Orgão Autônomo
Oswaldo Coelho dos Santos Filho
Procurador do Estado da Guanabara
I — CONCEITO
1 — 0 Poder Público tem procurado, através da criação órgãos autônom os, assegurar aos se rviço s, in s titu to s e esta- e je cim e n to s incum bidos da execução de a tividade s de pes quisa 0 u ensino, ou de ca rá te r in d u s tria l, com ercial ou agrícola a_utilização de recursos por eles gerados no cu s te io e m anuten- Çao das p ró p ria s atividade s.
2 — 0 D ecreto-lei n.° 200, de 2 5 /0 2 /6 7 , com a redação dada Pelo D ecreto-lei n.° 900, de 2 9 /0 9 /6 9 , dispõe no seu a rtig o 172 PUe o Poder E xecutivo poderá assegurar autonom ia a d m in istra - IVa e fin a n ce ira , nó grau conveniente, a ce rto s órgãos da adm i- n|stração centralizada.
3 — Segundo dispõe o cita d o d is p o s itiv o legal, poderão go- * ar da autonom ia os órgãos que, por suas p e cu lia rid a d e s de Organização e fu nciona m e nto, exijam tra ta m e n to d ife re n te do aPlicado à a d m in istra çã o d ire ta , observada sem pre a 'super visão m in is te ria l.
4 — De acordo ainda com o re fe rid o D ecreto-lei, os órgãos que o b tiv e re m essa autonom ia terão a denom inação gené- r'ca de "ó rg ã o s a u tô n o m o s" (art. 172, § 1°).
5 — Na h ipótese de concessão de autonom ia fin a n c e ira , 'ico u o Poder Executivo, á rb itro da conveniência dessa m edida, autorizado a u tiliz a r fundos e speciais de natureza c o n tá b il, á pujo c ré d ito deverão se r levados todos os recursos vin cu la d o s as ativid a d e s do órgão autônom o, sejam de origem orçam entá- ria . sejam e xtra -o rça m e n tá rio s ou p ro ve n ie n te s de re ce ita Prôpria.
ó n„ o „ i ^ ex[9®nc' a básica para a criação de órgão autônomo inríonQ . a P otencialidade para gerar recursos próprios, independentem ente dos orçam entários.
^ , ^ om ^u' cro nesse diplom a legal, o Poder E xecutivo tem gura o autonom ia a vá rio s órgãos da a d m in istra çã o direta. 8 ~7 podem os c ita r com o exem plos de órgãos autônomos os seguintes:
1 ' S ™ 0 DE ESTUDOS DE INTEGRAÇÃO DA POLÍTICA ? n l / í /SP0RTES ~ GEIPOT — (D ecreto n.° 64.312, de 0 7 /0 4 /6 9 ). Transform ado em em presa pública — Lei n.° 5.908, de 2 0 /8 /7 3 .
2. AGÊNCIA NACIONAL (D ecreto n.° 62.980, de 15/07/68 e D ecreto-lei n.° 592, de 2 3 /0 5 /6 9 ). R egim ento Interno — Portaria G C /A N /8 6 , de 2 9 /0 6 /7 3 .
3 ' S ? ? ,f?wE N A Ç Ã 0 0 0 APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR — CAPES — (D e cre to n.° 66.662, de 0 5 /0 6 /7 0 ).
4 ' n a c i o n a l DE ESTUDOS E PESQUISAS
EDÜ-9 7 /n iEDÜ-9 í!i INEP ~ (D e cre to n.° 66.957, de
t f / 0 7 / 7 0 e D ecreto n.° 71.407, de 2 2 /1 1 /7 2 ).
