FUNÇÃO PULMONAR
ALÉM DA ESPIROMETRIA
Maria Raquel Soares Doutora em pneumologia pela UNIFESP
São Paulo - SP
PLETISMOGRAFIA
(Volumes e Rva)
Dubois AB et al. J. Clinic Invest 1956,35: 327- 335 Arthur Dubois
Distúrbios ventilatórios
Distúrbio Ventilatório OBSTRUTIVO
Redução desproporcional do fluxo expiratório em relação ao volume
(estreitamento das vias aéreas durante a expiração)
Relação VEF1/CV(F)< 5º percentil do valor previsto
Pellegrino R, et al. Eur Respir J. 2005;26:948-6
Distúrbio Ventilatório RESTRITIVO
Redução da CPT < 5º percentil do valor previsto
Relação VEF1/CV(F) normal
Distúrbio Ventilatório COMBINADO:
Coexistência de obstrução e restrição
idade (anos) 90 80 70 60 50 40 30 20 V E F 1/ C V F -l im ite i nf er io r 80 78 76 74 72 70 68 66 idade 90 80 70 60 50 40 30 20 10 V E F 1/ C V F -l im ite i nf er io r 80 78 76 74 72 70 68 66
Sexo masculino Sexo feminino
Pereira CAC, et al. J Bras Pneumol 2007;33:397-406
DPOC – GOLD
Espirometria pós-bd com VEF1/CVF<70% LIMITE INFERIOR DA RELAÇÃO VEF1/CVF
DPOC - GOLD
LIMITE INFERIOR DA RELAÇÃO VEF
1/CVF
idade (anos) 90 80 70 60 50 40 30 20 V E F 1/ C V F -l im ite i nf er io r 80 78 76 74 72 70 68 66
Pereira CAC, et al. J Bras Pneumol 2007;33:397-406
1/ C V F -l im ite i nf er io r 80 78 76 74 72 70 68
DPOC - GOLD
- Alta prevalência de DPOC > 70 anos
Tratamento desnecessário
- Baixa prevalência de DPOC < 50 anos
“doentes” classificados como “saudáveis” O impacto do diagnóstico precoce é perdido
R. Pellegrino, V. Brusasco, G. Viegi, R. O. Crapo, F. Burgos, R. Casaburi, A. Coates, C. P. M. van der Grinten, P. Gustafsson, J. Hankinson, R. Jensen, D. C. Johnson, N. MacIntyre, R. McKay, M. R. Miller, D. Navajas, O. F. Pedersen, and J. Wanger
• 10131 pacientes do estudo epidemiológico COPDGene
• 45 a 81 anos de idade
• Tabagismo mínimo de 10 maços-ano
• Usaram o limite inferior da equação (“GLI” – Iniciativa Global
Pulmonar)
• Espirometria normal →“Fenótipo normal“
• 10131 pacientes do estudo epidemiológico COPDGene
Am J Respir Crit Care Med Vol 193, Iss 7, pp 727–735, Apr 1, 2016
Previsto LI Absoluto Pré -bd % Prev Pré-bd Absoluto Pós-bd %Prev Pós-bd CVF (L) 3.13 3,38 108 3,53 113 VEF1 (L) 2.58 2.52 98 2.64 102 VEF1/CVF(%) 85 76 71 72 FEF25-75% (L/s) 2.60 1.92 74 2.50 96
Previsto LI Absoluto Pré -bd % Prev Pré-bd Absoluto Pós-bd %Prev Pós-bd CVF (L) 3.13 3,38 108 3,53 113 VEF1 (L) 2.58 2.52 98 2.64 102 VEF1/CVF(%) 85 76 71 72 FEF25-75% (L/s) 2.60 1.92 74 2.50 96 CPT (L) 5.07 5.52 109 VR (L) 1.40 1.97 140 sRwa 8,51 DCO (ml/min/mmHg) 18,7 70
Feminina, 49 anos
Tabagista 40m/a
Tosse e dispneia : DPOC
Pletismografia nas doenças
obstrutivas
Padrões básicos dos volumes
Doenças obstrutivas
Masculino, 55 anos, 40m/a, tosse e dispneia,
DPOC?
