junho de 2014
Mariana Baldaia Paim Vasconcelos Pacheco
Criminalidade Adulta: Fatores de Risco
e Diferenças de Género
Dissertação de Mestrado
Mestrado Integrado em Psicologia
Trabalho efetuado sobre a orientação do
Professor Doutor Rui Abrunhosa
junho de 2014
Mariana Baldaia Paim Vasconcelos Pacheco
Criminalidade Adulta: Fatores de Risco
e Diferenças de Género
Índice
Introdução ... 7
Crime e Género ... 7
Padrões Criminais e Diferenças de Género ... 8
Fatores de Risco e Diferenças de Género ... 8
Estudo Empírico ... 10 Método ... 10 Participantes ... 10 Instrumento ... 10 Procedimentos ... 11 Análise e Resultados ... 11 Discussão ... 23 Considerações Finais ... 26 Referências Bibliográficas ... 27 Anexos ... 31 Anexo I ... 31
Agradecimentos
Ao Prof. Dr. Rui Abrunhosa, pela ajuda e orientação prestada mas, sobretudo, pela transmissão de conhecimentos não só aquando da realização desta dissertação, mas em todo o percurso de Mestrado.
A quem, de boa vontade, me recebeu em cada um dos estabelecimentos prisionais e possibilitou a recolha de dados, especialmente à Drª Paula, ao Dr. Hernani, à Drª Otília e à Drª Fábia.
Aos reclusos e reclusas que, apesar de “massacrados” com estas coisas, fizeram parte da amostra, ajudando-me a cumprir os objetivos desta dissertação.
Aos meus amigos de longe e de perto que me acompanharam não só na realização desta tese, mas em todo o meu percurso académico, quer na Universidade dos Açores, quer na Universidade do Minho, demonstrando-me que há amizades que, sem dúvida, valem a pena. À Lisandra, “companheira de viagem”, por ter vindo comigo à descoberta de Braga e da Universidade do Minho. Não me poderia ter calhado companhia melhor. À Teresa e à Eugénia, pelas visitas ao Norte e hospitalidade na capital. À Sofia, pelas longas noites, quer de trabalho, quer de diversão.
Ao Tiago, pela amizade, carinho e (muita) paciência.
À minha avó, pelo que representa para mim, pelos telefonemas semanais e constante preocupação.
À minha irmã, Brites, por ser a verdadeira definição de “irmã mais velha”, não a trocaria por mais nenhuma.
E porque eu não estaria aqui e não seria nada sem eles, aos meus pais. Obrigada por me ensinarem as coisas mais valiosas que alguma vez poderei aprender, por caminharem sempre a meu lado e por me terem possibilitado a concretização deste sonho que é a Psicologia.
Criminalidade Adulta: Fatores de Risco e Diferenças de Género
Resumo
As estatísticas refletem uma disparidade nas taxas de criminalidade participada e reclusão de homens e mulheres, bem como a investigação sugere que as mulheres cometem menos crimes do que os homens. As razões para tal disparidade são diversas, podendo residir em diferenças quanto aos fatores de risco. Neste estudo, com uma amostra de 54 reclusos e 54 reclusas, pretende-se identificar diferenças entre homens e mulheres quanto aos fatores relacionados com o grau de escolaridade, família, comportamentos aditivos, comunidade e condições pessoais e sociais à data do crime, através de um questionário construído para o efeito. Os resultados obtidos identificaram diferenças quanto a, pelo menos, um item de cada fator avaliado, sendo que as principais diferenças observaram-se ao nível do maior grau de escolaridade feminino, da predominância de comportamentos aditivos e maus-tratos na amostra masculina, da maior prevalência de caraterísticas criminais no meio comunitário masculino e da maior influência externa no cometimento dos crimes femininos.
Adult Criminality: Risk Factors and Gender Differences
Abstract
Official data reflect a disparity in the rates of crime and prison incarceration between men and women, as well as research suggests that women commit fewer crimes than men. The explanations for such disparity are diverse, and may be related to differences in risk factors. In this study, with a sample o 54 male inmates and 54 female inmates, we aim to identify differences between men and women regarding factors related to the educational level, family, addictive behaviours, community, personal and social conditions at the time of the crime, through a questionnaire constructed for this specific purpose. The results identified differences in, at least, one of the itens of each measured risk factor. The main differences observed were the highest level of female education, predominance of addictive behaviours and previous mal-treatment in the male sample, higher prevalence of pro-criminal characteristics in the community of males and a higher external influence to commit the crime in the female sample.
Introdução
A presença da variável género1 em estudos científicos só ganhou destaque aquando do movimento feminista (Matos e Machado, 2012).
Na área da criminologia, surgem contestações aos estudos tradicionais, onde se destacam explicações biológicas para a criminalidade feminina e os estereótipos de género (Matos e Machado, 2012; Matos, 2007,2006;). As grandes conquistas surgem na área da vitimação feminina, apesar de alguns estudos abordarem a mulher transgressora (Matos e Machado, 2012; Gavigan, 1987).
As estatísticas oficiais portuguesas refletem uma disparidade entre os géneros na criminalidade participada e na população reclusa (Ministério da Segurança Interna [MSI], 2013; Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais [DGRSP], 2014). Esta é, igualmente, a realidade na maioria dos países.
Assim, torna-se de especial relevância estudar o porquê destas diferenças, em particular se há diferenças entre homens e mulheres quanto a fatores de risco associados à criminalidade (Steffensmeier e Allan, 1996).
Crime e género
Os estudos iniciais em relação ao crime centravam-se no homem, dado que este era o típico transgressor (Steffensmeier e Schwartz, 2004b; Covington e Bloom, 2003; Smart, 1977). Nas últimas décadas, as explicações para as disparidades quanto ao género têm variado e não têm sido consensuais.
Em Portugal, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna (MSI, 2013), respeitante a 2013, 86% dos denunciados eram homens e 14% eram mulheres. No que concerne à população reclusa, a 1 de Junho de 2014, estavam nos Estabelecimentos Prisionais (EP) portugueses, 13476 reclusos e 825 reclusas (DGRSP, 2014).
A realidade portuguesa, observa-se na generalidade dos países e ao longo do tempo (Mauá e Balteri, 2012; Steffensmeier e Schwartz, 2004a). Contudo, as estatísticas oficiais não são totalmente representativas da realidade podendo, no entanto, ser reflexo do funcionamento do sistema de justiça (Steffensmeier e Schwartz, 2004a; Gavigan, 1987).
