• Nenhum resultado encontrado

3 ASPECTOS BOTÂNICOS INTRODUÇÃO SISTEMA RADICULAR

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "3 ASPECTOS BOTÂNICOS INTRODUÇÃO SISTEMA RADICULAR"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

INTRODUÇÃO

A macieira pertence à família Rosaceae, ordem Rosales e subfamília Pomoideae. Há muitas espécies de macieira em estado selvagem, das quais algumas são utilizadas comercialmente como produtoras de frutas, outras como porta-enxertos, como ornamentais em paisagismo e na pesquisa científica, e outras como fonte de germoplasma para melhoramento genético. A macieira cultivada comercial-mente recebeu vários nomes científicos ao longo do tempo e a partir de 1803, foi denominada de Malus domestica, Borkh.

A origem exata da espécie Malus

domestica é desconhecida, embora haja

indícios de que seja derivada da espécie

M. pumila Mill., que ocorre naturalmente

no leste europeu e oeste asiático ou da espécie M. sieversii (Ledeb.) M. Roem., encontrada nas montanhas da Ásia Central. Observa-se que diversas seleções de M.

sieversii apresentam frutas com tamanho,

cor e sabor semelhantes aos encontrados em muitas cultivares comerciais de macieira. Há milhares de anos, as migrações dos povos contribuíram para a dissemi-nação da cultura, a partir dos centros de origem, para diversas regiões do mundo.

SISTEMA RADICULAR

O sistema radicular atua na exploração do solo e aumenta a capacidade de sustentação da planta de e absorção de água e minerais, além de sintetizar compostos importantes e servir para o aumento de substâncias de reserva. Boas condições para o desenvolvimento das

raízes (textura, estrutura, fertilidade e drenagem do solo) são essenciais para a obtenção de uma planta equilibrada e produtiva, bem como para o aprofunda-mento das raízes, necessário para o auaprofunda-mento do volume de solo explorado para absorção de água e nutrientes e para maior tolerância à pouca disponibilidade de água no solo. Em geral, temperaturas do solo entre 15ºC e 25ºC são as mais adequadas para o crescimento das raízes. A compactação e a pouca drenagem do solo limitam o desenvolvimento das raízes de macieira, bem como a capacidade de absorção de água e nutrientes e, por conseqüência, reduzem o vigor e a produtividade das plantas.

A estrutura do sistema radicular é dependente do tipo de propagação adotada. Quando a propagação é feita por sementes, o sistema radicular é inicialmente pivotante, com posterior ramificação lateral vigorosa. Porém, é mais comum a propagação vegetativa (estaquia ou mergulhia de cepa), em que o sistema radicular é uniformemente distribuído na base da muda, definindo-se, com o avanço do crescimento da planta, uma raiz principal mais vigorosa. As características das raízes são afetadas também pelo porta-enxerto, no que se refere ao vigor e à capacidade de absorção de água e nutrientes e pela densidade de plantio (Fig. 1).

Com o desenvolvimento da planta, ocorre uma distribuição funcional do sistema radicular. Parte do sistema radicular assume a função de sustentação e serve de comunicação entre as raízes ativas e o resto da planta, onde, juntamente com a parte basal do tronco, durante o inverno, acumula a maior parte dos carboidratos.

(2)

solo de 1 m de profundidade em diferentes formas de preparo do solo.

CRESCIMENTO VEGETATIVO

Folhas

As folhas são simples, caducas e estipuladas, típicas da subespécie a que pertence a macieira. Desempenham função essencial ao crescimento e à produção de A porção funcional do sistema

radicular são, em geral, as raízes de menor espessura, inferiores a 1 mm, com alta atividade meristemática e metabólica, responsáveis pela maior parte da absorção de água e nutrientes, bem como pela síntese de substâncias nitrogenadas. Essas raízes finas, em geral representam mais de 90% do total do sistema radicular. Na Tabela 1, é apresentada a distribuição das raízes finas de macieira ao longo do perfil de um

Fig. 1. Distribuição do sistema radicular de macieira cv. Golden Delicious/M9 plantada no espaçamento

2,4 x 2,4 m e 0,3 x 0,3 m (Atkinson & Wilson, 1979).

Tabela 1. Distribuição vertical de raízes finas (Ø <1mm) de macieiras cv. Golden Delicious sobre o

porta-enxerto MM-106, em peso por volume de solo (g/0,12m3). Fraiburgo, SC.

