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INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE E SUAS INFLUÊNCIAS NO DESENVOLVIMENTO LOCAL: UMA APLICAÇÃO EM REGIÃO PRODUTORA DE MAMONA NO ESTADO DA BAHIA

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Academic year: 2021

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INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE E SUAS INFLUÊNCIAS NO DESENVOLVIMENTO LOCAL: UMA APLICAÇÃO EM REGIÃO PRODUTORA DE MAMONA NO ESTADO DA BAHIA

Ana Cecília Feitosa de Vasconcelos1 Elisabeth de Oliveira Andrade2 Gesinaldo Ataíde Cândido3 Resumo

A criação de um ambiente favorável para geração do desenvolvimento, através do envolvimento e participação dos atores locais, da construção de parcerias e da melhor forma de funcionamento das instituições tem feito emergir conceitos, modelos e metodologias que retratem com maior ênfase o tema desenvolvimento sustentável. Neste sentido, o artigo tem como objetivo identificar o nível de sustentabilidade das localidades produtoras de mamona na microrregião de Irecê (BA) e suas influências no desenvolvimento local. Como procedimentos metodológicos, foram contextualizados para as localidades pesquisadas os dados constantes no documento IDS Brasil (2004) do IBGE, o qual aborda dimensões e indicadores da sustentabilidade (social, ambiental, econômica e institucional). Os resultados evidenciam que os indicadores de sustentabilidade apresentaram uma situação crítica, o que interfere no potencial econômico que a produção da mamona representa nas referidas localidades e resulta na necessidade de políticas e ações voltadas para a construção de um desenvolvimento efetivamente sustentável.

Palavras-Chave: Sustentabilidade; Indicadores; Desenvolvimento Local.

Abstract

The creation of a favourable environment for the generation of development, through the involvement and participation of local actors, the building of partnerships and the best way of functioning of the institutions has been emerging concepts, models and methodologies that show with greater emphasis on the theme sustainable development. In this sense, the article aims to identify the level of sustainability of the castor oil plant bean-producing areas of micro Irecê (BA) and its influence in local development. As methodological procedures have been contextualized to the localities surveyed the data contained in the document IDS Brazil (2004) of the IBGE, which deals with dimensions and indicators of sustainability (social, environmental, economic and institutional). The results show that indicators of sustainability

1 Mestranda em Engenharia de Produção pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Pesquisadora junto ao Grupo de Estudos em Gestão, Inovação e Tecnologia (GEGIT). E-mail: acvasconcelos@gmail.com

2 Mestranda em Engenharia de Produção pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Pesquisadora junto ao Grupo de Estudos em Gestão, Inovação e Tecnologia (GEGIT). E-mail: bethoandrade@gmail.com

3 Professor Titular em Administração Geral da Universidade Federal de Campina Grande. Doutor em Engenharia de Produção pelo PPGEP/CTC/UFSC. Professor permanente junto aos Programas de Pós Graduação em Recursos Naturais da UFCG e em Engenharia de Produção da UFPB. Líder do Grupo de Estudos em Gestão, Inovação e Tecnologia (GEGIT). E-mail: gacandido@uol.com.br

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presented a critical situation, which interfere with economic potential that the production of castor oil plant bean is in those locations and results in the need for policies and actions directed to the construction of a sustainable development effectively.

Keywords: Sustainability; Indicators; Local Development.

1. Introdução

Os estudos sobre sustentabilidade começaram a ocorrer a partir de uma mudança de enfoque na forma de se compreender o crescimento econômico. Este detinha uma visão limitada dos aspectos sociais e institucionais, centrando-se apenas em questões de ordem financeiras, tributárias e de geração de receitas, sem considerar adequadamente a necessidade da formação de identidades e de diferenciação das regiões e das comunidades para enfrentarem um ambiente de extrema competitividade.

O conceito de desenvolvimento sustentável pode ser considerado como uma alternativa ao conceito de crescimento econômico, incorporando outras dimensões para qualificar o crescimento e a reconciliação entre o desenvolvimento com a necessidade de preservar o meio-ambiente. Dessa forma, faz-se necessário uma reorientação da teoria econômica, no sentido de considerar a dimensão ambiental como um fator de produção e de qualidade de vida, na perspectiva de que a questão de como distribuir a riqueza econômica e as possibilidades de se usarem os fluxos e refluxos da natureza estão intrinsecamente relacionados.

Nesta nova forma de pensar o desenvolvimento, parece haver consenso de que o mesmo só pode ser alcançado com a condução de projetos direcionados para a preservação dos recursos ambientais presentes, adequando-os às particularidades do entorno da localidade, ou seja, a concepção e o fomento do desenvolvimento de uma dada região devem passar, necessariamente, pela avaliação das potencialidades desta frente às características do empreendimento. Neste caso, torna-se fundamental destacar o papel das instituições, tanto públicas quanto privadas da região no envolvimento das ações de planejamento e viabilização do desenvolvimento econômico sustentável.

No intuito de verificar tais vocações sócio-econômicas e ambientais, este estudo tem como enfoque a cadeia produtiva da mamona no Estado da Bahia, visando torná-la mais competitiva, bem como estabelecer elementos para que a mesma funcione bem e que todos (direta ou indiretamente) sejam beneficiados, a começar pelos produtores.

A cultura da mamona (Ricinus communis L.) é uma das mais tradicionais e importantes do ponto de vista social e econômico na região Nordeste, em especial no Estado da Bahia, daí o interesse da realização de tal pesquisa. No Estado da Bahia são mais de 190 municípios zoneados para esta cultura. Desta forma, o estudo e a quantificação desta cadeia, responsável por mais de 90% da produção nacional, poderá ser um marco importante para a verificação de possíveis pontos de estrangulamento.

