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Filtragem otima na estimação de direção de chegada de ondas planas usando arranjo de sensores

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(1)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA EL´ETRICA E DE COMPUTA ¸C ˜AO DEPARTAMENTO DE COMUNICA ¸C ˜OES

Filtragem ´

otima na estima¸c˜

ao de dire¸c˜

ao de chegada de

ondas planas usando arranjo de sensores

Autor

Rafael Krummenauer

Orientador Prof. Dr. Amauri Lopes

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Amauri Lopes (FEEC/UNICAMP) Prof. Dr. Carlos Antonio Alves (DEE/UNESP)

Prof. Dr. Renato da Rocha Lopes (FEEC/UNICAMP)

Prof. Dr. Romis Ribeiro de Faissol Attux (FEEC/UNICAMP)

Disserta¸c˜ao apresentada `a Faculdade de Engenharia El´etrica e de Computa¸c˜ao da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos para a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Engenharia El´etrica.

(2)

BIBLIOTECA DA ´AREA DE ENGENHARIA - BAE - UNICAMP

Krummenauer, Rafael

K942f Filtragem ´otima na estima¸c˜ao de dire¸c˜ao de chegada de ondas planas usando arranjo de sensores / Rafael

Krummenauer. – Campinas, SP: [s.n.], 2007. Orientador: Amauri Lopes

Disserta¸c˜ao (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia El´etrica e de Computa¸c˜ao.

1. Processamento de sinais. 2. Discriminadores de freq¨uˆencia. 3. Filtros digitais (Matem´atica). 4. Otimiza¸c˜ao matem´atica. I. Lopes, Amauri. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia El´etrica e de

Computa¸c˜ao. III. T´ıtulo.

T´ıtulo em Inglˆes: Optimum filtering on direction of arrival estimation of plane waves using array of sensors

Palavras-chave em Inglˆes: Signal processing, Array of sensors, Direction of arrival estimation, Digital filters (mathematics)

´

Area de concentra¸c˜ao: Telecomunica¸c˜oes e Telem´atica Titula¸c˜ao: Mestre em Engenharia El´etrica

Banca Examinadora: Carlos Antonio Alves, Renato da Rocha Lopes e Romis Ribeiro de Faissol Attux

Data da defesa: 16/07/2007

(3)
(4)
(5)

v

Resumo

Esta disserta¸c˜ao trata do problema de estima¸c˜ao de dire¸c˜ao de chegada (DOA) de ondas planas usando um arranjo linear uniforme de sensores. Estamos interessados em situa¸c˜oes nas quais a rela¸c˜ao sinal-ru´ıdo ´e baixa e o espa¸camento angular entre as fontes de sinal ´e pequeno. Baseamos nossa proposta nos m´etodos MODE, MODEX e MODEX Modificado, que s˜ao m´etodos eficientes existentes na literatura. Inspirados em conceitos de filtragem linear e no crit´erio da m´axima verossimilhan¸ca, propomos um procedimento que ameniza o efeito do ru´ıdo no resultado da estima¸c˜ao. Este procedimento consiste em filtrar os dados recebidos e modificar adequadamente a fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca utilizada no processo de obten¸c˜ao das estimativas. Simula¸c˜oes num´ericas mostram que o desempenho do m´etodo proposto ´e melhor que aqueles correspondentes aos m´etodos MODE, MODEX e MODEX Modificado, alcan¸cando menores valores de erro quadr´atico m´edio e de polariza¸c˜ao.

(6)

Abstract

This work deals with the problem of estimating the direction of arrival (DOA) of plane waves using a uniform linear array of sensors. We are concerned with situations where the signal-to-noise ratio is low and the signal sources are spatially close. Our proposal is based on MODE, MODEX and Modified MODEX, that are efficient methods proposed in the literature. Inspired in concepts of linear filtering and in the maximum likelihood criterion, we propose a procedure that reduces the effect of noise in the estimation result. This procedure consists on filtering the received data and on modifying the likelihood function used to obtain the estimates. Numerical simulations show that the performance of the proposed method is better than those of MODE, MODEX and Modified MODEX methods, achieving lower mean square error and lower bias.

(7)

Agradecimentos

Muito esfor¸co pessoal foi dedidado a este trabalho. Fico orgulhoso por isto. Por´em, sei que a for¸ca que compˆos tudo isto ´e muito maior, pois prov´em tamb´em de amigos.

Agrade¸co

Aos meus pais, Ruben e Etelried, e minha irm˜a, Grasiela, por todo o carinho e compreens˜ao. Aos meus familiares, que mesmo distantes me incentivaram e apoiaram.

`

A Liane, pelo amor e companheirismo.

Ao professor Amauri Lopes, pela orienta¸c˜ao, pela confian¸ca e pela amizade. ´E uma honra poder conviver com algu´em como ele.

Aos professores Carlos Antonio Alves, Renato Lopes e Romis Attux, por suas contribui¸c˜oes cuidadosas.

Aos amigos do Laborat´orio de Processamento de Sinais para Comunica¸c˜oes - DSPCom, pela ajuda e discuss˜oes proveitosas. Obrigado Suyama, Gremista, Murilo, Fabiano, Glauco, Alam, Danilo, Leo, Jo˜ao, Celi, Amanda, F´abio, Cris, Michele, Panazio, Aline, Charles, Tarciano, Pablo, Mario.

`

A agˆencia FAPESP pelo apoio financeiro e oportunidade, e ao assessor respons´avel pelo acom-panhamento do projeto, pela seriedade e considera¸c˜ao.

(8)
(9)

Sum´

ario

1 Introdu¸c˜ao 1

1.1 Organiza¸c˜ao da disserta¸c˜ao . . . 3

1.2 Artigos Publicados . . . 4

1.3 Reuni˜oes Cient´ıficas . . . 6

2 Fundamentos de estima¸c˜ao de dire¸c˜ao de chegada 7 2.1 Modelo de Sinal . . . 7

2.2 Estimador ML para o modelo de sinal . . . 15

2.2.1 Reparametriza¸c˜ao . . . 20

2.2.2 O polinˆomio b(z) e suas restri¸c˜oes . . . 23

2.2.3 Imposi¸c˜ao da simetria complexa conjugada . . . 25

3 M´etodos baseados no crit´erio ML 27 3.1 O algoritmo MODE . . . 33

3.2 O algoritmo MODEX . . . 35

3.2.1 Discuss˜ao . . . 38

3.3 O algoritmo MODEX Modificado . . . 39

3.3.1 Discuss˜ao . . . 42

3.4 An´alise das estimativas do MODEX e MODEX Modificado . . . 43 ix

(10)

4 Proposta de filtragem em estima¸c˜ao DOA 47

4.1 Processo de filtragem . . . 48

4.2 Crit´erio da maximiza¸c˜ao da rela¸c˜ao sinal-ru´ıdo . . . 51

5 Proposta de estimadores ML 57 5.1 Estimador ML para o modelo de ru´ıdo correlacionado . . . 58

5.2 Estimador ML para o modelo transformado . . . 64

6 Algoritmo Proposto 69 6.1 Introdu¸c˜ao . . . 69

6.2 Algoritmo . . . 69

6.3 Simula¸c˜oes . . . 74

6.3.1 Desempenho em rela¸c˜ao `a SNR . . . 74

6.3.2 Desempenho em rela¸c˜ao ao n´umero de snapshots . . . 77

7 Conclus˜oes 83 A Deriva¸c˜ao do algoritmo MODE 85 A.1 Procedimento de minimiza¸c˜ao da fun¸c˜ao custo . . . 85

B Detalhamento do processo de sele¸c˜ao das candidatas 95 B.1 Procedimento para os m´etodos MODEX e MODEX Modificado . . . 95

B.2 Procedimento para o m´etodo proposto . . . 96

C Filtro heur´ıstico 99 Referˆencias . . . 101

(11)

Abreviaturas

CM Conditional Model – Modelo Condicional CRB Cram´er-Rao Bound – Limite de Cram´er-Rao CRU Circunferˆencia de Raio Unit´ario

DOA Direction Of Arrival – Dire¸c˜ao de Chegada

FIR Finite Impulse Response – Resposta ao Impulso Finita ESPRIT Estimation of Signal Parameters Via Rotational Invariance

Techniques

IIR Infinite Impulse Response – Resposta ao Impulso Infinita IQML Iterative Quadratic Maximum Likelihood

ML Maximum Likelihood – M´axima Verossimilhan¸ca

MLE Maximum Likelihood Estimator – Estimador de M´axima Verossimilhan¸ca

MODE Method Of Direction Estimation MODEX MODE with EXtra roots

MSE Mean Square Error – Erro Quadr´atico M´edio MUSIC Multiple Signals Classification

RADAR RAdio Detection And Ranging

RMSE Root Mean Square Error – Raiz do Erro Quadr´atico M´edio SF Subspace Fitting – Ajuste de Subespa¸co

SNR Signal-to-Noise Ratio – Rela¸c˜ao Sinal-Ru´ıdo

(12)

SSF Signal Subspace Fitting – Ajuste do Subespa¸co de Sinal SSS Strict Stationary Sense – Estacion´ario no Sentido

Estrito

TLS Total Least Squares – Quadrados M´ınimos Totais ULA Uniform Linear Array – Arranjo Linear Uniforme UM Unconditional Model – Modelo Incondicional

(13)

Nota¸c˜

ao Matem´

atica

aou A escalar

a vetor coluna (letra min´uscula em negrito) A matriz (letra mai´uscula em negrito)

I matriz identidade

0 vetor ou matriz com todos elementos iguais a zero (·)∗ complexo conjugado de um escalar, vetor ou matriz

(·)T transposto de um vetor ou matriz

(·)H complexo conjugado e transposto de um vetor ou matriz

kak, kak2 norma 2 do vetor a

Tr{A} tra¸co da matriz A E{·} operador esperan¸ca f(·), g(·) fun¸c˜ao

arg min

a {f (·)} argumento a que minimiza a fun¸c˜ao f (·)

arg max

a {f (·)} argumento a que maximiza a fun¸c˜ao f (·)

P

i somat´orio com ´ındice i

det[A] determinante da matriz A δk,i operador delta de Kroneker

∽ N (a, A) possui distribui¸c˜ao Gaussiana com m´edia a e covariˆancia A p(·) fun¸c˜ao densidade de probabilidade

p(·|·) fun¸c˜ao densidade de probabilidade condicional

(14)