5 ‘ mÍ I I I Í Í J Í ? 0 0 p a t r i m ô n i o HISTÓRICO E a r t í s t i c o 2 7 /0 7 /7 0 ) ~ IPHAN ~ (D ecreto n.° 66.967, de
6 ' dpqJo?, d e t r e in a m e n t o E DESENVOLVIMENTO d o
PESSOAL DO MINISTÉRIO DA FAZENDA — CETREMFA 7o (?Qecnr^ ° n;° 68 924- de 1 5 /0 7 /7 1 , alterado pelo de 5 n / n 5 / i 5 3Í, de 2° /° 1 /7 2 ) ; D ecreto n.° 60.602, de on j ^ e9 'm ento Interno aprovado pela PT n.° GB
9, de 0 3 /0 2 /7 2 do M in is tro da Fazenda).
7 ‘ tIP n c 'Io ' o?eA j F0R ÇAS A R M A D A S — HFA — (D e c re to n. 69.846, de 2 8 /1 2 /7 1 ).
8 ' í ? ? n n c D n ? í ° DESENVOLVIMENTO DE BRASÍLIA ~ (D ecreto-lei n.° 302, de 2 8 /0 2 /6 7 , e D ecreto n.° 60.722, de 1 2 /0 5 /6 7 ).
9- PROJETO RONDON (D ecreto n.° 67.505, de 0 6 /11/7 0)-10 CENESP N/?i? I0 N A L De EDUCAÇAO ESPECIAL —
ESP — (D ecreto n.° 72.425, de 3 /0 7 /7 3 ).
II
__ a u to n o m ia a d m in is t r a t iv a
9 — Há, no entanto, outros órgãos que, m algrado não te nham sido co ntem plad os com a autonom ia, apresentam c o n d i ções para que isso aconteça. É o caso das fazendas experim en- tais do M in is té rio da A g ric u ltu ra que geram recursos, com o é fácil com preender, e, às vezes, não têm m eios de a d q u irir se d e n te s , enxadas e o u tro s in stru m e n ta is, porque a re ce ita te m de ser re co lh id a ao Banco do Brasil à ordem do M in is té rio da fazenda. Essas d ific u ld a d e s são conseqüências da vinculação desses órgãos à a d m in istra çã o centralizada. Ora, com a tra n s form ação em órgãos autônom os e a criação do Fundo Especial, ^ca ria m elas autorizadas a u tiliz a r esses recursos na m anuten ção dos p ró p rio s se rviço s.
10 — A inda outras a tividade s apresentam condiçõe s para aum entar suas fo n te s de re ce ita e, via de conseqüência, lib e r tarem -se da necessidade de su p rim e n to por parte do Tesouro Nacional para a m anutenção dos seus se rviço s. É, e x e m p lific a ti- vamente, o caso dos m useus que, em bora já inte g re m um órgão autônom o — IPHAN — poderão te r sua re ce ita aum entada se cobrarem ingresso para a v is ita ç ã o pública, venderem re p ro duções de obras de arte e prestação de se rviço s dive rso s.
11 — Os o b je tiv o s ideais da autonom ia a d m in is tra tiv a dos órgãos autônom os são os se g u in te s:
a) a d m in is tra r program as de pesquisa, de tra b a lh o de campo e o u tro s;
b) firm a r convênio ou c o n tra to com o u tro órgão da adm i nistração p ública ou com entidade privada;
c) e sta b e le ce r norm as sobre assuntos a serem e sp e cifica - ^°s, in c lu s iv e norm as in te rn a s sobre a d m in istra çã o g eral;
d) a d m itir pessoal, em funções regidas pela CLT, de acor do com ta b e la s num éricas e de re d is trib u iç õ e s ;
e) a d q u irir e a lie n a r m a te ria l e c o n tra ta r se rv iç o s de te r- ceiros;
f) m a n te r te s o u ra ria p ró p ria ;
f iL ^ i Processar dire ta m e n te m ovim ento bancário, elaborar lo g o ^- 6 pa^ arnen*0 ’ em penhar despesas e p ra tic a r atos
aná-h) c ria r grupos-tarefa, para execução de program as de trabalho
III
— AUTONOMIA FINANCEIRA
12 — A autonom ia fin a n ce ira é exercitada com a:
a) criação de fundo contábil com denom inação própria; r p n f l Ü o / ^ 0 ' 4^ d ° / undo — fo n te s : d o ta ç õ e s o rç a m e n tá ria s ;
f o r i n p m ™ o s tro s fu n d o s ; o u tro s re c u rs o s e x tra -o rç a m e n tá rio s prias j S aplicação, m ontante e tc.); rendas pró-orestarãn h 3S ? venda de produtos, cobrança de taxas e prestaçao de serviços rem unerados;
vé<? Hp ^ om Petência para g e rir o fundo, m ovim entando-o atra vés de duas autoridades.