Nesta perspectiva, o artigo tem como objetivo identificar o nível de sustentabilidade das localidades produtoras de mamona na microrregião de Irecê (BA) e sua influência no desenvolvimento econômico desta cadeia produtiva. A premissa do trabalho é de que as estratégias para formulação de políticas de desenvolvimento devem considerar os indicadores de sustentabilidade capazes de tornar as políticas e ações para geração do desenvolvimento mais efetivas.

A metodologia utilizada foi o IDS Brasil (2004) do IBGE, o qual aborda dimensões e indicadores da sustentabilidade (social, ambiental, econômica e institucional). Sua utilização a partir das devidas adequações e ajustes para contexto e contingências específicas permite

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avaliar o nível de sustentabilidade do Brasil, regiões e localidades a partir da existência / intensidade dos indicadores dentro de cada dimensão.

Além desta parte introdutória, o artigo encontra-se estruturado nos itens subseqüentes: marco teórico, expondo o conceito do desenvolvimento sustentável e as formas de aplicação dos indicadores de sustentabilidade. Em um segundo momento, expõe-se a metodologia utilizada para avaliar o grau de sustentabilidade. Em seguida, são apresentados os resultados obtidos com a realização da pesquisa e por último, são feitas as considerações finais.

2. Marco Teórico

2.1 Desenvolvimento Sustentável

A resistência e incompatibilidade evidenciada pela sociedade civil e instituições públicas e privadas em adotarem práticas que visem o conciliamento entre as variáveis desenvolvimento e sustentabilidade é resultante de uma série de fatores pertinentes, sendo alguns deles, o sistema capitalista vigente e os conseqüentes avanços tecnológicos, que conduzem a sociedade em geral adotarem práticas que não colaboram com a preservação do meio ambiente. Para tanto, a indisponibilidade dos recursos naturais existentes e a própria degradação do ambiente fez emergir discussões acerca dos princípios da sustentabilidade, no intuito de se obter um vínculo direto entre variáveis até então complexas e distintas.

Na década de 80, o termo desenvolvimento sustentável surge com maior ênfase e relevância, consagrando-se posteriormente pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, denominada como Comissão Brundtland, a qual produziu um relatório considerado básico para a definição desta noção e dos princípios que lhes dão fundamento, obtendo uma rápida e ampla repercussão internacional. Tal comissão definiu desenvolvimento sustentável como o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades (CMMAD, 1988).

Como se verifica, a noção de desenvolvimento sustentável tem sua origem mais remota no debate internacional acerca do conceito de desenvolvimento. Trata-se, na verdade, da história da reavaliação da natureza do desenvolvimento predominantemente ligado à idéia de crescimento, até o surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável. Está relacionada a uma nova visão sobre o desenvolvimento. Nesta nova ótica, a noção de desenvolvimento, por muito tempo identificado ao progresso econômico, extrapola o domínio da economia através da sua integração com as dimensões social, ambiental e institucional, apoiando-se em novos paradigmas.

Sachs (2001) mostra que o século XX deixou atrás de si uma prosperidade global sem precedentes, ocasionada por uma má distribuição de recursos e renda (entre as nações e internamente a elas), por problemas sociais e humanitários, pelo histórico de guerras e genocídios e por um sistema internacional incapaz de promover paz duradoura, equidade e desenvolvimento genuíno. O crescimento econômico, se repensado de forma adequada, de modo a minimizar os impactos ambientais negativos e colocado a serviço de objetivos socialmente desejáveis, continua sendo uma condição necessária para o desenvolvimento.

De acordo com Rutherford (1997), o maior desafio do desenvolvimento sustentável é a compatibilização da análise com a síntese. O desafio de construir um desenvolvimento dito sustentável, juntamente com indicadores que mostrem esta tendência, é o de compatibilizar o nível macro com o micro. Para tal autor, as questões relacionadas à sustentabilidade precisam ser analisadas sob diferentes perspectivas e que as principais seriam as relacionadas a aspectos econômicos, ambientais e sociais.

Segundo Leal (2003), a sustentabilidade está relacionada à promoção de um diálogo crítico acerca da ciência e das estratégias tecnológicas para oferecer viabilidade a sistemas produtivos. A atenção na sustentabilidade das organizações surge como uma proposta regular

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as estruturas burocráticas, definindo padrões ambientais internacionais.

A integração e participação dos atores sociais tornam-se cruciais para que as ações e projetos desenvolvidos sejam de fato, efetivos e sustentáveis, o que requer um envolvimento maior de tais organizações em prol de atender objetivos comuns, através de uma compreensão e reflexão acerca da problemática ambiental.

Como decorrência do surgimento e aplicação dos conceitos de desenvolvimento sustentável surge a necessidade de mecanismos que possibilitem a avaliação do processo de aplicação dos seus princípios. Neste contexto, surgem as metodologias de indicadores de sustentabilidade, as quais utilizam um conjunto de dimensões e variáveis específicas, explicitadas através de dados quantitativos que permitem estabelecer um cenário sobre o nível de sustentabilidade de espaços geográficos em termos políticos, econômicos, sociais, ambientais, institucionais etc.

2.2 Formas de Aplicação dos Indicadores de Sustentabilidade

Um dos desafios da construção do desenvolvimento sustentável é o de criar instrumentos de mensuração, tais como indicadores de desenvolvimento. Indicadores são ferramentas constituídas por uma ou mais variáveis que, associadas através de diversas formas, revelam significados mais amplos sobre os fenômenos a que se referem, além de serem essenciais para guiar a ação e subsidiar o acompanhamento e a avaliação do progresso alcançado rumo ao desenvolvimento sustentável (IBGE, 2004).

A construção de indicadores de sustentabilidade é complexa, porque devem refletir a relação da sociedade com o meio ambiente numa perspectiva ampla, considerando os múltiplos fatores envolvidos no processo. Adotar uma postura sistêmica diante desse problema é necessário para que se possa compreender a realidade dos fatos, uma vez que elementos formadores têm mútua influência.

