita liquida entre os cooperados, conforme decisão em assembleia;

 Destinação do excedente anual (sobras) segundo critérios acertados entre todos;

 A cota básica do capital de cada cooperado não é remunerada;  Somas adicionais emprestadas a cooperativa proporcionam a

menor taxa de juros do mercado.

Atualmente o país conta com mais de 30 mil empresas na forma de cooperativa, nos variados campos da economia, em sua maioria nas áreas de

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agricultura familiar. Tendo subsídios, próximos de dois milhões de pessoas, mobilizam anualmente cerca de 12 bilhões de reais.

2.3 AUTOGESTÃO

A autogestão tem a sua definição na ausência de Estado levada às últimas consequências. Motta (1981) aponta que a sociedade se organiza em grupos ou comitês de operários que tomam conta das suas unidades produtivas, de tal maneira que vem a se reunirem em instâncias superiores com poderes deliberativos acerca de assuntos de interesse geral.

Neste sentido, a autogestão, é colocada juntamente com os ideais socialistas, e tambem dos processos de busca libertária dos operários. A economia solidária e autogestão são variáveis que caminham juntas, entretanto elas não são em si sinônimas como aponta Nascimento (2004).

Já a partir da segunda metade dos anos 70, o aumento do desemprego veio a ser um problema histórico dos trabalhadores. Em várias décadas a seguir, ocorre a desindustrialização das várias nações centrais, além dos países semi industrializados como o Brasil, suprimindo os mais variados postos de trabalho formal, onde haver empregos passou a ser um dos privilégios entre as minorias, segundo Cançado (2007, p. 76).

Os sindicatos em certo momento perderam certa capacidade de lutar pelos direitos dos trabalhadores. No que tange a economia solidária foi reinventada, pois a democracia passou a ter um alto valor, e uma igualdade nos empreendimentos, além da busca pela autogestão e ações contrárias ao assalariamento.

De acordo com Nascimento (2004),

[...] para construir uma economia solidária depende da própria população, de sua disposição de aprender e experimentar, de sua adesão aos princípios da solidariedade, da igualdade e da democracia, e de sua disposição de seguir esses princípios da vida cotidiana.

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Para Pitaguari (2010), o desafio inicial se dá no baixo nível de qualificação profissional dos trabalhadores e a falta de conhecimento sobre as tecnologias tradicionais para a capacitação de uma produção em largas escalas.

Conforme a II Conferência Nacional de Economia Solidária – CONAES (2010), a organização do trabalho no que tange os empreendimentos das cooperativas de economia solidária tem características nos seguintes elementos:

a) a autogestão torna cada trabalhador consciente do seu papel no todo em que atua;

b) a inteligência coletiva de trabalhadores está permanentemente a serviço do desenvolvimento do empreendimento econômico solidário e de seus sócios e sócias (inclusive porque todos os ganhos de produtividade e resultados do processo de produção são diretamente apropriados pelos mesmos);

c) há uma necessária vinculação ao território em que a atividade econômica solidária está inserida, levando ao respeito às especificidades e culturas regionais e ao meio ambiente onde é desenvolvida.

A autogestão pode ser descrita também de outra maneira, sendo um modelo de gestão democrática e participativa, de tal forma que todas/os as/os associadas/os, tem o direito na tomada de decisão e são mantenedoras e donas/os do empreendimento, do qual participam. Conforme aponta o 1º Plano Nacional de Economia Solidária (2015-2019):

A autogestão é uma característica fundamental da economia solidária, e que assume concretude em um conjunto de práticas democráticas nas decisões estratégicas e cotidianas dos empreendimentos, contribuindo para a emancipação do trabalho ao tornar cada pessoa associada consciente e corresponsável pelos interesses e objetivos que são assumidos coletivamente. (BRASIL, 2015, p.16).

Para Antônio Cruz (2013, p.141) existe a afirmação de que os trabalhadores cooperados são a constituição de um grupo de trabalhadores emancipados do assalariamento, já que por meio das relações sociais construídas nos meios de produção vem a serem mais igualitárias.

Para Neusa Maria Dal Ri e Candido Giraldez Vieitez (2013, p.147) o trabalho associado é um resultado de certos protagonismos especiais daqueles que

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trabalham pelo coletivo, sendo que muitas vezes os trabalhadores atuam também como educadores, sendo que o trabalho associado está baseado numa autonomia dos mesmos de acordo com o sistema de cooperação.

Dal Ri e Vieitez (2001) já abordaram as questões acerca da tensão nos empreendimentos autogestionários, pois neste processo autogestionário os cooperados controlam os produtos do seu trabalho, além da relação no mercado capitalista, sendo ainda estes a continuidade de vir a serem os produtores de mercadorias.

[...] por um lado, a comunidade de trabalho coloca valores sociais de solidariedade, ajuda mútua, associativismo e planejamento social, por outro, a prevalência do fetichismo da mercadoria suscita o individualismo competitivo tanto da empresa como dos associados. (DAL RI, VIEITEZ, 2001, p.103).

Dal Ri e Vieitez (2013, p.148) afirmam que o trabalho de associações se encontrou por certo período na fase experimental, ja que suas bases se dão numa nova concepção, da qual os cooperados, aqueles que factualmente são produtores e geradores da riqueza, estão na posição de erigidos em protagonistas dos processos realizados nos meios produção e reprodução da vida social que venham a ser mais igualitárias.

Já a busca por direitos e da justiça na autogestão, acaba por ser um dos elementos relevantes que movimentam várias ações dos cooperados, e o controle dos processos do meio de produção.