Previsto Absoluto
Pré -bd % PrevPré-bd AbsolutoPós-bd %PrevPós-bd CVF (L) 4,31 3,86 90 3,70 86
VEF1 (L) 3,47 2,81 81 2,90 84
VEF1/CVF(%) 80 74 78
FEF25-75% (L/s) 3,25 2,03 63 2,74 84
Masculino, 55 anos, 40m/a, tosse e dispneia
DPOC COM ESPIROMETRIA NORMAL
Previsto Absoluto
Pré -bd % PrevPré-bd AbsolutoPós-bd %PrevPós-bd CVF (L) 4,31 3,86 90 3,70 86 VEF1 (L) 3,47 2,81 81 2,90 84 VEF1/CVF(%) 80 74 78 FEF25-75% (L/s) 3,25 2,03 63 2,74 84 CPT (L) 6,12 7,00 114 6,97 114 VR (L) 1,93 3,14 163 3,03 157 VR/CPT (%) 31 45 43 sRaw (cmH20/L/s/L) 9,66 9,70 DCO (ml/mmHg/min) 27,8 18,3 62
Variações significativas após Bd
em DPOC (em %, n=200)
CVF e VEF1 ≥7% previsto e 200 ml RVA/Vp ≥50% VR ≥ 400 ml CI ≥ 300 ml33% dos casos não responderam por nenhum critério
Feminino, 62 anos, 46m/a
DPOC?
Previsto Absoluto
Pré -bd % PrevPré-bd AbsolutoPós-bd %PrevPós-bd CVF (L) 3,46 4,31 124 4,17 120
VEF1 (L) 2,74 2,38 87 2,40 88
VEF1/CVF(%) 79 55 58
FEF25-75% (L/s) 2,40 0,75 31 0,83 35
Feminino, 62 anos, 46m/a
DPOC
Previsto Absoluto
Pré -bd % PrevPré-bd AbsolutoPós-bd %PrevPós-bd CVF (L) 3,46 4,31 124 4,17 120 VEF1 (L) 2,74 2,38 87 2,40 88 VEF1/CVF(%) 79 55 58 FEF25-75% (L/s) 2,40 0,75 31 0,83 35 CPT (L) 5,37 7,03 131 6,32 121 VR (L) 1,97 2,71 138 2,31 117 VR/CPT (%) 38 39 36 sRaw (cmH20/L/s/L) 7,75 4,16 DCO (ml/mmHg/min) 24,4 16,0 66 -46% -13% -400 ml HIPERINSUFLAÇÃO Variação significativa pós BD de CPT e VR
Masculino, 59 anos, 40 m/a, DPOC?
Previsto LI Absoluto Pré -bd % Prev Pré-bd Absoluto Pós-bd %Prev Pós-bd CVF (L) 4,67 3,8 3,06 66 3,60 77 VEF1 (L) 3,66 2,90 1,43 39 1,82 27 VEF1/CVF(%) 78 70,6 47 51 FEF25-75% (L/s) 3,14 1,90 0,48 15 0,71 23Masculino, 59 anos, 40 m/a
DPOC com resposta a BD de CVF, VEF1,
CI e VR
Previsto LI Absoluto Pré -bd % Prev Pré-bd Absoluto Pós-bd %Prev Pós-bd CVF (L) 4,67 3,8 3,06 66 3,60 77 VEF1 (L) 3,66 2,90 1,43 39 1,82 27 VEF1/CVF(%) 78 70,6 47 51 FEF25-75% (L/s) 3,14 1,90 0,48 15 0,71 23 CPT (L) 6,77 5,50 7,76 115 7,39 109 CI 3,08 1,77 57 2,45 80 VR (L) 2,16 1,50 4,59 213 3,63 168 VR/CPT 32 24 59 49 sRwa 16,9 12,7 DCO (ml/min/mmHg) 33,8 25,6 12,4 37Masculino, 55 anos, 40m/a, tosse e dispneia,
DPOC?
Previsto Absoluto
Pré -bd % PrevPré-bd AbsolutoPós-bd %PrevPós-bd CVF (L) 3,19 2,13 67 2,09 65 VEF1 (L) 2,66 1,62 61 1,64 62
VEF1/CVF(%) 83 76 79
Masculino, 55 anos, 40m/a, tosse e dispneia,
DPOC com CVF reduzida/ VR ↑/ sRAW ↑ E RESPOSTA BD sRAW
Previsto Absoluto
Pré -bd % PrevPré-bd AbsolutoPós-bd %PrevPós-bd CVF (L) 3,19 2,13 67 2,09 65 VEF1 (L) 2,66 1,62 61 1,64 62 VEF1/CVF(%) 83 76 79 FEF25-75% (L/s) 2,67 1,30 49 1,58 59 CPT (L) 4,61 4,24 92 4,20 91 VR (L) 1,49 2,07 139 1,91 128 VR/CPT (%) 32 49 45 sRaw (cmH20/L/s/L) 8,17 3,91 DCO (ml/mmHg/min) 22,4 9,7 43 -51%
VEF
1
isoladamente reduzido
Previsto LI Absoluto Pré -bd % Prev Pré-bd CVF (L) 4,15 3,20 3,42 82 VEF1 (L) 3,33 2,70 2,54 75 VEF1/CVF(%) 80 72 74 Previsto LI Absoluto Pré -bd % PrevPré-bd CVF (L) 4,15 3,20 3,42 82 VEF1 (L) 3,33 2,70 2,54 75 VEF1/CVF(%) 80 72 74 CPT (L) 5,97 4,40 6,20 104 CI 2,74 2,93 107 VR (L) 1,96 1,30 2,75 140 VR/CPT 32 24 44 sRwa 16,05DVR ?