Os indicadores de sustentabilidade diferenciam-se dos demais por exigirem uma visão de mundo integrada, necessitando relacionar para tanto, a economia, o meio ambiente e a sociedade de uma dada comunidade. Sabe-se que um bom indicador alerta sobre os problemas antes que eles se tornem graves indicando o que precisa ser feito para resolvê-los. É dessa maneira que em comunidades em crise os indicadores são considerados importantes instrumentos para definir soluções e propor um futuro melhor (MARANGON, 2004).

Para Bellen (2005) o próprio processo de desenvolvimento de indicadores de sustentabilidade deve contribuir para uma melhor compreensão do que seja exatamente desenvolvimento sustentável. Os processos de desenvolvimento e avaliação são paralelos e complementares.

No Brasil, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) desenvolveu um sistema de indicadores: IDS Brasil 2004 (Indicadores de Desenvolvimento Sustentável: Brasil 2004), o qual foi escolhido para execução desse estudo por envolver de forma mais simétrica às dimensões e variáveis exploradas, além de se constituir na principal fonte de dados disponível no Brasil.

Para a realização deste estudo, as dimensões, perspectivas e indicadores utilizados encontram-se abaixo discriminados, depois de adaptado para o contexto das localidades pesquisadas:

Dimensão Social: abrange as perspectivas População, Equidade, Saúde, Educação, Habitação e Segurança, bem como os respectivos indicadores - Taxa de crescimento da população, Concentração de renda (índice de Gini), Renda familiar per capita, Rendimento Médio mensal por sexo, Rendimento médio mensal por cor ou raça, Esperança de vida ao nascer, Taxa de mortalidade infantil, Imunização contra doenças infecciosas infantis, Escolaridade, Taxa de escolarização, Taxa de alfabetização, Taxa de analfabetismo funcional,

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Taxa de analfabetismo funcional por cor ou raça, Densidade inadequada de moradores por dormitório e Coeficiente de mortalidade por homicídios.

Dimensão Ambiental: compreende as perspectivas Terra e Saneamento, assim como os indicadores: Uso de fertilizantes, Uso de agrotóxicos, Terras aráveis, Queimadas e incêndios florestais, Acesso aos serviços de coleta de lixo doméstico, Acesso a esgotamento sanitário e Acesso ao sistema de abastecimento de água.

Dimensão Econômica: esta dimensão envolve a perspectiva Estrutura Econômica e os indicadores relacionados ao Produto Interno Bruto per capita e as Finanças Públicas.

Dimensão Institucional: abrange a perspectiva Capacidade Institucional e os respectivos indicadores: Gasto público com proteção ao meio ambiente, Justiça Eleitoral, Transportes e Instituições Bancárias.

Os indicadores apresentados cumprem muitas funções e reportam-se a fenômenos de curto, médio e longo prazos, servindo para identificar variações, comportamentos, processos e tendências, e estabelecer comparações entre regiões e municípios dentro do Brasil, além de indicar necessidades e prioridades para a formulação, monitoramento e avaliação de políticas (IBGE, 2004).

A partir de uma breve contextualização acerca do desenvolvimento sustentável e das formas de aplicação dos indicadores de sustentabilidade, verifica-se a real importância em se abordar esta temática na atualidade, bem como a necessidade em se dispor de ferramentas que visam subsidiar o processo de mensuração dos indicadores que o compõem, retratando assim, uma dada realidade.

3. Aspectos Metodológicos

Esta pesquisa caracteriza-se por ser exploratória e descritiva, que de acordo com Gil (1998) busca a compreensão de fenômenos sociais a partir da localização, avaliação e síntese de dados e informações em determinado período, sendo conduzida sob a forma de estudo de caso.

Foram adotadas como técnicas a pesquisa bibliográfica em torno do tema abordado, a análise documental e a observação não participante. A análise dos dados foi embasada na inferência obtida a partir da triangulação dos dados existentes, a qual se refere à correlação entre diferentes fontes de dados (referências bibliográficas, documentos e observação não participante).

Para este estudo, os dados e informações referem-se aos indicadores de sustentabilidade definidos pelo IBGE no documento Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS): Brasil 2004, o qual disponibiliza informações para o acompanhamento da sustentabilidade do padrão de desenvolvimento do País. Os dados foram obtidos através de acesso a fontes secundárias de várias instituições públicas e privadas, nas dimensões social (19 indicadores), ambiental (10 indicadores), econômica (12 indicadores) e institucional (05 indicadores), em um total de 46 indicadores dos 59 indicadores disponibilizados os quais foram adaptados para o contexto das localidades pesquisadas. Vale ressaltar, que os dados apresentados para o Estado da Bahia e para o Brasil foram utilizados apenas como um parâmetro para que se possa ter uma idéia da situação das localidades pesquisadas.

A escolha por tal metodologia e seus respectivos indicadores deveu-se à mesma congregar um maior volume de indicadores disponíveis em nível de localidades, sendo estas consistentes e fidedignas para o processo de avaliação do nível de sustentabilidade da região pesquisada.

Seguidos esses critérios para escolha dos indicadores, foram selecionados 19 municípios na microrregião de Irecê (BA): Cafarnaum, João Dourado, América Dourada, São Gabriel, Jussara, Central, Itaguaçu, Gentio de Ouro, Ibitatá, Barra do Mendes, Barro Alto, Mulungú do Morro, Lapão, Irecê, Xique-xique, Canarana, Presidente Dutra, Uibaí e Ibipeba.

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É importante destacar que a microrregião pesquisada (Irecê) apresenta atividades econômicas relacionadas ao setor agrícola. Nesse caso, foram estudados os municípios zoneados em termos de vocação e potencialidade para a produção de mamona no Estado da Bahia e suas escolhas foram definidas com base em informações e indicações coletadas junto a instituições públicas e privadas em nível estadual e municipal com atividades relacionadas ao suporte e apoio aos processos que envolvem a cadeia produtiva da mamona.