1 “Diferenças de sexo” e “diferenças de género” não são iguais: as primeiras são inatas e as segundas são
Padrões criminais e diferenças de género
Vários investigadores assumem que as mulheres/raparigas cometem menos crimes do que os homens/rapazes e que tal fato se observa desde sempre (e.g. Lidell e Martinovic, 2013; Brennan et al, 2012; Gelsthorpe e Sharpe, 2006; Steffensmeier e Schwartz, 2004b; Denno, 1997, 1994).
Segundo Farrington e Painter (2004), há mais probabilidade de os homens se envolverem em comportamentos criminais. Assim, assume-se que as mulheres apresentam risco mais baixo de cometerem crimes, de serem encarceradas e de reincidirem (Voorhis et al, 2009; Blanchette, 2001).
Ambos os géneros estão mais associados a crimes relacionados com estupefacientes e crimes contra a propriedade, existindo mais probabilidade de os homens se envolverem em crimes violentos (Steffensmeier e Allan, 1996; Denno, 1994).
Segundo Denno (1997), os homens têm mais probabilidade tanto de iniciarem a ofender em adulto/mais cedo e de persistirem a ofender. As mulheres apresentam mais probabilidade de iniciar-se no crime tardiamente e a abandoná-lo mais cedo (Gelsthorpe e Sharpe, 2006; Matos 2006).
Fatores de risco e diferenças de género
Grande parte da investigação sobre fatores de risco baseia-se em estudos com amostras masculinas (Farrington e Painter, 2004) e a investigação existente não é consensual quanto a se os fatores são diferentes ou similares para homens e para mulheres (Brennan et al, 2012; Farrington e Painter, 2004; Herrerra e McCluskey, 2001).
Segundo Rowe et al (1995 in Farrington e Painter, 2004), os homens possuem um número mais elevado de fatores de risco e, Farrington e Painter (2004) indicam que as mulheres transgressoras foram expostas a um maior número e gravidade de fatores de risco, sugerindo são mais resilientes.
Vários investigadores sustentam que a vitimação é um dos principais fatores que leva as raparigas a delinquir (Chesney-Lind e Shelden, 2004 in Voorhis et al, 2010; Herrera e McCloskey, 2001; Covington, 1998 in Brennan et al, 2012; Daly, 1992 in Brennan et al 2012). Voorhis et al (2010) acrescentam que é um importante fator na manutenção e iniciação no crime na idade adulta, uma vez que, em comparação com ofensores masculinos e com as mulheres em geral, os estudos indicam maior probabilidade de as transgressoras terem sido vítimas de abuso físico/sexual (Green et al, 2005 in Alves e Maia, 2010; Covington, 2006). Deste modo, tais experiências aumentam a probabilidade de as mulheres exibirem comportamentos criminosos (Alves e Maia, 2010).
No que concerne à dependência de substâncias, Katz (2000 in Matos, 2006) destaca-a como fator preditivo da criminalidade feminina. Segundo Gonçalves e Lopes (2007), o crescente envolvimento das mulheres na problemática da droga levou ao aumento da população reclusa feminina, acrescentando ainda que são os crimes com ela relacionados que leva a maioria das mulheres ao encarceramento. Assim, o aumento das dependências em mulheres produz alterações nas taxas de criminalidade, uma vez que, tal como se sucede com os homens, o crime surge como meio de manutenção do vício (Steffensmeier e Allan, 1996). Já Matos (2007) associa o crime feminino ao tráfico de droga, mas não obrigatoriamente ao consumo e dependência. Assim, enquanto os homens que estão encarcerados e estão a cumprir pena por tráfico são geralmente dependentes, as mulheres que estão a cumprir pena por tráfico, não o são (Torres e Gomes, 2002).
As relações com pares e/ou parceiros criminais apresentam, também, importância no âmbito da criminalidade feminina. Daly (1993 in Davies, 1997), por exemplo, relaciona o envolvimento com homem violento e a relação com pares com ligações ao tráfico de droga com a entrada da mulher para o mundo do crime, acrescentando Matos (2006) que tal fato de encontra com menos prevalência no sexo masculino. Depreende-se que uma relação íntima no caso masculino constitui, geralmente, um fator de proteção e nas mulheres um fator de risco (Matos, 2006).
No que concerne ao ambiente familiar, segundo Matos (2006) a existência de problemas é um preditor da delinquência feminina e essa associação é menor para os rapazes. É frequente mulheres transgressoras possuírem familiares próximos com conduta criminal (Cunha, 2002 in Matos, 2007). Deste modo, segundo Farrington et al (2006 in Mauá e Balteri, 2012), tal fato tem influência no começo e continuação de atividades criminais.
O baixo nível sócio-económico e educacional é um fator importante para ambos os géneros, embora se destaque a sua especial relação com sexo feminino (Chesney-Lind e Pasko, 2004 in Lidell e Martinovic, 2013). Vários autores (e.g. Reckenwald e Parker, 2009; Richie, 2001 in Brennan et al, 2012; Davies, 1997) enfatizam que por questões culturais as mulheres detêm níveis mais elevados de pobreza o que, relacionado com o desemprego, leva a um baixo nível educacional e à maior probabilidade de cometer crimes. Assim, é consensual que as transgressoras detêm baixo nível educacional e detêm baixo nível sócio-económico (Maher, 1997 in Matos, 2006).
Estudo Empírico
Os objetivos primordiais deste estudo são a verificação (ou não) de diferenças entre os géneros masculino e feminino quanto à criminalidade através da sua associação a variáveis identificadas na literatura como fatores de risco para o cometimento de crimes.
O design de investigação é do tipo inter-sujeitos (comparar-se-ão dois grupos independentes) e correlacional (relaciona duas ou mais variáveis) (Martins, 2011). Deste modo, utilizar-se-á a metodologia de investigação e análise de dados quantitativos e, para efeitos de análise de dados, o software Satistical Package for the Social Sciences, na versão 19.
Método
Participantes
A amostra total tem um caráter de conveniência e foi constituída por 108 indivíduos presos, 54 do sexo feminino (50%) e 54 do sexo masculino (50%), com idades compreendidas entre 18 e 73 anos, sendo a média de 37.77 anos (DP= 10.35).
No que concerne ao estado civil, mais de metade (55.6%) são solteiros, 24.1% são casados, 18.5% divorciados e, por fim, 1.9% são viúvos.