A† pseudo-inversa da matriz A

posto(A) dimens˜ao da imagem da matriz A ˆ

(·) estimativa de um escalar, vetor ou matriz min(·) m´ınimo valor de (·)

max(·) m´aximo valor de (·) Re(·) parte real de (·)

Im(·) parte imagin´aria de (·)

∈ CA×A pertence ao espa¸co complexo de dimens˜ao A × A

∈ RA×A pertence ao espa¸co real de dimens˜ao A × A

(15)

Nota¸c˜

ao de s´ımbolos

am vetor de dire¸c˜ao (steering vector ) do m-´esimo sinal

A, A(φ) e A(θ) matriz de resposta do arranjo ˜

Ae AF matriz A transformada

˜

AF matriz AF transformada

b(z) polinˆomio de ordem M no dom´ınio transformado z b vetor dos coeficientes do polinˆomio b(z)

b1, b2 e b1 vetores dos polinˆomios usados no MODEX Modificado

¯

b vetor b estendido

B matriz que descreve a reparametriza¸c˜ao da fun¸c˜ao JL(θ) para JL(b)

¯

B matriz B estendida

C matriz de covariˆancia do vetor xk

d distˆancia entre os sensores

dB decibel

dm dire¸c˜ao da m-´esima fonte

Em(t) amplitude do m-´esimo sinal

Fs fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca para o modelo incondicional (ou estoc´astico)

gk vetor auxiliar que comp˜oe a matriz G (estimadores ML)

G fator de Cholesky da matriz BHB, e matriz auxiliar h(n) resposta ao impulso do filtro

hl l-´esimo coeficiente do filtro

ho vetor dos coeficientes do filtro ´otimo

(16)

h vetor dos coeficientes do filtro Hf(w) resposta em freq¨uˆencia do filtro

Hf(z) fun¸c˜ao de sistema do filtro

H matriz de filtragem e matriz auxiliar

Hsup, Hc e Hinf matrizes que comp˜oem a matriz de filtragem H

I(θ) matriz de Informa¸c˜ao de Fisher J fun¸c˜ao custo

JL fun¸c˜ao custo de verossimilhan¸ca K n´umero de snapshots

L ordem do filtro

L(·) vers˜ao logar´ıtmica fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca M n´umero de fontes de sinal

¯

M n´umero de sinais independentes

Mmax n´umero m´aximo de sinais a serem estimados

nn(t) ru´ıdo no n-´esimo sensor

n(t), n(t) e nk vetor de ru´ıdo nos sensores

N n´umero de sensores N C n´umero de combina¸c˜oes

N matriz cujas colunas s˜ao os vetores de ru´ıdo nk

P n´umero de ra´ızes extras no polinˆomio b(z) estendido PA matriz de proje¸c˜ao da matriz A

PA˜ matriz de proje¸c˜ao da matriz ˜A

PA˜F matriz de proje¸c˜ao da matriz ˜AF

P⊥A matriz de proje¸c˜ao ortogonal da matriz A P⊥A˜ matriz de proje¸c˜ao ortogonal da matriz ˜A P⊥˜

AF matriz de proje¸c˜ao ortogonal da matriz ˜AF

PB matriz de proje¸c˜ao da matriz B

Q fator de Cholesky da matriz de covariˆancia do ru´ıdo W Q1, Q2, Q3 e Q4 matrizes auxiliares resultantes de decomposi¸c˜ao QR

(17)

NOTA ¸C ˜AO xvii

Ry matriz de covariˆancia do vetor yk

Ry˜ matriz de covariˆancia do vetor ˜yk

Rz matriz de covariˆancia do vetor zk

R˜z matriz de covariˆancia do vetor ˜zk

sn(t) parcela de sinal no m-´esimo sensor

sn,m(t) sinal da m-´esima fonte no n-´esimo sensor

s(t), s(k) e sk vetor da parcela de sinal do vetor y(t), y(k) e yk

SNR rela¸c˜ao sinal-ru´ıdo

sm e Sm vetor e matriz auxiliares na descri¸c˜ao do MODE

Us matriz dos autovetores do subespa¸co de sinal da matriz Ry

Un matriz dos autovetores do subespa¸co de ru´ıdo da matriz Ry

V matriz auxiliar

V1, V2, V3, e V4, matrizes auxiliares (blocos de V)

vm autovetor da matriz ACAH associado ao seu maior autovalor

Wk matriz da covariˆancia do ru´ıdo no instante k

W matriz de simetria e matriz de covariˆancia do ru´ıdo ¯

W matriz de simetria estendida x(t), x(k) e xk vetor das formas de onda dos sinais

X matriz cujas colunas s˜ao os vetores xk

yn(t) sinal recebido no n-´esimo sensor

y(t), y(k) e yk vetor dos sinais recebidos pelo arranjo (vetor de snapshot)

Y matriz cujas colunas s˜ao os vetores yk

˜

yk vetor y transformado

zn vetor posi¸c˜ao do n-´esimo sensor

zk vetor de snapshot filtrado

zk(L + 1) (L + 1)-´esima linha do vetor zk

zks(L + 1) parcela de sinal de zk(L + 1)

zkr(L + 1) parcela de ru´ıdo de zk(L + 1)

˜

(18)

Letras gregas

φm parˆametro do ˆangulo da m-´esima fonte (valor verdadeiro) φ vetor contendo os parˆametros φm

θ vetor das vari´aveis de decis˜ao dos parˆametros de dire¸c˜ao de chegada θcand vetor das estivativas candidatas dos parˆametros DOA

θbest estimativa do vetor de parˆametros DOA verdadeiros

Θ conjunto de todas as combina¸c˜oes de M elementos do vetor θcand

Ωm e Ω freq¨uˆencia da partadora do m-´esimo sinal e freq¨uˆencia da portadora

ϕm fase arbitr´aria do m-´esimo sinal no instante t = 0

λm e λ comprimento de onda do m-´esimo sinal e comprimento de onda

π n´umero pi, π = 3, 1415926539

νm vetor do n´umero de onda do m-´esimo sinal

ωm freq¨uˆencia angular do m-´esimo sinal relativa ao ˆangulo φm

ω vetor das freq¨uˆencias angulares relativo aos M ˆangulos de chegada σk2 e σ2 variˆancia do ru´ıdo no k-´esimo snapshot e variˆancia do ru´ıdo

ρ vari´avel auxiliar indicando um fator arbitr´ario

β vetor composto pelos elementos reais e imagin´arios do vetor b βM ODE estimativa MODE do vetor β

¯

β vetor β estendido

β1, β2, β3 estimativas do MODEX Modificado que comp˜oem b1, b2 e b3

β0 e βM primeiro e ´ultimo elementos do vetor β

η vetor auxiliar que comp˜oem o vetor β

Λs matriz dos autovalores do subespa¸co de sinal da matriz Ry

Λn matriz dos autovalores do subespa¸co de ru´ıdo da matriz Ry

(19)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸c˜

ao

A pesquisa em processamento de sinais usando arranjo de sensores tem exercido um papel importante no desenvolvimento de muitas ´areas da ciˆencia aplicada. As primeiras aplica¸c˜oes beneficiadas por este tipo de processamento ocorreram na primeira metade do s´eculo XX, na ´area de RADAR (RAdio Detection And Ranging), durante a Segunda Guerra Mundial, embora o desenvolvimento desta ´area tenha come¸cado na Primeira Guerra Mundial (Van Trees, 2001). Na mesma ´epoca, a ´area de comunica¸c˜oes sem fio adotou o uso de arranjos para comunica¸c˜oes transatlˆanticas de onda curta (Van Trees, 2001).

O sucesso destas aplica¸c˜oes, anal´ogicas `aquela ´epoca, impulsionou as pesquisas na ´area de processamento de sinais de arranjos, a qual evoluiu naturalmente para o campo da matem´atica discreta. Com o advento dos microprocessadores e sistemas digitais, esta transi¸c˜ao de sinais cont´ınuos para discretos viabilizou o projeto de sistemas de processamento mais complexos. Desde ent˜ao, as pesquisas na ´area de processamento de sinais usando arranjos de sensores tˆem evoluido rapidamente, motivadas pelo avan¸co tecnol´ogico em poder de processamento de informa¸c˜oes e pelo crescente n´umero de aplica¸c˜oes que demandam o uso de arranjos.

Um arranjo de sensores ´e um conjunto de sensores (transdutores) dispostos segundo uma geometria no espa¸co tridimensional, com um ponto de referˆencia em comum (Manikas, 2004). A fun¸c˜ao dos elementos do arranjo ´e coletar amostras de sinais corrompidos por ru´ıdo para

(20)

podermos extrair informa¸c˜oes espa¸co-temporais do cen´ario no qual o arranjo est´a inserido. Assim, dado um cen´ario com um certo n´umero de sinais incidentes, destacamos o uso dos dados coletados pelo arranjo para resolver trˆes tipos de problemas: i) estima¸c˜ao do n´umero de sinais incidentes, ii) estima¸c˜ao de parˆametros de sinal e canal, e iii) estima¸c˜ao das formas de onda de sinais.

Os problemas citados acima est˜ao inter-relacionados de forma que a solu¸c˜ao de um pode resultar na solu¸c˜ao parcial ou completa do outro (Manikas, 2004). Como exemplo, se conhecer-mos o n´umero de sinais incidentes, podemos estimar os parˆametros de dire¸c˜ao de chegada, e, em seguida, estimar as formas de onda destes sinais. Este procedimento pode ser muito signifi-cativo, por exemplo, na melhora da qualidade de uma comunica¸c˜ao por telefone m´ovel celular, na comunica¸c˜ao de uma torre de controle de tr´afego a´ereo com uma aeronave, ou mesmo na trasmiss˜ao de dados multim´ıdia em altas taxas. Al´em da ´area de comunica¸c˜oes, os benef´ıcios dos arranjos de sensores se estendem hoje `as mais diversas ´areas da ciˆencia aplicada, com des-taque para sistemas de radar, sonar, r´adio astronomia, sismologia e diagn´ostico e tratamento m´edico (Van Trees, 2001).

Neste trabalho, consideramos conhecido o n´umero de sinais incidentes e focamos nossa aten¸c˜ao no problema de estima¸c˜ao das dire¸c˜oes de chegada destes sinais. Especializamos nossa proposta para uso em arranjos lineares de sensores uniformemente espa¸cados, e estamos inte-ressados em situa¸c˜oes nas quais a rela¸c˜ao sinal-ru´ıdo ´e baixa e as fontes de sinal est˜ao fixas e pouco espa¸cadas angularmente.