Profundidade (cm) 0 – 10 10 – 20 20 – 30 30 – 40 40 – 50 50 – 60 60 – 80 80 – 100 Total % raízes finas *

Tipo de preparo do solo

7,5 2,6 3,1 1,0 1,1 0,4 0,7 0,6 17,0 10,1 Lavração comum + cova 11,1 6,1 4,2 2,4 2,1 1,1 0,8 1,1 28,9 6,7 Subsolagem + lavração comum 5,6 7,3 2,7 2,2 2,5 2,0 1,4 0,9 24,6 8,3 Lavração profunda 6,2 5,9 3,1 2,1 1,6 1,1 0,7 0,5 21,2 5,9 Subsolagem + Lavração profunda 4,9 1,6 0,9 1,0 1,6 0,9 0,5 0,5 11,9 4,7 Camalhão

* em relação ao peso total de raízes no perfil. Fonte: Losso et al (1984), citado por Bender (1986)

(3)

às expensas das reservas acumuladas no ciclo anterior. À medida que o crescimento vegetativo aumenta, os fotossintatos produzidos no ciclo corrente passam a ser a principal fonte de energia para o crescimento.

As folhas são de crescimento limitado, podendo apresentar variações na sua superfície, conforme a cultivar, a idade da planta, os tratos culturais e as condições climáticas. A superfície foliar é coberta pela cutícula, que na parte ventral é inter-rompida pelos estômatos. Sob a camada da epiderme, ocorre a assimilação pela fotossíntese. A parte ventral da folha é constituída de parênquima esponjoso, regulando a transpiração através dos estômatos. As folhas possuem, em média, 2.200 estômatos/mm2 , com comprimento

de 238 nanômetros.

A cutícula também é importante como elemento estrutural, mantendo os tecidos compactos e firmes, evitando a transpi-ração, os danos por pragas e doenças, a perda de componentes da planta por extravasamentos e os danos por abrasão física pelo vento e pela radiação. A cutícula afeta a eficiência de absorção de nutrientes e defensivos aplicados por via foliar.

Estrutura vegetativa

A estrutura vegetativa da macieira, como em todas as plantas perenes, é resultante do crescimento vegetativo acumulado ao longo de vários anos. No sistema de líder central e sistemas equivalentes, mais freqüen-temente utilizados para a cultura, a estrutura é composta por:

• Tronco, eixo, pião ou líder central, que pode ou não ter função produtiva, embora sua função principal seja a estrutural. A

pre-jovens e em adultas, especialmente em sistemas de alta densidade de plantas. Os ramos primários podem ser distribuídos em camadas de ramos (3 ou 4, dependendo da altura da planta) ou uniformemente ao longo de grande parte do líder central;

• Ramos secundários, derivados dos ramos primários e sobre os quais localiza-se a maior parte das estruturas de fruti-ficação das plantas adultas.

O crescimento vegetativo está direta-mente relacionado ao vigor da planta, mais precisamente da combinação copa/porta-enxerto. Embora o vigor moderado seja necessário, especialmente na fase inicial de estabelecimento da muda no pomar, o excesso de vigor causa atraso na entrada em frutificação, baixa produção e desequilíbrio da planta. Plantas altamente vigorosas, se não forem adequadamente manejadas por meio de podas, adubações nitrogenadas, controle da carga de frutas ou uso de retarda-dores de crescimento, podem se tornar econo-micamente inviáveis. Por essa razão, o uso de combinações enxerto/porta-enxerto que proporcionem vigor moderado está se tornando cada vez mais freqüente. O cresci-mento vegetativo é afetado por diversos fatores, conforme é apresentado na Tabela 2. Resultante do crescimento vegetativo, é definida a área onde estão inseridas as estruturas de frutificação. O produto entre a largura e a altura da copa é denominado capacidade produtiva (CP), que é expressa em m2 da silhueta da copa.

Multiplicando-se a CP média por planta, a partir de uma amostra representativa do pomar, pelo número de plantas por hectare obtém-se a CP por ha. A CP pode ser manejada por intermédio da densidade de plantio, da formação das plantas (especialmente pela altura das mesmas) e do vigor da

(4)

combinação enxerto/porta-enxerto. O cres-cimento da CP da planta depende do vigor da combinação enxerto/porta-enxerto, das condições de crescimento (solo, clima, raleio de frutas nos 4 a 5 primeiros anos, manejo do pomar e duração do ciclo vegetativo). Quanto maior a densidade de plantio, mais rapidamente atinge-se a CP máxima por hectare. Observou-se que plantas da cv. Golden Delicious (semi-vigorosa) sobre M-9 (2000 plantas/ha) atingiram a plena CP aos 6 anos de idade, enquanto a mesma cultivar, sobre MM-106, em densidade de 1000 plantas/ha, atingiu essa CP aos 9 anos.