Quanto ao crime pelo qual se encontram encarcerados, aqueles com maior expressão foram o tráfico de estupefacientes (29.9%), concomitância de crimes (20.9%), condução sem habilitação legal (10.3%), roubo(s) (9.3%) e furto(s) (8.7%). Os restantes crimes variaram de burla a homicídio, cumplicidade e tentativa de homicídio, violência doméstica, ofensas à integridade física e abuso de confiança. A categoria concomitância de crimes define-se pelo cometimento de dois ou mais crimes diferentes. Neste caso, observou-se concomitância de crimes como sequestro, roubo, furto, burla, falsificação, posse de arma ilegal, associação criminosa, lenocínio, ofensas à integridade física e às autoridades, tentativa de homicídio, condução sem habilitação legal e extorsão.
As penas variaram de 7 a 252 meses, sendo a média de 76,46 meses (DP= 54.06).
Instrumento
Foi construído um questionário de auto-resposta com base na revisão de literatura referente aos fatores de risco para o crime (Anexo I)
O instrumento foi constituído por 6 conjuntos de questões. O primeiro conjunto reporta a dados gerais de identificação e os restantes conjuntos são direcionados a grupos
de fatores de risco: Educação, Família, Comportamentos Aditivos, Comunidade e Condições Pessoais e Sociais à Data do Crime.
O questionário é constituído por questões de escolha múltipla, e por escalas de tipo
likert, onde as respostas variaram de Concordo Totalmente a Discordo Totalmente. Devido
à escala ser de ordem decrescente, valores mais baixos estão associados à maior probabilidade de existência do respetivo fator de risco.
Procedimentos
Após a construção do instrumento, foi pedida autorização à entidade competente, a DGRSP, para proceder à recolha dos dados num EP masculino e noutro feminino. Após concedida autorização, foram realizados os contatos com os EP’s em causa, iniciando, assim, as diligências necessárias para a recolha. Os dados foram recolhidos em Abril e Maio.
A todos os participantes foi garantido o anonimato e a não obrigatoriedade de participação. Juntamente com o questionário, estava um documento explicativo dos objetivos desta investigação, bem como um consentimento informado, o qual todos os participantes assinaram, garantindo a sua adesão voluntária.
Análise e resultados
Dados Gerais Idade
Na Tabela 1 estão caraterizados os dados relativos à idade.
Tabela 1- Caraterização da amostra quanto à idade.
Sexo Masculino Sexo Feminino
(n= 52) (n= 53)
Min Max M DP Min Max M DP
Idade 18 73 36.75 11.31 24 60 38 9.32
Não estando reunidos os pressupostos necessários à realização de um teste de diferenças paramétrico, realizou-se o homólogo não-paramétrico, o Teste de Mann-Whitney. Em todo o caso, não se vislumbraram diferenças significativas entre homens e mulheres ao nível da idade (U= 1176.5, p=.2).
Crime
Quanto ao tipo de crime, observou-se que na amostra masculina 24.5% dos indivíduos estavam a cumprir pena por concomitância de crimes, seguindo-se 18.9% por tráfico de estupefacientes, 17% por condução sem habilitação legal, 11.3% por violência doméstica, 9.4% por roubo, 7.5% por furto, 3.8% por homicídio e, por fim, por burla e tentativa de homicídio, 1.9% cada.
Na amostra feminina, verificou-se que 41.7% estavam detidas por tráfico de estupefacientes, seguindo-se 17% por concomitância de crimes, por roubo e furto 9.4% cada, 5.7% por homicídio, cumplicidade de homicídio e burla (cada), 3.8% por condução sem habilitação legal e 1.9% por abuso de confiança.
O Teste do Qui-Quadrado revelou associação significativa entre estas variáveis (χ3(5)= 17.645, p= 0.003). Assim, enquanto nas mulheres se observou predominância do crime de tráfico de estupefacientes, os homens estiveram mais associados a vários tipos de crime.
Duração da pena
As durações das penas da amostra feminina situaram-se entre os 8 meses e os 252 meses (M= 93.83, DP= 60.57). Já a amostra masculina apresentou pena mínima de 7 meses e máxima de 180 meses (M= 58.06 meses, DP= 38.97).
Aplicando um teste de diferenças, neste caso o Mann-Whitney por não estarem reunidas as condições de realização de um teste paramétrico, verificaram-se diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres ao nível da duração da pena que estão a cumprir (U=805.500, p=.000).
Analisando a Tabela 2, verifica-se que, as mulheres estão a cumprir penas mais elevadas do que os homens.
Tabela 2- Resultados do teste de Mann-Whitney para as variáveis sexo e duração da pena. Sexo Feminino Sexo Masculino
(n=54) (n=51)
Média (DP) Média (DP) U
Duração da Pena de prisão 93.83 (60.57) 58.06 (38.97) 805.500***
Reincidência em pena de prisão
Para a maioria dos homens e mulheres, esta era a primeira detenção (55.6% e 64.8% respetivamente). O Teste do Qui-Quadrado não demonstrou associação significativa entre estas variáveis (χ3(1)= .97, p= .33).
Dos participantes em que esta não configura a primeira detenção, verifica-se que a média da idade para as reclusas (M= 30.39, DP= 7.34) é superior à dos reclusos (M= 26.13, DP= 9.83). Realizando o Teste de Mann-Whitney (por não estarem reunidos os pressupostos de aplicação de um teste paramétrico) verificam-se diferenças significativas entre homens e mulheres em relação à idade da primeira detenção (U=114.5, p=.02). Na Tabela 3, é possível analisar que a idade da primeira prisão para as mulheres é superior à dos homens.
Tabela 3- Resultados do Teste Mann-Whitney em relação às variáveis sexo e idade da primeira detenção.
Sexo Feminino Sexo Masculino (n=18) (n=23)
Ordem Média Ordem Média U
Idade 26.14 16.98 114.500*
* p<.05
Reincidência em crime
A maioria dos homens e mulheres referiu não ter cometido outros crimes que não resultaram em pena de prisão (53.7% e 66.7%, respetivamente). O Teste do Qui-Quadrado não demonstrou associação significativa entre as duas variáveis (χ3(1)= 1.89, p= .17).
Dos participantes que cometeram outros crimes que não resultaram em pena de prisão, verificam-se diferenças significativas entre homens e mulheres quanto à idade do cometimento do primeiro crime (U=35, p=.000). Analisando a Tabela 7, é possível concluir que a idade do cometimento do primeiro crime para as mulheres é mais alta do que para os homens.
Tabela 4- Resultados do Teste de Mann-Whitney em relação às variáveis sexo e idade do cometimento do primeiro crime.