Nas ´ultimas 3 decadas, v´arios m´etodos tˆem sido desenvolvidos para tratar deste problema de estima¸c˜ao, dentre os quais destacamos as abordagens baseadas nos crit´erios de ajuste de subes-pa¸co (SF, do inglˆes Subspace Fitting) e da m´axima verossimilhan¸ca (ML, do inglˆes Maximum Likelihood ). Os m´etodos SF s˜ao t´ecnicas baseadas na decomposi¸c˜ao da matriz de covariˆancia dos sinais recebidos. Entre as mais populares t´ecnicas SF est˜ao o MUSIC (do inglˆes Multiple Signals Classification) (Schmidt, 1986) e ESPRIT (do inglˆes Estimation of Signal Parameters Via Rotational Invariance Techniques) (Roy, 1987). Os m´etodos ML, por sua vez, s˜ao t´ecnicas

(21)

1.1. ORGANIZA ¸C ˜AO DA DISSERTA ¸C ˜AO 3 para maximiza¸c˜ao da fun¸c˜ao densidade de probabilidade dos sinais recebidos. Entre as mais populares est˜ao o IQML (do inglˆes Iterative Quadratic Maximum Likelihood )(Bresler & Ma-covski, 1986) e MODE (do inglˆes Method of Direction Estimation)(Stoica & Sharman, 1990). Em geral, os m´etodos baseados no crit´erio ML tˆem melhor desempenho que os m´etodos SF quando a rela¸c˜ao sinal-ru´ıdo ´e baixa ou o n´umero de snapshots ´e pequeno (Grover, Medley, & Pados, 2007).

Neste contexto, desenvolvemos um m´etodo de estima¸c˜ao baseado no crit´erio da m´axima verossimilhan¸ca. O m´etodo proposto divide o problema de estima¸c˜ao em duas etapas, baseando-se em uma estrat´egia de gera¸c˜ao de estimativas preliminares (candidatas) e na posterior baseando-sele¸c˜ao das estimativas que melhor representam os ˆangulos de chegada segundo o crit´erio ML. A id´eia central da proposta consiste em melhorar a eficiˆencia do processo de sele¸c˜ao das estimativas candidatas, intervindo diretamente nos dados recebidos atrav´es de um processo de filtragem.

1.1

Organiza¸c˜

ao da disserta¸c˜

ao

O restante da disserta¸c˜ao est´a organizado da seguinte maneira:

• Cap´ıtulo 2: S˜ao apresentados os aspectos b´asicos do problema de estima¸c˜ao de dire¸c˜ao de chegada usando um arranjo linear de sensores uniformemente espa¸cados. Especifica-mente, descrevemos o modelo de sinal, o estimador de M´axima Verossimilhan¸ca (ML) e uma forma alternativa de parametriza¸c˜ao da fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca, a qual elimina a necessidade de uma busca multidimensional no espa¸co de parˆametros.

• Cap´ıtulo 3: Os m´etodos de base para o desenvolvimento do m´etodo proposto s˜ao descritos e analisados.

• Cap´ıtulo 4: As primeiras inova¸c˜oes do trabalho s˜ao apresentadas. Neste cap´ıtulo, apre-sentamos uma proposta de filtragem para o problema de estima¸c˜ao de dire¸c˜ao de chegada

(22)

e uma proposta de otimiza¸c˜ao da filtragem baseada no crit´erio da maximiza¸c˜ao da rela¸c˜ao sinal-ru´ıdo.

• Cap´ıtulo 5: Os fundamentos do estimador utilizado para a composi¸c˜ao do m´etodo pro-posto s˜ao introduzidos. Derivamos estimadores ML referentes a diferentes modelos de sinal, os quais ser˜ao usados na formula¸c˜ao do algoritmo proposto no Cap´ıtulo 6.

• Cap´ıtulo 6: O m´etodo proposto ´e moldado na forma de algoritmo e simula¸c˜oes num´ericas mostram o desempenho da t´ecnica proposta frente aos m´etodos de base e o limitante de Cram´er-Rao.

• Cap´ıtulo 7: As conclus˜oes gerais sobre o trabalho e as perspectivas de trabalhos futuros s˜ao apresentadas neste cap´ıtulo.

1.2

Artigos Publicados

Durante o per´ıodo do mestrado, foram produzidos os seguintes artigos:

• R. Krummenauer, F. J. Silva and A. Lopes, “Modified MODEX method for direction finding with improved threshold performance”, IEEE International Telecommunications Symposium (ITS’2006), Set. 2006, Fortaleza, CE - Brasil.

• R. Ferrari, R. Suyama, R. R. F. Attux, R. Krummenauer, C. Junqueira, A. Lopes, P. Larzabal, “A clustering-based method for DOA estimation in wireless communications”, EUSIPCO’2007, (aceito).

• R. Krummenauer, A. Lopes, “Filtragem ´otima para melhorar o desempenho de estima-dores de dire¸c˜ao de chegada”, SBrT’2007, (submetido).

(23)

1.2. ARTIGOS PUBLICADOS 5 Resumo do trabalho - Modified MODEX method for direction finding with im-proved threshold performance

Neste artigo, propomos modificar o algoritmo MODEX para estima¸c˜ao de dire¸c˜ao de chegada de ondas planas usando um arranjo linear de sensores uniformemente espa¸cados. O MODEX ´e um algoritmo baseado no estimador MODE que aumenta o n´umero de estimativas MODE atrav´es do aumento da ordem de um polinˆomio, cujas ra´ızes (candidatas) estimam os parˆametros DOA. Para selecionar o melhor conjunto de candidatas, o MODEX emprega um procedimento de m´axima verossimilhan¸ca.

O m´etodo proposto afeta o processo de sele¸c˜ao das candidatas e melhora seu desempenho. Este ganho em desempenho ´e alcan¸cado atrav´es de uma filtragem para redu¸c˜ao de ru´ıdo nos snapshots. O procedimento de sele¸c˜ao modificado melhora o desempenho do MODEX e reduz significativamente a rela¸c˜ao sinal-ru´ıdo limite.

Resumo do trabalho - A clustering-based method for DOA estimation in wireless communications

Este artigo trata de um novo m´etodo de estima¸c˜ao de dire¸c˜ao de chegada de sinais digi-talmente modulados em sistemas de comunica¸c˜oes sem fio. O m´etodo ´e baseado na id´eia de explorar o car´ater digital das fontes atrav´es de uma estrat´egia de clusteriza¸c˜ao. Por constru¸c˜ao, a t´ecnica proposta ´e capaz de tratar de casos nos quais h´a mais fontes de sinal que sensores, e, adicionalmente, o m´etodo de clusteriza¸c˜ao empregado ´e respons´avel pela mitiga¸c˜ao dos efeitos resultantes do ru´ıdo. O desempenho da abordagem proposta ´e verificada atrav´es de simula¸c˜oes num´ericas focadas em resolu¸c˜ao espacial e capacidade. Os resultados revelam a vantagem de levar em considera¸c˜ao a informa¸c˜ao da modula¸c˜ao dos sinais no estimador, em contraste com os estimadores cl´assicos MUSIC, ESPRIT e MODE.

(24)

Resumo do trabalho - Filtragem ´otima para melhorar o desempenho de estima-dores de dire¸c˜ao de chegada

Este artigo aborda a utiliza¸c˜ao de arranjo de sensores para a estima¸c˜ao da dire¸c˜ao de che-gada (DOA) de ondas planas. Propomos um avan¸co do m´etodo apresentado em (Krummenauer, Silva, & Lopes, 2006), onde se empregou uma filtragem emp´ırica para melhorar o desempenho dos m´etodos de estima¸c˜ao DOA. Embora a filtragem emp´ırica proporcione um ganho significa-tivo de desempenho, conta com v´arios aspectos que demandam uma abordagem mais robusta. Este trabalho apresenta uma solu¸c˜ao propondo um filtro ´otimo que maximiza a rela¸c˜ao sinal-ru´ıdo de sa´ıda. Esta nova abordagem resolve todos os problemas da anterior e os resultados de simula¸c˜oes mostram que seu desempenho ´e melhor ou igual `aquele anterior.

1.3

Reuni˜

oes Cient´ıficas

Entre os dias 09 e 14 de novembro de 2006, os integrantes do DSPCOM (Lab. de Processa-mento de Sinais para Comunica¸c˜oes) receberam a visita do Prof. Pascal Larzabal, professor da

´

Ecole Normale Sup´erieure de Cachan, e pesquisador do grupo de pesquisas em processamento de sinais do Laboratoire SATIE (Syst`emes et Applications des Technologies de l’Information et de l’Energie), Fran¸ca.

A reuni˜ao cient´ıfica foi organizada em fun¸c˜ao do convˆenio FAPESP-CNRS (Processo no

2006/50340-9) entre Brasil e Fran¸ca. Durante os turnos da manh˜a e tarde do dia 13 de no-vembro, foi realizado o Workshop DSPCOM/SATIE. No contexto da disserta¸c˜ao, o mestrando apresentou um semin´ario entitulado “Improving the asymptotic properties of some direction finding methods using transformations on the data vectors”.

As discuss˜oes com o Prof. Pascal resultaram em id´eias para an´alise da polariza¸c˜ao do m´etodo proposto nesta disserta¸c˜ao. Alguns resultados, cab´ıveis ao contexto desta disserta¸c˜ao, s˜ao mostrados no Cap´ıtulo 6.

(25)

Cap´ıtulo 2

Fundamentos de estima¸c˜

ao de dire¸c˜

ao

de chegada

O conte´udo deste cap´ıtulo fundamenta o caminho que ser´a percorrido ao longo da disserta-¸c˜ao. Os fundamentos s˜ao compostos pelo modelo de sinal considerado e pelo crit´erio empregado na tarefa de estima¸c˜ao.

2.1

Modelo de Sinal

Dois diferentes tipos de modelo de sinal s˜ao usados em aplica¸c˜oes que visam a estima¸c˜ao de dire¸c˜ao de chegada de sinais de banda estreita usando arranjos de sensores: 1) o modelo condicional (CM, do inglˆes Conditional Model ), o qual assume que os sinais s˜ao n˜ao-aleat´orios (ou determin´ısticos), e 2) o modelo incondicional (UM, do inglˆes Unconditional Model ), o qual assume que os sinais s˜ao aleat´orios (Stoica & Nehorai, 1990). Estes dois modelos levam a diferentes estimadores e limitantes de desempenho, sendo os ´ultimos expressos atrav´es dos limites de Cram´er-Rao (CRB, do inglˆes Cram´er-Rao Bound ). Neste trabalho, ser˜ao focados os estimadores referentes `a hip´otese de modelo condicional (CM), uma vez que o algoritmo de base para este trabalho ´e derivado a partir deste.