Tem-se observado que, de modo geral, uma CP plena de 5000 m2/ha é o máximo

ideal para atingirem-se bons níveis de produtividade, sem que a competição por luz torne-se limitante. A CP da planta aumenta com a idade da planta até a CP plena, decrescendo a partir daí, em razão do declínio natural ou antecipado, causado por excesso de produção, problemas fitossanitários ou fatores fisiológicos. Mudas de boa qualidade, manejo adequado do solo e da planta, suficiente acumulação de frio, uso de quebra de dormência química, poda equilibrada e raleio adequado à carga de frutas são fatores que favorecem o estabelecimento de um pomar com boa capacidade de produção.

REPRODUÇÃO

Floração

A formação das flores na macieira ocor-re em duas fases: na primeira, há a indução fisiológica à formação da gema florífera, derivada de um meristema não-diferenciado; na segunda, há a formação da gema florífera. A diferenciação da gema florífera é afetada por vários fatores, entre os quais parecem ser os mais importantes: exposição à luz, vigor da planta, localização da gema, ângulo de arqueamento do ramo, produção no ciclo anterior, nutrição, teor de reservas de carboidratos, estado hídrico e temperatura do ar. Todos esses fatores estão associados ao balanço hormonal, que, por sua vez, afetarão todos os processos fisiológicos relacionados à indução das gemas flofíferas. A fase de formação das peças florais ocorre principalmente durante o verão e o outono, terminando na primavera. No início do verão, há a formação do cálice e, em meados do verão, forma-se a corola. As an-teras formam-se no início do outono e o pistilo inicia a sua formação em meados do outono, concluindo-se essa formação no início da primavera. Esses momentos, porém, podem variar conforme o clima e o ciclo da cultivar.

Tabela 2. Principais fatores que influenciam no crescimento vegetativo de macieiras.

Promotores

Fertilidade elevada do solo

Suprimento abundante de água no verão Cultivar e porta-enxerto vigoroso

Poda de plantio drástica (cerca de 60 cm) Poda drástica de inverno

Pouca realização de arqueamento Poda somente no inverno

Fonte: Ebert e Raasch (1988).

Inibidores

Baixa fertilidade do solo Déficit hídrico no verão

Cultivar e porta-enxerto pouco vigoroso Poda de plantio leve (superior a 1 m) Poda leve de inverno

Uso intenso de arqueamento

Complementação da poda de inverno com a poda verde, no verão ou outono

(5)

nos esporões. Após a brotação, são considerados critérios importantes de qualidade para a floração e a frutificação: a) número de folhas emitidas por gema mista; b) número de flores emitidas em cada gema; c) posição da gema no ramo (gemas localizadas na região superior do ramo tendem a ser de melhor qualidade); d) tipo de ramo produtivo; e) intervalo entre a diferenciação da gema florífera e o início da dormência subseqüente (quanto mais longo, melhor a qualidade da gema); f) inibição correlativa das sementes e das frutas sobre a formação das gemas; g) poda de frutificação, que determina a distribuição das gemas floríferas nos ramos novos e velhos. Em algumas cultivares, a localização da gema florífera determina a ocorrência de uma dupla florada, em dois fluxos, que podem, por sua vez, afetar o tamanho e o formato final das frutas, pois quanto menor o tempo entre a florada e a colheita, menor será o tamanho da fruta. A localização das gemas, portanto, afeta a fenologia e o formato e o tamanho das frutas. Gemas localizadas em ramos terminais com mais de 10 cm apresentam a floração mais antecipada.

A inflorescência da macieira é uma umbela formada por seis a oito flores (Fig. 2). As gemas florais estão localizadas nos ramos de crescimento do ano e, na maioria das variedades, o maior percentual de gemas produtivas encontra-se em brotações com comprimento entre 1 e 25 cm.

As estruturas de frutificação de macieiras (Fig. 3) são:

• Brindila - ramo de ano, com comprimento entre 15 e 30 cm, geralmente com uma gema florífera no ápice e capaz de originar as melhores frutas em tamanho e formato. A diferença entre frutas

Fig. 2. Flor de macieira cv. Gala.

formadas em brindilas e frutas formadas em outras estruturas de frutificação é maior na cv. Fuji e em suas mutações;

• Esporão - ramo de 2 ou mais anos, com comprimento de até 15 cm, ramificado ou não, podendo conter uma ou mais gemas floríferas. A qualidade da fruta é afetada pelas características do esporão. Em esporões mais velhos ou em esporões formados em ramos muito arqueados, em posição horizon-tal ou pendentes, a qualidade da fruta tende

Fig. 3. Órgãos de frutificação de macieira.

(6)

a ser inferior. Na Fig. 4, é apresentado o desenvolvimento do esporão;

• Dardos - ramo em geral com 5 a 8 cm de comprimento, não-ramificado.

Também são obtidas produções em gemas terminais e laterais e ramos de ano, mas é mais freqüente a frutificação em gemas formadas em ramos de 2 ou mais anos.