Sexo Feminino Sexo Masculino (n=16) (n=24)
Média (DP) Média (DP) U
Idade 27.13 (8.68) 16.38 (4.37) 35***
*** p<.001
Fator 1: Educação
Em relação ao grau de escolaridade concluído, observa-se que os homens situaram-se, maioritariamente, no 2º e 3º Ciclo de Escolaridade (38.9% e 33.3%, respetivamente), enquanto as mulheres situaram-se, maioritariamente, no 2º Ciclo e Ensino Secundário (24.1% e 33.3%, respetivamente). O Teste de Mann-Whitney indica diferenças significativas entre homens e mulheres ao nível do grau de escolaridade (U=1099.5,
p=.02). Como se pode verificar na Tabela 5, as mulheres apresentam grau de escolaridade
mais elevado do que os homens.
Tabela 5- Resultados do Teste de Mann-Whitney em relação às variáveis sexo e grau de escolaridade.
Sexo Feminino Sexo Masculino (n=54) (n=54)
Ordem Média Ordem Média U
Grau de Escolaridade 61.14 47.86 1099.5*
*p<.05
Fator 2: Família
A maioria dos homens e mulheres afirmou que os seus principais cuidadores foram a família nuclear (67.9% e 75.9%, respetivamente) e a maioria afirmou não possuir um familiar que cometeu um crime (69.8% e 74.1%, respetivamente). O Teste do Qui-Quadrado não encontrou associação significativa entre estas duas variáveis (χ3
(1)= .33, p= .56).
A Tabela 10 apresenta os resultados quanto à escala2 destinada àqueles que assinalaram possuir um membro familiar próximo que cometeu um crime.
Tabela 6- Caraterização das respostas à escala destinada aos participantes que possuem um familiar próximo que cometeu um crime.
Sexo Feminino (n=12) Sexo Masculino (n=13) CT C NC/ND D DT CT C NC/ND D DT Item 1 41.7% 16.7% 8.3% 16.7% 16.7% 7.7% 23.1% 30.8% 38.5% Item 2 8.3% 25.3% 8.3% 8.3% 50% 7.7% 15.4% 30.8% 46.2% Item 3 8.3% 25% 8.3% 58.3% 15.4% 23.1% 61.5%
No que concerne ao Item 1: “o fato de um familiar próximo ter cometido um crime
foi um acontecimento importante para mim”, 41.7% das mulheres afirmou CT, ao passo
que na amostra masculina, 38.5% escolheu categoria DT. O Teste de Mann-Whitney revelou diferenças significativas entre homens e mulheres quanto ao grau de concordância com este item (U=36.5, p=.02). Como se pode constatar na Tabela 7, as mulheres tenderam a concordar mais com a afirmação.
Tabela 7- Resultado do Teste de Mann-Whitney em relação ao grau de concordância com o Item 1.
Sexo Feminino Sexo Masculino (n=12) (n=13)
Ordem Média Ordem Média U
Grau de concordância 9.54 16.19 36.5*
*p<.05
Quanto ao Item 2: “o fato de um familiar próximo ter cometido um crime
influenciou-me para cometer o crime do qual estou a cumprir pena”, a categoria mais
expressiva em ambos os géneros foi a DT (50% das respostas femininas e 46.2% das repostas masculinas).
2 CT= Concordo Totalmente; C= Concordo; NC/ND= Não concordo/Nem Discordo; D= Discordo e DT=
No que respeita ao Item 3: “eu nunca teria cometido um crime se um familiar
próximo não tivesse cometido um crime”, a maioria dos homens e das mulheres assinalou
DT (58.3% e 61.5%, respetivamente).
Testes de Mann-Whitney não encontraram diferenças significativas entre homens e mulheres quanto ao grau de concordância com os Item 2 e 3 (U=68.5, p=.58; U=69.5,
p=.59, respetivamente).
A maioria dos homens e das mulheres afirmou não ter e nunca ter tido um familiar detido (81.1% e 70.4%, respetivamente). O Teste do Qui-Quadrado não encontrou associação significativa entre estas variáveis (χ3(1)= 2.4, p= .12).
Os resultados da escala destinada àqueles que assinalaram sim na questão anterior podem ser observados na Tabela 8.
Tabela 8- Caraterização das respostas à escala destinada aos participantes que possuem um familiar próximo que está ou esteve detido.
Sexo Feminino (n=15) Sexo Masculino (n=9) CT C NC/ND D DT CT C NC/ND D DT Item 1 46.7% 13.7% 6.7% 6.7% 26.7% 33.3% 11.1% 55.6% Item 2 13.3% 13.3% 20% 6.% 46.7% 11.1% 11.1% 77.8% Item 3 6.7% 6.7% 26.7% 6.7% 53.3% 22.2% 22.2% 55.6%
Quanto ao Item 1: “o fato de um familiar próximo estar/ter estado preso foi um
acontecimento importante para mim”, 46.7% das mulheres assinalou CT e 55.6% dos
homens escolheu DT.
No que concerne ao Item 2: “o fato de um familiar próximo estar/ter estado preso
influenciou-me para cometer o crime do qual estou a cumprir pena”, a maioria dos
homens escolheu DT (77.8%), ao passo que 46.7% das mulheres assinalou esta categoria e 20% escolheu NC/ND.
No último item, Item 3: “eu nunca teria cometido um crime se um familiar próximo
não estivesse/tenha estado preso”, a maioria dos homens e mulheres assumiu DT (53.3% e
Testes de Mann-Whitney não encontraram diferenças significativas entre homens e mulheres quanto ao grau de concordância com os Itens 1, 2 e 3 (U=36.5 p=.053; U=41.5,
p=.08; U=59, p=.58, respetivamente).
A Tabela 9 ilustra os resultados relativos à última escala do Fator 2, destinada a todos os participantes.
Tabela 9- Caraterização da amostra relativamente à escala destinada a todos os participantes.
Sexo Feminino Sexo Masculino
CT C NC/ND D DT CT C NC/ND D DT
Item 1 55.6% 24.1% 9.3% 5.6% 5.6% 54% 26% 12% 4% 4%
Item 2 2% 4.1% 6.1% 6.1% 81.6% 8.2% 8.2% 8.2%% 14.3% 61.2%
Item 3 52.8% 32.1% 3.8% 5.7% 5.7% 42.9% 30.6% 10.2% 4.1% 12.2%
Item 4 63% 27.8% 5.6% 3.7% 62% 24% 10% 4%
Quanto ao Item 1: “os meus cuidadores interessavam-se pelas minhas atividades”, mais homens e mulheres assinalaram CT (54% e 55.6%, respetivamente). O teste de Mann-Whitney não revelou diferenças significativas entre homens e mulheres quanto ao grau de concordância com este item (U=1343.5, p=.96).