(26)

Suponha M ondas planas de banda estreita incidindo em um arranjo linear (ULA, do inglˆes Uniform Linear Array) de N (N > M ) sensores. Os sensores s˜ao espa¸cados uniformemente e as ondas incidem com ˆangulos φ = [φ1 ... φm] medidos em rela¸c˜ao `a normal ao eixo do arranjo.

A Figura 2.1 ilustra o cen´ario enfatizando a geometria do arranjo e a m-´esima onda plana incidente.

Figura 2.1: Ilustra¸c˜ao do cen´ario usando um arranjo linear uniforme de N sensores e M fontes de sinal.

O m-´esimo sinal captado pelo primeiro elemento (z = 0) ou elemento de referˆencia do arranjo ´e expresso por

s0,m(t) = Em(t)ej(Ωmt+ϕm), (2.1)

onde Em(t) ´e a amplitude variante no tempo, Ωm ´e a frequˆencia da portadora e ϕm ´e uma fase

arbitr´aria no instante t = 0.

Considere que a frente de onda associada ao m-´esimo sinal captado esteja se propagando na dire¸c˜ao dm com uma inclina¸c˜ao φm em rela¸c˜ao `a normal ao eixo do arranjo e que o vetor

posi¸c˜ao zn do n-´esimo elemento seja tal que |zn| = nd. Considere que o comprimento de onda

do m-´esimo sinal captado seja λm. O n´umero de onda νm ´e definido por dm/λm. Desta forma,

(27)

2.1. MODELO DE SINAL 9 Podemos expressar esta defasagem na forma

2π (νm· zn) = 2π

nd λm

sin φm (2.2)

e portanto, para o n-´esimo elemento teremos

sn,m(t) = Em(t)ej(Ωmt+

λmnd sin(φm)+ϕm). (2.3)

O produto escalar entre νm e zn aponta para trˆes parˆametros importantes ao arranjo: φm

que representa o ˆangulo de chegada da m-´esima onda incidente, λm que representa o respectivo

comprimento de onda e d que representa a distˆancia entre os elementos n e n + 1. Definindo o ˆangulo de fase el´etrica de sensor para sensor ao longo do arranjo como

ωm =

2πd λm

sin φm, (2.4)

podemos simplificar a equa¸c˜ao (2.3) para

sn,m(t) = Em(t)ej(Ωmt+nωm+ϕm). (2.5)

Assumindo que todas as ondas planas s˜ao de faixa estreita e que todas as portadoras tˆem freq¨uˆencia igual a Ω, podemos considerar Ω1 = Ω2 = . . . = ΩM = Ω e λ1 = λ2 = . . . = λM = λ.

Usando (2.4), podemos constatar que, como conseq¨uˆencia da desigualdade −π/2 < φm <

π/2, temos −2πd/λ < ωm < 2πd/λ. ´E usual adotar d = λ/2 de modo a maximizar o intervalo

de valores de ωm mantendo a biunicidade da rela¸c˜ao (2.4).

Assumindo ainda que o sinal recebido ´e demodulado, geramos uma vers˜ao correspondente1

em banda base, dada por

sn,m(t) = Em(t)ej(nωm+ϕm). (2.6)

1

(28)

Somando as contribui¸c˜oes produzidas pelas M ondas planas que atingem o n-´esimo sensor obtemos sn(t) = M X m=1 sn,m(t) = M X m=1 Em(t)ejnωmejϕm. (2.7)

O sinal total no n-´esimo elemento do arranjo ´e composto pelo sinal de (2.7), mais um ru´ıdo e possivelmente sinais interferentes. Assumiremos que n˜ao teremos sinais interferentes expressivos e que o ru´ıdo ser´a aditivo. Desta forma, o modelo de sinal segue a equa¸c˜ao

yn(t) = sn(t) + nn(t), n = 0, 1, . . . , N − 1 (2.8)

onde nn(t) ´e o ru´ıdo no n-´esimo sensor. Usando (2.7) em (2.8) vemos que

yn(t) = M

X

m=1

Em(t)ejnωmejϕm+ nn(t), n = 0, 1, . . . , N − 1. (2.9)

Usando nota¸c˜ao matricial, reescrevemos (2.9) na forma mais compacta

y(t) = s(t) + n(t)

= A(φ)x(t) + n(t) (2.10)

onde, y(t) ∈ CN ×1 ´e o vetor dos sinais recebidos definido por

y(t) =          y0(t) y1(t) ... yN −1(t)          , (2.11)

(29)

2.1. MODELO DE SINAL 11 s(t) ∈ CN ×1 ´e o vetor de sinal definido por

s(t) =          s0(t) s1(t) ... sN −1(t)          , (2.12)

n(t) ∈ CN ×1´e o vetor de ru´ıdo definido por

n(t) =          n0(t) n1(t) ... nN −1(t)          , (2.13)

x(t) ∈ CM ×1 ´e o vetor das formas de onda dos sinais definido por

x(t) =          E1(t)ejϕ1 E2(t)ejϕ2 ... EM(t)ejϕM          , (2.14)

A(φ) ∈ CN ×M ´e a matriz de resposta do arranjo definida pela estrutura de Vandermonde

A(φ) =          1 . . . 1 ejω1 . . . ejωM ... ... ej(N −1)ω1 . . . ej(N −1)ωM          . (2.15)

O vetor y(t) ´e historicamente denominado snapshot e representa os sinais recebidos pelos sensores em um instante particular t. Em geral, a estimativa DOA ´e realizada com base em

(30)

v´arios snapshots, recebidos nos instantes tk, de modo que a equa¸c˜ao do modelo descrita no

modo cont´ınuo pode ser expressa na forma discreta:

y(k) = s(k) + n(k)

= A(φ)x(k) + n(k), k = 1, 2, . . . , K (2.16)

onde y(k) = y(tk) e K ´e o n´umero total de snapshots considerados.

Para um cen´ario estacion´ario no sentido estrito (SSS), a dura¸c˜ao de um intervalo de tempo relativo aos K snapshots deve ser pequeno o bastante para que os ˆangulos de chegada n˜ao mudem significativamente. Com isto, a matriz de resposta do arranjo A(φ) ser´a uma matriz com parˆametros desconhecidos determin´ısticos e constantes. Ao contr´ario da matriz A(φ), o vetor x(k) tipicamente varia com o tempo e ´e modelado por um processo estoc´astico, uma vez que a caracter´ıstica das fontes respons´aveis pela sua gera¸c˜ao ´e, em geral, aleat´oria (Haykin, 1985).

Por conveniˆencia, podemos ver o problema de estima¸c˜ao DOA como um problema de esti-ma¸c˜ao de frequˆencias

ω= [ω1, ω2, . . . , ωM]T, (2.17)

no seguinte modelo:

ωm = π sin(φm), m = 1, ..., M, (2.18)

yk= Axk+ nk, k = 1, ..., K, (2.19)

onde o espa¸camento entre sensores ´e tal que d = λ/2.

O n´umero M de fontes ´e assumido ser conhecido. Quando o n´umero de fontes ´e desconhecido, M pode ser estimado usando uma das t´ecnicas dispon´ıveis na literatura (Wax & Kailath, 1985), (Bienvenu & Kopp, 1983), (Kaveh, Wang, & Hung, 1987), e (Larocque & Reilly, 2002). Assumimos tamb´em que a matriz A = A(φ) possui posto cheio em colunas. Outras hip´oteses

(31)

2.1. MODELO DE SINAL 13 no modelo (2.19) s˜ao as seguintes:

H1: O ru´ıdo n(k) ´e um processo aleat´orio complexo Gaussiano de m´edia zero, circularmente sim´etrico, temporal e espacialmente descorrelacionado e com os momentos de segunda-ordem

E{n(k)nH(i)} = σ2Iδk,i (2.20)

E{n(k)nT(i)} = 0 (para todo k e i). (2.21)

onde δk,i ´e o operador delta de Kronecker, E{·} ´e o operador estat´ıstico

espe-ran¸ca, H e T denotam conjugado transposto e transposto, respectivamente, de uma matriz ou vetor, e I denota uma matriz identidade.

H2: A sequˆencia dos vetores de sinal x(k) (para k = 1, 2, . . . , K) ´e um processo aleat´orio complexo Gaussiano de m´edia zero, circularmente sim´etrico e descor-relacionado temporalmente. Assim

E{x(k)xH(i)} = Cδk,i (2.22)

E{x(k)xT(i)} = 0 (para todo k e i). (2.23)

H3: Os vetores de sinais x(k) e de ru´ıdo n(i) s˜ao descorrelacionados para todo k e i.

Adicionalmente, fazemos uma distin¸c˜ao entre as caracter´ısticas estat´ısticas das fontes de sinal, da qual surgem dois modelos: 1) suposi¸c˜ao de Modelo Condicional (CM): O sinal x(k) ´e aleat´orio ao longo de uma seq¨uˆencia de snapshots {y(k)}K

k=1; por´em, o conjunto {x(k)}Kk=1

n˜ao se altera para realiza¸c˜oes distintas dos dados {y(k)}K

k=1; nestas ´ultimas, apenas o conjunto

{n(k)}K

k=1 varia de realiza¸c˜ao para realiza¸c˜ao. 2) suposi¸c˜ao de Modelo Incondicional (UM): O

sinal x(k) ´e aleat´orio e varia de realiza¸c˜ao para realiza¸c˜ao da mesma forma que {n(k)}K k=1.

(32)

Os modelos CM e UM s˜ao, frequentemente, denominados “determin´ıstico” e “estoc´astico”, respectivamente. No entanto, estas denomina¸c˜oes s˜ao um tanto contradit´orias, uma vez que o modelo ´e estoc´astico mesmo para a suposi¸c˜ao de modelo condicional. A terminologia “modelo condicional/incondicional” foi aparentemente introduzida em (Sandk¨uhler & B¨ohme, 1987), e parece mais adequada (Stoica & Nehorai, 1990).