4. Apresentação dos Resultados

4.1 Caracterização da Mamona no Estado da Bahia

A cultura da mamona (Ricinus communis L.) é uma das mais tradicionais e importantes do ponto de vista social e econômico na região Nordeste em especial no Estado da Bahia, que tem na atualidade mais de 75% da área plantada. Este plantio ocupa um elevado contingente de pequenos produtores que utilizam, em geral, sistemas consorciados da mamona com o feijão.

Para se verificar a importância social desta cultura no Nordeste, somente na região de Irecê (Bahia) são plantados mais de 112.000 hectares, por pequenos produtores com áreas de até 3,0 ha por produtor. Trata-se de uma cultura tradicional, em especial nos Estados do Nordeste, com ênfase para a Bahia, Pernambuco, Paraíba, Ceará e Piauí.

Apesar de ser uma cultura já tradicional no Estado da Bahia, em especial na microrregião de Irecê e que envolve vários municípios produtores, há a necessidade de estudos para o melhor ordenamento da cadeia produtiva desta cultura que com o Programa Nacional do Biodiesel, ora iniciado no Brasil, deverá ter sua importância bastante crescida, podendo ocupar dentro de poucos anos mais de 4,5 milhões de hectares somente na região Nordeste. No Estado da Bahia são mais de 190 municípios zoneados para esta cultura.

Desta forma, o estudo e a quantificação do arranjo produtivo da referida cultura no Estado da Bahia, responsável por mais de 90% da produção nacional, poderá ser um marco importante para a verificação de seus pontos de estrangulamento.

4.2 Análise das Dimensões

Os resultados obtidos com a realização da pesquisa apontam o nível de sustentabilidade identificado nas localidades pesquisadas, a partir da análise das dimensões e dos indicadores escolhidos com base no IDS: Brasil 2004.

Para cada dimensão é apresentado um quadro, com suas perspectivas, indicadores e médias para os municípios, o Estado da Bahia e o Brasil. Para se chegar ao valor numérico para cada indicador dos municípios, efetuou-se a média aritmética dos 19 (dezenove) municípios pesquisados. Assim, a análise foi realizada com base na média aritmética dos municípios da região, da média do Estado da Bahia e do Brasil, com o intuito de comparar tais dados, bem como facilitar a visualização e entendimento.

Dessa forma, cada dimensão foi analisada a partir dos indicadores que as compõem e, posteriormente foi conduzida às devidas análises.

4.2.1 Dimensão Social

Esta dimensão do desenvolvimento sustentável corresponde, especialmente, aos objetivos ligados à satisfação das necessidades humanas, melhoria da qualidade de vida e justiça social. Tal dimensão abrange perspectivas e indicadores que serão mencionados abaixo.

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Dimensão

Perspectivas Indicadores Municípios

(Médias)

Estado da Bahia

Brasil

População Taxa de crescimento da população

0,09 1,09 1,64

Concentração de renda (índice de

Gini) 0,59 0,56 0,57

Renda familiar per capita

Até ¼ 36,41 25 12,8 Mais de ¼ a ½ 24,11 21,9 13,9 Mais de ½ a 1 24,52 25,4 23,1 Mais de 1 a 2 10,38 14,1 21,8 Mais de 2 a 3 2,21 4,7 9,4 Mais de 3 2,38 8,8 19

Rendimento médio mensal por sexo

Total 389,78 389,78 638,45

Homens 444,41 444,41 748,78

Mulheres 315,22 315,22 488,34

Rendimento médio mensal por cor ou raça

Branca - 930,00 -

Equidade

Preta e Parda - 459,00 -

Esperança de vida ao nascer 58,38 67,7 68,5 Taxa de mortalidade infantil 68,95 46,5 29,6 Imunização contra doenças

infecciosas infantis 83,04 - 98,74 Sarampo 90,74 90,74 100 Tríplice 60,64 60,64 94,94 BCG 97,22 97,22 100 Saúde Poliomielite 83,57 83,57 100 Escolaridade 3,24 4,5 5,7 Taxa de escolarização 0 a 6 anos 31,88 32,5 32,1 7 a 14 anos 94,55 93,1 94,5 15 a 17 anos 73,89 79,3 77,7 18 a 24 anos 29,36 38,8 32,7 Taxa de alfabetização 75,88 78,4 86,7 Taxa de analfabetismo funcional 49,38 42,5 27,8 Taxa de analfabetismo funcional por cor ou raça

Branca e amarela 20,34 17,6 8,3

Educação

Parda e negra 27,22 23,6 18,7

Habitação Densidade inadequada de

moradores por dormitório 17,98 17,2 14,7 Dimensão

Social

Segurança Coeficiente de mortalidade por

homicídios - 7,03 26,18

Quadro 01: Resultado da Dimensão Social Fonte: Dados da pesquisa (2005)

Perspectiva População

• Os resultados apontam que na região pesquisada no Estado da Bahia a média de crescimento da população é de 0,09; o que representa um valor 55% abaixo da média de crescimento da população brasileira e 83% abaixo da média do Estado da Bahia como um todo. Este fato dificulta a viabilização de políticas de apoio à atividade agrícola, considerando que as atividades econômicas existentes estão direta ou indiretamente relacionadas à atividade agropecuária. Este contexto, associado aos problemas econômicos reforça e intensifica o êxodo, contribuindo para o baixo nível de crescimento populacional nas regiões pesquisadas.