No que concerne ao segundo item, Item 2: “os meus cuidadores exerciam
maus-tratos sobre mim”, a maioria das respostas masculinas e femininas centrou-se em DT
(61.2% e 81.6% respetivamente). O teste de Mann-Whitney revelou diferenças significativas entre homens e mulheres quanto ao grau de concordância com este item (U=950.5, p=.03). Como se pode observar na Tabela 10, a amostra masculina apresentou maiores níveis de concordância.
Tabela 10- Resultados do Teste de Mann Whitney relativamente ao grau de concordância com o Item 2.
Sexo Feminino Sexo Masculino (n=49) (n=49)
Ordem Média Ordem Média U
Grau de concordância 54.60 44.40 950.5*
*p<.05
Quanto ao Item 3: “os meus cuidadores interessavam-se pelas minhas
companhias/amigos”, 52.8% da amostra feminina e 42.9% da masculina assinalou CT.
Por fim, quanto ao Item 4: “sentia que os meus cuidadores gostavam de mim”, a maioria dos homens e das mulheres indicou CT (62% e 63%, respetivamente).
Testes de Mann-Whitney não encontraram diferenças significativas entre homens e mulheres quanto ao grau de concordância com os Itens 3 e 4 (U=1119.5, p=.2; U=1318.5,
p=.81, respetivamente).
Fator 3: Comportamentos Aditivos
Enquanto a maioria dos homens (66.7%) assinalou possuir ou alguma vez ter possuído um comportamento aditivo, a maioria das mulheres (61.1%) assinalou não.
Através do Teste do Qui-Quadrado, foi possível associar significativamente estas duas variáveis (χ3(1)= 8.36, p= .004).
Na Tabela 11 podem ser visualizados os resultados quanto à escala destinada a quem respondeu afirmativamente à questão anterior.
Tabela 11- Caraterização da amostra quanto à escala destinada aos participantes que possuem ou alguma vez possuíram um comportamento aditivo.
Sexo Feminino (n=20) Sexo Masculino (n=35) CT C NC/ND D DT CT C NC/ND D DT Item 1 70% 25% 1.9% 54.3% 22.9% 2.9% 5.7% 14.3% Item 2 70% 20% 5% 5% 45.7% 17.1% 14.3% 8.6% 14.3% Item 3 60% 20% 15% 5% 44.4% 8.3% 25% 8.3% 13.2%
Quanto ao Item 1: “possuía um comportamento aditivo na altura em que cometi o
crime pelo qual estou a cumprir pena”, 70% das mulheres assinalou CT e 54.3% dos
homens escolheu esta categoria. O Teste de Mann-Whitney não revelou diferenças significativas entre homens e mulheres ao nível do grau de concordância deste item (U=277 p=.15).
No que concerne ao Item 2: “o fato de ter/ter tido um problema aditivo
influenciou-me para coinfluenciou-meter o criinfluenciou-me do qual estou a cumprir pena”, 70% da amostra feminina
escolheu CT e 54.3% da masculina escolheu esta categoria. O Teste de Mann-Whitney indicou diferenças significativas entre homens e mulheres quanto ao grau de concordância com este item (U=245, p=.04). Segundo a Tabela 12, verifica-se que as mulheres concordaram mais com a afirmação.
Tabela 12- Resultados do teste de Mann-Whitney quanto ao grau de concordância com o Item 2.
Sexo Feminino Sexo Masculino (n=20) (n=35)
Ordem Média Ordem Média U
Grau de concordância 22.75 31 245*
*p<.05
No que respeita ao Item 3: “eu nunca teria cometido um crime se não tivesse/
tivesse tido um problema aditivo”, a maioria das mulheres indicou CT (60%), e 44.4% dos
homens escolheu, também, CT, seguido de 25% que assinalou NC/ND. O teste de Mann-Whitney não revelou diferenças significativas entre homens e mulheres quanto ao grau de concordância com este item (U=240, p=.1).
Fator 4: Comunidade
O Fator 4: Comunidade foi avaliado através de quatro itens. Na Tabela 13, encontram-se os resultados descritivos para cada item consoante o género.
Tabela 13- Caraterização da amostra relativa à escala acerca da comunidade.
Sexo Feminino Sexo Masculino
CT C NC/ND D DT CT C NC/ND D DT
Item 1 15.1% 7.5% 9.4% 24.5% 43.4% 19.2% 34.6% 5.8% 17.3% 23.1%
Item 2 20.8% 28.3% 11.3% 9.4 30.2% 28.8% 32.7% 13.5% 9.6% 15.4%
Item 3 13.2% 3.8% 11.3% 18.9% 52.8% 13.5 34.6% 11.5% 17.3% 23.1%
Item 4 13.2% 3.8% 11.3% 18.9% 52.8% 15.1% 26.4% 26.4% 5.7% 26.4%
Quanto ao Item 1: “no sítio onde cresci, havia muita criminalidade”, 43.4% da amostra feminina referiu DT, seguida de D, com 24.5%. Na amostra masculina, 34.6% assinalou C, seguida de DT (23.1%). O teste de Mann-Whitney indicou diferenças significativas entre homens e mulheres quanto ao grau de concordância com este item (U=973, p=.01). Analisando a Tabela 14, pode-se verificar que os homens apresentaram maior concordância com a afirmação.
Tabela 14- Resultados do teste de Mann-Whitney relativo ao grau de concordância com o Item 1.
Sexo Feminino Sexo Masculino (n=53) (n=52)
Ordem Média Ordem Média U
Grau de concordância 60.64 45.21 973**
*p<.01
No que respeita ao Item 2: “tinha amigos que cometiam crimes”, 30.2% das mulheres referiu DT e 28.3% assinalou C, ao passo que 32.7% dos homens referiu C, seguindo-se CT com 28.8%. O teste de Mann-Whitney não revelou diferenças significativas entre homens e mulheres quanto ao grau de concordância com este item (U=1132.5, p=.12).
No Item 3: “aprendi a cometer crimes no sítio onde cresci”, observou-se que 52.8% das mulheres assinalou DT, seguindo-se 18.9% que assinalou D, enquanto na amostra masculina, 34.6% referiu C, seguido de DT (23.1%). O teste de Mann-Whitney revelou diferenças significativas entre homens e mulheres quanto ao grau de concordância
com este item (U=888.5, p=.001). Analisando a Tabela 15 é possível verificar que os homens apresentaram maior concordância com a afirmação.
Tabela 15- Resultados do teste de Mann-Whitney relativo ao grau de concordância com o Item 3.