Note que a distribui¸c˜ao dos dados {y(k)}K

k=1 para a suposi¸c˜ao CM ´e dada por

y(k) ∽ N ( Ax(k) , σ2I ), (2.24)

enquanto para a suposi¸c˜ao UM

y(k) ∽ N ( 0 , Ry), (2.25)

onde

Ry = E { ykyHk}

= ACAH + σ2I . (2.26)

Para finitas amostras, aproximamos a matriz de covariˆancia te´orica pela m´edia aritm´etica

ˆ Ry= 1 K K X k=1 ykyHk (2.27) de modo que lim K→∞ ˆ Ry = Ry (2.28)

para ambos os modelos. Para o modelo incondicional, isto ´e uma consequˆencia da Lei dos Grandes N´umeros. Para o modelo condicional, ´e consequˆencia da ergodicidade de x(k) e n(k) (Stoica & Nehorai, 1990).

(33)

2.2. ESTIMADOR ML PARA O MODELO DE SINAL 15

2.2

Estimador ML para o modelo de sinal

O m´etodo da M´axima-Verossimilhan¸ca (ML) ´e baseado na id´eia de que diferentes popula¸c˜oes geram diferentes amostras e que qualquer dada amostra ´e mais prov´avel ter vindo de algumas popula¸c˜oes do que de outras (Mendel, 1995).

De acordo com o m´etodo ML, para derivarmos o estimador ML de θ dado um ´unico snapshot, precisamos determinar uma express˜ao para a fun¸c˜ao densidade de probabilidade p(y; θ)2.

Retome o modelo condicional (CM) de snapshot

yk = Axk+ nk, (2.29)

para k = 1, . . . , K, onde nk ´e um processo aleat´orio complexo Gaussiano de m´edia zero, com

matriz de covariˆancia W = σ2I.

Podemos reescrever (2.29) na nota¸c˜ao mais compacta

Y = A(θ)X + N, (2.30)

onde Y = [y1, y2, . . . , yK], X = [x1, x2, . . . , xK] e N = [n1, n2, . . . , nK].

A fun¸c˜ao densidade de probabilidade do ru´ıdo, p(nk), para nk complexo, ´e dada por

p(nk) = 1 πNdet[W]exp−n H kW−1nk  = 1 πN2)N exp  − 1 σ2n H knk  (2.31)

e, portanto, a fun¸c˜ao densidade de probabilidade de yk ser´a dada por

p(yk; θ, xk, σ2) = 1 πN2)N exp  − 1 σ2[yk− Axk] H[y k− Axk]  . (2.32) 2

Note que o vetor vari´avel θ denota o parˆametro de dire¸c˜ao de chegada, enquanto o vetor constante ω denota os valores verdadeiros dos parˆametros de dire¸c˜ao de chegada.

(34)

No caso de m´ultiplos snapshots independentes, precisamos da fun¸c˜ao densidade de proba-bilidade conjunta p(Y; θ, X, σ2) = K Y k=1 1 πN2)N exp  − 1 σ2[yk− Axk] H[y k− Axk]  . (2.33)

A vers˜ao logar´ıtmica da fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca ´e definida por

L(θ, X, σ2) = ln{p(Y; θ, X, σ2)}. (2.34)

Usando o resultado (2.33) na express˜ao (2.34) obtemos

L(θ, X, σ2) = ln ( K Y k=1 1 πN2)N exp  − 1 σ2[yk− Axk] H[y k− Axk] ) = lnnπ−N K σ2−N Ko + ln ( exp ( − 1 σ2 K X k=1 [yk− Axk]H[yk− Axk] )) = −N K ln{π} − N K ln{σ2} − 1 σ2 K X k=1 [yk− Axk]H[yk− Axk]. (2.35)

Ignorando o primeiro termo (constante) em (2.35), obtemos a vers˜ao logar´ıtmica da fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca para sucessivos snapshots independentes

L(θ, X, σ2) ∝ − N K ln{σ2} + 1 σ2 K X k=1 [yk− Axk]H[yk− Axk] ! . (2.36)

Podemos concentrar3 a fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca para L(θ) atrav´es das estimativas ML de

X = [x1, . . . , xK] e σ2. Podemos obtˆe-las atrav´es dos argumentos que satisfazem as igualdades

∂L(θ, X, σ2)

∂xk

= 0 (2.37)

3

O termo concentrar est´a sendo usado no sentido de eliminar a dependˆencia de um parˆametro desconhecido na fun¸c˜ao em quest˜ao. Este procedimento ´e bem conhecido na literatura da ´area, e pode ser encontrado em (Kumaresan & Shaw, 1985) e (Kumaresan, Scharf, & Shaw, 1986).

(35)

2.2. ESTIMADOR ML PARA O MODELO DE SINAL 17 e

∂L(θ, X, σ2)

∂σ2 = 0 . (2.38)

Para o c´alculo de (2.37) mudamos o ´ındice k da vari´avel de deriva¸c˜ao xk para o ´ındice l.

O motivo desta mudan¸ca de nomenclatura ´e devido a uma poss´ıvel confus˜ao no c´alculo da derivada da equa¸c˜ao (2.37) que envolve uma derivada de uma somat´oria em k.

Calculando (2.37) para l = 1, . . . , K temos

∂L(θ, X, σ2) ∂xl = − ∂N K ln{σ 2} ∂xl + ∂ ∂xl 1 σ2 K X k=1 [yk− Axk]H[yk− Axk] !! 0 = ∂ ∂xl 1 σ2 K X k=1 [yk− Axk]H[yk− Axk] ! 0 = K X k=1 ∂ ∂xl [yk− Axk]H[yk− Axk].

Todas as derivadas onde l 6= k s˜ao naturalmente nulas. Logo, resta impor apenas que

∂ ∂xk [yk− Axk]H[yk− Axk] = 0 . (2.39) Definindo J = [yk− Axk]H[yk− Axk] (2.40) = ykHyk− yHkAxk− xHkAHyk+ xHkAHAxk, (2.41)

resolvemos (2.39) na seguinte forma:

∂J ∂xk

= 0 − [AHyk]∗− 0 + [AHAxk]∗

(36)

A equa¸c˜ao (2.42) leva a

AHAx

k = AHyk,

e portanto, o argumento que verifica a idenditade (2.39) e que representa a estimativa de xk ´e

dado por

ˆ

xk = [AHA]−1AHyk (2.43)

= A†y

k, (2.44)

onde A† = [AHA]−1AH ´e a pseudo-inversa de Moore-Penrose4 da matriz A. Podemos tamb´em

representar as estimativas ML de xk usando a forma mais compacta

ˆ

X = [AHA]−1AHY . (2.45)

Resolvendo agora (2.38) vemos que

∂L(θ, X, σ2) ∂σ2 = − ∂N K ln{σ2} ∂σ2 + K X k=1 ∂ ∂σ2  1 σ2[yk− Axk] H[y k− Axk] ! 0 = −N K σ2 + 1 (σ2)2 K X k=1 kyk− Axkk22 0 = −N K + 1 σ2 K X k=1 kyk− Axkk22 N K = 1 σ2 K X k=1 kyk− Axkk22. (2.46) 4

(37)

2.2. ESTIMADOR ML PARA O MODELO DE SINAL 19 Usando em (2.46) a estimativa ML de xk dada em (2.44), obtemos

ˆ σ2 = 1 N K K X k=1 kyk− Aˆxkk22 = 1 N K K X k=1 kyk− AA†ykk22 = 1 N K K X k=1 k(I − PA)ykk22 = 1 N K K X k=1 kP⊥ Aykk22 = 1 N K K X k=1 [P⊥Ayk]H[P⊥Ayk] = 1 KN K X k=1 [ykH(P⊥ A) HP⊥ Ayk] , (2.47)

onde PA = AA† ´e a matriz de proje¸c˜ao no subespa¸co de sinal e P⊥A = I − AA† ´e a matriz de

proje¸c˜ao no subespa¸co de ru´ıdo.

Usando as propriedades do operador de proje¸c˜ao5

(PU)H = PU (2.48) PUPU = PU (2.49) em (2.47), chegamos a ˆ σ2 = 1 N K K X k=1 yHkP⊥ Ayk. (2.50) 5

(38)

Usando a propriedade Tr{c} = c, onde c ´e um escalar, temos ˆ σ2 = 1 N K K X k=1 Tr{yHkP⊥Ayk} = 1 N K K X k=1 Tr{P⊥AykyHk} = 1 NTr{P ⊥ A 1 K K X k=1 ykykH} = 1 NTr{P ⊥ ARˆy} . (2.51)

A fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca (2.36) pode ser concentrada com respeito a σ2 e {x

k}. Desta

forma, usando em (2.36) as estimativas de ˆxk e ˆσ2 obtidas, temos que

L(θ) ∝ − N K ln 1 NTr{P ⊥ ARˆy}  + N K Tr{P⊥ ARˆy} Tr{P⊥ARˆy} ! ∝ − ln{Tr{P⊥ ARˆy}} + ln{N } − 1

e ignorando os termos constantes temos finalmente

L(θ) ∝ − ln{Tr{P⊥

ARˆy}}. (2.52)

Lembrando que a estimativa ML de θ ´e a que maximiza a fun¸c˜ao L(θ) e que a fun¸c˜ao logar´ıtmica ´e monotˆonica, as estimativas ML de θ s˜ao dadas ent˜ao por

ˆ θM L = arg min θ Tr{P ⊥ ARˆy}. (2.53)

2.2.1

Reparametriza¸c˜

ao

O processo de otimiza¸c˜ao dado pelo estimador ML de θ pode ser visto como a obten¸c˜ao da matriz A que leva a fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca L(θ) ao m´aximo global ou, em outros termos,

(39)

2.2. ESTIMADOR ML PARA O MODELO DE SINAL 21 leva a fun¸c˜ao custo

L(θ) = Tr{[I − A(AHA)−1AH] ˆR

y} (2.54)

ao m´ınimo global.

Para facilitar a tratabilidade matem´atica deste problema de otimiza¸c˜ao, Kumaresan et al. propuseram em (Kumaresan & Shaw, 1985) e (Kumaresan et al., 1986) modificar a matriz de proje¸c˜ao P⊥

A tendo por base a estrutura de Vandermonde da matriz A presente na sua

formula¸c˜ao. A modifica¸c˜ao ´e baseada em uma reparametriza¸c˜ao do problema de estima¸c˜ao, como mostrado a seguir.

Seja o polinˆomio b(z) , b0zM + b1zM −1+ ... + bM , b0 M Y m=1 (z − ejωm ), (2.55)

com zeros na circunferˆencia de raio unit´ario dados por ejω1, ejω2, . . . , ejωM. Isto implica em

M

X

k=0

bM −kej(k−q)ωm = 0 , m = 1, 2, . . . , M (2.56)

para qualquer inteiro q.