IV
— LIMITES DA AUTONOMIA
e s tã o 3<?iXifrfo9U' nd° d is Põ.e 0 a r t- 172, in fin e , esses órgãos de Drnmm/o 3 suPervisao m in is te ria l, cujos o b je tiv o s são os
8 Prorr|over a execução dos program as do G overno.
autoridaHp miÜPt? VaÇ? ° - do P,ano de A p lica çã o de C apital pela tação da nrT ' lá re Presenta, em si, um fa to r de lim i tação da própria autonom ia do órgão.
d i r i g i a T i n d ^ o ^ S ó ^ e : 39068’ * SUperVÍSã° ministerial é
h a rm o ^ n iz a ^ n a T / 3S~ atividade s dos órgãos supervisio n a d o s e sua atuaçao com a dos dem ais M in is té rio s ;
P e rvislonad o^P H r 0m p0rtam ent0 a d m in is tra tiv o dos órgãos su- a d lrig e n fe s ^ c a p a c ita d o s " 00 Sentid° de qUe 6Stejam C° nfÍad° S e bens p ú b lic o s ^ & ap' icaçao e u tiliza çã o de d in h e iro s, valores
d) acom panhar os custos globais dos program as s e to ria is do G overno, a fim de alcançar uma prestação econôm ica de serviços:
e) fo rn e c e r aos órgãos pró p rio s os e lem entos n e cessários à prestação de contas do exe rcício fin a n ce iro .
V
— ÓRGÃOS AUTÔNOMOS SEM AUTONOMIA
16 — C om pulsando a Lei n.° 5.847, de 6 de dezem bro de 1972, que e stim o u a re ce ita e fixo u a despesa da União para 0 e xe rcício fin a n c e iro de 1973, v e rific a m o s constarem com o
Unidade O rç a m e n tá ria " os seguinte s órgãos:
— A gência Nacional (P residência da República):
— H ospital das Forças A rm adas (P residência da R epública); — G rupo de Estudos para a Integração da P olítica de Trans
p o rte s (GEIPOT) — M in is té rio dos T ransportes;
— Coordenação do D esenvolvim en to de B rasília (M in is té rio do Planejam ento e Coordenação G eral).
17 — Não o bstante a e x istê n cia de d e cre to s p re s id e n c ia is concedendo-lhes autonom ia fin a n ce ira , perm aneceram ignorados como unidade orça m e n tá ria o IPHAN, o INEP, a CAPES, na área ^o M in is té rio de Educação e C ultura, o CETREMFA, no M in is té rio da Fazenda, e o Projeto Rondon, no M in is té rio do In te rio r.
18 — É uma d is to rç ã o de execução que precisa se r repara da, sob pena de d e svirtu a m e n to da fin a lid a d e con tid a nos d e cre tos de concessão da autonom ia e, conseqü entem ente, fru s tra r- se, nesse p a rtic u la r, nos órgãos em tal situação, os o b je tiv o s da Reform a A d m in is tra tiv a .
19 — Todos sabem os quão m orosa é a m áquina b u ro c rá tic a Para proceder à concessão de c ré d ito s suplem enta res ou a sim - Pies tra n sfo rm a çã o de dotações de uma ru b rica para o u tra que, em alguns casos, levam m eses, prejudican do o d e se n vo lvim e n to de pesquisas im portantes ou, no caso da CAPES do MEC, d e i ta n d o em d ific u ld a d e s os b o ls is ta s no e stra n g e iro .