Sexo Feminino Sexo Masculino (n=53) (n=52)
Ordem Média Ordem Média U
Grau de concordância 62.24 43.59 888.5*
*p<.05
No que concerne ao Item 4: “fui influenciado negativamente pelos meus amigos”, na amostra feminina observou-se que 52.8% assinalou DT e 18.9% escolheu D, enquanto na amostra masculina houve um empate: 24.6% escolheu as categorias C, NC/ND E DT (cada). O teste de Mann-Whitney não indicou diferenças significativas entre homens e mulheres quanto ao grau de concordância com este item (U=1387, p=.78).
Fator 5: Condições Pessoais e Sociais à data do Crime
Este fator foi avaliado com uma escala do tipo likert. Os resultados podem ser observados na Tabela 16.
Tabela 16- Caraterização da amostra quanto à escala do fator condições pessoais e sociais à data do crime.
Sexo Feminino Sexo Masculino
CT C NC/ND D DT CT C NC/ND D DT
Item 1 50% 20.4% 7.4% 22.2% 39.2% 17.6% 7.8% 11.8% 23.5%
Item 2 40.7% 16.7% 9.3% 18.5% 14.8% 34.7% 22.4% 14.3% 8.2% 20.4%
Item 3 25.9% 20.4% 20.4% 13% 20.4% 4% 20% 22% 14% 40%
Item 4 61.1% 18.5% 9.3% 5.6% 5.6% 37.3% 25.5% 23.5% 5.9% 7.9%
Quanto ao Item 1: “na altura em que cometi o crime, estava desempregado”, 50% das mulheres assinalou CT. Quanto aos homens, 39.2% assinalou CT, seguindo-se DT (23.5%).
No que respeita ao segundo item: “o crime que cometi foi motivado por
dificuldades económicas”, 40.7% das mulheres assinalou CT, seguindo-se a categoria D
(18.5%), enquanto 34.7% dos homens escolheu CT e 22.4% assinalou C.
Testes de Mann-Whitney não encontraram diferenças significativas entre homens e mulheres quanto ao nível de concordância com os itens 1 e 2 (U=1204.5, p=.24: U=1269,
p=.71, respetivamente)
No que concerne ao Item 3: “fui influenciado a cometer o crime por um
amigo/conhecido”, 25.9% das mulheres escolheu CT, sendo que as categorias C, NC/ND e
DT, foram escolhidas, cada uma, por 20.4%. Quanto aos homens, 40% assinalou DT e 22% referiu NC/ND. O teste de Mann-Whitney indicou diferenças significativas entre homens e mulheres quanto ao grau de concordância com este item (U=909, p=.003). Analisando a Tabela 17 é possível verificar que as mulheres apresentaram maior concordância com a afirmação.
Tabela 17- Resultado do teste de Mann-Whitney relativo ao grau de concordância com o Item 3.
Sexo Feminino Sexo Masculino (n=54) (n=50)
Ordem Média Ordem Média U
Grau de Concordância 44.33 61.32 909**
**p<.01
No que diz respeito ao Item 4: “nunca teria cometido o crime se não estivesse na
situação em que estava”, 61.1% da amostra feminina assinalou CT. Quanto aos homens,
37.3% assinalou CT e 25.5% escolheu C. O teste de Mann-Whitney indicou diferenças significativas entre homens e mulheres quanto ao grau de concordância com este item (U=1027.5, p=.016). Analisando a Tabela 18, é possível verificar que as mulheres concordaram mais com a afirmação.
Tabela 18- Resultados do teste de Mann-Whitney relativo ao grau de concordância com o Item 4.
Sexo Feminino Sexo Masculino (n=54) (n=51)
Ordem Média Ordem Média U
Grau de Concordância 46.53 59.85 1027.5*
*p<.05
Devido às evidências encontradas na revisão de literatura, optou-se por realizar a análise descritiva das variáveis sexo, comportamento aditivo e crime de tráfico de estupefacientes. Os resultados podem ser observados na Tabela 19.
Tabela 19- Caraterização da amostra consoante o sexo, o crime de tráfico de estupefacientes e os comportamentos aditivos.
Tráfico de Estupefacientes Sexo Feminino
(n=53)
Sexo Masculino (n=53)
Sim Não Sim Não
Comportamentos Aditivos
Sim 27.3% 72.7% 70% 30%
Não 48.4% 51.6% 61.5% 34.9%
Verifica-se que de entre as mulheres detidas por tráfico de estupefacientes, 48.3% não possui nem nunca possuiu um problema aditivo, ao passo que de entre os homens recluídos por tráfico de estupefacientes, 70% possui ou possuiu um problema aditivo. O Teste do Qui-Quadrado demonstrou associação significativa entre estas variáveis (χ3(1)= 8.36, p= .004).
Discussão
O crime tráfico de estupefacientes é na literatura descrito como um dos crimes que mais leva homens e mulheres à reclusão (Almeda, 2003 in Matos, 2006; Steffensmeier e Allan, 1996). Os resultados demonstraram que foi o crime que levou 41.7% das mulheres ao encarceramento, enquanto nos homens, a prevalência foi de 18.5%. Sendo de esperar que ambas as frequências fossem elevadas, as mulheres evidenciaram ser este o seu crime
de eleição (Cunha, 2006). Também no caso dos crimes violentos (i.e crimes que produzem danos físicos na vítima), destaca-se maior prevalência nos homens. As mulheres, no que concerne a homicídio, cumplicidade e tentativa de homicídio e roubo apresentam taxa de 20.8%, enquanto aos homens se acresce o crime de violência doméstica, sendo a prevalência final 26.4%. Estes dados vão ao encontro do esperado, sugerindo que pertencer ao sexo masculino constitui um maior preditor para crimes violentos (Steffensmeier e Allan, 1996). Assim, na nossa amostra, obtida por conveniência, os homens seguem o padrão esperado de uma maior associação a crimes violentos enquanto as mulheres surgem mais associadas ao tráfico.
Quanto à duração das penas, foram encontradas diferenças significativas, uma vez que se encontraram penas mais elevadas nas mulheres. Isto pode ser justificado pelo fato de as mulheres apresentarem maior prevalência de homicídios (3) (que produzem penas mais elevadas) e por estarem mais associadas ao tráfico de estupefacientes o que, segundo Cunha (2006), é dos crimes que produz sentenças mais duras.