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• A região pesquisada no Estado da Bahia apresenta um índice de Gini, tal indicador expressa o grau de concentração na distribuição do rendimento da população, sendo expresso por um valor que varia de 0 (zero), situação de perfeita igualdade a 1 (um). Os resultados mostram que a região pesquisada têm um índice médio de 0,59; resultado muito próximo do índice do Brasil (0,57), assim como do índice do Estado da Bahia (0,56), o que demonstra a existência de um alto grau de concentração da riqueza gerada na região. Neste sentido, é possível que as ações de apoio às atividades econômicas acentuem as assimetrias entre os agentes produtivos e entre as instituições locais, o que inviabilizaria as políticas e ações para geração do desenvolvimento econômico da cadeia produtiva da mamona em especial, na perspectiva da sustentabilidade;

Perspectiva Equidade

Quanto ao indicador renda familiar per capita, os resultados no Brasil mostra que 2/3 da renda familiar está concentrada entre ¼ e 1 salário mínimo mensal. Esta situação é ainda mais dramática na região pesquisada no Estado da Bahia, onde 85,04% da população apresenta rendimento nesta mesma faixa. Este percentual é bem abaixo dos melhores padrões e principalmente quando comparado com os percentuais do Brasil e do Estado da Bahia; O resultado obtido no indicador rendimento médio mensal entre homens e mulheres demonstra que na região pesquisada no Estado da Bahia não existe equidade, na medida em que os homens apresentam um rendimento médio mensal superior em 36,5% em relação às mulheres;

No que concerne ao indicador rendimento médio mensal por cor ou raça, verifica-se também a inexistência de equidade. Neste caso, a população branca tem uma renda superior de 47,4%, em relação à população preta e parda, apontando que as diferenças observadas em tal indicador demonstram o quadro histórico de nítida desigualdade racial que ainda permeia a sociedade brasileira.

Perspectiva Saúde

Os resultados obtidos apontam que a média da esperança de vida ao nascer na região pesquisada no Estado da Bahia é de 58,38 anos, abaixo 17,3% da média brasileira (68,5 anos) e abaixo 1,18% da média do Estado (67,7 anos). Considerando o quadro heterogêneo em termos econômicos e sociais brasileiros, os resultados obtidos na referida região estão bem abaixo das regiões mais desenvolvidas do Brasil. Neste sentido, tornam-se necessárias ações para minimizar as condições de mortalidade, de saúde, sanitárias e ambientais;

Os resultados obtidos mostram que a média da taxa de mortalidade infantil na região pesquisada do Estado da Bahia é de 68,95 crianças mortas por 1000 nascidas. Este valor é 132% maior que a média brasileira (29,6) e 48% menor que a média do Estado da Bahia (46,5). Tais resultados sugerem a urgente necessidade de avaliar a disponibilidade e o acesso aos serviços de saúde, especialmente os relacionados ao pré-natal e seus acompanhamentos, considerando que tal indicador expressa a freqüência de óbitos de menores de um ano de idade na população de nascidos vivos, o que mostra as condições de vida e saúde de uma população, alertando ainda, para cuidados mais específicos como atendimentos pré-natal e partos, vacinação, disponibilidade de saneamento básico, entre outros;

• Os resultados obtidos mostram que na região pesquisada no Estado da Bahia, a média da imunização contra doenças infecciosas infantis (sarampo, tríplice, BCG e poliomielite) é de 83,04%, visualizando certa disparidade quando comparado ao percentual do Brasil, que apresenta uma média de 98,74%. Neste caso, é recomendável continuidade nas políticas e programas preventivos contra doenças infecto-contagiosas, como medidas para reduzir a morbidade e mortalidade derivadas das enfermidades infantis.

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Perspectiva Educação

Os resultados obtidos no indicador escolaridade apontam que a situação das localidades pesquisadas está bem abaixo dos padrões mais adequados quanto ao tempo de estudo da população. Na região pesquisada, o tempo médio de estudo da população com mais de 25 anos é de 3,24 anos, indicador este menor em 76,0% do índice do Brasil (5,7 anos) e 26,7% menor do que o índice do Estado da Bahia (4,5 anos). Este resultado revela que a maior parte da população adulta na região pesquisada é composta de semi-analfabetos ou analfabetos funcionais;

A taxa de escolarização da população infantil e juvenil está no mesmo nível brasileiro. Este indicador é preocupante na medida em que o percentual da população na região pesquisada apresenta-se muito alto: 44,46%. Este quadro gera um problema na capacitação da população adulta apta para ingresso no mercado de trabalho;

As médias obtidas apontam que na região pesquisada (57,42%) a taxa de escolarização da população infantil e juvenil é praticamente igual à situação brasileira (59,25%) e do respectivo Estado (60,92%). Esta situação pode ser decorrente da inexistência de escolas de ensino médio e de terceiro grau (o que leva as pessoas buscarem escolas nas cidades maiores da região) ou abandonarem as atividades escolares em busca de emprego nas cidades com maior intensidade de atividades econômicas. Esta situação revela a necessidade de políticas para manutenção e continuidade das pessoas nesta faixa de idade em sala de aula; • Os resultados obtidos apontam que a taxa de alfabetização da população adulta nas localidades pesquisadas é de 75,88%, enquanto que no Brasil este indicador é de 86,7%. A situação quanto a este indicador é problemática, mesmo considerando o percentual da população adulta alfabetizada brasileira (86,7%). Esta situação pode ser decorrente do indicador anterior, no qual a taxa de escolarização da população juvenil é alta, acarretando implicações para a população adulta;

O resultado obtido para o indicador analfabetismo funcional demonstra que na região pesquisada, o percentual médio da população adulta considerada analfabeta funcional é de 49,38%. Tal resultado pode ser considerado insatisfatório, uma vez que o domínio da linguagem constitui-se num requisito fundamental para o desenvolvimento das capacidades individuais para seu uso e para proveito próprio e da comunidade. Isto traz a necessidade de rever as políticas educacionais adotadas nestas regiões para reverter esta situação. As ações, neste sentido, precisariam estar atreladas aos demais indicadores educacionais aqui considerados;

Verifica-se que na região pesquisada a taxa de analfabetismo funcional por cor ou raça da população branca e amarela (20,34%) é menor do que a da população preta e parda (27,22%), na ordem de 33,8%, o que representa resultados desfavoráveis em relação aos índices do Brasil (8,3% e 18,7%, respectivamente). Sendo assim, a maior diferenciação por cor ou raça neste indicador evidencia as expressivas desigualdades que se fazem presentes na sociedade brasileira. Ainda que por si só a educação não assegure a justiça social, o fim das discriminações é condição indispensável do processo para tornar as sociedades mais igualitárias.