De acordo com Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável - INSEA (2015) a promoção de melhorias se não em gestões integradas dos resíduos sólidos, visando a construção de sinergias entre os agentes econômicos, observadas as possíveis estratégias para efetivação dos mais variados direitos e melhoramentos nas condições de trabalho nas cooperativas de reciclagem de resíduos sólidos.

Por fim, existem políticas que colocam a autogestão como introdução integrada dos resíduos sólidos urbanos, assim sendo capaz de promover a democratização nas tomadas deliberativas. Onde a sistematização das práticas e

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dos saberes dos catadores, e também a sua socialização de conhecimentos das universidades se dá como necessária em prol do desenvolvimento de novas tecnologias sociais em busca do aperfeiçoamento da gestão integrada de resíduos sólidos e a sua melhoria na eficiência de coletas seletiva solidárias.

2.4 COOPERATIVA

É importante entender como a cooperativa surge e segundo Singer (2001):

A cooperativa de produção, talvez a mais importante das empresas solidárias, surge muitas vezes como defesa contra a ameaça da pobreza. Empresas capitalistas em vias de falir são assumidas pelos seus trabalhadores, que integralizam o capital com seus créditos trabalhistas e, naturalmente, as reorganizam como empreendimentos autogestionários. A outra origem importante das cooperativas de produção é a cooperativa de consumo. Esta surge como reação à exploração sofrida pelos pobres nas mãos do comércio varejista, na época da 1ª Revolução Industrial. Com o seu crescimento, o cooperativismo de consumo suscita o de produção, oferecendo a este um mercado preferencial.

Para Zanin e Mônaco (2008), além das cooperativas, existem diferentes formas de empreendimentos apresentados com características convergentes em suas atividades econômicas, sendo elas: associações, clubes de troca, empresas recuperadas, além das organizações de finanças solidárias, ou ainda grupos informais, sendo todas estas baseadas na cooperação, na solidariedade e na autogestão entre os membros. Além de terem uma preocupação na propriedade coletiva dos meios de produção, e como consequência gerar a justiça social.

Segundo Culti (2002), o processo de criação e a posterior incubação dos empreendimentos de cooperativas, frisando o seu assessoramento proposto mostra determinadas fases que vem a incluir o levantamento e o mapeamento de trajetórias ocupacionais e de pessoal dos interessados, além dos objetivos e a motivação de cada interessado em vista da formação do empreendimento. As formações do grupo beneficiário se dão através da discussão acerca do cooperativismo e do

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associativismo com as empresas de capital privado, e a avaliação de diferentes formas de decisão da atividade fim das cooperativas, sendo elas:

 Uma pesquisa detalhada de mercado;  Os possíveis concorrentes,

 Pré-projeto econômico-financeiro;

 Avaliação sobre a possibilidade de parcerias privadas ou públicas;  Avaliação de chances de inserção numa cadeia produtiva;

 Criação de Planos e Políticas de desenvolvimento local e regional;  Capacitação técnica e administrativa;

 Elaboração de Estatuto e documentos jurídicos pertinentes;

 Elaboração de Regimento Interno, do qual ajuda o dia a dia na cooperativa;

 Legalização do empreendimento, frente às instâncias competentes;  Acompanhamento sistemático e assessoramento contínuo na

inserção e manutenção do empreendimento frente ao mercado;  Avaliação do grau de autonomia do grupo.

Observados esses pontos e as finalidades específicas dos quais visa atender as fases avaliativas de alternativas e tomadas de decisão de atividades-fins das cooperativas empreendedoras, gera-se o entendimento aqui da possibilidade introdutória de técnicas mercadológicas comunicativas e tecnológicas de reciclagem de resíduos sólidos.

Assim também ocorrem testes avaliativos acerca das possibilidades de parceria, sendo estas avaliações sobre possibilidades de inserção numa cadeia produtiva, como ocorre com Planos e Políticas de desenvolvimento local e regional; de tal modo bem específico à capacitação técnica e capacitação na administração.

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Os sistemas de acompanhamento feitos na hora de criar as cooperativas são aquelas que compreendem:

 Reuniões de forma periódicas nas avaliações com uma equipe visando reanalisar as ações de execução e direcionamento das novas ações e práticas;

 Avaliações continuada com os participantes sobre a relevância da experiência no contato inerente a realidade e o desenvolvimento de habilidades e as competências em busca de observar os limites da realidade, propondo formas de enfrentamento;

 Avaliações periódicas acerca do progresso na adoção da coleta seletiva sobre reciclagem de resíduos sólidos, principalmente quando isso vem de encontro ao incremento de renda gerado pela comercialização dos materiais reciclados;

 A produção de material científico entre os envolvidos no processo sejam eles docentes, discentes e técnicos, além da verificação do impacto social através da participação efetiva do público-alvo, ou seja, população e cooperados nas atividades propostas.

2.5 COOPERADOS/CATADORES

No que tange os resíduos sólidos se o caminho de reflexão vier através do perfil dos catadores, observa-se que há distinções entre aqueles de décadas atrás, onde o catador era conhecido por garrafeiro, ferro velho ou aquele trabalhava apenas com papéis, garrafas e materiais ferrosos. Entretanto, com o crescimento das cidades, além do aumento do desemprego, principalmente a partir da redemocratização do Brasil, o catador transformou-se, passando a coletar os mais variados tipos de resíduos recicláveis, sendo estes: papéis, papelão, metais, vidros e plásticos.

Referências

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