A maioria dos homens e das mulheres não era reincidente (tanto no cometimento de outros crimes como no cumprimento de pena de prisão). Contudo, a estatística descritiva demonstrou que as percentagens de reincidentes foram sempre superiores nos homens do que nas mulheres. Assim, pode-se constatar que a ideia de que as mulheres possuem menos probabilidade de reincidirem (Voorhis et al, 2009) está indicada nos resultados deste estudo. Um dado importante foi o das idades encontradas, uma vez que foram superiores na amostra feminina. Tal situação aparece descrita na literatura, afirmando-se que as mulheres tendem a iniciar-se no crime mais tardiamente (Gelsthorpe e Sharpe, 2006; Matos, 2006).
A amostra feminina, apresentou maior grau de escolaridade. Segundo evidências bibliográficas, seria de esperar o inverso, uma vez que a baixa escolaridade está mais associada à criminalidade feminina devido à falta de meios de acesso à educação (derivado do maior nível de pobreza) (Chesney-Lind e Pasko, 2004 in Lidell e Martinovic, 2013; Reckenwald e Parker, 2009; Richie, 2001 in Brennan et al, 2012; Voorhis et al, 2010). Este resultado pode ser explicado, não só por se estarem a alterar os padrões de literacia da sociedade portuguesa que tem vindo a elevar sucessivamente os mínimos para a escolaridade obrigatória, com também pelo facto de termos um grupo de homens que iniciou mais precocemente que as mulheres a sua carreira criminal e com isso comprometeu a respetiva escolaridade.
A maioria dos homens e das mulheres não possuía um familiar com afinidades criminais. Contudo, segundo a estatística descritiva, mais homens do que mulheres possuíam um familiar que tinha cometido um crime, enquanto o inverso se observou no caso de possuir um familiar que esteja ou tenha estado recluído. Esta inversão nas estatísticas pode ser explicada pelo fato de algumas mulheres terem assinalado não possuírem um membro familiar próximo que tenha cometido um crime, mas posteriormente assinalaram que possuíam um membro familiar próximo que esteja/tenha estado detido. Não obstante, é referida relação entre o começo e continuação de atividades criminais femininas e a presença de familiares próximos com condutas criminais (Cunha, 2002 in Matos, 2007; Farrington et al, 2006 in Mauá e Balteri, 2011). Nos resultados da amostra feminina não é possível afirmar que tal associação é frequente mas, dado até o carácter muitas vezes familiar do crime de tráfico, acaba por ser comum a reclusão simultânea de vários membros da mesma família (Cunha, 2006; Gonçalves e Lopes, 2007). No que concerne aos maus-tratos foram encontradas diferenças significativas, no sentido de os homens apresentarem maiores níveis de concordância com este fator de risco. Deste modo, não foi possível verificar que há mais probabilidade de as mulheres terem sido vítimas, tal como a investigação sugere (McClellan, Farabee e Crouch, 1997 in Voorhis, Wright, Salisbury, Bauman e Holsinger, 2010; Green et al, 2005 in Alves e Maia, 2010; Covington, 2006; Gelsthorpe, 2007 in Lidell e Martinovic, 2013). Ter sofrido maus tratos na infância é muito comum em criminosos e no caso em apreço teria sido necessário precisar a extensão e frequência dos mesmos, já que em muitos casos a violência acaba por ter um caracter banal em famílias disfuncionais e, por via disso, não é reportada.
Quanto aos Comportamentos Aditivos, os homens apresentaram maior prevalência, observando-se, associação estatisticamente significativa entre estas duas variáveis. Além disso, de entre os detidos pelo crime de tráfico de estupefacientes, os homens apresentaram maior prevalência de comportamentos aditivos. Estes dados vão ao encontro da conceção de Matos (2007) e Torres e Gomes (2002), que referem que, para as mulheres, o crime de tráfico de droga está menos associado à dependência. Observou-se, ainda, que para maioria dos participantes que assinalou possuir ou ter possuído um comportamento aditivo, este estava presente aquando do cometimento do crime, podendo o comportamento criminal estar associado à manutenção da dependência (Steffensmeier e Allan, 1996). Apesar disso, as mulheres revelaram níveis mais elevados de concordância quanto à influência do comportamento aditivo no crime, indo ao encontro das perspetivas que referem ser um fator mais importante no âmbito feminino (Voorhis et al, 2009, 2010).
Quanto ao Fator 4: Comunidade, mais homens do que mulheres revelaram presença de criminalidade no meio em que cresceram, bem como maior concordância com a afirmação relacionada com a aprendizagem de crimes neste meio. Deste modo, verifica-se que o meio comunitário em que cresceram apresentou mais caraterísticas pró-criminais nos homens do que nas mulheres.
No que respeita fator relativo às condições pessoais e sociais à data do crime, tanto homens e mulheres tenderam a concordar acerca do desemprego e com a influência de dificuldades económicas no cometimento do crime, indicando estes resultados tal como a literatura, que o nível-sócio económico é um fator importante para ambos os géneros (Chesney-Lind e Pasko, 2004 in Lidell e Martinovic, 2013). Contudo, a evidência que sugere que as mulheres transgressoras são mais pobres e têm níveis mais elevados de desemprego (Reckenwald e Parker, 2009, Richie, 2001 in Brennan et al, 2012; Davies, 1997) não foi observada.
Mais mulheres do que homens revelaram ter sido influenciadas externamente para o cometimento do crime. Contudo, uma vez que não foram abordadas a natureza e as circunstâncias dessas relações, não foi possível endereçar a questões como o envolvimento com um parceiro romântico com comportamentos aditivos e/ou trajetória criminal (Matos, 2006; Daly, 1993 in Davies, 1997).
Considerações Finais
Esta investigação produziu resultados mistos quanto àquilo que seria esperado. Ainda assim, permitiu aferir certas diferenças entre homens e mulheres quanto aos fatores de risco abordados.
No que concerne ao padrão criminal dos participantes, observou-se, tal como se esperava, a predominância do crime de tráfico de estupefacientes na amostra feminina, bem como a maior prevalência de crimes violentos na amostra masculina. Além disso, as mulheres aparentaram ser mais velhas e menos reincidentes do que os homens, tal como a investigação sugere.
Em todos os fatores houve pelo menos um resultado ao nível dos itens que indicou diferenças entre os géneros. As principais diferenças observaram-se ao nível do maior grau de escolaridade masculino, da maior predominância de comportamentos aditivos nos homens, da maior presença de influência para cometer o crime nas mulheres, na maior
presença de caraterísticas criminais no meio comunitário da amostra masculina e da maior prevalência de maus-tratos por parte dos homens.