Fenologia

Na Fig. 5, é apresentada a seqüência de estádios fenológicos durante a floração e a frutificação de macieira. O

conheci-mento dessa evolução é importante para recomendar adequadamente as práticas culturais em um pomar.

Frutificação

Como resultado da polinização cruzada e conseqüente fecundação, são estabelecidas as frutas jovens, fenômeno denominado de frutificação efetiva ou fruit

set. A frutificação efetiva depende de vários

fatores, como intensidade de floração, qualidade da gema e da flor, vigor da planta, presença e coincidência de floração

Fig. 4. Formação e desenvolvimento de esporões.

(7)

de plantas de cultivares polinizadoras com as produtoras, temperatura, vento, chuva e quantidade de insetos polinizadores (especialmente abelhas).

Uma vez fixados, é desejável um rápido crescimento das frutas. Temperatura elevada, intensa radiação solar, gema de boa qualidade, adequada polinização, fecundação de todos os óvulos, presença de folhas junto à fruta e baixa concorrência com as frutas vizinhas são os principais fatores que definem o potencial de crescimento de frutas jovens.

O desenvolvimento da fruta inicia-se com o processo da fecundação, o qual é dependente das condições climáticas. Quando as temperaturas são amenas, podem ser necessários vários dias entre a germinação do grão de pólen e o momento em que o ovário é atingido. Em

tempe-Fig. 5.Seqüência de estádios fenológicos em gemas de macieira. A – gema dormente. B – gema inchada.

C – pontas verdes. C3 – meia polegada verde. D – meia polegada verde sem folhas. D2 - meia polegada verde com folhas. E – botão verde. E2 – botão rosado. F – início de floração. F2 – plena floração. G – final da floração. H – queda de pétalas. I – frutificação efetiva. J – frutas verdes.

Fonte: V. Bleicher (1986).

raturas mais elevadas, esse período pode ser de apenas 1 dia.

A fruta da macieira é proveniente de um ovário ínfero, compondo as partes extracar-pelares a maior parte da polpa, constituída principalmente de parênquima. Os feixes vasculares das sépalas e pétalas estão envolvidos pela região extracarpelar. Os car-pelos são cinco, apresentando cada um três feixes vasculares separados. A coloração da epiderme é resultante do teor de antocianinas. Na Fig. 6, são apresentadas a flor e a fruta da macieira.

Durante a primavera, quando as frutas estão na fase inicial de desenvolvimento, há alta dependência dos fotossintatos das folhas dos esporões onde as frutas são fixadas. Essa dependência tende a diminuir ao longo do tempo, e as necessidades da fruta passam, então, a depender das folhas

(8)

dos ramos do crescimento do ano, surgidos dos esporões.

A presença de folhas com alta taxa fotossintética é essencial para o desenvol-vimento das frutas. Pelos estudos com C14,

observou-se que 200 cm2de área foliar

são necessários para produzir 100 g de frutas e que 40% dos fotoassimilados produzidos pelas folhas dos ramos de crescimento anual podem ser translocados

para as frutas. Estima-se que sejam neces-sárias de 30 a 40 folhas por fruta para o seu desenvolvimento adequado.

O crescimento das frutas de macieira, em peso e diâmetro, ocorre aproximada-mente seguindo uma curva sigmóide simples, com incrementos maiores na fase inicial de desenvolvimento e, gradativa-mente, reduzindo os incrementos à medida que se aproxima a maturação das frutas.

Fig. 6. Fruto e flor da macieira.

Referências

Documentos relacionados

Os interessados em adquirir quaisquer dos animais inscritos nos páreos de claiming deverão comparecer à sala da Diretoria Geral de Turfe, localizada no 4º andar da Arquibancada

O Conselho Deliberativo da CELOS decidiu pela aplicação dos novos valores das Contribuições Extraordinárias para o déficit 2016 do Plano Misto e deliberou também sobre o reajuste

Neste estudo foram estipulados os seguintes objec- tivos: (a) identifi car as dimensões do desenvolvimento vocacional (convicção vocacional, cooperação vocacio- nal,

Como parte de uma composição musi- cal integral, o recorte pode ser feito de modo a ser reconheci- do como parte da composição (por exemplo, quando a trilha apresenta um intérprete

Dessa forma, a partir da perspectiva teórica do sociólogo francês Pierre Bourdieu, o presente trabalho busca compreender como a lógica produtivista introduzida no campo

Detectadas as baixas condições socioeconômicas e sanitárias do Município de Cuité, bem como a carência de informação por parte da população de como prevenir

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

Diante desta constatação é de suma importância a orientação clara e objetiva, fornecendo sempre que possível, informações positivas sobre as condições da criança. Porem é