Escrevendo as identidades em (2.56) na forma matricial, notamos que

BHA = 0, (2.57) onde BH =          bM bM −1 . . . b0 0 0 . . . 0 0 bM . . . b1 b0 0 . . . 0 ... ... 0 0 . . . bM bM −1 . . . b0          (N −M )×N . (2.58)

(40)

e, portanto, geram o espa¸co ortogonal da matriz A, fazendo com que as matrizes PB e P⊥A

tenham a mesma proje¸c˜ao.

A propriedade que garante a afirma¸c˜ao acima ´e a seguinte (Kumaresan et al., 1986):

Sejam Ai, i = 1, 2, . . . , k matrizes N × pi de posto ri, para i = 1, 2, . . . , k. Se

Pk

i=1ri = N e se AHi Aj = 0 para todo i 6= j, ent˜ao I =Pki=1Ai(AHi Ai)−1AHi .

Seguindo a propriedade para B com posto = N − M e A com posto = M , temos que

posto(A) + posto(BH) = N (2.59)

BHA = 0 (2.60)

AHA 6= 0 . (2.61)

Desta forma, chegamos `a identidade

I = A(AHA)−1AH + B(BHB)−1BH (2.62)

e portanto

P⊥

A = PB = B(BHB)−1BH. (2.63)

Usando a identidade das matrizes de proje¸c˜ao de (2.63) na fun¸c˜ao custo de (2.54), obtemos a fun¸c˜ao custo reparametrizada

L(b) = Tr{PBRˆy} (2.64)

= Tr{B(BHB)−1BHRˆy} , (2.65)

onde b = [b0, b1, . . . , bM]T ∈ C(M +1)×1 ´e o vetor formado pelos coeficientes do polinˆomio b(z)

(41)

2.2. ESTIMADOR ML PARA O MODELO DE SINAL 23 estimador ˆ bM L = arg min b Tr{B(B HB)−1BHRˆ y}. (2.66)

Uma vez estimado o vetor b, formamos o polinˆomio b(z) correspondente. As ra´ızes deste polinˆomio s˜ao estimativas para ω.

2.2.2

O polinˆ

omio b(z) e suas restri¸c˜

oes

A reparametriza¸c˜ao descrita na se¸c˜ao anterior faz uso do polinˆomio

b(z) = b0 M Y m=1 (z − ejωm ) = b0(z − ejω1)(z − ejω2) . . . (z − ejωM) (2.67)

onde ejω1, ejω2, . . ., ejωM s˜ao M zeros na circunferˆencia de raio unit´ario (CRU).

Os coeficientes do polinˆomio b(z) s˜ao vari´aveis complexas. Portanto, para determinarmos completamente o polinˆomio, precisamos de 2(M +1) parˆametros reais, correspondentes `as partes reais e imagin´arias dos M + 1 coeficientes. Convenientemente, podemos reduzir este n´umero de parˆametros para M +1

2 no caso de M ser ´ımpar, e ( M

2 + 1) no caso de M ser par, impondo

uma simetria complexa conjugada aos coeficientes do polinˆomio.

Tal simetria n˜ao ´e nem necess´aria nem suficiente para garantir que os zeros do polinˆomio estejam sobre a CRU, como ser´a demonstrado a seguir. Entretanto, todo polinˆomio com ra´ızes na CRU pode ser convertido, mediante um fator multiplicativo, em um polinˆomio com a simetria proposta. E a imposi¸c˜ao desta simetria ´e conveniente por reduzir o n´umero de parˆametros.

A verifica¸c˜ao de que a simetria n˜ao ´e necess´aria nem suficiente pode ser feita da seguinte forma:

1. necess´aria: Contra-exemplo. Seja z1 = ejω1 e z2 = ejω2

(42)

o qual n˜ao apresenta simetria complexa conjugada. Por´em,

e−j(ω1+ω2)/2 b(z) = e−j(ω1+ω2)/2 z2ej(ω1−ω2)/2+ e−j(ω1+ω2)/2 z + ej(ω1+ω2)/2

apresenta simetria complexa conjugada.

2. suficiente: Contra-exemplo. Seja z1 = ρ ejω e z2 = ρ1e−jω.

b(z) = z2−  ρ ejω+1 ρe jω  z + 1 ∴ b0 = bM = 1 mesmo com ρ 6= 1.

Em resumo, a restri¸c˜ao de simetria complexa conjugada pode ser considerada, rigorosa-mente, apenas conveniente por reduzir pela metade o n´umero de inc´ognitas em b(z). Com o uso desta restri¸c˜ao, o problema de minimiza¸c˜ao para o m´etodo ML passa a ser dado por

ˆ bM L = arg min b Tr{B(B HB)−1BHRˆ y} sujeito a bm = b∗M −m, m = 0, ..., M e b 6= 0 , (2.68)

onde b 6= 0 ´e uma restri¸c˜ao de n˜ao-trivialidade.

Vamos agora realizar algumas considera¸c˜oes sobre as implica¸c˜oes da imposi¸c˜ao da simetria sobre os coeficientes b0 e bM. Partindo de (2.67), podemos escrever:

b(z) = b0zM + b1zM −1· · · + b0(−1)M M Y m=1 ejωm .

Usando a identidade (−1)M = e−jM π e definindo Ω

M =PMm=1ωm, chegamos a

(43)

2.2. ESTIMADOR ML PARA O MODELO DE SINAL 25 onde constatamos que bM = b0ej(ΩM−M π).

Para o caso dos coeficientes b0 e bM, a simetria ´e naturalmente alcan¸cada multiplicando b(z)

por e−j  ΩM −M π 2  , levando a b0 = b∗M = α e j  M π−ΩM 2  , α = |b0| = real 6= 0

onde apenas α ´e arbitr´ario.

Este resultado ´e importante para analisarmos a forma como alguns m´etodos para DOA, como o MODE e o MODEX, imp˜oem a condi¸c˜ao b 6= 0 da express˜ao (2.68). Uma forma usada ´e impor Re{b0} = α cos

M π−ΩM

2  = 1. Entretanto, tal restri¸c˜ao n˜ao ´e consistente para os casos

em que ΩM ´e m´ultiplo ´ımpar de π, pois ent˜ao Re{b0} = 0. Em (Stoica & Sharman, 1990) ´e

proposto que neste caso seja usada a restri¸c˜ao Im{b0} = 1.

2.2.3

Imposi¸c˜

ao da simetria complexa conjugada

Seja o polinˆomio b(z) = b0zM + · · · + b0∗ e o respectivo vetor b = [b0 · · · b∗0]T.

Podemos escrever: • M = par: b =hb0 b1 · · · bM 2−1 b M 2 b ∗ M 2−1 · · · b∗ 0 iT • M = ´ımpar: b =hb0 b1 · · · bM −1 2 b ∗ M−1 2 · · · b∗ 0 iT

A imposi¸c˜ao destas simetrias pode ser feita definindo-se

b , Wβ, (2.70)

onde β ∈ RM +1×1 ´e um vetor com os elementos reais b

k,r e bk,img, respectivos `as partes reais e

imagin´arias dos coeficientes bk, e W ∈ CM +1×M +1 ´e uma matriz de simetria composta por 1, 0

(44)

1. Quando M for par: β =hb0,r b1,r · · · b(M 2−1),r b M 2 (∈ R) b0,img b1,img · · · b( M 2−1),img iT (2.71) W =                           1 0 0 · · · 0 0 j 0 0 · · · 0 0 1 0 · · · 0 0 0 j 0 · · · 0 ... ... ... ... ... 0 0 · · · 1 0 0 0 · · · j 0 0 · · · 0 1 0 · · · 0 0 0 · · · 1 0 0 · · · −j 0 0 · · · 1 0 0 0 −j 0 ... ... ... ... ... 1 0 · · · 0 0 −j 0 · · · 0                           . (2.72)

2. Quando M for ´ımpar:

β=hb0,r b1,r · · · b(M −1 2 ),r b0,img b1,img · · · b(M −1 2 ),img iT (2.73) W =                        1 0 · · · 0 j 0 · · · 0 0 1 · · · 0 0 j · · · 0 ... ... ... ... ... 0 0 · · · 1 0 0 · · · j 0 0 · · · 1 0 0 · · · −j ... ... ... 0 1 · · · 0 −j · · · 1 0 · · · 0 −j 0 · · · 0                        . (2.74)

(45)

Cap´ıtulo 3

etodos baseados no crit´

erio ML

T´ecnicas de estima¸c˜ao de dire¸c˜ao de chegada (DOA) baseadas no crit´erio da M´axima-Verossimilhan¸ca (ML) exercem um importante papel em processamento de sinais de arranjos de sensores (Krim & Viberg, 1996). O principal motivo est´a no excelente desempenho estat´ıs-tico inerente aos estimadores ML. Por outro lado, o excelente desempenho destes estimadores ´e obtido a custo de complexos procedimentos de otimiza¸c˜ao, dado que a implementa¸c˜ao dos algoritmos geralmente requer a minimiza¸c˜ao (ou maximiza¸c˜ao) de uma fun¸c˜ao custo n˜ao-linear no espa¸co multidimensional dos parˆametros. Este fato pode comprometer o resultado da busca pela melhor solu¸c˜ao no processo de otimiza¸c˜ao, dado que as estimativas podem convergir para m´ınimos locais distantes, em termos de custo, do m´ınimo global.

Uma demonstra¸c˜ao dos cen´arios nos quais os algoritmos baseados no crit´erio ML operam no problema de estima¸c˜ao DOA pode ser vista nas Figuras 3.1 a 3.4, as quais apresentam as superf´ıcies e as curvas de n´ıvel da fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca dada por (2.54), em fun¸c˜ao dos parˆametros a serem estimados1. O cen´ario para as figuras ´e composto por duas fontes de banda

estreita descorrelacionadas e de mesma potˆencia atingindo um arranjo linear uniforme de 10 sensores com ˆangulos de chegada em φ1 = 10◦ e φ2 = 15◦ relativos `a normal ao eixo do arranjo,

para rela¸c˜oes sinal-ru´ıdo de 0 dB, −5 dB, −10 dB e −15 dB. Nos quatro casos s˜ao usados 100

1

Todas as simula¸c˜oes apresentadas nesta disserta¸c˜ao foram executadas usando o software MATLAB R.

(46)

snapshots. A matriz de covariˆancia do sinal ´e dada por C = I e a rela¸c˜ao sinal-ru´ıdo ´e definida como SNR = 1/σ2, onde σ2 ´e a variˆancia do ru´ıdo.