Perspectiva Habitação

O resultado obtido para o indicador densidade inadequada de moradores por dormitório aponta que no Estado da Bahia o percentual de residências consideradas inadequadas é de 17,2% e no Brasil este percentual é de 14,7%. Estes resultados evidenciam que não existe diferença significativa entre os resultados obtidos na região pesquisada e a situação brasileira. Entretanto, considerando que este percentual pode ser considerado alto, mesmo para a média brasileira, torna-se urgente rever as políticas habitacionais, visto que a habitação é uma necessidade básica do ser humano e uma condição determinante para

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qualidade de vida da população. Perspectiva Segurança

O resultadoexplicitado para o indicador coeficiente de mortalidade por homicídio retrata dados por Unidades da Federação e aponta que a situação do Estado da Bahia apresenta-se melhor que a situação do Brasil. O percentual do referido estado é de 7,03 homicídios / anos, enquanto que o índice verificado no Brasil é de 26,18, o que reflete numa disparidade considerável. A partir destes resultados pode-se inferir que na região pesquisada este valor é menor, na medida em que as cidades são menores e há uma maior intensidade nas relações sociais mantidas entre a população local e entre as instituições.

Com base na análise dos indicadores, pôde-se observar que a microrregião pesquisada apresentou-se com resultados negativos em sua maioria, principalmente quando comparados com os percentuais apresentados pelo Estado da Bahia e pelo Brasil. Tais indicadores representam pouco mais de 14% quanto a esta dimensão, o que indica que apenas este percentual encontra-se favorável às questões da sustentabilidade na região analisada.

Tal constatação evidencia a inexistência de práticas voltadas para a viabilização da melhoria na qualidade de vida da população na região pesquisada, uma vez que os indicadores básicos que refletem essa realidade encontram-se em níveis abaixo de um nível de sustentabilidade mais adequado, capaz de contribuir para melhorar os indicadores sociais e a partir daí, proporcionar melhores condições para geração da competitividade da produção da mamona na região.

Nesse sentido, se desperta para a necessidade das instituições públicas utilizarem práticas que possam reverter tal cenário e possibilite a melhoria desses aspectos. Percebe-se que os indicadores avaliados como negativos podem ocasionar em obstáculos ao desenvolvimento da cadeia produtiva da mamona e, por conseguinte, da sustentabilidade da região dado que se relacionam às condições básicas para a vida de uma população.

4.2.2 Dimensão Ambiental

A dimensão ambiental diz respeito ao uso dos recursos naturais e à degradação do ambiente, e está relacionada aos objetivos de preservação e conservação do meio ambiente, considerados fundamentais ao benefício das gerações futuras. Vale ressaltar, que os temas ambientais são mais recentes e com isso não contam com uma larga tradição de produção de estatísticas, resultando numa menor disponibilidade de informações para a análise dos indicadores inerentes a esta dimensão.

Dimensão Perspectivas Indicadores Municípios (Médias)

Estado da

Bahia Brasil Uso de fertilizantes

Área plantada das principais

culturas (ha) - 4021493 509810 36 Total de Fertilizantes (t) - 312745 656797 9 Total por unidade de área

(kg/ha) -

77,76 128,83 Uso de agrotóxicos

Área plantada das principais

culturas (ha) -

4021493 509810 Total (t de ingrediente ativo) - 3669 140473 Total por unidade de área

(kg/ha) -

0,91 2,76 Terras aráveis (ha)

- 13684483 166116 577 Dimensão Ambiental Terra Queimadas e incêndios florestais (ha) - 8091 145708

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Acesso aos serviços de coleta de lixo doméstico

Lixo coletado (urbano) 61,64 85,6 92,1

Lixo coletado (rural) 2,99 6,7 13,3

Lixo queimado ou enterrado

(urbano) 14,82

4,5 4,1

Lixo queimado ou enterrado

(rural) 46,36

44,1 53,7

Outro destino (urbano) 23,54 9,8 3,7

Outro destino (rural) 50,6 49,2 33,1

Acesso ao sistema de abastecimento de água

Rede geral 87,92 89,4 89,8

Poço ou nascente 0,43 4,6 7,1

Outro tipo 11,67 6 3,1

Acesso a esgotamento sanitário

Rede geral de esgoto (urbano) 1,11 49 56 Rede geral de esgoto (rural) 0,04 1,3 3,3

Fossa séptica (urbano) 6,55 9,6 16

Fossa séptica (rural) 3,28 3,8 9,6

Outro tipo (urbano) 72,24 33,7 25,1

Outro tipo (rural) 32,82 33,2 51,8

Não possui esgotamento

sanitário (urbano) 19,15

7,6 2,9

Saneamento

Não possui esgotamento

sanitário (rural) 60,94

61,7 35,3 Quadro 02: Resultado da Dimensão Ambiental

Fonte: Dados da pesquisa (2005)

A seguir, são expostas algumas considerações pertinentes sobre os indicadores que englobam a referida dimensão.

Perspectiva Terra

No caso do indicador uso de fertilizantes, o Estado da Bahia utiliza 4,76% do total de fertilizantes utilizados no Brasil. Este indicador é trabalhado a partir da análise da área plantada das principais culturas e do total de fertilizantes utilizados, onde o Brasil é representado com 128,83 kg/ha e o Estado da Bahia com 77,76 kg/ha; O uso de agrotóxicos no Estado da Bahia equivale a 2,61% em relação ao percentual de uso de agrotóxicos utilizados no Brasil.