As limitações inerentes a este estudo são aquelas identificadas por Farrington e Painter (2004) nas investigações nesta área: o grau de mensurabilidade dos fatores de risco, o número de fatores abordados e as caraterísticas da amostra. Neste caso, acrescem as dificuldades de recolha de dados e a falta de investigações nacionais, no sentido de comparar resultados. Teria sido benéfica a utilização de entrevistas, a fim de explorar melhor cada um dos fatores e estabelecer relações entre eles. Assim, para investigações futuras, sugere-se a amplificação da amostra e dos métodos de recolha de dados, a utilização de instrumentos mais fidedignos e a criação de grupos de controlo (amostra constituída por participantes sem comportamentos criminais).
Destaca-se a importância da investigação nesta área, uma vez que, tanto a prevenção como a intervenção institucional não tem sido realizada diferenciação, estimando-se que os programas interventivos apresentem desvantagens para as reclusas (Voorhis, 2012 in Brennan, 2012; Covington e Bloom, 2003). Existindo diferenças entre os géneros, torna-se imperativo a criação de programas preventivos e de tratamento que abordem essas especificidades (Blanchette, 2001). Farrington e Painter (2004) sugerem, ainda, que tais diferenças têm de ser tidas em conta na construção de instrumentos de avaliação, dado que esta orienta as escolhas dos profissionais.
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Anexo I
Escola de Psicologia da Universidade do Minho Mestrado Integrado em Psicologia
Dissertação de Mestrado
Questionário
Dados Gerais
Sexo: Feminino Masculino Idade: ________anos
Estado Civil: Casado Solteiro Divorciado Viúvo
Crime: __________________________________________________________ Duração da pena: __________________________________________________ Tempo já cumprido:________________________________________________ É a primeira vez que se encontra a cumprir pena de prisão? Sim Não
Se não, com que idade cumpriu a sua primeira pena de prisão? ____ anos Cometeu outros crimes que não resultaram em pena de prisão? Sim Não
Se sim, com que idade cometeu o seu primeiro crime? ____ anos
Factor 1: Educação
Qual o seu grau de escolaridade? (assinale a mais correta) Nunca frequentei a escola
1º Ciclo completo (1º, 2º, 3º e 4º anos) 2º Ciclo completo (5º e 6º anos) 3º Ciclo completo (7º, 8º e 9º anos)
Este questionário insere-se no âmbito da Dissertação de Mestrado em Psicologia da Justiça, tendo por objetivo investigar acerca dos fatores de risco em homens e mulheres.
Ensino Secundário completo (10º, 11º e 12º anos) Ensino Superior completo
(Se nunca frequentou a escola, por favor, passe para o Factor 2: Família) Quando interrompeu os estudos? (assinale a mais correta)
Quando fui preso, mas retomei-os na prisão Quando fui preso, e não os retomei na prisão Antes de ser preso
(assinale a mais correta) Porque não gostava da escola Porque faltava muito às aulas
Porque estava sempre a reprovar de ano Porque não queriam que eu estudasse Porque não tirava boas notas
Porque fui trabalhar Outro
Qual?_________________________________
Factor 2: Família
Quem foram os seus principais cuidadores na sua infância/adolescência? (assinale a mais correta)
Família nuclear (pais, irmãos) Tios
Avós Instituição Outros
Quem? __________________________________
Algum dos seus cuidadores /membros familiares mais próximos cometeu um crime? (assinale a mais correta)
Sim Não Não sei
Se sim, responda às seguintes questões, utilizando a seguinte escala:
Concordo totalmente CT
Concordo C
Não concordo nem discordo NC/ND
Discordo D
Discordo totalmente DT
CT C NC/ND D DT O facto de um familiar próximo ter
cometido um crime foi um acontecimento importante para mim. O facto de um familiar próximo ter cometido um crime influenciou-me para cometer o crime do qual estou a cumprir pena.
Eu nunca teria cometido um crime se um familiar próximo não tivesse cometido um crime.
Algum dos seus cuidadores/membros familiares mais próximos esteve ou está preso? (assinale a mais correta)
Sim Não Não sei
Se sim, responda às seguintes questões, utilizando a escala:
Concordo totalmente CT
Não concordo nem discordo NC/ND
Discordo D
Discordo totalmente DT
CT C NC/ND D DT O facto de um familiar próximo
estar/ter estado preso acontecimento importante para mim.
O facto de um familiar próximo estar/ter estado preso influenciou-me para cometer o crime do qual estou a cumprir pena.
Eu nunca teria cometido um crime se um familiar próximo não estivesse /tenha estado preso.
Responda às seguintes questões, utilizando a escala:
Concordo totalmente CT
Concordo C
Não concordo nem discordo NC/ND
Discordo D
Discordo totalmente DT
CT C NC/ND D DT Os meus cuidadores interessavam-se pelas minhas
actividades.
Os meus cuidadores exerciam maus-tratos sobre mim. Os meus cuidadores interessavam-se pelas minhas companhias/amigos.
Sentia que os meus cuidadores gostavam de mim.
Alguma vez na sua vida teve um problema aditivo? (drogas, álcool etc…) Sim
Não
(Se nunca teve um problema aditivo, passe para o Factor 4: Comunidade)
Se sim, responda às seguintes questões, utilizando a seguinte escala:
Concordo totalmente CT
Concordo C
Não concordo nem discordo NC/ND
Discordo D
Discordo totalmente DT
CT C NC/ND D DT Possuía um problema aditivo na
altura em que cometi o crime pelo qual estou a cumprir pena.
O facto de te/ter tido um problema aditivo influenciou-me para cometer o crime do qual estou a cumprir pena. Eu nunca teria cometido um crime se não tivesse/tivesse tido um problema aditivo.
Factor 4: Comunidade
Responda às seguintes questões, utilizando a escala:
Concordo totalmente CT
Concordo C
Não concordo nem discordo NC/ND
Discordo D
CT C NC/ND D DT No sítio onde cresci, havia muita criminalidade.
Tinha amigos que cometiam crimes.
Aprendi a cometer crimes no sítio onde cresci. Fui influenciado negativamente pelos meus amigos.
Factor 5: Condições pessoais e sociais à data do crime
Responda às seguintes questões, utilizando a escala:
Concordo totalmente CT
Concordo C
Não concordo nem discordo NC/ND
Discordo D
Discordo totalmente DT
CT C NC/ND D DT Na altura em que cometi o crime, estava
desempregado.
O crime que cometi foi motivado por dificuldades económicas.
Fui influenciado a cometer o crime por um amigo/conhecido.
Nunca teria cometido o crime se não estivesse na situação em que estava.