Antes de analisarmos as Figuras 3.1 a 3.4, ´e importante salientar que a superf´ıcie da fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca L(θ) ´e sim´etrica. Este fato ´e devido `a matriz de proje¸c˜ao PA ser a mesma,

seja qual for a ordem dos ˆangulos na matriz A(θ) que a gera.

Analisando cuidadosamente os pontos de m´ınimo global da fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca L(θ) mostrados nas Figuras 3.1 a 3.4, notamos que estes pontos se afastam dos valores verdadeiros, φ1 = 10◦ e φ2 = 15◦, `a medida que os valores da rela¸c˜ao sinal-ru´ıdo decaem. Este fato nos

permite afirmar que, utilizando esta fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca como fun¸c˜ao custo na tarefa de estima¸c˜ao dos ˆangulos desconhecidos, ´e de se esperar que, mesmo encontrando os m´ınimos globais atrav´es de algum m´etodo de otimiza¸c˜ao, seja de busca local (como os m´etodos iterativos) ou mesmo global (como os algoritmos gen´eticos), haver´a um erro de estima¸c˜ao cuja magnitude depender´a do valor da SNR.

A proposta do m´etodo desenvolvido nesta disserta¸c˜ao ´e, de certa forma, minimizar este erro de estima¸c˜ao. O ponto principal ´e uma transforma¸c˜ao da fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca com o objetivo de amenizar o efeito do ru´ıdo tanto no deslocamento dos pontos de m´ınimo global como na forma acidentada da sua superf´ıcie, e assim melhorar o resultado final da estima¸c˜ao. A proposta ´e descrita ao longo dos Cap´ıtulos 4, 5, e 6.

Neste cap´ıtulo apresentaremos um algoritmo que explora a reparametriza¸c˜ao descrita na Se¸c˜ao 2.2.1 para contornar a caracter´ıstica multidimensional da fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca L(θ) e que implementa de forma iterativa o processo de otimiza¸c˜ao da fun¸c˜ao custo (2.68). Apresentaremos ainda dois algoritmos baseados no algoritmo anterior, mas que, adicionalmente, prop˜oem solu¸c˜oes alternativas para uma convergˆencia mais prov´avel para o m´ınimo global.

(47)

29 −30 −20 −10 0 10 20 30 40 50 60 −40 −20 0 20 40 60 4 6 8 10 12 14 16 θ1 θ2 L( θ ) (a) Superf´ıcie de L(θ), SNR = 0 dB θ1 θ 2 −30 −20 −10 0 10 20 30 40 50 60 −30 −20 −10 0 10 20 30 40 50 (b) Curvas de n´ıvel de L(θ), SNR = 0 dB

Figura 3.1: An´alise da superf´ıcie e curva de n´ıvel da fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca L(θ) para M = 2, N = 10, 100 snapshots e rela¸c˜ao sinal-ru´ıdo de 0dB.

(48)

−30 −20 −10 0 10 20 30 40 50 60 −40 −20 0 20 40 60 4 4.5 5 5.5 6 6.5 7 7.5 θ1 θ2 L( θ ) (a) Superf´ıcie de L(θ), SNR = −5 dB θ1 θ 2 −30 −20 −10 0 10 20 30 40 50 60 −30 −20 −10 0 10 20 30 40 50 (b) Curvas de n´ıvel de L(θ), SNR = −5 dB

Figura 3.2: An´alise da superf´ıcie e curva de n´ıvel da fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca L(θ) para M = 2, N = 10, 100 snapshots e rela¸c˜ao sinal-ru´ıdo de −5dB.

(49)

31 −30 −20 −10 0 10 20 30 40 50 60 −40 −20 0 20 40 60 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 5 5.1 5.2 θ1 θ2 L( θ ) (a) Superf´ıcie de L(θ), SNR = −10 dB θ1 θ 2 −30 −20 −10 0 10 20 30 40 50 60 −30 −20 −10 0 10 20 30 40 50 (b) Curvas de n´ıvel de L(θ), SNR = −10 dB

Figura 3.3: An´alise da superf´ıcie e curva de n´ıvel da fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca L(θ) para M = 2, N = 10, 100 snapshots e rela¸c˜ao sinal-ru´ıdo de −10dB.

(50)

−30 −20 −10 0 10 20 30 40 50 60 −40 −20 0 20 40 60 4.1 4.15 4.2 4.25 4.3 4.35 4.4 4.45 4.5 4.55 4.6 θ1 θ2 L( θ ) (a) Superf´ıcie de L(θ), SNR = −15 dB θ1 θ 2 −30 −20 −10 0 10 20 30 40 50 60 −30 −20 −10 0 10 20 30 40 50 (b) Curvas de n´ıvel de L(θ), SNR = −15 dB

Figura 3.4: An´alise da superf´ıcie e curva de n´ıvel da fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca L(θ) para M = 2, N = 10, 100 snapshots e rela¸c˜ao sinal-ru´ıdo de −15dB.

(51)

3.1. O ALGORITMO MODE 33

3.1

O algoritmo MODE

Desenvolvido por Petre Stoica e K. C. Sharman e publicado em 1990 em (Stoica & Sharman, 1990), o algoritmo MODE (Method of Direction Estimation) ´e um estimador baseado no crit´erio ML Condicional que faz uso da reparametriza¸c˜ao da fun¸c˜ao custo apresentada em (2.68) e de uma restri¸c˜ao ao subespa¸co de sinal da matriz de covariˆancia dos dados recebidos2.

A restri¸c˜ao ao subespa¸co de sinal ´e implementada atrav´es da decomposi¸c˜ao em autovalores e autovetores de ˆRy dada por

ˆ

Ry = ˆUs Λˆs UˆHs + ˆUn Λˆn UˆHn, (3.1)

onde ˆΛs´e uma matriz ¯M × ¯M diagonal contendo os ¯M = min{M, posto(C)} maiores autovalores

de ˆRy, chamados de autovalores do subespa¸co de sinal. Os (N − ¯M ) autovalores restantes,

aqueles do subespa¸co de ru´ıdo, est˜ao na matriz diagonal ˆΛn. As colunas das (N × ¯M ) e N ×

(N − ¯M ) matrizes ˆUse ˆUns˜ao os autovetores dos subespa¸cos de sinal e ru´ıdo, respectivamente.

O problema de minimiza¸c˜ao do algoritmo MODE ´e dado por

bM ODE = arg min

b Tr{B(B HB)−1BHUˆ sΛMUˆHs } sujeito a bm = b∗M −m, m = 0, ..., M, e b 6= 0, (3.2) onde b = [b0 ... bM]T, BH =       bM · · · b0 0 . .. . .. 0 bM · · · b0       , (3.3) BH ∈ C(N −M )×N, Λ M = ( ˆΛs− ˆσ2I)2Λˆ−1s e ˆσ2 = Tr{ ˆΛn}/(N − ¯M ). 2

(52)

A simetria complexa conjugada ´e imposta usando a equa¸c˜ao

b = Wβ, (3.4)

conforme descrito na Se¸c˜ao 2.2.3.

Para evitar a solu¸c˜ao trivial b = 0, um dos elementos do vetor β ´e normalizado, assumindo valor 1 (um). Assumimos por simplicidade que β0 = 1.

A id´eia b´asica da deriva¸c˜ao do algoritmo MODE ´e minimizar a fun¸c˜ao L(b) (2.65) explo-rando a forma quadr´atica que ela pode assumir (Stoica & Sharman, 1990). Ao inv´es de resolver o problema (3.2), o MODE resolve o problema quadr´atico equivalente

βM ODE = arg min

β kVβk

2

sujeito a β0 = 1,

(3.5)

onde k · k denota a norma Euclidiana. O Apˆendice A apresenta os detalhes da transforma¸c˜ao do problema (3.2) no problema (3.5).

O problema equivalente (3.5) ´e um problema de otimiza¸c˜ao n˜ao-linear cuja matriz V depende de BHB, a qual depende de β. O m´etodo MODE resolve este problema em dois passos por

meio do seguinte algoritmo (Stoica & Sharman, 1990):

Passo 1. resolva o problema usando a matriz V correspondente a BHB = I de

modo a determinar um valor inicial para o vetor β.

Passo 2. compute BHB usando o vetor β determinado no passo anterior e

b = Wβ. Ent˜ao resolva o problema (3.5) com V atualizado com o novo valor de BHB.

O passo 2 pode ser repetido algumas poucas vezes visando melhorar a exatid˜ao da estimativa, especialmente quando o n´umero de snapshots for pequeno. O Apˆendice A mostra como o MODE computa a solu¸c˜ao do problema (3.5) em cada passo do algoritmo acima.

(53)

3.2. O ALGORITMO MODEX 35 O valor final de β, obtido ap´os os passos 1 e 2, ´e usado na express˜ao (3.4) para calcular o vetor bM ODEe as freq¨uˆencias s˜ao estimadas computando as ra´ızes correspondentes do polinˆomio

b(z) .

A Figura 3.5 mostra o desempenho do MODE para um arranjo linear uniforme de N = 10 sensores com duas fontes de banda estreita descorrelacionadas com mesma potˆencia e ˆangulos de chegada φ1 = 10◦ e φ2 = 15◦ relativos `a normal ao eixo do arranjo. A matriz de covariˆancia

do sinal ´e C = I e o n´umero de snapshots ´e 100. A rela¸c˜ao sinal-ru´ıdo ´e definida como SNR = 1/σ2. O desempenho para cada valor de SNR ´e medido pela Raiz Quadrada do Erro

Quadr´atico M´edio (RMSE) das estimativas DOA para 105 simula¸c˜oes de Monte Carlo3. A

Figura 3.5 tamb´em mostra o limite de Cram´er-Rao (CRB) (Stoica & Nehorai, 1990) para este cen´ario, que representa o limite te´orico de variˆancia das estimativas de qualquer estimador n˜ao-polarizado (Kay, 1993).

O MODE ´e, para um grande n´umero de amostras, uma aproxima¸c˜ao do m´etodo ML. Isto confere ao MODE uma eficiˆencia assint´otica tanto para fontes descorrelacionadas como para fontes correlacionadas. Sua complexidade computacional ´e compar´avel `a do algoritmo MUSIC (Stoica & Sharman, 1990). No entanto, para pequenos valores de SNR e pequeno n´umero de snapshots, o MODE sofre uma degrada¸c˜ao em desempenho que o leva a resultados limitados (A. B. Gershman & Stoica, 1999), (Li, Stoica, & Liu, 1998). Esta degrada¸c˜ao em desempenho ´e denominada efeito de limiar.