Em termos ambientais, esta situação não se apresenta tão favorável. Em relação a esses dois indicadores, a situação pode ser classificada como sendo grave, na medida em que existe um conjunto de outras culturas, como o feijão, a cebola e a cenoura que utilizam intensamente fertilizantes e agrotóxicos, o que contribui para a poluição do solo e das águas, com possibilidades de implicações direta nas demais dimensões da sustentabilidade (social, econômica e institucional).

O indicador terras aráveis corresponde ao total de terras potencialmente cultiváveis de um território e é expresso em percentual através da relação entre a soma destas áreas e o total do território considerado. No estado da Bahia esse percentual corresponde a 8,24% da área total de terras aráveis do Brasil e, considerando as dimensões territoriais deste estado, pode-se inferir que este percentual poderia ser aumentado.

O indicador queimadas e incêndios florestais pode ser considerado satisfatório na região pesquisada em relação a utilização destas práticas em outras regiões agrícolas do Brasil. Dada às dimensões territoriais e vocações econômicas agrícolas do Estado da Bahia, o percentual de utilização de queimadas e incêndios é relativamente pequeno considerando o percentual de 5,55% em relação à quantidade de queimadas e incêndios ocorridos no Brasil.

(12)

Perspectiva Saneamento

O acesso aos serviços de coleta de lixo doméstico na região pesquisada está abaixo dos melhores padrões, em especial o percentual de lixo queimado e enterrado existente na zona rural. A situação também é grave nas zonas urbanas das localidades pesquisadas do Estado da Bahia, com um percentual de apenas 61,64% de lixo coletado, encontrando-se bem distante da média brasileira que é de 92,1%. De um modo geral, a situação deste indicador na referida região pode ser considerada insatisfatória. O alto percentual de lixo queimado ou enterrado compromete o solo, a água e o ar, diminuindo a qualidade de vida da população, na medida em que este contexto traz implicações à saúde da população que fica exposta à proliferação de doenças em função do contato explícito e/ou implícito aos resíduos coletados. Neste sentido, são recomendáveis campanhas educacionais de conscientização sobre o problema;

Quanto ao sistema de abastecimento de água, a situação pode ser considerada satisfatória na região pesquisada, principalmente quando comparado com os percentuais do Brasil e do Estado da Bahia. O percentual da população com acesso ao sistema de abastecimento de água é 87,92%, abaixo 1,88% do índice do Brasil (89,8%). Apesar de apresentar baixo índice pluviométrico, o subsolo tem abundância de água e esta é intensamente utilizada pela população rural e urbana através de poço;

Quanto ao esgotamento sanitário, a situação da região pesquisada revela um quadro de insustentabilidade, considerando que os percentuais das populações urbana e rural são muito baixos, respectivamente: 1,11% e 0,04%. Mais preocupante é o fato de 38,29% da população não utilizar qualquer forma de esgotamento sanitário. Os altos percentuais de acesso a esgotamento do tipo fossa séptica e outros tipos nas cidades pesquisadas representa deficiências e limitações dos serviços de esgotamento, o que dificulta o controle e a redução de doenças.

Diante de tais considerações verificam-se algumas questões que devem despertar maior atenção quanto à referida dimensão, uma vez que existe um inadequado aproveitamento das vocações econômicas agrícolas da região estudada (Bahia). Neste sentido, os resultados obtidos na dimensão ambiental mostraram que a região pesquisada apresenta-se com indicadores considerados insatisfatórios em sua maioria. Esse cenário pode ser representado pelo baixo percentual da população com acesso a esgotamento sanitário, acesso à coleta de lixo doméstico, entre outros fatores, o que representa deficiências e limitações da dimensão em análise.

Destaca-se, entretanto, que a microrregião em estudo apresentou resultados satisfatórios quando comparadas às demais regiões agrícolas do Brasil apenas nos seguintes indicadores: queimadas e incêndios florestais e acesso a sistema de abastecimento de água.

Nesse sentido, recomenda-se uma maior conscientização em busca de efetivar práticas que possa melhorar as condições da dimensão em estudo, devido à relevância que a mesma tem adquirido no atual contexto e, em contrapartida, a inadequada utilização dos recursos naturais.

4.2.3 Dimensão Econômica

A dimensão econômica dos indicadores de desenvolvimento sustentável trata do desempenho macroeconômico e financeiro e dos impactos no consumo de recursos materiais e uso de energia primária. É uma dimensão relacionada com os objetivos de eficiência dos processos produtivos e com as alterações nas estruturas de consumo orientado a uma reprodução econômica sustentável.

(13)

Dimensão Perspectiva Indicadores Municípios (Médias)

Estado da

Bahia Brasil

Produto Interno Bruto per

capita 561,16 3206 5740 Finanças Públicas Receita Orçamentária (R$ 1000) 7740 5.974.296.476,73 - Receitas Correntes (R$ 1000) 7260 6.342.702.432,88 - Receita Tributária (R$ 1000) 140,1 854.245.707,99 - Transferências (R$ 1000) 6820 80.339.027,23 - Outras Receitas (R$ 1000) 319,14 168.979.436,97 - Dimensão Econômica Estrutura Econômica Receitas de Capital (R$ 1000) 457,8 97.942.869,84 - Quadro 03: Resultado da Dimensão Econômica

Fonte: Dados da pesquisa (2005)

Em função desta dimensão se apresentar com difícil mensuração, não é possível traçar um comparativo entre a região pesquisada e o Estado e o País com base em todos os indicadores. Neste caso, esta dimensão foi analisada sob a ótica da perspectiva Estrutura Econômica, a qual está composta pelos indicadores: Produto Interno Bruto per capita e Finanças Públicas.

Com base na análise dos indicadores e na percepção que se obteve com a realização da pesquisa, pôde-se verificar de um modo geral que o PIB da microrregião pesquisada está abaixo das melhores condições, principalmente quando comparado com o PIB brasileiro. Tal cenário ocorre em função do maior nível de crescimento econômico em vários setores e atividades econômicas em demais regiões do país, assim como outras regiões do estado da Bahia.