20 — Com a in s titu iç ã o do Fundo Especial, ao qual serão Ovados todos os recursos o rça m e n tá rio s, e xtra -o rça m e n tá rio s e re ce ita s pró p ria s, e a aprovação pela autoridad e m in is te ria l com petente do Plano de A p lica çã o de C ap ita l, o órgão dotado
de autonomia fin a n ce ira poderá bem desem penhar a sua m issão sem se preocupar, com o acontece com os dem ais da adm inistra- çao direta, desprovidos de tal autonom ia.
É sabido que a cla ssifica çã o por e lem entos, inalterável, torna d ifíc il em m uitos casos a fie l execução orçam entária, isto e, se levarm os em consideração que a e s tim a tiv a é fe ita com a antecedência de um ano.
VI —
UNIDADE ORÇAMENTARIA
. Se se q u ise r o b te r do aparelham ento a d m in is tra tiv o m aior aproveitam ento, há que se dotá-lo de m eios fle x ív e is ou, em outras palavras, livrá-lo da b ito la em perrada que deve deixar de ser a adm inistração in te ira m e n te centralizado ra.
^ A creditam os, portanto, que o problem a, no caso, possa er contornado com a criação da
unidade orçamentária
por oca- lao da elaboração da proposta da Lei de M eios para o fu tu ro iterrM G 10 COm° Pro v 'denciado para os órgãos re fe rid o s no. ^ ^ urgente, portanto, que as autoridades responsáveis L assunt? pon^ am f ' m a essa anom alia, dotando ta is órgãos mos desse in stru m e n to necessário ao seu funcionam
ento-VII —
FUNDO ESPECIAL
Hr> 0 iss0, 0 órgão autônom o p roporia o orçam ento aup i? ,0 *Ür.a^ ° Pró Prio ' de fo rm a global, is to é, de modo dn com 61 ^ .eios_ cor|ste um v a lo r m ínim o d estinad o ao Fun- G eral n f SP^ Cifica çã o de rubrfcas, e o su b m e te ria à S ecretaria- M in is té rio ^ mc na Pro P °sta O rçam entária do respectivo
V II
PLANO DE APLICAÇÃO E CONTROLE MINISTERIAL
s u b m e te ria ^ n T0 ,D iário O fic ia l” a Lei de M e io s, o órgão qual pautaria s e ú s g a s to s . EStad° Um Pla" ° d6 A p lic a ç ã o ’ P recur2S6o 7 ? P Kl Í ! Í S3érÍO’ através da S ecretaria-G eral, lib e ra ria os rado pela rd ° com o cronogram a de d esem bolso
elabooriaGeral de Finanças e aprovado pelo M in istro
27 — É escusado dizer que as contas do órgão autônom o, no fin a l do exe rcício , deverão e sta r de acordo com o Plano de A plicação elaborado.
28 — Para atende r às despesas e ssenciais como, por exem- Plo, bolsas-de-estudo, o Plano de A plicação deverá c o n te r pre visão de uma Reserva para aplicação no início do e xe rcício se- Quinte, evitando-se, desse modo, solução de contin u id a d e na atuação do órgão.
29 — No curso do e xercício, de dois em dois, ou de trê s ern trê s m eses, haveria prestações parciais de contas, com a indicação precisa da aplicação de recursos, sem prejuízo da aPresentação fin a l, nos m oldes e prazos esta b e le cid o s pela lr|spetoria-G eral de Finanças.
3 0 — De posse desses elem entos, a Inspetoria-G eral de fin a n ça s te ria condiçõe s de analisar a prestação de contas, apro- Vando-a para o encam inham ento ao Tribunal de Contas da União, ° u propondo, se fo sse o caso, a aplicação das sanções cabíveis.
31 — A supervisão m in is te ria l, desse m odo, estará pre se n te todos esses atos, dando-se pleno cu m p rim e n to às e xigência s e9ais, sem prejuízo de se o b te r da autonom ização do órgão o M áximo de re su lta d o s p ráticos.
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