3.2

O algoritmo MODEX

Na busca por modifica¸c˜oes do m´etodo MODE visando melhorar o limite de desempenho e preservar a eficiˆencia assint´otica e a moderada complexidade, Alex B. Gershman e Petre Stoica (A. Gershman & Stoica, 1999) apresentaram como solu¸c˜ao em 1998 o algoritmo MODEX

3

Este cen´ario ´e comumente empregado na literatura para an´alise de desempenho dos m´etodos de estima¸c˜ao de dire¸c˜ao de chegada relacionados ao contexto desta disserta¸c˜ao.

(54)

−15 −10 −5 0 5 10 15 10−1 100 101 SNR (dB) RMSE (graus) MODE Limite de Cramér−Rao

Figura 3.5: Desempenho do algoritmo MODE em fun¸c˜ao da rela¸c˜ao sinal-ru´ıdo usando 100 snapshots. Fontes descorrelacionadas.

(MODE with EXtra roots).

O MODEX ´e baseado na observa¸c˜ao de que o efeito de limiar observado no desempenho do MODE resulta de uma grande diferen¸ca entre os subespa¸cos de sinal amostrado e exato (Thomas, Scharf, & Tufts, 1995). Esta diferen¸ca faz com que algumas ra´ızes geradas pelo MODE sejam alocadas em ˆangulos distantes dos parˆametros {ωm}. Para evitar este efeito o

MODEX emprega o vetor estendido

¯ b =  b0 ... bM b(M +1) ... b(M +P ) T (3.6)

na matriz definida pela express˜ao (2.58), onde P ´e um inteiro arbitr´ario tal que 0 < P < (N − M ). O objetivo ´e gerar ra´ızes extras visando melhorar os modelos para ambos subespa¸cos de sinal e ru´ıdo.

(55)

3.2. O ALGORITMO MODEX 37 apenas na dimens˜ao do vetor dos coeficientes do polinˆomio ¯b, e, portanto, ´e dado por

bM ODEX = arg min ¯ b Tr{ ¯B( ¯B HB)¯ −1B¯HUˆ sΛMUˆHs } sujeito a bm = b∗M +P −m, m = 0, 1, . . . , (M + P ), e ¯b 6= 0, (3.7) onde ¯ BH =       bM +P · · · b0 0 . .. . .. 0 bM +P · · · b0       , (3.8) ¯ BH ∈ C(N −M −P )×N, Λ M = ( ˆΛs− ˆσ2I)2Λˆ−1s e ˆσ2 = Tr{ ˆΛn}/(N − ¯M ).

A simetria complexa conjugada ´e implementada por

¯

b = ¯W ¯β, (3.9)

onde ¯W ∈ C(M +P +1)×(M +P +1) denota a matriz cujas entradas s˜ao 1, 0 ou ±j. Estas entradas

s˜ao arranjadas levando em considera¸c˜ao que ¯β ,[β0... βM βM +1 ... βM +P]T de maneira an´aloga

`a descrita anteriormente para o algoritmo MODE.

A solu¸c˜ao do problema (3.7) pode ser obtida exatamente da mesma maneira que para o problema de minimiza¸c˜ao MODE, isto ´e, usando o procedimento de 2 passos descrito na Se¸c˜ao 3.1.

Para garantir um desempenho assint´otico similar `aquele alcan¸cado pelo MODE, as M ra´ı-zes do MODE convencional s˜ao calculadas e mantidas juntas com as (M + P ) novas ra´ıra´ı-zes, levando a um conjunto de (2M + P ) candidatas. A sele¸c˜ao das melhores M ra´ızes dentre todas (2M + P ) canditadas ´e feita analisando todas as poss´ıveis combina¸c˜oes de M ra´ızes via crit´erio ML dado por (2.53) com θ ⊂ Θ, onde Θ ´e o conjunto de todas as combina¸c˜oes poss´ıveis das ra´ızes MODEX.

(56)

−15 −10 −5 0 5 10 15 10−1 100 101 SNR (dB) RMSE (graus) MODE MODEX Limite de Cramér−Rao

Figura 3.6: Desempenho assint´otico do algoritmo MODEX em fun¸c˜ao da rela¸c˜ao sinal-ru´ıdo usando 100 snapshots. Fontes descorrelacionadas. P = 4 ra´ızes extras.

O n´umero de combina¸c˜oes (NC) a ser analisado ´e condicionado pelo fato de P⊥

A ser

inde-pendente da ordem das ra´ızes de cada combina¸c˜ao. Portanto, NC ´e dado por

N C = (2M + P )!

M ! (M + P )! . (3.10)

A Figura 3.6 mostra o desempenho do algoritmo MODEX para os mesmo cen´ario da Figura 3.5.

3.2.1

Discuss˜

ao

Note que os resultados do MODE e do MODEX tendem ao limite de Cram´er-Rao com o aumento da SNR. Por outro lado, o efeito de limiar do MODE ocorre aproximadamente para uma SNR = 2.5 dB enquanto que o MODEX alcan¸ca um bom desempenho para valores de SNR t˜ao baixos quanto −6 dB. Esta melhora significativa no limite de desempenho ´e alcan¸cada

(57)

3.3. O ALGORITMO MODEX MODIFICADO 39 a custo de um esfor¸co computacional adicional. O esfor¸co extra ´e necess´ario para resolver o problema (3.5) novamente (desta vez usando o vetor estendido ¯b) e para selecionar as melhores M ra´ızes. Al´em disso, ´e necess´ario otimizar o n´umero de ra´ızes extras P , dados os valores de N e M .

´

E importante salientar que a capacidade (m´aximo n´umero de ˆangulos a serem estimados) do MODEX ´e limitada pelo n´umero de ra´ızes extras P inseridas no problema. Assim, para um determinado valor de P e conhecendo a restri¸c˜ao 0 < P < N − M , a capacidade do m´etodo MODEX ´e dada por

Mmax= N − P − 1 , (3.11)

enquanto a capacidade do MODE ´e dada por N − 1. A restri¸c˜ao dada por (3.11) pode impedir o uso do MODEX para casos em que o n´umero de sensores N ´e pequeno.

3.3

O algoritmo MODEX Modificado

Em 2003, Amauri Lopes et al. (Lopes, Bonatti, Peres, & Alves, 2003) apresentaram um novo m´etodo baseado no algoritmo MODE, semelhante ao MODEX, no entanto mais eficiente e de menor complexidade computacional. O novo m´etodo, denominado aqui de MODEX Modificado, prop˜oe modificar o m´etodo de gera¸c˜ao de ra´ızes extras do m´etodo MODEX com o objetivo de gerar menos ra´ızes extras e de melhor qualidade.

A id´eia central do MODEX Modificado reside em explorar o subespa¸co de sinal com mais frentes de busca, com o objetivo de encontrar na diversidade das estimativas, um aumento de probabilidade de boas solu¸c˜oes para o problema de otimiza¸c˜ao n˜ao-linear e multidimensional que a fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca imp˜oe.

O m´etodo MODEX tenta contornar este problema aumentando o grau do polinˆomio b(z). No entanto, P das (M + P ) ra´ızes extras geradas pelo MODEX n˜ao s˜ao, em geral, boas estimativas das frequˆencias verdadeiras ω (Lopes et al., 2003).

(58)

O m´etodo MODEX Modificado prop˜oe um novo gerador de ra´ızes extras, composto por trˆes diferentes solu¸c˜oes MODE, obtidas a partir de trˆes diferentes restri¸c˜oes de n˜ao-singularidade. Naturalmente, a diferen¸ca entre os subespa¸cos de sinal amostrado e exato ir´a afetar as solu¸c˜oes MODE. Por´em, nem sempre as trˆes solu¸c˜oes ser˜ao afetadas simultaneamente e/ou nem sempre ser˜ao afetadas na mesma ra´ız em cada solu¸c˜ao.

O m´etodo de gera¸c˜ao das candidatas ´e implementado segundo o procedimento:

Solu¸c˜ao 1. Resolva o problema

β = arg min β kVβk 2 sujeito a kβk = 1, (3.12) com β ∈ R(M +1)×1,

Passo 1. Determine a matriz V inicial correspondente a BHB = I.

O valor inicial do vetor β1 ´e dado pelo autovetor associado ao

menor autovalor da matriz VHV.

Passo 2. Usando β1do passo anterior, calcule a matriz BHB e a

par-tir dela atualize a matriz V. A solu¸c˜ao β1 ´e dada pelo autovetor associado ao menor autovalor da matriz VHV.

Solu¸c˜ao 2. Restri¸c˜ao β0 = 1.

Passo 3. Usando a ´ultima vers˜ao da matriz V da Solu¸c˜ao 1, calcule β2 atrav´es da equa¸c˜ao β2 =    1 −R−11 QH 1 V1   . (3.13)

(59)

3.3. O ALGORITMO MODEX MODIFICADO 41 R2 ¯M (N −M )×M. A decomposi¸c˜ao QR de V 2 leva a V2 = [Q1 Q2]    R1 0   , (3.14)

onde Q1 ∈ R2 ¯M (N −M )×M e R1 ∈ RM ×M ´e uma matriz triangular

superior.

Solu¸c˜ao 3. Restri¸c˜ao βM = 1.

Passo 4. Usando a ´ultima vers˜ao da matriz V da Solu¸c˜ao 1, calcule β3 atrav´es da equa¸c˜ao β3 =    −R−1 3 QH3 V4 1   . (3.15)

onde V = [V3 V4] tal que V3 ∈ R2 ¯M (N −M )×M e V4 ∈

R2 ¯M (N −M )×1. A decomposi¸c˜ao QR de V 3 leva a V3 = [Q3 Q4]    R3 0   , (3.16)

onde Q3 ∈ R2 ¯M (N −M )×M e R3 ∈ RM ×M ´e uma matriz triangular

superior.

Os valores finais de β1, β2 e β3, obtidos ap´os os 4 passos, s˜ao usados para calcular o

vetores b1, b2 e b3, e as freq¨uˆencias s˜ao estimadas computando as ra´ızes correspondentes dos

polinˆomios b1(z), b2(z) e b3(z), respectivamente. O processo de sele¸c˜ao das candidatas geradas

´e exatamente o mesmo do algoritmo MODEX.

A Figura 3.7 apresenta o desempenho do MODE, do MODEX e do MODEX Modificado para as mesmas condi¸c˜oes de simula¸c˜ao da Figura 3.6.

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