No que se refere às Finanças Públicas percebe-se que a microrregião em questão apresenta-se com seus valores bem abaixo dos encontrados para o Estado da Bahia. Destaca-se que os indicadores analisados revelam problemas de estagnação econômica nos diversos setores, segmentos e atividades econômicas, contribuindo para que a sustentabilidade econômica nas cidades fique comprometida. Esse fato decorre da possibilidade dos agentes produtivos mais dinâmicos e empreendedores reduzirem seus investimentos na localidade e da saída de mão-de-obra qualificada em busca de novas ocupações com melhores condições de remuneração e de crescimento profissional e pessoal.

Cabe aqui ressaltar, que o nível de desenvolvimento econômico de uma localidade é insuficiente para expressar, por si só, o grau de bem-estar da população, especialmente em circunstâncias nas quais esteja ocorrendo forte desigualdade na distribuição de renda.

4.2.4 Dimensão Institucional

A dimensão Institucional dos indicadores de desenvolvimento sustentável diz respeito à orientação política, capacidade e esforço despendido para as mudanças requeridas no processo de implementação do desenvolvimento sustentável.

(14)

Dimensão

Perspectiva Indicadores Municípios

(Médias)

Estado

da Bahia Brasil Gasto público com proteção ao

meio ambiente 1,05 104168 1271501 Justiça Eleitoral Eleitorado 13287,84 1.585.346 - Total de votos 10771,58 1.173.264 - Votos Válidos 9831,21 1.173.264 - Votos Brancos 133,47 20.755 - Votos Nulos 806,89 56.065 - Transportes Transportes rodoviários

(Veículos cadastrados por tipo) 758,37 19.541

- Instituições Bancárias Dimensão Institucional Capacidade Institucional Distribuição de Agências Bancárias 0,63 754 - Quadro 04: Resultado da Dimensão Institucional

Fonte: Dados da pesquisa (2005)

Da mesma forma que a dimensão anterior, fica impossibilitado traçar um paralelo entre a região e estado pesquisado com a realidade brasileira por meio de todos os indicadores, por esta se constituir também de indicadores de difícil mensuração.

Para essa dimensão foram analisados os indicadores apresentados através da perspectiva Capacidade Institucional: Gasto Público com Proteção ao Meio Ambiente, Justiça eleitoral, Transportes e Quantidade de Instituições Bancárias.

No que se refere à análise desses indicadores, verificou-se nas cidades pesquisadas que as práticas que envolvem o fomento desta dimensão são praticamente inexistentes. De um modo geral, observou-se que estas ações não são homogêneas em todo o estado e estão concentradas em alguns dos maiores municípios.

A partir dos resultados obtidos para a dimensão institucional, percebe-se que a microrregião apresentou-se com indicadores insatisfatórios quando comparado aos valores do Estado da Bahia. Dessa forma, deve-se buscar alternativas que possam reverter o quadro negativo dos indicadores apresentados, assim como buscar demais indicadores representativos para esta dimensão de forma a ampliar a análise e traçar um retrato mais fiel da realidade pesquisada.

Sendo assim, a consolidação das informações obtidas e as inferências realizadas nas dimensões acima permitem afirmar a existência de um quadro desfavorável para todas as dimensões da sustentabilidade, o que compromete diretamente as políticas e ações de apoio à cadeia produtiva da mamona na região da Bahia.

Pôde-se verificar, por um lado, a relevância que a referida atividade detém para as localidades pesquisadas e, por outro lado, a necessidade em se realizar ações na cadeia produtiva visando torná-la mais eficiente e eficaz, o que remete para uma reavaliação quanto aos baixos indicadores de sustentabilidade diagnosticados e para a influência negativa que os mesmos têm no efetivo funcionamento e beneficiamento dos produtores e da região como um todo.

5. Considerações Finais

Os resultados aqui apresentados confirmam a premissa central da pesquisa, a qual considera que as estratégias para formulação de políticas de desenvolvimento precisam levar em consideração um conjunto de indicadores de sustentabilidade capazes de dotar as políticas de ações de desenvolvimento mais efetivas e duradouras, assim como de criar as devidas condições para tornar os setores e segmentos econômicos mais competitivos.

(15)

De acordo com a pesquisa realizada, pôde-se visualizar a insustentabilidade das localidades pesquisadas quanto às questões de ordem social, econômica, ambiental e institucional. A implicação direta desta situação desfavorável é de que todas as ações direcionadas para geração do desenvolvimento podem contribuir para manter e/ou aumentar a disparidade entre as dimensões representativas da sustentabilidade, cuja principal conseqüência é o aumento da concentração de riqueza, das desigualdades sociais e das relações de assimetria nas diversas formas de relações entre pessoas, grupos sociais e instituições.

O estudo revelou que a produção da mamona é a principal fonte de renda da microrregião pesquisada, todavia, a mesma apresenta-se com um crítico quadro de instabilidade social, econômico, ambiental e institucional, o que afeta consideravelmente a desenvoltura da atividade econômica predominante e os próprios produtores.

Neste sentido, para que esta atividade seja potencializada e reverta em benefícios sustentáveis para a comunidade, faz-se importante a implementação de políticas voltadas não apenas para o aumento na capacidade produtiva, mas, sobretudo, para investimentos em fatores sociais, através da elevação nos indicadores de saúde e educação, e também para a preservação dos recursos naturais, por meio da recuperação de áreas degradadas.

Diante de tais considerações, recomenda-se o desenvolvimento de ações de apoio às políticas de geração do desenvolvimento local na microrregião pesquisada, a fim de haverum maior aproveitamento das competências das instituições locais e regionais, a partir de ações coletivas direcionadas para romper no plano social com a desigualdade, no plano econômico com a concentração de riqueza e poder, e no plano político, com a insuficiência de mecanismos e processos de democracia representativa.

6. Referências

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