PADRÃO ESPIROMÉTRICO (N) N(%) com DVR pela CPT
Normal (1101) 30 (2,7)
Obstrutivo com CVF normal (260) 2 (0,8) Obstrutivo com CVF baixa (206) 40 (19)
Restrição e CVF
Qual é a acurácia da espirometria em predizer DVR?
CV(F) reduzida
A redução da CV(F) na ausência de obstrução sugereDVR
O diagnóstico de DVR é feito, com certeza, com CPT baixa
CV(F) reduzida, à espirometria, não é sinônimo de DVR
Distúrbio ventilatório inespecífico (DVI)
É definido pela situação na qual a CV(F) encontra-se reduzida
e a CPT está acima do limite inferior da normalidade
Hyatt, 2009
Uma relação VEF1/CVF normal não
exclui obstrução ao fluxo aéreo
Salome MS, et al. J Appl Physiol. 2010; 108:206-21. Efeito principal em volumes pulmonares, sem
efeito direto sobre os fluxos. VR e VR/CPT
Normais
OBESIDADE E VOLUMES PULMONARES
OBESIDADE E VOLUMES PULMONARES
NÃO OBESOS Complacência normal de parede torácica NÃO OBESOS Complacência normal de parede torácica OBESOS
Complacência REDUZIDA da parede torácica - CRF
OBESOS
Complacência REDUZIDA da parede torácica - CRF
Brashier B, et al. J Allergy. 2013.
R
ESISTÊNCIA E DIÂMETRO DAS VIAS AÉREAS
Relação linear – R= + 0,89 p<0,01 Relação linear – R= + 0,89 p<0,01 Relação hiperbólicaRESISTÊNCIA E DIÂMETRO DAS VIAS AÉREAS
R = +0,39 - 0,05 > P > 0.02). R = +0,39 - 0,05 > P > 0.02).Niewoehner DE, et al. J Appl Physiol. 1974; 36(4):412-8.
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 sGaw FEF25-75% BO Não BO
Bassiri AG, et al. Chest. 1997; 111(6):1533-5
A queda de GVA/VP e FEF25-75%, precedeu a queda
de 20% do VEF1 p=0,08 p=0,32 26 pacts 15 pacts 42% 13% 27% 46% BO BO Não BO Não BO
RESISTÊNCIA E OBSTRUÇÃO DE PEQUENAS VIAS AÉREAS SÍNDROME DE BRONQUIOLITE OBLITERANTE
(APÓS TRANSPLANTE DE PULMÃO OU CORAÇÃO)
RESISTÊNCIA E VOLUMES PULMONARES
Diagnósticos clínicos em pacientes com aparente
restrição pela espirometria (n=300)
Doenças obstrutivas: 76 Doenças intersticiais: 102 Obesidade: 52 Diversas: 70
CVF reduzida não é sinônimo de DVR
Kênia Schultz – submetido para publicação
APARENTE DVR - RESULTADO FINAL
Kênia Schultz – submetido para publicação
144 = 48% -- Obstrução (diagnóstico funcional ou clínico)
Diagnóstico de obstrução – Total 120
9
5
1
8
31
52
Rva/Vp
ΔVEF
1>0,20 L e
7% pred após Bd
A medida dos volumes pulmonares e da resistência das vias aéreas mostra que aproximadamente metade dos pacientes com aparente restrição pela espirometria tem
na realidade obstrução ao fluxo aéreo.
O teste com broncodilatador tem papel pouco relevante
nestes casos →apenas 7% responderam
Obesos, em especial, podem apresentar distúrbios funcionais
variados e complexos→ devem ser investigados por testes
funcionais completos
Conclusões:
Kênia Schultz – submetido para publicação
MENSAGEM FINAL
A espirometria apresenta limitaçõesDVO → peculiaridades melhor estudadas com a prova de função
completa
CVF reduzida não é sinônimo de restrição
Medida da resistência das vias aéreas é importante na detecção de